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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO - CE CURSO DE PEDAGOGIA INFLUÊNCIAS E CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA DO ESTUDANTE DE PEDAGOGIA DURANTE A FORMAÇÃO ACADÊMICA INICIAL. POR: BIANCA CARLA DE ALMEIDA GOMES Natal (RN) 2016 BIANCA CARLA DE ALMEIDA GOMES INFLUÊNCIAS E CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA DO ESTUDANTE DE PEDAGOGIA DURANTE A FORMAÇÃO ACADÊMICA INICIAL. Relatório reflexivo elaborado pela acadêmica do curso de Pedagogia, Bianca Carla de Almeida Gomes, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau em Pedagogia. Orientação: Prof a . Crislane B. Azevedo Natal (RN) 2016 BIANCA CARLA DE ALMEIDA GOMES Relatório reflexivo da prática docente do PIBID no ano de 2015 apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do Título de Licenciada em Pedagogia. Aprovada em _____/ _____/ _____ COMISSÃO EXAMINADORA Crislane B. Azevedo Maria da Paz Siqueira de Oliveira Soraneide Soares Dantas SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................05 2. O PROJETO DE ENSINO...........................................................................................13 3. AS INTERVENÇÕES..................................................................................................15 3.1.A Lebre e a tartaruga...............................................................................................16 3.2.A Cigarra e a formiga..............................................................................................24 3.3.A minhoca Filomena...............................................................................................29 3.4.A dona centopéia.....................................................................................................32 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................34 5. REFERÊNCIAS............................................................................................................34 5 INFLUÊNCIAS E CONTRIBUIÇÕES DO PIBID NA PRÁTICA DO ESTUDANTE DE PEDAGOGIA DURANTE A FORMAÇÃO ACADÊMICA INICIAL. Bianca Carla de Almeida GOMES 1 RESUMO: Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as práticas vivenciadas no PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência. O objetivo deste relatório reflexivo é relatar os momentos vivenciados dentro da sala de aula, expor as atividades desenvolvidas na prática, relatar as aprendizagens e dificuldades encontradas durante o período como bolsista, e, revelar quais as contribuições do programa para a minha formação docente. O registro foi elaborado a partir de anotações e reflexões da prática na sala de aula, observando-se também planos de aula e o projeto elaborado para as intervenções. Entre os autores que trouxeram contribuições para o presente relatório reflexivo posso citar GOMEZ (1992), PIMENTA (1997), e THERRIEN (1995) entre outros. Este trabalho é o meio pelo qual pude expor o significado de participar do PIBID, ressaltando que esta participação se tornou um momento ímpar na minha formação como pedagoga. Mediante todas as ações realizadas posso afirmar que o PIBID contribuiu de forma significativa para a formação de todos os alunos envolvidos em suas ações, seja para a minha como graduanda ou para os alunos das escolas. PALAVRAS-CHAVE: PIBID, Formação Docente, Teoria e Prática 1- Introdução Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as práticas vivenciadas no PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, que tem como principal objetivo antecipar o contato entre os futuros professores e as salas de aula de educação básica, fazendo-se, assim, uma articulação entre a educação superior e as redes de ensino público, sendo elas municipais ou estaduais. O programa é um meio pelo qual futuros professores têm a oportunidade de vivenciar e desenvolver práticas pedagógicas dentro de instituições escolares em diferentes segmentos e modalidades. No PIBID Pedagogia, muitas ações podem ser vivenciadas pelo pedagogo na escola, visando o contato e o aperfeiçoamento de práticas que serão desenvolvidas na sua área de atuação. O programa contribui para que o aluno graduando em Pedagogia possa ir 6 melhorando sua prática antes mesmo de assumir uma sala de aula, uma experiência que não acontece com tanta frequência durante um curso de graduação. Entre as atividades desenvolvidas pelos alunos bolsistas do PIBID se pode citar: o contato com a realidade escolar, a convivência com alunos de educação básica e seus respectivos pais, elaboração de projetos e planejamento de aulas, além de proporcionar ao pedagogo em formação a possibilidade de reflexão entre teoria e prática. São oferecidos também cursos de aperfeiçoamento para os bolsistas a fim de contribuir para sua atuação nas escolas. O presente trabalho está ligado ao subprojeto do PIBID Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e tem como objetivo discorrer sobre as atividades vivenciadas no nível de ensino da Educação Infantil. Tais atividades que foram realizadas no Centro Municipal de Educação Infantil Antônia Fernanda Jalles (CMEIAFJ) na cidade de Natal-RN. O objetivo do mesmo é relatar as ações na sala de aula como bolsista, as atividades desenvolvidas na prática, as aprendizagens e dificuldades encontradas durante o período de bolsista no PIBID, além de deixar claro as contribuições do programa para a minha formação docente, sempre buscando trazer reflexões e a relação de tudo relatado com alguns teóricos. Utilizei como metodologia para elaboração do trabalho a análise de documentos como planos de aula e projeto, além de anotações e reflexões feitas durante a prática, também a leitura de textos estudados ao longo da minha graduação. Como referencial busquei teóricos que mencionam a importância do contato com a sala de aula tais como GOMEZ (1992), PIMENTA (1997), e THERRIEN (1995). A busca da relação teoria com prática dentro do curso de Pedagogia. Segundo o Projeto Político Pedagógico (PPP, 2011) do Curso de Pedagogia, campus central da instituição que faço parte, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a formação do pedagogo deverá contribuir para a compreensão do processo educativo e sua relação com a sociedade, em uma postura crítica e consciente sobre esta relação e agindo de forma autônoma e cooperativa para a constituição de processos pedagógicos mais coerentes com os ideais de emancipação educacional. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, licenciatura (BRASIL, 2006, p. 01), explicitam as seguintes exigências como centrais na formação do pedagogo: 7 Art. 3º. O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo Único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I – O conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II – A pesquisa, a análise e a aplicação de resultados de investigações de interesse da área educacional;III – a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. Segundo as Diretrizes o aluno do curso necessita ter um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, além do conhecimento da escola, mas surge o questionamento: A relação teoria e prática dentro do curso de Pedagogia existe? Como aluna concluinte do curso de Pedagogia da UFRN, posso falar que essa relação ainda encontra-se em um processo de desenvolvimento. Sentimos muito a necessidade da relação teoria e prática dentro do curso, pois o que temos ao longo da nossa graduação são aulas muito embasadas na teoria, muitas sugestões e estudos sobre metodologias para serem desenvolvidas em sala. Mas como saberemos se tais sugestões, estudos e metodologias nos serão úteis se nosso contato com a realidade escolar está resumido a apenas três estágios obrigatórios? O que nos falta dentro do curso são oportunidades de relacionar tudo que vemos com a realidade escolar com a prática dos professores que são atuantes nas salas de aula, que um dia vamos assumir. Sempre me questionei se quando concluísse o curso seria capaz de assumir uma sala, se estaria pronta para contribuir com a educação de forma eficiente. Com tais questionamentos ao iniciar a graduação, senti a necessidade de estar em sala de aula e poder vivenciar na prática o ser professor, queria poder ter o contato com a comunidade escolar com os alunos com as dificuldades diárias de um profissional da educação, queria além de tudo me ver na responsabilidade de produzir conhecimento juntamente com meus alunos. Segundo (PIMENTA, 1997, p.7): Quando os alunos chegam ao curso de formação inicial, já têm saberes sobre o que é ser professor. Os saberes de sua experiência de alunos, que foram de diferentes professores em toda sua vida escolar... O desafio, então, posto aos cursos de formação inicial é o de colaborar no processo de passagem dos 8 alunos de seu ver o professor como aluno a seu ver-se como professor. Isto é, de construir a sua identidade de professor. O que Pimenta (1997) apresenta é justamente o que eu precisava: sentir-me no lugar de uma professora, talvez até para ter a certeza se essa era realmente à profissão que eu queria seguir. Hoje entendo que sem estar dentro da sala de aula vivenciando sua realidade e dificuldades é quase impossível estar “pronto” e confiante para assumir uma turma, temos a necessidade de conviver com o espaço em que vamos atuar antes de assumir uma turma e muito antes de concluir o curso. Não quero dizer que a teoria não é válida, pois o saber docente não é formado apenas da prática, deve ser embasada pelas teorias da educação. A teoria tem importância fundamental, pois ao apropriarmo-nos da fundamentação teórica nos beneficiamos de variados pontos de vista para uma tomada de decisão dentro de uma ação contextualizada. Mas é importante lembrar que um bom professor não se constitui apenas de teoria, embora ela tenha sua importância. Um professor vai se formando na relação teoria e prática, pois é a partir da ação e da reflexão que o professor se constrói enquanto indivíduo em pleno estado de mudança. Gómez, 1992, p. 108declara, sobre o que vivenciamos nos cursos superiores em educação, a formação profissional é vista como: “[...] um processo de preparação técnica, que permita compreender o funcionamento de regras e das técnicas do mundo real da sala de aula e desenvolver as competências profissionais exigidas pela sua aplicação eficaz”. Entretanto, no cotidiano da sala de aula a prática não se dá de forma idealizada como é ensinada em alguns cursos de formação inicial. São muitas situações divergentes que, não sabemos como lidar, haja vista que não se “aprendeu”. Com base no PPP do curso de Pedagogia UFRN, podemos ver a necessidade de uma reformulação no currículo buscando levar em consideração os anseios dos discentes. Segundo UFRN (2004, p. 9), “mesmo estando atualizada em muitos aspectos, ao longo dos últimos anos vem se construindo outra reformulação curricular para o curso de Pedagogia, tendo em vista os anseios e necessidades dos docentes e discentes do curso”. Dentro do PPP (p. 12), temos acesso a uma pesquisa realizada com os discentes na qual apontam a discussão sobre a necessidade de articulação entre a teoria e a prática através da pesquisa (apontada por 15,8% dos alunos), evidencia a descontextualizarão dos conteúdos trabalhados e a perda de sua relevância para compreensão da realidade no campo do trabalho pedagógico. 9 Por ter também tais questionamentos como os vistos na pesquisa e por sentir a necessidade de estar dentro do meio escolar que nos primeiros períodos do curso já me interessei pelo PIBID. Fiz a seleção, mas não fui aprovada, sendo assim busquei outras oportunidades, fiz seleção para atuar como bolsista de apoio técnico na Escola Agrícola de Jundiaí e trabalhei na coordenação de um curso à distância por um ano, lá tive muito aprendizado, mas ainda sentia a necessidade de estar dentro da sala de aula, foi aí que lançaram mais um edital para seleção do PIBID 2014.2 e fiz a seleção novamente e desta vez consegui entrar no Programa. A experiência inicialmente caracterizou-se por uma mistura de felicidade com medo, pois a partir de então eu estaria realmente dentro da sala de aula, desenvolvendo um projeto de ensino, com uma turma, pondo em prática a responsabilidade de desenvolver algo diferente que pudesse dar um retorno positivo para os alunos, a escola e a universidade e, sobretudo, realizar-me dentro do Programa. Dentro do PIBID consegui crescer muito como profissional. Como bolsistas temos todo o apoio de uma equipe dentro da escola com as coordenadoras e colaboradoras e na Universidade temos uma formação continuada com palestras cursos e troca de experiências. A possibilidade de vivenciar a relação teoria e prática foi muito rica durante o período que estive como bolsista no Programa Institucional de bolsa de Iniciação à Docência, o que mais me marcou foi às aprendizagens práticas do dia a dia em sala de aula. Segundo Therrien (1995, p.3), que: [...] esses saberes da experiência que se caracterizam por serem originados na prática cotidiana da profissão, sendo validados pela mesma, podem refletir tanto a dimensão da razão instrumental que implica num saber-fazer ou saber-agir tais como habilidades e técnicas que orientam a postura do sujeito, como a dimensão da razão interativa que permite supor, julgar, decidir, modificar e adaptar de acordo com os condicionamentos de situações complexas. (p. 3) O autor salienta que os saberes adquiridos na prática em sala de aula são decisivos para a formação do futuro docente. Acredito que tudo que vivenciei na escola serviu para aperfeiçoar a minha prática. A cada aula, a cada planejamento e interação com a prática das professoras de sala, as orientações e apoio nas ações desenvolvidas foi essencial para a minha prática como bolsista. Também Pimenta (2005, p. 19)chama a atenção sobre a importância da relação teoria e prática no âmbito da profissão docente: [...] Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão; da revisão constante dos significados sociais da 10 profissão; da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas [...] Com base nos estudos desenvolvidos por Therrien (1995) e Pimenta (2005), foi possível compreendera importância dos aprendizados adquiridos em sala de aula. Estar em sala de aula mesmo sem ter concluído o curso me ajudou a ter mais segurança e entender a necessidade de ter referenciais teóricos para embasar a minha prática. Lócus da Experiência Desenvolvi as ações mencionadas neste relatório durante o ano de 2015,como bolsista, no Centro Municipal de Educação Infantil Antônia Fernanda Jalles (CMEIAFJ) que tem sede em Natal-RN, Rua Rio Suaçuí, nº 7701, conjunto Satélite, Bairro Pitimbu Decreto de criação nº 9588 de 12/12/2011. A comunidade atendida pelo CMEI em aproximadamente 70% (setenta por cento) reside no Bairro Planalto, localizado nas adjacências do Bairro Pitimbu que tem 25% (vinte e cinco por cento) das famílias atendidas pelo CMEI, e os 05% (cinco por cento) da comunidade se completam com outras famílias de bairros localizados na zona sul da cidade. Dessa forma o universo da comunidade fica no entorno dos dois bairros onde o CMEI foi construído. A clientela se compõe por famílias constituídas na sua maioria por quatro pessoas, com percentual significativo de autônomos e prestadores de serviços e também por parte representativa de pessoas desempregadas e do lar. Segundo dados do projeto político pedagógico (PPP) do CMEIAFJ, os profissionais que compõem a equipe de professores são todos concursados do quadro efetivo em sua maioria e seletivo. Parte significativa tem pós-graduação em Educação, sendo 8 pós- graduados dos 12 professores totais. Vale destacar o acentuado percentual de professores com formação superior em Pedagogia constituintes da equipe atuante no CMEI. Além da pós-graduação na área de educação realizada também pelos professores. No que tange à equipe de apoio, compõe-se de 02(duas) cozinheiras, 03 (três) auxiliares de cozinha, 05 (cinco) funcionários da limpeza, 02(dois) porteiros e 02(dois) vigias. Ainda segundo o PPP a escola compreende que a Educação Infantil tem por finalidade e objetivo oferecer serviços educacionais para crianças de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases Nacional - LDB 9.394/96, seção II (Da Educação Básica), nos seguintes termos: 11 Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 A educação infantil será oferecida em: I – creches ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II – pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade. Conhecer essa concepção foi muito importante ao desenvolver meu projeto, pois a escola tem como objetivo: oportunizar a construção da identidade e autonomia, promovendo situações nas quais as crianças possam desenvolver-se de forma integral, (cognitivo, motor e sócio afetivo). Essa concepção me possibilitou entender mais sobre este espaço e seu compromisso com a educação. Voltando a caracterização da escola o CMEI inicia suas atividades a partir das 7horas e conclui às 16 horas no caso das turmas de tempo integral compostas por crianças com 01(um) ano de idade até 03 (três). As turmas de tempo parcial abrangem a faixa etária de 04(quatro) anos até 05(cinco) anos de idade e seus alunos participam das atividades em um turno 7h às 11h e 12h às 16h. Na rotina da instituição há um grande número de atividades das quais posso destacar: acolhimento roda de conversa, atividade dirigida, hora do banho, refeições, parque, escovação dos dentes, faz de conta/jogo simbólico, brinquedoteca e cinema, contação de histórias etc. Ao término do ano em curso é fundamental que as crianças de 2 anos a 3 anos e 11 meses da turma do nível I do Centro Municipal de Educação Infantil Antônia Fernanda Jalles, ampliem os conhecimentos prévios. Avançando numa perspectiva de 90% das metas propostas para essa faixa etária e distribuídos nos eixos a seguir: FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL – IDENTIDADE E AUTONOMIA Espera-se que ao termino no ano em curso as crianças tenham construído sua autonomia, podendo expressar suas necessidades essenciais, sentimentos, vontades, agrados e desagrados; No decorrer do ano espera-se que as crianças tenham criado laços afetivos entre crianças e adultos; Espera-se que 90% das crianças já consigam controlar os esfíncteres; CONHECIMENTO DE MUNDO: MOVIMENTO – LINGUAGEM ORAL E ESCRITA – MÚSICA – NATUREZA E SOCIEDADE – ARTES VISUAIS Ao fim do ano em curso as crianças consigam organizar seus brinquedos e objetos pessoais, adquirindo uma ordem espacial; 12 Que ao término do ano, ao lermos uma história à criança consiga observar atentamente descrevendo os principais detalhes da história, oralmente ou graficamente; Tenha desenvolvido a linguagem oral e gráfica, sendo capaz de identificar o seu nome e o nome dos colegas; Esperamos que ao longo do ano 90% das crianças adquiram desenvoltura, expressão oral e corporal para participar ativamente nos momentos da roda de canções e apresentações diversas; Tenha desenvolvido habilidades no tocante a representação dos sentimentos e/ou necessidades por meio do rabisco e/ou iniciação de células; Tenham adquirido ao longo do ano noções básicas acerca da linguagem na matemática, como: reconhecer as formas; aberto e fechado, leve e pesado, grande e pequeno, entre outros; Espera-se que até o fim do ano em curso as crianças consigam identificar as cores; Consigam ao término do ano ampliar os movimentos motores com autonomia na marcha, pular, correr, subir e descer; Almeja-se que cerca de 90% das crianças representem a sua compreensão de histórias e/ou diálogos por meio do desenho; Espera-se que no correr do ano, as crianças consigam identificar os numerais de 0 a 9 associando-os as suas respectivas quantidades. Procurei na medida do possível integrar esses objetivos e os trazer para dentro da minha prática, busquei contribuir de forma significativa por meio das minhas ações em sala para que tais metas fossem cumpridas. Com relação à turma na qual tive a oportunidade de atuar, ela se caracterizava na seguinte forma: Uma turma do nível I, na maioria das vezes bem tranqüila, com 19 crianças, eram 9 meninas e 10 meninos na faixa etária: 2 a 3 anos, 15 dessas crianças já tinham estudado no CMEI, 4 eram novatas. As crianças já usavam rabiscos para escrever o nome, amavam música e movimentos com música e instrumentos. Brincar com canções era o que mais gostavam de fazer. A maioria já não usava fraldas e já percebia a importância de lavarem-se, tudo isso foi sendo construído com eles desde o primeiro momento na escola quando ainda estavam no berçário, em sua rotina a turma tinha ao chegar à escola a acolhida, o desjejum, o momento da atividade, recreação, banho, almoço e descanso. Contavam com a professora e uma estagiária para estar com eles em sala de aula. Já se alimentavam sozinhos e já falavam da preferência por certos tipos de alimentos, escolhiam com quem brincar e tinham autonomia para escolher com o quer queriam brincar. Identificavam seus objetos pessoais e os dos outros, a maioria identificava seu primeiro nome e a letra inicial do mesmo, e duas crianças faziam a escrita da letra inicial do seu nome. Todos identificavam as vogais e os numerais de 1 a 5, mas faziam contagem até o 20. Adoravam 13 ouvir histórias e brincar de faz de conta, "ler" histórias fazia parte das preferências deles. Eram crianças carinhosas e espertas, entendiam bem os combinados. Foi uma turma muito boa de trabalhar. Observei todos esses aspectos para realizar o meu projeto. 2- O projeto de ensino A proposta dentro do PIBID Pedagogia nos permite vivenciarmos três dias semanalmente dentro do CMEI Fernanda Jalles. Um dia como auxiliar da professora colaboradora, um dia como titular da sala e mais um destinado para planejamento, estudo, organização de materiais, este quinzenalmente é realizado na UFRN. O contato inicial possibilitou a criação de vínculos afetivos, a conhecer um pouco de cada criança, respeitando suas diferenças de envolvimento, tempo de participação nas atividades propostas pela professora colaboradora,entre outros. Fiquei alguns dias observando a dinâmica de sala de aula e sua rotina, conversei com a professora colaboradora sobre a turma e as características observadas nos alunos, procurei saber os conteúdos que ela iria abordar durante o ano letivo e tive acesso ao seu projeto de intervenção, foi assim que com o apoio/orientação das supervisoras defini o projeto levando em consideração tudo que foi observado e os conhecimentos prévios dos alunos. Miras (2006. p.66) destaca que “o fator mais importante que influi na aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Isto deve ser averiguado e o ensino deve depender desses dados”. Foi acreditando na importância dos conhecimentos prévios que busquei elaborar um projeto que estivesse aliado as vivencias dos alunos. No universo da Educação Infantil a atividade pedagógica se caracteriza por promover o enriquecimento das experiências da criança. Trata-sede um trabalho que oportunize a descoberta do mundo, da natureza, do próprio corpo. As crianças devem ser oportunizadas a expressar-se por meio do desenho, da fala, do gesto, da música, a pensar sobre como as coisas funcionam, observar e registrar, brincar, entre muitas outras vivências. Os espaços existentes devem ser preparados respeitando o direito que toda criança tem de buscar e construir sua autonomia e identidade, bem como, o seu próprio conhecimento. Cabe ao educador a função de participar, planejar, mediar e proporcionar as crianças, um ambiente seguro e saudável onde as crianças possam conhecer e experimentar o mundo em que vivem. Para introduzir a proposta do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES, as intervenções no CMEIAFJ estavam relacionadas com o projeto 14 “Conhecendo e aprendendo com o outro, com o meio em que vivemos e com os bichinhos da terra”. Para a elaboração do projeto parti do pressuposto que os animais são presença constante no mundo das crianças, através de histórias, músicas e desenho. Tinha como objetivo apresentar através do universo literário infantil noções de cuidado, respeito ao meio ambiente e ao outro tendo como recurso a vida dos animais. Como estratégia para as aulas, busquei provocar o interesse e a curiosidade acerca do meio ambiente (animais que existem, a vegetação, cuidados com o meio em que vive alimentação, ar, água...). Utilizei a contação de histórias no cotidiano das intervenções, pois as histórias representam indicadores efetivos para situações desafiadoras, assim como fortalecem vínculos sociais, educativos e afetivos. Busquei como referência para o projeto alguns documentos como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e Brasil (1998). Esses documentos levam em consideração que as crianças necessitam ter contato como o meio ambiente e aprender sobre ele e como respeitá-lo. A ação educativa deve se organizar para que as crianças, ao final dos três anos, tenham desenvolvido as seguintes capacidades com relação à natureza e a sociedade: explorar o ambiente, para que possa se relacionar com pessoas, estabelecer contato com pequenos animais, com plantas e com objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse. (BRASIL, 1998, p. 175). Sendo assim procurei desenvolver um projeto que explorasse com mais ênfase a relação das crianças com a natureza, com o ambiente e também busquei aproximá-las com os animais trabalhados. Ao longo da realização do projeto a intenção era que as crianças fossem desenvolvendo e entendendo que para vivermos em sociedade é importante que saibamos respeitar e executar algumas ações como: cuidados com si mesmo e com o outro; estímulo à solidariedade, amor e respeito pelo outro e pelo meio em que vive e a valorização do meio ambiente e dos seres que nele habitam. Tive como norte para este projeto também a ideia de que o aluno aprende nas suas relações com o outro. Felipe (2001, p. 27) em seu texto traz as contribuições de Piaget, Vygotsky e Wallon sobre o desenvolvimento Infantil segundo esses autores “[...] a capacidade de conhecer e aprender se constrói a partir das trocas estabelecidas entre o sujeito e o meio”. Sendo assim busquei mediar essas trocas utilizando um tema que fazia parte do cotidiano dos alunos, e trazendo com tema proposto outras aprendizagens, segundo Brasil (1998, p.33) “é, portanto, função do professor considerar, como ponto de partida 15 para sua ação educativa, os conhecimentos que as crianças possuem, advindos das mais variadas experiências sociais, afetivas e cognitivas a que estão expostas”. Por meio da elaboração deste trabalho relato as intervenções desenvolvidas como bolsista do PIBID, exponho as experiências que julgo ter contribuído para meu aprendizado como professora em formação. 3- As Intervenções Para as intervenções parti sempre do literário, do lúdico para depois trabalhar o que realmente pretendíamos que era o tema “animais”. A literatura se fez uma constante nas intervenções, desenvolver o gosto pela leitura já era um dos objetivos primordiais da escola na qual atuei, uma busca de mudar a realidade mostrada em pesquisas como a da UNESCO (2005). Esta mostra que somente 14% da população tem o hábito de ler, portanto, pode-se entender que a sociedade brasileira não é leitora. Vemos também essa realidade na educação infantil, poucas crianças têm o hábito de ler em nosso país. A maioria tem o primeiro contato com a literatura apenas quando chega à escola. Nesta perspectiva, cabe à escola procurar desenvolver na criança a prática de ler e buscar essa leitura por prazer, não por obrigação. Falando da literatura sabe-se que o conceito de literatura infantil surge no momento em que as preocupações sociais se voltam para a criança. Com base nos estudos de Lajolo e Zilberman (1988, p. 17), ela passa a deter um novo papel na sociedade, motivando o aparecimento de objetos industrializados (o brinquedo) e culturais (o livro) “... Aparece, então, a necessidade de uma literatura que pudesse contribuir para sua formação como indivíduo”. Após pesquisas em diversos artigos, encontrei a mesma afirmação que até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático. Ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar a criança de acordo com as expectativas dos adultos. A obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida. Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutível. Segundo Abramovich (1997), quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de 16 forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem sobre infinitos assuntos. Mas mesmo que a literatura infantil tenha ganhado mais importância com o passar dos anos, ainda hoje alguns professores não conseguem desenvolver um trabalho no qual a literatura venha ser uma aliada nas suas aulas, muitas vezes ela é vista como uma obrigação. Acredito que a literatura deve ser usada nas aulas a fim de despertar o prazer e o gosto para a leitura, concordo com a autora Ruth Rocha (1983, p. 4) quando ela declara que: [...] a leitura não deveria ser encarada como uma obrigação escolar, nem deveria ser selecionada, vamos dizer, na base do que ela tem de ensinamento, do que ela tem de ‘mensagem’. A leitura deveria ser posta na escola como educação artística, eladevia ser posta na escola como uma atividade e não como uma lição, como uma aula, como uma tarefa. Na minha prática como bolsista busquei utilizar a literatura como ponte para outros aprendizados. Foram selecionadas para minha prática quatro histórias. De cada uma retirei o “animal da vez”, depois de explorar a literatura, explorava o máximo sobre o animal ou os animais das histórias e também ia associando a literatura às demais áreas que são necessárias para o desenvolvimento das crianças como linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, matemática, artes visuais, além da música e o movimento. Na minha atuação dentro da sala de aula sempre era utilizado o momento da roda para que as atividades e aula fossem desenvolvidas. Dentre as histórias e momentos trabalhados com a turma, destaco: 3.1. A lebre e a tartaruga O objetivo com esta história era introduzir a discussão sobre a importância do respeito com os animais e o meio em que vivemos proporcionar a troca e as relações entre o grupo com o meio, em Brasil (1998, p. 178), entendo que, “a interação com adultos e crianças de diferentes idades, as brincadeiras nas suas mais diferentes formas, a exploração do espaço, o contato com natureza, se constituem em experiências necessárias para o desenvolvimento aprendizagem infantis”. Com isso busquei contribuir com o desenvolvimento dessas aprendizagens de variadas formas. Ao iniciar com a história A lebre e a tartaruga, procurei resgatar o que as crianças já conheciam sobre os animais, na rodinha conversei sobre as características dos mesmos 17 presentes na história, deixando que as crianças as relacionassem com as suas próprias características, enfatizando que cada tem um jeito próprio e este deve ser respeitado, na história a lebre era rápida e a tartaruga devagar. Foi possível também com a história explorar a locomoção e a linguagem oral, pois as crianças a todo instante durante a rodinha e a intervenção foram estimuladas a imitar os animais, seus sons e movimentos. As imagens visuais foram destacadas ao longo da contação e as crianças incentivadas a se expressassem apreciar as imagens falando o que estas lhes pareciam. Temos orientações sobre o trabalho com as imagens visuais em documentos com Brasil (1998, p.101): No que diz respeito às leituras das imagens, deve-se eleger materiais que contemplem a maior diversidade possível e que sejam significativos para as crianças. É aconselhável que, por meio da apreciação, as crianças reconheçam e estabeleçam relações com o seu universo, podendo conter pessoas, animais, objetos específicos às culturas regionais, cenas familiares, cores, formas, linhas etc. Por meio das imagens as crianças interagiam muito mais com a história, elas sentiam a necessidade de tocar o livro, e estarem mais próximas dele. Outro fator que busquei sempre levar para minha prática foi algo que aprendi na disciplina Teoria e prática da Literatura que é a importância de falar sobre o autor do livro A história foi trabalhada durante algumas semanas, sempre procuramos diversificar as atividades e explorar as diferentes linguagens. Uma das atividades proposta relacionada à contação da história a lebre e a tartaruga, foi o trabalho com o movimento, levei todos para o pátio do CMEI e realizei a brincadeira “coelho sai da toca”. Fiz círculos no chão que representaram as tocas e durante o brincar as crianças foram estimuladas a experimentarem desafios corporais como correr rápido ou lentamente, entrar ou sair da toca, segundo a representação do animal indicado. A infância tem uma característica muito forte que é marcada pelo brincar. Brincar ajuda a criança de muitas maneiras, passando a ser um fator importante para o seu desenvolvimento. Winnicott(1971, p.63) ressalta que: “[...] é a brincadeira que é universal e que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz a relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação[...]”. A interação com o grupo que é citada como tão importante por Winnicott (1971), foi um dos objetivos com esta brincadeira e esta intervenção foi uma das mais proveitosas para elas, pois participaram de todos os momentos e tudo que iam dizer fazia menção à lebre e à tartaruga. 18 No momento da brincadeira, os alunos ficaram dentro das tocas e ao meu comando circulavam no pátio da escola, eles estavam brincando e ao mesmo tempo aprendendo noções de espaço e reforçando o estudo da forma geométrica círculo já estudada por eles.Segundo Melo e Valle ( 2005, p. 45) temos que: “Brincar de forma livre e prazerosa permite que a criança seja conduzida a uma esfera imaginária, um mundo de faz de conta consciente, porém capaz de reproduzir as relações que observa em seu cotidiano, vivenciando simbolicamente diferentes papéis, exercitando sua capacidade de generalizar e abstrair” O brincar prepara para futuras atividades de trabalho: evoca atenção e concentração, estimula a autoestima e ajuda a desenvolver relações de confiança consigo e com os outros. Colabora para que a criança trabalhe sua relação com o mundo, dividindo espaços e experiências com outras pessoas. Ilustração 01 – Brincadeira coelho sai da toca/ CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo pessoal da autora Quando as crianças escutavam “coelhinho sai da toca”, logo entravam nos círculos feitos no chão, esse foi um momento muito descontraído, mas ao mesmo tempo de aprendizado, trabalhamos o movimento, a forma geométrica círculo e os alunos ainda puderam relacionar a brincadeira à história trabalhada em sala de aula. 19 Foi realizada em outro momento uma atividade que envolveu a linguagem artística, busquei respeitar as peculiaridades que esta linguagem requer, tendo como base as orientações tidas em Brasil (1998, p.91), entendo que, “no processo de aprendizagem em Artes Visuais a criança traça um percurso de criação e construção individual que envolve escolhas, experiências pessoais, aprendizagens, relação com a natureza, motivação interna e/ou externa”. Sendo assim busquei dentro da minha prática oportunizar o contato com várias experiências significativas uma delas foi quando as crianças utilizaram caixas de ovos para reproduzir o casco da tartaruga e também algodão para fazer o pêlo da lebre. Com esta atividade pretendíamos que eles tivessem contato com essas duas texturas e percebessem suas diferenças. Segundo Brasil(1998, p. 93),“As atividades em artes plásticas que envolvem os mais diferentes tipos de materiais indicam às crianças as possibilidades de transformação, de reutilização e de construção de novos elementos, formas, texturas etc.” Com a atividade proposta busquei justamente trazer o trabalho no qual Brasil (1998) faz menção o contato com diferentes materiais e ainda a reutilização dos mesmos, a caixa de ovos tinha a textura mais áspera e o algodão mais macio, a maiorias dos alunos gostou muito de fazer este trabalho manual, mas uma dificuldade que tive é que uns alunos não queriam ter o contato com a cola, por ser grudenta. Procurei explicar que era uma atividade divertida e que a mão seria lavada depois. Aos poucos, vendo os colegas realizando a atividade, estas crianças foram se aproximando para participar da atividade. Para mim foi um momento muito interessante, contei com a ajuda da professora da sala para o melhor desenvolvimento da atividade, inicialmente coloquei os alunos para realizar a atividade no chão da sala, mas elas ficaram muito tumultuadas, todas queriam colar o algodão ao mesmo tempo além de tomar a frente os outros alunos que estavam na rodinha foi ai que a professora me deu a sugestão de separar os alunos em duas mesas e cada uma ficava com uma cartolina, a que tinha o desenho tartaruga era para colar a caixa de ovo no casco e dado coelho era para os alunos colarem algodão, depois como o desenho era grande trocamos as cartolinas para todos terem o contato com os dois materiais, foi muito proveitosa essa experiência para minha formação, pois compreendi a importância da rotina em sala de aula, os alunos não estavam habituados a realizar atividades como está no chão nem tão pouco todos ao mesmo tempo, a professora da sala buscava determinar o momento de cada grupo realizar as atividades ou então realizava as atividades com uma criança de cada vez. Sobre a importância da rotina, Mantagute (2008), traz que ela pode ser definida como uma categoria pedagógica utilizada nas instituições educativas para auxiliar o trabalho do 20 educador, sobretudo, para garantir um atendimento de qualidade para as crianças. A autora complementa que a rotina também pode ser considerada uma forma de assegurar a tranqüilidade do ambiente, uma vez que a repetição das ações cotidianas sinaliza às crianças cada situação do dia. Ou seja, a repetição de determinadas práticas dá estabilidade e segurança aos sujeitos. Saber que depois de determinada tarefa ocorrerá outra, diminui a ansiedade das pessoas, sejam elas grandes ou pequenas. (MANTAGUTE, 2008). Esse além de ser um momento de aprendizado pessoal foi de aprendizado também para os pequenos, pois quando consegui retomar a rotina e concluir a atividade percebi que eles gostaram muito da proposta, colar os pedaços da caixa de ovos foi algo diferente, pois elas eram em alto relevo, eles também adoraram utilizar o algodão, ou seja, a minha proposta foi aliar literatura e arte. Sobre a importância das artes visuais baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Caracteriza as diferentes linguagens presentes nas Artes Visuais no processo de aprendizagem como: desenho, uma das manifestações que tem a função de atribuição de significação ao que se expressa e se constrói; pintura, que pode ser definida como a arte da cor; arte tridimensional (modelagem), em que se procura explorar aquilo que a rodeia através do tato, da manipulação dos objetos aguçando sua curiosidade; recorte e colagem, que propiciam à criança dos primeiros escolares o aperfeiçoamento de conteúdos de coordenação motora, criatividade e desenvolvimento da sensibilidade, noções de espaço e superfície. Ilustração 02 – Trabalhando com as texturas / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015 Fonte: Acervo pessoal da autora 21 Após colar os materiais eles passaram a mão nas texturas e foram convidados a falar o que sentiam. No caso da caixa de ovo a maioria falou que era dura, e ao passar a mão no algodão relataram que era fofinho. O trabalho foi focado nas sensações, o objetivo era proporcionar o desenvolvimento das expressões e dos sentidos através de atividades lúdicas e da experimentação de materiais neste caso a caçamba de ovos e o algodão e estimular as crianças a explorarem diferentes materiais observando as suas características, propriedades e possibilidades de manuseio, aliado a isso, trabalhar com materiais recicláveis. Com base em Brasil (1998, p. 169), "o contato com o mundo permite à criança construir conhecimentos práticos sobre o seu entorno, relacionados à sua capacidade de perceber a existência de objetos, seres, formas, cores, sons, odores, de movimentar-se nos espaços e de manipular os objetos”. Utilizei assim as caçambas de ovos, e foquei que é importante reaproveitar os materiais que são muitas vezes descartados por nós, mas que poderiam ser reaproveitados para outros fins, ressaltei também que é importante dar o destino certo ao lixo das nossas casas. Ilustração 03 – Trabalhando com as texturas / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo pessoal da autora Dentro do trabalho com a História A Lebre e a Tartaruga levei para a sala de aula um jabuti. Procurando proporcionar o contato das crianças com o animal visto na história, “a experiência de poder ver um animal de perto é uma aprendizagem que os especialistas chamam de educação humanitária”, faz com que as crianças tenham uma preocupação com as 22 outras formas de vida como um todo. Essa relação vai permitir uma compreensão melhor do mundo. Veterinária e doutora em Psicologia, Ceres Berger Faraco observa que, com os animais, a criança consegue exercer um papel diferente. Ela se torna cuidadora, responsável. Vai expressar talentos que muitas vezes na família não é possível porque, nesse caso, é ela quem precisa de cuidado. Expliquei assim para as crianças que o jabuti era um parente da tartaruga, animal visto na história em sala. Falei sobre sua alimentação trazendo imagens e, logo em seguida, contei sobre uma “surpresa”, fiz aquele suspense e, logo em seguida, coloquei uma caixa no chão da sala, deixei que eles tentassem adivinhar o que tinha lá dentro e depois de muitas opções e sugestões abri a caixa e mostrei o que havia lá. O objetivo era que as crianças pudessem ver e tocar o animal, conhecer mais sobre suas características, que as crianças pudessem vivenciar outras características do animal antes só faladas por mim,como sua locomoção(devagar), e a alimentação,(eles puderam ver o animal comendo na sala). As crianças adoraram ver o animal tão de perto, no primeiro instante ouve um alvoroço na sala, algumas ficaram com os pés em cima das cadeiras e outras até gritaram, ao mesmo tempo em que algumas queriam já pegar o animal, foi um pouco difícil controlar as crianças, ainda mais que a professora titular da sala não estava presente neste dia, e outra pessoa estava em seu lugar. Fiquei um pouco apreensiva, mas consegui controlar os ânimos, peguei o animal e deixei que as crianças que queriam passassem a mão no animal, deixei em seguida o Jabuti andar na sala. No momento em que as crianças tocaram o jabuti, tentei deixar bem clara a importância de cuidar dos animais e do lugar em que vivemos ideia está que foi ressaltada em todos os momentos durante as regências. Ilustração 04 – Contato com o Jabuti / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo pessoal da autora. 23 No entanto uma criança em particular no momento em que deixei só animal andando no chão veio a chutar o bicho que logo colocou sua cabeça no casco. Procurei explicar novamente que o animal era sensível e que não podemos maltratar nenhum animal. Em um contexto geral a aula foi muito proveitosa e consegui atingir o objetivo que era oportunizar o contato entre as crianças e um dos animais vistos na história. Após o contato com o Jabuti retomei a explicação sobre suas características e, em seguida, como culminância desta história, produzi um mural com imagens. Para realizar esta atividade tive ajuda dos alunos.Procurei deixar que as crianças puxassem pela memória os alimentos que o jabuti comia, depois mostrei as imagens de alguns dos alimentos falados na aula, elas me ajudaram a colar as imagens num cartaz junto com a imagem do jabuti. Abaixo de cada imagem havia o nome do alimento em letras de forma a fim de que as crianças também observassem a escrita das palavras referentes a cada imagem, o que de forma indireta pode ter contribuído mesmo que de forma insignificante para o início do processo de desenvolvimento da escrita. Segundo Brasil (1998, p.127): Nas sociedades letradas, as crianças, desde os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita. É por meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem. Esta primeira história me possibilitou introduzir meu projeto, consegui desenvolver atividades produtivas juntamente com os alunos. Para a minha formação contribuiu paraque eu convivesse com os imprevistos da sala de aula e para compreensão que o planejamento e algo que necessita de constante revisão, que devemos respeitar sempre as peculiaridades e individualidade de cada aluno. Algo que me marcou foi à experiência de realizar uma atividade no chão da sala, quando levei as texturas, pois os alunos não tinham a rotina de realizar atividades naquele espaço o que os deixou agitados e dificultou a minha prática. Ali vi a importância da rotina para eles e ainda mais a importância de ter alguém supervisionando minha prática que no caso era a professora colaboradora. Se fosse possível realizar essa mesma atividade novamente procuraria buscar informações mais detalhadas sobre os momentos de atividades coletivas da turma, ver quais métodos elas mais se identificam e obtém melhores resultados. 24 3.2. A cigarra e a formiga Para dar continuidade ao trabalho iniciamos o estudo sobre mais um animal da terra a “formiga”. Procurei despertar além do encantamento pela história, a oportunidade de explorar as ações de cada um dos personagens, relacionando-as com as atitudes dentro de sala de aula.Sendo assim ia ressaltando o ponto da história onde via a importância de respeitar/cooperar com o outro. Falei um pouco sobre a cigarra e a formiga, o que eles comiam e onde viviam, logo em seguida, explorei através de um cartaz as características físicas da cigarra e da formiga já mencionadas, só que a partir de então com a ajuda dos alunos. Estimulei a recontagem coletiva da história pensando no desenvolvimento da linguagem e a cada imagem mostrada deixava que as crianças fizessem seus comentários. As crianças gostaram muito das imagens do livro, pois eram bem coloridas e grandes, para trabalhar essa história adquiri o livro, já que o mesmo não tinha na escola, mas priorizei o contato delas com o mesmo, pois entendo que tal contato é de extrema importância, em todas as aulas não deixava de fazer a leitura da história. Segundo Brasil (1998, p.135): A leitura pelo professor de textos escritos, em voz alta, em situações que permitem a atenção e a escuta das crianças, seja na sala, no parque debaixo de uma árvore, antes de dormir, numa atividade específica para tal fim etc., fornece às crianças um repertório rico em oralidade e em sua relação com a escrita. Deixei que elas fossem interagindo junto à leitura durante o memento em que contava a história. Sabendo dessa importância busquei sempre diversificar as leituras utilizando fantoches, deixando que as crianças contassem a história, fazendo entonação diferenciada e deixando que elas imitassem os personagens. Para dar continuidade ao trabalho com a história queria algo que fosse mais prático, recebi essa orientação de uma das supervisoras do PIBID na escola, até o memento não tinha produzido muitos materiais concretos, mais o que fazer? Fiquei muito preocupada e conversei então com a professora colaboradora que logo me deu a ideia de confeccionar uma cigarra grande de TNT (tecido não tecido) para trabalhar nas aulas, adorei a ideia e ela foi produzida, levei para sala, contei a história, e logo em seguida como atividade ela foi cheia com bolinhas de papel um trabalho que estimulou a coordenação motora e possibilitou um momento de descontração. Eles ficaram muito ansiosos para encher a cigarra com as bolinhas que eles mesmos amassaram para o momento ficar mais divertido utilizei a brincadeira e falei para eles que as bolinhas iam alimentar a cigarra e que quanto mais bolinhas colocassem, mais gordinha ela ia 25 ficando, estimulei assim a imaginação e o faz de conta que é tão importante para o desenvolvimento na educação Infantil. Segundo Oliveira e Rubio (2013, p1.), “a brincadeira de faz de conta promove para a criança um momento único de desenvolvimento, no qual ela exercita em sua imaginação, a capacidade de planejar, de imaginar situações lúdicas, os seus conteúdos e as regras existentes em cada situação”. O que Oliveira e Rubio (2013) querem mostrar é que o momento de brincadeira contribui para o desenvolvimento infantil. Por também ter essa concepção sempre que possível procurei introduzir o momento de brincadeira nas aulas, até mesmo durante a realização das atividades. No caso da atividade com cigarra de TNT, pude ver a satisfação de cada criança ao acabarem de encher a personagem. Como culminância desta história, fiz um momento bem divertido onde recontei a história agora com a cigarra presente, os alunos interagiram bem mais com sua produção do que nos momentos em que era contada apenas a história com as imagens, a cigarra cumprimentou cada um, deu vida à história e conquistou os alunos. Eles a abraçaram e tiveram um momento de contato com a sua produção, algo que marcou bastante a todos e teve grande significado para os alunos, participar de todo o processo, da construção de um instrumento utilizado nas aulas. Ilustração 05 – enchendo a cigarra / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo da autora Procurei focar as atividades mais no bichinho da terra a formiga, pois o projeto fazia articulação com o que as crianças estavam estudando diariamente, e na classe em que eu estava eram os animais da terra os estudados no momento, então levei um estudo sobre o 26 habitat das formigas e decidi reproduzi-lo com argila, fiz junto com as crianças as formigas e também formigueiro. Para tanto, busquei no entorno do nosso CMEI a descoberta de um formigueiro para que pudéssemos reproduzi-lo. O contato com alguns animais também é orientado por documentos que servem como referencial para os educadores, segundo Brasil (1998, p.178): O contato com pequenos animais, como formigas e tatus-bola, peixes, tartarugas, patos, passarinhos etc. pode ser proporcionado por meio de atividades que envolvam a observação, a troca de ideias entre as crianças, o cuidado e a criação com ajuda do adulto. O professor pode, por exemplo, promover algumas excursões ao espaço externo da instituição. Com o objetivo de identificar e observar a diversidade de pequenos animais presentes ali. Como cita Brasil (1998), busquei observar espaços da escola. Brasil (1998, p.197), ainda menciona que para que a criança avance na construção de novos conhecimentos é importante que o professor desenvolva algumas estratégias de ensino: como a observação direta de pequenos animais e plantas no seu hábitat natural ou fora dele, como quando criados ou cultivados na instituição, permite construir uma série de conhecimentos ligados a questões sobre como vivem, como se alimentam e se reproduzem etc. Um dos locais visitados pelo grupo foi o espaço sensorial. Trata-se de um espaço recentemente construído na lateral das salas. Ilustração 06 – Procurando as formigas / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo da autora. 27 O espaço foi criado com o objetivo de exploração as diversas sensações que o longo percurso nos proporciona: obstáculos variados, diversos tipos de terrenos cuidadosamente pensados para oportunizar diferentes percepções como; andar sobre pedrinhas, tampinhas, grama, plástico com bolhas entre outros. Encontramos, lá perto desse espaço, as formigas, e eram muitas delas, pois no momento a escola estava infestada de formigas, algo que também aproveitamos para conversar em sala os cuidados que deveríamos ter ao estar perto de um formigueiro. Os alunos estavam muito ansiosos para encontrar a formiga vista na história e ver sua casinha (formigueiro) ao encontrar elas ficaram muito eufóricas, tomei o cuidado de orientá-las para não tocar as formigas, e observarem com muito cuidado os vários formigueiros, a todo o momento procurei que elas observassem as características dos animais, que as formigas carregavam o alimento, que levavam para o formigueiro, quecooperavam umas com as outras etc. As crianças perceberam que eram muitos os formigueiros. Expliquei que o CMEI está com esse problema devido à recente construção deste espaço. Foi necessária a limpeza de grande parte do terreno e que era preciso um tempo para que elas, as formigas, reorganizassem-se. Muitas foram às falas após a observação feita pela turma. Voltamos para a sala e perguntamos o que tinham visto, deixamos que falassem suas impressões. O objetivo era a construção do formigueiro. Então colocamos a mão na massa utilizamos argila para que cada uma fizesse sua formiga. Esse momento foi muito divertido para todos, eles adoraram o contato com a argila. No início, alguns ficaram um pouco temerosos com aquele material diferente mais logo se jogaram na experiência. Ilustração 07 – Confecção do formigueiro / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo pessoal da autora 28 Deixei eles usarem a imaginação para confecção das formigas e na hora da confecção do formigueiro, houve momentos em que os direcionamos, mostrando que o mesmo tinha que ser mais alto e que tinha que ter um buraco para as formigas entrarem. Sobre essa necessidade e intervenção e atividades direcionadas temos segundo Brasil, (1998, p.29 e 30) que: A organização de situações de aprendizagens orientadas ou que dependem de uma intervenção direta do professor permite que as crianças trabalhem com diversos conhecimentos [...]. A intervenção do professor é necessária para que, na instituição de educação infantil, as crianças possam, em situações de interação social ou sozinha, ampliar suas capacidades de apropriação dos conceitos [...] Feita nossa maquete, foi proporcionado em um delicioso banho de mangueira, momento de descontração e interação entre os alunos. Outra proposta de atividade envolvendo a história a Cigarra e a Formiga foi à construção de um quebra-cabeças com os personagens proporcionando assim o contato com a linguagem da Matemática utilizei a resolução de problemas numa atividade significativa.Brasil (1998, p 217), cita que “aprender matemática é um processo contínuo de abstração no qual as crianças atribuem significados e estabelecem relações com base nas observações, experiências e ações que fazem, desde cedo, sobre elementos do seu ambiente físico e sociocultural”. Com essa atividade busquei que as crianças estabelecessem tais relações. Levei as imagens dos personagens numa cartolina já pintadas, mostrei o desenho e as crianças identificaram os personagens na mesma hora, o objetivo com esta atividade de montar um quebra-cabeça para obter a imagem era requerer da criança atenção e habilidade de manuseio das peças para encaixe. Trabalhei também a questão de quantidades, pois cortei a cartolina em quatro pedaços e estimulei os alunos a realizar a contagem das peças. Observei que alguns alunos tiveram muita facilidade em montar as peças, já outros ainda não conseguiam encaixar as peças corretamente, então busquei ir dando apoio às crianças com estímulos positivos, e às crianças que não conseguiam montar o quebra-cabeça receberam ajuda dos colegas, fazendo assim um trabalho de cooperação entre eles. 29 Ilustração 08 – Montagem do quebra-cabeça / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Acervo da autora. Ao finalizar o trabalho com esta história, pude perceber o quanto as crianças aprendem com atividades práticas. Eles adoram criar e ver o resultado da sua criação, mas tais atividades devem respeitar os ritmos de cada aluno, a cada dia dentro da sala de aula aprendia mais com eles e com a experiência da professora titular da turma que sempre me estimulou e contribuiu para a minha aula. 3.3. A minhoca Filomena Iniciei o trabalho com a história A Minhoca Filomena, pretendia destacar a importância da minhoca para a natureza e explorar a linguagem da música por entender sua importância, tinha também a finalidade de desenvolver melhor a oralidade nos alunos, Segundo Brasil (1998, p.45) a música “é uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação”, busquei utilizar deste recurso para chamar a atenção dos alunos para o animal que seria trabalhado no momento a minhoca, fiz assim um trabalho com uma música popular bastante conhecida no repertório da educação infantil a da minhoca. As crianças adoraram fazer os movimentos e acham engraçada a letra. Utilizei uma canção popular como recurso para trabalhar mais esse bichinho da terra: Minhoca, minhoca, me dá uma beijoca. Não dou, não dou... então eu vou roubar. 30 Fonte: Acervo pessoal da autora. Minhoco, minhoco, cê ta ficando louco. Você beijou errado, a boca é do outro lado! (Autor desconhecido) A música foi uma boa aliada para o sucesso das atividades. Ainda segundo Brasil (1998, p.59.), “quando cantam, as crianças imitam o que ouvem e assim desenvolvem condições necessárias à elaboração do repertório de informações que posteriormente lhes permitirá criar e se comunicar por intermédio dessa linguagem”. A música foi o ponto de partida para a construção das informações sobre a minhoca, utilizei a cantiga para despertar o interesse nas crianças e, em seguida, contei a história A Minhoca Filomena, conversei sobre onde à minhoca vive como ela ajuda no desenvolvimento das plantas e do solo. Ao longo das intervenções buscava a cada semana perguntar o que as crianças lembravam-se da história deixando-as recontá-la a seu ver. Para proporcionar um momento divertido para os alunos, fiz a brincadeira de passa- passa pelo minhocão, entendendo que a brincadeira é o lúdico em ação e também uma forma onde as crianças têm a oportunidade de lidar com as regras, pois em toda a brincadeira mesmo que esta seja livre as regras irão existir, Vygotsky (1991) “afirma que a brincadeira, mesmo sendo livre e não estruturada, possui regras”. Levei para essa prática o brincar que é importante em todas as fases da vida, mas na infância ele é ainda mais essencial: não é apenas um entretenimento, mas, também, aprendizagem. Ilustração 09 – Brincadeira passa-passa pelo minhocão / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. 31 Com o objetivo de desenvolver o movimento, a coordenação motora ampla, a lateralidade, o equilíbrio e a noção de espaço, além da resolução de problema. Segundo Manoel (2001, p. 22) “o movimento representa a forma da criança interagir com o ambiente, alcançar a comunicação, atuar como ser físico, pensante e social”. Para realização desta atividade tive a ajuda da professora colaboradora, para estabelecer uma ordem para as crianças passarem, pois todas queriam passar ao mesmo tempo, sem esperar a vez do outro, foi bem difícil conter os pequenos, mesmo assim o momento foi muito divertido e de grande aprendizado para mim e para eles. Compreendi que há momentos em que temos que ser firmes com a turma, impor regras e limites, eles conseguiram mesmo não sendo cem por cento compreender que temos que respeitar a vez do outro. Na continuação do trabalho com a história, fiz algumas pesquisas e tive a ideia de realizar como atividades: a produção de uma minhoca com jornal. As crianças tinham que enrolar uma folha de jornal e deixá-la parecida com a minhoca, depois de torcer o jornal as crianças pintaram as minhas produzidas com tinta marrom, usando uma esponja, e a produção de uma grande minhoca com meia, as crianças ajudaram a encher seu corpinho com isopor e, em seguida, a utilizei para ajudar as crianças no seu deslocamento da sala para o refeitório do CMEI o que incentivou sem sombra de dúvidas a formação de uma fila que antes eles tinham bastante dificuldade de formar. As intervenções estavam quase no fim e o tempo para cada história foi ficandocada vez mais curto devido à demanda do programa, pois além de estar em sala de aula, participávamos de outras atividades como reuniões e apresentações de trabalho, mas mesmo assim essa experiência com a história A minhoca filomena foi de grande importância para mim, pois trabalhar com noções matemáticas de forma “divertida” e atraente foi algo que só pude conhecer dentro do curso de pedagogia, com a disciplina Ensino da Matemática, que me trouxe grandes contribuições para mudar a minha forma de enxergar a matemática. Segundo Kamii (2009, p. 33) “assim como cada criança tem que reinventar o conhecimento para apropriar-se dele, cada professor precisará construir sua maneira própria de trabalhar[...]”. Com os conhecimentos adquiridos eu pude colocar em prática nas intervenções a ideia de que é possível aprender a matemática sem traumas e sem conduzir as aulas de forma tradicional, procurei levar para as intervenções os conceitos matemáticos por meio dos jogos e atividades lúdicas, pois é brincando, jogando, cantando, ouvindo histórias, que o aluno estabelece conexões entre seu cotidiano e a Matemática, e entre a Matemática e as demais áreas. Aguiar (1998, p. 21), afirma que “a criança é um ser feito para brincar, e que o jogo é 32 um artifício que a natureza encontrou para envolver a criança numa atividade útil ao seu desenvolvimento físico e mental”. Sendo assim por meio desta história foi possível que eu colocasse a prova a minha capacidade de ensinar matemática um eixo que antes eu via como algo chato e complicado, hoje entendo e compreendo que a Matemática desenvolve na criança o raciocínio lógico, a sua capacidade para pensar logicamente e resolver situações-problema, estimulando sua criatividade. E sei que posso desenvolver as aulas de uma forma que não tive acesso na minha trajetória escolar, forma esta que deve ser agradável e significativa para quem ensina e quem aprende. 3.4. A dona centopéia Para finalizar o projeto continuei com as noções matemáticas ao contar a história A dona centopéia e seus sapatinhos. Queria além de explorar conceitos matemáticos explorar também a oralidade. Sobre a preocupação com o desenvolvimento da oralidade temos segundo Brasil(1998, p. 134), que: O contato com o maior número possível de situações comunicativas e expressivas resulta no desenvolvimento das capacidades lingüísticas das crianças, uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente como falante. Sendo assim busquei por meio da música proporcionar o desenvolvimento da oralidade. Chaer e Guimarães (2012, p. 76), afirmam que o “trabalho com a oralidade assume um importante papel no processo educativo”. Mas além da preocupação com a oralidade também foram realizadas outras atividades como: produção de um cartaz onde os alunos usaram as mãos para fazer o corpinho e as patas da centopéia, fazendo relação com o número de patas existentes na gravura, (Mais/menos/igual), brincadeiras com os sapatos das crianças e exploração de sequência numérica, que foi realizada a partir da música Dona Centopéia – Bruxinha Catarina, uma forma bem atrativa e divertida. As crianças adoraram conhecer a música da centopéia, consegui estimular a contagem numérica e a oralidade por meio dela. Consegui assim associar a matemática e a linguagem de uma forma muito significativa para os alunos, Smole (2000, p.35) “aponta que os educadores devem ter em conta que todo o trabalho realizado com conteúdo matemático não pode ser ocasional ou fortuito”. Sendo assim busquei propostas múltiplas, variadas e relacionadas com 33 a linguagem, às expressões e, a formação pessoal e social, como um componente a mais de uma aprendizagem global. Para concluir o trabalho com esta história, construí um dado consideravelmente grande para focar na exploração de noções de cores e números, cada lado tinha uma cor e um determinado número de sapatos que foram pintados com a ajuda dos alunos uma preocupação durante as intervenções é que eles sempre participassem das produções independentemente se fosse a toda construção ou em pequena parte dela. Ao brincar com o dado quando este era jogado para cima e conseqüentemente caia em um lado, os alunos com minha ajuda tinham que dizer a cor e o número que continha do lado a qual caiu. Ilustração 10- Brincando com o dado minhocão / CMEI Antônia Fernanda Jalles, 2015. Fonte: Arquivo pessoal da autora O que ficou bem marcado nessa história foi à possibilidade de trabalhar noções matemáticas e explorar juntamente a oralidade das crianças por meio da música, um trabalho interdisciplinar Tentei sempre que possível envolver a música nas minhas aulas, sei que a música é de fundamental importância para os alunos, mesmo não tendo uma formação tão embasada sobre esse universo musical e também não tendo visto muita coisa sobre a música no curso de pedagogia. Segundo Figueiredo (2005, p. 26) “a formação musical que estes professores recebem nos cursos formadores tem sido insuficiente para gerar confiança e competência com relação a esta área do conhecimento”. 34 Mesmo concordando com esta afirmação arrisquei levar a música para minha prática e no caso do trabalho desenvolvido com ela, consegui atingir os objetivos propostos, de explorar a matemática e a oralidade. 4- Considerações finais O objetivo deste relatório reflexivo foi expor as contribuições que a atuação como bolsista no programa de iniciação à docência me trouxe. O passo mais importante do trabalho foi refletir e questionar-me sobre tudo que vivenciei no programa. Como considerações finais para este trabalho, pode-se destacar que os desafios enfrentados, as experiências realizadas e o convívio com o meio escolar no qual atuei como bolsista, foram bastante significantes e sem dúvidas tudo que vivenciei vai ser levado em consideração no momento em que estiver atuando como profissional docente. Colocar em prática todos os ensinamentos, dicas e sugestões obtidas durante a minha graduação e que fizeram com que cada momento de atuação como bolsista fosse único e significativo aliando a teoria à prática. Fazer essa relação foi algo que só me foi possível vivenciar com exatidão dentro do PIBID. Com isso acredito que participar do programa tornou-se um momento ímpar na minha formação como pedagoga. O programa me trouxe por meio da prática reflexões que apenas estudando a teoria não me era possível, me trouxe muitas contribuições e a cada dia em sala de aula pude compreender que ser um profissional da educação requer a cima de tudo empenho e dedicação, pois não é fácil lidar com os obstáculos enfrentados no dia a dia. Sendo assim, concluo que tudo que foi vivenciado neste período de bolsista contribuiu de grande forma para a minha formação e terá grande influência futuramente n minha atuação pedagógica. 5- Referências ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4ed. São Paulo: Scipione, 1997. AGUIAR, João Serapião. Jogos para o ensino de conceitos: leitura e escrita na pré-escola. Campinas, SP: Papirus, 1998. 35 BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental, 1998. Volume 1, 2 e 3. CHAER, Mirella Ribeiro; GUIMARÃES Edite da Glória Amorim. 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