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Logicascausationeffectuation-Alves-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
Caroline de Albuquerque Mourão Alves 
 
 
 
 
LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION: UMA ANÁLISE 
QUANTITATIVA DE EMPREENDEDORES EX-
EMPRETECOS NO RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal 
2022
CAROLINE DE ALBUQUERQUE MOURÃO ALVES 
 
 
 
 
LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA DE 
EMPREENDEDORES EX-EMPRETECOS NO RN 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Administração, da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre em 
Administração, na área de gestão 
organizacional, e linha de organizações, 
estratégia e tecnologia da informação. 
 
Orientador: Afrânio Galdino de Araújo, Dr. 
Coorientador: Felipe Luiz N. B. de Melo, Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natal 
2022
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA 
 
 
 Alves, Caroline de Albuquerque Mourão. 
 Lógicas causation e effectuation: uma análise quantitativa de 
empreendedores ex-empretecos no RN / Caroline de Albuquerque 
Mourão Alves. - 2022. 
 111f.: il. 
 
 Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal 
do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, 
Programa de Pós-Graduação em Administração. Natal, RN, 2022. 
 Orientador: Prof. Dr. Afrânio Galdino de Araújo. 
 Coorientador: Prof. Dr. Felipe Luiz Neves Bezerra de Melo. 
 
 
 1. Empreendedorismo - Dissertação. 2. Empreendedor - 
Dissertação. 3. Lógica Effectuation - Dissertação. 4. Lógica 
Causation - Dissertação. 5. Empretecos - Dissertação. I. Araújo, 
Afrânio Galdino de. II. Melo, Felipe Luiz Neves Bezerra de. III. 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título. 
 
RN/UF/Biblioteca CCSA CDU 005.342 
 
 
 
 
Elaborado por Eliane Leal Duarte - CRB-15/355 
Caroline de Albuquerque Mourão Alves 
 
LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION: UMA ANÁLISE QUANTITATIVA DE 
EMPREENDEDORES EX-EMPRETECOS NO RN 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de 
Pós-Graduação em Administração, da 
Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte, como requisito parcial para a 
obtenção do título de Mestre em 
Administração, na área de gestão 
organizacional, e linha de organizações, 
estratégia e tecnologia da informação. 
 
 
 
 
Natal, 21 de março de 2022. 
 
 
Afrânio Galdino de Araújo 
Professor Doutor - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Presidente da Banca Examinadora 
 
Felipe Luiz Neves Bezerra de Melo 
Professor Doutor - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro externo à Instituição 
 
Dinara Leslye Macedo e Silva Calazans 
Professora Doutora - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro Externo ao Programa 
 
Mauro Lemuel de Oliveira Alexandre 
Professor Doutor - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Membro Externo ao Programa
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho a Deus e a todos os estudantes e 
professores que enfrentaram dias difíceis na vida pessoal 
e profissional em meio a pandemia da Covid-19.
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus por ter sido minha força e sustento para vencer todas as etapas dessa conquista 
profissional. 
 
Ao meu esposo Rafael, por todo incentivo e por ter confiado mais em mim do que eu mesma. 
 
Aos meus filhos João e Marcos, que na inocência de criança, me fazem mais forte e tornam 
sempre tudo mais leve. 
 
Aos meus pais e irmãos, por sempre acreditarem e viabilizarem o que fosse possível para que 
eu cumprisse essa meta. 
 
Aos meus sogros pelo apoio e confiança. 
 
Às minhas cunhadas, que já doutoras, me ensinaram e deram dicas valiosas na construção deste 
trabalho. 
 
Aos meus sobrinhos Ruben e Maria, pelo sorriso e amor dedicados a mim em cada reencontro. 
 
À Neuma, Rita e Marcelo, que cuidaram de tudo o que tive que deixar de lado, especialmente 
a casa e meus filhos, enquanto me dedicava a estudar, pensar e escrever todo este trabalho. 
 
Ao meu orientador prof. Afrânio, por ter “aberto as portas” do mestrado ao me aceitar como 
aluna especial, e por toda a disponibilidade e conhecimento dedicados à conclusão deste 
trabalho. 
 
Ao meu coorientador prof. Felipe, que mesmo sempre à distância, se posicionou com muita 
presença ao compartilhar tanto conhecimento e auxílio diante dos muitos desafios nesta jornada. 
 
A todos os professores, desde a minha infância até o mestrado, pelos ensinamentos e exemplos 
compartilhados. 
 
Ao PPGA/UFRN, especialmente na pessoa do secretário Marcel, pela disponibilidade e esforço 
em ajudar em todos os detalhes administrativos, especialmente diante do curso do mestrado em 
meio a uma pandemia. 
 
Aos meus colegas de sala por todo o apoio desde o início, quando eu me dividia entre aulas, 
grupos de estudo, amamentação de um filho e adaptação escolar do outro, até a fase de 
conclusão, quando em meio ao isolamento social, me vi cercada de incentivo e confiança de 
que ia dar tudo certo. 
 
Ao professor Fernando e colegas da UFRN Ana Eliza, Samara, Patrícia, Rebeka, Ana Clara, 
Luciana, Jéssica, Solange e Mayara, por terem vivenciado mais de perto todos os desafios do 
mestrado. Obrigada por toda paciência e apoio. 
 
Às minhas amigas, por terem estado dispostas a me ouvir, me incentivar, me alertar e me 
aplaudir. 
 
Às irmãs e amigas em Cristo do Instituto Hesed Natal, pelo presente que me deram de poder 
estar em sua companhia nos momentos de aflição, louvor e gratidão, e me fazerem sentir 
totalmente amparada por Jesus e Maria nessa caminhada. 
 
A todos os participantes da pesquisa de campo, por terem feito parte e torcido pelo sucesso do 
trabalho. 
 
Ao SEBRAE/RN, por mesmo dentro de sua limitação legal, ter prestado apoio a esta pesquisa. 
 
A todas as pessoas que cruzaram meu caminho e foram suporte na minha vida pessoal e 
profissional. 
 
E por último, novamente meu agradecimento a Deus: pois tudo começa e termina por Ele e para 
Ele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Fazei tudo por amor, assim não há coisas pequenas: tudo é grande.” 
(São Josemaria Escrivá, 1934)
Alves, Caroline de Albuquerque Mourão. Lógicas Causation e Effectuation: uma análise 
quantitativa de empreendedores ex-Empretecos no RN [dissertação]. Natal: Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, 2022. 
 
RESUMO 
O objetivo do estudo consiste em analisar as relações entre as abordagens Causation e 
Effectuation e as características de empreendedores ex-participantes do Empretec do 
SEBRAE/RN em seus negócios. O método adotado é quantitativo, por meio de uma pesquisa 
empírica, cujos dados foram obtidos em corte transversal, com aplicação de um questionário 
baseado em um instrumento de pesquisa já validado nacional e internacionalmente. Além da 
descrição do perfil da amostra, técnicas estatísticas foram utilizadas: Análise Fatorial 
Exploratória (com bootstrap) e Regressão Linear Múltipla Robusta, contando com o auxílio 
dos programas G*Power 3 para tratamento da amostra e do SPSS 27 para os demais 
procedimentos. Com os resultados estatísticos, obteve-se satisfatória resposta e ajuste fatorial 
no teste de escala de forma quantitativa, e foi possível inferir que ambas as abordagens e suas 
respectivas variáveis são contundentes, mas especialmente a de Causation, que também é 
impactada com significância pelo gênero, idade, origem de recursos e o fato de os participantes 
estarem atualmente empreendendo. A de Effectuation é timidamente influenciada pelasmesmas 
variáveis, mas não em todas suas subdimensões. Concluiu-se que há coexistência de ambas as 
abordagens nas tomadas de decisões dos ex-Empretecos, apesar de uma predominância do 
modo Causation. 
 
Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedor. Effectuation. Causation. Empretecos. 
 
Alves, Caroline de Albuquerque Mourão. Causation and Effectuation Logics: a quantitative 
analysis of ex-Empretecos entrepreneurs in RN [dissertation]. Natal: Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, 2022. 
 
ABSTRACT 
 
The objective of the study is to analyze the relationships between the Causation and Effectuation 
approaches and the characteristics of entrepreneurs who are ex-participants of Empretec do 
SEBRAE/RN in their businesses. The method adopted is quantitative, through an empirical 
research, whose data were obtained in cross-section, with the application of a questionnaire 
based on a research instrument already validated nationally and internationally. In addition to 
the description of the sample profile, statistical techniques were used: Exploratory Factor 
Analysis (with bootstrap) and Robust Multiple Linear Regression, with the help of the G*Power 
3 programs for sample treatment and SPSS 27 for the other procedures. With the statistical 
results, a satisfactory response and factor adjustment were obtained in the scale test in a 
quantitative way, and it was possible to infer that both approaches and their respective 
variables are strong, but especially that of Causation, which is also significantly impacted by 
gender, age, source of resources and the fact that the participants are currently entrepreneurs. 
Effectuation is timidly influenced by the same variables, but not in all its sub-dimensions. It was 
concluded that there is coexistence of both approaches in the decision-making of ex-
Empretecos, despite a predominance of the Causation mode. 
 
Keywords: Entrepreneurship. Entrepreneur. Effectuation. Causation. Empretecos. 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Principais princípios Causation x Effectuation ....................................................... 30 
Figura 2 - Amostra válida ......................................................................................................... 48 
Figura 3 - Protocolo de busca na base Web of Science ............................................................ 89 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Apoio aos pequenos negócios durante a pandemia ................................................ 19 
Quadro 2 – Característica e Comportamento Empreendedor ................................................... 35 
Quadro 3 - Caracterização da pesquisa..................................................................................... 40 
Quadro 4 - Caracterização da amostra ...................................................................................... 41 
Quadro 5 - Método de pesquisa ................................................................................................ 42 
Quadro 6 - Questões do constructo teórico e seus respectivos códigos ................................... 44 
Quadro 7 -Variáveis para filtro e variáveis independentes ....................................................... 46 
Quadro 8 - Requerimentos de amostra ..................................................................................... 52 
Quadro 9 - Pressupostos da RLM e testes aplicados ................................................................ 70 
Quadro 10 - Hipóteses alternativas e significâncias ................................................................. 75 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Área do curso de graduação .................................................................................... 56 
Tabela 2 – Resultados descritivos de perfil .............................................................................. 57 
Tabela 3 - Resultados descritivos da escala de Causation e Effectuation ................................ 59 
Tabela 4 - Médias por dimensão............................................................................................... 62 
Tabela 5 - Correlações entre as dimensões ............................................................................... 62 
Tabela 6 - Cargas fatoriais e comunalidade.............................................................................. 66 
Tabela 7 - Estatísticas do modelo fatorial ................................................................................ 68 
Tabela 8 - Modelo de regressão para variável dependente Causation ..................................... 71 
Tabela 9 - Modelo de regressão para variável dependente Effectuation – Flexibilidade ......... 72 
Tabela 10 - Modelo de regressão para variável dependente Effectuation - Perdas aceitáveis . 73 
Tabela 11 - Modelo de regressão para variável dependente Effectuation – Experimentação .. 74 
Tabela 12 - Modelo de regressão para variável dependente Effectuation - Pré-acordos .......... 74 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1 - Poder estatístico em função do tamanho da amostra ............................................. 50 
Gráfico 2 - Boxplot de outliers ................................................................................................. 54 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
AFE: Análise Fatoral Exploratória 
ANPAD: Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração 
ASN: Agência Sebrae de Notícias 
GEM: Global Entrepreneurship Monitor 
MEI: Micro Empresáros Individuais 
QDAS: Qualitative Data Analysis Software 
RLM: Regressão Linear Múltipla 
RM: Regressão Múltipla 
RN: Rio Grande do Norte 
SEBRAE: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SMART: Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-bound 
TEA: Total Early - Stage Entrepreneurial Activity 
UNCATD: United Nations Conference on Trade and Development 
WOF: Web of Science 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17 
2. EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR, LÓGICAS CAUSATION E 
EFFECTUATION E O EMPRETEC .................................................................................... 26 
2.1 O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR ................................................ 26 
2.2 LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION .............................................................. 28 
2.3 EMPRETEC: METODOLOGIA DE EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA ................. 32 
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 39 
3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 39 
3.2 Seleção dos sujeitos de pesquisa e caracterização da amostra ...................................... 40 
3.3 Método de pesquisa ....................................................................................................... 41 
3.4 Coleta e dados ................................................................................................................ 43 
3.4.1 Instrumento e coleta de dados ................................................................................ 43 
3.4.2 Composição e análise da amostra ........................................................................... 48 
3.4.3 Tratamento dos dados ............................................................................................. 53 
4. ANÁLISE QUANTITATIVA: LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION E A 
SUA ADOÇÃO POR EMPREENDEDORES EM SEUS NEGÓCIOS ............................. 55 
4.1 Resultados descritivos ................................................................................................... 55 
4.1.1. Analisando as médias por dimensão ...................................................................... 61 
4.2 Análise Fatorial Exploratória.........................................................................................63 
4.3 Regressão Linear Múltipla Robusta .............................................................................. 68 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 76 
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 81 
APÊNDICES ........................................................................................................................... 88 
ANEXOS................................................................................................................................ 101 
 
 
 
 
17 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 O objetivo desse primeiro capítulo é uma breve descrição sobre os temas abordados 
neste trabalho, assim como sua contextualização, incluindo indicadores econômicos. Também 
contará com as justificativas e motivações que embazaram o problema de pesquisa a ser 
apresentado, seguido dos objetivos geral e específicos que se busca responder. 
Academicamente, o empreendedorismo foi identificado pelos economistas, em um 
primeiro momento, como um elemento útil para o desenvolvimento, depois, os 
comportamentalistas tentaram entender o empreendedor como pessoa (FILION, 1999). Para o 
autor, o campo do empreendedorismo pode ser definido como aquele que centraliza o estudo 
nos empreendedores, examinando suas atividades, características, efeitos sociais e econômicos 
e os métodos de suporte facilitadores da atividade empreendedora. E é para essa perspectiva 
que o olhar dessa pesquisa se volta. 
De acordo com Perry, Chandler e Markova (2012), sob um ponto de vista mais 
comportamental, o corpo principal da pesquisa sobre empreendedorismo é baseado nos 
modelos de tomada de decisão racional empregados pela economia neoclássica, ou seja, já é 
sabido que ele foi focado durante anos em atividades caracterizadas pelo pensamento 
econômico e planejado (FISHER, 2012), o modo Causation (SARASVATHY, 2001). Porém, 
à medida que o interesse pelo tema se intensificou, uma série de novas perspectivas teóricas 
surgiram para explicar as ações e a lógica que fundamentam o comportamento do empreendedor 
(FISHER, 2012). O autor afirma ainda que essas alternativas para descrever a ação 
empreendedora - como a teoria Effectuation (SARASVATHY, 2001) - sugerem que, sob certas 
condições, os empreendedores seguem um caminho diferente para identificar e explorar 
oportunidades. 
Saras Sarasvathy (2001) nomeou como Causation e Effectuation caminhos possíveis se 
decidir por empreender, como resultado do seu doutorado (1998) orientado pelo Nobel em 
Economia Herbert Simon, que rendeu à Saras o prêmio Academy of Management (mais 
importante congresso científico em Administração) de melhor trabalho apresentado em 2001. 
Segundo Sarasvathy (2001), Causation e Effectuation são duas abordagens alternativas que os 
empreendedores usam no processo de desenvolvimento de novos empreendimentos 
(SARASVATHY, 2001). Enquanto a abordagem Causation é direcionada a um objetivo com 
base na previsão, os empreendedores que seguem uma lógica Effectuation são mais propensos 
a ajustar seus objetivos e estratégias conforme a situação se desenvolve e com base nos recursos 
18 
 
que eles controlam, tentando alavancar contingências à medida que surgem (ALSOS et al., 
2016). 
Apesar das divergências apontadas sobre o termo “teoria” dado ao modo Effectuation 
(ver Anexo A), existe um consenso entre diversos autores, conforme a revisão de literatura de 
Grégoire e Cherchem (2020), de que Effectuation é de fato uma alternativa ao modo tradicional 
(Causation), inclusive os autores concluíram por meio de várias observações empíricas que a 
Effectuation (sendo uma teoria ou não) pode naturalmente co-ocorrer ao lado de outros modos 
de agir, e esta premissa levou a uma série de estudos com foco em fatores que afetam a condução 
por Effectuation. 
 Mesmo com todas as diversas combinações possíveis entre as duas formas expostas, há 
uma considerável convergência sobre uma certa condição relevante para a aplicação do modo 
Effectuation: a de alta incerteza. Para diversos outros autores (ALSOS et al., 2016; 
CHANDLER et al., 2011; FISHER (2012); GRÉGORIE; CHERCHEM, 2020; ILONEN; 
HEINONEN; STENHOLM, 2018; MELO; SILVA; ALMEIDA, 2019), um dos argumentos 
básicos deste modo é que seus princípios são particularmente úteis em condições de verdadeira 
incerteza. 
Além de medidas de apoio governamental, o enfretamento de situações de incerteza, 
considerando-as, segundo Knight (1921), como situações expressas por valores indeterminados 
e não quantificáveis (a exemplo de uma imprevisível pandemia na magnitude da causada pelo 
novo coronavírus), as empresas assumem papel primordial, e com ela, o seu principal agente, o 
empreendedor. 
O empreendedorismo tem cada vez mais se tornado uma alternativa profissional. Por 
necessidade ou oportunidade (APARICIO; URBANO; AUDRETSCH, 2016), ele é um 
instrumento econômico consequência de inúmeras decisões tomadas por indivíduos diante dos 
riscos e incertezas envolvidos no processo de empreender. 
 Segundo o Relatório Executivo sobre o Brasil em 2019, do Global Entrepreneurship 
Monitor (GEM), quase 90% dos empreendedores em sem primério negócio concordam (total 
ou parcialmente) que a escassez de emprego constitui uma das razões para se lançar no 
empreendedorismo pela primeira vez. E mais: desses, 26,2% mencionaram que “ganhar a vida 
porque os empregos são escassos” foi a única motivação para começar um negócio (GEM, 
2019a) 
 E mais, no mesmo ano, a taxa de empreendedorismo total no país foi de 38,7%, 
correspondendo a mais de 25,5 milhões de brasileiros, número superior ao do ano anterior, 
19 
 
sendo a segunda mais alta da série histórica, e revelando mais uma vez o quanto o 
empreendedorismo é presente e sentido no cotidiano do país (GEM 2020a). 
 E não foi diferente com a pandemia da Covid-19: com o aumento da taxa de 
desemprego, foram adotadas medidas de apoio aos pequenos negócios, dentre outras: 
pagamento de auxílio emergencial de R$600/mês, inclusive para informais, autônomos e micro 
empresáros individuais (MEI); prorrogação do pagamento de tributos; suspensão temporária 
dos contratos de trabalho e redução da jornada e salários; financiamento facilitados (GEM, 
2020b). O Brasil, inclusive, se destacou no cenário mundial em relação a esse tipo de ações, 
como se observa no quadro abaixo: 
 
Quadro 1 - Apoio aos pequenos negócios durante a pandemia 
Ações Brasil Reino 
Unido 
Itália EUA Canadá Espanha México 
Suspensão contrato de 
trabalho 
sim sim sim 
Redução jornada/salário Sim sim 
Auxílio emergencial Sim sim Sim sim sim 
Diferimento impostos Sim sim sim Sim sim sim 
Apoio financeiro Sim sim sim Sim sim sim sim 
Fonte: GEM (2020b) 
 
Como consequência, os números de empreendedorismo responderam positivamente. 
Segundo a Exame (2021), a crise econômica levou milhões de brasileiros a abrirem o próprio 
negócio e os registros de MEIs cresceram 8,4% em 2020. Ou seja, nem mesmo a crise causada 
pela pandemia foi capaz de frear a escalada do empreendedorismo no Brasil. De acordo com 
dados do Ministério da Economia, o país registrou recorde no número de novas empresas 
abertas em 2020 e encerrou o ano com cerca de 20 milhões de negócios ativos, o que representa 
um aumento de 6% em comparação com 2019 (MAPA, 2020). 
Em 2021, somente no 3º quadrimestre foram abertas 1.209.634 empresas, aumento de 
1,8% em relação ao mesmo período em 2020, e considerando também o fechamento, o saldo 
em 2021 foi positivo de 2.615.906 empresas, 13,0% maior em relação ao ano de 2020, o maior 
saldo da série histórica (MAPA, 2021). 
 No Nordeste, em 2020, houve um saldo positivo de aproximadamente 378 mil empresas 
abertas, com um crescimento, somente no terceiro quadrimestre, de 13,6% em relação ao 
mesmo período deano anterior (MAPA, 2020). E no estado do Rio Grande do Norte, lócus de 
pesquisa deste trabalho, os dados são da mesma natureza: 
 
20 
 
“A baixa taxa de mortalidade no RN, que foi de 8%, pode ser explicada 
por outro dado que a pesquisa revelou. 61% dos empreendedores 
potiguares tinham conhecimento ou experiência no ramo em que 
decidiu abrir o negócio, o que denota que o empreendedorismo não foi 
motivado por uma necessidade. Mas, 52% do total desse público estava 
desempregado e resolveu empreender para ter uma fonte de renda. E é 
nesse contingente que se enquadra a maioria dos MEIs.” (TRIBUNA 
DO NORTE, 2021) 
 
 Sendo o empreendedorismo um instrumento de crescimento econômico (FONTENELE, 
2010), seu agente assume papel central no crescimento da economia de uma localidade 
(NOGAMI; MEDEIROS; FAIA, 2014). E mais, há uma relação recíproca, segundos estes 
autores (2014), pois pesquisas apontam que um país crescente economicamente reflete em 
práticas empreendedoras (FONTENELE, 2010). A contribuição da atividade empreendedora 
para o desenvolvimento econômico varia de acordo com o ambiente em que ela ocorre 
(NOGAMI; MEDEIROS; FAIA, 2014). 
Reconhecendo essa relação entre empreendedorismo e desenvolvimento econômico, e 
de forma complementar às ações governamentais já apresentadas, evidencia-se especialmente 
a importância das ações de fomento ao empreendedorismo, nesse trabalho representada pelo 
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), cuja missão é “promover a 
competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos negócios e estimular o 
empreendedorismo” (SEBRAE, 2020a). No Rio Grande do Norte (RN), alinhado ao nacional, 
os projetos do SEBRAE buscam a consolidação de um modelo de desenvolvimento nacional 
baseado na facilitação do acesso a insumos produtivos, entre os quais conhecimento, crédito, 
tecnologia e capacitação, em favor de micro e pequenos negócios e empreendimentos 
emergentes (SEBRAE, 2020a). 
Dentre eles, há o EMPRETEC, um seminário (exclusivo do SEBRAE no Brasil) que 
identifica, estimula e desenvolve o comportamento empreendedor, tendo como mote dinâmicas 
e práticas vivenciais que ajudam os participantes (chamados Empretecos) a aplicar os 
conhecimentos adquiridos (EMPRETEC, 2020). No RN, já atraiu mais de 7.000 
empreendedores, e mais de 285.000 no Brasil. 
 Na pesquisa bibliográfica que antecedeu esse estudo, foi verificado um artigo 
relacionando a lógica Effectuation e o SEBRAE, mas não um programa ou curso 
especificamente. Pereira et al. (2017) demonstrou com essa sua pesquisa qualitativa que os 
programas de treinamento em empreendedorismo do SEBRAE e as políticas de apoio estão em 
desacordo com a prática real de alguns microempresários da favela da Rocinha, no Rio de 
21 
 
Janeiro, cujo sucesso empreendedor pôde ser explicado pela lógica Effectuation (grifo 
nosso). 
 Outro artigo relevante foi o de Melo, Silva e Almeida (2019), no qual os autores 
consideraram a variável dicotômica “auxílio de agências de apoio ao empreendedorismo”, 
incluída por tradicionalmente organizações de fomento ao empreendedorismo, como o 
SEBRAE, apoiarem os empreendedores nos processos de planejamento e concepção do 
negócio, então buscou-se verificar se havia relação entre tal variável e as abordagens de 
empreendedorismo Causation e Effectuation. Como resultado, os autores identificaram 
evidências da associação entre a abordagem Causation e o apoio de agências de fomento 
ao empreendedorismo na concepção de negócios (grifo nosso). 
 Com base nas relações academicamente já investigadas entre empreendedorismo, 
Causation, Effectuation, incerteza, desenvolvimento econômico e o SEBRAE, como agência 
de fomento ao empreendedorismo, e também nos resultados empíricos de Pereira et al. (2017) 
e Melo, Silva e Almeida (2019), concluiu-se haver uma lacuna de estudo sobre o programa 
específico Empretec e as lógicas Causation e Effectuation em um ambiente de alta incertezas, 
pois, em meio às dificuldades econômicas, sociais e até pessoais, independente da motivação, 
para muitos indivíduos a solução é iniciar o próprio negócio ou lutar para se reinventar no 
negócio já existente. Visualizar oportunidades, aceitar a incerteza e apostar seus recursos foram 
algumas das decisões durante o percurso de empreendedores em Natal, no Rio Grande do Norte. 
 Tendo como norte explorar decisões empreendedoras de ex-participantes de um 
programa de fomento ao empreendedorismo no estado do Rio Grande do Norte à luz dos 
conceitos de Causation e Effectuation, a proposta deste trabalho é analisar os ex-alunos do 
Empretec (ou ex-Empretecos), como um exemplo relevante no Estado de investimento do 
SEBRAE (uma agência de fomento) no empreendedorismo, e a adoção de ferramentas 
Causation e Effectuation por esses ex-alunos e empreendedores em seus negócios, esperando 
encontrar as relações entre os perfis e os constructos e assim inferir relevâncias e impactos com 
os dados obtidos. 
 Diante da incerteza como protagonista do mundo enfrentado em 2020, do 
reconhecimento da importância do apoio formal e efetivo, como do SEBRAE, aos 
empreendedores e também sua persistência para o enfretamento e superação, tanto individual 
como coletiva, de mais uma crise mundial, surgiu meu interesse em entender as decisões na 
criação e condução dos negócios, à luz das lógicas Causation e Effectuation, tendo os 
empreendedores participado de um curso no campo do empreendedorismo, o Empretec, que 
22 
 
seguem empreendendo em situações de alta incerteza, pelo menos até o momento da aplicação 
do questionário (setembro/2021). Essa seria a inquietação e relevância pessoais. 
 Buscou-se a relevância teórica, além das lacunas de estudos anteriores que serão 
ratificadas no próximo subitem, por meio do intuito de relacionar tais decisões com os dois 
modelos conceituados por Saras Sarasvathy (2001), dentro do tema de estratégia 
comportamental da divisão de Estratégia em Organizações, proposto pela Associação Nacional 
de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD): 
 
“O tema 'Estratégia comportamental' visa divulgar as pesquisas que 
envolvem, de forma ampla, aspectos ligados ao comportamento, 
cognição, emoção, atenção, interações sociais e processos de tomada de 
decisão estratégica. [...] Este campo, além de incluir métodos 
tradicionais de pesquisa, inclui outros importantes para a compreensão 
dos aspectos comportamentais da estratégia. (ANPAD, 2020). 
 
A ANPAD (2020) sugere que diversos temas podem ser incluídos para contribuir, 
inclusive, com o aprimoramento de abordagens teóricas e temas da estratégia como, dentre 
outros, Effectuation, pesquisando as características dos decisores e seu desempenho, a tomada 
de decisão estratégica, o oportunismo, a adaptação de recurso, a implementação da estratégia, 
o comportamento sobre crise. 
Diversos autores seguem publicando a respeito da teoria Effectuation em periódicos 
relevantes (ver Apêndice B), inclusive promovendo análise e debates teóricos a respeito da 
evolução do assunto como uma teoria. E nesse ponto, encontramos uma divergência de visões, 
o que pode ser tratado como oportunidade para o incremento de conhecimentos para a evolução 
da matéria. 
 
“A pesquisa de Effectuation enfrenta desafios consideráveis, No 
entanto, as ideias de Effectuation permanecem poderosas – e 
manifestamente atraem o interesse contínuo de um círculo cada vez 
maior de acadêmicos ao redor do mundo. Apesar de algumas das 
observações que fizemos em nossas análises levantarem preocupações, 
oportunidades atraentes abundam para contribuir” (GRÉGOIRE; 
CHERCHEM, 2020, p. 637, tradução nossa). 
 
De acordo com Reuber, Fisher e Coviello (2016), a discussão recente sobre Effectuation 
adotou a abordagem de desenvolvimento da teoria, avaliando a Effectuation como uma teoria e 
fornecendo ferramentas e ideias para sua construção e reconstrução. Sua posiçãocomo uma 
teoria do empreendedorismo e seu processo de construção de teoria, particularmente no campo 
da pesquisa organizacional, levantaram várias preocupações e questões importantes, como 
23 
 
relatadas por Arend, Sarooghi e Burkemper (2015), Gupta et al., (2016), Reuber, Fisher e 
Coviello (2016), Read, Song e Smit, (2009), Grégorie e Cherchem (2020), dentre outros. 
Os autores (2020) realizaram uma revisão estruturada da literatura considerando 101 
artigos sobre Effectuation publicados entre os anos de 1998 e 2016 em periódicos listados no 
Journal Citation Reports (JCR), um relatório de avaliação das revistas científicas mais 
influentes do mundo. Com a análise, sugeriram recomendações de estudos: 
 
“Trazendo à luz as articulações teoria-e-método que caracterizam a 
pesquisa existente sobre Effectuation, nossas análises ajudam a 
esclarecer algumas das questões mais importantes, ao mesmo tempo 
frustrando alguns novos avanços. Por sua vez, essas observações 
permitem um foco mais preciso em áreas específicas de intervenção, 
permitindo assim a identificação criativa de caminhos possíveis para se 
seguir em frente (GRÉGORIE; CHERCHEM, 2020, p. 640).” 
 
• recomendação 1: Adotar uma articulação conceitual de Effectuation como um modo de 
ação. Corroborando com Arend, Sarooghi e Burkemper (2015), a questão levantada é 
se Effectuation é uma teoria, e para eles, não é. Para os autores (2020), conceber 
Effectuation como um modo de ação permite, portanto, construção de teoria e 
acumulação de conhecimento. Além disso, o termo modo de ação implica associações 
mais diretas com as manifestações comportamentais concretas mencionadas em seus 
princípios; 
• recomendação 2: "Definir novos meios de observação para manifestações de 
Effectuation” (GRÉGORIE; CHERCHEM, 2020, p. 633). Os autores expõem que as 
pesquisas consideradas em seus estudos se baseiam majoritariamente em métodos 
qualitativos, com esquemas de codificação e outras regras de interpretação nem sempre 
especificadas. Ratificam que não são contra esses tipos de coletas de dados, mas, na 
medida do possível, encorajam a articulação de dados em termos de “métricas” e/ou 
“quantificações” relevantes, de modo a permitir avaliar até que ponto o que é observado 
representa a escolha por um modo de ação (Causation ou Effectuation), e com que 
intensidade ou força. Para os autores, isso permitiria sistemáticas comparações dentro e 
entre os casos. Em suma, eles explicitam que os meios não precisam ser necessariamente 
quantitativos, pois, na prática, o tipo de método de medição que eventualmente seja 
proposto depende de interpretações qualitativas inclusive, mas que eles possam ser 
sistematicamente traduzidos em termos de escalas ou dimensões; 
• recomendação 3: Desenvolver explicações do tipo "por que" (e estudá-las). Os autores 
incentivam pesquisas rigorosas sobre os efeitos e consequências da Effectuation, como 
24 
 
o porquê de um determinado antecedente promover a mobilização de um modo de 
ação Effectuation (grifo nosso). Também projetos de pesquisas que permitam capturar 
instâncias específicas das explicações, o que pode implicar esforços para documentar a 
aprendizagem real, em que a experiência do empreendedorismo promove a 
mobilização deste modo de ação (grifo nosso). E por fim, relatar especificamente os 
resultados empíricos das sugestões indicadas, que permitem a construção do 
conhecimento e replicações em estudos. 
 
Além da contribuição teórica já exposta (referente aos temas de pesquisa da ANPAD), 
tentaremos seguir paralelamente outros caminhos: ser continuação de estudos prévios (direção 
#4, ver AREND et al., 2015), utilizando especialmente como referências empíricas os trabalhos 
de Melo, Silva e Almeida (2019) e Pereira et al. (2017); e seguir as recomendações (descritas 
acima) de Grégoire e Cherchem (2020), focando nas manifestações reais da Effectuation como 
um modo de ação, utilizando o método quantitativo, considerando resultados e aplicações 
anteriores, como forma de comparação e continuação dos estudos. 
E por fim, há também a relevância prática e social que será promovida através da 
obtenção e análise de dados de empreendedores do estado do Rio Grande do Norte, buscando 
entender a relação entre os modos de agir Causation e Effectuation e os perfis da amostra de 
ex-Empretecos do SEBRAE-RN, auxiliando-os no entendimento sobre os princípios de cada 
modo e como eles influenciam as tomadas de decisão. 
Nesse contexto, o problema da presente pesquisa é: em que medida existe uma 
associação entre a adoção das lógicas Causation e Effectuation e os empreendedores (ex-
participantes) do Empretec como curso de capacitação e de fomento ao empreendedorismo? 
E tem-se como objetivo de estudo: Analisar a relação entre a adoção das lógicas ou 
ferramentas Causation e Effectuation e os empreendedores nos seus negócios, para encontrar 
relações significantes entre o perfil da amostra e ambas as abordagens e maior impacto nas 
ações de Effectuation. 
 Os objetivos específicos consistem em: 
a) Levantar os perfis dos empreendedores que participaram do Empretec no 
SEBRAE/RN; 
b) Analisar como as questões de perfil impactam nas ações de Causation e Effectuation 
dos empreendedores que participaram do Empretec no SEBRAE/RN. 
c) Propor sugestões aos empreendedores de forma a aproximá-los do modo de agir 
Effectuation em suas tomadas de decisão no empreendedorismo. 
25 
 
O próximo capítulo conterá a fundamentação teórica a respeito do empreendedorismo e 
o empreendedor, das lógicas Causation e Effectuation e por mim sobre o seminário do 
Empretec. 
 
 
26 
 
2. EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR, LÓGICAS CAUSATION E 
EFFECTUATION E O EMPRETEC 
 
 O objetivo desse capítulo é apresentar as principais definições sobre os temas estudados 
após a pesquisa bibliográfica, cujo protocolo consta no Apêndice A. Para tanto, a divisão se 
dará em três subitens. 
No primeiro, a busca por uma apresentação não exaustiva de relevantes definições sobre 
empreendedorismo, especialmente sobre seu agente, o empreendedor e o ambiente em que ele 
atua. 
No segundo, a abordagem do constructo teórico do trabalho, uma explanação sobre a teoria 
Effectuation e lógica Causation como formas de agir de empreendedores, tanto na criação como 
na condução dos negócios, com base no estudo seminal de Saras Sarasvathy (2001) e outros 
advindos dele, escritos por ela e por diversos outros autores, incluindo um debate teórico 
acadêmico (AREND; SAROOGHI; BURKEMPER, 2015). 
Por último, a contextualização do Empretec como ferramenta de fomento ao 
empreendedorismo, especialmente no processo de formação de empreendedores por meio do 
SEBRAE, que já ofereceu tal seminário mais de oitenta vezes no Rio Grande do Norte. 
 
2.1 O EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR 
 
 Da Cunha et al. (2018), de forma resumida e prática, define empreendedorismo como 
qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou a expansão de um empreendimento 
existente, seja por iniciativa de um indivíduo, grupo de pessoas ou por empresa já estabelecida, 
e aprofundando-se. Complementa ao afirmar que ele é um impulsionador essencial da 
sociedade, um formidável motor do crescimento econômico, pois promove a inovação 
necessária não apenas para explorar novas oportunidades, mas também para incentivar a 
produtividade e criação de empregos, sendo instrumento para encarar os mais difíceis desafios 
da sociedade (BOSMA et al., 2020). 
Academicamente, o empreendedorismo foi identificado pelos economistas, em um 
primeiro momento, como um elemento útil para o desenvolvimento, depois, os 
comportamentalistas tentaram entender o empreendedor como pessoa (FILION, 1999). Para o 
autor, o campo do empreendedorismo pode ser definido como aquele que centraliza o estudo 
nos empreendedores, examinando suas atividades, características, efeitos sociais e econômicos 
27e os métodos de suporte facilitadores da atividade empreendedora. E é para essa perspectiva 
que o olhar dessa pesquisa se volta. 
 Para Gartner (1988), não há como ser simplista ao estudar o empreendedorismo, que é 
um processo complicado: “ele requer ação” (MCMULLEN; SHEPHERD, 2006, p.132). 
Gartner (1988) afirma que a questão fundamental não reside em entender quem é o 
empreendedor, mas sim o que ele faz, como ele age (grifo nosso), numa perspectiva que 
investigue os aspectos comportamentais ligados à atitude de empreender. 
 A abordagem comportamental, como perspectiva teórica sobre o tema, vê a criação de 
uma organização como um evento contextual, resultado de muitas influências, e o 
empreendedor faz parte do complexo processo de criação de novos empreendimentos (FISHER, 
2012; GARTNER, 1988; SARASVATHY, 2001). 
Shane e Venkataraman (2000) definiram o campo do empreendedorismo como sendo a 
investigação acadêmica de como, por quem, e com que efeitos as oportunidades de criar bens e 
serviços futuros são descobertas, avaliadas e exploradas, ou seja, o campo envolve o estudo de 
fontes de oportunidades; os processos de descoberta, avaliação e exploração de oportunidades; 
e o conjunto de indivíduos que os descobrem, avaliam e exploram (grifo nosso). Gartner 
(1989, p. 64) afirmou: “não há como separar a dança do dançarino”, ou seja, não há como 
separar o empreendedorismo do empreendedor, e assim o comportamento do empreendedor, 
suas decisões, o ambiente em que se encontram, tornam-se inerentes ao estudo do 
empreendedorismo, assim como retomam Shane e Venkataraman (2000, p. 218): “é improvável 
que o empreendedorismo possa ser explicado apenas por referência a uma característica de 
certas pessoas, independentemente das situações em que se encontram”. 
Sarasvathy (2008) também enfatiza o empreendedor. Em uma seção de seu livro The 
empirical journey, chamada “Desempenho do Empreendedor, não apenas da Empresa” (p. 14), 
a autora conclui com resultado de sua pesquisa: 
 
“Os estudos atuais de empreendedorismo tendem a se concentrar no 
desempenho do empreendimento. [...] A visão da experiência 
empresarial (entrepreneurial expertise), no entanto, transforma o 
destaque no desempenho do empreendedor” (SARASVATHY, 2008, 
p. 14). 
 
 Welter, Mauer e Wuebker (2016), em seu artigo sobre modelos comportamentais e 
conceitos teóricos como Effectuation, ao considerarem também o ambiente, adicionam mais 
uma fator sobre a ação de empreender: que ela pode ser vista como uma ação sob incerteza, 
ela abraça a incerteza como sua característica distintiva. Ou seja, a decisão de se tornar (e se 
28 
 
manter) empreendedor é sempre permeada por um ambiente de incerteza, que pode ser pela 
insegurança de comprometer bens e tempo, pelo ambiente político, social e econômico, pela 
falta de recursos, ou simplesmente pelo medo de perder, de errar, de decidir. 
 E como decidir e empreender em meio à incerteza? A crise advinda com a chegada do 
novo coronavírus, adicionada à crise econômica, política e social já existente no Brasil, 
definitivamente colocaram o empreendedorismo em evidência como uma das saídas 
estratégicas a vários acontecimentos: queda de faturamento, aumento de endividamento, da 
inadimplência, falências, demissões, maior flexibilização das relações de trabalho, mudanças 
na forma de trabalhar, gerir, aprender e ensinar, também nas dinâmicas familiares, alterando a 
disponibilidade e a necessidade de recursos diversos. 
Para tal, consideramos que é axiomático o fato de as empresas enfrentarem ambientes 
marcados por instabilidade e alto nível de dinamismo (WRIGHT et al., 2005). E segundo 
Laskovaia et al. (2019), embora já considerando tais condições, as empresas que operam em 
economias em crise enfrentam uma situação ainda mais desafiadora, pois precisam navegar em 
um ambiente extremamente desfavorável, com seu modus operandi estabelecido sendo 
questionado. E complementou: “as crises no ambiente externo têm uma influência substancial 
em todos os tipos de negócios, mas as pequenas e médias empresas tendem a ser especialmente 
vulneráveis a essas condições” (LASKOVAIA et al., 2019, p. 456). 
 
2.2 LÓGICAS CAUSATION E EFFECTUATION 
 
Envolver técnicas de controle não preditivo configura uma das saídas para enfrentar a 
incerteza, segundo Sarasvathy (2001). Esse conceito foi concebido em um estudo de 
empresários especialistas que descobriram que evitavam o uso da previsão ao lidar com as 
incertezas envolvidas na construção de novos empreendimentos. E aí nasceu a teoria 
Effectuation, abordagem alternativa ao modo Causation de tomada de decisão, este baseado em 
uma racionalidade procedimental, que permite a um empreendedor identificar e analisar todas 
as soluções potenciais e selecionar a mais adequada. 
No seu livro, Sarasvathy (2008) explica que os princípios da experiência do 
empreendedor encontrados (no seu estudo empírico em 1998) invertem os principais critérios 
de tomada de decisão das teorias e das práticas convencionais de gestão, antecipando a mudança 
de paradigma (do Causation para o Effectuation) no processo decisório no empreendedorismo. 
Abaixo, os princípios identificados pela autora que antecedem a dualidade (didática) entre os 
dois modos de agir, e que inclusive constam na tese (e artigo) de Pereira (2017), uma das 
29 
 
referências desta pesquisa, e na revisão sistemática de Grégoire e Cherchem (ver tabela 2 em 
GRÉGOIRE; CHERCHEM, 2020). 
 
1. Bird-in-hand principle ou “pássaro na mão” (tradução livre): é o princípio da ação 
orientada por meios (em oposição à ação dirigida por objetivos). A ênfase está na 
criação de algo novo com os recursos existentes. 
2. Affordable-loss ou “perdas aceitáveis” (tradução livre): é o princípio que prescreve o 
comprometimento prévio com o que se aceita perder, em vez de investir em cálculos 
sobre os retornos esperados para o negócio. 
3. Crazy-quilt ou “colcha de retalhos” (tradução livre): é o princípio que envolve a 
negociação com todas e quaisquer partes interessadas que estão dispostas a assumir 
compromissos reais com o projeto, sem se preocupar sobre custos de oportunidade ou 
realização de elaboradas análises competitivas. 
4. Lemonade ou “limonada” (tradução livre): é o princípio que sugere o reconhecimento e 
a apropriação da contingência, aproveitando surpresas em vez de tentar evitá-las, para 
superá-las ou adaptar-se a elas. 
5. Pilot-in-the-plane ou “piloto no avião” (tradução livre): é o princípio que insiste em 
confiar e trabalhar com a agência humana como o principal impulsionador de 
oportunidade, em vez de limitar os esforços empresariais à exploração de fatores 
exógenos, como trajetórias tecnológicas e tendências socioeconômicas. 
 
A autora então conclui: 
 
Cada um dos cinco princípios acima incorpora técnicas de controle não 
preditivas, ou seja, para controlar as situações de incertezas é preciso 
reduzir o uso de estratégias preditivas, e juntos, apontam para uma 
lógica de ação chamada Effectuation” (SARASVATHY, 2008, p. 16). 
 
 Desde sua tese em 1998, Sarasvathy (2001) entende que os processos de Effectuation 
são consistentes com estratégias não preditivas, o que é corroborado em WILTBANK et al. 
(2006), e que em condições de incerteza, não há uma maneira viável de calcular o retorno 
esperado para um determinado curso de ação. Assim, em vez de analisar alternativas e 
selecionar aquela com o maior retorno esperado, o empreendedor considera o seu limite perdas 
possíveis. Há um foco na flexibilidade, utilização da experimentação, uma combinação de 
‘aprender fazendo’ e ‘tentativa e erro’, buscando exercer controle sobre o futuro fazendo 
alianças e estabelecendo pré-contratos com fornecedores, concorrentes e clientes em potencial. 
30 
 
 Sarasvathy (2001), ao resumir a literatura sobre tomada de decisão, concluiu que uma 
decisão envolve: (1) um determinado objetivo a ser alcançadoou uma decisão a ser tomada, 
geralmente específica e bem estruturada, (2) um conjunto de meios ou causas alternativas, (3) 
restrições, muitas vezes impostas pelo ambiente, e (4) critérios para selecionar entre os meios, 
quase que sempre almejando a maximização do retorno esperado em termos de um objetivo 
pré-estabelecido. Em suma, essa estrutura pressupõe um processo de decisão envolvendo 
causalidade, seria o modo Causation de decidir (SARASVATHY, 2001). 
No entanto, sendo o cerne da sua teoria, uma decisão envolvendo Effectuation, consiste 
em: (1) um determinado conjunto de meios (que geralmente consiste em características / 
circunstâncias relativamente inalteráveis do tomador de decisão); (2) um conjunto de efeitos ou 
possíveis aspirações, (3) restrições (também vistas como oportunidades para) possíveis efeitos 
e; (4) critérios para selecionar entre os efeitos, geralmente um nível predeterminado de perda 
acessível ou risco aceitável relacionado aos meios fornecidos (SARASVATHY, 2001). 
Abaixo, uma apresentação dos principais pressupostos, segundo Sarasvathy (2001, 
2003, et al., 2008) do modo Causation e do Effectuation, a serem detalhados em seguida. 
 
Figura 1 - Principais princípios Causation x Effectuation 
 
Fonte: Elaborado pela autora (2021), segundo Sarasvathy (2001) 
1. Perdas aceitáveis, e não retornos esperados: Os modelos mais tradicionais focam na 
maximização dos retornos por meio da seleção de estratégicas ótimas. Agindo de modo 
Effectuation, experimenta-se tantas estratégias sejam possíveis considerando a limitação 
de recursos. 
 
“Como não se pode evitar surpresas negativas na busca de surpresas 
positivas, uma das chaves para uma ação Effectuation consiste no 
gerenciamento de falhas. O empreendedor do tipo Effectuation busca 
projetar falhas inteligentes que podem ser contidas localmente e 
contribuir para o seu aprendizado, e continuamente impulsiona uma 
Causation
retornos esperados
análises competitivas
conhecimento pré-existente
previsão de um futuro
Effectuation
perdas aceitáveis
alianças estratégicas 
exploração de contingências
cocriação de um futuro
31 
 
série de pequenos sucessos que podem ser acumulados ao longo do 
tempo (SARASVATHY et al., 2008, p. 340, tradução livre). 
 
2. Alianças estratégicas, e não análises competitivas: Modelos de causalidade, como o 
modelo Porter em estratégia, enfatizam análises competitivas detalhadas. Os de 
Effectuation enfatizam as parcerias por meio de pré-compromissos das partes 
interessadas como forma de reduzir a incerteza e erguer barreiras de entrada. 
 
“Eles também tendem a ignorar a busca por ameaças competitivas pré-
existentes, porque eles próprios não sabem quais mercados ou espaços 
de eventos eles vão acabar construindo” (SARASVATHY et al., 2008, 
p. 340, tradução livre). 
 
3. Aproveitando as contingências em vez de evitá-las e de utilizar conhecimento pré-
existente: Quando conhecimento pré-existente, como a expertise em uma nova 
tecnologia específica, constitui a fonte de vantagem competitiva, os modelos de 
Causation podem ser preferíveis. Os de Effectuation, no entanto, são melhores no 
aproveitamento de contingências que surgem inesperadamente com o tempo, 
tipicamente em ambientes de alta incerteza. 
 
“Os processos de Effectuation são excelentes na exploração de 
contingências. [...] Isso é especialmente verdadeiro quando se lida com 
as incertezas de fenômenos futuros. (SARASVATHY, 2001, p. 250, 
tradução livre). 
 
4. Controlar um futuro previsível e não prever um futuro incerto: Os modelos Causation 
são baseados em uma lógica preditiva: na medida em que podemos prever o futuro, 
podemos controlá-lo. Os de Effectuation sugerem uma lógica bastante diferente para o 
processo de escolha: na medida em que podemos controlar o futuro, não precisamos 
prevê-lo, sendo imprescindível analisar os recursos básicos disponíveis no início da 
empresa (“quem eu sou”, “o quê eu sei” e “quem eu conheço”). 
 
“Como controlar um futuro imprevisível? A resposta a essa pergunta 
aparentemente paradoxal está na compreensão de que grande parte do 
futuro é, na verdade, produto da tomada de decisão humana. Ao trazer 
a bordo os principais interessados que podem “entregar” o futuro, o 
empreendedor não precisa perder tempo, recursos ou esforços com 
previsões” (SARASVATHY, 2003, p. 208-209, tradução livre). 
 
 Notoriamente, Effectuation representa uma mudança paradigmática na forma como 
entendemos o empreendedorismo (PERRY et al., 2012), mas a própria Sarasvathy (2001), que 
32 
 
deliberadamente justapôs Causation e Effectuation como uma dicotomia para permitir uma 
exposição teórica mais clara, afirma ser necessário enfatizar que os processos de Effectuation 
não são postulados como “melhores” ou “mais eficientes” do que os processos de Causation na 
criação de empresas, mercados e economias. 
Tanto Causation quanto Effectuation são partes integrantes do raciocínio humano que 
podem ocorrer simultaneamente, sobrepondo-se e se entrelaçando em diferentes contextos de 
decisões e ações (FISHER, 2012; FLETCHER; HARRIS, 2002; ILONEN; HEINONEN; 
STENHOLM, 2018; RAUCH; HULSINK, 2015; SARASVATHY, 2001). 
E sendo a teoria Effectuation originalmente proposta para explicar como os 
empreendedores agem e tomam decisões, Reuber, Fisher e Coviello (2016) aponta que há um 
desconhecimento sobre a ação da Effectuation em diferentes contextos, como em uma 
intervenção educacional eficaz. Aproximando o tema de um contexto próximo, o SEBRAE, 
como exposto anteriormente, posiciona-se como um dos principais instrumentos de educação 
empreendedora no Brasil, atuando como tal há mais de 40 anos. 
 
2.3 EMPRETEC: METODOLOGIA DE EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA 
 
 De Andrade, Antenor e Tahim (2018, p. 1) afirmam: “É consenso que a criação de novas 
empresas é fator indispensável para a geração de estratégias de recuperação e crescimento 
econômico e competitividade”. E mais, embora não exista um consenso absoluto sobre o 
conceito do empreendedorismo como visto no item anterior, é observada a ideia de que aqueles 
que empreendem exercem uma função social ao identificarem oportunidades e ao convertê-las 
em valores econômicos (TASIC, 2017). 
 Com o intuito de apresentar dados antes, durante e depois de 2020, ano crucial da crise 
advinda pela pandemia da Covid 19, seguem números apresentados pelo GEM de 2019 a 2021. 
Segundo o relatório GEM 2019/2020 (GEM, 2020a), em duas décadas de realização de 
pesquisa no Brasil, os dados de 2019 mostram que este foi um ano de resultados extremamente 
positivos para o universo do empreendedorismo: sendo o maior deles que o Brasil atingiu a sua 
2ª maior Taxa de Empreendedorismo Total. Isso significa dizer que 38,7% da população adulta 
estava envolvida de alguma forma com a atividade empreeendedora. Verificamos também 
maior Taxa de Empreendedorismo Inicial (TEA, do inglês, Total Early - Stage Entrepreneurial 
Activity) desde o início da série histórica, em 1999. 
 A considerar 2020 na análise (GEM 2021a), a taxa de brasileiros afirmando pretendiam 
iniciar um negócio nos próximos três anos aumentou notavelmente, de 30% em 2019 para 53% 
33 
 
naquele ano. Este foi o maior aumento proporcional entre todas as economias participantes do 
GEM. 
Mesmo com a pandemia da Covid-19, o relatório GEM 2020/2021 apontou que a TEA 
permaneceu estável, aumentando ligeiramente de 23,3% em 2019 para 23,4% em 2020, o que 
demonstra alta confiança entre este conjunto de empreendedores brasileiros em estágio inicial. 
E mais, 58% afirmaram ver novas oportunidades como resultado da pandemia. Esta é uma taxa 
bastante alta entre as economias GEM, sugerindo alguma adaptabilidade e otimismo, o qual é 
reforçado pelos planos de contratação de brasileiros: a taxa de adultos brasileiros planejando 
contratar seis ou mais funcionários para seus negócios nos próximos cinco anos foi de 8%, um 
aumento acentuadopara apenas 2% em 2019. Ainda conforme o GEM (2021a), isso é 
frequentemente usado como proxy para a confiança empresarial, dos quais parece ser bastante 
entre os brasileiros em estágio inicial empresários, um sinal promissor para a economia 
recuperação. 
Por fim, o report GEM 2021/2022 (GEM, 2021b), que recebeu o subtítulo de 
Oportunidade em meio à disrupção (Opportunity Amid Disruption), apontou que em 2021, sua 
taxa de TEA foi de 21%, abaixo de 2020 (23,4%), mas ainda mais alto entre todos os 
participantes do GEM economias com mais de 50 milhões de habitantes, ou seja, com mais de 
200 milhões de pessoas no Brasil, essas taxas significam que um número substancial de pessoas 
está participando em atividade empresarial, tanto em fase inicial como estabelecida, todos os 
anos. E mais, 53,6% dos entrevistados afirmam que eles vejam novas oportunidades como 
resultado da pandemia. 
 No RN, mais de 20 mil novos negócios (MEI) foram criados em plena pandemia (ASN, 
2021). Os potiguares responderam ao cenário global de retração e temor empreendendo, 
segundo os dados da Receita Federal, o que representa uma superação em mais de 17% em 
relação a 2019. 
Ao se deparar com o elo entre empreendedorismo, função social e econômica, é 
aplicável também o relacionar com o fomento ao empreendedorismo, inclusive por meio da 
educação empreendedora, mais especificamente a metodologia Empretec. 
Segundo De Andrade, Antenor e Tahim (2018), as firmas são de fundamental 
importância para garantir o progresso social e econômico de seu entorno, gerando emprego e 
renda para a comunidade e competitividade para o país, ou seja, os empresários, como agentes 
empreendedores, desempenham papel importantíssimo no desenvolvimento econômico. Os 
autores também concluem que a criação de programas de empreendedorismo pode estimular as 
pessoas a encarar o empreendedorismo como opção válida e, por isso, a educação para o 
34 
 
empreendedorismo já vem sendo prioridade na política de muitos países industrialmente 
desenvolvidos e em desenvolvimento 
 Diversos autores definem a educação para o empreendedorismo como um processo que 
estimula indivíduos, de forma dinâmica e socializada, a identificar oportunidades para 
transformar suas ideias inovadoras em um conjunto de atividades práticas, lógicas e assinaladas, 
cujo objetivo principal é o desenvolvimento pessoal desse indivíduo e o conhecimento formal 
(DE ANDRADE; ANTENOR; TAHIM, 2018). E mais, os autores expõem que, com base em 
sua pesquisa, a intenção de abrir seu próprio negócio cresce junto com a percepção da influência 
do ambiente institucional em sua formação. O que é convergente com o resultado dos estudos 
de Rauch e Hulsink (2015): 
 
A crescente atenção à educação para o empreendedorismo causou um 
debate sobre se a educação para o empreendedorismo pode afetar o 
comportamento empreendedor. Usamos um quase experimento [..] para 
testar a eficácia da educação para o empreendedorismo, apoiando-se na 
Teoria do Comportamento Planejado. Os resultados sugerem que a 
educação para o empreendedorismo é eficaz (RAUCH; HULSINL, 
2015, p. 188). 
 
 Com um trabalho quantitativo no ano de 2008, considerando uma amostra de 30 países 
e 36.525 indivíduos, Urbano e Alvarez (2014) encontraram uma relação positiva, indicando 
uma influência favorável das dimensões reguladora (menos procedimentos para iniciar um 
negócio), normativa (maior atenção da mídia para novos negócios) e cultural-cognitiva 
(melhores habilidades empreendedoras, menos medo do fracasso e maior conhecimento) na 
probabilidade de ser empreendedor. 
 Para o SEBRAE (2020e), a Educação Empreendedora existe para despertar o 
empreendedorismo nas pessoas, tanto por meio do desenvolvimento de competências duráveis 
como da possibilidade de inserção sustentada no mundo do trabalho, ou seja, vai além da 
abertura de uma empresa, pois trata do investimento em uma cultura empreendedora e 
transformadora, pessoal e socialmente. 
Sua proposta, como instituição de fomento ao empreendedorismo e por meio da 
metodologia Empretec, é que o participante aprenda mais do que técnicas de empreender, que 
ele descubra seu perfil empreendedor, suas habilidades, desenvolva suas capacidades. Seu 
público alvo são pessoas que queiram iniciar ou expandir um negócio, ou inovar em mercados 
competitivos, através da potencialização de suas características e comportamentos 
empreendedores (SEBRAE, 2020c). 
35 
 
 Empretec é um programa desenvolvido e patrocinado pela Conferência das Nações 
Unidas de Comércio e Desenvolvimento (Unctad), para a promoção do empreendedorismo e 
das micro, pequenas, e médias empresas (MPMEs) nos países em desenvolvimento, para se 
tornarem mais sustentáveis e adotarem o crescimento inclusivo. É atualmente promovido em 
cerca de 40 países em desenvolvimento nos 5 continentes: são mais de 12 mil seminários 
realizados, mais de 500.000 participantes no mundo (UNCTAD, 2022), e 60% dos Empretecos 
do mundo são do Brasil (SEBRAE, 2020d). 
O seminário Empretec tem demonstrado continuamente alto impacto positivo afetando 
a eficiência, sustentabilidade e geração de receita dos negócios dos participantes, resultando no 
aumento das taxas de sobre vivência e crescimento, e na criação de novos empregos. No Brasil, 
já são mais de 28 anos de história do Empretec pelo SEBRAE (1993 – 2022). 
Segundo o SEBRAE (2020d), há um alto nível de satisfação dos ex-participantes 
considerando os seguintes índices: 89% recomendam o seminário e mais de 80% abriram um 
negócio após a formação. Además, conforme o SEBRAE (2020d), a maior parte das empresas, 
após participação no Empretec, além de um aumento no faturamento mensal, registrou outras 
conquistas, como: melhoria no desempenho empresarial; mais segurança na tomada de 
decisões; ampliação da visão de oportunidades; aumento das chances de sucesso empresarial e, 
por consequência, redução significativa das possibilidades de fracasso. 
 O seminário Empretec possui carga horária de 60 horas, distribuídas em seis dias de 
duração (dez horas técnicas por dia de trabalho). Nessa imersão, o Empreteco é desafiado em 
atividades práticas, cientificamente fundamentadas, que apontam como um empreendedor de 
sucesso age, tendo como base 10 características comportamentais (SEBRAE, 2020d) e 30 
comportamentos empreendedors, conforme quadro abaixo: 
 
Quadro 2 – Característica e Comportamento Empreendedor 
CONJUNTO CARACTERÍSTICA DO 
COMPORTAMENTO 
EMPREENDEDOR 
COMPORTAMENTO 
EMPREENDEDOR 
Planejamento Estabelecimentos de metas Estabelece metas e objetivos que 
são desafiantes e que têm 
significado pessoal 
Tem visão de longo prazo, claro e 
específica 
Estabelece objetivos de curto 
prazo, mensuráveis 
36 
 
Planejamento e Monitoramento 
sistemático 
Divide tarefas de grande porte em 
subtarefas com prazoz definidos 
Constatemente revisar seus planos 
levando em conta os resultados 
obtidos e mudanças 
circunstanciais 
Mantém registros financeiros e 
utiliza-os para tomas decisões 
Busca de informações Dedica-se pessoalmente a obter 
informações de clientes, 
fornecedores ou concorrentes 
Investiga pessoalmente como 
fabricar um produto ou fornecer 
um serviço 
Consulta especialistas para obter 
assistência técnica ou comercial 
Realização Busca de Oportunidades e 
Iniciativa 
Faz as coisas antes de solicitado 
ou antes de forçado pelas 
circunstâncias 
Age para expandir o negócio a 
novas áreas, produtos ou serviços 
Aproveita oportunidades fora do 
comum para começar um negócio, 
obter financiamento, 
equipamentos, local de trabalho ou 
assistência 
Correr riscos calculados Avalia alternativas e calcula os 
riscos deliberadamente 
Age para reduzir riscos e controlar 
resultados 
Coloca-se em situações que 
implicam desafios ou riscos 
moderados 
Exigência de Qualidade e 
Eficiência 
Encontra maneiras de fazer as 
coisas melhor, mais rápidoou 
mais barato 
Age de maneira a fazer coisas que 
satisfaçam ou excedam padrões de 
excelência 
37 
 
Desenvolve ou utiliza 
procedimentos para assegurar que 
o trabalho seja terminado a tempo 
ou que atenda a padrões de 
qualidade previamente 
combinados 
Persistência Age diante de um obstáculo 
significativo 
Age repetidamente ou muda de 
estratégia a fim de enfrentar um 
desafio ou superar um obstáculo 
Faz um sacrifício pessoal ou 
despende um esforço 
extraordinário para completar uma 
tarefa 
Comprometimento Assume responsabilidade pessoal 
por solucionar problemas que 
possam prejudicar a conclusão de 
um trabalho nas condições 
estipuladas 
Colabora com seus empregados ou 
coloca-se no lugar deles, se 
necessário, para terminar uma 
tarefa 
Esforça-se em manter os clientes 
satisfeitos e coloca a boa vontade 
a longo prazo acima do lucro de 
curto prazo 
Poder Persuasão e rede de contatos Utiliza estratégias deliberadas para 
influenciar ou persuadir os outros 
Utiliza pessoas-chave como 
agentes para atingir seus próprios 
objetivos 
Age para desenvolver e manter 
relações comerciais 
Independência e Autoconfiança Busca autonomia em relação a 
normas e controles de outros 
Mantém seu ponto de vista mesmo 
diante da oposição ou de 
38 
 
resultados inicialmente 
desanimadores 
Expressa confiança na sua própria 
capacidade de completar uma 
tarefa difícil ou de enfrentar um 
desafio 
Fonte: Manual do Empretec 2010 (TORRES, 2018). 
 
E de forma experimental, ao considerar que para muitas organizações de educação e 
treinamento em todo o mundo, a pandemia do COVID-19 foi um ponto de articulação extremo 
para o ambiente de ensino online, para o programa Empretec da UNCTAD não foi diferente e, 
por isso, lidou com como reformular seu treinamento exclusivo durante a pandemia (UNCTAD, 
2022). 
Foi testado, então, um produto inovador que parece prático ao ser entregue digitalmente, 
segundo a Unctad (2022): foi lançado em dezembro de 2021 no Brasil, quando o SEBRAE 
realizou a primeira oficina híbrida utilizando ferramentas online, como várias ferramentas e 
jogos online inovadores como parte do ambiente interativo. Segundo a Unctad, o workshop 
Empretec abraça a teoria de que a mudança comportamental pode ajudar os empreendedores, e 
além do já consolidado formato Empretec, com notável representativade no Brasil, os resultados 
positivos do novo produto significam que a UNCTAD está avançando com o desenvolvimento 
de um workshop de treinamento inclusive totalmente online (UNCTAD, 2022). 
Com base na fundamentação teórica exposta, nas informações disponíveis sobre o 
Empretec, na importância das agências de fomento ao empreendedorismo, representada pelos 
SEBRAE como agente na educação empreendedora, buscamos analisar como as trajetórias dos 
ex-Empretecos após o curso estão sendo conduzidas à luz das abordagens Causation e 
Effectuation, por meio de uma pesquisa empírica, considerando estudos semelhantes e 
relevantes sobre o tema. 
 
39 
 
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
 Foi realizada uma pesquisa empírica para responder aos objetivos propostos nessa 
dissertação. Neste capítulo, serão apresentados os procedimentos metodológicos, abordando as 
subseções de caracterização do estudo, seleção dos sujeitos da pesquisa e caracterização da 
amostra (estes descritos como protocolo no apêndice C) e por fim, o método de pesquisa, 
englobando coleta, análise, interpretação de dados e discussão de resultados. 
 
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA 
 
 Pesquisa, segundo Gil (1999), é o processo formal e sistemático de desenvolvimento do 
método científico, ou seja, do “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para 
se atingir o conhecimento” (p. 27), e seu objetivo fundamental é descobrir respostas para 
problemas levantados mediante a utilização de procedimentos científicos. 
 Esta pesquisa é inicialmente caracterizada por sua concepção filosófica (CRESWELL, 
2010) como positivista (ou pós-positivista), especialmente por ser determinista, sugerindo o 
exame de relações entre variáveis, e reducionista, ao buscar reduzir a teoria estuada a um 
conjunto pequeno e distinto a ser testado, como o de variáveis que compreendem hipóteses e as 
questões de pesquisa para a testagem da teoria (CRESWELL, 2010). Ademais, “o 
conhecimento que se desenvolve por meio de um enfoque positivista é baseado em uma 
observação e mensuração atenta da realidade objetiva que está no mundo lá fora”. 
(CRESWELL, 2010, p. 30). 
Definimos também que seu objetivo pode ser classificado como descritivo (GIL, 1999; 
VERGARA, 2000) ou explicativo, segundo o conceito de Castro (1976). Para Gil (1999) e 
Vergara (2000), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a descrição das 
características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre variáveis. 
Castro (1976), por sua vez, compreende de outra forma: 
 
“Quando se diz que uma pesquisa é descritiva, se está querendo dizer 
que se limita a uma descrição pura e simples de cada uma das variáveis, 
isoladamente, sem que sua associação ou interação com as demais 
sejam examinadas” (CASTRO, 1976, p. 66). 
 
Para ele, este estudo tem a finalidade explicativa, pois aborda dados de perfil de 
indivíduos (descreve), mas também reduz a teoria de Causation e Effectuation a um conjunto 
40 
 
pequeno de variáveis, representando suas dimensões, e o utiliza como meio de mensuração e 
análise da realidade decisória de indivíduos sobre seus empreendimentos (explica). 
Uma vez definido o que é pesquisa e enquadrando-a como pós-positivista com o 
objetivo descritivo e/ou explicativo, caracterizamos também quanto à estratégia de investigação 
(CRESWELL, 2010). 
 O tema Causation x Effectuation é considerado emergente, ou seja, recente e em pleno 
desenvolvimento, sem teoria consensualmente fundamentada. Como estratégia para testá-la, a 
investigação se deu por pesquisa quantitativa por meio de levantamento de dados, 
proporcionando “uma descrição numérica de tendências, de atitudes ou de opiniões de uma 
população, estudando uma amostra dessa população” (CRESWELL, 2010, p. 36). 
 Abaixo, quadro com o resumo esquematizado da caracterização relatada: 
 
Quadro 3 - Caracterização da pesquisa 
CARACTERIZAÇÃO PESQUISA OPERACIONALIZAÇÃO 
CONCEPÇÃO FILOSÓFICA Pós-positivista 
(CRESWELL, 2010) 
Testar dimensões de uma teoria por 
meio de variáveis/dados de uma 
amostra 
OBJETIVO Descritiva (GIL, 1999; 
VERGARA, 2000); 
Explicativa (CASTRO, 
1976) 
Descrever perfil de indivíduos e 
desvendar a relação entre as dimensões 
de uma teoria. 
ESTRATÉGIA Quantitativa por 
levantamento (CRESWELL, 
2010) 
Perguntas de perfil e questões sobre o 
constructo de um instrumento já 
validado internacional e 
nacionalmente. 
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 
 
3.2 SELEÇÃO DOS SUJEITOS DE PESQUISA E CARACTERIZAÇÃO DA 
AMOSTRA 
 
Sujeitos da pesquisa são as pessoas que fornecem os dados para responder ao problema 
a ser investigado (VERGARA, 2000). Nesta pesquisa, os sujeitos foram oriundos da própria 
população intencionalmente escolhida, ou seja, as respostas não foram fornecidas por terceiros, 
assim, fazendo um paralelo com a definição dada por Marconi e Lakatos (2003, p. 223): “A 
delimitação do universo (ou população) consiste em explicitar que pessoas ou coisas, 
fenômenos etc. serão pesquisados”, ou seja: ex-participantes do Empretec no Rio Grande do 
41 
 
Norte nos anos de 2010 a setembro de 2021, que já empreenderam pelo menos uma vez em sua 
vida profissional, visto que a teoria trata de decisões práticas nos negócios. 
 Sobre a amostra, Gil (1999), em seu capítulo específico sobre “Amostragem na pesquisa 
social”, apresenta o fato de que pesquisas sociais abrangem um universo de elementos tão 
grande que inviabiliza a sua abrangência total, e então a seleção de uma amostra desses 
elementossurge como alternativa representativa da população que se pretende estudar. 
Para análises estatísticas (detalhes no quadro 3), o ideal é a aleatória, em que cada 
indivíduo na população tenha a mesma probabilidade de ser selecionado (CRESWELL, 2010; 
VERGARA, 2000), mas como a escolha do sujeito desta pesquisa se limita grupo específico de 
indivíduos e não foi possível colher amostras aleatórias, por motivos a serem expostos a seguir, 
justificou-se então a amostragem desta pesquisa como não probabilística ou por conveniência. 
Adicionalmente, tem-se mais duas características aplicadas à amostra: 
• Por acessibilidade (VERGARA, 2000): como a pesquisadora tem acesso à gestora do 
seminário no SEBRAE/RN e a ex-participantes; e 
• Por tipicidade (YIN, 2016): pois seu objetivo foi selecionar as unidades de estudo 
específicas e dispor daquelas que gerem os dados mais relevantes e fartos, considerando 
seu tema de estudo (YIN, 2016). 
 
Quadro 4 - Caracterização da amostra 
SELEÇÃO 
DOS 
SUJEITOS 
PESQUISA OPERACIONALIZAÇÃO 
 
 
 
AMOSTRA 
Não probabilística ou por conveniência (CRESWELL, 
2010) 
De acordo com a população-alvo do 
estudo: ex-Empretecos SEBRAE/RN 
Por acessibilidade (VERGARA, 2000). Facilidade de acesso. 
Por tipicidade (YIN, 2016) Características específicas (período de 
realização do seminário e experiência 
empreendedora). 
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 
 
3.3 MÉTODO DE PESQUISA 
 
O método de pesquisa envolve as formas de coleta, análise e interpretação de dados 
propostas pelo pesquisador (CRESWELL, 2010). A coleta foi de dados quantitativos, os 
utilizados geralmente em pesquisas pós-positivistas (CRESWELL, 2010). As variáveis (do 
constructo teórico) e características (de perfil) dos indivíduos respondentes variam entre eles e 
42 
 
podem ser medidas, e então, foram relacionadas à resposta a uma questão de pesquisa sobre a 
qual o pesquisador esperava que os resultados mostrassem (CRESWELL, 2010). Por fim, além 
da análise descritiva das informações de perfil obtidas (item 3.5.1), conceitos estatísticos foram 
utilizados na análise e interpretação dos dados (itens 3.5.2 e 3.5.3), sendo eles caracterizados 
como de técnica multivariada de dado, por ter como “objetivos primários expandir a habilidade 
explanatório do pesquisador e a eficiência estatística” (HAIR et al., 2011, p. 465): 
• Análise Fatorial Exploratória (AFE): é um método estatístico multivariado que aborda 
o problema de analisar as estruturas das correlações entre um grande número de 
variáveis (respostas dos questionários), definindo um conjunto de dimensões latentes 
comuns, os fatores (HAIR et al., 2011; LATTIN; CARROLL; GREEN, 2011), sendo 
nesta pesquisa os da teoria Causation x Effectuation. 
• Regressão Linear Múltipla (RLM): “é uma técnica que pode ser usada para analisar a 
relação entre variável dependente (critério) e variáveis independentes (preditoras)” 
(HAIR et al., 2011, p.136), com o intenção de inferir causalidade (WOOLDRIDGE, 
2005), prevendo as mudanças na dependente como resposta às mudanças nas 
independentes (HAIR et al., 2011). Neste estudo, a dependente de cada modelo (foram 
gerados mais de um) são as latentes oriundas na AFE (dos constructos Causation e 
Effectuation) e as independentes são as de perfil, desde que significantes. 
 Importante ressaltar que as pesquisas sobre Effectuation e Causation têm englobado 
majoritariamente pesquisas qualitativas, conforme concluiu Grégorie e Cherchem (2020) em 
sua revisão sistemática da literatura. Dos 16 trabalhos listados sobre a prevalência relativa de 
Causation e Effectuation, o que se assemelha a esta pesquisa, 13 seguiram a estratégia 
qualitativa, enquanto 1 a quantitativa e 2 a de métodos mistos (ver Anexo B). Foi considerado, 
portanto, relevante investir na estratégia quantitativa, a menos utilizada, e conforme as 
recomendações já expostas no subitem 1.1. 
A caracterização do método segue esquematicamente no quadro abaixo. No subitem a 
seguir serão descritos mais detalhes. 
 
Quadro 5 - Método de pesquisa 
MÉTODO PESQUISA OPERACIONALIZAÇÃO 
COLETA (INSTRUMENTO) Questionário fechado 
(CRESWELL, 2010) 
Survey online com identificação anônima 
conduzida na plataforma Google Forms 
de forma autoinstrucional. 
43 
 
COLETA (TÉCNICA) Bola de neve (GOLDMAN, 
1961) 
Rede de indicações a partir de 4 ex-
Empretecos. 
ANÁLISE E INTEPRETAÇÃO Estatística (CRESWELL, 
2010): 
Análises descritiva (síntese e exploração 
dos dados obtidos) e multivariada 
(Análise Fatorial Exploratória e Regressão 
Linear Múltipla). 
Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 
 
3.4 COLETA E DADOS 
 
 Este item compreenderá as informações sobre o instrumento de coleta de dados e como 
ela se deu, além da composição e análise da amostra e os tratamentos dos dados para viabilizar 
sua posterior análise. 
 
3.4.1 Instrumento e coleta de dados 
 
O instrumento de pesquisa foi um questionário (Apêndice D) construído com base em 
um instrumento já validado e testado, internacional e nacionalmente (CAI et al., 2016; 
CHANDLER et al., 2011; FAIA; ROSA, 2014; MELO; SILVA; ALMEIDA, 2019; 
MTHANTI; URBAN, 2014; PARIDA et al., 2016), adicionando itens que agregassem 
respostas à pergunta desta pesquisa. 
Antes da aplicação, foi realizado o teste piloto com 6 respondentes com quem a 
pesquisadora possuía mais amizade, com o intuito de haver mais liberdade, sinceridade e 
intenção de colaboração no momento do feedback. Segundo Creswell (2010), o teste é 
fundamental para estabelecer a validade do conteúdo, melhorar as questões, o formato, escalas. 
Essa é uma questão crítica e relevante para os pesquisadores: “o tipo de perguntas que devem 
ser feitas e como elas devem ser redigidas e sequenciadas” (PERREAULT, 1975, p. 544). 
De maneira geral, com o questionário objetivou-se descrever características e 
determinadas variáveis do grupo selecionado ligadas à problemática estudada (RICHARDSON, 
2012). Detalhando-o quanto ao tipo de pergunta e pelo modo de aplicação, como sugerido por 
Richardson (2012), temos: 
• Quanto ao tipo de perguntas: foi um questionário de perguntas fechadas para se 
obter informações dos perfis dos empreendedores, como idade, sexo, nível de 
escolaridade, e respostas seguindo a escala métrica Likert de 7 pontos quanto 
aos pressupostos investigados nessa pesquisa (Effectuation e Causation). 
44 
 
Algumas perguntas de perfil aceitavam adicionar informações adicionais ao item 
selecionado. As dos constructos seguiram o padrão do instrumento validado 
internacional e nacionalmente. 
• Quanto ao modo de aplicação: devido às restrições e distanciamento social 
presentes durante a fase de coleta de dados, ele foi aplicado somente por meio 
virtual. Foi enviado por Whatsapp o link do formulário (Google Forms) para os 
participantes da pesquisa. 
O questionário aplicado foi dividido em 4 sessões: Perfil – parte 1, Constructo, Perfil – 
parte 2 e Agradecimento. Todas as questões eram obrigatórias e estão descritas nos quadros 4 
e 5. 
Quadro 6 - Questões do constructo teórico e seus respectivos códigos 
Dimensão Cód. Pergunta / Variável 
Causation 
CAU 
Analisei as oportunidades em longo prazo e selecionei aquelas que 
pensei oferecer o melhor retorno? 
CAU2 
Desenvolvi uma estratégia para melhor tirar vantagem dos recursos e 
capacidades disponíveis? 
CAU3 Desenvolvi um plano de negócios? 
CAU4 
Organizei e implementei processos de controle para me certificar sobre 
o cumprimento dos objetivos pré-estabelecidos? 
CAU5 Tive uma visão clara e consistente sobre onde eu gostaria de chegar? 
CAU6 Desenvolvi um plano de produção e de ações de marketing? 
CAU7 
Pesquisei e selecionei os mercados alvo e fiz uma análise competitiva 
significativa? 
Effectuation – 
Experimentação 
EFF_EXP 
Antes de montar meu negócio atual, experimentei produtos e modelos 
de negócio diferentes? 
EFF_EXP2 
Tentei uma série de caminhos

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