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Natal/RN Junho/2022 Revisão de Língua Portuguesa Fabíola Barreto Revisão de ABNT Lilian Nayara Pereira da Silva Revisão Tipográfica Flávia Jácome Gonçalves Capa Daiana Martins de Araújo Diagramação Daiana Martins de Araújo Ana Beatriz Venceslau Coelho Secretária de Educação a Distância Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Secretária Adjunta de Educação a Distância Ione Rodrigues Diniz Morais Coordenadora de Produção de Materiais Didáticos Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Coordenadora de Revisão Kaline Sampaio Coordenador Editorial José Correia Gestão do Fluxo de Revisão Rosilene Alves de Paiva Conselho Editorial Graco Aurélio Câmara de Melo Viana (Presidente) Judithe da Costa Leite Albuquerque (Secretária) Adriana Rosa Carvalho Anna Cecília Queiroz de Medeiros Cândida de Souza Fabrício Germano Alves Francisco Dutra de Macedo Filho Gilberto Corso Grinaura Medeiros de Morais José Flávio Vidal Coutinho Josenildo Soares Bezerra Kamyla Álvares Pinto Leandro Ibiapina Bevilaqua Lucélio Dantas de Aquino Luciene da Silva Santos Marcelo da Silva Amorim Marcelo de Sousa da Silva Márcia Maria de Cruz Castro Marta Maria de Araújo Martin Pablo Cammarota Roberval Edson Pinheiro de Lima Sibele Berenice Castella Pergher Tercia Maria Souza de Moura Marques Tiago de Quadros Maia Carvalho Reitor José Daniel Diniz Melo Vice-Reitor Henio Ferreira de Miranda Diretoria Administrativa da EDUFRN Graco Aurelio Camara de Melo Viana (Diretor) Helton Rubiano de Macedo (Diretor Adjunto) Bruno Francisco Xavier (Secretário) Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br Telefone: 84 3342 2221 Fundada em 1962, a EDUFRN permanece dedicada à sua principal missão: produzir livros com qualidade editorial, a fim de promover o conhecimento gerado na Universidade, além de divulgar expressões culturais do Rio Grande do Norte. Obra financiada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com recursos do Fundo Editorial da UFRN. A avaliação da obra foi feita por avaliadores/consultores ad hoc com base nos critérios de seleção do Edital 01.2015 da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - EDITAL DE APOIO À PUBLICAÇÃO DE LIVROS. Catalogação da publicação na fonte. UFRN/Secretaria de Educação a Distância. Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488. PREFÁCIO O SERTÃO E A ESCOLA: linhas em traços da memória O sertão e seus fascínios; a escola e as conquistas; linhas que tecem os registros da memória. É sobre isto que este livro fala: narrar a história da educação no sertão do Seridó Potiguar a partir das reminiscências de alunos do Curso de Pedagogia. As linhas de tempo construídas por esses narradores contam a história da educação que não está nos livros acadê- micos, mas que se revela nos fatos da história de vida pessoal em diálogo com as diretrizes da política educacional. Pela história de cada pessoa que narra sobre seu percurso escolar, em cada um dos artigos, encontramos não só episódios sobre a história da educação do ponto de vista de vista das políticas educacionais, implantadas a partir da Constituição Federal do Brasil de 1988, como também o depoimento fascinante e emocionante de como as diretrizes oficiais impactaram e se fizeram presentes nas escolas urbanas e rurais da Região do Seridó. O encontro entre o sertão e a escola se torna possível pelos relatos da memória. A História da Educação é descrita pela legislação educa- cional servindo de pano de fundo para o registro dos dados de escolarização e do mundo de vida cotidiano de crianças que percorrem o trajeto entre a casa e a escola nas veredas dos sertões, compondo cenas e cenários das memórias infantis. Cada artigo vai ao encontro do leitor como uma obra de arte cuja tradução inspiradora é sua própria vida desenhada em perfeitas linhas de tempo, as quais são desenhadas como uma “unidade visual” mínima que tende a dar contorno a cada história de vida pessoal. Preenchendo as linhas de tempo, os relatos emocionados, ora fortes e densos, ora discretos e tímidos, proporcionam ao leitor o encontro afetuoso com o percurso de escolarização de cada uma dessas pessoas, pontilhadas de imagens pelas estradas do sertão, pelas chuvas, pelos pais que, incansáveis, acompanham até seus pontos de partida e destino. Em cada texto, somos surpreendidos pelas memórias de meninas e meninos que usaram lombos de animais, bicicletas e as doces brincadeiras de infância para percorrer quilômetros sob o sol caloroso do sertão para chegar à escola. São histórias de conquistas e realizações; histórias da Educação. As cores do sertão estão presentes nesses relatos e nos convidam ao imaginário da vida de cada um dos autores. Surgem cores, formas, cheiros e luzes que nos levam a vislum- brar um mundo de narrativas de prazer e alegria. Se o assunto principal é a narrativa de histórias de esco- larização, ele se mistura ao imenso labirinto da memória num equilíbrio de temas, emoções e vida. Sob a luz da História da Educação, este livro a reconstrói e traz o resgate das memórias sonhadas e conquistadas de cada autor. E mais, é resultado de outras histórias de formação de estudantes, bolsistas e volun- tários, que integram os projetos “Pesquisa, Ensino e Inovação” (Felipe Medeiros Maris, Messias Gomes de Araujo Leal, Luana Cristina da Silva Dantas) e “Ensino e Inovação Tecnológica: práticas e experiências exitosas” (Julliana Araújo da Silva), que contribuíram com a revisão dos textos e sonharam juntos a escrita deste capítulo da História da Educação do sertão do Seridó Potiguar. Agradecemos o apoio e financiamento do Departamento de Educação do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres) e a parceria permanente da Secretaria de Educação a Distância (Sedis), da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) e da Pró-reitoria de Pesquisa (Propesq) da Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) na realização do projeto. Tânia Cristina Meira Garcia Tulia Fernanda Meira Garcia Organizadoras APRESENTAÇÃO À SOMBRA DE UM CONTEMPORÂNEO Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Professora Doutora da Universidade Federal do Rio Grande Norte Escrever a apresentação de um livro requer segurança, inspiração e responsabilidade. O que se pode requerer, além do que foi dito, quando se pretende escrever a apresentação de um livro de trinta e três artigos que dialogam com o Sertão e a Escola? E, ainda, com o Sertão e a Escola potiguares? E como se não bastasse, justa- mente no ano em que se comemora o centenário de nascimento de um dos mais renomados educadores do mundo: Paulo Freire. Tânia Cristina Meira Garcia e Tulia Fernanda Meira Garcia, organizadoras de O sertão e a escola: linhas em traços da memória, sistematizaram uma obra onde trinta e três alunos do curso de Pedagogia – como que sentados à sombra de uma mangueira em seus quintais –, perceberam os desdobramentos de outros espaços diversos e, nisso, cada um deles, como educador do hoje, “[...] aprende por ver melhor o antes visto” (FREIRE, 2012, p. 40)1. 1 FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012. Escrever nessa apresentação sobre cada um dos artigos não agradaria ao leitor porque se faz necessário lê-los sem atravessa- dores. Trajetórias, jornadas, caminhos, histórias, relatos, percursos, evolução, recordações, reflexões, fatos, conhecimentos e desco- nhecimentos, primórdios e atualidades, memórias, mudanças, construção, o eu e o outro, a escola, vivências e aprendizados, marcos importantes, sonhos e realidade seriam os termos exatos para construir a nuvem de palavras que constituem este livro. É inadmissível observar o espaço sem perceber aquele que o habita. E o que dizer do Sertão sem lembrar de seus habi- tantes? São aqueles e aquelas que trazem a resistência como tradição e cultura, aquelese aquelas que, antes [durante e após] de tudo, são como um forte, precedendo até mesmo os olhares de Euclides da Cunha em seu Os Sertões. Percebe-se, ao longo das trinta e três narrativas, o desdo- bramento do humano, do professor e da professora sempre em formação, dos homens e das mulheres sensíveis e inquietos assim como devem ser os educadores: olhando o outro e olhando-se. De repente me veio o pensamento: o que leremos desses trinta e três educadores daqui a cinco, dez ou vinte anos? E qual seriam os sentimentos das organizadoras em lerem esses relatos? Quais seriam as palavras que complementariam aquela nuvem apresentada no terceiro parágrafo? Não tenho as respostas para essas perguntas, apenas elucubrações que não valem a pena escrever; mas tenho a certeza da transmutação deste livro em diários de bordo, planos de viagens e cadernos de memórias – foi o que esses trinta e três pedagogos construíram. O educador contemporâneo – contemporâneo no sentido amplo de Agamben2 – pertence ao seu tempo, seu momento, 2 AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? E outros ensaios. Santa Catarina: Argos, 2019. mas é inatual por não coincidir com esse tempo seu, e por isso é capaz de perceber e aprender o seu tempo, o tempo em que vive. São esses educadores que se reconhecem no seu tempo e no seu espaço, que vivem a contemporaneidade de seus educandos e conseguem transpô-los para um lugar ainda mais distante. A apresentação da obra O sertão e a escola: linhas em traços da memória não cabe em meia dúzia de páginas, não cabe em cinco minutos de leitura: a própria obra se apresenta, se repre- senta e se desdobra. Ainda, à sombra da minha mangueira, reconhecendo-me como parte de um Sertão e de uma Escola, intuo a vida de cada um dos autores e das autoras e a vida de seus educandos como sempre sendo “possibilidades” e jamais aquilo que se diz em oposto. Em um momento em que o mundo chamado Sertão também resiste a um instante pandêmico associado ao negacionismo e à tentativa de desmonte dos bens educacionais, os homens e as mulheres desse mesmo Sertão também resistem. E com eles resiste a ideia de que cada um de nós é “[...] um ser no mundo, com o mundo e com os outros. Um ser que faz coisas, que sabe, que ignora, que teme, que fala, que se aventura, que sonha, que ama, que tem raiva, que se encanta” (FREIRE, 2012, p. 35). Ler alternada ou sequencialmente esta coletânea não faz diferença porque a sua cronicidade histórica vem a nós como um cotidiano de esperança, como aquela nuvem cinza que paira nos céus dos Sertões e que promete o verde e a vida, como assim promete também a Educação. Parabéns aos meus queridos colegas educadores e educadoras que participaram de O sertão e a escola: linhas em traços da memória. Boa leitura. Natal (RN), outubro de 2021. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO ..................................... 15 Adene Kaline Araújo de Azevedo JORNADA ESCOLAR UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS .............................. 43 Ana Santana Santos de Lima MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU .................... 60 SUMÁRIO Bárbara Gomes Medeiros Bezerra TRAJETÓRIA EDUCACIONAL LEMBRANÇAS ........................................................... 86 Barbara Tamires dos Santos MINHA VIDA ESCOLAR E AS LEIS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS ...................................... 129 Carlete Barbosa de Souza MEU CAMINHO ESTUDANTIL ...................................... 141 Cidelly Eduarda Silva Costa MINHA ESCOLARIZAÇÃO MEDIADA PELA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA ................. 152 Daniela Dara de Medeiros Santos EM BUSCA DE UM MUNDO DE CONHECIMENTOS ........... 159 Dayane Kelly Queiroz Lima MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR DO ENSINO INFANTIL À GRADUAÇÃO ........................... 182 Elianete Maria Medeiros de Souza A HISTÓRIA DA MINHA EDUCAÇÃO .............................. 195 Eneyse Dayane Pinheiro RELATO SOBRE MEU PERCURSO ESCOLAR E EVENTOS HISTÓRICOS ............................... 223 Felícia Azevedo da Costa MINHA EVOLUÇÃO ACADÊMICA .................................. 242 Flávia Lilian Félix da Silva A ESCOLA DA EDUCAÇÃO À VIDA ................................................. 261 Gabriel Fidelis Alves de Araújo HISTÓRIA E EDUCAÇÃO UM PERCURSO DE TODA VIDA ....................................... 276 Gisele Saudéris Pereira Dantas PERCURSO DA MINHA ESCOLARIZAÇÃO MARCOS LEGAIS ........................................................ 293 Gizolene de Fátima Barbosa da Silva Cantalice RECORDAÇÕES E REFLEXÕES DA MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR ................................ 338 Isabela Mariz de Oliveira REFLEXÃO SOBRE MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR DO ENGATINHAR AO ANDAR ......................................... 354 Jaine de Morais Silva PERCURSO DE ESCOLARIZAÇÃO DOS PRIMÓRDIOS À ATUALIDADE .................................. 390 Joyce Lira de Araújo TRAJETÓRIA SOCIOESCOLAR FATOS E (DES)CONHECIMENTOS LEGISLATIVOS NA EDUCAÇÃO DO SUJEITO .......................................... 410 João Marcos Brito da Silva MEMÓRIAS DA ESCOLARIZAÇÃO RELATO FUNDAMENTADO PELA LEGISLAÇÃO VIGENTE .......................................... 441 Julliana Araújo da Silva MINHA VIDA CAMINHANDO A CADA PASSO EM BUSCA DOS MEUS SONHOS ..................................... 462 Larissa Adriene Faustino Silva MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR FRENTE ÀS MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL ................................... 477 Letícia Medeiros Fernandes MEU PERCURSO ESCOLAR MARCOS LEGAIS ......................................................... 487 Luana da Nobrega Costa A CONSTRUÇÃO DO SABER ......................................... 500 Maria Laura Bezerra Dantas TRAJETÓRIA ESTUDANTIL NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ....................................... 510 Monara Emília Pereira de Medeiros HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E MEU PERCURSO ESCOLAR ........................................ 518 Nathália Dyasmim de Assis Silva EU E A ESCOLA .......................................................... 535 Renata Jordânia Alves da Silva EM BUSCA DE CONHECIMENTO VIVÊNCIAS E APRENDIZADOS ........................................ 562 Renata Lorena de Sousa Santos RECORTES DA MINHA VIDA ACADÊMICA EM BUSCA DO MEU EU ................................................ 576 Ruanna Maria Borges de Araújo do Nascimento HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA MARCOS IMPORTANTES PARA MINHA ESCOLARIZAÇÃO ...................................... 592 Stefany Pereira Batista MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR FATOS MARCANTES ..................................................... 603 Thamires Damiana Santos CHOQUE DE REALIDADE DO PRIVADO AO PÚBLICO ............................................ 624 Tiago Talysson Dantas Cavalcante PERCURSO ENTRE A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO E A MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR ................................. 635 Vanessa Medeiros de Souza SOBRE OS ORGANIZADORES ....................................... 654 MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo1 RESUMO Este texto relata minha trajetória acadêmica desde o primeiro contato com uma instituição de ensino, uma trajetória pela educação, e seus caminhos, assim, no decorrer do texto estarei discorrendo sobre a mesma, com relevância na história da educação e como era vivido na minha época em questão, meu olhar sobre essa importante etapa da minha vida, em se tratando de escola, e seus valores, usando das minhas memórias e do meu histórico escolar, posso compreender melhor a jornada que me trouxe até onde estou hoje, visando informar minha história e também a compreender os regimentos da época de cada etapa que passei galgando os degraus da educação, por meio dessas memórias que trago neste trabalho as experiências e situações vividas ao longo de tudo, sendo possível analisar esse percurso sobre uma ótica diferenciadade acordo com cada passagem e decorrência dos anos e amadurecimento de cada fase, também por meio deste busco relacionar o que foi vivido com o que era 1 Graduanda do curso de Pedagogia Licenciatura, pelo Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES, Campus Caicó/RN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, 2019. Email: adenekaline@hotmail.com MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 16 estabelecido para cada momento segundo os regimentos e dire- trizes que regiam a educação em determinado período, sabendo a importância deste trabalho para a ampliação do meu conheci- mento e para o desenvolvimento do componente curricular a que este se destina, História da Educação Brasileira, que vem sendo uma excelente aquisição para o meu currículo e compreensão da minha formação enquanto futura pedagoga, sendo de suma importância o assunto em questão, na concepção do aprendizado. Palavras-chave: história da educação; trajetória acadêmica; vida escolar. 1 INTRODUÇÃO Neste artigo irei iniciar retratando minha trajetória escolar desde a minha primeira vez em uma instituição de ensino passando por todas as demais fases do ensino básico até o ensino superior onde estou atualmente, relatando vivências, legislação vigente em cada época, acontecimentos históricos, caso tenha, passando pelas diretrizes de cada percurso e relatando como tudo isso implicava ou não na minha vida, direta ou indiretamente. Nasci em 1987, aos 11 dias do mês de dezembro. Até os meus 5 anos, não frequentei qualquer instituição de ensino, vindo a iniciar minha trajetória escolar no ano de 1992, na modalidade de ensino jardim de infância, que consistia em 2 anos, considerando o disposto na Lei nº 5/77, de 1º de fevereiro. Nesses termos, o Governo, no Decreto-Lei nº 542/79, de 31 de dezembro de 1979, delimita o seguinte: MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 17 Artigo 1.º Em conformidade com o disposto no artigo 3.º da Lei n.º 5/77, de 1 de Fevereiro, é aprovado o Estatuto dos Jardins-de-Infância do sistema público de educação pré-escolar. Art. 2.º a partir de 1980 a sociedade passa a discutir a possibili- dade de inclusão das pré-escolas na Educação Básica, intenção concretizada na Constituição de 1988. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, ratifica essa decisão, enfatizando que a Educação é um direito da criança e que deve, portanto, ser universal. Hoje a conhecemos como educação infantil. A instituição era chamada de Jardim de Infância Jesus Menino, localizada na rua Manoel Noberto, 208, Bairro Centro, na cidade de Parelhas/RN. Instituição de Ensino Pública, que permanece até hoje no mesmo lugar, agora denominada Escola Estadual Jesus Menino. Atualmente oferece a modalidade de ensino fundamental I – anos iniciais. As leis que regiam a educação dessa época eram a Constituição de 1988 e a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1961. Figura 1: Escola Estadual Jesus Menino Fonte: cedida pela escola. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 18 Figura 2: Escola Estadual Jesus Menino Fonte: cedida pela escola. Essa época foi de adaptação e novidades, pois estava saindo de uma rotina cotidiana na qual vivia desde que nasci. Então, tudo era muito novo, desde o horário para acordar até a chegada ao ambiente escolar. Lembro que minha escola era bem próxima à minha casa. Quando minha mãe ia me deixar na escola, ela saía pelo portão principal e eu saía pelo portão de trás, que não tinha tranca nem segurança, nem mesmo alguém para o vigiar. Assim, quando ela chegava em casa, eu chegava em seguida. Eram apavoradores os primeiros dias indo para a escola, pois eu achava que minha mãe não voltaria pra me pegar, que as “tias” (como eram chamadas as professoras na época, para tentar dar certo tipo de intimidade à criança) iriam me fazer mal. Não sei por que esses pensamentos vinham, mas era apenas uma criança vendo seu mundo mudar da noite para MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 19 o dia. Com o passar do tempo, fui me adaptando, tendo mais proximidade com as professoras. Recordo da sala de aula bastante colorida. Do cheiro da sala de aula eu lembro até hoje. Ainda mais quando eram rodados os trabalhinhos na máquina a álcool, todos já sabiam que teriam esses trabalhinhos, porque o cheio era muito forte e invadia toda a escola. Quando eles chegavam às minhas mãos, ainda cheirava de perto. Também lembro que havia duas profes- soras na sala, tia Núzia e tia Sêmiramis. Eu as achava lindas! Tão carinhosas! A sala parecia um lugar mágico, com contação de histórias, com cantigas que até hoje lembro: “para ouvir o som do mosquitinho, pego a chave e tranco a boquinha, hum, hum, hum”, “Bom dia coleguinha como vai? A nossa amizade satisfaz...” e assim por diante. Na escola, conheci outras crianças com quem até hoje tenho vínculo. Nesse ciclo, eu fui apresentada ao alfabeto, às cores, aos números. Precisávamos ter boa caligrafia, pois, depois dessa etapa, estaríamos indo para uma nova etapa escolar, que seria o 1º ano do ensino fundamental de hoje, antes chamado de 1ª série, que exigiria mais de mim. Ao findar os dois anos desse ciclo vinha a formatura. Na minha primeira colação de grau, eu me arrumei toda, com sainha pregueada, meia calça branca, sapatinho branco, beca e capelo vermelhos. Eu me senti uma princesa. Isso me marcou porque era uma fase que acabava para dar início a outra. Claro que foi difícil me desapegar das professoras, mas como todos os alunos da classe foram para a mesma escola e sala, foi mais fácil a adaptação. De acordo com Garcia: MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 20 Conferência mundial sobre educação para todos, reali- zada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, o Brasil assumiu compromissos importantes, no sentido da democratização da educação, os quais deveriam ser postos em prática até o ano de 2000. Consolidando os pressupostos de uma educação de qualidade e de extensão da escolaridade no País, esse compromisso firmado resultou na elaboração do documento intitulado “Plano Decenal de Educação para Todos”, que traz entre outros enfoques, o gerenciamento da educação, com fundamento nas concepções de centralização e descentrali- zação GARCIA, 2009, p. 67). Figura 3: Escola Estadual Jesus Menino Fonte: cedida pela escola. O novo ambiente de educação foi na Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt, localizada na rua Padre Bento, 563, no Bairro Dinarte Mariz, na cidade de Parelhas/RN, onde está situada até hoje. De ensino público, a instituição oferecia essa modalidade de ensino antes chamada de séries. Dei início à 1ª série, como determinava a lei 5.692/71, vigente na época, MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 21 que determinava ensino de 1º grau obrigatório dos 7 aos 14 anos (art. 20). Também, nesse mesmo ano, foi criada a Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades especiais, de 10 de junho de 1994. A/RES/48/96. Figura 4: Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt Fonte: acervo pessoal. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 22 Figura 5: Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt Fonte: acervo pessoal. Com o passar do tempo, houve mudança na modalidade do ensino fundamental. Em janeiro de 2006, o Senado Federal aprovou o Projeto de lei n° 144/2005, que estabelece a duração mínima de nove anos para o ensino fundamental. Essa mudança acabou por acrescentar um ano a mais na formação dessa etapa do ensino brasileiro, passando a usar o nome de anos em vez de séries. Nesse período, também foi aprovada a matrícula obrigatória a partir dos seis anos de idade. A leique regia a educação dessa época era a Constituição de 1988 e a LDB de 1961. Nessa escola, passei todo o ensino fundamental, da 1ª à 8ª série (período entre 1994 a 2002, tendo um atraso de um ano por repetir um ano letivo em 1998), era assim formada a modalidade do ensino fundamental quando eu o fazia. Posteriormente, continuei nessa escola cursando o ensino médio. No ensino fundamental, tive diversas experiências nessa escola, como a MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 23 mudança nas disciplinas e, consequentemente, de professores (ver histórico escolar do ensino fundamental no anexo I). Nesse período, alguns professores que tinham sua formação em determinada área lecionavam numa área dife- rente da sua formação, porque não havia professores suficientes para preencher o quadro docente da escola, e com formação específica para lecionar as disciplinas faltosas. Isso levava, por exemplo, um profissional formado em matemática a lecionar a disciplina de inglês, o que deixava a desejar no ensino, formando, assim, alunos com pouco ou nenhum conhecimento dessa disciplina. Isso se repetia nas demais disciplinas ofertadas nessa modalidade de ensino da época. Muitas vezes, a escola terceirizava esses profissionais por meio de contratos para que pudesse oferecer todas as disciplinas. Figura 6: Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt Fonte: cedida pela escola. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 24 Figura 7: Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt Fonte: cedida pela escola. Nessa etapa da minha vida escolar, foi quando viven- ciei momentos históricos, como a queda das torres gêmeas, World Trade Center, nos Estados Unidos da América, no dia 11 de setembro de 2001. Recordo que esse fato trouxe comoção mundial aos que viam as cenas pelos noticiários da televisão e por todo tipo de imprensa. Esse fato foi inserido no livro didático do ano seguinte da disciplina de História. Ainda em 2002, tive de interromper meus estudos por motivo de ter ficado grávida, aos 14 anos de idade. Mesmo assim, segui estudando nessa escola enquanto eu pude frequentar as aulas. Já no mês de setembro do referido ano, não pude mais frequentar as aulas, pois a minha gravidez era de risco devido à minha idade precoce. Então, o médico me recomendou ficar de repouso em casa, pois eu ficava com as pernas bastante MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 25 inchadas devido a passar muito tempo sentada em aula. Para isso, me deu atestado de um mês, o qual entreguei a escola. Enquanto estava de atestado, dei à luz à minha primeira filha (que hoje está 16 anos de idade). Novamente precisei de outro atestado para o tempo do repouso (resguardo). Eu não queria perder o ano letivo, visto que sempre gostei de estudar, tendo notas boas (ver histórico escolar do ensino médio em anexo II). Porém, a diretora da época não aceitou o primeiro atestado entregue, alegando que eu poderia ter continuado a frequentar as aulas, visto que uma professora da época, também grávida, frequentou a escola até quase parir. Ocorre que ela era bem mais velha que eu e com mais experiência, não tinha problemas na sua gestação. O que a diretora fez foi nos colocar em situação de igualdade, sendo que eu tinha apenas 14 anos e uma gravidez de risco. Como resultado, ela me disse que, mesmo se eu insistisse em continuar o ano letivo e tendo boas notas, ela me repro- varia por falta, porque não aceitava o atestado anterior ao meu parto, embora eu tivesse reclamado esse atestado. Por fim, não conhecendo meus direitos, acabei aceitando o que me foi dito e abandonei a escola, muito desgostosa da falta de compreensão por parte da diretora. No ano de 2005, resolvi voltar aos estudos, visto que minha filha estava maior e que eu poderia dar continuidade aos estudos, voltando a estudar na mesma escola. Dessa vez, sob nova direção, fui bem recebida e permaneci nessa instituição até a conclusão do ensino médio. A escola era urbana, situada no centro da cidade, não necessitava de transporte para chegar até ela. O caminho era curto e eu o fazia com meus colegas e amigos de infância que vinham me acompanhando no decorrer desse percurso escolar. Até hoje temos vínculos de amizade. Nesse período, as leis vigentes para a educação eram a LDB (Lei MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 26 9.394/1996) e o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério juntamente com o (Fundef), que destinava verbas para o ensino funda- mental. Como diz o texto: Foi instituído pela Emenda Constitucional n.º 14, de setembro de 1996, e regulamentado pela Lei n.º 9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e pelo Decreto nº 2.264, de junho de 1997. O FUNDEF foi implantado, nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998, quando passou a vigorar a nova sistemática de redis- tribuição dos recursos destinados ao Ensino Fundamental (BRASIL, [1997], p. 01). A maior inovação do Fundef consiste na mudança da estrutura de financiamento do ensino fundamental no país (1ª a 8ª séries do antigo 1º grau), ao subvincular a esse nível de ensino uma parcela dos recursos constitucionalmente destinados à Educação. A Constituição de 1988 vincula 25% das receitas dos estados e municípios à Educação. Com a Emenda Constitucional nº 14/96, 60% desses recursos (o que representa 15% da arre- cadação global de estados e municípios) ficam reservados ao ensino fundamental. Além disso, introduz novos critérios de distribuição e utilização de 15% dos principais impostos de estados e municípios, promovendo a sua partilha de recursos entre o Governo Estadual e seus municípios, de acordo com o número de alunos atendidos em cada rede de ensino. Genericamente, um fundo pode ser definido como o produto de receitas específicas que, por lei, vincula-se à realização de determinados objetivos. O Fundef é caracterizado como um fundo de natureza contábil, com tratamento idêntico ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao Fundo de Participação dos MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 27 Municípios (FPM), dada a automaticidade nos repasses de seus recursos aos estados e municípios, de acordo com coeficientes de distribuição estabelecidos e publicados previamente. As receitas e despesas, por sua vez, deverão estar previstas no orçamento, e a execução contabilizada de forma específica. No ano de 2006, ingressei no ensino médio na referida escola, período marcado por poucos investimentos, lembro que não havia recursos suficientes para que a merenda fosse distribuída igualmente entre os alunos do ensino fundamental e médio, ficávamos esperando os alunos do ensino fundamental pegar sua merenda para que, se “sobrasse”, nós do ensino médio poderíamos ter acesso à merenda, embora víamos que da merenda saíam lanches para os professores, o que não era permitido, como até hoje ainda não é. O Fundef teve uma modi- ficação e foi melhorado para Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), a partir daí foi que a situação para o ensino médio veio a melhorar, em todos os sentidos. Com os novos investimentos vieram as melhorias, em materiais didá- ticos, viagens de pesquisa, na merenda, foi realmente algo que impulsionou essa modalidade de ensino, segundo diz o texto disponível no site do FNDE. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb é um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um fundo por estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e municípios, vinculadosà educação por força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 28 desses recursos, ainda compõe o Fundeb, a título de comple- mentação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica (BRASIL, 2020). Ainda no ensino médio, recordo que a falta de professores para ministrar algumas disciplinas, quase nos fez perder o ano letivo. Vi também professores com mais de um vínculo para que pudessem arcar com suas despesas. Isso os deixava mais estres- sados e irritados no ambiente de trabalho o que refletia na sua metodologia, tornando as aulas insuportáveis e improdutivas. Em contrapartida, havia professores que eram apaixonados pela profissão e desempenhavam papéis fundamentais e chegavam a ser verdadeiros confidentes e conselheiros até mesmo fora das questões disciplinares do currículo acadêmico. Concluí o ensino médio em 2008 (ver certificado do ensino médio em anexo III), ano em que me submeti ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela primeira vez. Na época, sua estru- tura era formada por 63 questões de múltipla escolha e redação. Tudo deveria ser feito em apenas um domingo. Apesar de ter tido um resultado considerável, nessa época, a nota obtida no Enem não era suficiente para ingressar no ensino superior, seria também necessário fazer o vestibular que a instituição exigia como forma de ingressar na instituição. Por motivos pessoais e financeiros, não pude continuar os estudos naquele ano. Após 5 anos, voltei a fazer o ENEM, em 2014, já com o novo formato, o atual, que consiste em 180 perguntas de múltipla escolha e redação, sendo realizado em dois domingos. A nota obtida no exame é porta de entrada para MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 29 o ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que possibilitou a análise dos resultados obtidos no Enem e o desempenho. “O SiSU é o sistema informatizado do MEC no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Enem” (BRASIL, [201-]). Figura 8: Formatura Fonte: acervo pessoal. Figura 9: Formatura Fonte: acervo pessoal. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 30 Por meio do Sisu, consegui uma bolsa de estudo numa faculdade Educação a Distância (EaD), privada, situada na cidade de Currais Novos/RN. Pela minha pontuação, foi possível obter a bolsa integral para o curso de Pedagogia, que sempre foi meu sonho cursar, seguido pelo curso de Direito, que espero também poder cursar. No entanto, não pude dar início ao curso, devido a ter filho pequeno, com apenas 4 anos de idade na época, e não ter com quem deixar para dar seguimento ao meu sonho. Então, abri mão dessa bolsa e do curso, mas sempre na certeza de que um dia ia poder realizar o sonho de cursar uma faculdade e no curso desejado. Foi então que fiz o Enem mais uma vez, visto que não tinha condições financeiras de custear um curso de nível supe- rior. Via no exame a forma mais certa de conseguir ingressar no ensino superior. No ano de 2017, fiz o exame, já com filhos maiores, mais independentes, embora com um terceiro filho de 2 anos de idade, que solicitei ajuda da minha sogra para que ela pudesse cuidar dele enquanto eu estaria fora estudando. Por meio do Sisu novamente consegui, pelo meu desempenho no exame, ingressar no ensino superior. Meu sonho enfim se realizava, no curso de Pedagogia, licenciatura, dessa vez numa renomada e reconhecida instituição de ensino superior, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), na cidade de Caicó/RN. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 31 Figura 10: Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), na cidade de Caicó/RN Fonte: imagem retirada da internet. Hoje posso dizer que vivo meu sonho a cada dia viven- ciando nessa instituição as melhores experiências e adquirindo conhecimentos que me tornaram uma profissional. Terei orgulho de levar o nome dessa instituição. Mas o que me ajuda a continuar nesse sonho são os auxílios financeiros desti- nados aos alunos de baixa renda, sem os quais, certamente, não poderia continuar na universidade, e assim é também com milhares de outros alunos que estudam nas instituições federais, que também são de baixa renda como eu. Eu me sinto realizada em estar nessa instituição renomada, recheada de excelentes profissionais extremamente capacitados, que nos proporcionam o melhor em cada disciplina ofertada e com metodologias diversas que só nos fazem crescer como profissionais e pessoalmente também. Em cada semestre, eu me MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 32 deparo com o profissionalismo e seres humanos incríveis que nos fornecem tanto o conhecimento quanto seus exemplos de dedi- cação e cidadãos atuantes numa sociedade em desenvolvimento, em especial, na disciplina de História da Educação Brasileira, ministrada pela Professora Doutora Tânia Cristina Meira Garcia, a quem este trabalho se destina. Para mim, está sendo de grande proveito os conhecimentos deste currículo, assim como toda a estrutura curricular do curso de Pedagogia licenciatura, aumentando assim meu conhecimento e trazendo para o meu currículo pessoal saberes únicos e primordiais para o desem- penho da minha carreira como profissional da Educação. Com a ajuda de Deus, não irei parar por aqui, almejo dar continuidade à minha formação com especializações, mestrado e doutorado, e o que eu puder realizar, somando-se aos meus esforços e ajuda dos profissionais que, ao longo do tempo, conheci e conhecerei. Tenho certeza de que realizarei meus objetivos (ver histórico da graduação até o dia atual em anexo IV). Figura 11: curso de Pedagogia licenciatura Fonte: acervo pessoal. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 33 Figura 12: curso de Pedagogia licenciatura Fonte: acervo pessoal. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 34 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicaocompilado.htm. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. FUNDEF: Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Manual de Orientação). Brasília, DF: Ministério da Educação, [1997]. Disponível em: http://portal.mec.gov. br/seb/arquivos/pdf/mo.pdf. Acesso em: 14 dez. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Sobre o FUNDEB. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2020. Disponível em: https:// www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/sobre-o-plano- ou-programa/sobre-o-fundeb. Acesso em: 14 dez. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. SISU: o que é?. Brasília, DF: MEC, [201-]. Disponível em: https://sisu. mec.gov.br/#/#oquee. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1996]. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 16 nov. 2021. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 35 BRASIL. Lei nº 5/77, de 1º de fevereiro. Cria o sistema público de educação pré-escolar, cujos objectivos principais são favorecer o desenvolvimento harmónico da criança e contribuir para corrigir os efeitos discriminatórios das condições socio-culturais no acesso ao sistema escolar.A educação pré-escolar tem carácter facultativo e destina-se às crianças desde os três anos até à idade de entrada no ensino primário. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1977]. Disponível em: https://dre.tretas.org/ dre/79534/lei-5-77-de-1-de-fevereiro. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Decreto-lei nº 542/79, de 31 de dezembro. Aprova o estatuto dos jardins-de-infância do sistema público de educação pré-escolar. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1979]. Disponível em: https://dre.tretas.org/dre/61632/decreto- lei-542-79-de-31-de-dezembro. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, [1961]. Disponível em: https://www2.camara. leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024-20-dezembro-1961- 353722-normaatualizada-pl.pdf. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1971]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l5692.htm. Acesso em: 16 nov. 2021. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 36 BRASIL. Emenda Constitucional nº 14, de 12 de setembro de 1996. Modifica os arts. 34, 208, 211 e 212 da Constituição Federal e dá nova redação ao art. 60 do Ato das Disposições constitucionais Transitórias. Brasília, DF: Congresso Nacional, [1996]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/emendas/emc/emc14.htm. Acesso em: 16 nov. 2021. BRASIL. Projeto de Lei da Câmara nº 144, de 2005. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, dispondo sobre a duração mínima de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, [2005]. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/ atividade/materias/-/materia/76244. Acesso em: 16 nov. 2021. GARCIA, Tânia Cristina Meira. Estado e educação no Brasil (1987-1996). João Pessoa: EDUFRN: Ideia, 2009. MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 37 ANEXO I MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 38 ANEXO II MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 39 ANEXO III MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 40 ANEXO IV MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 41 MINHA TRAJETÓRIA ACADÊMICA: UMA VIAGEM PELA EDUCAÇÃO Adene Kaline Araújo de Azevedo 42 JORNADA ESCOLAR UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima1 RESUMO O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre minha experiência no percurso escolar, que será relatado incluindo as leis que foram sancionadas durante esse percurso de ensino, tendo ou não relação com minha experiência escolar, englobando desde a Constituição Federativa do Brasil, fazendo recortes que coincidam com minha entrada na escola, e como a Lei n° 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação brasileira e que culminou para adoção de tantos direitos educa- cionais para a história da educação nacional. Este trabalho foi uma proposta do componente curricular História da Educação Brasileira. Para tanto, as fontes utilizadas foram pesquisas feitas em sites que disponibilizassem as leis, como o portal do Ministério da Educação (MEC) e o site do Planalto, artigos científicos, e o livro Estado e Educação no Brasil (GARCIA, 2008). O estudo busca analisar minha vida escolar, quais podem ser os pontos marcantes, com alguns eventos ocorridos na história 1 Email: ana.santana.santos.lima@gmail.com JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 44 da educação, e quão importante a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases, que já estavam em vigor quando iniciei minha jornada escolar, e como essa construção da educação brasileira se tornou tão importante para que, nos dias atuais, fossem conseguidos tantos avanços para o meu desenvolvi- mento como estudante, e a garantia desses direitos. Palavras-chave: percurso escolar; lei de diretrizes e bases; constituição. 1 Introdução O presente trabalho tem por objetivo discorrer sobre minha experiência no percurso escolar, relacionando com as leis que foram sancionadas durante esse percurso de ensino, tendo estas relação ou não com minha experiência escolar. O estudo engloba desde a Constituição Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, fazendo recortes os quais coincidam com minha entrada na escola, e como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) (Lei n° 9.394/96), que estabelece as diretrizes e bases da educação brasileira, culminando para a adoção de tantos direitos educacionais para a história da educação nacional. Esse trabalho foi proposto pelo componente curricular História da Educação do Brasil, para tanto, a metodologia utilizada foram pesquisas feitas em sites que disponibilizassem leis, como o portal do Ministério da Educação (MEC), o site do Planalto, também artigos científicos e o livro Estado e Educação no Brasil (GARCIA, 2008). A história da educação brasileira foi se construindo ao longo do tempo, tendo como um de seus marcos, a promulgação JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 45 da Constituição Federativa do Brasil, no ano de 1988, que norteou as políticas educacionais ao estabelecer a educação como direito de todos, e sendo dever do Estado. A partir das políticas públicas, assegura o acesso e a permanência do aluno na escola, garantida em seus artigos 205 a 214 (BRASIL, 1988). Segundo Garcia (2008, p. 47): [...] quando declara que esta é direito de todos e dever do estado, é a de educação como reconstrução da experiência e um atributo da pessoa humana, tendo, por isso, que ser comum, estendida a todos, sendo dever do Estado promovê-la. Com isso, elevando a educação à categoria de serviço público essencial. É importante ressaltar que, nesse processo da educação brasileira, em suas constituições, houve uma oscilação entre centralização e descentralização que, segundo Garcia (2008, p. 23), “o legado dos dias atuais é marcado especialmente por uma tendência centralizadora”. A Constituição de 1988 garante que a educação é direito de todos e dever do estado e da família, determinando que seja promovida e incentivada com a colaboração da sociedade e tendo como objetivo o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988), sendo a constituição de 1988 mais ousada que as anteriores, ao elevar a educação a um alto patamar de direito fundamental, e um direito social e subjetivo. Perpassando ainda antes, pela primeira LDB, Lei n° 4.024/1961, que se volta para a base curricular de três graus de ensino – o primário, o médio, e o superior – criados ainda como parte da LDB, o Conselho Federal de Educação (CFE) e JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 46 os conselhos estaduais. Antes de se chegar à atual LDB de 96, passa-se ainda pelas reformas que se deram em com a Lei da Reforma Universitária, Lei n° 5.540/1968, fixando normas de organização e funcionamento do ensino superior e articulação com ensino médio, e a Lei n°5.692/1971, que fixava as Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus. Por fim, com a aprovação da atual LDB, Lei n° 9.394/96 e dos Parâmetros Curriculares Nacionais, para as instituições de ensino, ficou explícito o reconhecimento da importância do ensino e da aprendizagem dos valores na educação escolar. Quanto ao Conselho Nacional de Educação (CNE), estabeleceu as diretrizes curricularespara a educação básica, em 1998, com o poder público assumindo seu papel e com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que, em 2010, foi reformulado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN). Foi nesse cenário da educação, com a Constituição de 1988 até os dias atuais, e a atual LDB 9.394/96, que comecei minha vida escolar. 2 Ensino Fundamental Meu primeiro contato com o ensino foi em casa, por meio de minha mãe, que me ensinava a ler, com um livrinho sobre a história do nascimento de Jesus e outras historinhas, e também com uns livros didáticos que tinha em casa. Isso era muito satisfatório, pois toda vez que minha mãe contava as histórias para mim, sentia uma vontade grande de entrar em uma escola e aprender. Foi então que, aos 6 anos de idade, entrei em uma escola na cidade de Natal, em uma escola de ensino particular. Eu havia ganhado uma bolsa para estudar nessa escola. Ela ficava uma JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 47 rua depois do bairro onde morava. A escola era pequena, mas possuía um parquinho no qual adorava brincar, com gangorras, escorrega, balanço. Lembro-me que, no fundo da escola, tinha uma cerca que dava para os fundos da casa de uma colega, cuja mãe, em algumas ocasiões, distribuía algodão doce. Essa escola ofertava até o 5° ano do fundamental. No ano de 2000, estava acontecendo, na cidade de Dakar, uma reunião com 164 países, que assumiram o compromisso de cumprir seis metas de Educação Para Todos até o ano de 2015. Em meu segundo ano (2001) nessa mesma escola, houve uma mudança de local, ficando mais perto de minha residência. O espaço diminuiu, pois era em uma casa que pertencia a outra pessoa. No cenário da educação, em 2001, foi criado o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n° 10.172/2001. A partir da vigência dessa lei, os estados, o Distrito Federal, e os municípios deveriam, com base no PNE, elaborar planos decenais, apre- sentar diretrizes e metas para a educação no Brasil (foi durante a perspectiva de alcance dessas metas que se deu todo o meu ensino fundamental até 2010). Estudei nessa escola até o ano de 2003, quando me mudei para a cidade de Caicó, onde fui matriculada em uma escola da rede municipal. Por falta de histórico da antiga escola na qual eu estudava, tive que repetir novamente o 2° ano. Essa escola funcionava em três turnos. Eu estudava a tarde, mas o que eu queria mesmo era estudar de manhã. O espaço das salas era amplo, mas as brincadeiras eram feitas fora da escola (quando eram as brincadeiras de correr). Quando se levavam brinquedos, os alunos ficavam dentro mesmo. Até onde me recordo, a escola não possuía uma biblioteca, o que era uma pena, pois adorava ler, desenhar, pintar. Inclusive, a professora entregava desenhos para pintar, e o melhor ganhava um kit com caderno de desenho JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 48 e coleções. Das atividades comemorativas da escola, logo no início, participei do São João apenas no 2° ano do fundamental, das demais, procurava ser participativa. Havia uma professora que era tão querida que eu não queria ir para o ano seguinte só pra ela ensinar novamente. Ela sempre prometia que iria acompanhar a turma, mas não acon- teceu. Um acontecimento marcante daquele ano foi a aprovação da Lei n° 10.639, que, nos artigos 26-A; 79-A (vetado); 79-B, acres- centa que nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira, estudos da História Africana e luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. No calendário escolar, foi incluído o dia 20 de novembro como dia nacional da consciência negra. Apesar da obrigatoriedade, e ainda de suma importância, na escola em que eu estudava, não passavam conteúdos relacionados à história africana, só os conteúdos básicos, na data comemorativa. Em 2004, já no 3° ano do fundamental, passei a ter em sala de aula duas professoras. Tinha uma professora que, ao final das aulas, colocava toda a turma para cantar o hino, quase sempre no intervalo. Havia uma colega que levava uns livros de historinhas que, em cada um, contava a história de uma fruta. Ao final, trazia uma receita. Era muito engraçado, às vezes perdia o intervalo só para ficar lendo isso. Enquanto isso, a Lei n° 10.845/2004 garantia progressi- vamente a inserção dos educandos portadores de deficiência nas classes comuns de ensino regular. Desse modo, as escolas deveriam se adequar a essas pessoas. Mas nessa escola onde eu estudava, ainda não tinha uma boa estrutura para receber JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 49 esses alunos, possuía uma rampa para entrada, mas era só, não recordo de nada mais para relatar com relação a esse ponto. Também não lembro muita coisa do 4° ano, só que aumentou o número de professores, e passei a estudar artes, ensino religioso, a fazer educação física, que era na praça Dom José Delgado, em frente ao Colégio Diocesano Seridoense (CDS). Eram bastante proveitosas as aulas em campo. Com um olhar mais amplo para a educação, estava sendo aprovada, naquele ano de 2005, a Lei n° 11.114/05, que altera os artigos 6°, 30, 32, e 87 da Lei n° 9.394/96, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos 6 anos de idade. O art. 6º diz: “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental”. Mesmo antes dessa lei, aos 6 anos, eu já tinha sido matriculada. Em 2006, entrei para o 5° ano, mantendo-se o mesmo número de professores e matérias também. Não houve tantas mudanças em minha história de vida escolar. Nesse ano, foi aprovada a Lei n° 11.274/06, que dispõe sobre a duração de 9 anos para o ensino fundamental. No art. 32, a lei define “O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão”. Com isso, a escola onde eu estudava passou a ofertar o 9° ano. No ano de 2007, passei para o 6° ano, quando foi ofertado o ensino de Culturas do RN e Inglês. Lembro-me que, nesse ano, houve tipo uma amostra sobre um trabalho que a turma fez, que era uma maquete do Rio Barra Nova, no município de Caicó. Vieram outros alunos do colégio olhar nossos trabalhos. Achei bem interessante, inclusive foi a primeira maquete que eu fiz. JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 50 Fomos visitar um museu em Caicó, onde havia uns brinquedos antigos, umas pontas que serviam como armas, um equipamento antigo, não me recordo para que servia. Fui para umas amostras apresentadas na Escola Estadual Calpúrnia Caldas de Amorim (EECAM), gostei muito de uma sala que era enfeitada como se fosse os anos 1980. Houve umas três trocas de professores. Foi nesse ano que acontecia a regulamentação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), pela Lei n° 11.494/07, inves- tindo na educação infantil, no ensino médio e na educação de jovens e adultos, sendo estendido até o ano de 2020. Em 2008, a Lei n° 11.684/08 garantia a inclusão do ensino da filosofia e a sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio, fato esse que se incluiria em minha vida escolar mais à frente. Nesse ano, estava cursando o 7° ano, foi bastante produtivo principalmente no ensino de arte. No dia das mães, foram preparadas telhas para que cada um enfei- tasse a seu modo, pintei a telha com tinta óleo e depois raspei para fazer uma mensagem para minha mãe. Fazia desenho em um pedaço de madeira e passava uma tinta por cima,depois tirava o excesso e saía o desenho na folha. Para fazer a árvore de Natal da escola, nós, alunos, fomos atrás de garrafas pet para a confecção. Ficou bastante interessante. Tinha pinturas em garrafas de vidro, uma vez houve um sorteio de melhor desenho, quem ganhasse levava um kit com caderno, coleção e pinceis. Como esse professor ensinava artes e matemática, levou a turma para visitar uma exposição de quadros que veio para Caicó, e a partir disso, foi indicado que escolhêssemos um dos desenhos dos quadros para reproduzir e levar para socializar JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 51 em sala de aula. Esses acontecimentos marcaram meu último ano nessa escola. Em 2009, mudei de escola, fui para uma estadual, que ficava um pouco mais longe de casa. O ensino era ofertado a partir do 6° ano. O espaço era bem amplo. Um fato que marcou nessa escola, é que ela possuía uma biblioteca. Eu passei a pegar quase todos os dias livros. A escola possuía poucos alunos, tão pouco que passou a funcionar somente no turno matutino e não desfilava no dia 7 de setembro. A escola possuía uma salinha de leitura para qual a professora nos levou somente uma vez, do mesmo jeito, na sala de vídeo. Também no ano de 2009, no cenário da educação, foi criado o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC), que seleciona estudantes para instituições Federais e Estaduais de ensino superior. O ano de 2010 é o meu último no ensino fundamental. Assim, passei a estudar física e química. Depois de um tempo, a escola foi fechada, mas já não estudava mais lá. No local, está funcio- nando atualmente a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Nesse mesmo ano, comecei a fazer o Projovem, criado pela Lei n° 11.692/08, que dispõe sobre o Programa Nacional de Inclusão de Jovens. Em seu art. 2º define que o Projovem é destinado a jovens de 15 (quinze) a 29 (vinte e nove) anos, com o objetivo de promover sua reintegração ao processo educacional, sua qualificação profissional e seu desenvolvimento humano”. Fiquei até 2011 no Projovem. JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 52 3 Ensino Médio e Ensino Superior Em 2011, iniciei o ensino médio em uma escola da rede pública estadual, passando a estudar espanhol, filosofia e sociologia conforme Lei n° 11.684/08. Oferecia os 3 turnos, o espaço era bem amplo e arejado, tinha uma biblioteca, sala de vídeo, computadores para os alunos, foi onde comecei a fazer simu- lados e apresentar seminários. A escola era bem tranquila e foi o ano em que eu saí do Projovem. Em 2012, já no 2° ano, participei de projetos da própria escola, oferecidos no contraturno. Comecei fazendo um de português, que era maravilhoso. Quem ministrava era a profes- sora de português, que era também maravilhosa, inclusive, foi com ela que aprendi a fazer redação. Todos os seminários eram bastante criativos, principalmente os de física, lembro-me de ter feito um olho de isopor para mostrar como era LIO, uma lente intraocular. Era um seminário sobre lentes. Outro foi sobre dilatação volumétrica; outra vez levei duas pilhas, um fio e uma lã de aço, como resultado, os fios ligados na pilha entravam em atrito com uma lã de aço e ela pegava fogo. Houve outras ideias bacanas de meus colegas, como adquirir energia através de batatas. Em 2013, era o meu último ano no ensino médio. Participei de um projeto de espanhol à noite. Era ótimo! A professora passava algumas músicas e atividades. Como era o meu último ano no ensino médio, participei do meu primeiro Enem, como experiência, que foi criado no ano de 1998, e seu resultado serve para acesso ao ensino superior em universidades públicas brasi- leiras, a partir do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Nesse mesmo período, foi aprovada a Lei n° 12.796/13, que torna a educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 53 (dezessete) anos de idade. De fato, é muito importante para garantir a educação desde cedo. Nos anos que seguiram, fiquei fazendo Enem para ver se passava para o que eu queria. Em 2017, fiz o meu 4° Enem. No início do ano, o MEC convocou uma consulta pública para opinar sobre a nova estrutura do Enem. Com isso, foram modificados os dias, que antes eram consecutivos, passou a ser em dois domingos, e a redação passou a ser aplicada no primeiro dia de prova. Já em 2018, fui aprovada e utilizei o Sisu, em sua 9° edição, com base na Lei n° 12.711/12, que garante em seu artigo 1°, no mínimo 50% de suas vagas para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas públicas. Entrei na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ceres-Caicó, em 2018. Atualmente, estou cursando licenciatura em Pedagogia (3º período em 2019). 4 Conclusão Percebe-se que, em minha vida escolar, existiram pontos marcantes. Alguns deles contrastando com eventos ocorridos na história da educação, como a implantação da lei que aumenta para 9 anos o ensino fundamental, inserindo o ensino da filo- sofia e da sociologia, e tantas outras. Além houve a criação pelo MEC do Enem e do Sisu, tão importantes para a minha entrada na universidade. Isso foi garantido pelo que aconteceu bem antes, com a CF de 1988, como um marco da democracia brasi- leira, ampliando a proteção dos direitos; bem como com a LDB de 1996, que em seu artigo art. 2º aponta que a educação é dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 54 desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Solidariedade envolve formação de cidadania e o pleno desenvolvimento do educando. Tudo isso deve estar ligado à educação. JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 55 REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 25 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005. Altera os arts. 6º , 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2005]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Lei/L11114.htm. Acesso em: 22 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2012]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011- 2014/2012/Lei/L12711.htm. Acesso em: 26 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1996]. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/Ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em: 20 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 10.172, de 09 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2001]. Disponível em: http://portal.mec. gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf. Acesso em: 20 mar. 2019. JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 56 BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2003]. Disponível em: http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/lei_10639_09012003.pdf. Acesso em: 23 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 10.845, de 05 de março de 2004. Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência, e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2004]. 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JORNADA ESCOLAR: UM PERCURSO DE APRENDIZAGENS Ana Santana Santos de Lima 57 BRASIL. Lei nº 12.796, de 04 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2013]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm. Acesso em: 26 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 11.684, de 02 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Brasília, DF: Ministério da Educação, [2008]. Disponível em: https://presrepublica.jusbrasil.com.br/ legislacao/93696/lei-11684-08. Acesso em: 22 mar. 2019. BRASIL. Lei nº 11.692, de 10 de junho de 2008. 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Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Brasília, DF: Ministério da Educação, [1971]. Disponível em: http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm. Acesso em: 16 nov. 2021. FRANÇA, L. Plano Nacional de Educação (PNE): Entenda o que é. [S. l.]: Somos Par, 2020. Disponível em: https://www.somospar.com.br/ pne-conheca-o-plano-nacional-de-educacao/. Acesso em: 16 nov. 2021. GARCIA, Tânia Cristina Meira. Estado e Educação no Brasil (1987/1996). João Pessoa: Ideia: EDUFRN, 2009. MARCHELLI, Paulo Sergio. Da LDB 4.024 ao Debate Contemporâneo Sobre as Bases Curriculares Nacionais. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 3, p. 1480-1511, out./dez. 2014. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/ article/viewFile/21665/15915. Acesso em: 20 mar. 2019. MEC. Ministério da Educação. Brasília, DF: MEC, 2018. 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Meu primeiro contato com a instituição escolar aconteceu aos 5 anos de idade, na Escola Municipal João Honorato de Medeiros, zona rural de Serra Negra do Norte, onde concluí a 1° e 2° série. Em 2005, fui matriculada na Escola Municipal Cirilo Alves de Azevedo, também na zona rural, concluindo a 3° série. No ano seguinte, ainda na zona rural, fui para a Escola Municipal Manoel Mariz onde concluí a 4° e 5 ° série. Em 2008, fui matriculada na Escola Municipal Arthéphio Bezerra da Cunha, zona urbana de Serra Negra do Norte, permaneci nela até 2011, concluindo, assim, todo o ensino fundamental. No ano posterior, fui estudar na 1 Email: barbaragomesmedeiros@gmail.com MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 61 Escola Estadual Leomar Batista de Araújo, ainda no mesmo município. Em 2013, mudei de cidade, fui matriculada na Escola Estadual Professor Felipe Bittencourt, zona urbana de Parelhas, onde concluí o ensino médio. Em 2014, 2015 e 2017, fiz exame do Enem. Mas somente com a nota do Enem 2017 concorri a uma vaga no curso de Pedagogia CERES/UFRN no Campus de Caicó, onde estou até o presente momento conquistando novos conhe- cimentos a partir da disciplina História da Educação Brasileira. Palavras-Chave: trajetória escolar; história de vida; história da educação. 1 INTRODUÇÃO No leque dos direitos essenciais, encontra-se o direito à educação, amparado pela constituição da República Federativa do Brasil, aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte, em 22 de setembro de 1988, e promulgada em 5 de outubro de 1988. A Constituição é a lei máxima e obrigatória para todos os cidadãos brasileiros, que serve de garantia de seus direitos e deveres. Ela fixa o direito à educação como um direito social em seu art. 6° e no art. 205 fala que todos devem incentivar, promover e colaborar para a consumação desse direito. art. 205 A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p.136). MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 62 Todos sabem que, em nosso país, há tempos, observam-se as tentativas do Estado de se esquivar das suas competências relacionadas à educação. A história nos mostra que uma dessas tentativas foi a municipalização do ensino no Brasil. Segundo Santos Filho (1992 apud Garcia, 2008, p. 68-67), “alguns juristas entendem que os municípios só podem ter redes de ensino e não sistemas no mesmo status dos Estados e da União”. Dessa maneira, foi enraizada no Brasil a municipalização do ensino que compreende até hoje a responsabilidade dos municípios pela educação infantil e pelo ensino fundamental. A emenda Constitucional n° 14 de 1996 altera o art. 211 da CF/88 e acrescenta a garantia dos repasses também aos municípios para financiara educação, conforme alteração a seguir no § 1º do art. 211. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redis- tributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios (BRASIL, 1988, p. 3). Levando-se em consideração esses aspectos, a educação brasileira necessitava de um norteamento mais específico para a organização dos sistemas de ensino. Diante disso e dos princí- pios presentes na Constituição Federal de 1988, foi criada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que define e regulariza a Educação Brasileira. Dentre as Leis de diretrizes e bases criadas ao longo da história, quero destacar a de N° 9.394, aprovada em 20 de dezembro de 1996, que trata sobre os variados temas da educação nacional desde o ensino infantil até MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 63 o ensino superior e acompanha meu percurso de escolarização até os dias atuais. Em 1997, foi o ano em que eu nasci. Nesse mesmo ano, foi aprovado, em 26 de fevereiro, o Parecer CNE/CEB n° 1/1997, que dava orientações preliminares da Câmara de Educação Básica sobre a Lei n°9.394/96. No ano seguinte, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) cria o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela Portaria n° 438, de 28 de maio de 1998. Atualmente, o Enem é um instrumento de avaliação do ensino médio e seu resultado serve para o ingresso no ensino superior em Universidades Públicas Brasileiras. Em 2001, a Lei n° 10.172 aprova o Plano Nacional de Educação (PNE), válido por dez anos, que traça metas a ser alcançadas. 2 MEU TRAJETO ESCOLAR Ao examinar meu histórico escolar, descobri que, na minha época, a educação básica era organizada em ciclos, conforme a Lei n° 9.394/96, em seu art. 23, que dá permissão para essa forma de organização. Art. 23 A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar (BRASIL, 1996, p. 17). MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 64 2.1 PRIMEIRO CICLO Em 2003, aos 5 anos de idade, tive meu primeiro contato com a instituição escolar. Nesse ano, minha mãe me matriculou na 1° série do 1° ciclo, pois eu já sabia ler porque ela me ensinava em casa, já que na zona rural em que morávamos não tinha educação infantil. Então, iniciei minha trajetória escolar na Escola Municipal João Honorato de Medeiros, localizada no sítio Barra do Câimbra, Serra Negra do Norte-RN. Essa escola era denominada na comunidade como Grupo Escolar. Sua estrutura era básica, tinha apenas um banheiro, uma cozinha pequena e uma única sala grande onde uma única profes- sora dava aula para cinco séries diferentes. O art. 28 da LDB n° 9.394/96 permite que sejam feitas as adequações necessárias para a educação básica rural. Apesar de a Lei n° 10.709/03 acrescentar à LDB n° 9.394/96 a garantia aos transportes escolares gratuitos, isso não quer dizer que sempre foi cumprida, pois eu morava em outro sítio chamado Umburana e o meu transporte escolar era a bicicleta da minha mãe. Concluí a 1° e 2° série (Atualmente 1° e 2° ano) nessa escola e depois ela foi fechada. Em consequência disso, em 2005, eu tive que mudar de escola. Fui para a Escola Municipal Cirilo Alves de Azevedo, loca- lizada no mesmo município, dessa vez, no sítio Barro Vermelho. A estrutura da escola era composta por um banheiro, uma cozinha pequena e duas salas de aula multisseriadas, assim como a escola anterior. A primeira sala acomodava a 1ª, 2ª e 3ª séries; e a outra sala, 4ª e 5ª. A partir desse ano, foi disponibilizado transporte escolar para levar os alunos de um sítio para o outro. Lembro-me que sentar na ponta do banco do pau-de-arara, uma D-20 de cor azul escura, coberta com uma lona laranja e com três grandes bancos de madeira, era a nossa aventura. MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 65 Outro fato de que me recordo é que os quadros nessa escola eram de cimento queimado na parede e já estavam tão velhos que ficava difícil de enxergar as coisas escritas de giz. Em meio a uma visita do prefeito da época, Rogério Mariz, as professoras nos fizeram pedir a ele quadros novos. Assim, a escola ganhou dois quadros verdes enormes. Nesse mesmo ano, concluí a 3ª série (atualmente 3° ano) assim como o 1°ciclo. Essa escola, como a outra, foi fechada por motivos que eu desco- nheço. Ainda nesse ano a Lei n° 11.114/05 é publicada no Diário Oficial da União, alterando os Artigos 6°, 30, 32 e 87 da Lei n° 9.394/96 com a finalidade de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos 6 anos de idade. 2.2 SEGUNDO CICLO Em razão de a escola anterior também ter sido fechada, fui para a Escola Municipal Manoel Mariz, no ano de 2006, localizada na Fazenda Solidão, Serra Negra do Norte-RN. Essa escola ainda funciona até os dias atuais e a estrutura é um pouco maior que as anteriores. Ela é composta por uma cozinha grande, dois banheiros, um pátio e três salas. Na minha época, a primeira sala acomodava 1ª e 2ª série, a segunda sala 3ª e 4ª série e a terceira sala 5ª série e o fundo dela era usado como uma minibi- blioteca. Algo que recordo de lá são as grandes festas de São João organizadas pelos professores que envolvia toda a comunidade. Nesse mesmo ano, a Lei n° 11.274/06 também alterou as redações dos artigos 29, 30, 32 e 87, de 20 de dezembro de 1996. Ela estabeleceu a duração do ensino fundamental obrigatório de 9 anos. Em 2007, concluí a 5ª série e também o 2° ciclo. Nesse mesmo ano, é aprovado o Parecer CNE/CEB n° 2/07, em MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 66 31/01/2007, que trata da abrangência das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino das Relações Étnico-Raciais e o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. 2.3 ENSINO FUNDAMENTAL II Em 2008, minha família mudou-se da zona rural para a zona urbana da cidade de Serra Negra do Norte. Então, eu fui matriculada na Escola Municipal Arthephio Bezerra da Cunha, localizada na Rua Ananias Monteiro Mariz, 321, centro de Serra Negra do Norte-RN. Diferentemente das outras escolas por que passei, essa possui uma estrutura enorme, com inúmeras salas, vários banheiros, uma cozinha grande, uma biblioteca, uma sala de professores, a sala da gestão, uma sala de informática, uma sala de vídeo, uma sala de jogos, um pátio grande, uma quadra de esportes, entre outros espaços. Nessa escola, eu tinha aula de português, matemática, ciências, artes, informática, ensino religioso, língua inglesa, cultura do RN, história, geografia e educação física. Um fato que recordo é que ganhei minha primeira medalha nessa escola por mérito de melhor redação. Ainda em 2008, a Lei n° 11.684, de 2 de junho, incluiu ao art. 36 da LDB n° 9.394/96, a obriga- toriedade das disciplinas filosofia e sociologia nos currículos do ensino médio. No ano seguinte, a Resolução CNE/CEB n° 1, de 15 de maio de 2009, dispõe sobre essa implementação. No ano posterior, o Projeto de Lei n° 8.035/2010 tratou do Plano Nacional de Educação (PNE) para os anos de 2011-2020. Em 2011, concluí nessa escola o ensino fundamental II. MINHA TRAJETÓRIA ESCOLAR: UMA HISTÓRIA QUE AINDA NÃO TERMINOU Bárbara Gomes Medeiros Bezerra 67 2.4 ENSINO MÉDIO E ENEM No ano de 2012, iniciei meu ensino médio na Escola Estadual Leomar Batista de Araújo, localizada na Rua Coronel Clementino,
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