Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL VANESSA DE SOUZA BATISTA POTENCIAL DO USO DE RESÍDUO DE MINERAÇÃO DE ROCHA CALCÁRIA PARA ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS EXPANSIVOS NATAL/RN 2021 VANESSA DE SOUZA BATISTA POTENCIAL DO USO DE RESÍDUO DE MINERAÇÃO DE ROCHA CALCÁRIA PARA ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS EXPANSIVOS Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Junior. Coorientadora: Profª. Drª. Ana Patrícia Nunes Bandeira. NATAL/RN 2021 VANESSA DE SOUZA BATISTA POTENCIAL DO USO DE RESÍDUO DE MINERAÇÃO DE ROCHA CALCÁRIA PARA ESTABILIZAÇÃO DE SOLOS EXPANSIVOS Dissertação apresentada ao curso de Pós- graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Olavo F. dos Santos Jr – Orientador (UFRN) ___________________________________________________________________________ Prof. Drª. Ana Patrícia Nunes Bandeira – Co-orientador (UFCA) ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Maria del Pilar Durante Ingunza– Examinador Interno (UFRN) ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Ricardo Nascimento Flores Severo – Examinador Externo (IFRN) Natal, 15 de dezembro de 2021. Batista, Vanessa de Souza. Potencial do uso de resíduo de mineração de rocha calcária para estabilização de solos expansivos / Vanessa de Souza Batista. - 2021. 100 f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências e Tecnologia, Pós-Graduação em Engenharia Civil, Natal, RN, 2021. Orientador: Prof. Dr. Olavo Francisco dos Santos Junior. Coorientadora: Profa. Dra. Ana Patrícia Nunes Bandeira. 1. Estabilização de solos expansivos - Dissertação. 2. Reutilização de resíduos de mineração - Dissertação. 3. Expansão livre e tensão de expansão - Dissertação. I. Santos Junior, Olavo Francisco dos. II. Bandeira, Ana Patrícia Nunes. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 624.138 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262 Dedico este trabalho a Deus, o verdadeiro orientador da minha vida. Ele sempre esteve comigo e supriu todas as necessidades. Agradeço ao meu pai (Ivanildo) pelo apoio incondicional. AGRADECIMENTOS Primordialmente agradeço a Deus, por ter me concedido o dom da vida, e mesmo sem merecer, ter me proporcionado tudo, suprido todas as minhas necessidades, e como maravilhoso Pai que é, ter me guiado por todos os caminhos. Agradeço a Ele por cuidar de mim carinhosamente e me dar forças para superar todas adversidades, e permitir que tudo desta pesquisa corresse bem. “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” (Romanos 11:36) Agradeço à minha família, por ter me dado suporte e incentivado a estudar desde a infância, e por terem lutado por mim, com todo seu esforço, durante toda caminhada até aqui. Em especial, agradeço ao meu Tio e Pai, Antônio Ivanildo, por acreditar em mim e dar o seu máximo para garantir que eu tivesse a melhor oportunidade possível para estudar e crescer na minha carreira. Sou grata também a todos os outros da minha família que acreditaram em mim e me apoiaram em tudo que necessitei. Aos meus orientadores Prof. Dr. Olavo F. dos Santos Jr e a Prof.ª Dra. Ana Patrícia Nunes Bandeira, por terem me guiado nesta jornada, com toda paciência e dedicação possível. Agradeço por terem me acolhido, mesmo com tantos compromissos. Além deles, quero destacar a Prof.ª Dra. María del Pilar Durante Ingunza, que contribuiu muito para a construção deste trabalho, sempre com orientações sábias e pacientes. Aos meus colegas que me ajudaram na realização dos ensaios: Saulo, Samily, Sabrina, Diana, Italcy, Levi, Halina Vitória, Thiago Luiz, e a todos que não foram citados, mas colaboraram de alguma forma para a concretização destes ensaios. Aos meus amigos que compartilharam comigo todos os momentos bons e me apoiaram nos momentos difíceis até aqui: Rayane, Nayana, Diana, Rozimeire, Paulo, Johny, Fabiola, Viviane e todas as meninas da célula Mandacaru. Aos Professores e Mestres que passaram pela minha vida, contribuindo de forma indescritível para minha formação acadêmica, com seus conhecimentos, incentivos e motivações. E por fim, a todos que contribuíram de alguma forma, para a realização deste projeto, o meu muito obrigada. Trials teach us what we are; they dig up the soil, and let us see what we are made of. Charles Spurgeon. RESUMO Os resíduos de mineração podem causar diversos problemas ambientais que comprometem o desenvolvimento sustentável de uma região. Somando-se ao problema destes resíduos, tem sido frequente a ocorrência de patologias de obras apoiadas em solos expansivos, principalmente em regiões de clima semiárido. Esta pesquisa tem por objetivo principal avaliar o potencial de redução da expansão dos solos com a adição do resíduo de mineração de rocha calcária. O programa experimental foi realizado em duas etapas: primeiramente, foi feita a caracterização física e mineralógica dos materiais; em seguida foram realizados ensaios oedométricos de expansão livre e de tensão de expansão por meio de inundações de corpos de prova sob tensões de 5kPa, 60kPa e 120kPa. Os ensaios foram realizados no solo puro (S), no resíduo (limestone powder – LP) e em misturas resíduo/solo nas proporções em massa de 40%LP/60%S, 60%LP/40%S e 80%LP/20%S. Os resultados apontaram que o solo argiloso puro apresenta elevado potencial de expansão, com expansão livre de 39,1% e 1722,5 kPa de tensão de expansão. A média de redução da expansão livre varia de 62,5% a 90,57%, para o acréscimo de 40% a 80% de resíduo. Em relação a tensão de expansão, a redução varia de 83,75% a 98,16%. A mistura 60%LP+40%S sob uma tensão em torno de 62 kPa, o solo fica estável à expansão. A mistura 40%LP+60%S para tensões em torno de 280 kPa, pode não apresentar expansão. Quanto à porcentagem ideal, pelos resultados obtidos nesta pesquisa, indica-se a utilização de uma faixa de 40% a 60% de resíduo dependendo de quais tensões o solo estará sujeito. Desta forma, os resultados obtidos no estudo possibilitaram constatar que o resíduo de pedra calcária pode ser utilizado para tratamento de solos expansivos, agindo na forma de estabilização granulométrica. A quantidade de resíduo necessária para estabilização irá depender do potencial de expansão e da tensão de trabalho do solo. Palavras-chave: Estabilização de solos expansivos, aproveitamento de resíduos de mineração, expansão livre, tensão de expansão. ABSTRACT Mining residues can cause several environmental problems that compromise the sustainable development of a region. Adding to the problem of these residues, the occurrence of pathologies of works supported on expansive soils has been frequent, mainly in semiarid climate regions. The main objectiveof this research is to evaluate the potential for reducing the expansion of soils with the addition of limestone powder residue. The experimental program was carried out in two stages: first, the physical and mineralogical characterization of the materials; then, free swelling and swelling pressure. The tests were carried out through flooding of specimens under tensions of 5kPa, 60kPa and 120kPa. The tests were carried out in pure soil (S), in residue (limestone powder - LP) and in residue/soil mixtures in mass proportions of 40%LP/60%S, 60%LP/40%S and 80%LP/ 20%S. The results showed that the pure clayey soil has a high expansion potential, with free expansion of 39.1% and 1722.5 kPa of expansion stress. The average reduction of free expansion varies from 62.5% to 90.5%, for the addition of 40% to 80% of waste. In relation to expansion tension, the reduction varies from 83.75% to 98.16%. The mixture 60%LP+40%S under a tension around 62 kPa, the soil is stable to expansion. The 40%LP+60%S mixture for voltages around 280 kPa may not show expansion. As for the ideal percentage, according to the results obtained in this research, the use of a range of 40% to 60% of residue is indicated, depending on which stresses the soil will be subject to. Thus, the results obtained in the study made it possible to verify that the limestone residue can be used to treat expansive soils, acting in the form of granulometric stabilization. The amount of residue needed for stabilization will depend on the expansion potential and the working stress of the soil. Keywords: Stabilization High expansive soils. Recycling of natural stone wastes. Percent of heave. Swelling pressure. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE SANTANA E NOVA OLINDA .............................. 16 FIGURA 2 – PERFIL DE ROCHA CALCÁRIA NA PEDREIRA DOIS IRMÃOS EM NOVA OLINDA. ........ 17 FIGURA 3 – ATRAÇÃO DE SUPERFÍCIE DIPOLO-DIPOLO ............................................................... 20 FIGURA 4 – ESQUEMATIZAÇÃO DA HIDRATAÇÃO DE CÁTIONS, ADAPTADO DE MITCHELL AND SOGA (2005) ........................................................................................................... 21 FIGURA 5 – ESQUEMATIZAÇÃO DA ATRAÇÃO OSMÓTICA, ADAPTADO DE MITCHELL AND SOGA (2005) ..................................................................................................................... 22 FIGURA 6 – ESTRUTURA DE ARGILA COMPACTADA QUE DESCREVE O PROCESSO DE ENTRADA DE ÁGUA DENTRO DE PLACAS DE ARGILA NO NÍVEL MICRO ESTENDIDO, ADAPTADO DE MASIN AND KHALILI (2015) ................................................................................... 23 FIGURA 7 – CARTA DE VAN DER MERWE (1964) ....................................................................... 26 FIGURA 8 – BLOCO INDEFORMADO DE SOLO EXPANSIVO APÓS PERÍODO DE SECAGEM. .............. 31 FIGURA 9 – DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DE SOLO EXPANSIVO ONDE OCORREM OS PRINCIPAIS CUSTOS DE CONSTRUÇÃO (POR REGIÃO) .............................................................................. 35 FIGURA 10 – REGISTRO FOTOGRÁFICO : (A) VERTISSOLO EBÂNICO, (B) VERTISSOLO HÁPLICO, (C) VERTISSOLO HIDROMÓRFICO. ........................................................................... 36 FIGURA 11 – MAPA DE OCORRÊNCIAS DE SOLOS EXPANSIVOS NO BRASIL REGISTRADOS ATRAVÉS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS, SEGUINDO A LISTA FEITA POR FERREIRA (2012) E ÁREAS COM PRESENÇA DE VERTISSOLOS ................................................................ 37 FIGURA 12 – MATERIAL DESCARTADO DENTRO DA ÁREA DE LAVRA. ........................................ 50 FIGURA 13 – FÓSSEIS PRESENTES NO MUSEU PLÁCIDO CIDADE NUVENS .................................. 51 FIGURA 14 – FÓSSIL EM PEDRA CARIRI LAPIDADA. .................................................................... 52 FIGURA 15 – ÁREA DE EXPLORAÇÃO DA PEDRA CARIRI ............................................................ 52 FIGURA 16 - MAPA GEOLÓGICO SIMPLIFICADO DA BACIA DO ARARIPE E SEÇÃO ESTRATIGRÁFICA DO MEMBRO CRATO DA FORMAÇÃO SANTANA. ...................................................... 54 FIGURA 17 – MAPA DA PEDOLOGIA LOCAL COM MARCAÇÃO DE AREAS DE LAVRA DA PEDRA CARIRI .................................................................................................................... 56 FIGURA 18 – LOCALIZAÇÃO DA COLETA DE AMOSTRAS DE SOLO (A) PROCESSO DE ESCAVAÇÃO DA VALA (B) BLOCO INDEFORMADO PROTEGIDO COM PAPEL ALUMÍNIO (C) ............ 58 FIGURA 19- VISÃO DOS RESÍDUOS ACUMULADOS NO LOCAL ..................................................... 59 FIGURA 20- LOCALIZAÇÃO E COLETA DO RESÍDUO DE PEDRA CARIRI ....................................... 60 FIGURA 21 - SECAGEM DAS AMOSTRAS (A) AMOSTRA INDEFORMADA APÓS SECAGEM (B) MOLDAGEM DA AMOSTRA NO ANEL (C) SECAGEM DA AMOSTRA COMPACTADA DE 40% LP + 60% S COM OS TEMPOS DE 0,1,15, 24 E 48 HORAS (D) SECAGEM DO SOLO COMPACTADO COM OS TEMPOS DE 0,1,15, 24 E 48 HORAS, DA ESQUERDA PARA A DIREITA ................................................................................................................... 64 FIGURA 22 – PERFIL DE UMIDADE .............................................................................................. 66 FIGURA 23 – CURVAS GRANULOMÉTRICAS ............................................................................... 68 FIGURA 24 – CARTA DE VAN DER MERWE(1964) COM CLASSIFICAÇÃO DO SOLO ARGILOSO DE SANTANA DO CARIRI. ............................................................................................. 69 FIGURA 25 – REDUÇÃO DOS LIMITES DE CONSISTÊNCIA ............................................................. 70 FIGURA 26 – CURVAS DE COMPACTAÇÃO .................................................................................. 72 FIGURA 27 – DIFRATOGRAMA DO RESÍDUO DE PEDRA CARIRI ................................................... 75 FIGURA 28 – DIFRATOGRAMA DO SOLO ARGILOSO ................................................................... 75 FIGURA 29 – CURVAS DE EXPANSÃO LIVRE ............................................................................... 76 FIGURA 30 – CURVAS DE TENSÃO DE EXPANSÃO ....................................................................... 77 FIGURA 31 – CURVAS DE EXPANSÃO COM INUNDAÇÃO À 60 KPA .............................................. 79 FIGURA 32 – CURVAS DE EXPANSÃO COM INUNDAÇÃO À 100 E 120 KPA .................................. 79 FIGURA 33 – GRÁFICO DE REDUÇÃO DE EXPANSÃO LIVRE E TENSÃO DE EXPANSÃO .................. 80 FIGURA 34 – TRINCAS E FISSURAS NAS ALVENARIAS DAS EDIFICAÇÕES..................................... 95 FIGURA 35 – TRINCAS E FISSURAS NAS EDIFICAÇÕES ................................................................. 96 FIGURA 36 – AVARIAS NOS PISOS DAS EDIFICAÇÕES .................................................................. 97 FIGURA 37 – AVARIAS EM GERAL NAS EDIFICAÇÕES ................................................................. 98 LISTA DE QUADROS QUADRO 1- FATORES QUE INFLUENCIAM A EXPANSÃO DOS SOLOS ............................................ 32 QUADRO 2 - CONDIÇÕES AMBIENTAIS QUE INFLUENCIAM O POTENCIAL DE EXPANSÃO ............. 33 QUADRO 3 - FATORES DESENCADEADORES DOS SOLOS EXPANSIVOS E OS PROBLEMAS QUE PODEM SURGIR, COM AS RESPETIVAS SOLUÇÕES ..................................................... 47 QUADRO 4 – NOMENCLATURA DAS MISTURAS........................................................................... 62 QUADRO 5 – RESUMO DOS ENSAIOS MECÂNICOS REALIZADOS .................................................. 65 QUADRO 6 - RESUMO DE CLASSIFICAÇÕES DO GRAU DE EXPANSÃO AVALIANDO-SE PELOS LIMITES DE CONSISTÊNCIA. ..................................................................................... 71 QUADRO 7 – RESUMO DAS PRINCIPAIS INFORMAÇÕES OBTIDASCOM O CHECKLIST DE AVALIAÇÃO DE PATOLOGIAS. .................................................................................. 94 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – VALORES TÍPICOS DE ATIVIDADE DAS ARGILAS ...................................................... 24 TABELA 2 – CRITÉRIO DE IDENTIFICAÇÃO HOLTZ AND GIBBS (1956). ....................................... 25 TABELA 3 - CRITÉRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE SEED ET AL. (1962). ............................................. 25 TABELA 4 – CRITÉRIO DE RANGANATHAN E SATYNARAYANA (1965). ...................................... 26 TABELA 5- CRITÉRIO DE CHEN (1965) ....................................................................................... 27 TABELA 6 - CRITÉRIO DE DAKSANAMURTHY AND RAMAN (1973) ............................................ 27 TABELA 7 – CRITÉRIO DE VIJAYVERGIYA AND GHAZZALY (1973) ............................................ 27 TABELA 8 - CRITÉRIO DE CUELLAR (1978). ............................................................................... 28 TABELA 9 – CRITÉRIO DE LAMBE (1960) ................................................................................... 28 TABELA 10 – CRITÉRIO DA EXPANSÃO LIVRE SEGUNDO SEED ET AL. (1962). ............................ 29 TABELA 11- GRAU DE EXPANSIVIDADE PELO CRITÉRIO DE CHEN (1965). .................................. 29 TABELA 12 - CRITÉRIO DE JIMENEZ (1980)................................................................................ 30 TABELA 13 - RESUMO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS TÉCNICAS DE ESTABILIZAÇÃO DE SOLO MECÂNICAS E QUÍMICAS ................................................................................ 39 TABELA 14 - DIFERENTES TIPOS E CONFIGURAÇÕES DE FIBRAS NATURAIS E SINTÉTICAS USADAS PARA REFORÇO ....................................................................................................... 42 TABELA 15 – DESCRIÇÃO DAS AREAS DE LAVRA DE ACORDO COM OS DADOS FORNECIDOS PELA ANM (2021). ......................................................................................................... 57 TABELA 16 - DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DOS GRÃOS, OS LIMITES DE CONSISTÊNCIA, ATIVIDADE DA FRAÇÃO ARGILA, MASSA ESPECIFICA DOS GRÃOS E CLASSIFICAÇÃO DO SOLO. ................................................................................................................. 69 TABELA 17 – TEOR DE UMIDADE ÓTIMO, DENSIDADE SECA MÁXIMA, ÍNDICE DE VAZIOS E GRAU DE SATURAÇÃO. ...................................................................................................... 73 TABELA 18 -RESULTADO DA ANÁLISE QUÍMICA SEMIQUANTITATIVA DA AMOSTRA DE RESÍDUO DE PEDRA CARIRI. .................................................................................................. 73 TABELA 19 - RESULTADO DA ANÁLISE QUÍMICA SEMIQUANTITATIVA DA AMOSTRA DE SOLO ARGILOSO DE SANTANA DO CARIRI. ....................................................................... 74 TABELA 20 – DADOS DE EXPANSÃO LIVRE E TENSÃO DE EXPANSÃO .......................................... 78 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANM Agencia Nacional de Mineração ASE Área Superficial Especifica ASTM American Society for Testing and Materials BCS Black Cotton Soil CBR California Bearing Ratio CC Coeficiente de contração CKD Cement Kiln Dust CS Coeficiente de expansão CTC Capacidade de Troca Catiônica DLP Dolimitic Limestone Powder DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral DRX Difratômetro de Raios X EMPRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FRX Fluorescência por Raio-X FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IP Índice de plasticidade IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará LL Limite de liquidez LP Limite de plasticidade LP Limestone Powder NBR Norma Brasileira RBI grade 81 Inorganic, advanced soil stabiliser SEM Scanning electron microscope SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos SIRGAS Sistema de Referencia Geocêntrico para as Américas SS Solo de Santana do Cariri UCS Unconfined Compression Strength USBR United States Bureau of Reclamation USCS Unified Soil Classification System UTM Universal Transversa de Mercator WC Limite de contração Wi Conteúdo Natural de água WMP Wast Marble Powder 40%LP+60%S 40% de resíduo de pedra com 60 % de solo argiloso 60%LP+40%S 60% de resíduo de pedra com 40 % de solo argiloso 80%LP+20%S 80% de resíduo de pedra com 20 % de solo argiloso SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 16 1.1 Objetivo Geral .......................................................................................................... 18 1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 18 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 19 2.1 Solos Expansivos ....................................................................................................... 19 2.1.1 Mecanismo de expansão ............................................................................................ 19 2.1.2 Identificação dos solos expansivos............................................................................. 23 2.1.3 Fatores que influenciam a expansão dos solos ........................................................... 30 2.1.4 Ocorrência de solos expansivos ................................................................................. 35 2.2 Estabilização de Solos Expansivos .......................................................................... 37 2.2.1 Perspectiva histórica ................................................................................................... 37 2.2.2 Tipos de técnicas para estabilização dos solos expansivos ........................................ 39 2.2.2.1 Técnicas mecânicas / físicas....................................................................................... 40 2.2.2.2 Técnicas químicas ...................................................................................................... 45 2.2.2.3 Ações de remediação após construção ...................................................................... 46 2.3 Pedra Cariri .............................................................................................................. 48 3 MATERIAS E MÉTODOS ..................................................................................... 53 3.1 Descrição da Área De Estudo .................................................................................. 53 3.2 Investigação de Campo ............................................................................................ 57 3.2.1 Coleta de Amostras .................................................................................................... 57 3.2.2 Perfil de umidade do solo ........................................................................................... 60 3.2.3 Verificação de danos causados às edificações do local .............................................. 61 3.3 Investigação de Laboratório .................................................................................... 61 3.3.1 Materiais ..................................................................................................................... 61 3.3.2 Caracterização física................................................................................................... 62 3.3.3 Caracterização química e mineralógica ...................................................................... 63 3.3.4 Caracterização mecânica ............................................................................................63 4 RESULTADOS ......................................................................................................... 66 4.1 Investigação de Campo ............................................................................................ 66 4.1.1 Perfil de Umidade ....................................................................................................... 66 4.1.2 Investigação de patologias nas edificações ................................................................ 66 4.2 Investigação de Laboratório .................................................................................... 67 4.2.1 Caracterização Física .................................................................................................. 67 4.2.2 Caracterização Química e Mineralógica .................................................................... 73 4.2.2.1 FRX - Fluorescência de Raios - X..............................................................................74 4.2.2.2 DRX - Difração de Raios - X......................................................................................75 4.2.3 Caracterização mecânica ............................................................................................ 75 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 81 APÊNDICE A – FORMULÁRIO DE VERIFICAÇÃO DE DANOS ............................... 92 APÊNDICE B – REGISTRO DAS PATOLOGIAS NAS EDIFICAÇÕES ...................... 94 16 1 INTRODUÇÃO A indústria de rochas ornamentais e de revestimentos apresenta grande relevância econômica para o Brasil, o qual é o quarto maior produtor mundial. No ano de 2020 as exportações brasileiras de materiais rochosos naturais somaram US$ 987,4 milhões e 2,16 milhões de toneladas, sendo o Ceará o terceiro maior estado exportador do Brasil (CHIODI FILHO, 2021). No Ceará, destaca-se a região do Cariri, considerada um importante polo mineral que possui cerca de 97 milhões de metros cúbicos de reserva de calcário laminado (denominado comercialmente de Pedra Cariri), abrangendo, principalmente, os municípios de Santana do Cariri e Nova Olinda, cuja localização é exibida na Figura 1. Figura 1 – Localização dos municípios de Santana e Nova Olinda Fonte: Elaborado pela autora (2021). A Figura 2 mostra o perfil da rocha calcária na Pedreira dois Irmãos em Nova Olinda. A Pedra Cariri é um tipo de calcário sedimentar, formado essencialmente de 17 carbonato de cálcio. No processo de extração, os resíduos produzidos representam 70% da produção, pois a lavra é conduzida de forma rudimentar. Estes resíduos têm sua destinação final em locais inadequados, criando impactos ambientais negativos (CORREIA, VIDAL E RIBEIRO, 2006). Figura 2 – Perfil de rocha calcária na Pedreira Dois Irmãos em Nova Olinda. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Destaca-se que a gestão de resíduos sólidos industriais é uma preocupação mundial. No Brasil esse tema tem sido cada vez mais investigado no meio acadêmico. Diversos pesquisadores exploram novas aplicações e desenvolvem tecnologias com o intuito de conservar os recursos naturais e promover o desenvolvimento sustentável, como Barreto, Ghisi, Godoi e Oliveira (2020); Silva, Paes e Holanda (2011), Pederneiras et al. (2020), Gomes et al. (2020) e Ingunza, Santos Jr. e Gerab (2020). Somando-se ao problema dos resíduos sólidos, tem sido frequente a ocorrência de patologias de obras apoiadas em solos expansivos, principalmente em regiões de clima semiárido, como pode-se observar nas regiões de Picos-PI, Juazeiro do Norte-CE, Santana do Cariri-CE, Barbalha-CE, Paulista-PE, Nossa Senhora do Socorro-SE, entre outros, conforme apresentado nos trabalhos de Oliveira et al.(2018), Silva, Bandeira e Ribeiro (2016), Barbosa et al. (2021), Ferreira et al.(2013) e Leite et al.(2016). Os movimentos causados pela expansão do solo são normalmente de magnitude tal que provocam danos a estruturas prediais e pavimentos. Dependendo do potencial de expansão, esse tipo de solo pode promover mais 18 danos a estruturas do que desastres naturais, como terremotos e inundações (NELSON e MILLER, 1992). Na região de Santana do Cariri, o perfil observado nas pedreiras apresenta camadas superiores compostas de solo argiloso e camadas de calcário intemperizado que compõem aproximadamente 7 metros. Apenas cerca de 3 metros é aproveitado para extração de Pedra Cariri. O solo argiloso da camada superior é composto por montmorilonita, biotita, anortoclásio e quartzo, e apresenta alta plasticidade (Suassuna, Brasileiro e Prado, 2012). Essa camada superior apresenta potencialidade de ser expansiva, devido à presença do argilomineral montmorilonita. Alguns artigos internacionais apresentam resultados de estudos da influência dos resíduos de rochas ornamentais na redução do potencial de expansibilidade dos solos, destacando-se os trabalhos de: Baser (2009); Khan, Ali and Shah (2014); Memon et al. (2015); Ogila (2016); Saygili (2015) e Mohamed et al. (2021). Atrelada à carência de usos para os resíduos provenientes da extração de rochas ornamentais da Região Cariri Cearense, existe a necessidade da estabilização de solos expansivos; porém, não foi encontrado na literatura científica, publicações de estudos realizados no Brasil, sobre o uso do resíduo como estabilizador de solos expansivos; neste sentido, o presente trabalho foi desenvolvido com objetivo de subsidiar a minimização de dois problemas: dos impactos causados pelos resíduos de mineração e das patologias causadas pela expansão dos solos argilosos. 1.1 Objetivo Geral O objetivo principal deste trabalho é avaliar o potencial de redução da expansão dos solos com a adição do resíduo de mineração de rocha calcária. 1.2 Objetivos Específicos • Conhecer a caracterização física, química, mineralógica e mecânica da argila de Santana do Cariri, do resíduo de pedra e das misturas analisadas; • Investigar a redução da expansão livre e da tensão de expansão, para os diferentes teores de resíduo adicionados; • Averiguar uma faixa de teor de resíduo de pedra recomendável para estabilização da argila expansiva local. 19 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Solos expansivos O campo da mecânica dos solos pode se dividir em duas partes, a mecânica dos solos saturados e a dos solos não saturados. Essa distinção é necessária pela diferença de natureza e de comportamentos. Dentro do grupo dos solos não saturados estão os solos expansivos, quando em contato com água sofrem uma forte tensão de expansão por causa da sua composição mineralógica. O comportamento dos solos expansivos está associado ao fenômeno mecânico e físico-químico que ocorre a nível microscópico, sendo uma consequência das propriedades das partículas argilominerais presentes no solo (GENS; ALONSO, 1992). A maioria dos solos também está sujeito à expansão ou colapso quando em contato com água, dependendo da tensão aplicada e do histórico de tensão. Ao carregar o solo é possível que ocorra contração, e ao retirar o carregamento, devido ao alívio de tensões, poderá haver expansão. Além disso, na situação de um solo muito compacto pode ocorrer o rolamento das partículas umas por cima das outras devido a uma ação de cisalhamento, provocando dilatação resultando em variação de volume, apesar de não ser expansivo (BARBOSA, 2013; SHARMA, 1998). Desta forma, para identificar os solos expansivos, além de observar a variação de volume é importante atentar para a origem do solo. Dois grupos costumam originar solos expansivos, o primeiro engloba as rochas ígneas básicas como bassaltos, dolomitas e gabros. Os solos provenientes dessas rochas possuem os minerais feldspato e piroxenio, que se decompõem para formar a montmorilonitae outros minerais secundários. O segundo grupo são as rochas sedimentares que contém montmorilonita, como folhelhos, margas e calcários, com a sua desintegração física, formam solos expansivos (CHEN, 1975). 2.1.1 Mecanismo de expansão A mudança de volume dos solos expansivos é causada por uma combinação de vários mecanismos. Esses mecanismos podem ser mecânicos e/ou físico-químicos. A expansão mecânica está relacionada a um alívio de tensões, a qual o solo está submetido. Na prática podem ocorrer devido às escavações realizadas pelo homem, à ação de movimentos 20 tectônicos e às erosões. Os mecanismos físico-químicos que determinam o potencial expansivo de um argilomineral são: atração superficial das partículas, hidratação de cátions e repulsão osmótica (SNETHEN; JOHNSON; PATRICK, 1977). A atração superficial das partículas dos argilominerais é um mecanismo gerado pela magnitude das forças eletrostáticas. Sabe-se que nas argilas predominam cargas eletronegativas, devido a substituições isomórficas. Como consequência dessa carga negativa na superfície das partículas de argila, forças eletrostáticas existem entre a superfície e os cátions trocáveis dentro do meio fluido. Em busca de manter a neutralidade dentro do meio fluido, os cátions são atraídos para a superfície das partículas de argila. A concentração de cátions diminui com a distância da superfície das partículas de argila. Essa mudança na concentração produz a propriedade eletrostática conhecida como camada dupla difusa. Além disso, a quantidade de cátions necessária para a manutenção da neutralidade na superfície da argila é a Capacidade de Troca Catiônica (CTC). A camada dupla, consequentemente, causa uma separação entre os minerais e as partículas, causando o comportamento expansivo (SCHMITZ, 2006). Essas forças atrativas de superfície existem entre minerais de argila, entre mineral e água, e entre minerais de argila e cátions. Essas ligações resultam da forma do mineral e de sua estrutura cristalina interna. A atração e fixação de moléculas de água se realizam através de ligações de hidrogênio das moléculas de água a superfície do mineral de argila, e pela atração dipolo-dipolo de moléculas de água, como representado na Figura 3. A atração dipolo- superficie carregada nas argilas decresce com a distância à superfície (interior e exterior) do mineral. Figura 3 – Atração de superfície dipolo-dipolo Fonte: Adaptado de Mitchell and Soga (2005). 21 Somado a este, tem-se à hidratação de cátions, esse mecanismo pode-se considerar como um caso especial da atração da partícula de argila. É sabido que os cátions, tais como magnésio, sódio, potássio, são atraídos pela superfície das argilas, com a finalidade de neutralizar as diferenças de cargas. Nesta situação os cátions apresentam uma capacidade de atrair moléculas de água. Esta atração das moléculas de água resulta da carga do cátion que não foi completamente neutralizado. A influência da hidratação dos cátions implica, por um lado, forças de atração sobre moléculas de água, e por outro, aumento físico de tamanho (raio iônico) como é exibido na Figura 4. Não pode-se esquecer que, na realidade, não há sistemas puramente argila-água ou argila-cátion. Geralmente existe uma combinação argila-água- cation que dá origem ao mecanismo de repulsão osmótica (PRESA, 1982). Figura 4 – Esquematização da hidratação de cátions, adaptado de Mitchell and Soga (2005) Fonte: Adaptado de Mitchell and Soga (2005). A repulsão osmótica, é um mecanismo relevante em condições de umidade e concentração iônicas elevadas. Ocorre com a entrada de moléculas de água entre as camadas dos argilominerais, por causa de diferenças de concentração iônica na dupla camada difusa. A maior concentração ocorre junto à superfície do argilomineral e diminui à medida que se afasta. As concentrações iônicas diferentes permitem o ingresso da água com a finalidade de 22 equilibrar essas variações. Desta forma, ocorre um aumento da dupla camada e consequentemente do volume do solo (PEREIRA, 2004). Quando a combinação argila-água-cátion entra em contato com a água, com uma concentração iónica diferente (menor), a dupla camada atua como uma membrana semipermeável. Desta forma, permite a entrada de água, a fim de igualar as concentrações iônicas. Este processo denomina-se atração osmótica, como mostrado na Figura 5. O resultado dessa atração osmótica é o aumento da dupla camada difusa, que por sua vez aumentará o volume da massa de solo. A influência exata da repulsão osmótica, na mudança de volume não se sabe perfeitamente, porém é aceitável que esse mecanismo tenha maior influência para umidades mais altas, normalmente maiores que a umidade ótima de compactação normal (PRESA, 1982). Figura 5 – Esquematização da atração osmótica, adaptado de Mitchell and Soga (2005) Fonte: Adaptado de Mitchell and Soga (2005). Por fim, destaca-se que nas diversas tentativas de estudar esses mecanismos de expansão alguns autores acrescentaram a esses três mecanismos, outros de menor influência, tais como as forças de van der waals e a relação elástica. A influência individual de cada um dos mecanismos é difícil de estabelecer (PRESA, 1982). 23 Destaca-se que os solos expansivos lidam principalmente com tipos e quantidades de poros e suas interações com a água. A Figura 6 ilustra os poros entre camadas de argila, também conhecido como espaço intercamada, que representa a microporosidade, enquanto os poros interparticula e interagregados são chamados de macroporosidades. A água presente em ambas às regiões difere em termos de seus estados físicos. A expansão ocorre quando a água entra nos espaços entre as camadas da partícula. A “partícula de argila” representa uma pilha interconectada de camadas de argila com no máximo quatro camadas de água cristalina. Os “agregados de argila” são o conjunto de unidades formadoras de “partículas de argila” de uma estrutura dupla de argila compactada. A porção da superfície da partícula de argila paralela às "camadas de argila" é chamada de "face da partícula". No entanto, a parte da superfície da partícula de argila normal à face da partícula é conhecida como "borda da partícula". As camadas duplas difusas são produzidas em torno das faces das partículas (JALAL et al., 2020) como mostra a Figura 6. Figura 6 - Estrutura de argila compactada que descreve o processo de entrada de água dentro de placas de argila no nível micro estendido, adaptado de Masin and Khalili (2015) Fonte: Adaptado de Mašín and Khalili (2016) 2.1.2 Identificação dos solos expansivos Existem diferentes técnicas de classificação de solos potencialmente expansivos. Primeiramente deve-se destacar a caracterização mineralógica, útil para a avaliação do material, porém não é suficiente. Como por exemplo, a difração de Raio-X que identifica os 24 minerais argilosos baseado no espectro característico da sua difração por Raio-X. Além desse pode-se citar a microscopia eletrônica, utilizada para identificar os minerais argilosos baseado na dispersão que um feixe de elétrons experimenta ao atravessar o material. Os vários métodos de classificação mineralógica são importantes para atividades de pesquisas, porém, não são usuais para a prática da engenharia, por serem procedimentos caros e difíceis de executar. Outro método inclui as identificações indiretas, por meio do índice de plasticidade, limite de liquidez, atividade da argila, sucção do solo, dentre outros; no entanto nenhum tipo de identificação indireta deve ser usado de forma independente, caso contrário, as conclusões podem ser duvidosas e/ou falsas. O terceiro método trata-se das medidas diretas, as quais oferecem os melhores dados para a engenharia prática. Os testes são simples de executar e não requerem altos custos, nemequipamentos de alto desempenho. Destaca-se que os testes devem ser repetidos com o intuído de evitar conclusões incorretas (CHEN, 1975). 2.1.2.1 Métodos de identificações indiretas • Skempton (1953) Os limites de consistência e quantidade de argila podem ser combinados em um único parâmetro chamado de atividade. Esse termo foi definido por Skempton (1953). A atividade é descrita como: Atividade (Ac) = IP/% argila Skempton sugere três classificações, classe inativo para atividades menor do que 0,75, normal para atividades entre 0,75 e 1,25 e ativo para atividades maiores que 1,25. Argilas ativas promovem maior potencial de expansão. Valores típicos de alguns minerais estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 – Valores típicos de atividade das argilas Mineral Atividade Kaolinita 0,33 à 0,46 Ilita 0,9 Montmorilonita (Ca) 1,5 Montmorilonita (Na) 7,2 Fonte: Nelson and Miller (1992). 25 • Holtz and Gibbs (1956) Este método, também conhecido como USBR, é fundamentado em considerações simultâneas de algumas propriedades do solo, envolve correlação direta da expansão com conteúdo coloidal, IP e limite de contração. Baseado nas correlações dessas propriedades propôs-se um critério de identificação de argilas expansivas, como mostrado na Tabela 2. Tabela 2 – Critério de identificação Holtz and Gibbs (1956). Percentual de Colóides < 0,001 mm Índice de Plasticidade (IP) Limite de Contração (WC) Expansão esperada Grau de Expansividade > 28 > 35 < 11 <10 Muito Alta 20 – 31 25 – 41 7 – 12 10-20 Alta 13 – 23 15 – 28 10 – 16 20-30 Média < 15 < 18 > 15 >30 Baixa • Seed et al (1962) Seed et al. (1962) correlaciona o índice de plasticidade com o grau de expansão. De acordo com o mostrado na Tabela 3. Tabela 3 - Critério de identificação de Seed et al. (1962). Grau de expansão IP Muito alto >35 Alto 20-35 Médio 10-20 Baixo <10 • Van der Merwe (1964) Van der Merwe (1964) correlaciona o índice de plasticidade e a fração de argila no solo, para realizar a previsão do potencial de expansão, de acordo com a carta mostrada na Figura 7. Esta classificação é interessante, pois considera como alto potencial de 26 expansibilidade solos que apresentam baixa atividade de Skempton, porém com um alta porcentagem de argila. Figura 7 – Carta de Van der Merwe (1964) Fonte: Adaptado de Van der Merwe (1964). • Ranganathan e Satynarayana (1965) Ranganathan e Satynarayana (1965) relacionam o grau de expansividade em função do índice de contração (IC), sendo a diferença entre o limite de liquidez (LL) e o limite de contração (WC), conforme Tabela 4. Tabela 4 – Critério de Ranganathan e Satynarayana (1965). IC = LL-WC (%) Grau de expansão >60 Muito alto 30-60 Alto 20-30 Médio <20 Baixo • Chen (1965) Chen (1965) correlaciona o limite de liquidez com o grau de expansão, assim como Daksanamurthy and Raman (1973). A classificação é mostrada na Tabela 5. 27 Tabela 5- Critério de Chen (1965) LL Grau de expansão >60 Muito alto 40-60 Alto 30-40 Médio <30 Baixo • Daksanamurthy and Raman (1973) O critério de Daksanamurthy and Raman (1973) correlaciona o limite de liquidez com o grau de expansão, como exibido na Tabela 6. Tabela 6 - Critério de Daksanamurthy and Raman (1973) LL Grau de expansão >70 Muito alto 50-70 Alto 35-50 Médio 20-35 Baixo • Vijayvergiya and Ghazzaly (1973) O método define um índice de expansão para um solo expansivo como a proporção do conteúdo natural de água Wi e o limite de liquidez. Correlaciona esse índice com os dados de expansão e tensão dos testes edométricos. Em vez de um grau específico de expansão, os limites de provável expansão e pressão de expansão são definidos como mostrado na Tabela 7. Tabela 7 – Critério de Vijayvergiya and Ghazzaly (1973) Wi/LL Provevel pressão de expansão (tsf) Provavel expansão (%) >0,5 <0,3 0,37-0,5 0,3-1,25 1-4 0,25-0,37 1,25-3 4-10 <0,25 >3 >10 28 • Cuellar (1978) Cuellar (1978), sugeriu uma classificação para as argilas expansivas da Espanha, relacionando o limite de contração (WC) e o índice de plasticidade (IP), conforme apresentado na Tabela 8. Tabela 8 - Critério de Cuellar (1978). Limite de contração (WC) IP Grau de expansão <10 >35 Muito alto 8-11 25-35 Alto 11-15 15-25 Médio >15 <15 Baixo 2.1.2.2 Métodos de identificações diretas • Critério de Lambe (1960) Na proposta de Lambe (1960), uma amostra do solo é colocada no anel e carregada com uma tensão nominal de 10 t/m². A amostra é inundada e após duas horas, afere-se a pressão alcançada em kPa. Essa pressão é o índice de expansividade ou índice de Lambe. Relacionando o índice com o potencial expansivo do solo tem-se o critério de Lambe (1960), conforme mostrado na Tabela 9. Tabela 9 – Critério de Lambe (1960) Índice de Lambe (kPa) Potencial expansivo <80 Não crítico 80-150 Marginal 150-230 Crítico >230 Muito crítico 29 • Critérios da expansão Livre segundo Seed et al. (1962) Seed et al. (1962) compara a expansão livre, alusivo à amostra compactada à densidade máxima e umidade ótima, com uma tensão vertical de 7 kPa, com o grau de expansão do solo, descrito na Tabela 10. Tabela 10 – Critério da expansão livre segundo Seed et al. (1962). Expansão livre (%) tensão 7kPa Grau de expansão >25 Muito alto 5-25 Alto 1-5 Médio 0-1 Baixo • Grau de expansividade pelo critério de Chen (1965) Chen (1965) correlaciona a tensão de expansão e a expansão sob uma tensão de 50 kPa com o grau de expansão, conforme mostrado na Tabela 11. Tabela 11- Grau de expansividade pelo critério de Chen (1965). Tensão de expansão Expansão ( sob tensão de 50kPa) Grau de expansividade >1000 >10 Muito alta 250-1000 5-10 Alta 50-250 1-5 Média <50 <1 Baixa • Critério de Jimenez (1980) Neste método, foram classificados possíveis danos que podem acontecer se não forem tomadas precauções especiais. Utilizando-se de solo proveniente de Andaluzia na Espanha. Os critérios são exibidos na Tabela 12. 30 Tabela 12 - Critério de Jimenez (1980) Tensão de expansão (kPa) Possíveis danos >200 Demolição 100-200 Danos Graves 50-100 Fissuras Importantes 20-50 Fissuras pequenas <20 Sem danos 2.1.3 Fatores que influenciam a expansão dos solos O mecanismo de expansão é complexo e é influenciado por vários fatores. A expansão é o resultado de mudanças no sistema de água-solo que perturbam o equilíbrio interno das tensões. Partículas de argila geralmente são plaquetas com cargas elétricas negativas em suas superfícies e bordas com carga positiva. As cargas negativas são equilibradas por cátions na água do solo que se fixam nas superfícies das plaquetas por forças elétricas. O campo de força elétrica interpartícula é uma função das cargas superficiais negativas e da eletroquímica da água do solo. As forças de superfície de Van der Waals e as forças de adsorção entre os cristais de argila e as moléculas de água também influenciam o campo de força interpartículas. O sistema de força eletroquímica interna deve estar em equilíbrio com as tensões aplicadas externamente e a tensão capilar na água do solo. A tensão capilar é frequentemente chamada de sucção matricial (NELSON AND MILLER, 1992). Se a química da água do solo for alterada, seja alterando a quantidade de água ou a composição química, o campo de força interpartículas mudará. Se a mudança resultante nas forças internas não for equilibrada por uma mudança correspondente no estado de tensão aplicada externamente, o espaçamento das partículas mudará. Esta modificação ocorrerá de forma a ajustaras forças interpartículas até que o equilíbrio seja alcançado. Essa mudança no espaçamento das partículas se manifesta como retração ou dilatação. A Figura 8 exibe um bloco indeformado de solo expansivo, após um período de secagem, onde observa-se claramente a retração do solo, pois apresenta muitas trincas e rachaduras. Muitos dos fatores que influenciam o mecanismo de expansão também afetam ou são afetados por propriedades físicas do solo, como plasticidade ou densidade (NELSON AND MILLER, 1992). 31 Figura 8 – Bloco indeformado de solo expansivo após período de secagem. Fonte: Elaborado pela autora (2021). Os fatores que influenciam o potencial de contração-expansão de um solo podem ser considerados em três grupos diferentes, as características do solo que influenciam a natureza básica do campo de força interno, os fatores ambientais que influenciam as mudanças que podem ocorrer no sistema de força interna, e o estado de tensão. O solo e os fatores ambientais que afetam o comportamento de expansão e retração estão resumidos no Quadro 1 e no Quadro 2. 32 Quadro 1- Fatores que influenciam a expansão dos solos FATOR DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS Mineralogia da argila Os argilominerais que tipicamente causam variações de volume no solo são: montmorilonitas, vermiculitas e algumas camadas mistas de minerais. Ilitas e caulinitas não são frequentemente expansivas, mas podem causar variações de volume quando o tamanho das partículas é extremamente pequeno. Grim (1968); Mitchell (1973, 1976); Snethen et al. (1977) Química da água no solo A expansão é reprimida pelo aumento da concentração de cátions e do aumento da valência dos cátions. Por exemplo, cátions Mg2 + na água do solo resultariam em menos expansão do que cátions Na + Mitchell (1976) Sucção do solo A sucção do solo é uma variável independente de tensão efetiva, representada pela pressão negativa dos poros em solos insaturados. A sucção do solo está relacionada à saturação, gravidade, tamanho e forma dos poros, tensão superficial e características elétricas e químicas das partículas do solo e da água Snethen (1980); Fredlund and Morgenstern (1977); Johnson (1973); Olsen and Langfelder (1965); Aitchison et al. (1965) Plasticidade Em geral, solos que exibem comportamento plástico em amplas faixas de teor de umidade e que têm altos limites de líquido têm maior potencial para inchar e encolher. A plasticidade é um indicador do potencial de expansão Nelson and Miller (1992) ver seção 3.1 Estrutura e Textura do solo As argilas floculadas tendem a ser mais expansivas do que as argilas dispersas. Partículas cimentadas reduzem a expansão. A textura e a estrutura são alterados pela compactação com maior teor de água ou remoldagem. Foi demonstrado que a compactação por amassamento cria estruturas dispersas com menor potencial de expansão do que solos compactados estaticamente com menores teores de água Johnson and Snethen (1978); Seed et al (1962a). Densidade Seca Densidades mais altas geralmente indicam espaçamentos de partículas mais próximos, o que pode significar maiores forças repulsivas entre as partículas e grande potencial de expansão Chen (1973); Komomik and David (1969); Uppal (1965) Fonte: Nelson and Miller (1992). 33 Quadro 2 - Condições ambientais que influenciam o potencial de expansão FATOR DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS 1. Umidade inicial Um solo expansivo ressecado terá uma elevada afinidade por água ou sucção elevada, enquanto o mesmo com elevado teor de umidade diminuirá a sucção. De modo inverso, um perfil de solo úmido perderá umidade mais rápido quando exposto à secagem e contrairá mais do que um perfil de solo inicialmente seco. ------------- 2. Variação de umidade Variações de umidade na parte superior do perfil próximo a zona ativa definem principalmente os levantamentos. É nestas camadas que ocorrerão extensas variações de umidade e volume. Johnson (1978) 2.1 Clima A quantidade e variação de precipitação e evapotranspiração influenciam fortemente a umidade e o perfil devido às variações climáticas. Em climas semi-áridos ocorrem levantamentos periódicos devido aos curtos períodos de chuva. Holland and Lawrence (1980) 2.2 Água do subsolo Lençóis rasos de água fornecem uma fonte de umidade e lençóis de águas superficiais contribuem para o aumento da umidade. ------------- 2.3 Drenagem e fontes de águas superficiais Estruturas de drenagem superficiais, como por exemplo, tubulações, canaletas, etc., próximas a fundações de casas, podem se tornar uma fonte de água superficial. Vazamento de tubulações pode umidificar o solo até grandes profundidades Donaldson (1965) 2.4 Vegetação Árvores, arbustos e gramas retiram a umidade do solo por transpiração, e tornam diferentemente úmido o solo para os variados tipos de vegetação. Bucley(1974) 2.5 Permeabilidade Camadas com elevada permeabilidade, particularmente devido a fissuras e rachaduras na massa de solo, permitem uma rápida migração de água e romove uma rápida velocidade de expansão. Wise; Hudson,(1971); Debruijn,(1965) 2.6 Temperatura Aumentos de temperatura causam a difusão de umidade para áreas mais frias abaixo de pavimentos e edifícios Johnson, (1978); Hamilton, (1969) 34 Quadro 2 - Condições ambientais que influenciam o potencial de expansão (continuação) FATOR DESCRIÇÃO REFERÊNCIAS 3.0 Condições de tensão 3.1 Histórico de tensões Um solo sobreadensado é mais expansivo que um solo com igual índice de vazios, porém normalmente adensado. Pressões de expansão podem aumentar com o envelhecimento de argilas compactas, mas o valor de expansão sob pequenos carregamentos não tem demonstrado ser afetado pelo envelhecimento de argilas compactas. Repetidos ciclos de umedecimento e secagem tendem a reduzir a expansão em amostras de laboratório, mas após um certo número de ciclos, a expansão não é afetada. Mitchell, (1976); Kassif; Baker, (1971) 3.2 Condições in situ O estado de tensão inicial no solo pode ser estimado a fim de avaliar as prováveis conseqüências do carregamento sob a massa de solo e/ou alteração do ambiente inerente a umidade. As tensões efetivas iniciais podem ser grosseiramente determinadas através de amostragem e testes em laboratório, ou por medidas e observações in situ ------------- 3.3 Carregamento A grandeza de sobrecarga aplicada influi quantitativamente na mudança de volume que ocorrerá, para um dado teor de umidade e densidade. Uma carga externa aplicada atua para balanceando das forças repulsivas entre partículas e reduzindo a expansão Holtz (1959) 3.4 Perfil do solo A espessura e posição da camada potencialmente expansiva influência consideravelmente no movimento do solo. Os maiores movimentos ocorrem em perfis que tem argilas expansivas desde a superfície até a região abaixo da zona ativa. Movimentos menores ocorrerão se o solo expansivo for recoberto por material não expansivo ou leito rochoso superficial Holland; Lawrence, (1980) Fonte: Nelson and Miller (1992). 35 2.1.4 Ocorrência de solos expansivos Os solos expansivos são encontrados em várias regiões no mundo, particularmente em regiões áridas e semiáridas. Essa distribuição depende da geologia, do clima, da hidrologia, geomorfologia e vegetação. Há relatos de ocorrência de solos expansivos nos seguintes países: Etiópia, Gana, Quênia, Marrocos, África do Sul e Zimbábue na África; Birmânia, China, Índia, Irã, Israel, Japão e Omã na Ásia; Argentina, Canadá, Cuba, México, Trinidad, EUA e Venezuela nas Américas; Chipre, Alemanha, Grécia, Noruega, Romênia, Espanha, Suécia, Turquia e Reino Unido na Europa; e Austrália (Figura9) (JONES, 2018). Figura 9 – Distribuição global de solo expansivo onde ocorrem os principais custos de construção (por região) Fonte: Jones (2018) Quanto a ocorrência de solos expansivos no Brasil, vale ressaltar o fator pedologia dos solos. A classificação brasileira de solos define os Vertissolos como solos minerais, com cores desde escuras a amareladas, acinzentadas ou avermelhadas, geralmente com presença de fendas como consequência da expansão e contração do material argiloso, como mostrado na Figura 10. Estes apresentam limitações físicas bem-marcantes, como alta plasticidade e pegajosidade, quando molhados, devido à presença de argilominerais expansivos e, quando secos, são extremamente duros. Essas características são observadas em solos expansivos, 36 desta forma, onde há Vertissolos, existe uma alta suscetibilidade à presença de solos expansivos. Estes são encontrados de forma expressiva no Semiárido nordestino, no Pantanal Mato-Grossense, na Campanha Gaúcha e no Recôncavo Baiano (EMBRAPA, 2018). Figura 10 – Registro fotográfico : (a) Vertissolo Ebânico, (b) Vertissolo Háplico, (c) Vertissolo Hidromórfico. Fonte: EMBRAPA (2018) No Brasil, os solos expansivos são encontrados em locais diversos. A Figura 11 mostra as ocorrências de solos expansivos no Brasil registrados em trabalhos científicos; inclui-se também algumas localidades com presença de Vertissolos, de acordo com o mapa pedológico do Brasil. 37 Figura 11 – Mapa de ocorrências de solos expansivos no Brasil e áreas com presença de Vertissolos. Fonte: Elaborado pela autora (2021). 2.2 Estabilização de solos expansivos 2.2.1 Perspectiva histórica Em aproximadamente 80 anos de literatura geotécnica, observa-se um grande destaque para o estudo do comportamento das argilas, provavelmente por causa dos grandes danos estruturais resultantes da conduta deste tipo de solo, como pode ser visto em diversos trabalhos como os de Gill et al., 1996; Karp, 1994; Nelson and Miller, 1992; Meehan e Karp (1994); Day (1992) e Ozer, Ulusay e Isik (2011) . 38 Engenheiros, arquitetos e construtores, buscaram ao longo do tempo muitas formas de reduzir os danos causados por solos expansivos. As ações deles eram baseadas, frequentemente, em metodologias de tentativa e erro. Inicialmente, utilizaram estabilização mecânica, mas perceberam a necessidade de alterar as propriedades físico-químicas das argilas em prol de uma estabilização permanente. Na década de cinquenta, engenheiros começaram a publicar seus sucessos em modificações do comportamento das argilas. A maioria das ideias básicas utilizadas hoje, de melhoramento do comportamento dos solos expansivos, foi publicada até a década de sessenta, tanto as modificações físicas como químicas (PETRY AND LITTLE, 2002). Na segunda metade do século 20, muitas tentativas foram feitas pela comunidade geotécnica para explicar os fundamentos do comportamento de solos expansivos e sua identificação adequada. Um método por Palit (1953) foi relatado para determinar definitivamente a pressão de expansão do Black Cotton Soil (BCS), onde foi apontado que um aumento na altura da amostra durante o teste causa um aumento na pressão de expansão, embora a relação continue imatura. Informações obtidas a partir do ensaio endometrico por Jennings e Knight (1957) foram usadas para entender o fenômeno de expansão. Outros esforços levaram a determinação do potencial de expansão de argilas expansivas usando observações de laboratório, preditivas e de campo (LAMBE, 1960; FREDLUND, 1975; JOHNSON, 1978). Na década de 1960, a Iowa State University tornou-se líder em pesquisas na estabilização de solos com cal e cimento Portland. Os efeitos da pulverização e migração de calcário em solos tratados começou a ser estudado e ainda a durabilidade de solos estabilizados com cal. Diversos trabalhos desta época forneceram um aprofundamento e compreensão do mecanismo em que o hidróxido de cálcio interage na superfície dos minerais de argila para alterar a superfície e estabilizá-la. Além disso, a estabilização por injeção de pasta de cal de alta pressão começou na década de 1960. No final desta década, metodologias de estabilização de cal se tornaram as mais amplamente utilizadas para controlar solos argilosos expansivos (PETRY AND LITTLE, 2002). Posteriormente, na década de 70, estudos focaram em torno da estabilização com a Cal, constatou-se que esta trata até solos orgânicos. Estudou-se também a aceleração das reações solo-cal com a adição de sal na mistura. Nesta década também houve a publicação do primeiro manual sobre estabilização de solo com a cal. Porém com o tempo, dosagens errôneas de cal para estabilização de solos, fizeram com que este agente perdesse a credibilidade no meio geotécnico. Outros agentes químicos estabilizantes começaram a ser 39 estudados, como o cimento. Além disso, iniciou-se estudos sobre o efeito de barreiras de umidade, e ainda a associação desta com a pré-molhagem. Após isso, nos anos 80, as pesquisas começaram a se aprofundar nos fundamentos das reações solo-cal, e a utilização da cal foi melhor definida nesta época. Além disso continuaram-se as pesquisas com diversos agentes químicos. No início da década de 1990, a estabilização das argilas expansivas foi descrita em um livro de Nelson e Miller (1992). Com o passar do tempo, as pesquisas se aprofundaram e se diversificaram quanto aos agentes estabilizantes e inovações em formas de tratamento (PRETY AND LITTLE, 2002) 2.2.2 Tipos de técnicas para estabilização dos solos expansivos Para a estabilização do solo, dois métodos são frequentemente empregados, estabilizações mecânicas e químicas ((ESTABRAGH et al., 2013; ESTABRAGH; RAFATJO; JAVADI, 2014; SOLTANI; DENG; TAHERI, 2018). Cada um dos dois métodos pode ser usado independentemente ou simultaneamente. Para argilas expansivas, os engenheiros preferem a modificação físico-química do solo para alcançar durabilidade (PETRY E LITTLE, 2002). Ou seja, a consolidação da variação de expansão e retração é calibrada de forma a manter ou melhorar as propriedades relacionadas à força, por um período extenso. Isso é obtido usualmente, através de estabilização química (IKEAGWUANI; NWONU, 2019). A Tabela 13 mostra um resumo das vantagens e desvantagens dos métodos de estabilização mecânicos e químicos. Tabela 13 - Resumo das vantagens e desvantagens das técnicas de estabilização de solo mecânicas e químicas Técnica Vantagens Desvantagens Mecânica (i) O processo de aplicação é relativamente fácil e não requer mão de obra com alto nível de especialização; (i) Envolve atividade física prolongada a ser executada in situ quando o controle de qualidade é essencial, desta forma pode ser demorada; (ii) Não requer testes laboratoriais demorados; (iii) Não apresenta risco de impacto ambiental devido a utilização de compostos nocivos; (ii) O resultado pode ser imprevisível, principalmente com as técnicas de pré- umedecimento e os ciclos de umedecimento e secagem; (iv) Pode servir como uma alternativa de gestão de resíduos eficaz para aterros; (iii) Quando as condições do solo são críticas, não é suficiente; 40 (v) Pode ser facilmente aplicado quando as propriedades do solo não são consideradas críticas. (iv) Normalmente, não são suficientes para a estabilização do solo, sozinhos. Químicas (i) O resultado esperado é obtido através de testes laboratoriais padronizados; (i) A aplicação em situ, talvez não seja pragmática devido as condições de campo variarem com as condições dos experimentos controlados de laboratório; (ii) Na maioria das vezes a quantidade de aditivo químico necessária é muito pequena, não sendo relevante no custo; (ii) A liberação de compostos nocivos,está frequentemente, associada com a produção e reação de alguns agentes tradicionais, e também ao risco de contaminação do lençol freático através de elementos tóxicos lixiviados; (iii) Uma vez que o processo se baseia na reação química dependente do tempo que ocorre espontaneamente após o início da mistura, não é um processo demorado; (iii) Pode não ser adequado quando o custo de obtenção do aditivo químico torna-se proibitivo, em relação a quantidade necessária para a estabilização eficaz do solo; (iv) Também serve como estratégia de gestão de resíduos para reciclar sub produtos de indústrias; (iv) Quando as condições desfavoráveis são predominantes, o efeito de estabilização química pode tornar-se prejudicial, por exemplo reações solo-cal-sulfato, estabilização induzida por craqueamento etc. (v) Considerado independentemente efetivo em relação ao melhoramento das propriedades do solo. Fonte: Adaptado Ikeagwuani e Nwonu (2019) 2.2.2.1 Técnicas mecânicas / físicas • Compactação A compactação é uma técnica de engenharia para densificar o solo ao empacotar as partículas mais perto umas das outras, com a redução do volume de ar. Esta técnica resultará no aumento da resistência ao cisalhamento do solo e diminuir sua compressibilidade. A compactação também pode aumentar a capacidade de carga do solo, aumenta o fator de segurança contra possíveis falhas e reduz as características de expansão e contração do solo (ATTOM, 1997). Os efeitos da variação do teor de umidade e da densidade em solos expansivos foram estudados nos últimos anos. Uma relação exponencial positiva foi estabelecida entre a densidade seca máxima e a força expansiva, enquanto foi negativa entre o teor de umidade e força expansiva. Este resultado está de acordo com estudos em que o potencial de expansão aumenta com o aumento da densidade seca máxima e diminuição do teor de água (FERBER et al., 2009; HUSSAIN, 2017). O efeito do processo de compactação em solo expansivo é mais perceptível em escala macroscópica do que em microestrutura. Estudos microestruturais realizados em misturas compactadas de bentonita-areia usando porosimetria de intrusão de mercúrio mostrou que os poros intra-agregados com tamanho médio diâmetro menor que 0,2 µm não 41 foram afetados pela densidade seca do solo. Enquanto os poros inter-agregados variaram em diferentes densidades secas (10 µm a 1,67 Mg/cm³ e 50 µm a 1,97 Mg/cm³) (WANG et al., 2013; CUI, 2017). A relevância do controle de compactação na estabilização expansiva do solo é evidente, uma vez que a flutuação de umidade é a força motriz por trás do comportamento de mudança de volume exibido pelo solo (IKEAGWUANI E NWONU, 2019). • Ciclos de molhagem e secagem Devido à natureza do comportamento de expansão do solo, os ciclos de secagem e molhagem do solo são frequentemente usados para investigação das condições de equilíbrio no campo. Um ciclo de secagem e molhagem envolve basicamente inundar o solo expansivo com água até que o inchaço completo seja obtido, seguido por uma secagem correspondente do solo ao seu conteúdo inicial de água. O ciclo é repetido até que um estado de equilíbrio seja alcançado, no qual a deformação plástica gradualmente desaparece. As investigações sobre o efeito dos ciclos de secagem e molhagem em solos expansivos mostraram resultados conflitantes. Soltani et al. (2017) investigou recentemente o impacto do ciclo de secagem e molhagem no comportamento de dilatação de um solo expansivo. Os resultados da curva de deformação axial mostraram claramente uma redução de cerca de 50% no potencial de dilatação, aumento de 30% no potencial de retração e faixa de deformação plástica de 6,8% a partir de um valor inicial de 7,1% no 1º ciclo a 0,3% no 5º ciclo, representando a condição de equilíbrio. Vários pesquisadores também relataram redução semelhante no potencial de inchaço com aumento no número de ciclos de secagem com umedecimento, incluindo Yazdandoust e Yasrobi (2010) e Estabragh et al. (2013). Os ciclos de secagem e umedecimento também são usados para estudos de durabilidade de aditivos químicos usados na estabilização do solo para entender o desempenho de longo prazo de tais aditivos em condições de campo, alternando umedecimento e secagem no solo estabilizado (IKEAGWUANI E NWONU, 2019). • Reforço O reforço do solo como meio mecânico de estabilizar solos fracos envolve o uso de materiais fibrosos que podem estar na forma de geossintéticos (geogrelha, geotêxtil, geocompósito, geonet e geocell) ou fibras distribuídas aleatoriamente de origem natural ou sintética (HEJAZI et al., 2012). Em outras palavras, muitas vezes requer a colocação dos 42 componentes mencionados aleatoriamente ou especificamente projetados no regime de solo, e cria uma rede de reforço tridimensional (3D) em favor de tecer (ou intertravar) os grãos do solo em uma unidade de massa, com desempenho mecânico melhorado. Diferentes tipos e configurações de fibras naturais e sintéticas usadas para reforço do solo são mostrados na Tabela 14. Tabela 14 - Diferentes tipos e configurações de fibras naturais e sintéticas usadas para reforço Fonte da fibra Tipo da fibra Dosagem/ quantidade ótima (%) Configuração da fibra (mm) Referência Natural Fibra de coco 0,2-1 >4,75 Jayasree et al. (2015) Medula de fibra de coco 0,5-3 <4,75 Jayasree et al. (2015) Fibra de sisal 0,25-1 10-25 Prabakar and Sridhar (2002) Fibra de palma 0-1 20-40 Marandi et al. (2008) Fibra de juta 0,3-0,9 6-18 Wang et al. (2017) Fibra de linho 0,6 85 Segetin et al. (2007) Fibra de palha de cevada 0-3,5 10-500 Bouhicha et al. (2005) Sintética Fibra residual de carpete 1-5 2-200 Mirzababaei et al. (2013a) Fibra de polipropileno 0,5-1,5 10-30 Estabragh et al. (2014) Resíduos de fibra de borracha 0-10 ≤15 Yadav and Tiwari (2017b) Fibra de poliéster 0-2 3-12 Kumar et al. (2006) Fibra de vidro 0,25-1 10-30 Patel and Singh (2015) Fibra de polietileno 0-4 12-36 Choudhary et al. (2010) Fibra de álcool polivinílico 1 12 Park (2011) Fonte: Ikeagwuani e Nwonu (2019). Uma revisão abrangente de fibras naturais e sintéticas para o reforço do solo foi feito por Hejazi et al. (2012), descrevendo os efeitos de algumas fibras distribuídas aleatoriamente nas propriedades de engenharia dos solos. No entanto, a discussão sobre os efeitos de estabilização de resíduos de fibra de carpete e resíduos de fibras de borracha não foi incluída neste trabalho. • Resíduos O aproveitamento racional de um subproduto pode implicar numa redução importante no impacto ambiental que seria gerado pelo seu descarte. Desta forma, resulta em grandes vantagens para o meio ambiente. Somado a isto, uma prática comum para estabilizar os solos expansivos é retirar parte do material e substituir por materiais não expansivos como areia e pedregulhos. Porém, essa solução está atrelada a um custo elevado para execução, 43 como alternativa a isto, busca realizar a mistura da argila expansiva com outros tipos de materiais não expansivos. Por isso, nos últimos anos, os resíduos sólidos têm sido estudados como os agentes não expansivos incluídos nessas misturas (AHMED; HASSAN; LOTFI, 2019). Dentro dos resíduos sólidos destaca-se a reciclagem de resíduos de rochas ornamentais pois são uma preocupação global. Pesquisadores estão trabalhando para explorar novas aplicações e desenvolvimento de tecnologias com o intuito de conservar os recursos naturais, promover o desenvolvimento sustentável, bem como eliminar os impactos causados à saúde humana. Uma das formas de utilização desses resíduos tem sido na estabilização de solos expansivos. Em meio a esses, ressalta-se a utilização do resíduo de pedra calcaria como estabilizante. Ogila (2016)estudou a aplicação de colunas de resíduo com variados diâmetros e da sua mistura no solo com diversas porcentagens. Obteve como resultado que a pressão de expansão e a porcentagem de expansão diminuem muito com o aumento dos diâmetros do núcleo inserido e as porcentagens de mistura de resíduo de calcário. Os valores percentuais médios de redução da tensão de expansão e da expansão livre são aumentados de 2,21% para 43,09% e de 2,56% para 45,64%, respectivamente, para amostras de solo tratado com aumento nos diâmetros de núcleo de resíduo de calcário de 5 mm para 20 mm (1% a 16% da área total do solo). Os valores percentuais médios de redução da tensão de expansão e do percentual de elevação aumentaram de 10,29% para 70,73% e de 22,29% para 82,90%, respectivamente, para amostras de solo tratado com aumento nas porcentagens de mistura de resíduo de calcário de 10% a 30%. Além desta pesquisa, Ahmed, Hassan e Lotfi (2019) também avaliaram resíduos de pedra calcária, porém neste artigo, dois tipos de agentes estabilizantes são investigados: cal hidratada e subproduto de calcário dolomítico (DLP). O estudo revela que a cal é mais eficiente do que DLP na redução do inchaço e aumento da resistência. A cal hidratada e o DLP são considerados eficazes como estabilizadores na redução do índice de plasticidade (IP) e melhoramento da trabalhabilidade do solo. Por fim, misturar cal com DLP (uma substância barata) aumenta a eficiência da cal em reduzir a expansão do solo e aumentando sua resistência. Somado a estes, Pastor et al. (2019) também estudou aplicação de resíduo de pedra calcária. Nesta pesquisa, foi estudada a utilização deste subproduto como aditivo para beneficiamento de solos argilosos. O solo natural testado trata-se de uma argila mole do sudeste da Espanha, que foi misturada pela adição de 5, 10, 15, 20 e 25% de resíduo de 44 calcário seco por peso seco total do solo. Obteve-se como resultado uma redução do Limite de Líquido e do Índice de Plasticidade em até 17 e 32%, respectivamente, quando 25% do aditivo é adicionado. A redução do índice de expansão livre atinge um valor máximo de 61% quando 15% de resíduo foi adicionado. A resistência à compressão não confinada aumenta até 148% para a porcentagem máxima de adição. Observa-se uma redução da compressibilidade do solo misturado. Os índices Cc e Cs diminuem até 27% e 31%, respectivamente, quando o solo foi misturado com 25% de resíduo de calcário. Imagens SEM mostram uma microestrutura mais compacta do solo quando o resíduo de calcário é adicionado. De uma forma geral, os resultados obtidos mostram um aumento da resistência do solo e uma redução da sua deformabilidade com a adição de resíduo de calcário. Ademais, outros estudos também avaliaram a utilização de resíduos subprodutos da extração de mármore. Tais como Memon et al., (2015), esta pesquisa apresenta os detalhes e resultados de um estudo experimental para investigar o uso do resíduo de mármore como um estabilizador. As amostras de solo foram coletadas em diferentes locais da cidade de Nawabshah, Paquistão, enquanto o resíduo de mármore foi obtido no mercado local. O resíduo do mármore em proporções de 4, 8, 12, 16 e 20% em peso de entulho foi adicionado ao solo. A expansividade do solo, que foi “moderada”, reduziu-se para “insignificante” com proporção de 20% do resíduo de mármore. Os resultados mostraram melhorias notáveis nas propriedades físicas do solo com a adição de resíduo de mármore, que pode ser usado na prática como um estabilizador potencial para fortalecer os solos argilosos fracos. Saygili (2015) também avaliou a possibilidade de utilização de resíduos de resíduo de mármore na estabilização argilas expansivas. As taxas de adição de resíduo de mármore que foram estudadas foram de 0%, 5%,10%, 20% e 30% em peso. Os resultados indicam que a adição de resíduo de mármore melhorou os parâmetros de resistência ao cisalhamento e reduziu o potencial de expansão das amostras de argila testadas. Öncü e Bilsel (2018) também utilizaram o resíduo de mármore, porem como agente estabilizante secundário, os testes foram conduzidos em misturas expansivas de solo-areia com 5, 10 e 20% de inclusões de resíduos de mármore durante períodos de cura de 7, 28 e 90 dias. Os resultados dos testes mostraram que 10% de resíduo de mármore e 5% de resíduo de mármore por massa seca foram as quantidades ideais para mitigar o potencial de dilatação-retração e o índice de compressão, bem como produzir os maiores valores de resistência à compressão e flexão não confinados. Somado a estes, destaca-se uma pesquisa mais recente, Sakr et al. (2021), que também avaliou a aplicação do resíduo de mármore como estabilizante, através de um estudo de caso. Os resultados indicam que a tensão de expansão e o potencial de expansão são 45 reduzidos de 805,7 para 576 kN / m2 e 15,78 para 7,11%, respectivamente. O índice de plasticidade diminuiu de 35,9% (alta plasticidade) para 19,4% (baixa plasticidade), e o índice de expansão livre torna-se zero com a adição de resíduo de mármore residual (WMP). Este estudo recomenda uma substituição de 40% do WMP. Essa quantidade é adequada e econômica para este tipo de tratamento devido as suas soluções positivas para proteger o meio ambiente da poluição e reduzir o custo da construção. Outro resíduo bastante estudado para estabilização de solos é o Cement Kiln Dust (CKD). Trata-se de um resíduo sólido, de granulação fina, altamente alcalino, removido do gás de exaustão do forno de cimento por dispositivos de controle de poluição do ar. Kumar e Janewoo (2016) trabalha com um solo argiloso, altamente plástico, expansivo, com (CKD) e estabilizador (RBI Grau 81). A argila misturada com CKD, CKD e RBI Grau 81 revelou que os teores ideais são 10% CKD, 15% CKD com 4% RBI Grau 81, respectivamente. O resultado indica que o CKD sozinho diminuirá a densidade seca máxima e aumentará o teor de umidade ideal. CKD com RBI Grau 81 aumenta ligeiramente a densidade seca máxima e diminui o teor de umidade ideal. UCS aumentou com CKD sozinho e CKD com RBI Grau 81 de 88,3 para 976 kN / m2, respectivamente. Os valores de CBR foram aumentados pela adição de CKD, CKD com RBI Grau 81 de 1,65 para 21,7%. Com o tempo de cura de 3, 14 e 28 dias, os valores de UCS e CBR aumentaram devido à reação pozolânica do material de cimentação. O solo tratado teve redução considerável no índice de compressão. Ogila (2021) também trabalha com os solos de argila de alta expansibilidade e estabiliza-os usando várias dosagens de CKD como uma alternativa econômica para outros agentes estabilizadores como cal, cimento e outros produtos químicos estabilizadores. Este estudo revelou que ao adicionar CKD, a trabalhabilidade das argilas tratadas foi aumentada diminuindo o limite de líquido e índice de plasticidade, bem como aumentando a capacidade de carga. De acordo com os resultados deste estudo, o uso de uma quantidade considerável de CKD na estabilização de argilas problemáticas poderia potencialmente consumir a maior parte desse resíduo que é gerado todos os anos. Como além de ser considerada a alternativa mais econômica e sustentável comparada aos demais agentes estabilizadores químicos do solo. 2.2.2.2 Técnicas químicas Com a estabilização química modifica-se de forma permanente as propriedades físicas e mecânicas do solo. Utiliza-se aditivos como a cal, o cimento Portland, silicatos de sódio, materiais betuminosos, resinas, compostos de fósforo, em quantidade suficiente para 46 influenciar positivamente as propriedades do solo. A aplicação desses agentes químicos tradicionais tem sido estudada e frequentemente realizada nestas últimas décadas. Baseado em pesquisas previas (BAHAR; BENAZZOUG; KENAI, 2004; ESTABRAGH; BEYTOLAHPOUR; JAVADI, 2011; TAHERI et al., 2012), acredita-se que os agentes cimentantes, como
Compartilhar