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PNEUMONIAS VIRAIS INFLUENZA BOGLIOLO Os vírus do grupo Influenza são vírus de RNA classificados nos tipos A, B ou C de acordo com sua nucleoproteína e em subtipos conforme a combinação de sua hemaglutinina (H1 a H3) e neuraminidase (N1 ou N2). Embora a ativação da imunidade adaptativa contra a hemaglutinina e a neuraminidase virais tenda a reduzir a gravidade da infecção, as frequentes mutações no vírus (diretas ou por cruzamento entre cepas de diferentes espécies) permitem o escape do sistema imunitário, causando surtos epidêmicos e pandêmicos da doença, como ocorrido nas epidemias de gripe espanhola, gripe aviária (influenza A – H5N1) e, mais recentemente, gripe suína (influenza A – H1N1). Morfologicamente, tais infecções são caracterizadas por hiperemia, edema e lesão das vias aéreas superiores e inferiores com infiltrado de macrófagos e linfócitos, quadro que leva a produção de abundante secreção mucoide. Como já comentado, lesão epitelial favorece infecções bacterianas secundárias. A infecção pelo vírus da influenza A (H1N1), também conhecida como gripe suína (devido a propriedades da cepa infectante, que contém parte do material genético existente na cepa que infecta suínos), é transmitida exclusivamente entre humanos e foi inicialmente descrita na Cidade do México, em 2009, disseminando-se em seguida para o restante da América do Norte. A grande mobilidade da população mundial facilitada pelos meios de transporte de alta velocidade resultou em rápida difusão do vírus para a Europa e, por fim, para as regiões do Hemisfério Sul: América do Sul, África e Oceania. No segundo semestre de 2009, a Organização Mundial da Saúde a considerou uma pandemia global. Após período de incubação de até 15 dias, os indivíduos infectados com o vírus H1N1 apresentam quadro gripal caracterizado por febre, inapetência, cefaleia, mialgias e dispneia que pode progredir rapidamente para insuficiência respiratória aguda grave, especialmente em pacientes de risco (gestantes, imunossuprimidos, idosos, crianças e pessoas com neoplasias malignas ou doenças crônicas). A detecção do vírus pode ser feita por PCR, geralmente no lavado broncoalveolar. Morfologicamente, as lesões são as mesmas das infecções por outros tipos de influenza. Nos quadros graves, que cursam com insuficiência respiratória, os pulmões e as vias aéreas podem apresentar três padrões de acometimento, na seguinte ordem decrescente de frequência: (1) dano alveolar difuso; (2) dano alveolar difuso associado a bronquiolite necrosante; (3) dano alveolar difuso com hemorragia alveolar grave. Independentemente do padrão de lesão, pode haver metaplasia escamosa no epitélio das vias aéreas e, em inúmeras células epiteliais das vias aéreas e alvéolos, efeito citopático viral caracterizado por células multinucleadas com citoplasma amplo e núcleos irregulares e pleomórficos (Figura 14.26). ADENOVÍRUS Adenovírus são um grupo de vírus (vírus de DNA) que normalmente causam doenças respiratórias, como um resfriado comum, a conjuntivite (uma infecção no olho), crupe, bronquite ou pneumonia. Em crianças, geralmente adenovírus causam infecções no trato respiratório e no trato intestinal. Considere os seguintes fatos sobre adenovírus: 1. Infecção em crianças pode ocorrer em qualquer idade. 2. Infecções respiratórias são mais comuns no final do inverno, primavera e início do verão. 3. Infecções do trato intestinal podem ocorrer a qualquer momento ao longo do ano. Infecções do trato digestivo são mais comuns em crianças com idade inferior a 4 anos. 4. A maioria das crianças teve alguma forma de infecção nos primeiros 10 anos de vida. A seguir, as formas mais comuns de adenovírus transmitidos: Infecções respiratórias As infecções respiratórias ocorrem quando a criança entra em contato com o vírus. As secreções do trato respiratório podem conter o vírus, e ele também pode sobreviver por muitas horas em objetos inanimados, como maçanetas, superfícies duras e brinquedos. Infecção do trato intestinal A transmissão da cepa do vírus digestivo geralmente ocorre por contato fecal-oral. Geralmente, acontece quando não se lavam bem as mãos ou com a ingestão de alimentos ou água contaminados. A maioria das infecções por adenovírus é leve, com poucos sintomas. No entanto, cada criança pode experimentar sintomas de forma diferente. Infecções respiratórias (os sintomas podem se desenvolver de 2 a 14 dias após a exposição) e infecções do trato intestinal (sintomas podem se desenvolver entre 3 e 10 dias após a exposição). Os sintomas geralmente ocorrem em crianças menores de 4 anos e pode durar de 1 a 2 semanas. Os sintomas mais comuns do quadro respiratório são febre, tosse, coriza, dor de cabeça e garganta e, no quadro intestinal, febre, diarreia, vômitos e dor de barriga. Lavar as mãos é importante para evitar a propagação de adenovírus para outros bebês, crianças ou adultos. Se o seu filho está no hospital, os profissionais de saúde vão usar vestimentas especiais de isolamento, como batas e luvas, quando entrarem no quarto da criança. Tratamento do quadro respiratório: 1. Aumento da ingestão de líquidos: manter seu filho bem hidratado, por via oral, é importante. Se necessário, um acesso intravenoso pode ser inicicado para dar fluidos e eletrólitos a seu filho. 2. Broncodilatador: pode ser utilizado para abrir as vias aéreas da criança. Esse medicamento é frequentemente administrado em aerosol, por uma máscara ou um inalador. 3. Oxigênio suplementar através de uma máscara, tubos nasais ou uma tenda de oxigênio. 4. Ventilação mecânica: uma criança com quadro grave pode necessitar de ventilação mecânica ou um respirador para facilitar a respiração por um período de tempo. Tratamento para a infecção intestinal podem incluir: 1. Reidratação oral: com soro caseiro ou líquidos que ela está acostumada. 2. Alimentação com alimentos sólidos, se o seu filho for capaz de tolerá-lo. 3. Algumas crianças podem desenvolver desidratação grave o suficiente para exigir hospitalização. Adenovírus são vírus de DNA classificados de acordo com 3 antígenos capsídeos principais (hexon, penton e fibra). Existem 7 espécies de adenovírus humanos (A a G) e 57 sorótipos. Diferentes sorotipos estão associados a diferentes doenças. Adenovírus são geralmente adquiridos por meio de contato com secreções (inclusive transmissão por dedos) de uma pessoa infectada ou por contato com um objeto contaminado (p. ex., toalha, instrumento). A infecção pode ser transmitida pelo ar ou pela água (p. ex., adquirida ao nadar em lagos ou em piscinas sem cloração adequada). A disseminação assintomática do vírus, gastrintestinal ou respiratória, pode continuar durante meses, ou mesmo anos. Sinais e sintomas das infecções por adenovírus Em hospedeiros imunocompetentes, a maioria das infecções por adenovírus é assintomática. Quando as infecções são sintomáticas, um amplo espectro de manifestações clínicas é possível porque a maioria dos adenovírus que causam doença leve tem afinidade por vários tecidos. A maioria das infecções sintomáticas ocorre nas crianças e causa febre e sinais e sintomas respiratórios altos, como faringite, otite média, tosse e tonsilite exsudativa com adenopatia cervical, que podem ser difíceis de diferenciar da faringite estreptocócica do grupo A. Os tipos 3 e 7 do adenovírus causam uma síndrome diferente de conjuntivite, faringite e febre (febre da faringoconjuntivite). As raras síndromes por adenovírus nos lactentes são a bronquiolite e a pneumonia graves. Em populações fechadas de adultos jovens (p. ex., recrutas militares), podem ocorrer epidemias por doença respiratória; os sintomas incluem febre e sintomas do trato respiratório inferior, normalmente traqueobronquite e, algumas vezes, pneumonia. Ocorreram agrupamentos de casos de doença respiratória grave por adenovírus específicos (particularmente os tipos 7, 14 e 55) em adultos saudáveis. As infecções por adenovírusestão sendo cada vez mais reconhecidas como causas de doença respiratória grave e outras doenças clínicas em adultos imunocomprometidos. Algumas vezes a ceratoconjuntivite epidêmica é grave e ocorre de forma esporádica e em epidemias. Conjuntivites são frequentemente bilaterais. Adenopatia pré-auricular pode se desenvolver. Quemose, dor e lesões puntiformes das córneas, visíveis à coloração com fluoresceína, podem estar presentes. Os sinais e sintomas sistêmicos são leves ou ausentes. A ceratoconjuntivite epidêmica normalmente desaparece em 3 ou 4 semanas, embora as lesões da córnea possam persistir por mais tempo. Síndromes adenovirais não respiratórias incluem cistite hemorrágica, diarreia em crianças e meningoencefalite. A maioria dos pacientes se recupera por completo. Até mesmo a pneumonia primária grave por adenovírus não é fatal, com exceção de casos fulminantes raros, predominantemente em crianças, recrutas militares e pacientes imunocomprometidos. Diagnóstico de infecções por adenovirus Avaliação clínica Na doença grave, testes por reação em cadeia da polimerase (PCR [polymerase chain reaction]) das secreções respiratórias e do sangue O diagnóstico laboratorial de infecção por adenovírus raramente modifica a conduta. Durante a doença aguda, o vírus pode ser isolado de secreções respiratórias e oculares e frequentemente das fezes e da urina. Uma elevação de 4 vezes no título de anticorpos do soro indica infecção recente por adenovírus. O PCR pode detectar DNA dos adenovírus nas secreções respiratórias e no sangue, sendo útil quando os pacientes têm doença grave e o diagnóstico é necessário. Tratamento das infecções por adenovírus Tratamento sintomático O tratamento das infeções por adenovírus é sintomático e de suporte. Nenhum antiviral tem eficácia comprovada, embora a ribavirina e o cidofovir tenham sido usados com resultados variados em pacientes imunocomprometidos. Prevenção de infecções por adenovírus https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/cocos-gram-positivos/infec%C3%A7%C3%B5es-estreptoc%C3%B3cicas#v26288346_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-respirat%C3%B3rios-em-crian%C3%A7as-pequenas/bronquiolite https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/pneumonia/vis%C3%A3o-geral-da-pneumonia https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-da-conjuntiva-e-esclera/conjuntivite-viral#v6655957_pt Vacinas que contêm adenovírus vivos dos tipos 4 e 7, administradas por via oral em uma cápsula entérica revestida, podem prevenir a maioria das doenças causadas por esses dois tipos. A vacina não esteva disponível por alguns anos, mas foi reintroduzida em 2011. Contudo, só está disponível para os militares. Pode ser administrada a pacientes dos 17 aos 50 anos de idade e não deve ser prescrita para gestantes ou nutrizes. Para minimizar a transmissão, os médicos devem trocar as luvas e lavar as mãos depois de examinar os pacientes infectados, esterilizar corretamente os instrumentos e evitar o uso dos mesmos instrumentos oftalmológicos em vários pacientes. Os adenovírus são resistentes a muitos desinfetantes comuns; recomendam-se produtos contendo água sanitária com 2.000 a 5.000 ppm de cloro, assim antimicrobianos eficazes contra o norovírus recomendados pela US Environmental Protection Agency (EPA). Os US Centers for Disease Control and Prevention (CDC) emitem recomendações específicas para desinfectar equipamentos oftalmológicos a fim de prevenir a ceratoconjuntivite epidêmica. https://www.epa.gov/pesticide-registration/list-g-epas-registered-antimicrobial-products-effective-against-norovirus https://www.cdc.gov/conjunctivitis/clinical/prevent-ekc.html
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