Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 PNEUMONIA ➡ Definição: - Pneumonias são doenças inflamatórias agudas do parênquima pulmonar de causa infecciosa (vírus, bactérias e fungos), que acometem os espaços aéreos. - A COVID-19 é uma pneumonia viral. - É 10X mais comum em idosos. - É uma doença sazonal que ocorre principalmente nos meses de inverno, frio e seca (julho). - É a 3ª maior causa de morte no mundo, e é a doença infecciosa que mais mata. - 50% dos pacientes com choque sépTco tem pneumonia. - O quadro agudo deve ser tratado rapidamente e adequadamente antes que gere sepse ou fibrose no pulmão. - Não temos exame para diferenciar se é uma pneumonia bacteriana ou viral. A sugestão é tratar todos como infecção bacteriana. ➡ Tipos de pneumonia: - Pneumonia adquirida na comunidade (PAC): • Se desenvolve em pessoas que não estão hospitalizadas, pacientes não insTtucionalizados e/ou que não Tveram internação prévia. • Surge antes ou em até 48 horas após admissão hospitalar. Exceto em pacientes que: • Apresentam internação hospitalar por mais de 2 dias nos úlTmos 90 dias. • Residem em casa de repouso. • Receberam anTbióTcos endovenosos e/ou quimioterapia nos úlTmos 30 dias. • Recebem tratamento em clínicas de hemodiálise. • Pacientes classificados na lista acima apresentam maior risco de infecção por germes mulTrresistentes, sendo classificados como pneumonia associada à assistência à saúde. Um paciente que foi hospitalizado é infectado por germes mais resistentes do que aquele que não foi (germes mais fortes = tratamento mais forte). - Pneumonia nosocomial (adquirida em ambiente hospitalar ou de assistência à saúde): • Pneumonia em pacientes com fator de risco para germe hospitalar/mulTrresistente: • Pacientes internados em caráter de urgência por 2 ou mais dias nos úlTmos 90 dias antes da infecção. • Pacientes que residem em casa de repouso (asilo). • Pacientes que são tratados em internação domiciliar. • Pacientes que receberam anTbióTcos endovenosos e/ou quimioterapia e/ou tratamento de escaras nos úlTmos 30 dias antes da infecção. • Pacientes que recebem terapia renal subsTtuTva (hemodiálise). • Representam as infecções do trato respiratório inferior, diagnosTcadas após 48h da internação do paciente, não estando presentes nem incubadas anteriormente à data de internação. • Pneumonia Nosocomial precisa de um tratamento mais agressivo, com um anTbióTco mais forte (tratamento em ambiente hospitalar, com anTbioTcoterapia endovenosa); diferente da PAC, que tratamos com um anTbióTco mais fraco e domiciliarmente. 2 ➡ DiagnósJco: - O diagnósTco é baseado nos sinais e sintomas e no exame hsico, cujos achados podem ser confirmados pelo RX de tórax. - Sinais e sintomas: • Tosse - Sintoma mais prevalente na Pneumonia. • Expectoração. • Dispneia. • Dor torácica. • Confusão mental. • Cefaleia. • Sudorese. • Calafrios. • Mialgia. • Febre. - Exame Msico do tórax: • É o mais importante para fazer o diagnósTco. • Os achados variam de acordo com a extensão e complicações associadas. • Ausculta pulmonar: MV reduzido ou abolido no lobo afetado, presença de estertores e roncos. • Palpação: Expansibilidade torácica (do pulmão afetado) reduzida, frêmito toracovocal aumentado devido presença de exsudato. • Percussão: Som maciço devido consolidação do parênquima pulmonar. - RX de tórax: • O RX de tórax em associação com a anamnese e o exame hsico, faz parte da tríade propedêuTca clássica da PAC, sendo recomendada sua realização, quando disponível, nas incidências póstero-anterior (PA) e perfil. • Além da contribuição diagnósTca, o RX permite avaliar a extensão das lesões, complicações e auxiliar no diagnósTco diferencial. • É uTlizado na abordagem inicial do quadro de Pneumonia, sendo um método com óTmo custo-benehcio, de baixo custo, baixa emissão de radiação e grande disponibilidade. • Apresenta opacidade pulmonar (áreas de consolidação causadas pelo processo inflamatório). • O RX de tórax não é solicitado em todos os quadros de Pneumonia. Na suspeita de pneumonia nosocomial, um quadro mais grave causado por microrganismo mais resistentes, sempre solicitamos o RX de tórax. Na PAC não é necessário solicitar esse exame quando se há um diagnósTco claro do quadro e não há suspeita de pneumonia nosocomial ou de complicações. • Se o paciente com sinais e sintomas clínicos caracterísTcos de PAC, apresenta-se prostado, com rebaixamento e/ou mal estado geral, devemos solicitar a radiografia de tórax para melhor invesTgação (incidência em PA e Perfil). - TC de tórax: • É realizada quando: • Dúvida sobre o diagnósTco (quadro clínico incompalvel com imagem radiológica). • Quadro exuberante (pneumonia necroTzante). • Complicações (derrame pleural lacunado/septado, abscessos). • DiagnósTco Diferencial (Pneumocistose, Tuberculose, Neoplasia, Abscesso). • O COVID-19 normalmente não apresenta alterações radiológicas no início do quadro (apenas quando a área pulmonar compromeTda for muito extensa). Nesse caso, as alterações estarão presentes na TC de tórax (aspecto vidro fosco). • A Tomografia apresenta índice de radiação maior que o RX e também não é muito disponível. -Produtiva Tem que apresentar tosse e mais um desses sinais pelo menos -Dor ao respirar persistente -expectoração amarelada -Sudorese -Uso da musculatura acessória e ativa -Batimento da asa de nariz Feito esse Na UPA so tem em PA. Se tiver derrame as decúbito lateral de laurel 3 - Exames complementares: • Ureia: É um forte indicador de gravidade (Score De Curb). • Hemograma: Tem baixa sensibilidade e especificidade para o diagnósTco de Pneumonia. É solicitado para análise da resposta terapêuTca do paciente ao tratamento insTtuído. Portanto, é solicitado para pacientes internados (critério de gravidade). A Leucopenia (< 4000 leucócitos/mm3) é um sinal de mau prognósTco. • Glicemia, eletrólitos e transaminases: Não têm valor diagnósTco, mas podem auxiliar na decisão de hospitalização, devido à idenTficação de descompensação de alguma doença de base e complicações (hiperglicemia, hepaTte transinfecciosa – a inflamação pulmonar é tão intensa que causa inflamação hepáTca). • Proteína C reaTva: É um marcador de aTvidade inflamatória, portanto tem valor prognósTco no acompanhamento do tratamento. • Pró-calcitonina: É a “prima rica da Proteína C ReaTva”, ou seja, consTtui um marcador de aTvidade inflamatória, sendo o melhor marcador de gravidade (superior ao PCR). • Gasometria arterial: Não é solicitada para todos os pacientes, apenas quando SpO2 ≤ 90% em ar ambiente e em casos de pneumonia considerada grave ou se a presença de hipoxemia indica o uso de oxigênio suplementar e admissão hospitalar. (SatO2 ≤ 90% em ar ambiente = Pneumonia Grave). • Resumindo: Paciente com quadro clínico caracterísTco de pneumonia (tosse + febre + expectoração). Se for pneumonia nosocomial, quadro mais grave (germe mulTrresistente), deve-se fazer uma radiografia de tórax. Se for um quadro de PAC, a realização do RX de tórax dependerá do estado geral do paciente (avaliar o quadro clínico do paciente). Se o resultado da radiografia não for compalvel com a clínica exacerbada, deve-se considerar a realização de uma TC de tórax para melhor invesTgação. Pode-se também solicitar exames laboratoriais para invesTgação de outras comorbidades e avaliação da progressão do tratamento. ➡ Escore de gravidade: - Auxiliam na decisão de internação do paciente (se tratamento ambulatorial, se tratamento hospitalar prévio, ou tratamento domiciliar) e escolha do tratamento adequado. - Existem dois escores de gravidade: PORT SCORE (não precisa saber) e CURB-65. - Port Score: • Esse escore abrange 20 variantes, que incluem: CaracterísTcas demográficas, doenças associadas, alterações laboratoriais, alterações radiológicas e achados do exame hsico. • A parTr das variáveis apresentadas na primeira tabela, realiza-se uma somatória dos pontos de acordo com as caracterísTcasapresentadas pelo paciente. • A pontuação permite estraTficar a gravidade do quadro em 5 classes, baseadas no risco de morte: • PORT I: Mortalidade muito baixa (tratamento ambulatorial). • PORT II: Mortalidade um pouco maior (tratamento ambulatorial). • PORT III: Tratamento ambulatorial ou tratamento com internação breve (paciente é internado por 2/3 dias e depois conTnua o tratamento no ambulatório). • PORT IV e PORT V: Tratamento hospitalar (internação). 4 OBS: Não precisa decorar a primeira tabela, apenas a segunda. - CURB-65 e CRB-65: • É um escore de gravidade mais fácil e mais rápido de ser realizado, pois não possui tantas variáveis. • Baseia-se em variáveis representaTvas da doença aguda na PAC: • Confusão mental. • Ureia > 50mg/dl. • Frequência Respiratória ≥ 30 rpm. • Pressão Arterial Sistólica (PAS) < 90 mmHg ou Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≤ 60 mmHg. • Idade ≥ 65 anos. • O nome desse escore é um acrômio em inglês de cada fator de risco medido (CURB-65), podendo ser representado de forma mais simplificada (CRB-65) sem a dosagem de ureia (CRB-65 é realizado quando não é possível dosar a ureia). • Cada fator de risco representa 1 ponto, e o escore total tem 4 (CRB-65) ou 5 pontos (CURB-65). - COX-PSO: • O CURB-65 apresenta poucas variantes para a avaliação da gravidade do quadro. Sua maior limitação é a não-inclusão das doenças associadas que podem acrescentar maior risco de gravidade, tais como alcoolismo, insuficiência cardíaca e hepáTca, além de neoplasias. Portanto, se houver dúvida sobre a decisão de internar ou não o paciente, ou seja, se o CURB-65 não indicar internação, devemos avaliá-lo pelo COX-PSO: • C = Doenças associadas (comorbidades). • O = Grau de oxigenação. • X = Extensão radiológica. • P = Fatores psicossociais. • S = Fatores socioeconômicos. • O = Viabilidade do uso de medicação por via oral • CURB - 65: • 0-1 Ponto: Tratamento domiciliar (tratamento ambulatorial). • 2 Pontos: Considerar internação (tratamento hospitalar); internação breve (tratamento hospitalar por 2/3 dias e conTnuar com tratamento ambulatorial depois da alta). • 3 ou + Pontos: Internação (tratamento hospitalar). • 4 a 5 Pontos: Avaliar internação em UTI. • CRB - 65: • 0 Ponto: Tratamento domiciliar (tratamento ambulatorial). • 1-2 Pontos: Avaliar tratamento hospitalar. • 3-4 Pontos: Hospitalização urgente. 5 ➡ Tratamento: - A seleção do esquema terapêuTco inicial para pacientes com PAC considera os microrganismos de maior prevalência. O tratamento dirigido ao patógeno idenTficado, embora preferível, na maioria das vezes, não é possível no momento da decisão terapêuTca. - O Tratamento é estabelecido de acordo com a pontuação no escore de gravidade. CURB-65 6 - Macrolídeo: Azitromicina 500 mg VO 1X/dia por 5 dias ou 500 mg EV 1X/dia. - Beta-lactâmico: - Amoxicilina 500 mg VO de 8/8 horas. - Amoxicilina 875mg VO de 12/12 horas. - Ce}riaxone 2g EV 1X/dia (PORT III, IV e V). - Cefepime 2g EV de 8/8 horas (PORT III, IV e V). - Quinolona respiratória: - Moxifloxacina 400 mg VO 1X/dia. - Levofloxacina 500mg VO 1X/dia. - AnJ-pseudomonas: - Piperacilina - Tazobactam 4,5g EV de 8/8 horas (Pneumonia Nosocomial). - Cefepime 2g EV de 8/8 horas (Pneumonia Nosocomial). - Meropenem 1g EV, de 8/8 horas (Sepse). - Levofloxacina 500 mg EV 1X/dia. ➡ Caso clínico: - Mulher de 67 anos, DA (Doença de Alzaimer) CDR-1 (determina a restrição de funcionabilidade da paciente/classificação: início da doença), com história de tosse produTva, febre e confusão mental há 2 dias, e transferida de um lar de idosos para o PS do HRPP. De acordo com os registros de transferências, ela não teve hospitalização prévia ou uso recente de anTbioTcoterapia. Sinais vitais: T-38,4, PA - 145/85mmHg; FR - 30 rpm, FC- 120bpm, SaO2 - 91%. Exame Físico: Estertores em ambos pulmões. Exames Complementares: Leucócitos 4k, Na-130, Ureia- 60 e Radiografia - infiltrado terço inferior de ambos pulmões. - Tosse produTva + febre + confusão mental + estertores em ambos os pulmões – quadro clínico caracterísTco de Pneumonia - A paciente mora em um lar de idosos – casa de assistência à saúde (Pneumonia Nosocomial). - ESCORE DE GRAVIDADE: - Idade > 65 anos (67 anos) - 1 ponto. - FR = 30 - 1 ponto. - Ureia > 50 mg/dl (60 mg/dl) - 1 ponto. - Confusão mental - 1 ponto. - CURB-65 = 4 PONTOS. - CONDUTA: Tratamento hospitalar, analisar a possibilidade de UT. - TRATAMENTO: Tratamento para pneumonia nosocomial (risco de Pseudomonas): BETALACTÂMICO ANTI-PSEUDOMONAS + QUINOLONA ou MACROLÍDEO. - CEFEPIME 2g EV, de 8 em 8 horas + LEVOFLOXACINA 500mg EV, 1 vez ao dia ou AZITROMICINA 500mg EV, uma vez ao dia
Compartilhar