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PINESC V Ana Clara Silva Freitas Práticas Interdisciplinares de Interação Ensino-Serviço- Comunidade PINESC V UNIME 2022.1 PINESC V Ana Clara Silva Freitas Saúde da mulher Climatério Climatério: corresponde, segundo a OMS, ao período da mulher entre o final da fase reprodutora até a senilidade (+ ou – dos 40 aos 65 anos). Menopausa: interrupção da menstruação após 12 meses ininterruptos de amenorreia Precoce: antes dos 40 anos Tardia: após os 55 anos Etiopatogenia: Atresia folicular: Ao nascer: cerca de 20000000 Início da puberdade: 3000000 a 500000 Feedback hormonal Segundo o IBGE a média de idade do climatério é entre 48 anos. O fator socioeconômico, o desenvolvimento do país também interfere na variação de idade. Sintomas: Manifestações: menstruais, neurogênicas, psicogênicas, metabólicas, urogenitais e outras. Abordagem clínica Anamnese: Idade do paciente Idade da menopausa Antecedentes (pessoais, familiares) Hábitos de vida Exame clínico: Exame clínico completo incluindo, se possível o exame ginecológico. Diagnóstico: É basicamente clínico Exames complementares: Dosagem de hormônios Preventivo Mamografia USG transvaginal Exames de rotina (laboratório, ECG, etc) USG mamária Densitometria óssea Tratamento: Objetivo: otimizar a saúde e bem estar da paciente. Mudanças nos hábitos de vida PINESC V Ana Clara Silva Freitas Terapia de reposição hormonal/tratamentos alternativos não hormonais; Prevenção e/ou tratamento de comorbidades, principalmente cardiovasculares/ósseas e neoplásicas; Sinais e sintomas urogenitais: encaminhar para especialista (ginecologista). *PSNV: parto simples natural em vértice *PSAC: parto simples artificial cesáreo *IAM: infarto agudo do miocárdio Hipóteses diagnósticas: Climatério; HAS?; DescoradaAnemia; Sensibilidade na palpação dor pélvica (pode ser alterações de endométrio e/ou miométrio, DIP, infecções vulvovaginais, infecção de trato urinário). Condutas: USG transvaginal (para melhor visualização dos ovários); Preventivo; Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight PINESC V Ana Clara Silva Freitas Encaminhamento para ginecologista Mudanças na alimentação com redução de sódio e diminuição de bebida alcóolica para o controle da PA. Exames laboratoriais de rotina: hemograma, glicemia, hemoglobina glicada, perfil lipídico, transaminases, função renal, sumário de urina, parasitológico de fezes, urocultura, hormônios, Mamografia; Densitometria óssea; ECG; Encaminhar para oftalmologista para checar cefaleia; Investigar insônia. Políticas de saúde de relevância para o controle do câncer do colo do útero e da mama A Política Nacional de Promoção à Saúde (BRASIL, 2010b) tem entre seus objetivos promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. Além disso, visa ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde, e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras). Os objetivos do plano são: promover o desenvolvimento e a implantação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco; e fortalecer os serviços de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas. Entre as metas nacionais propostas estão: Aumentar a cobertura de mamografia em mulheres entre 50 e 69 anos. Ampliar a cobertura de exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos. Tratar 100% das mulheres com diagnóstico de lesões precursoras de câncer. E as principais ações para o enfrentamento dos cânceres do colo do útero e da mama são: Aperfeiçoamento do rastreamento dos cânceres do colo do útero e da mama. Universalização desses exames a todas as mulheres, independentemente de renda, raça- -cor, reduzindo desigualdades, e garantia de 100% de acesso ao tratamento de lesões precursoras de câncer. Linha de cuidado no câncer: Consulta com generalistaConsulta especializadaDiagnóstico Tratamento Cuidados paliativos. Atenção básica: As ações da Atenção Básica são diversas no controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Vão desde cadastro e identificação da população prioritária e prevenção ao acompanhamento das usuárias em cuidados paliativos. Atenção secundária: Os serviços de atenção secundária são compostos por unidades ambulatoriais, que podem ou não estar localizadas na estrutura de um hospital; e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, responsáveis pela oferta de consultas e exames especializados. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Atenção terciária: A atenção terciária é composta por serviços de apoio diagnóstico e terapêutico hospitalares. Com a atenção especializada ela constitui referência para a Atenção Básica dentro da lógica de hierarquização e regionalização do SUS. Câncer do colo de útero O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou a distância. Há duas principais categorias de carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete o epitélio escamoso (representa cerca de 80% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular. Epidemiologia: Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 274 mil mulheres por ano. Na análise regional no Brasil, o câncer do colo do útero destaca-se como o primeiro mais incidente na Região Norte, com 24 casos por 100 mil mulheres. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupa a segunda posição, com taxas de 28/100 mil e 18/100 mil, respectivamente, é o terceiro mais incidente na Região Sudeste (15/100 mil) e o quarto mais incidente na Região Sul (14/100 mil). História natural da doença: A presença do HPV na quase totalidade dos casos desse câncer e as altas medidas de associação demonstradas implicam na maior atribuição de causa específica já relatada para um câncer em humanos. Dessa forma está determinado que a infecção pelo HPV é causa necessária para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Aproximadamente 100 tipos de HPVs foram identificados e tiveram seu genoma mapeado, 40 tipos podem infectar o trato genital inferior e 12 a 18 tipos são considerados oncogênicos para o colo uterino. Entre os HPVs de alto risco oncogênico, os tipos 16 e 18 estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero. OBS: A dedução é que a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Além de aspectos relacionados à própria infecção pelo HPV (tipo e carga viral, infecção única ou múltipla), outros fatores ligados à imunidade, à genética e ao comportamento sexual parecem influenciar os mecanismos ainda incertos que determinam a regressão ou a persistência da infecção e também a progressão para lesões precursoras ou câncer. A idade também interfere nesse processo, sendo que a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que acimadessa idade a persistência é mais frequente (IARC, 2007). O tabagismo aumenta o risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero, proporcionalmente ao número de cigarros fumados por dia e ao início em idade precoce. Manifestações clínicas: PINESC V Ana Clara Silva Freitas A infeccão pelo HPV apresenta-se na maioria das vezes de forma assintomática, com lesões subclínicas (inaparentes) visíveis apenas após aplicação de reagentes, como o ácido acético e a solução de Lugol, e por meio de técnicas de magnificação (colposcopia). As lesões clínicas podem ser únicas ou múltiplas, restritas ou difusas, de tamanho variável, planas ou exofíticas, sendo também conhecidas como condiloma acuminado, verruga genital ou crista de galo. As localizações mais frequentes são a vulva, o períneo, a região perianal, a vagina e o colo do útero. Menos comumente podem estar presentes em áreas extragenitais como conjuntiva, mucosa nasal, oral e laríngea. Dependendo do tamanho e localização anatômica, as lesões podem ser dolorosas, friáveis e/ou pruriginosas. Lesões precursoras: As lesões precursoras do câncer do colo do útero são assintomáticas, podendo ser detectadas por meio da realização periódica do exame citopatológico e confirmadas pela colposcopia e exame histopatológico. Câncer do colo do útero: No estágio invasor da doença os principais sintomas são sangramento vaginal (espontâneo, após o coito ou esforço), leucorreia e dor pélvica, que podem estar associados com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados. Ao exame especular podem ser evidenciados sangramento, tumoração, ulceração e necrose no colo do útero. O toque vaginal pode mostrar alterações na forma, tamanho, consistência e mobilidade do colo do útero e estruturas subjacentes. Prevenção: A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV. O uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente do contágio pelo HPV, que também pode ocorrer por intermédio do contato com a pele da vulva, a região perineal, a perianal e a bolsa escrotal. Atualmente há duas vacinas aprovadas e comercialmente disponíveis no Brasil: a bivalente, que protege contra os tipos oncogênicos 16 e 18, e a quadrivalente, que protege contra os tipos não oncogênicos 6 e 11 e os tipos oncogênicos 16 e 18. Rastreamento: O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame citopatológico. O intervalo entre os exames deve ser de três anos, após dois exames negativos, com intervalo anual. O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual. Os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame citopatológico, deve-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais. Resultado normal: Dentro dos limites da normalidade no material examinado; Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. Alterações celulares benignas: PINESC V Ana Clara Silva Freitas Inflamação sem identificação de agente: Caracterizada pela presença de alterações celulares epiteliais, geralmente determinadas pela ação de agentes físicos, os quais podem ser radioativos, mecânicos ou térmicos e químicos. o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico, independentemente do exame ginecológico (B). Havendo queixa clínica de leucorreia, a paciente deverá ser encaminhada para exame ginecológico. O tratamento deve seguir recomendação específica. Metaplasia escamosa imatura: A palavra “imatura”, em metaplasia escamosa, foi incluída na Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos buscando caracterizar que esta apresentação é considerada como do tipo reparativa. o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. Reparação: Decorre de lesões da mucosa com exposição do estroma e pode ser originado por quaisquer dos agentes que determinam inflamação. É, geralmente, a fase final do processo inflamatório. o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico Atrofia com inflamação: Na ausência de atipias, é um achado normal do período climatérico e somente demanda atenção ginecológica caso esteja associado a sintomas como secura vaginal e dispareunia. o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. Na eventualidade do laudo do exame citopatológico, mencionar dificuldade diagnóstica decorrente da atrofia, deve ser prescrito um preparo estrogênico Achados microbiológicos: Lactobacillussp; Cocos e outros bacilos. o Recomendação: seguir a rotina de rastreamento citológico. A paciente com sintomatologia, como corrimento, prurido ou odor genital, deve ser encaminhada para avaliação ginecológica Resultados anormais: Pode-se dizer que as atipias de significado indeterminado não representam uma entidade biológica, mas sim uma mistura de diagnósticos diferenciais e dificuldades diagnósticas, não sendo consideradas anormalidades e sim ambiguidades citopatológicas, nas quais as alterações celulares são maiores que reacionais sugestivas de lesão intraepitelial, porém não quantitativa nem qualitativamente suficientes para o diagnóstico definitivo. Consequentemente, impõe-se a necessidade de definição diagnóstica posterior ou imediata, na dependência da gravidade da suspeita. Já o diagnóstico citopatológico compatível com LSIL representa a manifestação citológica da infecção pelo HPV, altamente prevalente e com potencial de regressão espontânea muito frequente, especialmente em mulheres com menos de 30 anos. A compreensão da história natural da infecção pelo HPV embasa o adiamento da investigação com a repetição da citologia, evitando também o aumento de custos físicos, psíquicos e econômicos. Em contrapartida, as HSIL e o adenocarcinoma in situ são considerados as lesões verdadeiramente precursoras do câncer do colo do útero, caso não detectadas e tratadas. É imprescindível orientar as mulheres quanto à necessidade da investigação e, eventualmente, do tratamento. Porém deve-se enfatizar que essas lesões podem demorar muitos anos para progredir para câncer e que são totalmente curáveis na maioria das vezes. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Câncer de mama O câncer de mama, assim como outras neoplasias malignas, resulta de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Tais alterações genéticas podem provocar mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do tumor. O processo de carcinogênese é, em geral, lento, podendo levar vários anos para que uma célula prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo apresenta os seguintes estágios: iniciação, fase em que os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; promoção, fase em que os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e progressão, caracterizada pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula. As lesões precursoras do carcinoma mamário como a hiperplasia ductal atípica, a neoplasia lobular e carcinoma ductal in situ apresentam alterações genéticas comuns aos carcinomas. Nem todas as lesões proliferativas epiteliais são precursoras, como as hiperplasias usuais, por exemplo. Entretanto lesões não proliferativas como as alterações colunares, são, de fato, precursoras do câncer. O carcinoma ductal in situ é uma proliferação epitelial neoplásica intraductal que respeita a barreira da membrana basal. São classificados de baixo e alto grau,considerando o volume nuclear, a distribuição da cromatina e as características dos nucléolos. Tal classificação representa o grau de agressividade da lesão. A Doença de Paget, um tumor raro que representa 0,5% a 4% das patologias malignas da mama, provoca prurido no complexo areolopapilar e apresenta-se inicialmente como um eritema e espessamento cutâneo, evoluindo para uma erosão cutânea eczematoide ou exudativa. Noventa e sete por cento das pacientes portadoras dessa patologia apresentam um carcinoma subjacente. Nos casos subclínicos, o diagnóstico é feito por meio de exame histopatológico do complexo areolopapilar. O carcinoma invasivo da mama constitui um grupo de tumores epiteliais malignos que transpassam a membrana basal da unidade ductotubular terminal, invade o estroma e tem potencial para produzir metástases. O carcinoma ductal infiltrante é o tipo mais prevalente, com vários subtipos histopatológicos, alguns particularmente relacionados a um melhor prognóstico como os medulares, os mucinosos e os tubulares. Epidemiologia: No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama também é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, exceto na Região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição. Para o ano de 2011, foram estimados 49.240 casos novos, que representam uma taxa de incidência de 49 casos por 100 mil mulheres. História natural: A história natural do câncer de mama pode ser dividida em fase pré-clínica, que compreende o intervalo de tempo entre o surgimento da primeira célula maligna e o desenvolvimento do tumor até atingir condições de ser diagnosticado clinicamente, e fase clínica, que inicia a partir deste momento. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Fatores de risco: Idade (cerca de 70–80% dos tumores diagnosticados a partir dos 50 anos de idade); Menarca precoce; Menopausa tardia; Primeira gravidez após os 30 anos; Nuliparidade; Exposição à radiação; Terapia de reposição hormonal; Obesidade; Ingestão regular de álcool; Sedentarismo; História familiar Manifestações clínicas: O sintoma mais comum de câncer de mama é o aparecimento de um nódulo, geralmente indolor, duro e irregular, mas há tumores que são de consistência branda, globosos e bem definidos. Outros sinais de câncer de mama incluem: saída de secreção pelo mamilo – especialmente quando é unilateral e espontânea –, coloração avermelhada da pele da mama, edema cutâneo semelhante à casca de laranja, retração cutânea, dor ou inversão no mamilo, descamação ou ulceração do mamilo. A secreção papilar associada ao câncer geralmente é transparente, podendo também ser rosada ou avermelhada devido à presença de hemácias. Não deve ser confundido com as descargas fisiológicas ou associado a processos benignos, que costumam ser bilaterais, turvas, algumas vezes amareladas ou esverdeadas, e se exteriorizam na maioria das vezes mediante manobras de compressão do mamilo. Podem também surgir linfonodos palpáveis na axila. Rastreamento: A mamografia é o único exame utilizado para rastreamento, com capacidade de detectar lesões não palpáveis e causar impacto na mortalidade por câncer de mama, sendo por isso o exame de imagem recomendado para o rastreamento do câncer de mama no Brasil. A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização de mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária a cada dois anos é a rotina adotada em quase todos os países que implantaram rastreamento organizado do câncer de mama OBS: A relação risco-benefício do rastreamento populacional, em mulheres na faixa etária de 40 a 49 anos, é pouco favorável. Exame clínico das mamas: O ECM deve incluir a inspeção estática, inspeção dinâmica, palpação das mamas e das cadeias ganglionares axilares e supraclaviculares. A inspeção estática tem o objetivo de identificar visualmente sinais sugestivos de câncer, tais como alterações no contorno da mama, ulcerações cutâneas ou do complexo areolopapilar. É importante o examinador comparar as mamas observando possíveis assimetrias, diferenças na cor da pele, textura, e padrão de circulação venosa. Nesta etapa, a mulher pode se manter sentada com os braços pendentes ao lado do corpo ou com os braços levantados sobre a cabeça. Para realizar a inspeção dinâmica, o examinador deve solicitar que a mulher eleve e abaixe os braços lentamente, e realize contração da musculatura peitoral, comprimindo as palmas das mãos uma contra a outra adiante do tórax, ou comprimindo o quadril com as mãos colocadas uma de cada lado. PINESC V Ana Clara Silva Freitas A palpação consiste em examinar todas as áreas do tecido mamário e linfonodos. Para palpar as cadeias ganglionares axilares a paciente deverá estar sentada, o braço homolateral relaxado e o antebraço repousando sobre o antebraço homolateral do examinador. A palpação das cadeias ganglionares supraclaviculares deve ser realizada com a paciente sentada, mantendo a cabeça semifletida e com leve inclinação lateral. Atenção no puerpério A atenção à mulher e ao recém-nascido (RN) no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é fundamental para a saúde materna e neonatal. Recomenda-se uma visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê. Caso o RN tenha sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros 3 dias após a alta. O retorno da mulher e do recém-nascido ao serviço de saúde, de 7 a 10 dias após o parto, deve ser incentivado desde o pré-natal, na maternidade e pelos agentes comunitários de saúde na visita domiciliar. Objetivos: • Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido; • Orientar e apoiar a família para a amamentação; • Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido; • Avaliar interação da mãe com o recém-nascido; • Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las; • Orientar o planejamento familiar. “Primeira Semana de Saúde Integral” – ações a serem desenvolvidas Acolhimento da mulher e do RN por profissional de saúde habilitado: • Apresentar-se, perguntar o nome da mulher e do recém-nascido e atendê-los com respeito e gentileza; • Escutar o que a mulher tem a dizer, incluindo possíveis queixas, estimulando-a a fazer perguntas; • Informar sobre os passos da consulta e esclarecer dúvidas. Ações em relação à puérpera Anamnese: Verificar o cartão da gestante ou perguntar à mulher sobre: • Condições da gestação; • Condições do atendimento ao parto e ao recém-nascido; • Dados do parto (data; tipo de parto; se cesárea, qual a indicação); • Se houve alguma intercorrência na gestação, no parto ou no pós-parto (febre, hemorragia, hipertensão, diabetes, convulsões, sensibilização Rh); • Se recebeu aconselhamento e realizou testagem para sífilis ou HIV durante a gestação e/ou parto; • Uso de medicamentos (ferro, ácido fólico, vitamina A, outros). PINESC V Ana Clara Silva Freitas Perguntar como se sente e indagar sobre: • Aleitamento (freqüência das mamadas – dia e noite –, dificuldades na amamentação, satisfação do RN com as mamadas, condições das mamas); • Alimentação, sono, atividades; • Dor, fluxo vaginal, sangramento, queixas urinárias, febre; • Planejamento familiar (desejo de ter mais filhos, desejo de usar método contraceptivo, métodos já utilizados, método de preferência); • Condições psicoemocionais (estado de humor, preocupações, desânimo, fadiga, outros); • Condições sociais (pessoas de apoio, enxoval do bebê, condições para atendimento de necessidades básicas). Além dos fatores acima, deve ser realizada a avaliação clínico-ginecológica da mãe e fazer algumas orientações. Entre elas: higienização, alimentação, cuidados com o RN, planejamento familiar, introdução do método contraceptivo, etc. Ações em relação ao RN: Na primeiraconsulta: • Verificar a existência da Caderneta de Saúde da Criança e, caso não haja, providenciar abertura imediata; • Verificar se a Caderneta de Saúde da Criança está preenchida com os dados da maternidade. Caso não esteja, procurar verificar se há alguma informação sobre o peso, comprimento, apgar, idade gestacional e condições de vitalidade; • Verificar as condições de alta da mulher e do RN; • Observar e orientar a mamada reforçando as orientações dadas durante o pré-natal e na maternidade, destacando a necessidade de aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê, não havendo necessidade de oferecer água, chá, ou qualquer outro alimento; • Observar e avaliar a mamada para garantia de adequado posicionamento e pega da aréola; • Observar a criança no geral: peso, postura, atividade espontânea, padrão respiratório, estado de hidratação, eliminações e aleitamento materno, ectoscopia, características da pele (presença de palidez, icterícia e cianose), crânio, orelhas, olhos, nariz, boca, pescoço, tórax, abdômen (condições do coto umbilical), genitália, extremidades e coluna vertebral. Caso seja detectada alguma alteração, solicitar avaliação médica imediatamente; • Identificar o RN de risco ao nascer; • Realizar o teste do pezinho e registrar o resultado na caderneta da criança; • Verificar se foram aplicadas, na maternidade, as vacinas BCG e de hepatite B. Caso não tenham sido, aplicá-las na unidade e registrá-las no prontuário e na Caderneta de Saúde da Criança. • Agendar as próximas consultas de acordo com o calendário previsto para seguimento da criança: 2º; 4º; 6º; 9º; 12; 18 e 24º mês de vida. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Consulta puerperal (até 42 dias) Atividades Caso a mulher e o recém-nascido já tenham comparecido para as ações da primeira semana de saúde integral, realizar avaliação das condições de saúde da mulher e do recém-nascido; registro das alterações; investigação e registro da amamentação; retorno da menstruação e atividade sexual; realização das ações educativas e condução Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) Objetivos gerais: Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, mediante a garantia de direitos legalmente constituídos e ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em todo território brasileiro. Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade feminina no Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todos os ciclos de vida e nos diversos grupos populacionais, sem discriminação de qualquer espécie. Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde da mulher no Sistema Único de Saúde. Objetivos específicos: Ampliar e qualificar a atenção clínico-ginecológica, inclusive para as portadoras da infecção pelo HIV e outras DST; Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde; Promover a atenção obstétrica e neonatal, qualificada e humanizada, incluindo a assistência ao abortamento em condições inseguras, para mulheres e adolescentes; Promover, conjuntamente com o PN-DST/AIDS, a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids na população feminina; Reduzir a morbimortalidade por câncer na população feminina; Implantar um modelo de atenção à saúde mental das mulheres sob o enfoque de gênero; Implantar e implementar a atenção à saúde da mulher no climatério; Promover a atenção à saúde da mulher na terceira idade; Promover a atenção à saúde da mulher negra; Promover a atenção à saúde das trabalhadoras do campo e da cidade; Promover a atenção à saúde da mulher indígena; Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de prisão, incluindo a promoção das ações de prevenção e controle de doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/aids nessa população; Fortalecer a participação e o controle social na definição e implementação das políticas de atenção integral à saúde das mulher. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Saúde da criança Pré-natal A OMS preconiza um mínimo de 6 consultas. Objetivo: Assegurar o bom desenvolvimento da gestação; Manter gestante e feto saudáveis; Evitar impacto na saúde do RN Ações: Preventivas e educativas; Reduzindo ações OBS: não existe alta do pré-natal. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Anamnese: É preciso se atentar para identificação e idade. Menores de 18 e maiores de 35 anos, na maioria das vezes, apresentam alto risco gestacional. É preciso checar procedência, escolaridade, religião e ocupação. Situação conjugal tem impacto psicológico na gestação e risco de ISTs. OBS: sempre suspeitar de gestação em mulheres com atraso menstrual e/ou êmese e em idade fértil. Antecedentes pessoais: Antecedentes médicos (comorbidades, uso de medicamentos, alergias...) Antecedentes gineco-obstétricos (gestação atual: houve tentativa de interrupção?) História vacinal. Hábitos de vida: Tabagismo, etilismo, uso de drogas, alimentação, atividade física. Antecedentes familiares: História de gemelaridade, malformações congênitas, abortamentos; Se há casos de HAS ou DM com a mãe ou pai, etc. Antecedentes psicossociais: Moradia, animal de estimação, conflito conjugal, etc. Aceitação da gestação x depressão pós-parto OBS: Estresse/ansiedade maior risco gestacional e de parto prematuro. Interrogatório sistemático: Segmento cefálico; TGI; AGU; OBS: perguntas relevantes em todas as consultas. Queixas? PINESC V Ana Clara Silva Freitas Sangramento? Corrimento ou perda de líquido? Dor? Contrações? Movimentação fetal? Exame físico: Geral; Sinais vitais; PA e HGT (hemoglicoteste) DHEG: hipertensão após 20 s. leve PAS maior ou igual a 140 e 90; grave PAS maior ou igual a 160 e 110 Encaminhar ao PNAR. Mantém o acompanhamento na USF também; Altura uterina. Highlight PINESC V Ana Clara Silva Freitas Sífilis na gestação Pode ser transmitida para o feto por via transplacentária; Sífilis congênita: considerada um evento sentinela da qualidade da assistência PN; Maior gravidade: primeiro trimestre – sífilis recente; Maios transmissão: terceiro trimestre - sífilis recente. Tratamento: Sífilis recente: uma dose de penicilina benzatina Sífilis tardia: Rotina laboratorial do primeiro trimestre: Hemograma; Glicemia em jejum; TSH, T4L; Grupo sanguíneo e Fator Rh; Eletroforese de Hb (risco de anemia falciforme); Antti HIV, AgHbs, VDRL, taxoplasmose IgG e IgM, HTLV, rubéola igG e IgM, CMV igG e IgM; EAS + urocultura (rastreio de ITU ou bactéria assintomática; EPF; USG obstétrico//USG morfológico de primeiro trimestre (11 -13 semanas). PINESC V Ana Clara Silva Freitas Anemia: Segundo a OMS: Diabetes Mellitos gestacional Highlight Highlight Highlight PINESC V Ana Clara Silva Freitas Ganho de peso na gestação Plano diagnóstico/conduta: Suplementação: Sulfato ferroso 400 mg (preferencialmente 30 min antes do almoço); Ácido fólico 400 mg (uma vez ao dia). Prevenção de arboviroses: Uso de repelentes – específico para a gestante (icaridina); ZIKA = IST: uso de repelente aos parceios e uso de camisinha. Vacinação: Influenza: qualquer idade gestacional; DTPa: a partir de 20 semanas; Hepatite B: primeira dose após 14 semanas (checar situação vacinal). Analgesia se necessário: Paracetamol 500 mg de 6 em 6 h Náuseas e vômitos: Dimenidrinato-piridoxina + mg de 8 em 8 h. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Puericultura É o acompanhamento da criançasaudável, em geral, com consultas periódicas e sistemáticas com enfoque em prevenção e educação em saúde. Tem importante papel na redução da mortalidade infantil. Não é exclusiva ao médico. O que avaliar? Crescimento Estado nutricional; Vacinação; Alimentação; Desenvolvimento neuropsicomotor; Ambiente físico e emocional. Frequência mínima: Primeira semana de vida (combinar no PN); 1° (+ planejamento familiar) ao 4° mês; 6 (alimentação/suplementação de ferro), 9, 12, 18 e 24 meses; Anual a partir de 2 anos. Não é engessada e deve levar em consideração as condições de saúde e socioambientais. Parecida com calendário vacinal. Caderneta da criança: É instrumento de trabalho e deve ser distribuída gratuitamente. Ações na puericultura: Anamnese; Exame físico; Orientação alimentar: aleitamento materno (apoiar sem julgar); alimentação complementar; Diagnóstico e tratamento de doenças; Orientar imunização; Cuidado de higiene; Prevenção de lesões não intencionais (lugares altos; objetos no berço; andadores); Vigilância do crescimento e desenvolvimento. Crescimento: Aumento do tamanho corporal devido ao aumento do número e do volume das células; PINESC V Ana Clara Silva Freitas Indicador de saúde da criança Fatores influenciadores: intrínsecos e extrínsecos. Desenvolvimento: Capacidade de adquirir novas habilidades. Cuidados para o crescimento e desenvolvimento adequados: PN: Acompanhamento adequado no PN e avaliar as condições de saúde do feto; Perinatais: tipo e condição do parto. Vitalidade do RN (Apgar); infecções/incompatibilidade sanguínea; alojamento conjunto (fortalece o vínculo materno infantil); realização da triagem neonatal hospitalar (teste do olhinho, oximetria de pulso, teste da orelhinha e da linguinha). Pós-natais: triagem neonatal bioquímica (teste do pezinho) 3° ao 7° dia; avaliar situações de vulnerabilidade. Avaliação do crescimento: Peso, estatura, perímetro cefálico (0 a 2 anos) e IMC relacionados a idade; Curvas da OMS para registro e acompanhamento do crescimento da criança. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Desenvolvimento: Possui 4 áreas: Maturativo: amadurecimento do sistema nervoso: Motor; Social; Psíquico. Obesidade infantil A obesidade pode ser definida e classificada como acúmulo de tecido gorduroso, localizado em todo o corpo. Pode ser causada por alterações genéticas, endócrino, metabólicas ou por alterações nutricionais. Pode ter início em qualquer época. Método de avaliação: IMC Adulto: valor definido. Criança: utiliza-se gráficos, presentes nas cadernetas.A obesidade infantil é atualmente uma das formas mais comuns de patologia da nutrição. PINESC V Ana Clara Silva Freitas É maior nas classes menores devido à menor disponibilidade de alimentos saudáveis e maior acesso aos alimentos ultra processados. 75% das crianças acima do peso possui mais chance de serem adolescentes obesos; e 89% dos adolescentes obesos tem chance de serem adultos obesos. Alguns fatores para obesidade: Mudança no panorama nutricional da população brasileira, que vive em processo de transição nutricional, problema este atribuído, principalmente aos hábitos alimentares inadequados e ao sedentarismo; Aumento do consumo de alimentos industrializados/ultra processados; Tipo de alimentação implementada no 1° ano de vida e o hábito alimentar familiar. Alimentos com alto teor de gordura, sódio e doces são ofertados como “agrado” ou recompensa para as crianças, enquanto os alimentos saudáveis são forçados a ingestão, causando recusa, na maioria das vezes; Diminuição de atividade física; Maior exposição às telas; Falta de tempo e vida corrida dos pais, o que facilita os fast foods. Categoria dos alimentos: In natura ou mini processados Temperos e preparos Processados Ultra processados: possuem composição nutricional desbalanceada e são pobres em vitaminas, fibras e minerais. Por isso, favorecem o consumo excessivo de calorias. Bases para uma alimentação saudável: Os alimentos in natura precisam ser a base da alimentação Utilizar óleos, sal e gordura minimamente Limitar o consumo de alimentos processados e ultra processados Consequências da obesidade infantil: Psicossocial; Gastrointestinal; Pulmonar; Renal; Muscoloesqueléticos; Cardiovascular; Endócrino; Hérnia; Incontinência urinária PINESC V Ana Clara Silva Freitas Programa de Atenção Integral à Saúde da Criança (PAISC) Diretrizes: Eixos estratégicos: Testes universais: Teste do pezinho; Teste da Orelhinha; Teste do olhinho; Teste do coraçãozinho. Organização da atençãp à saúde da criança: Saúde da criança na AB; Programa Nacional de Imunnização; PSE; Atenção à saúde bucal; Rede Cegonha; Atenção psicossocial; Atenção às doenças crônicas, etc. Saúde do escolar PSE PINESC V Ana Clara Silva Freitas O Programa Saúde na Escola (PSE) visa à integração e articulação permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de vida da população brasileira. Tem como objetivo contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens da rede pública de ensino. O atendimento é feito pela Equipe Saúde da Família. SPE O Projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas” levam em consideração a importância das ações em saúde sexual e saúde reprodutiva realizadas nas diferentes regiões do País, assumindo que essa riqueza de experiências deve ser valorizada e potencializada quando da implementação do projeto. Finalidades: Incentivar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a promoção da saúde sexual e saúde reprodutiva, com a redução da incidência ISTs/HIV. Ampliar parcerias entre escola, instituições governamentais ou não governamentais visando a formação integral do educando. Fomentar a participação juvenil para que adolescentes e jovens possam atuar como sujeitos transformadores da realidade. Formação continuada para profissionais de educação e saúde para responder às diferentes situações relacionadas à vivência da sexualidade no cotidiano dos adolescentes e jovens escolarizados. Atividades Desenvolvidas: Avaliação antropométrica de crianças e adolescentes; Avaliação da acuidade visual; Avaliação da PA/Glicemia; Calendário de vacinação; Atividade educativa sobre diversas temáticas; Educação em saúde bucal; Avaliação psicológica. Arboviroses Arboviroses são doenças virais causadas pelos arbovírus, que incluem o vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A classificação “arbovírus” engloba todos aqueles transmitidos por artrópodes. Existem três tipos de arbovírus: Flavivírus: inclui as doenças do Aedes Togavírus. Bunyavírus. PINESC V Ana Clara Silva Freitas O clima quente, chuva, acúmulo de água são focos para a larva da dengue começar a se manifestar. Ciclo evolutivo: Ovo: é extremamente resistente e pode sobreviver vários meses até a chegada de água para incubação. Larva: se desenvolvem em água parada, limpa ou suja. Pupa Adulto: dura de 45 a 60 dias. Possui um tamanho de 0,5 cm Diagnóstico e manejo clínico da dengue Todo paciente que apresenta doença febril aguda com duração máxima de 7 dias. Acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaleia, dor retro orbitária, mialgia, artralgia, prostação ou exantema associada ou não à presença de hemorragia. Caso suspeito de dengue: Todo paciente que apresente doença febril aguda com duração máxima de até 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dosseguintes sintomas: cefaleia; dor retro orbitrária; mialgia; artralgia; prostação ou exantemas associados ou não à presença de hemorragias. Além desses sintomas, deve ter estado, nos últimos 15 dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença do mosquito transmissor. Sinais de alerta: Highlight PINESC V Ana Clara Silva Freitas Anamnese: A história clínica deve ser o mais detalhada possível e os itens abaixo devem constar em prontuário: Exame físico: Geral: Ectoscopia; PA e pulso em duas posições (sentado/deitado e em pé); Temperatura; Ritmo respiratório; Hidratação. Específico: Pele: manifestações hemorrágicas, turgor, coloração; Segmento torácico: pesquisa de derrame pleural/pericárdico; Segmento abdominal: pesquisa de hepatomegalia, dor e ascite; Neurológico: orientado pela história clínica, nível de consciência, sinais de irritação meníngea; Prova de laço. OBS: garrotear em crianças por 3 min, em adultos por 5 min. Positivo pra criança: mais de 10 petéquenias, em adulto: mais de 20 petéquias. Highlight Highlight PINESC V Ana Clara Silva Freitas Diagnóstico diferencial: Considerando que a dengue tem amplo espectro clínico, as principais doenças que fazem diagnóstico diferencial são: Influenza; Rubéola; Outras doenças enxantemáticas, ex.:malária, febre amarela, etc. Estadiamento e tratamento: O manejo adequado dos pacientes depende do reconhecimento precoce de sinais de alerta, do contínuo monitoramento precoce de sinais de alerta, do contínuo monitoramento e re-estadiamento dos casos e da pronta reposição hídrica. Com isso, torna-se necessária a revisão da história clínica, acompanhada do exame físico completo à cada reavaliação do paciente, com o devido registro em instrumentos pertinentes (prontuários, ficha de atendimento, cartão de acompanhamento). Não há tratamento específico para a dengue, o que o torna eminentemente sintomático ou preventivo das possíveis complicações. As drogas antivirais, o interferon alfa e a gamaglobulina, testados até o momento, não apresentaram resultados satisfatórios que subsidiem sua indicação terapêutica. OBS: os sinais de alerta e agravamento do quadro costumam ocorrer na fase de remissão da febre. Grupo A Conduta: Esses pacientes devem ser atendidos preferencialmente nas unidades de atenção básica. Conduta diagnóstica: Exames específicos PINESC V Ana Clara Silva Freitas o A confirmação laboratorial é orientada de acordo com a situação epidemiológica e em casos suspeitos; o Solicitar sempre em gestantes (diagnóstico diferencial com rubéola) Exames inespecícos em casos especiais, ex.: HAS, diabete melito, doença severa dp sistema cardiovascular, etc. Hematócrito, hemoglobina, plaquetas e leucograma. Conduta terapêutica: Hidratação oral; Antitérmicos e analgésicos: o O uso de antitérmicos é recomendado para todos os pacientes com febre, principalmente para crianças menores de 2 anos que tenham risco de convulsões; o Dipirona: Crianças: 1 gota/kg atpe 6/6 h (respeitar dose máxima para peso e idade); Adultos: 20 a 40 gotas ou 1 comprimido (500 mg) até de 6/6 h; o Paracetamol: Crianças: 1 gota/kg atpe 6/6 h (respeitar dose máxima para peso e idade); Adultos: 20 a 40 gotas ou 1 comprimido (500 a 750 mg) até de 6/6 h. o Antieméticos: Metoclopramida Crianças: 1 gota/kg até 8/8 h; Adultos: 1 comprimido de 10 mg até de 8/8 h; Bromoprida Crianças: 1 gota/kg até de 8/8 h; Adultos: 1 comprimido de 10 mg até de 8/8 h. Alizaprida Crianças: 4 gotas/kg até de 8/8 h; Adultos: 1 comprimido de 50 mg até de 8/8 h. o Antipruriginosos: o prurido na dengue pode ser extremamente incômodo, mas é autolimitado, durando em torno de 36 a 48 h. a resposta terapêutica antipruginosa usual nem sempre é satisfatória, mas podem ser utilizadas as medidas abaixo: Medidas tópicas; Dexclorfeniramina; Cetirizina; Laratadina. Em pacientes de risco em que não há resposta satisfatória à terapia antitérmica, pode-se utilizar dipirona e paracetamol alternadamente a cada 4 h. Os salicilatos não devem ser administrados, pois podem causar sangramento e acidose metabólica; Drogas hepatotóxicas devem ser evitadas. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Grupo B Caracterização: Conduta: Esses pacientes devem ser atendidos nas unidades de atenção básica, podendo necessitar de leito de observação, na dependência da evolução. Conduta diagnóstica: Exames específicos: obrigatório; Exames inespecíficos: coleta e resultado no mesmo dia. Obrigatório para todos os pacientes do grupo; Hematócrito, hemoglobina, plaquetas e leucograma. Conduta terapêutica: Hidratação oral conforme orientado para o grupo A, até o resultado do exame; Sintomáticos: analgésicos e antitérmicos; Seguir conduta conforme resultados dos exames inespecíficos: 1. Paciente com hemograma normal: tratamento em regime ambulatorial, como grupo A; 2. Hematócrito aumentado em até 10% acima do valor basal: o Tratamento ambulatorial: hidratação oral rigorosa; o Orientar sobre sinais de alerta; o Retorno para reavaliação clínico laboratorial em 24 h e re-estadiamento. 3. Hematócrito aumentado em mais de 10% acima do valor basal: o Leito de observação em unidade ambulatorial; o Hidratação oral supervisionada ou parenteral; o Reavaliação clínico-laboratorial em 24 h. Grupo C e D Caracterização: Conduta: PINESC V Ana Clara Silva Freitas Esses pacientes devem ser atendidos inicialmente em qualquer nível de complexidade, sendo obrigatório início de hidratação venosa até sua transferência para unidade de referência, se houver necessidade. Conduta diagnóstica: Exames específicos: obrigatório; Exames inespecíficos (hematócrito, hemoglobina, plaquetas, leucograma): conforme necessário. Grupo C: paciente sem hipotensão: Leito de observação em unidade com capacidade de realizar hidratação venosa sob supervisão médica, por no mínimo 24 h; Hidratação EV imediata: 25 mL/kg em 4 h, sendo 1/3 deste volume na forma de solução salina isotônica; Sintomáticos; Reavaliação clínica e de hematócrito após 4 h e de plaquetas após 12 h. Crianças: o Fase de expansão: soro fisiológico ou ringer lactato; o Fase de manutenção: necessidade hídrica basal, segundo regra de Holliday-Segar Quatro graus de FHD: Grau 1: o Febre e sintomas gerais não específicos; o Prova de laço positiva é apenas uma manifestação hemorrágica. Grau 2: o Manifestação do grau 1+ sangramento espontâneo. Grau 3: o Sinais de insuficiência circulatória (pulso rápido/fraco, hipotensão, pele fria/úmida) Grau 4: o Choque profundo (pulso e pressão sanguínea imperceptíveis) Critérios para alta hospitalar: 1. Ausência de febre durante 24 h, sem uso de terapia antitérmica; 2. Melhora visível do quadro clínico; 3. Hematócrito normal e estável por 24 h; 4. Plaquetas em elevação e acima de 50.000/mm3; 5. Estabilização hemodinâmica durante 24 h; 6. Derrames cavitários em reabsorção e sem repercussão clínica. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Zika Sintomas: Febre, entre 37,8°C e 38,5°C Dor nas articulações, principalmente das mãoes e pés; Dor nos músculos do corpo; Dor de cabeça, que se localiza principalmente atrás dos olhos; Caracterizada por exantema e prurido. Complicações: Síndrome de Guillain-Barré; Mielite transversa; Meningite. A associação do ZIKA com o DEN em um mesmo indivíduo pode levar a complicações neurológicas e autoimunes. Quadro comparativo entre as arboviroses: Diagnóstico laboratorial As manifestações clínicas da DEN, ZIKA e CHIK, na maioria dos casos, se apresentam de forma muito parecida, dificultando o diagnóstico clínico diferencial entre estas três arboviroses.Desta forma, os exames complementares são impresindíveis para determinação de um diagnóstico conclusivo; O diagnóstico definitivo das infecções por DEN, CHIK e ZIKA é realizado com a detecção viral por meio da reação em cadeia da polimerase por transcriptase reversa (RT-PCR) durante a fase aguda da infecção, que ocorre desde o primeiro até o quinto dia do início dos sintomas; A confirmação laboratorial da etiologia viral para as três condições exantematosas tem sido realizada por meio de teste sorológico específico (ELISA) para cada vírus. Esse teste é preconizado a partir do 6º dia de infecção, após o estabelecimento do quadro clínico (fase de coalescência); A soroconversão para IgM determina a viremia e caracteriza a fase aguda da infecção. Quando observada, a presença de IgG no soro paciente é considerada uma evidência definitiva de infecção, e quando elevada, indica que houve uma infecção prévia; Devido à reação cruzada do vírus da dengue com outros flavivírus, como o ZIKA, os resultados sorológicos não apresentam uma sensibilidade confiável, enfatizando a necessidade de se priorizar o diagnóstico diferencial na fase aguda da doença; Multiplex PCR-RT em tempo real: permite detectar simultaneamente a presença dos vírus da DEN, CHIK e ZIKA, sendo esta técnica, atualmente, considerada como padrão “ouro” para o diagnóstico destas arboviroses. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Terapêutica Apesar da sintomatologia ser parecida em DEN, CHIK e ZIKA, o tratamento será de acordo com a evolução e prognóstico do indivíduo. De um modo geral, é realizada a conduta de hidratação e repouso, porém, para os casos de dor e febre, é desaconselhável o uso ou indicação de anti-inflamatórios não esteroides em função do risco aumentado de complicações hemorrágicas. Além disso, até o momento, não há tratamento antiviral específico para essas arboviroses. O fármaco de escolha é o paracetamol, podendo ser utilizada a dipirona para alívio da dor e febre. O paracetamol deve ser usado com cautela, principalmente em pessoas com doenças hepáticas. Nos casos da dor refratária à dipirona e ao paracetamol, podem ser utilizados os analgésicos opioides como cloridrato de tramadol e codeína, esta última pode ser associada à dipirona e ao paracetamol nos casos de dor não responsiva à monoterapia. O tramadol está indicado para dor moderada a intensa que não tenha respondido ao uso da dipirona, paracetamol ou associação com codeína, que deve ser usado com cautela em idosos, pacientes com histórico de convulsões, doença hepática e renal. Deve-se evitar aspirina no tratamento da dengue clássica, porque ela exacerba as manifestações hemorrágicas. Prevenção e controle Levando em consideração que ainda não se tem vacina disponível e medicamentos eficazes contra estas arboviroses, as recomendações preconizadas pelo Ministério da Saúde se restringem, principalmente, a ações de combate aos vetores intradomiciliares, eliminando os possíveis criadouros. Roupas que minimizem a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, proporcionam alguma proteção às picadas e devem ser adotadas, principalmente durante os surtos. Os repelentes e inseticidas devem ser usados, seguindo as instruções do fabricante. Mosquiteiros proporcionam boa PINESC V Ana Clara Silva Freitas proteção, especialmente para aqueles que dormem durante o dia (bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos). Chikungunya Possui três fases: Aguda: febre de início súbito e surgimento de intensa poliartralgia, geralmente acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo (presente em mais de 50% dos casos) cefaleia e fadiga, com duração média de sete dias. Subaguda: Durante esta fase a febre normalmente desaparece, podendo haver persistência ou agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor articular nas regiões previamente acometidas na primeira fase e tenossinovite hipertrófica subaguda em mãos, mais frequentemente nas falanges, punhos e tornozelos Crônica: Após a fase subaguda, alguns pacientes poderão ter persistência dos sintomas, principalmente dor articular e musculoesquelética e neuropática, sendo esta última muito frequente nesta fase. As manifestações tem comportamento flutuantes Quadro sintomatológico: Febre alta. Exantema e artralgia; Atinge pequenas e grandes articulações; Cefaleia; Calafrios; Dor nas costas Milagia; Náuseas/vômitos; São mais intensos nas crianças e nos idosos; A infecção durante o parto não está relacionada à teratogenicidade, e há raros relatos de abortamento. Contudo, encefalite está relatada com maior frequência em recém-nascidos de mães com infecção recente com CHIK, no período intraparto. Exames laboratoriais: As alterações laboratoriais de chikungunya, durante a fase aguda, são inespecíficas. Leucopenia com linfopenia menor que 1.000 cels/mm3 é a observação mais frequente. A trombocitopenia inferior a 100.000 cels/mm3 é rara. A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se geralmente elevadas, podendo permanecer assim por algumas semanas. Outras alterações podem ser detectadas como elevação discreta das enzimas hepáticas, da creatinina e da creatinofosfoquinase (CPK). Na fase crônica é importante avaliar o paciente antes da introdução do metotrexato e da hidroxicoloroquina, nesta fase os seguintes exames são necessários: AgHBs , HBsAg, anti-HCV, anti-HIV, anti-CMV, toxoplasmose e Rx de tórax, entre outros. Diagnóstico laboratorial específico: O diagnóstico laboratorial da infecção pelo CHIKV pode ser realizado de forma direta, por meio do isolamento viral e da pesquisa do RNA viral em diferentes amostras clínicas, ou de forma indireta por intermédio da pesquisa de anticorpos específicos. PCR; ELISA. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Diagnóstico diferencial: Malária; Leptospirose; Febre reumática; Artrite séptica; Zika; Mayaro. Manejo clínico: O manejo do paciente com suspeita de chikungunya é diferenciado de acordo com a fase da doença: aguda, subaguda ou crônica . Diante de um caso suspeito, é importante utilizar a proposta de estadiamento clínico do fluxograma do paciente com suspeita de chikungunya. Na fase aguda de chikungunya, a maioria dos casos pode ser acompanhada ambulatorialmente. As unidades de Atenção Básica possuem papel primordial para avaliação e monitoramento desses doentes. Não há necessidade de acompanhamento diário da maioria dos pacientes, devendo estes serem orientados a retornar à unidade de saúde em caso de persistência da febre por mais de cinco dias, aparecimento de sinais de gravidade ou persistência dos danos articulares. Os pacientes de grupo de risco (gestantes, pacientes com comorbidades, idosos e menores de 2 anos de idade) também devem ser acompanhados ambulatorialmente; no entanto, esses pacientes necessitam de observação diferenciada nas unidades pelo risco de desenvolvimento das formas graves da doença, razão pela qual devem ser acompanhados diariamente até o desaparecimento da febre e ausência de sinais de gravidade. Sinais de gravidade: Acometimento neurológico: sinais ou sintomas que possam indicar acometimento neurológico, incluindo irritabilidade, sonolência, dor de cabeça intensa e persistente, crises convulsivas e déficit de força (déficit de força pode estar relacionado também a miosite). Dor torácica, palpitações e arritmias (taquicardia, bradicardia ou outras arritmias). Dispneia, que pode significar acometimento cardíaco ou pulmonar por pneumonite ou decorrente de embolia secundária a trombose venosa profunda em pacientes com artralgia, edema e imobilidade significativa. PINESC V Ana Clara Silva Freitas Redução de diurese ou elevação abrupta de ureia e creatinina. Sinais de choque, instabilidade hemodinâmica. Vômitos persistentes. Sangramento de mucosas. Descompensação de doença de base. Conduta: Até o momento, não há tratamento antiviral específico para chikungunya. A terapia utilizada é de suporte sintomático, hidratação e repouso. Na dor de leve intensidade (EVA de 1 a 3) tanto a dipirona como o paracetamol são bons analgésicos quando utilizados nas doses e intervalos corretos. A dipirona vem sendo prescrita nas doses de 30 a 50 mg/kg/dose em intervalos fixos de 6 horas. Em um adulto habitualmente é recomendada a dose de 1 g a intervalos fixos de 6 horas. O paracetamol pode ser prescrito em doses de 500 mg a 750 mg via oral com intervalos de 4 a 6 horas, não devendo a dose diária total ultrapassar as 4 g pelo risco de hepatotoxicidade. Nos casos de dor moderada (EVA de 4 a 6) as duas drogas devem ser prescritas conjuntamente, sempre em horários fixos intercalados a cada 3 horas, em horários alternados (o paciente tomará uma dose analgésica a cada 3 horas). Alguns pacientes com dor moderada a intensa (EVA ≥4), persistente, poliarticular ou incapacitante, podem necessitar de medicações por via intravenosa (IV) em unidade de pronto atendimento ou serviço de urgência. Persistindo a dor, pode-se administrar tramadol 100 mg IV diluído em 100 ml de soro fisiológico, infundido em 20 minutos. Em virtude da presença de náusea associada ao tramadol, que também pode estar presente decorrente do quadro infeccioso, deve-se administrar 10 mg de bromoprida diluído em 8 ml de água destilada, lento, em bolus. Em caso de alergia a dipirona, o tramadol será a droga de escolha. OBS: Nãou tilizar AINES na fase aguda pelo risco de hemorragia.
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