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Introdução O sistema respiratório é composto pelo trato respiratório superior, que contempla o nariz, seios paranasais, orelhas, faringe e laringe (os elementos acima da epiglote) e pelo trato respiratório inferior que contempla a traqueia, brônquios, bronquíolos e o parênquima pulmonar que é o alvo do nosso estudo de hoje. Importante lembrar que não serão abordadas inflamações relacionadas com particular inorgânicas, isso será assunto para outro momento. Afecções da traqueia Laringotraqueíte viral aguda É um quadro de infecção respiratória alta em que o acometimento por multiplicação viral que desce vai para a região da laringe e para traqueia. A principal característica é a tosse ladrante ou rouca, que é um estridor inspiratório que se segue após um Pródromos viral (coriza, febre baixa.). Acomete a faixa etária de 3 meses a 6 anos com pico de incidência no segundo ano de vida, geralmente ocorre no final do outono e durante o inverno, sendo os meninos mais afetados que as meninas Etiologia: o agente mais envolvido é o vírus parainfluenza I, responsável por cerca de 75% dos casos, mas pode ocorrer também o parainfluenza II, adenovírus, VSR e mais raramente o Mycoplasma pneumonie. Quadro clínico: inicia com uma coriza, febre baixa e sintomas gripais que precedem a tosse ladrante, que é um estridor inspiratório (inicialmente) e pode chegar a ser expiratório. Podem ocorrer retrações supraesternal e supraclaviculares nos casos mais graves (não é comum) Diagnóstico: história clínica + exame físico. A radiologia é utilizada para excluir outras causas de obstrução de VAS, pode-se observar um afilamento abaixo das cordas vocais, causado pelo edema, conhecido como sinal da ponta do lápis. O laboratório os exames são inespecíficos e de pouco auxílio diagnóstico, o Leucograma pode mostrar leucocitose e linfocitose na infecção viral. A gasometria pode ser usada em casos mais graves. Escore clínico para avaliar a gravidade da Laringotraqueíte viral aguda chamado de Escore clínico de Westley modificado. Tratamento: Vai depender se estamos diante de um quadro leve, moderado e grave. Em paciente com quadro leve realizamos hidratação + NBZ com soro fisiológico 0,9% + corticóide oral. Para quadros de leve a moderado utilizamos NBZ com adrenalina + corticóide por via oral ou IM ou inalatório + observar por um período de 4h em ambiente hospitalar. Quadro moderado deve-se internar e repetir a NBZ com adrenalina + corticoide por via IM, oral ou inalatório + avaliação contínua a cada 2h, repetir a NBZ caso seja necessário. Já no quadro grave devemos manter o oxigênio úmido sob máscara enquanto aguarda vaga para a UTI. Os tipos de corticoide pode ser a prednisolona (via oral), dexametasona (via intramuscular) e a budesonida (via inalatória). Traqueíte Bacteriana Caracteriza-se por obstrução e acúmulo de grande quantidade de secreção mucopurulenta. É interessante que o acometimento inicial lembra muito uma Laringotraqueíte viral aguda, mas pelo acometimento bacteriano os sintomas se tornam mais fortes,febre mais alta e aumento da secreção, com queda do estado geral. Mais frequente em crianças do sexo masculino e acomete mais a faixa de 2 a 3 anos. Etiologia: o agente etiológico principal é o Sthaphylococus aureus, mas podem estar presentes o Haemophilus, pneumococo e pseudomonas. Quadro clínico: de febre alta, tosse ladrante, estridor inspiratório, retração supraesternal, intercostal e subcostal. Pode ocorrer toxemia e sofrimento respiratório. Diagnóstico: historia clínica de um paciente que de uma gripe evolui rapidamente para um quadro de estridor, febre alta toxemia e no exame físico percebemos retrações supraesternal, intercostal ou subcostal. A radiologia do tórax (Leve: 4 – 5 ou menos; Leve a moderado: 5 – 6; Moderado: 7 – 8; Grave: maior que 8). encontramos também o sinal da ponta do lápis. No Laboratório podemos ver uma leucocitose com importante desvio a esquerda. A hemocultura, na maioria das vezes, é negativa. Tratamento Intubação endotraqueal, com tempo de intubação prolongado, em torno de 4 a 7 dias. É necessário realizar aspiração frequente e intensa devido o acúmulo de secreção mucopurulenta. Os antibióticos utilizados são: Oxacilina (200mg/kg/dia) + cloranfenicol (100mg/kg/dia) ou cefalosporina de terceira geração (ceftriaxone). O corticoide + adrenalina tem sua melhor ação quando usada no período pós-extubação. Afecções de Brônquios e Bronquíolos Bronquiolite viral aguda É a infecção do trato respiratório inferior mais comum em menores de 2 anos. É a primeira infecção que causa sibilância no lactente. Primeiro evento de cansaço no bebê com Pródromos gripais. É causado por um edema dos brônquios e bronquíolos com secreção que impede que o bebe consiga respirar bem, se comporta como asma, mas não é, pois a obstrução é pelas bolhas de secreção. Obs: se for perguntado qual a causa mais comum de sibilância no lactente a resposta é infecções respiratórias virais aguda na infância, dentre elas temos a bronquiolite viral aguda. Etiologia: VSR (vÍrus sincicial respiratório) A e B, outros vírus podem estar presentes como Rhinovirus, parainfluenza, influenza, adenovírus, bocavirus e metapneumovírus. A taxa de coinfecção com Mycoplasma pneumoniae (agente bacteriano) é em torno de 10 a 30%. A característica importante desse vírus é a aderência no epitélio respiratório causando inflamação local e desgarrando em forma de células e muco, causando a obstrução dos bronquíolos. Atenção a broncoconstricção é pouco importante!! Na asma esse mecanismo é presente. Vírus penetram nas células epiteliais dos brônquios e bronquíolos Lesão e inflamação direta da mucosa Edema de parede, muco e células Obstrução dos bronquíolos Quadro clínico: Pródromos de infecção das vias aéreas superiores (2 a 3 dias antes) com rinorreia, obstrução nasal e febre. Seguido de dificuldade respiratória com taquipneia, sibilância e tosse. Não se encontra estridor!! Diagnóstico: geralmente na bronquiolite viral aguda não é solicitado hemograma e nem radiografia do tórax. O hemograma não auxilia torna-se inespecífico, já a radiografia de tórax tem achados inespecíficos, portanto, não servem para dar o diagnóstico. Servem para avaliar complicações como atelectasias, pneumotórax e excluir mal formações pulmonares. Atenção: Radiografia de tórax não é utilizado de forma sistemática, deve existir: Agravamento súbito, ausência da melhora esperada e recorrência de sintomas Importante avaliar na bronquiolite viral aguda • Saturometria de oxigênio: avaliação da hipoxemia, identifica a necessidade de suporte de oxigênio e desse ser um parâmetro de gravidade (abaixo de 94 indica gravidade) • Gasometria arterial: realizada na artéria radial do braço com inserção entre 75 e 90 graus e é retirado sangue arterial. É um método invasivo que identifica a necessidade de oxigênio intensivo e pode ser útil na insuficiência respiratória aguda. Atenção: Testes virológicos não se recomenda sua utilização de forma sistemática, pois não muda conduta clínica. São coletados secreções de nasofaringes e pode ser realizado teste rápido, PCR ou estudo molecular (usado mais para pesquisa) Tratamento Critérios de internamento 1) Recomendado: • Idade < 4-6 semanas • Dificuldades alimentares • Desidratação • Apneia • Saturação < 90% • Letargia • Evolução rápida sintomatológica • Presença de comorbidades • Diagnóstico duvidoso 2) Considerar • Situação econômica • Dificuldade de transporte • Capacidade dos pais Medidas de suporte Deve assegurar boa oxigenação, com suporte de oxigênio seja por canula nasal, CPAP, VNI ou intubação. Todo paciente que tenha uma saturação de oxigênio <90% (AAP – SBP < 92%) de receper O2 suplementar. Manter adequada hidratação e nutrição, usar, se necessário fracionamento das refeições ou sonda nasogástrica. Realizar a desobstrução nasal e pequena aspiração de secreções Evitar que existam fatores que agravam os sintomas (mofo, animais e tabagismo). A solução salina hipertônica é feita com o paciente internado. Afecções no Parênquima Pulmonar Pneumonias Agudas É uma alteração do interstício pulmonar com secreções presentes nos alvéolos ou no próprio interstício, alguns pontos chamam atenção em relação a pneumonia aguda • É a infecção que mais causa aumento da morbimortalidade em crianças < 5 anos (já superou as diarreias) • Retirando as infecções neonatais a causa mais comum do aumento da morbimortalidade em crianças < 5 anos são as pneumonias • Os grupos de risco com erros inatos da imunidade, doenças de base, como diabetes, doença autoimunes, paralisia cerebral. • Valorizar o diagnóstico clínico e conhecer os métodos complementares • Indicar tratamento adequado e reconhecer as complicações • Medidas preventivas (aleitamento materno, evitar aglomerações, boa alimentação e evitar tabagismo) A pneumonia é classificada de duas formas: A pneumonia comunitária e a pneumonia relacionada aos cuidados de saúde. ➔ Pneumonia comunitária: • Típica – quando tem características como febre, tosse e evolução arrastada do quadro • Atípica – ausência de febre, com tosse, letargia e é observado um padrão de condensação no raio x. ➔ Pneumonia relacionada aos cuidados de saúde (permanência por mais de 72 horas de internamento) Epidemiologia: no mundo ocorre em torno de 156 milhoes de casos por ano, mais em países em desenvolvimento e causa mortes em menores de 5 anos. A morbimortalidade está relacionada com o baixo peso ao nascer, desnutrição e comorbidades, episódios prévios de sibilância e pneumonia, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta e variáveis socioeconômicas e ambientais. Etiologia: Em países desenvolvidos a maioria da etiologia é viral já em países em desenvolvimento é bacteriana. Agentes etiológicos segundo a faixa etária < 12 semanas: Streptococus b-hemolítico (Streptococus agalactine), S. aureus, gram negativo, Chlamydia trachomatis, ureplasma urealyticum e vírus. Lactentes: S. pneumoniae (pneumococo), H. influenzae, chlamydia trachomatis, S.aureus e vírus Até 5 anos: S. pneumoniae, H. influenzae e vírus >5 anos: S. pneumoniae(pneumococo), Mycoplasma pneumoniae, Streptococus b- hemolítico, S. aureus, gram negativo e vírus. Fisiopatologia O trato respiratório com o epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado tem células de defesa com os macrófagos. A filtração das partículas inaladas, o reflexo da tosse ajudo os cílios a exarcebar seu movimento ascendente através do transporte mucociliar e a própria defesa imunológica (macrófagos, alveolares e imunoglobulinas) auxiliam na barreira a essas bactérias. Quando ocorre um desequilíbrio nesse tipo de proteção ocorre a patologia Vias de infecção bacteriana Aspirativa: uma infecção de via aérea superior como um quadro de sinusite pode facilitar uma infecção pulmonar (infecção sino pulmonares). Hematogênica: um paciente com furunculose que tem como porta de entrada a pele e a bactéria cai na circulação sanguínea e na passagem pelo pulmão adentra no interstício. Outro quadro também que pode acontecer é da artrite séptica e a bactéria pode cair na corrente sanguínea. Vias de infecção viral Pode ocorrer por contato direto ou por aspiração da via aérea superior. Atenção: a infecção viral prévia é a responsável Fases da Pneumonia • Congestão: ocorre importante reação inflamatória local com edema alveolar e infiltrado leucocitário. • Hepatização vermelha: congestão dos vasos interalveolares e invasão alveolar por exsudato de fibrina e leucocitose. • Hepatização cinzenta: deposição de fibrina no interstício pulmonar (após o tratamento) • Resolução: retorno do parênquima pulmonar Em média uma radiografia de tórax que se realiza no quadro agudo de pneumonia, a imagem só se normaliza após 2 meses do quadro infeccioso (desaparecimento da condensação) Quadro clínico: Sinais e sintomas gerais, como febre alta, tosse produtiva de 7 a 10 dias, anorexia, calafrios e dificuldades de respirar. No exame físico observamos: Inspeção – taquipneia e / ou dispneia (sem a taquipneia não é possível dizer que é pneumonia, no caso poderia ser uma pneumonia atípica) → Importante essa frequência respiratória é contada com o paciente sem febre. A tiragem que caracteriza a dispneia, supraclavicular, supraesternal, intercostal ou subcostal é considerado pneumonia grave. Ausculta – MV diminuído, estertores finos e/ou sopro tubário Palpação – frêmito toracovocal aumentado Percussão – submacicez No RN e abaixo de 2 meses de idade todo paciente que tiver taquipneia e/ ou tiragem é sinal de Pneumonia grave. → internamento; Pode existir outros sinais como sinais de sepse, recusa alimentar, letargia, convulsões, vômitos, palidez, cianose, hipotermia, distensão abdominal e hipotonia. (RN e < 2 meses com infecção = internamento) Entre 2 meses e 4 anos de idade internamento com a presença de tiragem subcostal e intercostal são sinais de pneumonia grave. Somente a taquipneia não é suficiente para o internamento. Diagnóstico: A clínica é o meio diagnostico mais importante, com anamnese e exame físico cuidadosos. O diagnóstico de pneumonia é puramente clínico não é necessário existir um exame radiológico para diagnosticar o paciente. Radiografia de tórax: • Imagens que sugerem etiologia viral – lesões bilaterais, reticulo-nodulares, de baixa densidade, sinais de hiperinsuflação pulmonar, aumento hilar e áreas de atelectasia • Imagens que sugerem etiologia bacteriana – condensações unilaterais, lesões densas, broncograma aéreo, derrames pleurais, pneumatoceles e abcessos. Hemograma somente é solicitado em pacientes internados. Pode indicar ou ser inespecífico Leucocitose com desvio → bacteriana Leucopenia com linfocitose → viral Leucopenia com importante desvio → gram – Eosinofilia → Chlamydia, P. carinii, Mycoplasma. (principalmente em criança abaixo de 2/ 3 meses de idade com parto vaginal) Outros métodos diagnósticos para pesquisa • Vírus – IMF, ELISA, detecção de antígenos, inoculação de cultura de células, pesquisa de anticorpos • Bactérias – gram e cultura de escarro, hemocultura, cultura de aspirado traqueal ou punção pulmonar, ELISA e radioimunoensaio. Tratamento Conduta Ambulatorial – Antibioticoterapia • 1 escolha: 1) Amoxicilina (50mg/Kg/dia 8/8h) 2) Ampicilina (100mg/Kg/dia 6/6h) 3) Penicilina Procaína (400.000U/ 20 Kg/dia) 4) Sulfametaxazol + trimetropin (40mg/kg/dia 12/12h) Não se recomenda fenoximetil penicilina ou penicilina Benzatina (não se deve usar Benzetacil) • 2 escolha: O cloranfenicol e cefuroxima (em pacientes com reações a penicilina) Conduta hospitalar – • Indicação de internação – o Pneumonia < 2 meses o Falha no tratamento ambulatorial o Pneumonia grave com ou sem sibilância o Pneumonia não grave associado com fatores agravantes (doenças de base) o Incapacidade de tratamento pela família Antibioticoterapia 1) Ampicilina (100mg/Kg/dia 6/6h) 2) Penicilina Cristalina endovenosa (150.000 - 200.000U/kg/dia 6/6h) 3) Cloranfenicol endovenoso 4) Oxacilina endovenoso 5) Ceftriaxona Caso a toracocentese seja vista que é exsudato é necessário realizar a drenagem. Após a drenagem avaliar se melhorou ou não. Caso seja transudato observar melhorar após a retirada do líquido. Complicações das pneumonias • Derrame pleural (mais comum –causado pelo Pneumococo, o de maior gravidade é S. aureus) • Abscesso pulmonar • Pneumatocele • Pneumotórax • Atelectasia • Bronquiectasia 1) Derrame pleural É a complicação mais comum das pneumonias graves na qual forma-se liquido entre o espaço pleural intersticial que fica colado com o pulmão e a pleura parietal. O liquido da pleura tem sua formação pela a pressão hidrostática dos capilares e a permeabilidade capilar e sua absorção se da pelos linfáticos da pleura parietal e pela pressão oncótica dos capilares. Observamos uma curva de liquido que faz a obliteração do seio cardiofrênico e costofrênico do diafragma. Sem visualização do interstício pulmonar 2) Atelectasia Na atelectasia temos uma faixa branca com desvio da traqueia para o lado ipsilateral. 3) Pneumatocele Observamos cistos que não é observado liquido apenas ar e são rodeados por uma parede fina. 4) Abscesso Pulmonar Observamos um cisto com parede espessada e com nível hidroaéreo, com líquido 5) Pneumotórax Atenção: toda pneumonia tem taquipneia, mas quando se apresenta com dispneia é considerado pneumonia grave. Quando borra a silhueta da borda cardíaca → lobo médio.
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