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Meningite: Processo inflamatório das membranas que recobrem o SNC, secundário à agressão de um agente infeccioso ou não. Principal bactéria: meningococo (Neisseria meningitidis – gram -) • 30% das infecções ocorrem em crianças < 5 anos • A maioria ocorre no primeiro ano de vida • Letalidade de 20% • Diante de uma meningococcemia a letalidade é de 50% • Principal sorotipo C O segundo agente envolvido é o pneumococo (Estreptococcus pneumonie – gram +) e em terceiro lugar o Haemophilus influenzae (gram -) Etiologia: Bactérias • Em pacientes lactentes e RN: o Escherichia coli (E.coli) o Streptococcus do grupo B o Listeria moncytogenes • Em pacientes maiores o Neisseria meningitidis o Streptococcus pneumoniae o Haemophilus influenzae Patogênese: • Idade (< 5 anos e > 60 anos) • Porta de entrada ou foco inicial • Tipo e localização no SNC • Estado imunológico • Epidemiologia local (agente mais frequente) Transmissão: gotículas e secreção de nasofaringe (incubação em torno de 2 a 10 dias). Importante lembrar que a infecção por meningococo pode ter várias respostas, entre elas está a meningite e a meningococcemia que pode evoluir para o choque séptico. Quadro clínico • RN → o Hipoatividade o Hipo ou hipertermia o Vômitos o Crises epilépticas • Lactentes → o Febre o Vômitos o Irritabilidade e sonolência o FA abaulada • Crianças maiores (quadro agudo ou subsequente a um quadro viral) o Cefaleia, Febre, vômitos em jato o Sinais de irritação meníngea (Sinal de Brudzinki e Sinal de Kerning) Encefalite: acometimento do encéfalo além das meninges; • Convulsões, paralisias, tremores, transtornos pupilares, hipoacusia, ptose palpebral e nistagmo. Neisseira meningitidis • Diplococo gram – • Principais tipos A, B,C, Y,W e X • Pode ter várias apresentações desde uma bacteremia oculta até uma meningite meningocócica ➔ Meningite Meningocócica o Rash → petéquias (em torno de 50% dos pacientes) o Convulsões e sinais focais são menos frequentes o A meningite meningocócica é “menos grave” do que aquela causada pelo pneumococo e pelo haemophilus ➔ Meningococcemia (choque séptico) o Evolução rápida o Paciente apresenta um rash eritematoso e evolui rapidamente para uma sepse; o Quadro muito grave ➔ Septicemia sem meningite o Fulminante (15-20%) o Choque, CIVID o Síndrome de Waterhouse-Friderichsen (necrose hemorrágica maciça e aguda das glândulas supra-renais devido a uma sepse grave) Streptococcus pneumoniae • Cocos gram + (pares) • > 90 sorotipos capsulares • Pneumococo Haemophilus influenzae • Bacilo gram + • A,B,C,D,E,F Meningite Viral • Principal vírus é o enterovirus • Contaminação fecal, oral e respiratória • Incubação de 7-14 dias • Manifestação gastrointestinais, respiratórias, mialgia, lesões cutâneas Micobactéria • Infância o Pulmonar (principal apresentação) o Ganglionar e meníngea (2 tipos mais comum de apresentação) • Acometimento subagudo o Cefaleia, irritabilidade, sonolência, anorexia, vômitos e febre • Acometimento crônico o Cefaleia crônica, pares cranianos • Avaliar erros inatos da imunidade Fungo (mais comum em pacientes imunossuprimidos) • Cryptococcus (principal), cândida, histoplasma, aspergillus, paracoco • Concentração de matéria orgânica (habitat de aves, madeira em decomposição, poeira domiciliar e morcegos) • Quando suspeitar: pacientes imunossuprimidos, que não respondam ao tratamento ou em contato com concentração de matéria orgânica; Diagnóstico Laboratorial • Análise do LCR -> punção lombar, supraventricular ou suboccipital • Colher o LCR com o paciente deitado, palpar a crista ilíaca e traçar uma linha imaginária até a coluna vertebral, procurar o espaço intercostal de L3-L4. (pode ser feito de L1-S1). Introduzir a agulha a 90° e apontando para região cefálica até sentir a saída do líquido • Avaliar a pressão de saída do líquido e a coloração dele (translucido, citrino, purulento ou hemorrágico) • Contraindicação absoluta (única) para LCR: instabilidade hemodinâmica • Contraindicação relativa: infecção local e sinais sugestivos de hipertensão intracraniana; O que analisamos? Bioquímica do LCR ➔ Celularidade ➔ Glicose ➔ Proteína Bacterioscopia Cultura Tinta da China/ Nanquim (visualização das hifas fúngicas) Tratamento empírico • < 2 meses o Antibiótico de primeira escolha: Ampicilina + aminoglicosídeo (gentamicina ou amicacina) o Antibiótico de segunda escolha: Ampicilina + cefalosporina de terceira geração (cefataxina ou ceftriaxone 100mg/Kg/dia) → muitos efeitos colaterais como icterícia • 2 – 5 anos o Ampicilina + clorafenicol (1 escolha) o Ceftriaxone • > 5 anos o Penicilina G. cristalina + ampicilina o Cloranfenicol ou ceftriaxone Para cada agente Infecção do SNC esse acometimento meningoencefálico pode gerar complicações como • Isquemia • Atraso de desenvolvimento • Evolução para morte • CIVD e isquemias importantes podem levar a amputações Aspectos Epidemiológicos ➔ Assistência médica ao paciente ➔ Qualidade da assistência ➔ Proteção individual e da população o Isolamento inicial do paciente nas primeiras 24horas do tratamento com antibiótico adequado após isso com ceftriaxone já pode ser tirado do isolamento respiratório. A quimioprofilaxia depende do agente etiológico • Meningococo → TODOS os contactantes próximos devem fazer quimioprofilaxia (contactantes familiares, creches e escolas, profissional da saúde em contato com secreção) o Paciente não tratado com ceftriaxona deve fazer quimioprofilaxia também Quimioprofilaxia • Rifampicina → 12/12horas por 2 dias • Ceftriaxone → dose única • Haemophilus ➔ Paciente tem um contactante domiciliar que mora na casa ou trabalha com crianças menores de 4 anos, não imunizados, imunização incompleta ou imunocomprometida é necessário realizar a quimioprofilaxia para esse contactante ➔ Creche ou escola com 2 ou mais casos de meningite por haemophilus em um intervalo de 60 dias é necessário realizar a profilaxia ou tratar o doente com ceftriaxone Rinfampicina 24/24 horas em 4 dias (quimioprofilaxia) • Pneumococo ➔ Não é necessário fazer a quimioprofilaxia Prevenção primária → imunização ➔ BCG: dose única ao nascer (proteção contra formas graves meningite tuberculose) ➔ Pentavalente (DTP + Hib – haemophilus influenzae tipo b - + HepB): 2 meses; 4 meses; 6 meses ➔ Pneumococica 10 (pneumococo) – 2 meses; 4 meses; reforço aos 12 meses ➔ Meningo C (neisseria meningitidis) – 3 meses; 5 meses ➔ Meningo ACWY – adolescentes