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RiscosAfogamentosPraias-Maia-2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES 
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA 
GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO 
METROPOLITANA DE NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2022 
JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA 
DE NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
graduação em Geografia, da 
Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, como requisito parcial à 
obtenção do título de Bacharel em 
Geografia. 
 
Orientador: Prof°. Dr. Lutiane Queiroz 
de Almeida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2022 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências 
Humanas, Letras e Artes - CCHLA 
Maia, Jose Luiz Pessoa. 
 Riscos de afogamentos em praias da região metropolitana de 
Natal/RN / Jose Luiz Pessoa Maia. - Natal, 2022. 
 65 f.: il. color. 
 
 Monografia (graduação) - Centro de Ciências Humanas, Letras e 
Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 
2022. 
 Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida. 
 
 
 1. Afogamentos - Monografia. 2. Praias - Monografia. 3. 
Correntes de retorno - Monografia. I. Almeida, Lutiane Queiroz 
de. II. Título. 
 
RN/UF/BS-CCHLA CDU 627.223:616-001.8 
 
 
 
 
 
ELABORADO POR HEVERTON THIAGO LUIZ DA SILVA - CRB-15/710 
 
 
JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA 
 
 
RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA 
DE NATAL/RN. 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Prof°.Dr. Lutiane Queiroz de Almeida (Orientador) 
Universidade federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
 
 
 
_______________________________________________________ 
Profª. Dr. Joyce Clara Vieira Ferreira (Membro) 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do 
Norte - IFRN 
 
 
 
________________________________________________________ 
Prof°. Dr. Yuri Marques Macedo (Membro) 
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do 
Norte - IFRN 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço aos meus pais (socorro e José) e minha irmã (Érica) por 
desde sempre acreditarem no poder transformador da educação. Para quem é 
do Sertão nordestino isso é ainda mais fundamental. 
Aos meus tios (Lucia e Gilton) e padrinho (Chico) por sempre me 
incentivarem no caminho do conhecimento e por todo o suporte ao longo da 
minha vida. A Ana Lígia e Júlia pela convivência e momentos de descontração. 
A Priscila por ser uma companhia de vida e de sonhos e que está 
sempre presente para trilhar os caminhos. 
Aos amigos da turma pelas conversas, parcerias nas aulas de campo 
e resenhas. Ao amigo Sergio (in memoriam) pelo exemplo de força de vontade 
de viver e acreditar nos sonhos. 
Ao meu orientador, professor Lutiane, pela paciência, orientações e 
amizade. Por me apresentar ao Georisco, grupo de pesquisa que me acolheu e 
onde pude aprender muito e ter a alegria do bom convívio. 
Aos guerreiros do Centro Integrado de Operações Aéreas 
(CIOPAER): comandante Hildebrando e ST Gurgel pela oportunidade de realizar 
o voo no potiguar – 01, fundamental para a conclusão deste trabalho. 
E ao Corpo de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Norte por 
disponibilizar os dados e pelo constante aprendizado ao longo desses anos de 
vivências. 
 
 
 RESUMO 
As correntes de retorno estão associadas como um dos principais causadores 
de afogamentos em praias de todo o mundo. No Brasil algumas das principais 
metrópoles encontram-se no litoral, e as praias representam um espaço 
democrático de lazer para essa população e demais turistas. Aumenta também 
a exposição dos banhistas aos riscos de afogamentos. Esse trabalho visa 
analisar a relação entre o número de afogamentos e a ocorrência de correntes 
de retorno em algumas das praias da região metropolitana de Natal/RN, 
atendidas diariamente ou em períodos de veraneio pelo serviço de salvamento 
aquático do Corpo de Bombeiros Militar. O enfoque da pesquisa foi analisar a 
paisagem verificando a percepção das correntes de retorno através de imagens 
obtidas por fotografia aérea (helicóptero) e através do software Google Earth pro. 
Foi verificado um número expressivo de ocorrências de resgates nas praias onde 
as correntes de retorno são mais perceptíveis. Reforçando a necessidade das 
ações de conscientização, orientação, buscando esclarecer aos banhistas a 
melhor forma de se manterem seguros no mar. 
 
Palavras-chave: afogamentos, praias, correntes de retorno, região 
metropolitana de Natal/RN. 
 
 ABSTRACT 
Rip currents are associated as one of the main causes of drowning on beaches 
around the world. In Brazil, some of the main metropolises are located on the 
coast, and the beaches represent a democratic leisure space for this population 
and other tourists. It also increases bathers' exposure to the risk of drowning. This 
work aims to analyze the relationship between the number of drownings and the 
occurrence of rip currents on some of the beaches in the metropolitan region of 
Natal/RN, attended daily or during summer periods by the water rescue service 
of the Military Fire Department. The focus of the research was to analyze the 
landscape, verifying the perception of rip currents through images obtained by 
aerial photography (helicopter) and through the Google Earth Pro software. A 
significant number of occurrences of rescues were verified on the beaches where 
rip currents are more noticeable. Reinforcing the need for awareness and 
guidance actions, seeking to clarify bathers on the best way to stay safe at sea. 
Keywords: drowning, beaches, rip currents, metropolitan region of Natal/RN. 
 
 
 LISTA DE SIGLAS 
 
CIOPAER – CENTRO INTEGRADO DE OPERAÇÕES AÉREAS 
CR – CORRENTE DE RETORNO 
CBMRN – CORPO DE BOMEBIROS MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE 
CBMSC – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA 
CBMSP – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SÃO PAULO 
ICT – INDICADOR DE CIRCULAÇÃO TRANSVERSAL 
ONU – ORAGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
SESED – SECRETÁRIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL 
SOBRASA – SOCIEDADE BRASILEIRA DE SALVAMENTO AQUÁTICO 
UFRN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Forças formadoras das marés ........................................................24 
Figura 2: perfil praial com divisões morfodinâmicas.........................................26 
Figura 3: zona de surfe ativa na praia de búzios. ............................................26 
Figura 4: zona de surfe inativa devido a barreira de recifes. Praia do Forte... 28 
Figura 5: esquema de um sistema de circulação celular................................. 31 
Figura 6: corrente de retorno vista do alto........................................................32 
Figura 7: transferência lateral de energia provocada pela difração em 
promontórios. ...................................................................................................35 
Figura 8: Praia de Camurupim com marcação do canal da corrente de retorno 
fixa (seta em vermelho) e beachrocks...............................................................37 
Figura 9: fotografia área da praia de camurupim com destaque para a abertura 
do recife por onde circula a corrente de retorno fixa (setas em vermelho). ......38 
Figura 10: espacialização das ocorrências envolvendo regates (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) durante o período 2017-2021. 
Corrente de retorno fixa (seta em vermelho) ......................................................39 
Figura 11: localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis(pontos verdes) e ICT,s (pontos amarelos) na praia de búzios..........................42 
Figura 12: foto de uma corrente de retorno vista de frente (a); bandeira de 
sinalização de risco de afogamento em frente a corrente de retorno (b); 
sequência de correntes de retorno avistadas em fotografia aérea (sinalizadas 
com setas em vermelho) (c). todas as imagens são da praia de Búzios. .........43 
Figura 13: Imagem de espacialização de ocorrências (resgates: marcadores 
amarelos, afogamentos: balões vermelhos) e presença de corrente de retorno 
fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na 
praia de Búzios...................................................................................................45 
Figura 14: difração de ondas na praia de ponta negra. ....................................46 
Figura 15: (a) localização de indicador de circulação transversal – ICT (círculos 
em vermelho), espacialização das correntes de retorno móveis (pontos verdes) 
e ICT (ponto amarelo) na praia de ponta negra (b)..........................................47 
Figura 16: espacialização das ocorrências de resgates (marcadores amarelos) 
e afogamentos (balões vermelhos), CR e ICT..................................................47 
Figura 17: correntes de retorno fixa (pontos vermelhos) ao lado de quebra-mar 
(pontos em vermelho), e móveis (pontos verdes), praia Miami/Areia Preta......49 
Figura 18: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) período 2017-2021 e correntes de 
retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes).............................. 51 
Figura 19: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e 
móveis (pontos verdes) na praia dos artistas e praia do meio (b).....................52 
Figura 20: embaiamento formado pela maré alta após os recifes (em vermelho), 
corrente de retorno fixa entre abertura do recife (amarelo)...............................53 
Figura 21: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões em vermelho) compreendendo todas as 
ocorrências no período 2017-2021, correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) 
e móveis (pontos verdes), praia dos Artistas/praia do Meio.............................55 
Figura 22: (a) localização da corrente de retorno fixa entre a abertura do recife 
(seta em vermelho), embaiamento após o recife (vermelho) e localização do 
canal de abertura do recife (amarelo) (b). ........................................................56 
Figura 23: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores 
amarelos) e afogamentos (marcadores vermelhos) e corrente de retorno fixa 
(ponto vermelho)................................................................................................58 
Figura 24: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), 
móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos); e imagem aérea de ICT 
(círculos vermelhos) (b), ambas imagens da praia da redinha. ........................59 
Figura 25: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) e correntes de retorno fixas 
(pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos), praia da 
Redinha..............................................................................................................61 
 
LISTA DE MAPAS, QUADROS E TABELAS 
Mapa 1: mapa de localização da área de estudo...............................................17 
 
Quadro 1: gráfico (a) apresentando dados anuais sobre ações de prevenção 
(orientações que consistem quando os guarda-vidas abordam os banhistas na 
praia para indicar os locais mais seguros) e (advertências que é quando o 
banhista ainda não está se afogando, porém está em um local de risco. Ex: indo 
em direção a uma corrente de retorno); (b) ocorrências de regate (quando o 
guarda-vidas consegue retirar uma vítima que estava se afogando com vida) e 
afogamento (quando ocorre o óbito). Dados da praia de Camurupim...............40 
Quadro 2: gráfico (a) com dados sobre prevenção (orientações e advertências) 
na praia de búzios; gráfico (b) com dados sobre ocorrências de resgate e 
afogamento na mesma praia. ...........................................................................43 
Quadro 3: (a) gráfico com quantificação de ações de prevenção (orientações e 
advertências); (b) dados de ocorrências (resgates e afogamentos) na praia de 
ponta negra.......................................................................................................48 
Quadro 4: gráfico (a) com dados de ações preventivas orientações (linha verde) 
e advertências (linha azul); (b) dados de resgates (linha laranja) e afogamentos 
(linha amarela) praia de Miami/Areia Preta.......................................................50 
Quadro 5: gráfico com dados sobre orientações e advertências(a); (b) gráfico 
com ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) (b)..54 
Quadro 6: (a) gráfico com informações sobre orientações e advertências; (b) 
dados de ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) 
praia do Forte.....................................................................................................57 
Quadro 7: (a) gráfico com dados das ações de prevenção (orientações e 
advertências); e (b) com dados de ocorrências de resgate (linha laranja) e 
afogamentos (linha amarela), praia da redinha.................................................60 
 
 
 
 
 
Tabela 1: Riscos físicos costeiros com impacto na segurança de banhistas ....20 
Tabela 2: Fonte das imagens utilizadas para localização das correntes de retorno 
e suas datas. .....................................................................................................21 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................. 13 
1.1. Objetivo principal ................................................................... 16 
2. REFERENCIL TEÓRICO - METODOLÓGICO..............................16 
2.1. Caracterização da área de estudo.................................................. 16 
2.2. Paisagem............................................................................................. 18 
2.3. Risco............................................................................................................ 18 
 2.4. Riscos Costeiros ..................................................................... 19 
2.5. Processos costeiros .............................................................. 23 
2.5.1. Praias .............................................................................. 25 
2.6. Correntes na zona de surfe ...................................................... 29 
3. CORRENTES DE RETORNO E OCORRÊNCIAS DE 
AFOGAMENTO EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE 
NATAL/RN. ........................................................................................ 35 
3.1. Praia de Camurupim ................................................................. 36 
3.2.Praia de Búzios ......................................................................... 41 
3.3. Praia de Ponta Negra ............................................................... 45 
3.4 Praia de Miami/Areia Preta ........................................................ 49 
3.5 Praia dos Artistas/praia do Meio ................................................ 51 
3.6 Praia do Forte ............................................................................ 55 
3.7 Praia da Redinha ....................................................................... 58 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 62 
5. REFERÊNCIAS ...........................................................................64 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
As áreas litorâneas são hoje em todo o mundo locais densamente 
povoados, com grandes cidades e uma forte pressão demográfica. O que torna 
as praias um ambiente de lazer e diversão muito procurados. Tanto por 
moradores do litoral quanto por turistas das regiões interioranas que procuram 
as praias, principalmente nos meses de verão. Com isso aumentam os riscos 
que envolvem o banho de mar. 
Os afogamentos estão entre as principais causas de mortes por 
acidentes no mundo. Os estudos que visam a pesquisar esse tipo de acidente 
estão se desenvolvendo principalmente em países que possuem uma grande 
linha costeira, bem como um serviço de salvamento aquático estabelecido. 
De acordo com Hoefel (1998, apud CARVALHO 2006, p.15) “cerca de 
dois terços da população mundial vivem na faixa costeira, tendo sido as praias e 
os estuários os primeiros ambientes a sofrer diretamente o impacto do 
crescimento demográfico mundial”. 
As praias são importantes regiões recreativas em torno das quais se 
desenvolvem cidades, atividades turísticas, comerciais e industriais. Essas 
aglomerações populacionais e as atividades a elas associadas, juntamente com 
o incremento da atividade turística tem propiciado a intensificação de problemas 
ambientais em todo o mundo, o que não é diferente do litoral do Estado do Rio 
Grande do Norte, especialmente na capital Natal, que concentra, em sua região 
metropolitana, o principal aeroporto do Estado e que, mesmo que não seja o foco 
da visita turística, torna-se parada quase obrigatória daqueles que visitam o Rio 
Grande do Norte/RN. 
A cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte é 
conhecida nacional e internacionalmente por suas belezas naturais, uma cidade 
litorânea, cercada por dunas, vegetação e pela qualidade de suas praias. Águas 
de temperatura agradável o ano inteiro o que acaba por incentivar a permanência 
dos banhistas por mais tempo no mar. Isso juntamente com morfologia das 
praias, pouca ou nenhuma habilidade com a natação em áreas costeiras e, em 
14 
 
determinados casos, associados com a ingestão de bebidas alcoólicas, 
propiciam um cenário preocupante em relação aos riscos do banho de mar e a 
vida dos banhistas. 
Dessa forma, levando em consideração as possibilidades de análises 
propiciadas pela Geografia Física, o presente trabalho objetiva fazer uma análise 
através da análise da paisagem verificar a localização e a influência das 
correntes de retorno nas ocorrências de afogamentos nas praias da região 
metropolitana de Natal/RN que são atendidas diariamente por equipes de 
salvamento aquático do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, 
através do Grupamento de Busca e Salvamento que propicia o serviço de 
Guarda-vidas as praias de Camurupim, Búzios, Ponta Negra, Artistas, Areia 
Preta, Meio, Forte e Redinha. 
Ordinariamente o serviço de salvamento aquático - SSAqua do 
CBMRN atende as praias do Meio e de Búzios. Devido ao efetivo reduzido de 
guarda-vidas, não é humanamente possível fazer o atendimento diário das 
demais praias. Nos finais de semana são acrescidos os atendimentos as praias 
da Redinha, Forte e Ponta Negra. Isto é possível pois são ofertadas diárias 
operacionais – que é quando o efetivo de folga é remunerado de forma extra 
para ir durante a folga trabalhar – podendo assim expandir o atendimento de 
salvamento aquático fora de período de veraneio. 
Durante o período da alta estação que vai dos meses de dezembro 
até fevereiro, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte implementa a 
chamada Operação Verão que intensifica as ações de fiscalização e 
policiamento, além de companhas de conscientização a veranistas e turistas ao 
longo das praias do litoral potiguar. Participam desta operação as Polícias Militar 
e Civil, Detran, além do Corpo de Bombeiros que durante esse período aumenta 
a abrangência das praias atendidas e campanhas de conscientização, tanto aos 
banhistas nas praias quanto nas blitzs que são realizadas em vias de acesso as 
principais praias do estado. 
As praias que passam a ser atendidas durante a operação verão todos 
os dias são, Camurupim e Búzios no município de Nísia Floresta, Ponta Negra, 
Artistas, Areia Preta, Meio, Forte e Redinha no município de Natal. Além dessas 
15 
 
durante o período de carnaval equipes são enviadas a Praia da Pipa no 
município de Tibau do Sul. O serviço de salvamento aquático do CBMRN é 
responsável pelo serviço de resgate ao longo dos 410 km de extensão do litoral 
potiguar, com unidades nas cidades de Natal e Mossoró destinadas ao serviço 
de salva-mar. O CBMRN também é responsável pelos resgates em rios, lagoas 
e açudes, atuando também com serviço de mergulho em procura de pessoas 
desaparecidas. Estas últimas atuações também são realizadas pelas unidades 
do CBMRN nos municípios de Caicó e Pau dos Ferros. 
Quanto aos afogamentos, a maior parte deles deriva da influência das 
correntes de retorno que é onde a água retorna perpendicularmente após a onda 
se dissipar na praia e retorna em direção ao mar. 
“As correntes de retorno são responsáveis pela maior 
parte dos acidentes registrados dentro da zona de surfe, 
em praias de todo o mundo. Na Austrália, na região de 
Sydney, por exemplo, Short e Hogan (1994) analisando as 
condições descritas em 689 operações de salvamento, 
constataram que estas correntes tinham sido responsáveis 
diretas por 89% destas ocorrências. No estado da Flórida 
(USA), mais que 70% dos acidentes são atribuídos à ação 
das correntes de retorno (Warning Coordination 
Meteorologist National Weather Service, Miami). Nos 
Estados Unidos, como um todo, a United States Lifesaving 
Association (USLA) atribui cerca de 80% dos acidentes às 
correntes de retorno (www.usla.org)”. (CARVALHO, 2002, 
p.47) 
 O presente trabalho analisa os efeitos das correntes de retorno em 
relação as ocorrências de afogamento nas praias atendidas pelo serviço de 
salvamento aquático do CBMRN nas praias atendidas tanto no serviço ordinário, 
quanto nas operações que são realizadas nos períodos de férias e veraneio. 
A pesquisa também analisa imagens aéreas e de satélite, que possam 
auxiliar na análise das correntes que atuam nas praias analisadas, verificando 
quais são os tipos dessas correntes e discutindo a relação destas com os dados 
de ocorrências envolvendo afogamentos registrados pelo CBMRN. Além de 
analisar a vulnerabilidade institucional dos atores de prevenção e resposta a 
afogamentos na região metropolitana de Natal. 
 
 
http://www.usla.org/
16 
 
 1.1. Objetivo principal 
Analisar as correntes de retorno e sua relação ao risco e afogamento 
nas praias atendidas pelo Serviço de Salvamento Aquático do CBMRN na região 
metropolitana de Natal/RN. 
 Objetivos específicos 
Analisar as correntes de retorno através de imagens aéreas e de 
satélite. 
Discutir os principais fatores de risco de afogamentos envolvidos nas 
praias analisadas. 
Analisar as correlações entre número de afogamentos e presença de 
correntes de retorno nas praias objetos de análise. 
2. REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO 
 2.1. Caracterização da área de estudo 
O recorte espacial do presente estudo se baseia nos postos atendidos 
pelo Corpo de Bombeiros militar do Rio Grande do Norte - CBMRN, atendidos 
pelo serviço de Salvamento Aquático através do Grupamento de Busca e 
Salvamento – GBS, que atende o litoral leste do Estado. As praias analisadas 
neste estudo estão compreendidas em 3 (três) municípios da região 
metropolitana de Natal/RN (Nísia Floresta, Natal e Extremoz). 
São elas as praias de Ponta Negra, Areia Preta, Artistas, Meio, Forte 
pertencentes ao município de Natal e a praia da Redinha que é compartilhada 
pelos municípios de Natal e Extremoz. A capital do estado do Rio Grande do 
Norte, conta com uma área de aproximadamente 167km², e uma populaçãoestimada de 884.112 habitantes, (IBGE, 2019). Limita-se ao norte com o 
município de Extremoz, a oeste com os municípios de São Gonçalo de Amarante 
e Macaíba, ao sul com o município de Parnamirim e a leste com o Oceano 
Atlântico. 
Já as praias de Camurupim e Búzios pertencem ao município de Nísia 
Floresta, compreendido na região metropolitana de Natal- RMN. Limitando-se ao 
norte com o município de Parnamirim, a leste com o município de São José de 
17 
 
Mipibu e ao sul com os municípios de Arês e Senador Georgino Avelino. Possui 
uma população estimada de 27 602 habitantes, (IBGE, 2019). 
O clima é um fator fundamental quando se trata de turismo de praia e 
sol como é o caso de Natal. “Seguindo a classificação de Köppen, Natal possui 
clima quente e úmido, tropical chuvoso quente com verão seco. As maiores 
precipitações são registradas durante o inverno, concentrando-se nos meses 
que vão de abril a junho, conforme o Atlas Pluviométrico do Brasil elaborado pela 
companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)”, (MEDEIROS, 2014, p. 
86). 
 O período de maior insolação na cidade coincide com o período dos 
meses mais secos, indo de outubro a janeiro com 300,3h/mês em novembro. 
Esse período coincide com a temporada de férias escolares, festas de finais de 
ano, e carnaval. Época em que a região recebe muitos turistas e também é o 
momento no qual parte da população migra para uma segunda residência em 
casas de praia da região metropolitana para passar o período de veraneio. 
 Mapa 1: localização da área de estudo. 
Fonte: elaborado pelo autor, (2022). 
18 
 
 2.2. Paisagem 
O conceito de paisagem foi tido como o mais adequado para embasar 
esse trabalho. A paisagem denota percepção e a observação constante se faz 
presente para observar as mudanças e os riscos que são ou não percebidos no 
horizonte, neste caso o horizonte praial. 
Os métodos de investigação da paisagem abordam a caracterização 
dos elementos do meio físico, tais como aspectos geológico-geomorfológicos, 
climáticos, hidrografia, classes pedológicas, cobertura vegetal e uso e ocupação 
por uma sociedade dividida notadamente por critérios de poder aquisitivo 
diferenciado. A apropriação dos sistemas naturais por diferentes segmentos 
sociais vem produzindo transformações significativas nas cidades e as áreas de 
praias, principalmente as próximas a áreas densamente povoadas, também 
sofrem com essas transformações. 
O conceito utilizado foi o de Bertrand (1971) que define paisagem 
como sendo: “certa porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, 
portanto, instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo 
dialeticamente uns sobre os outros se tornam um conjunto único e indissociável. 
(CHACON, A.F 2016, p.27 apud BERTRAND, 1971)” 
A paisagem litorânea é caracterizada por uma grande capacidade de 
mudanças a medida que é influenciada por uma grande dinâmica de ambiental, 
tais quais os fenômenos das marés, que mudam diversas vezes ao longo do dia, 
dos ventos, correntes marinhas e também do homem que se apresenta como 
um importante agente transformador dessa paisagem. 
 
 2.3. Risco 
Em áreas de praias os riscos são os mais diversos, podendo ir desde 
acidentes envolvendo rochas, topografia das praias, acidente com cnidários, 
atropelamentos por veículos trafegando na faixa de areia, acidentes com os 
surfistas e demais praticantes de esportes aquáticos e o principal deles que são 
os afogamentos. 
Assim sendo o conceito de risco se torna fundamental para a análise 
desse trabalho. 
19 
 
“risco é um constructo eminentemente social, ou seja, é 
uma percepção humana. Risco é a percepção de um 
indivíduo ou grupo de indivíduos da probabilidade de 
ocorrência de evento potencialmente perigoso e causador 
de danos, cujas consequências são uma função da 
vulnerabilidade intrínseca desse indivíduo ou grupo”. 
(ALMEIDA, 2011, P.83) 
 
A exposição ao risco, nesse caso o risco em relação as praias, irão 
variar conforme os indivíduos. Alguns não percebem risco algum, outros 
percebem os riscos e evitam entrar no mar ou ficam sempre em áreas mais 
rasas, outros acreditam ser bons nadadores e entram no mar para partes mais 
profundas e aqueles mais prevenidos observam as sinalizações, fazem 
perguntas aos guarda vidas ou aos comerciantes locais que conhecem melhor a 
área. 
 “A condição para que um dado 
fenômeno gerado pela natureza se converta em uma 
ameaça está na sociedade humana exposta ou sensível a 
ele. Assim é que, e evidenciando uma expressão 
extremamente simples, não existe risco para a natureza, 
nem para os artefatos tecnológicos, nem para o 
sobrenatural; risco é uma condição de exposição de uma 
sociedade a uma dada ameaça ou perigo, portanto, uma 
construção social". (MENDONÇA et al., 2021) 
Em se tratando de correntes de retorno, o conhecimento das mesmas 
é fundamental, pois elas podem fazer com que indivíduos que não conhecem 
sobre dinâmica das praias façam uma leitura errônea das mesmas, afinal as 
correntes de retorno tendem a ser o local na praia onde a água é percebida como 
mais tranquila, geralmente não ocorre a quebra de ondas e quando ocorre elas 
são em menor tamanho em relação a área logo ao lado do canal. 
Assim as pessoas que não conhecem essa particularidade das 
correntes de retorno tendem a ir justamente para esses locais com águas mais 
tranquilas e assim se expõem aos riscos de afogamento sendo arrastadas por 
essas correntes de retorno. Importa também o fato de não ter o conhecimento 
de como elas funcionam e da melhor forma de sair desses locais. Por isso a 
necessidade tão importante de conhecer esse assunto. 
 2.4. Riscos costeiros 
As praias oceânicas são ambientes que apresentam uma 
variabilidade alta de ambientes, morfologia, hidrodinâmica que lhe conferem 
20 
 
variados perigos expondo facilmente os frequentadores desses ambientes a 
riscos os mais diversos. 
“Os riscos podem ser relacionados a fenômenos físicos e 
biológicos. Os riscos físicos incluem quebra de ondas, 
variabilidade da topografia da praia e zona de surfe, 
variabilidade das correntes na zona de arrebentação, 
profundidade, presença de rochas e recifes, podendo ser 
classificados em permanentes e não permanentes. No 
âmbito dos riscos não permanente, o de maior destaque 
são as variações topográficas de fundo”. (PINHEIRO, 
2017, P.28 apud SHORT et al., 1993). 
 
O autor destaca a maior importância das variações topográficas de 
fundo, nos riscos não permanentes, pois são elas as principais responsáveis pela 
ocorrência das correntes de retorno, pois as valas, onde o leito praial é mais 
profundo é através dele que carreará a águas na zona de surfe fazendo com que 
a velocidade seja maior tornando assim o principal risco de afogamento em 
ambientes de praia. 
Ainda de acordo com Pinheiro (2017, apud WRIGHT e SHORT, 1994) 
o perigo natural de uma praia aumenta com dissipabilidade do sistema e com 
incrementos na altura de arrebentação das ondas. O autor ainda faz menção que 
outras características físicas como a presença de píers, molhes, recifes, 
desembocaduras de rios e demais obstáculos representam uma fonte de perigo 
aumentando assim os riscos de uma praia. 
Tabela 1: Riscos físicos costeiros com impacto na segurança de 
banhistas. 
Riscos Permanentes Riscos Não Permanentes 
Falésias Topografia da zona da praia e zona de 
surfe 
Plataformas costeiras - Variações na profundidade 
 -Bancos, cavas e canais 
Rochas Quebra de ondas e vagalhões 
Recifes “set up” e “set down” das ondas 
Desembocaduras Correntes de retorno na zona de surfe 
21 
 
Profundidade Marés meteorológicas 
Fonte. Adaptado de Pinheiro (2017, P.29) 
Para essa pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica, para 
conseguir o embasamento necessário a discussão dos temas abordados.Vale 
salientar que as pesquisas sobre afogamentos e correntes de retorno no litoral 
brasileiro ainda são incipientes, principalmente na região Nordeste com 
destaque para os trabalhos desenvolvidos na praia do Futuro em Fortaleza, 
Ceará por Albuquerque et al (2010), estudos sobre correntes de retorno 
realizados nas praias da região metropolitana do Recife por Maia et al (2014). A 
maior parte dos estudos envolvendo a morfodinâmica praial e os riscos 
associados a afogamentos são pontuais. 
Os estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina contam com o maior 
número de pesquisas nesse campo e também são aqueles que dispõem de um 
monitoramento de longo prazo, com destaque para Mocellin (2006) que 
pesquisou os riscos associados a afogamentos nas praias do litoral norte de 
Santa Catarina. 
A pesquisa realizada por este autor contou ainda com dados de 
ocorrências registrados pelo Serviço de Salvamento Aquático do Corpo de 
Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, com informações sobre as diversas 
ocorrências envolvendo afogamentos e quantificação. 
Contou ainda com o auxílio de fotografias aéreas obtidas com o apoio 
do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER) da Secretaria de Estado 
da Segurança Pública e Defesa Social (SESED) que disponibilizou o helicóptero 
POTIGUAR 01 para que pudéssemos realizar o sobrevoo sobre as praias objeto 
de estudo dessa pesquisa e obter maior clareza sobre como são vistas as 
correntes de retorno de cima e assim, de acordo com as características que se 
apresentavam em cada imagem aérea analisar o tipo de corrente ali presente. 
Também se utilizou imagens de satélite obtidas com o auxílio do software Google 
Earth Pro. 
Tabela 2: Fonte das imagens utilizadas para localização das correntes de retorno 
e suas datas. 
22 
 
INDICADOR LOCAL FONTE DATA 
Figura 5 Camurupim Google Earth pro 12.08.2013 
Figura 6 Búzios Google Earth pro 18.12.2013 
Quadro 4 (b) Ponta negra Google Earth pro 18.10.2018 
Figura 7 Miami/areia preta Google Earth pro 25.08.2019 
Figura 8 (a) Artistas Google Earth pro 18.11.2017 
Figura 8 (b) Meio Google Earth pro 9.7.2020 
Figura 9 (a) Forte Google Earth pro 12.7.2020 
Figura 10 (a) Redinha Google Earth pro 25.8.2019 
Fonte: elaborado pelo autor (2022). 
O presente trabalho tomou como base a pesquisa realizada por Maia 
et al (2014) que estudou as correntes de retorno na região metropolitana do 
Recife- PE, buscando analisar a partir de imagens aéreas a identificação desse 
fenômeno para um reconhecimento mais preciso. Salientando a similaridade das 
áreas de estudo, ambas no nordeste setentrional e no litoral oriental da região. 
Com similaridades de correntes e até de perfil praial. Sendo assim o 
método de classificação será o mesmo por acreditar que é o mais preciso ao tipo 
de classificação de correntes de retorno. O referido autor classificou-as em 
correstes de retorno fixas, correntes de retorno móveis e indicadores de 
circulação transversal (ICT). Conceitos que serão tratados com mais detalhes. 
Sendo consideradas ainda como permanentes e não permanentes. 
 
2.4.1. Afogamento 
O afogamento é um trauma definido como aspiração de líquido não 
corporal por submersão ou imersão Szpilman (2019, P.8). Estima-se que 
aproximadamente 370.000 pessoas morram por afogamento anualmente no 
mundo. No Brasil em 2017, segundo o mesmo autor, morreram 5.692 pessoas 
por afogamento. 
Em 1995, pensando em uma forma de prevenir e minimizar os 
números alarmantes de casos de afogamentos no Brasil, profissionais de 
diversas áreas como Guarda-vidas, médicos, socorristas e profissionais atuantes 
23 
 
na área de salvamento aquático, decidiram criar a Sociedade Brasileira de 
Salvamento Aquático - SOBRASA, uma entidade sem fins lucrativos, que 
funciona como conselho profissional em áreas onde existam atividades de lazer, 
esportivas e trabalho em meio aquático. Possui representação em 25 estados 
brasileiros e representa oficialmente o país junto a International Lifesaving 
Federation – ILS. 
De acordo com Vanz et al (2014, p.120), o afogamento pode ser 
dividido em duas clases, de acordo com sua causa, sendo classificado como 
primário ou secundário. 
“O tipo mais comum é o afogamento primário. Neste tipo 
de afogamento não há nenhum fator incidental ou 
patológico que possa ter desencadeado o acidente. Ocorre 
devido à limitação da capacidade física ou técnica da 
vítima, ou seja, é inerente à vítima. O afogamento 
acontece por deficiência de condicionamento físico, fadiga 
ou falta de habilidade e destreza para natação. No 
afogamento secundário patologias ou incidentes estão 
associados ao fenômeno. Com uma menor frequência, 
ocorrendo em apenas 13% dos casos de afogamento, os 
seguintes fatores são apontados como causas: uso de 
drogas, principalmente álcool (36,2%), crise convulsiva 
(18.1%), traumas (16,3%), doenças cardiopulmonares 
(14.1%), mergulho livre ou autônomo (3.7%) e outros 
(homicídio, suicídio, lipotimias, cãibras, hidrocussão) 
(11.6%)”. (VANZ et al., 2014, p 120 apud MOCELLIN, 
2010). 
 
 2.5. Processos costeiros 
Na linha de costa (linha onde a água intercepta a costa) existem forças 
geológicas operando e as principais delas são as ondas e marés. Provocando 
erosão e transportando sedimentos produzidos pela erosão e os depositando em 
praias e ao longo da costa. 
“estes sistemas possuem alta energia e dinâmica ativa, e 
estão sujeitos a variações morfológicas em curtos 
intervalos de tempo, causadas por alterações nas 
condições energéticas atuantes. As variações espaciais e 
temporais na morfologia e no perfil praial são causadas por 
alterações nas condições ambientais locais, regimes de 
24 
 
ondas, ventos, correntes e disponibilidade do material 
formador das praias, que resulta em mudanças na linha de 
costa, na hidrodinâmica e no regime deposicional”. 
(REICHOW, 2015, p.10 apud WRIGTH e SHORT, 1984) 
 
A subida e descida do mar duas vezes ao dia chama-se marés, é um 
fenômeno conhecido há milhares de anos. Isso se deve a atração gravitacional 
da Lua e do Sol sobre a Terra. No entanto por a Lua se encontrar bem mais 
próximo a Terra a sua influência é maior. A gravitação da Lua tende a puxar para 
a Lua a parte da Terra que lhe está mais próxima, produzindo com isso uma 
maré cheia, diretamente abaixo da Lua. Ao mesmo tempo, a Lua atrai a Terra 
em seu todo tendendo a apartá-la de sua porção mais distante, provocando com 
isso uma maré cheia abaixo da assim chamada antilua. Existem, portanto, duas 
marés cheias em lados opostos da Terra e, com a Terra realizando uma 
revolução por dia, um dado lugar passará por duas marés cheias e duas marés 
baixas por dia. 
 
 Figura 1 – Forças formadoras das marés. 
 
 Fonte: CBMSP (2006, p.33). 
As fases da Lua são fundamentais para a altura das marés. Nas fases 
nova e cheia as marés sofrem uma amplitude maior. Significa que a maré 
alta/preamar ficará maior que a média e a maré baixa/baixa mar menor que a 
média comumente registrada. É nessa fase que ocorre a chamada maré de 
sizígia. Já nas fases minguante e crescente as amplitudes serão menores. O 
25 
 
movimento de avanço e recuo do mar será menor e ocorrerá a maré de 
quadratura. 
O CBMSC (2016) discorre sobre outros tipos de marés que importam 
aqui falar. Marés de enchente que é o movimento ascendente das águas. Maré 
de vazante que é aquela onde a água vai fazer um movimento descendente. É 
nessa maré que as correntes de retorno ficam mais fáceis de ser percebidas 
aumentando a força de arrasto da corrente e criando maiores riscos aos 
banhistas. Preamar é o limite máximo que a maré atinge durante o dia banhando 
a maior superfície possível da face praial. O estofo de maré que é o momento 
entre o término da maré de vazante e o início da mare de enchente ou o contrário. 
Importante destacar que a cada 6 horas e 12 minutos a água do mar atinge seu 
picomáximo e mínimo. Essas oscilações são registradas nas Tábuas de Marés, 
elaboradas pelo Centro de Hidrografia da Marinha. Essas informações são 
importantes aos navegantes por permitir saber o momento da maré de vazante 
e da preamar e permite ao guarda-vidas saber os horários de quando as praias 
estarão mais perigosas aos banhistas, afinal é na maré de vazante quando as 
correntes de retorno estarão mais fortes e podem arrastar os banhistas que 
desconheçam esse fenômeno. 
 
2.5.1 Praias 
Um perfil praial é compreendido por diversas zonas, que podem ou 
não ser facilmente identificadas, e se estende da plataforma continental interna 
até as dunas frontais. Por esse trabalho tratar mais especificamente de riscos 
associados ao banho de mar e influências das correntes de retorno, o foco é 
mais voltado a zona de surfe e zona de arrebentação. De acordo com Grotzinger 
et al (2013, p.563): 
“séculos de observações nos ensinaram a perceber que as 
ondas são mutáveis. Quando está um tempo calmo, elas 
rolam regularmente na costa com cavas calmas entres si. 
Já quando ocorrem os ventos fortes de uma tempestade, 
as ondas movem-se em uma confusão de formas e 
tamanhos. Elas podem ser baixas e suaves longe da 
costa, mas tornam-se altas e profundas à medida que se 
aproxima da terra. As ondas Altas podem quebrar na costa 
com grande violência, fragmentando paredes de concreto 
26 
 
e rompendo casas construídas na praia. Por isso para 
entender a dinâmica das linhas costa e tomar decisões 
apropriadas a respeito de sua ocupação e 
desenvolvimento, necessitamos entender como as ondas 
trabalham”. (GROTZINGER et al., 2013, p.563). 
 
A medida que se aproximam da costa e diminui a profundidade as 
ondas tendem a iniciar um processo chamado de arrebentação, que é o que 
ocorre quando as ondas quebram e formar uma superfície com presença de 
espuma que se chama zona de surfe. É uma parte da praia perceptível por conter 
grande quantidade de ondas colapsando e formando bolhas brancas e pode ser 
estender por dezenas de metros. Grotzinger (2013) assim define a zona de surfe: 
 
“A zona de surfe é de fundamental importância para o 
reconhecimento de uma área que oferece perigo para o 
banho de mar, pois as bolhas, espuma e arrebentação 
farão com que os guarda-vidas e os banhistas percebam 
quais áreas são ou não indicadas ao banho”. 
(GROTZINGER et al., 2013, p.564). 
 
 
 
 
Figura 2: perfil praial com divisões morfodinâmicas. 
 
Fonte: Reichow (2015, p.10). 
A zona de surfe compreende o local onde ocorre a arrebentação das 
ondas até o ponto onde a água se dissipa atinge a praia. O tipo de onda vai 
27 
 
caracterizar como as ondas se quebram. Essa quebra influencia o surgimento 
de correntes de retorno. De acordo com o CBMSC (2016, P.10 apud 
HOEFEL,1998) “durante esse percurso, grande parte da energia é transferida 
para a geração de correntes – longitudinais (correntes ao longo da costa) e 
transversais à praia (correntes de retorno).” 
 
Figura 3: zona de surfe ativa na praia de búzios. 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
Após as ondas quebrarem na zona de surfe, estas, mesmo reduzidas 
em tamanho, ainda se movem em direção a linha de costa. Banhando face da 
praia e retornando lentamente ao mar, arrastando consigo os sedimentos 
depositadas na face da praia, desde areia até grandes seixos. Esse movimento 
é conhecido como espraiamento. 
“Praia é “uma linha de costa formada por areia e seixos. 
As praias podem mudar de forma a cada dia, a cada 
semana e a cada estação do ano. As ondas e as marés 
podem, algumas vezes, alargar e estender a praia por 
meio de deposição de areia e, em outros momentos, 
estreitá-las, carregando a areia. Muitas praias são 
segmentos retilíneos de areia variando de 1 a mais de 100 
km de comprimento; outras são pequenas faixas de areia 
em forma de meia lua entre promontórios rochosos. 
Cinturões de dunas bordejam a porção interior de muitas 
28 
 
praias; colinas ou penhascos de sedimentos ou rochas 
bordejam outras. As praias podem ter terraços de maré – 
áreas planas e rasas entre a praia superior e uma barra de 
areias mais externa – nos seus lados voltados para o mar”. 
(GROTZINGER et al., 2013, p.573) 
 
Sobre a zonação morfológica da praia, o CBMSC (2016, p.9 apud 
HOEFEL, 1998), a praia é constituída por quatro ambientes que se diferem por 
características morfológicas específicas: antepraia (que é a extensão do fundo 
do oceano onde a onda começa a sofrer empinamento até o início da zona de 
arrebentação); praia média (é a extensão da praia sobre a qual as ondas 
arrebentam e se estende pela zona de surfe até onde a onda sofre o 
espraiamento); face praial (é o local onde ocorre o espraiamento da onda); pós-
praia (faixa que vai desde o limite superior do espraiamento até o início das 
dunas fixadas por vegetação ou qualquer outra mudança fisiológica brusca). 
 
 Figura 4: zona de surfe inativa devido a barreira de recifes. 
 Praia do Forte. 
 
 Fonte: acervo do autor (2019). 
29 
 
 
Outro termo importante para entender a dinâmica costeira é o que se 
refere a refração de ondas. Grotzinger et al (2013, p. 565) afirma que: 
“longe da costa, as linhas de ondulação são paralelas 
umas às outras, mas geralmente apresentam ângulo com 
a linha de costa. À medida que as ondas se aproximam da 
costa com um fundo cada vez mais raso, as sequências de 
ondas gradualmente encurvam-se para uma direção mais 
paralela à costa. Esse encurvamento é chamado de 
refração de ondas. É similar ao encurvamento de raios de 
luz na refração óptica, que faz com que um lápis 
semissubmerso pareça encurvado quando observado na 
superfície da água.” (GROTZINGER et al.,2013, p.565) 
 
Importante salientar a explicação de Carvalho (2002, p.35), sobre a 
refração de ondas: 
“quando a batimetria é ondulada, refração pode provocar 
a convergência das ondas de encontro às feições que 
representam relevos submarinos positivos em relação à 
sua vizinhança, como promontórios, tômbolos, bancos de 
areia etc, concentrando a energia e provocando uma 
sobreelevação na altura de quebra das ondas, ou pode 
provocar o oposto, ou seja: uma divergência das ondas, 
que acontece quando estas passam sobre feições que 
representam relevo negativo em à sua vizinhança como 
enseadas, canais, depressões etc, resultando numa 
dispersão de energia com a consequente redução da 
altura das ondas. Nos pontos aonde venha a ocorrer 
convergência, a energia liberada pelo quebramento das 
ondas será concentrada, gerando correntes longitudinais e 
de retorno mais fortes, enquanto que nas zonas de 
divergência serão criadas áreas calmas, quase sem ondas 
e/ou correntes.” (CARVALHO, 2002, p.35). 
 
 2.6. Correntes na zona de surfe 
As correntes de retorno constituem a principal causa de afogamento 
em ambiente de praia no mundo. Para que possam existir essas correntes existe 
um processo que se inicia com a zona de surfe quando as ondas quebram e 
dissipam a energia que vêm transportando desde o alto mar, gerando uma 
turbulência e colocando grandes quantidades de sedimento em suspensão para 
depois se transformarem em correntes que transportam energia e matéria 
30 
 
através da zona de surfe, se tornando um dos principais fatores de risco para os 
banhistas. 
“os ventos e as ondas empurram a massa de água de 
encontro à face da praia, causando uma sobre-elevação 
da água, fenômeno este conhecido como empilhamento 
ou “wave setup”. Esta elevação momentânea do nível do 
mar gera um gradiente de pressão gravitacional. A água 
pode tomar um entre três rumos, ou todos ao mesmo 
tempo. Uma parte retorna predominantemente pelo fundo, 
produzindo uma segregação vertical na lâmina d’água, 
com direção ortogonal, ou oblíqua, à linha de costa e é 
conhecida como corrente de fundo ou “undertow”; outra 
parte flui paralelamente à praia, são as correntes 
longitudinais ou “longshore currents”; e um terceirotipo 
retorna, deslocando toda a coluna d’água, com direção 
ortogonal ou oblíqua à linha de costa e é conhecido como 
corrente de retorno ou “rip current”. (CARVALHO, 2002, 
p.44 apud KOMAR, 1998). 
 
Dentre as ocorrências de afogamentos nas praias, verifica-se que as 
correntes de retorno, são correntes de água que fluem de maneira rápida, até 
3m/s, perpendicularmente a praia e se movendo na direção do mar, em alguns 
casos além do limite da zona de surfe. 
” Ocorrem em quase todos os tipos de praias e são uma 
das maiores ameaças naturais aos banhistas, que são 
carregados por elas para águas mais profundas, em um 
curto intervalo de tempo, podendo resultar em 
afogamento”. (PEREIRA et al., 2003). 
 
As correntes de retorno são nada mais que a forma que a água 
encontra para retornar ao mar após o espraiamento na face praial. Podem variar 
de acordo com a força das ondas, variação da superfície praial, presença ou não 
de muitos bancos de areia, cavas e obstáculos como barreiras de recifes onde 
existem poucas ou uma única saída de retorna do fluxo de água que faz com 
que a velocidade de arrasto seja maior do que em áreas abertas, dificultando 
também a saída dos banhistas e guarda vidas da corrente e retorno a face praial. 
 
“A corrente de retorno representa o regresso, pelo fundo e 
pela superfície, da massa de água que é empilhada pelas 
ondas, contra a face da praia. Sua força, ou intensidade, 
31 
 
depende fundamentalmente da altura de quebra das 
ondas e da geomorfologia, sobretudo quando sofre algum 
tipo de confinamento, tendo então sua velocidade bastante 
ampliada. Constitui-se de uma faixa de água relativamente 
estreita dentro da zona de surfe – com largura da ordem 
de algumas poucas dezenas de metros- que flui da face da 
praia em direção à zona da arrebentação. Passando pelas 
ondas incidentes, quando então induz uma diminuição na 
altura de quebra destas, e finaliza próximo ao ponto de 
arrebentação, onde cessa a sua energia. Muitas vezes se 
desenvolve quando uma corrente longitudinal é desviada 
por alguma feição geomorfológica submersa ou emersa, 
como bancos de areia, afloramentos rochosos etc, fazendo 
com que o fluxo se dê em direção à zona de arrebentação. 
Pode ser também resultante de sistemas circulatórios que 
se desenvolvem dentro da zona de surfe, produzidos por 
diferentes gradientes de pressão gravitacional existentes 
ao longo e perpendiculares à linha de costa, gerados por 
diferenças altimétricas entre os locais de empilhamento e 
os de depressão”. (CARVALHO, 2002, p.46 apud KOMAR, 
1998). 
 
Figura 5: esquema de um sistema de circulação celular. 
 
Fonte: adaptado de CBMSC (2016, p.13). 
As correntes de retorno, apesar de variar muito em aparência, como 
regra geral elas parecem um pouco diferentes da arrebentação ao redor, tendo, 
em regra, três componentes principais. O alimentador é a principal fonte de água 
que converge para a corrente de retorno se movendo lateralmente até o canal 
que se forma entre os bancos de areia. O segundo componente é o pescoço, 
que é quando a água vence a resistência das ondas e retorna ao mar, formando 
um tipo de corredor de água, é nele que a corrente de retorno tem mais força. 
32 
 
Por último existe o que se chame de cabeça, que é quando a água vence a zona 
de surfe e se dissipa perdendo assim a força de arrasto. 
 Figura 6: corrente de retorno vista do alto.
 
 Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
 
No entanto nem todas as correntes de retorno apresentaram feições 
assim tão bem definidas. Mesmo aquelas em que não se apresentem bem 
definidas o risco estará presente. A partir disso Maia et al (2014, p.171) propõe 
ainda o termo ICT (Indicador de Circulação Transversal) que é usado para definir 
“pontos que nas análises das imagens não é possível verificar todos os 
parâmetros de verificação de correntes de retorno (alimentador, pescoço, 
cabeça). Por isso o uso do termo indicador, ou seja, havia indícios indicando uma 
circulação, porém não possuía os critérios que caracterizasse esse ponto como 
uma corrente de retorno propriamente dita”. 
As correntes de retorno afetam as pessoas de maneira diferente. A 
influência principal será sobre a habilidade de natação, resistência física e 
conhecimento do funcionamento do fenômeno. Caso não possua habilidades 
alimentador 
pescoço 
cabeça 
33 
 
básicas o efeito imediato será o pânico, pois a velocidade de arrasto de uma 
corrente tende a ser rápida e o banhista perceberá que estará se afastando muito 
da face da praia. 
Uma pessoa com conhecimento do funcionamento de uma corrente 
de retorno e uma capacidade natatória moderada, conseguirá se manter calma 
e seguir o fluxo da corrente se deixando ser arrastado até que a corrente se 
dissipe e então irá nadar para conseguir sair pela zona de arrebentação. No 
entanto mesmo que seja alguém com boas habilidades de natação, mas com 
desconhecimento de como proceder, irá nadar no sentido contrário ao fluxo de 
água e não conseguirá vencer e acabar por se cansar e entrar em pânico. O 
melhor a ser feito é se deixar levar pela corrente até a área onde ela irá se 
dissipar ou nadar perpendicularmente a corrente de retorno até cair na zona de 
arrebentação que o ajudará a chegar à face praial. 
 
“Utilizando flutuadores e teodolitos, efetuaram uma série 
de medidas da velocidade dessas correntes em nove 
praias de Sydney e registraram valores entre 0,5 m/s e 1,5 
m/s. Estas medidas foram feitas durante o verão, com 
alturas de quebra de ondas entre 0,5m e 1,5 m. Sabendo-
se que nadadores de nível olímpico, como Gustavo 
Borges, por exemplo, atingem, nas águas paradas de uma 
piscina, sem turbulência e com o auxílio de um impulso 
inicial, a marca de 1,8 m/s e que um nadador de 
habilidades medianas atinge, também em piscina, 1,2 m/s, 
em média, conclui-se que a grande maioria dos banhistas 
corre sério risco de vida quando dentro destas correntes. 
Short & Hogan (1994) verificaram que a velocidade das 
correntes de retorno é diretamente proporcional à altura de 
quebra das ondas, porém, quando esta altura varia entre 
0,5 m e 1,5m, a velocidade não é muito modificada. Já a 
partir de 1,5 m de altura, o aumento na velocidade é 
significativo, tendo sido registrado valores de 29 m/s, para 
alturas de quebra próximas a 3m. Durante a vazante da 
maré, a depender da geomorfologia impor um 
confinamento à massa d’água, estas velocidades podem 
se intensificar ainda mais, com incrementos entre 33% e 
48%”. (CARVALHO, 2002, p. 47-48 apud SHORT & 
HOGAN, 1994) 
 
34 
 
Alguns parâmetros são usados para analisar uma corrente de retorno. 
Englobam desde a abertura nos recifes, zonas de surfe ativas ou não, ocorrência 
de plumas de sedimentos na praia (dentro e fora da zona de surfe). Além da 
classificação quanto ao tipo de corrente de retorno em móvel e fixa. O estágio 
das marés, as estruturas das correntes de retorno (alimentador, pescoço e 
cabeça), arrebentação das ondas e direção das correntes. 
As correntes de retorno fixas estão mais associadas a praias com 
algum tipo de morfologia específica como recifes, quebra-mar, estuários ou 
canais já estabelecidos na praia. Já as correntes de retorno móveis são mais 
comuns em praia mais abertas, sem muitas interferências físicas. Nesse tipo de 
praia os canais podem permanecer aparentemente fixos durante muito tempo, 
meses até. No entanto em casos de tempestades, ressacas e outros eventos 
ocasionais elas podem simplesmente mudar de local ou até desaparecer. 
Um fenômeno que influencia o deslocamento de água e pode ser 
fundamental para o surgimento de correntes de retorno fixas ou indicadores de 
circulação transversal é a difração. Que segundo Carvalho (2002, p. 38), “este 
fenômeno ocorre quando há algum obstáculo físico à propagação das ondas, 
fazendo com que haja uma transferência lateral de energia, ao longo da crista 
(Komar,1998)”. Este obstáculo pode ser representadopor um obstáculo rochoso 
emerso, uma pequena ilha, um quebra mar, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 
 
Figura 7: transferência lateral de energia provocada pela difração em 
promontórios 
. 
 Fonte: adaptado de Carvalho (2002). 
 
3. CORRENTES DE RETORNO E OCORRÊNCIAS DE AFOGAMENTO 
EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN. 
As praias de Camuripim, Búzios, Ponta Negra, Miami/Areia Preta, 
Artistas/Meio, Forte e Redinha foram escolhidas por serem praias da região 
metropolitana de Natal/RN atendidas com constância relativa no período objeto 
de análise e por ser todas atendidas pelo mesmo grupamento de bombeiros 
(serviço de Salvamento aquático). 
Realizamos um voo com o helicóptero potiguar 01 (ciopaer) as 10 
horas da manhã do dia 26 de março de 2019, onde sobrevoamos as seguintes 
praias: Camurupim, Búzios, Ponta Negra, Miami, Areia Preta, Artistas, praia do 
Meio, Forte e Redinha, seguindo essa ordem. 
36 
 
O voo foi realizado em período de baixa mar, com maré de vazante 
(baixa mar entre 00:49h e 14:11H de acordo com tábua de maré fornecida pela 
Marinha do Brasil). Esse período é o mais indicado para observar as correntes 
de retorno, pois elas ficam mais visíveis e tem maior poder de transporte em 
marés de vazante. Seguindo a proposta deste trabalho o carreamento de 
sedimentos, que é destacada em período de baixa mar, também favoreceria a 
melhor visualização a partir do alto. 
De posse das imagens aéreas do helicóptero foi realizado também um 
comparativo com imagens de satélite do software Google Earth Pro afim de 
melhor comparar a visualização dessas correntes de retorno, fixas, moveis e 
ICTs de acordo com o trabalho de Maia et al 2014, que fez uso dessa técnica de 
análise. 
Os dados foram organizados em gráficos de barras quantificando as 
ações de orientações (verde) que são ações que consistem em abordar os 
banhistas ou quando estes vão até os guarda-vidas buscando orientações sobre 
áreas mais seguras para banho. Ações de advertência (em azul) que é quando 
o guarda-vidas aborda os banhistas que estão se dirigindo para uma área com 
risco de afogamento e são orientados sobre o perigo. 
Gráficos sobre ocorrências, foram priorizadas as ações de resgate 
(linha em laranja no gráfico e marcador amarelo no mapa) que consiste no ato 
do bombeiro resgatar uma vítima que esta se afogando e não consegue sair 
sozinha da água. Foi quantificado também as ocorrências de afogamento (linha 
em amarelo no gráfico e balões vermelhos no mapa) que são as ocorrência com 
que acabam em óbito, seja a vítima sendo atendida pelo Corpo de Bombeiros ou 
se afogando em uma praia em momento sem a presença de guarda-vidas no 
momento. Vale salientar que o CBMRN atende nas praias no horário das 8h até 
17h. 
 3.1. Praia de Camurupim 
Pertencente ao município de Nísia Floresta, é uma praia tipicamente 
de veraneio, logo a presença de guarda vidas não é regular (apenas durante a 
operação verão) quando ocorre um grande deslocamento de pessoas as casas 
37 
 
de praia da região e algumas excursões de turistas que decidem conhecer o local 
nos meses de verão. 
Apresenta uma barreira de beachrocks que protegem a praia do efeito 
das ondas, criando no período de alta mar uma piscina de água tranquila para o 
banho. Os riscos aumentam à medida que inicia a maré de vazante fazendo com 
que o fluxo de água que retorna ao mar por abertura na barreira de beachrocks 
flua muito rapidamente exigindo atenção constante dos banhistas e guarda-vidas 
que trabalham na prevenção. Importante salientar que por a corrente de retorno 
ser fixa facilita a sinalização com bandeiras na beira da praia. 
 
Figura 8: Praia de Camurupim com marcação do canal da corrente de retorno 
fixa (seta em vermelho) e beachrocks. 
 
Fonte: adaptado de Google Earth Pro (2022). 
A morfologia da praia afeta particularmente o resgate as vítimas de 
afogamento, pois devido ao forte fluxo da corrente de retorno e a barreira de 
recifes, não é possível aos guarda-vidas voltarem com a vítima a faixa de areia 
nadando. Estes devem permanecer com os banhistas flutuando aguardando o 
resgate por embarcações, exigindo um resgate mais longo e tranquilidade das 
vítimas e guarda-vidas. 
Muitos banhistas também se arriscam ao subir na barreira de recifes 
e acabam caindo e se ferindo nas rochas, ouriços e outras particularidades do 
38 
 
local. Em dias de ondas fortes que conseguem banhar a barreira de recifes é 
possível que os banhistas e pescadores que pescam em cima do recife, venham 
a perder o equilíbrio e tombar para a parte de mar aberto e assim não conseguir 
voltar, ou caindo para a parte abrigada da praia onde também podem se ferir. 
Figura 9: fotografia área da praia de Camurupim com destaque para a abertura 
do recife por onde circula a corrente de retorno fixa (setas em vermelho). 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
Figura 10: espacialização das ocorrências envolvendo regates (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) durante o período 2017-2021. 
Corrente de retorno fixa (seta em vermelho). 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). 
 
A partir do gráfico (quadro 1) é possível observar que no ano de 2017 
ocorreram 2 (dois) óbitos e 1 (um) em 2018. A partir de 2019 foi intensificado o 
trabalho de prevenção na praia com um substancial aumento no número de 
orientações e advertências. Resultando em 0 (zero) ocorrências com desfecho 
morte nos anos de 2019, 2020 e 2021. 
Foi a partir de 2019 que as durante a operação verão passou a ser 
presença constante guarnições de guarda vidas durante todo o período de 
veraneio (antes disso era apenas nos fins de semana dos meses de verão), 
distribuição de panfletos com orientações sobre áreas seguras para nadar e 
entrega de pulseiras para crianças para facilitar a localização e identificação das 
mesmas. Ocorrências envolvendo crianças perdidas na praia são frequentes. 
 
 
 
 
40 
 
Quadro 1: gráfico (a) apresentando dados anuais sobre ações de prevenção 
(orientações que consistem quando os guarda-vidas abordam os banhistas na 
praia para indicar os locais mais seguros) e (advertências que é quando o 
banhista ainda não está se afogando porém está em um local de risco. Ex: indo 
em direção a uma corrente de retorno); (b) ocorrências de regate (quando o 
guarda-vidas consegue retirar uma vítima que estava se afogando com vida) e 
afogamento (quando ocorre o óbito). Dados da praia de Camurupim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: gráfico (a) elaborado pelo autor com base em dados de ocorrências do CBMRN 
(2022). 
 
Nos períodos anteriores por uma questão de efetivo insuficiente e falta 
de recursos financeiros para pagar diárias operacionais, a presença de guarda-
1
0
4
1
8
9
6
1
2
1
9
5
1
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2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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C
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S
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE CAMURUPIM
Orientações Advertências
2
1 1
3
0
2
1
0 0 0
2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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C
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S
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE CAMURUPIM
Resgates Afogamentos
b
a 
41 
 
vidas na região era restrita aos fins de semana do período de veraneio 
(novembro a fevereiro). O gráfico apresenta uma diminuição significativa das 
ocorrências de afogamento com vítimas fatais a partir do momento em que foi 
possível intensificar os trabalhos de prevenção e orientação. Vale destacar que 
durante o ano de 2020 e um período considerável de 2021 houve a pandemia o 
que diminuiu a presença de banhistas na praia devido as proibições de 
aglomerações e lockdowns. 
No mapa de espacialização (figura 10) é possível verificar a 
ocorrência de afogamento com vítimas fatais 3 (três) e 7 (sete) resgates 
realizados no período 2017-2021o que pode denotar a grade letalidade da praia 
em relação aos resgates. Pois, conforme mencionado anteriormente, devido as 
condições morfológicas próprias da praia o resgate é muito difícil. Caso não haja 
guarda-vidas na praia e a vítima não tenha uma grande resistência física e boa 
capacidade de natação dificilmente teria condições de vencer a corrente de 
retorno e conseguir voltar para terra firme ou aguardar a chegada do bombeiro 
ou embarcação. 
 
3.2 . Praia de Búzios 
Faz parte do município de Nísia Floresta, praia que apresenta uma 
presença de ondas muito forte e um grande número de correntes de retorno. Foi 
contabilizado a presença de 16 (dezesseis) correntes de retorno móveis, 1 (uma) 
corrente de retorno fixa e 2 (dois) indicadores de circulação transversais ICT,s. 
A corrente de retorno fixa localiza-se próxima a um afloramento 
rochoso no limite norte da praia. Búzios também apresenta presença de rochas 
no limite sul com a praia de barra de tabatinga (o patrulhamento realizado pelo 
CBMRN chega a ir até a praia de tabatinga, até onde é possível chegar antes da 
presença de rochas na praia). 
42 
 
Figura 11: localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis 
(pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na praia de búzios. 
 
Fonte: adaptado de Google Earth pro (2022). 
Devido a força das ondas que quebram e a sua longa extensão e por 
não ser uma praia protegida, as correntes de retorno móveis são muito comuns, 
fazendo com que ocorra o arrasto dos banhistas ao mar e dificultando a saída 
dessas correntezas pois é comum várias CRs próximas umas das outras. 
A longa extensão da praia exige ainda dos guarda vidas um 
patrulhamento constante afim de garantir a segurança dos banhistas, pois as 
correntes de retorno se fazem presente em toda a praia. Esse patrulhamento é 
feito em veículos com tração 4x4 podendo ser caminhonetes ou quadriciclos. 
Sendo muito comum a divisão de equipes afim de otimizar o trabalho. É uma 
praia atendida pelo serviço de guarda-vidas diariamente. Porém é no período de 
verão que o número de banhistas aumenta consideravelmente por ser uma praia 
de características de veraneio apresentando várias casas de praia na região. 
Outros riscos enfrentados na praia são o risco de atropelamentos por 
veículos 4x4 que circulam irregularmente na faixa de areia e ocorrência com 
cnidários (águas vivas) que provocam irritação na pele quando o existe o contato, 
seja na água ou ao pisar nesses animais na areia. 
É uma praia que exige uma boa habilidade de natação para quem 
frequenta, pois, as ondas tendem a quebrar muito forte e apresentar uma 
43 
 
sequência longa, provocando dessa forma uma sensação de desespero e 
podendo levar a acidentes. É importante salientar o difícil trabalho dos guarda-
vidas que devem diariamente localizar as principais correntes de retorno móveis 
(as fixas são sinalizadas permanentemente) e fazer a sinalização com bandeiras 
(imagem a seguir) afim de auxiliar no processo de prevenção. 
Figura 12: foto de uma corrente de retorno vista de frente (a); bandeira de 
sinalização de risco de afogamento em frente a corrente de retorno (b); 
sequência de correntes de retorno avistadas em fotografia aérea (sinalizadas 
com setas em vermelho) (c). todas as imagens são da praia de Búzios. 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
 
 
 
 
 
a b 
c 
44 
 
 
Quadro 2: gráfico (a) com dados sobre prevenção (orientações e advertências) 
na praia de búzios; gráfico (b) com dados sobre ocorrências de resgate e 
afogamento na mesma praia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: gráfico (a) elaborado pelo autor com base em dados de ocorrências do CBMRN, 
mapa (b) adaptado de Google Earth pro (2022). 
A partir do gráfico (a) é possível observar que os resgates no período 
de análise foram estáveis (apresentando um pequeno aumento no período de 
2019/2020). O ano de 2018 foi o mais letal com 2 (dois) óbitos. 
Devido aos riscos representados pelo grande número de correntes de 
retorno e condições de ondas mais agitadas é uma praia que apresenta uma 
relação constante de orientações e advertências afim de evitar que os banhistas 
se coloquem em perigo. 
 
1
1
3
1
1
5
5
1
6
5
6
3
7 7
9
5
6
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2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
O
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S
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE BÚZIOS
Orientações Advertências
1
4
1
1
2
7
2
3
1
5
0
2
0 0 0
2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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S
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE BÚZIOS
Resgates Afogamentos
b 
a 
45 
 
 
Figura 13: Imagem de espacialização de ocorrências (resgates: marcadores 
amarelos, afogamentos: balões vermelhos) e presença de corrente de retorno 
fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na 
praia de Búzios. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). 
No mapa de espacialização (Figura 13) observa-se o grande número 
de resgates 90 (noventa) realizados mesmo com um número expressivo de 
orientações e advertências e em se tratando de não ser uma praia urbana e que 
apresenta uma maior frequência de banhistas apenas no período de veraneio. 
No mesmo período foram registrados 2 (dois) óbitos, ambos no ano de 2018. 
 3.3. Praia de Ponta Negra 
Praia localizada no município do Natal/RN, apresenta uma forte 
presença de público durante todo o ano, por ser um dos cartões postais do 
Estado com o morro do careca e com grande beleza cênica. 
Apresentou aproximadamente 3 correntes de retorno móveis e um 
indicador de circulação transversal ICTs. Caracteriza-se por sem uma praia 
tranquila para banho, e na sua parte localizada próximo ao morro do careca as 
águas são mais tranquilas, pois as ondas passam por um processo de difração 
no promontório antes de atingir a face praial. 
 
 
46 
 
 
Figura 14: difração de ondas na praia de ponta negra. 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
Os riscos apresentados em ponta negra se referem mais a 
ocorrências com cnidários, acidentes com surfistas e nas rochas colocadas junto 
ao calçadão para proteção da estrutura urbana com relação ao avanço do mar. 
O tipo de ondas e as correntes de retorno têm pouca influência em casos de 
afogamentos, pois as ondas são calmas, e as poucas correntes de retorno têm 
pouca força de arrasto. Os afogamentos que ocorrem nessa praia têm uma maior 
relação com o abuso de bebidas alcoólicas ou problemas de saúde, fazendo com 
que o banhista passe mal durante o banho de mar e venham a se afogar 
(afogamento secundário). 
 
 
 
47 
 
Figura 15: (a) localização de indicador de circulação transversal – ICT (círculos 
em vermelho), espacialização das correntes de retorno móveis (pontos verdes) 
e ICT (ponto amarelo) na praia de ponta negra (b). 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019) (a); Google earth pro (2022) (b). 
 
Figura 16: espacialização das ocorrências de resgates (marcadores amarelos) 
e afogamentos (balões vermelhos), CR e ICT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). 
 
 
a 
b 
48 
 
Quadro 3: (a) gráfico com quantificação de ações de prevenção (orientações e 
advertências); (b) dados de ocorrências (resgates e afogamentos) na praia de 
ponta negra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: gráficos elaborados pelo autor com dados de ocorrências do CBMRN (2022). 
 
Praia que apresenta condições de ondas mais propícias ao banho e 
que diferentemente das praias analisadas até agora (Camurupim e Búzios) 
1
2
7
4
2
7
5
4
9
6
1
2
9
3
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0
0
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5
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2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE PONTA NEGRA
Orientações Advertências
2 2
0
6
1
2
1
0 0
3
0
2 0 1 7 2 01 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE PONTA NEGRA
Resgates Afogamentos
b 
a 
49 
 
apresenta um fluxo mais constante de banhistas durante todo o ano, muito 
também por ser uma praia urbana. 
Apresentou 4 (quatro) afogamentos no período analisado sendo 3 
(três) no ano de 2020 e 1 (um) em 2017. Foram realizados 22 (vinte e dois) 
resgates com destaque para o ano de 2021 com 12 (doze) sendo realizados por 
equipes do CBMRN. 
3.4. Praia de Miami/Areia Preta 
As duas praias localizadas na zona leste de Natal, são praias urbanas, 
limitadas por um quebra mar. São frequentadas por moradores das 
proximidades, sufistas e, em períodos de férias, por turistas. 
Seus riscos estão associados aos 3 (três) quebra-mares presentes 
nas duas praias que propiciam a presença de 3 (três) correntes de retorno fixas 
4 (quatro) correntes de retorno móveis. São praias que exigem bastante atenção 
em período de baixa mar pois a força de arrasto das correntes é forte e podem 
ocorrer choquem dos banhistas que estão sendo arrastados com as rochas que 
fazem parte do quebra-mar além dos afloramentos rochosos da própria praia. 
Figura 17: correntes de retorno fixa (pontos vermelhos) ao lado de 
espigões/promontórios (pontos em vermelho), e móveis (pontos verdes), praia 
Miami/Areia Preta. 
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir de Google Earth pro (2022). 
50 
 
Vale salientar que são praias com forte presença de surfistas e que 
estes também auxiliam no resgate de vítimas de afogamento. Muitos destes já 
participaram de projetos como o “surfe salva” do CBMRN que visa treinar 
surfistas na prática do salvamento aquático e primeiros socorros às vítimas de 
afogamentos. 
Quadro 4: gráfico (a) com dados de ações preventivas orientações (linha verde) 
e advertências (linha azul); (b) dados de resgates (linha laranja) e afogamentos 
(linha amarela) praia de Miami/Areia Preta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor com dados do CBMRN (2022). 
 
1
8
9
1
9
5
7
0
3
2
2
2
6 2
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3
0
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3 2
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PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE AREIA PRETA/MIAMI
Orientações Advertências
6
3
7
5
9
1 1
3
2
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2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
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PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DE AREIA PRETA/MIAMI
Resgates Afogamentos
b 
a 
51 
 
Figura 18: mapa de espacialização das ocorrências de resgate 
(marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) período 2017-2021 e 
correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). 
Praia com grande presença de estruturas que favorecem o 
surgimento de correntes de retorno como os espigões. Apresenta um grande 
número de ocorrências de afogamento fatais 8 (oito), sendo a única praia 
analisada com ocorrências fatais em todos os anos do período em análise (2017-
2021). 
Foram realizados 30 (trinta) resgates nesse período e nos anos de 
2020 e 2021 foi percebido um aumento das orientações e advertências. Vale 
destacar o grande número de correntes de retorno fixas e móveis verificadas e 
que podem ser um indicativo de ocorrências associadas a maior letalidade 
verificada na área em estudo. 
 
 3.5 Praia dos Artistas/praia do Meio 
Ambas também na zona leste da capital Natal, a praia dos artistas 
apresenta uma faixa maior de areia e alguns afloramentos rochosos. Apresentou 
1 (uma) corrente de retorno móvel e 1 (uma) corrente de retorno fixa, enquanto 
a praia do meio apresentou 1(uma) corrente de retorno fixa no espaço entre a 
52 
 
barreira de recife presente no início dessa praia e que segue até a fortaleza dos 
reis magos já na praia do forte que faz limite ao norte desta. 
Figura 19: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e 
móveis (pontos verdes) na praia dos artistas e praia do meio (b).
 
Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth pro (2022). 
A praia do meio e dos artistas apresentam um fluxo maior de turistas 
e banhistas que chegam de localidade mais afastadas, pois várias linhas de 
ônibus têm como destino essas praias. 
Observou-se que o número de salvamentos é maior nos 
postos de Guarda-vidas localizados próximos a pontos 
terminais de ônibus, ou seja, muitos banhistas utilizam o 
transporte público e moram distante da praia, sendo 
identificados como grupo de risco aos afogamentos. Vans 
et al,2014, p.120, apud Bulhões (2010). 
a 
b 
53 
 
O canal de praia do meio é um dos historicamente mais perigosos 
para os banhistas em praias urbanas de Natal. Apresenta um grande número de 
resgates, sua força de arrasto é grande e as vítimas geralmente não conseguem 
sair também devido a barreira de recife, que não permite o retorno a areia da 
praia. No local dessa corrente de retorno a sinalização é permanente e os 
guarda-vidas devem permanecer atentos na prevenção. Outro risco comum são 
os banhistas que sobem na barreira de beachrock para tirar fotos e acabam 
caindo devido a força das ondas, provocando acidentes. 
Figura 20: embaiamento formado pela maré alta após os recifes (em vermelho), 
corrente de retorno fixa entre abertura do recife (amarelo). 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2019). 
É comum no local o aluguem de boias para que os banhistas fiquem 
flutuando. Isso aumenta muito os riscos pois as pessoas não percebem que 
estão sendo arrastados para mar aberto e ao se atentarem tendem a se apavorar 
e acabam caindo dessas boias. O risco é ainda maior quando quem está fazendo 
uso desses equipamentos são crianças, muitas delas desacompanhadas de um 
adulto, que geralmente até está no local, porém fazendo uso de bebidas 
alcoólicas e acabam perdendo a atenção as crianças e estas se afastam 
rapidamente e com facilidade flutuando na correnteza. 
54 
 
No local existe um posto físico de guarda vidas e que funciona 
diariamente. É uma das praias há mais tempo atendidas pelos serviços de 
salvamento aquático do corpo de bombeiros. 
Quadro 5: gráfico com dados sobre orientações e advertências(a); (b) gráfico 
com ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) (b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor com dados do CBMRN (2022) 
Praias urbanas, com presença de duas correntes de retorno fixas, 
com grande capacidade de arrasto. Apresenta uma presença de público durante 
todo o ano, principalmente aos fins de semana. É uma praia com atendimento 
diário do serviço de salvamento aquático e com presença constante de ações de 
orientações e advertências. 
 
 
a 
b 
6584
3287
4657
5609 5450
3237
1871 1756
2715 2370
0
2000
4000
6000
8000
2017 2018 2019 2020 2021
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ci
as
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DO MEIO/ARTISTAS
Orientações Advertências
32
24
35
32
28
1 0 0 0 2
0
10
20
30
40
2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1
O
C
O
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R
ÊN
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IA
S
PERÍODO DE ANÁLISE
PRAIA DO MEIO/ARTISTAS
Resgates Afogamentos
b 
a 
55 
 
 
Figura 21: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores 
amarelos) e afogamentos (balões em vermelho) compreendendo todas as 
ocorrências no período 2017-2021, correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) 
e móveis (pontos verdes), praia dos Artistas/praia do Meio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor com base em Google Earth pro e CBMRN (2022). 
 
Mesmo assim apresenta um grande número de resgates 151 (cento e 
cinquenta e um) indicando a gravidade das correntes ali presentes e a 
importância da presença constante dos guarda vidas devido ao número 
expressivo de banhistas em situação de risco. Foram constatados 3 (três) 
afogamentos, sendo 1(um) em 2017 e 2 (dois) em 2021. 
 
3.6 Praia do Forte 
Localizada ao norte da praia do meio, apresenta uma grande barreira 
de recifes

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