Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN NATAL 2022 JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN Monografia apresentada ao curso de graduação em Geografia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Geografia. Orientador: Prof°. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida. NATAL 2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA Maia, Jose Luiz Pessoa. Riscos de afogamentos em praias da região metropolitana de Natal/RN / Jose Luiz Pessoa Maia. - Natal, 2022. 65 f.: il. color. Monografia (graduação) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Lutiane Queiroz de Almeida. 1. Afogamentos - Monografia. 2. Praias - Monografia. 3. Correntes de retorno - Monografia. I. Almeida, Lutiane Queiroz de. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA CDU 627.223:616-001.8 ELABORADO POR HEVERTON THIAGO LUIZ DA SILVA - CRB-15/710 JOSÉ LUIZ PESSOA MAIA RISCOS DE AFOGAMENTOS EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Prof°.Dr. Lutiane Queiroz de Almeida (Orientador) Universidade federal do Rio Grande do Norte – UFRN _______________________________________________________ Profª. Dr. Joyce Clara Vieira Ferreira (Membro) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN ________________________________________________________ Prof°. Dr. Yuri Marques Macedo (Membro) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais (socorro e José) e minha irmã (Érica) por desde sempre acreditarem no poder transformador da educação. Para quem é do Sertão nordestino isso é ainda mais fundamental. Aos meus tios (Lucia e Gilton) e padrinho (Chico) por sempre me incentivarem no caminho do conhecimento e por todo o suporte ao longo da minha vida. A Ana Lígia e Júlia pela convivência e momentos de descontração. A Priscila por ser uma companhia de vida e de sonhos e que está sempre presente para trilhar os caminhos. Aos amigos da turma pelas conversas, parcerias nas aulas de campo e resenhas. Ao amigo Sergio (in memoriam) pelo exemplo de força de vontade de viver e acreditar nos sonhos. Ao meu orientador, professor Lutiane, pela paciência, orientações e amizade. Por me apresentar ao Georisco, grupo de pesquisa que me acolheu e onde pude aprender muito e ter a alegria do bom convívio. Aos guerreiros do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER): comandante Hildebrando e ST Gurgel pela oportunidade de realizar o voo no potiguar – 01, fundamental para a conclusão deste trabalho. E ao Corpo de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Norte por disponibilizar os dados e pelo constante aprendizado ao longo desses anos de vivências. RESUMO As correntes de retorno estão associadas como um dos principais causadores de afogamentos em praias de todo o mundo. No Brasil algumas das principais metrópoles encontram-se no litoral, e as praias representam um espaço democrático de lazer para essa população e demais turistas. Aumenta também a exposição dos banhistas aos riscos de afogamentos. Esse trabalho visa analisar a relação entre o número de afogamentos e a ocorrência de correntes de retorno em algumas das praias da região metropolitana de Natal/RN, atendidas diariamente ou em períodos de veraneio pelo serviço de salvamento aquático do Corpo de Bombeiros Militar. O enfoque da pesquisa foi analisar a paisagem verificando a percepção das correntes de retorno através de imagens obtidas por fotografia aérea (helicóptero) e através do software Google Earth pro. Foi verificado um número expressivo de ocorrências de resgates nas praias onde as correntes de retorno são mais perceptíveis. Reforçando a necessidade das ações de conscientização, orientação, buscando esclarecer aos banhistas a melhor forma de se manterem seguros no mar. Palavras-chave: afogamentos, praias, correntes de retorno, região metropolitana de Natal/RN. ABSTRACT Rip currents are associated as one of the main causes of drowning on beaches around the world. In Brazil, some of the main metropolises are located on the coast, and the beaches represent a democratic leisure space for this population and other tourists. It also increases bathers' exposure to the risk of drowning. This work aims to analyze the relationship between the number of drownings and the occurrence of rip currents on some of the beaches in the metropolitan region of Natal/RN, attended daily or during summer periods by the water rescue service of the Military Fire Department. The focus of the research was to analyze the landscape, verifying the perception of rip currents through images obtained by aerial photography (helicopter) and through the Google Earth Pro software. A significant number of occurrences of rescues were verified on the beaches where rip currents are more noticeable. Reinforcing the need for awareness and guidance actions, seeking to clarify bathers on the best way to stay safe at sea. Keywords: drowning, beaches, rip currents, metropolitan region of Natal/RN. LISTA DE SIGLAS CIOPAER – CENTRO INTEGRADO DE OPERAÇÕES AÉREAS CR – CORRENTE DE RETORNO CBMRN – CORPO DE BOMEBIROS MILITAR DO RIO GRANDE DO NORTE CBMSC – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SANTA CATARINA CBMSP – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE SÃO PAULO ICT – INDICADOR DE CIRCULAÇÃO TRANSVERSAL ONU – ORAGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SESED – SECRETÁRIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL SOBRASA – SOCIEDADE BRASILEIRA DE SALVAMENTO AQUÁTICO UFRN – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Forças formadoras das marés ........................................................24 Figura 2: perfil praial com divisões morfodinâmicas.........................................26 Figura 3: zona de surfe ativa na praia de búzios. ............................................26 Figura 4: zona de surfe inativa devido a barreira de recifes. Praia do Forte... 28 Figura 5: esquema de um sistema de circulação celular................................. 31 Figura 6: corrente de retorno vista do alto........................................................32 Figura 7: transferência lateral de energia provocada pela difração em promontórios. ...................................................................................................35 Figura 8: Praia de Camurupim com marcação do canal da corrente de retorno fixa (seta em vermelho) e beachrocks...............................................................37 Figura 9: fotografia área da praia de camurupim com destaque para a abertura do recife por onde circula a corrente de retorno fixa (setas em vermelho). ......38 Figura 10: espacialização das ocorrências envolvendo regates (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) durante o período 2017-2021. Corrente de retorno fixa (seta em vermelho) ......................................................39 Figura 11: localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis(pontos verdes) e ICT,s (pontos amarelos) na praia de búzios..........................42 Figura 12: foto de uma corrente de retorno vista de frente (a); bandeira de sinalização de risco de afogamento em frente a corrente de retorno (b); sequência de correntes de retorno avistadas em fotografia aérea (sinalizadas com setas em vermelho) (c). todas as imagens são da praia de Búzios. .........43 Figura 13: Imagem de espacialização de ocorrências (resgates: marcadores amarelos, afogamentos: balões vermelhos) e presença de corrente de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na praia de Búzios...................................................................................................45 Figura 14: difração de ondas na praia de ponta negra. ....................................46 Figura 15: (a) localização de indicador de circulação transversal – ICT (círculos em vermelho), espacialização das correntes de retorno móveis (pontos verdes) e ICT (ponto amarelo) na praia de ponta negra (b)..........................................47 Figura 16: espacialização das ocorrências de resgates (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos), CR e ICT..................................................47 Figura 17: correntes de retorno fixa (pontos vermelhos) ao lado de quebra-mar (pontos em vermelho), e móveis (pontos verdes), praia Miami/Areia Preta......49 Figura 18: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) período 2017-2021 e correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes).............................. 51 Figura 19: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes) na praia dos artistas e praia do meio (b).....................52 Figura 20: embaiamento formado pela maré alta após os recifes (em vermelho), corrente de retorno fixa entre abertura do recife (amarelo)...............................53 Figura 21: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (balões em vermelho) compreendendo todas as ocorrências no período 2017-2021, correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes), praia dos Artistas/praia do Meio.............................55 Figura 22: (a) localização da corrente de retorno fixa entre a abertura do recife (seta em vermelho), embaiamento após o recife (vermelho) e localização do canal de abertura do recife (amarelo) (b). ........................................................56 Figura 23: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (marcadores vermelhos) e corrente de retorno fixa (ponto vermelho)................................................................................................58 Figura 24: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos); e imagem aérea de ICT (círculos vermelhos) (b), ambas imagens da praia da redinha. ........................59 Figura 25: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) e correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos), praia da Redinha..............................................................................................................61 LISTA DE MAPAS, QUADROS E TABELAS Mapa 1: mapa de localização da área de estudo...............................................17 Quadro 1: gráfico (a) apresentando dados anuais sobre ações de prevenção (orientações que consistem quando os guarda-vidas abordam os banhistas na praia para indicar os locais mais seguros) e (advertências que é quando o banhista ainda não está se afogando, porém está em um local de risco. Ex: indo em direção a uma corrente de retorno); (b) ocorrências de regate (quando o guarda-vidas consegue retirar uma vítima que estava se afogando com vida) e afogamento (quando ocorre o óbito). Dados da praia de Camurupim...............40 Quadro 2: gráfico (a) com dados sobre prevenção (orientações e advertências) na praia de búzios; gráfico (b) com dados sobre ocorrências de resgate e afogamento na mesma praia. ...........................................................................43 Quadro 3: (a) gráfico com quantificação de ações de prevenção (orientações e advertências); (b) dados de ocorrências (resgates e afogamentos) na praia de ponta negra.......................................................................................................48 Quadro 4: gráfico (a) com dados de ações preventivas orientações (linha verde) e advertências (linha azul); (b) dados de resgates (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) praia de Miami/Areia Preta.......................................................50 Quadro 5: gráfico com dados sobre orientações e advertências(a); (b) gráfico com ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) (b)..54 Quadro 6: (a) gráfico com informações sobre orientações e advertências; (b) dados de ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) praia do Forte.....................................................................................................57 Quadro 7: (a) gráfico com dados das ações de prevenção (orientações e advertências); e (b) com dados de ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela), praia da redinha.................................................60 Tabela 1: Riscos físicos costeiros com impacto na segurança de banhistas ....20 Tabela 2: Fonte das imagens utilizadas para localização das correntes de retorno e suas datas. .....................................................................................................21 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................. 13 1.1. Objetivo principal ................................................................... 16 2. REFERENCIL TEÓRICO - METODOLÓGICO..............................16 2.1. Caracterização da área de estudo.................................................. 16 2.2. Paisagem............................................................................................. 18 2.3. Risco............................................................................................................ 18 2.4. Riscos Costeiros ..................................................................... 19 2.5. Processos costeiros .............................................................. 23 2.5.1. Praias .............................................................................. 25 2.6. Correntes na zona de surfe ...................................................... 29 3. CORRENTES DE RETORNO E OCORRÊNCIAS DE AFOGAMENTO EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN. ........................................................................................ 35 3.1. Praia de Camurupim ................................................................. 36 3.2.Praia de Búzios ......................................................................... 41 3.3. Praia de Ponta Negra ............................................................... 45 3.4 Praia de Miami/Areia Preta ........................................................ 49 3.5 Praia dos Artistas/praia do Meio ................................................ 51 3.6 Praia do Forte ............................................................................ 55 3.7 Praia da Redinha ....................................................................... 58 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................... 62 5. REFERÊNCIAS ...........................................................................64 13 1. INTRODUÇÃO As áreas litorâneas são hoje em todo o mundo locais densamente povoados, com grandes cidades e uma forte pressão demográfica. O que torna as praias um ambiente de lazer e diversão muito procurados. Tanto por moradores do litoral quanto por turistas das regiões interioranas que procuram as praias, principalmente nos meses de verão. Com isso aumentam os riscos que envolvem o banho de mar. Os afogamentos estão entre as principais causas de mortes por acidentes no mundo. Os estudos que visam a pesquisar esse tipo de acidente estão se desenvolvendo principalmente em países que possuem uma grande linha costeira, bem como um serviço de salvamento aquático estabelecido. De acordo com Hoefel (1998, apud CARVALHO 2006, p.15) “cerca de dois terços da população mundial vivem na faixa costeira, tendo sido as praias e os estuários os primeiros ambientes a sofrer diretamente o impacto do crescimento demográfico mundial”. As praias são importantes regiões recreativas em torno das quais se desenvolvem cidades, atividades turísticas, comerciais e industriais. Essas aglomerações populacionais e as atividades a elas associadas, juntamente com o incremento da atividade turística tem propiciado a intensificação de problemas ambientais em todo o mundo, o que não é diferente do litoral do Estado do Rio Grande do Norte, especialmente na capital Natal, que concentra, em sua região metropolitana, o principal aeroporto do Estado e que, mesmo que não seja o foco da visita turística, torna-se parada quase obrigatória daqueles que visitam o Rio Grande do Norte/RN. A cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte é conhecida nacional e internacionalmente por suas belezas naturais, uma cidade litorânea, cercada por dunas, vegetação e pela qualidade de suas praias. Águas de temperatura agradável o ano inteiro o que acaba por incentivar a permanência dos banhistas por mais tempo no mar. Isso juntamente com morfologia das praias, pouca ou nenhuma habilidade com a natação em áreas costeiras e, em 14 determinados casos, associados com a ingestão de bebidas alcoólicas, propiciam um cenário preocupante em relação aos riscos do banho de mar e a vida dos banhistas. Dessa forma, levando em consideração as possibilidades de análises propiciadas pela Geografia Física, o presente trabalho objetiva fazer uma análise através da análise da paisagem verificar a localização e a influência das correntes de retorno nas ocorrências de afogamentos nas praias da região metropolitana de Natal/RN que são atendidas diariamente por equipes de salvamento aquático do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, através do Grupamento de Busca e Salvamento que propicia o serviço de Guarda-vidas as praias de Camurupim, Búzios, Ponta Negra, Artistas, Areia Preta, Meio, Forte e Redinha. Ordinariamente o serviço de salvamento aquático - SSAqua do CBMRN atende as praias do Meio e de Búzios. Devido ao efetivo reduzido de guarda-vidas, não é humanamente possível fazer o atendimento diário das demais praias. Nos finais de semana são acrescidos os atendimentos as praias da Redinha, Forte e Ponta Negra. Isto é possível pois são ofertadas diárias operacionais – que é quando o efetivo de folga é remunerado de forma extra para ir durante a folga trabalhar – podendo assim expandir o atendimento de salvamento aquático fora de período de veraneio. Durante o período da alta estação que vai dos meses de dezembro até fevereiro, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte implementa a chamada Operação Verão que intensifica as ações de fiscalização e policiamento, além de companhas de conscientização a veranistas e turistas ao longo das praias do litoral potiguar. Participam desta operação as Polícias Militar e Civil, Detran, além do Corpo de Bombeiros que durante esse período aumenta a abrangência das praias atendidas e campanhas de conscientização, tanto aos banhistas nas praias quanto nas blitzs que são realizadas em vias de acesso as principais praias do estado. As praias que passam a ser atendidas durante a operação verão todos os dias são, Camurupim e Búzios no município de Nísia Floresta, Ponta Negra, Artistas, Areia Preta, Meio, Forte e Redinha no município de Natal. Além dessas 15 durante o período de carnaval equipes são enviadas a Praia da Pipa no município de Tibau do Sul. O serviço de salvamento aquático do CBMRN é responsável pelo serviço de resgate ao longo dos 410 km de extensão do litoral potiguar, com unidades nas cidades de Natal e Mossoró destinadas ao serviço de salva-mar. O CBMRN também é responsável pelos resgates em rios, lagoas e açudes, atuando também com serviço de mergulho em procura de pessoas desaparecidas. Estas últimas atuações também são realizadas pelas unidades do CBMRN nos municípios de Caicó e Pau dos Ferros. Quanto aos afogamentos, a maior parte deles deriva da influência das correntes de retorno que é onde a água retorna perpendicularmente após a onda se dissipar na praia e retorna em direção ao mar. “As correntes de retorno são responsáveis pela maior parte dos acidentes registrados dentro da zona de surfe, em praias de todo o mundo. Na Austrália, na região de Sydney, por exemplo, Short e Hogan (1994) analisando as condições descritas em 689 operações de salvamento, constataram que estas correntes tinham sido responsáveis diretas por 89% destas ocorrências. No estado da Flórida (USA), mais que 70% dos acidentes são atribuídos à ação das correntes de retorno (Warning Coordination Meteorologist National Weather Service, Miami). Nos Estados Unidos, como um todo, a United States Lifesaving Association (USLA) atribui cerca de 80% dos acidentes às correntes de retorno (www.usla.org)”. (CARVALHO, 2002, p.47) O presente trabalho analisa os efeitos das correntes de retorno em relação as ocorrências de afogamento nas praias atendidas pelo serviço de salvamento aquático do CBMRN nas praias atendidas tanto no serviço ordinário, quanto nas operações que são realizadas nos períodos de férias e veraneio. A pesquisa também analisa imagens aéreas e de satélite, que possam auxiliar na análise das correntes que atuam nas praias analisadas, verificando quais são os tipos dessas correntes e discutindo a relação destas com os dados de ocorrências envolvendo afogamentos registrados pelo CBMRN. Além de analisar a vulnerabilidade institucional dos atores de prevenção e resposta a afogamentos na região metropolitana de Natal. http://www.usla.org/ 16 1.1. Objetivo principal Analisar as correntes de retorno e sua relação ao risco e afogamento nas praias atendidas pelo Serviço de Salvamento Aquático do CBMRN na região metropolitana de Natal/RN. Objetivos específicos Analisar as correntes de retorno através de imagens aéreas e de satélite. Discutir os principais fatores de risco de afogamentos envolvidos nas praias analisadas. Analisar as correlações entre número de afogamentos e presença de correntes de retorno nas praias objetos de análise. 2. REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO 2.1. Caracterização da área de estudo O recorte espacial do presente estudo se baseia nos postos atendidos pelo Corpo de Bombeiros militar do Rio Grande do Norte - CBMRN, atendidos pelo serviço de Salvamento Aquático através do Grupamento de Busca e Salvamento – GBS, que atende o litoral leste do Estado. As praias analisadas neste estudo estão compreendidas em 3 (três) municípios da região metropolitana de Natal/RN (Nísia Floresta, Natal e Extremoz). São elas as praias de Ponta Negra, Areia Preta, Artistas, Meio, Forte pertencentes ao município de Natal e a praia da Redinha que é compartilhada pelos municípios de Natal e Extremoz. A capital do estado do Rio Grande do Norte, conta com uma área de aproximadamente 167km², e uma populaçãoestimada de 884.112 habitantes, (IBGE, 2019). Limita-se ao norte com o município de Extremoz, a oeste com os municípios de São Gonçalo de Amarante e Macaíba, ao sul com o município de Parnamirim e a leste com o Oceano Atlântico. Já as praias de Camurupim e Búzios pertencem ao município de Nísia Floresta, compreendido na região metropolitana de Natal- RMN. Limitando-se ao norte com o município de Parnamirim, a leste com o município de São José de 17 Mipibu e ao sul com os municípios de Arês e Senador Georgino Avelino. Possui uma população estimada de 27 602 habitantes, (IBGE, 2019). O clima é um fator fundamental quando se trata de turismo de praia e sol como é o caso de Natal. “Seguindo a classificação de Köppen, Natal possui clima quente e úmido, tropical chuvoso quente com verão seco. As maiores precipitações são registradas durante o inverno, concentrando-se nos meses que vão de abril a junho, conforme o Atlas Pluviométrico do Brasil elaborado pela companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM)”, (MEDEIROS, 2014, p. 86). O período de maior insolação na cidade coincide com o período dos meses mais secos, indo de outubro a janeiro com 300,3h/mês em novembro. Esse período coincide com a temporada de férias escolares, festas de finais de ano, e carnaval. Época em que a região recebe muitos turistas e também é o momento no qual parte da população migra para uma segunda residência em casas de praia da região metropolitana para passar o período de veraneio. Mapa 1: localização da área de estudo. Fonte: elaborado pelo autor, (2022). 18 2.2. Paisagem O conceito de paisagem foi tido como o mais adequado para embasar esse trabalho. A paisagem denota percepção e a observação constante se faz presente para observar as mudanças e os riscos que são ou não percebidos no horizonte, neste caso o horizonte praial. Os métodos de investigação da paisagem abordam a caracterização dos elementos do meio físico, tais como aspectos geológico-geomorfológicos, climáticos, hidrografia, classes pedológicas, cobertura vegetal e uso e ocupação por uma sociedade dividida notadamente por critérios de poder aquisitivo diferenciado. A apropriação dos sistemas naturais por diferentes segmentos sociais vem produzindo transformações significativas nas cidades e as áreas de praias, principalmente as próximas a áreas densamente povoadas, também sofrem com essas transformações. O conceito utilizado foi o de Bertrand (1971) que define paisagem como sendo: “certa porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica, portanto, instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo dialeticamente uns sobre os outros se tornam um conjunto único e indissociável. (CHACON, A.F 2016, p.27 apud BERTRAND, 1971)” A paisagem litorânea é caracterizada por uma grande capacidade de mudanças a medida que é influenciada por uma grande dinâmica de ambiental, tais quais os fenômenos das marés, que mudam diversas vezes ao longo do dia, dos ventos, correntes marinhas e também do homem que se apresenta como um importante agente transformador dessa paisagem. 2.3. Risco Em áreas de praias os riscos são os mais diversos, podendo ir desde acidentes envolvendo rochas, topografia das praias, acidente com cnidários, atropelamentos por veículos trafegando na faixa de areia, acidentes com os surfistas e demais praticantes de esportes aquáticos e o principal deles que são os afogamentos. Assim sendo o conceito de risco se torna fundamental para a análise desse trabalho. 19 “risco é um constructo eminentemente social, ou seja, é uma percepção humana. Risco é a percepção de um indivíduo ou grupo de indivíduos da probabilidade de ocorrência de evento potencialmente perigoso e causador de danos, cujas consequências são uma função da vulnerabilidade intrínseca desse indivíduo ou grupo”. (ALMEIDA, 2011, P.83) A exposição ao risco, nesse caso o risco em relação as praias, irão variar conforme os indivíduos. Alguns não percebem risco algum, outros percebem os riscos e evitam entrar no mar ou ficam sempre em áreas mais rasas, outros acreditam ser bons nadadores e entram no mar para partes mais profundas e aqueles mais prevenidos observam as sinalizações, fazem perguntas aos guarda vidas ou aos comerciantes locais que conhecem melhor a área. “A condição para que um dado fenômeno gerado pela natureza se converta em uma ameaça está na sociedade humana exposta ou sensível a ele. Assim é que, e evidenciando uma expressão extremamente simples, não existe risco para a natureza, nem para os artefatos tecnológicos, nem para o sobrenatural; risco é uma condição de exposição de uma sociedade a uma dada ameaça ou perigo, portanto, uma construção social". (MENDONÇA et al., 2021) Em se tratando de correntes de retorno, o conhecimento das mesmas é fundamental, pois elas podem fazer com que indivíduos que não conhecem sobre dinâmica das praias façam uma leitura errônea das mesmas, afinal as correntes de retorno tendem a ser o local na praia onde a água é percebida como mais tranquila, geralmente não ocorre a quebra de ondas e quando ocorre elas são em menor tamanho em relação a área logo ao lado do canal. Assim as pessoas que não conhecem essa particularidade das correntes de retorno tendem a ir justamente para esses locais com águas mais tranquilas e assim se expõem aos riscos de afogamento sendo arrastadas por essas correntes de retorno. Importa também o fato de não ter o conhecimento de como elas funcionam e da melhor forma de sair desses locais. Por isso a necessidade tão importante de conhecer esse assunto. 2.4. Riscos costeiros As praias oceânicas são ambientes que apresentam uma variabilidade alta de ambientes, morfologia, hidrodinâmica que lhe conferem 20 variados perigos expondo facilmente os frequentadores desses ambientes a riscos os mais diversos. “Os riscos podem ser relacionados a fenômenos físicos e biológicos. Os riscos físicos incluem quebra de ondas, variabilidade da topografia da praia e zona de surfe, variabilidade das correntes na zona de arrebentação, profundidade, presença de rochas e recifes, podendo ser classificados em permanentes e não permanentes. No âmbito dos riscos não permanente, o de maior destaque são as variações topográficas de fundo”. (PINHEIRO, 2017, P.28 apud SHORT et al., 1993). O autor destaca a maior importância das variações topográficas de fundo, nos riscos não permanentes, pois são elas as principais responsáveis pela ocorrência das correntes de retorno, pois as valas, onde o leito praial é mais profundo é através dele que carreará a águas na zona de surfe fazendo com que a velocidade seja maior tornando assim o principal risco de afogamento em ambientes de praia. Ainda de acordo com Pinheiro (2017, apud WRIGHT e SHORT, 1994) o perigo natural de uma praia aumenta com dissipabilidade do sistema e com incrementos na altura de arrebentação das ondas. O autor ainda faz menção que outras características físicas como a presença de píers, molhes, recifes, desembocaduras de rios e demais obstáculos representam uma fonte de perigo aumentando assim os riscos de uma praia. Tabela 1: Riscos físicos costeiros com impacto na segurança de banhistas. Riscos Permanentes Riscos Não Permanentes Falésias Topografia da zona da praia e zona de surfe Plataformas costeiras - Variações na profundidade -Bancos, cavas e canais Rochas Quebra de ondas e vagalhões Recifes “set up” e “set down” das ondas Desembocaduras Correntes de retorno na zona de surfe 21 Profundidade Marés meteorológicas Fonte. Adaptado de Pinheiro (2017, P.29) Para essa pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica, para conseguir o embasamento necessário a discussão dos temas abordados.Vale salientar que as pesquisas sobre afogamentos e correntes de retorno no litoral brasileiro ainda são incipientes, principalmente na região Nordeste com destaque para os trabalhos desenvolvidos na praia do Futuro em Fortaleza, Ceará por Albuquerque et al (2010), estudos sobre correntes de retorno realizados nas praias da região metropolitana do Recife por Maia et al (2014). A maior parte dos estudos envolvendo a morfodinâmica praial e os riscos associados a afogamentos são pontuais. Os estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina contam com o maior número de pesquisas nesse campo e também são aqueles que dispõem de um monitoramento de longo prazo, com destaque para Mocellin (2006) que pesquisou os riscos associados a afogamentos nas praias do litoral norte de Santa Catarina. A pesquisa realizada por este autor contou ainda com dados de ocorrências registrados pelo Serviço de Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, com informações sobre as diversas ocorrências envolvendo afogamentos e quantificação. Contou ainda com o auxílio de fotografias aéreas obtidas com o apoio do Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER) da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (SESED) que disponibilizou o helicóptero POTIGUAR 01 para que pudéssemos realizar o sobrevoo sobre as praias objeto de estudo dessa pesquisa e obter maior clareza sobre como são vistas as correntes de retorno de cima e assim, de acordo com as características que se apresentavam em cada imagem aérea analisar o tipo de corrente ali presente. Também se utilizou imagens de satélite obtidas com o auxílio do software Google Earth Pro. Tabela 2: Fonte das imagens utilizadas para localização das correntes de retorno e suas datas. 22 INDICADOR LOCAL FONTE DATA Figura 5 Camurupim Google Earth pro 12.08.2013 Figura 6 Búzios Google Earth pro 18.12.2013 Quadro 4 (b) Ponta negra Google Earth pro 18.10.2018 Figura 7 Miami/areia preta Google Earth pro 25.08.2019 Figura 8 (a) Artistas Google Earth pro 18.11.2017 Figura 8 (b) Meio Google Earth pro 9.7.2020 Figura 9 (a) Forte Google Earth pro 12.7.2020 Figura 10 (a) Redinha Google Earth pro 25.8.2019 Fonte: elaborado pelo autor (2022). O presente trabalho tomou como base a pesquisa realizada por Maia et al (2014) que estudou as correntes de retorno na região metropolitana do Recife- PE, buscando analisar a partir de imagens aéreas a identificação desse fenômeno para um reconhecimento mais preciso. Salientando a similaridade das áreas de estudo, ambas no nordeste setentrional e no litoral oriental da região. Com similaridades de correntes e até de perfil praial. Sendo assim o método de classificação será o mesmo por acreditar que é o mais preciso ao tipo de classificação de correntes de retorno. O referido autor classificou-as em correstes de retorno fixas, correntes de retorno móveis e indicadores de circulação transversal (ICT). Conceitos que serão tratados com mais detalhes. Sendo consideradas ainda como permanentes e não permanentes. 2.4.1. Afogamento O afogamento é um trauma definido como aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão Szpilman (2019, P.8). Estima-se que aproximadamente 370.000 pessoas morram por afogamento anualmente no mundo. No Brasil em 2017, segundo o mesmo autor, morreram 5.692 pessoas por afogamento. Em 1995, pensando em uma forma de prevenir e minimizar os números alarmantes de casos de afogamentos no Brasil, profissionais de diversas áreas como Guarda-vidas, médicos, socorristas e profissionais atuantes 23 na área de salvamento aquático, decidiram criar a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático - SOBRASA, uma entidade sem fins lucrativos, que funciona como conselho profissional em áreas onde existam atividades de lazer, esportivas e trabalho em meio aquático. Possui representação em 25 estados brasileiros e representa oficialmente o país junto a International Lifesaving Federation – ILS. De acordo com Vanz et al (2014, p.120), o afogamento pode ser dividido em duas clases, de acordo com sua causa, sendo classificado como primário ou secundário. “O tipo mais comum é o afogamento primário. Neste tipo de afogamento não há nenhum fator incidental ou patológico que possa ter desencadeado o acidente. Ocorre devido à limitação da capacidade física ou técnica da vítima, ou seja, é inerente à vítima. O afogamento acontece por deficiência de condicionamento físico, fadiga ou falta de habilidade e destreza para natação. No afogamento secundário patologias ou incidentes estão associados ao fenômeno. Com uma menor frequência, ocorrendo em apenas 13% dos casos de afogamento, os seguintes fatores são apontados como causas: uso de drogas, principalmente álcool (36,2%), crise convulsiva (18.1%), traumas (16,3%), doenças cardiopulmonares (14.1%), mergulho livre ou autônomo (3.7%) e outros (homicídio, suicídio, lipotimias, cãibras, hidrocussão) (11.6%)”. (VANZ et al., 2014, p 120 apud MOCELLIN, 2010). 2.5. Processos costeiros Na linha de costa (linha onde a água intercepta a costa) existem forças geológicas operando e as principais delas são as ondas e marés. Provocando erosão e transportando sedimentos produzidos pela erosão e os depositando em praias e ao longo da costa. “estes sistemas possuem alta energia e dinâmica ativa, e estão sujeitos a variações morfológicas em curtos intervalos de tempo, causadas por alterações nas condições energéticas atuantes. As variações espaciais e temporais na morfologia e no perfil praial são causadas por alterações nas condições ambientais locais, regimes de 24 ondas, ventos, correntes e disponibilidade do material formador das praias, que resulta em mudanças na linha de costa, na hidrodinâmica e no regime deposicional”. (REICHOW, 2015, p.10 apud WRIGTH e SHORT, 1984) A subida e descida do mar duas vezes ao dia chama-se marés, é um fenômeno conhecido há milhares de anos. Isso se deve a atração gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra. No entanto por a Lua se encontrar bem mais próximo a Terra a sua influência é maior. A gravitação da Lua tende a puxar para a Lua a parte da Terra que lhe está mais próxima, produzindo com isso uma maré cheia, diretamente abaixo da Lua. Ao mesmo tempo, a Lua atrai a Terra em seu todo tendendo a apartá-la de sua porção mais distante, provocando com isso uma maré cheia abaixo da assim chamada antilua. Existem, portanto, duas marés cheias em lados opostos da Terra e, com a Terra realizando uma revolução por dia, um dado lugar passará por duas marés cheias e duas marés baixas por dia. Figura 1 – Forças formadoras das marés. Fonte: CBMSP (2006, p.33). As fases da Lua são fundamentais para a altura das marés. Nas fases nova e cheia as marés sofrem uma amplitude maior. Significa que a maré alta/preamar ficará maior que a média e a maré baixa/baixa mar menor que a média comumente registrada. É nessa fase que ocorre a chamada maré de sizígia. Já nas fases minguante e crescente as amplitudes serão menores. O 25 movimento de avanço e recuo do mar será menor e ocorrerá a maré de quadratura. O CBMSC (2016) discorre sobre outros tipos de marés que importam aqui falar. Marés de enchente que é o movimento ascendente das águas. Maré de vazante que é aquela onde a água vai fazer um movimento descendente. É nessa maré que as correntes de retorno ficam mais fáceis de ser percebidas aumentando a força de arrasto da corrente e criando maiores riscos aos banhistas. Preamar é o limite máximo que a maré atinge durante o dia banhando a maior superfície possível da face praial. O estofo de maré que é o momento entre o término da maré de vazante e o início da mare de enchente ou o contrário. Importante destacar que a cada 6 horas e 12 minutos a água do mar atinge seu picomáximo e mínimo. Essas oscilações são registradas nas Tábuas de Marés, elaboradas pelo Centro de Hidrografia da Marinha. Essas informações são importantes aos navegantes por permitir saber o momento da maré de vazante e da preamar e permite ao guarda-vidas saber os horários de quando as praias estarão mais perigosas aos banhistas, afinal é na maré de vazante quando as correntes de retorno estarão mais fortes e podem arrastar os banhistas que desconheçam esse fenômeno. 2.5.1 Praias Um perfil praial é compreendido por diversas zonas, que podem ou não ser facilmente identificadas, e se estende da plataforma continental interna até as dunas frontais. Por esse trabalho tratar mais especificamente de riscos associados ao banho de mar e influências das correntes de retorno, o foco é mais voltado a zona de surfe e zona de arrebentação. De acordo com Grotzinger et al (2013, p.563): “séculos de observações nos ensinaram a perceber que as ondas são mutáveis. Quando está um tempo calmo, elas rolam regularmente na costa com cavas calmas entres si. Já quando ocorrem os ventos fortes de uma tempestade, as ondas movem-se em uma confusão de formas e tamanhos. Elas podem ser baixas e suaves longe da costa, mas tornam-se altas e profundas à medida que se aproxima da terra. As ondas Altas podem quebrar na costa com grande violência, fragmentando paredes de concreto 26 e rompendo casas construídas na praia. Por isso para entender a dinâmica das linhas costa e tomar decisões apropriadas a respeito de sua ocupação e desenvolvimento, necessitamos entender como as ondas trabalham”. (GROTZINGER et al., 2013, p.563). A medida que se aproximam da costa e diminui a profundidade as ondas tendem a iniciar um processo chamado de arrebentação, que é o que ocorre quando as ondas quebram e formar uma superfície com presença de espuma que se chama zona de surfe. É uma parte da praia perceptível por conter grande quantidade de ondas colapsando e formando bolhas brancas e pode ser estender por dezenas de metros. Grotzinger (2013) assim define a zona de surfe: “A zona de surfe é de fundamental importância para o reconhecimento de uma área que oferece perigo para o banho de mar, pois as bolhas, espuma e arrebentação farão com que os guarda-vidas e os banhistas percebam quais áreas são ou não indicadas ao banho”. (GROTZINGER et al., 2013, p.564). Figura 2: perfil praial com divisões morfodinâmicas. Fonte: Reichow (2015, p.10). A zona de surfe compreende o local onde ocorre a arrebentação das ondas até o ponto onde a água se dissipa atinge a praia. O tipo de onda vai 27 caracterizar como as ondas se quebram. Essa quebra influencia o surgimento de correntes de retorno. De acordo com o CBMSC (2016, P.10 apud HOEFEL,1998) “durante esse percurso, grande parte da energia é transferida para a geração de correntes – longitudinais (correntes ao longo da costa) e transversais à praia (correntes de retorno).” Figura 3: zona de surfe ativa na praia de búzios. Fonte: elaborado pelo autor (2019). Após as ondas quebrarem na zona de surfe, estas, mesmo reduzidas em tamanho, ainda se movem em direção a linha de costa. Banhando face da praia e retornando lentamente ao mar, arrastando consigo os sedimentos depositadas na face da praia, desde areia até grandes seixos. Esse movimento é conhecido como espraiamento. “Praia é “uma linha de costa formada por areia e seixos. As praias podem mudar de forma a cada dia, a cada semana e a cada estação do ano. As ondas e as marés podem, algumas vezes, alargar e estender a praia por meio de deposição de areia e, em outros momentos, estreitá-las, carregando a areia. Muitas praias são segmentos retilíneos de areia variando de 1 a mais de 100 km de comprimento; outras são pequenas faixas de areia em forma de meia lua entre promontórios rochosos. Cinturões de dunas bordejam a porção interior de muitas 28 praias; colinas ou penhascos de sedimentos ou rochas bordejam outras. As praias podem ter terraços de maré – áreas planas e rasas entre a praia superior e uma barra de areias mais externa – nos seus lados voltados para o mar”. (GROTZINGER et al., 2013, p.573) Sobre a zonação morfológica da praia, o CBMSC (2016, p.9 apud HOEFEL, 1998), a praia é constituída por quatro ambientes que se diferem por características morfológicas específicas: antepraia (que é a extensão do fundo do oceano onde a onda começa a sofrer empinamento até o início da zona de arrebentação); praia média (é a extensão da praia sobre a qual as ondas arrebentam e se estende pela zona de surfe até onde a onda sofre o espraiamento); face praial (é o local onde ocorre o espraiamento da onda); pós- praia (faixa que vai desde o limite superior do espraiamento até o início das dunas fixadas por vegetação ou qualquer outra mudança fisiológica brusca). Figura 4: zona de surfe inativa devido a barreira de recifes. Praia do Forte. Fonte: acervo do autor (2019). 29 Outro termo importante para entender a dinâmica costeira é o que se refere a refração de ondas. Grotzinger et al (2013, p. 565) afirma que: “longe da costa, as linhas de ondulação são paralelas umas às outras, mas geralmente apresentam ângulo com a linha de costa. À medida que as ondas se aproximam da costa com um fundo cada vez mais raso, as sequências de ondas gradualmente encurvam-se para uma direção mais paralela à costa. Esse encurvamento é chamado de refração de ondas. É similar ao encurvamento de raios de luz na refração óptica, que faz com que um lápis semissubmerso pareça encurvado quando observado na superfície da água.” (GROTZINGER et al.,2013, p.565) Importante salientar a explicação de Carvalho (2002, p.35), sobre a refração de ondas: “quando a batimetria é ondulada, refração pode provocar a convergência das ondas de encontro às feições que representam relevos submarinos positivos em relação à sua vizinhança, como promontórios, tômbolos, bancos de areia etc, concentrando a energia e provocando uma sobreelevação na altura de quebra das ondas, ou pode provocar o oposto, ou seja: uma divergência das ondas, que acontece quando estas passam sobre feições que representam relevo negativo em à sua vizinhança como enseadas, canais, depressões etc, resultando numa dispersão de energia com a consequente redução da altura das ondas. Nos pontos aonde venha a ocorrer convergência, a energia liberada pelo quebramento das ondas será concentrada, gerando correntes longitudinais e de retorno mais fortes, enquanto que nas zonas de divergência serão criadas áreas calmas, quase sem ondas e/ou correntes.” (CARVALHO, 2002, p.35). 2.6. Correntes na zona de surfe As correntes de retorno constituem a principal causa de afogamento em ambiente de praia no mundo. Para que possam existir essas correntes existe um processo que se inicia com a zona de surfe quando as ondas quebram e dissipam a energia que vêm transportando desde o alto mar, gerando uma turbulência e colocando grandes quantidades de sedimento em suspensão para depois se transformarem em correntes que transportam energia e matéria 30 através da zona de surfe, se tornando um dos principais fatores de risco para os banhistas. “os ventos e as ondas empurram a massa de água de encontro à face da praia, causando uma sobre-elevação da água, fenômeno este conhecido como empilhamento ou “wave setup”. Esta elevação momentânea do nível do mar gera um gradiente de pressão gravitacional. A água pode tomar um entre três rumos, ou todos ao mesmo tempo. Uma parte retorna predominantemente pelo fundo, produzindo uma segregação vertical na lâmina d’água, com direção ortogonal, ou oblíqua, à linha de costa e é conhecida como corrente de fundo ou “undertow”; outra parte flui paralelamente à praia, são as correntes longitudinais ou “longshore currents”; e um terceirotipo retorna, deslocando toda a coluna d’água, com direção ortogonal ou oblíqua à linha de costa e é conhecido como corrente de retorno ou “rip current”. (CARVALHO, 2002, p.44 apud KOMAR, 1998). Dentre as ocorrências de afogamentos nas praias, verifica-se que as correntes de retorno, são correntes de água que fluem de maneira rápida, até 3m/s, perpendicularmente a praia e se movendo na direção do mar, em alguns casos além do limite da zona de surfe. ” Ocorrem em quase todos os tipos de praias e são uma das maiores ameaças naturais aos banhistas, que são carregados por elas para águas mais profundas, em um curto intervalo de tempo, podendo resultar em afogamento”. (PEREIRA et al., 2003). As correntes de retorno são nada mais que a forma que a água encontra para retornar ao mar após o espraiamento na face praial. Podem variar de acordo com a força das ondas, variação da superfície praial, presença ou não de muitos bancos de areia, cavas e obstáculos como barreiras de recifes onde existem poucas ou uma única saída de retorna do fluxo de água que faz com que a velocidade de arrasto seja maior do que em áreas abertas, dificultando também a saída dos banhistas e guarda vidas da corrente e retorno a face praial. “A corrente de retorno representa o regresso, pelo fundo e pela superfície, da massa de água que é empilhada pelas ondas, contra a face da praia. Sua força, ou intensidade, 31 depende fundamentalmente da altura de quebra das ondas e da geomorfologia, sobretudo quando sofre algum tipo de confinamento, tendo então sua velocidade bastante ampliada. Constitui-se de uma faixa de água relativamente estreita dentro da zona de surfe – com largura da ordem de algumas poucas dezenas de metros- que flui da face da praia em direção à zona da arrebentação. Passando pelas ondas incidentes, quando então induz uma diminuição na altura de quebra destas, e finaliza próximo ao ponto de arrebentação, onde cessa a sua energia. Muitas vezes se desenvolve quando uma corrente longitudinal é desviada por alguma feição geomorfológica submersa ou emersa, como bancos de areia, afloramentos rochosos etc, fazendo com que o fluxo se dê em direção à zona de arrebentação. Pode ser também resultante de sistemas circulatórios que se desenvolvem dentro da zona de surfe, produzidos por diferentes gradientes de pressão gravitacional existentes ao longo e perpendiculares à linha de costa, gerados por diferenças altimétricas entre os locais de empilhamento e os de depressão”. (CARVALHO, 2002, p.46 apud KOMAR, 1998). Figura 5: esquema de um sistema de circulação celular. Fonte: adaptado de CBMSC (2016, p.13). As correntes de retorno, apesar de variar muito em aparência, como regra geral elas parecem um pouco diferentes da arrebentação ao redor, tendo, em regra, três componentes principais. O alimentador é a principal fonte de água que converge para a corrente de retorno se movendo lateralmente até o canal que se forma entre os bancos de areia. O segundo componente é o pescoço, que é quando a água vence a resistência das ondas e retorna ao mar, formando um tipo de corredor de água, é nele que a corrente de retorno tem mais força. 32 Por último existe o que se chame de cabeça, que é quando a água vence a zona de surfe e se dissipa perdendo assim a força de arrasto. Figura 6: corrente de retorno vista do alto. Fonte: elaborado pelo autor (2019). No entanto nem todas as correntes de retorno apresentaram feições assim tão bem definidas. Mesmo aquelas em que não se apresentem bem definidas o risco estará presente. A partir disso Maia et al (2014, p.171) propõe ainda o termo ICT (Indicador de Circulação Transversal) que é usado para definir “pontos que nas análises das imagens não é possível verificar todos os parâmetros de verificação de correntes de retorno (alimentador, pescoço, cabeça). Por isso o uso do termo indicador, ou seja, havia indícios indicando uma circulação, porém não possuía os critérios que caracterizasse esse ponto como uma corrente de retorno propriamente dita”. As correntes de retorno afetam as pessoas de maneira diferente. A influência principal será sobre a habilidade de natação, resistência física e conhecimento do funcionamento do fenômeno. Caso não possua habilidades alimentador pescoço cabeça 33 básicas o efeito imediato será o pânico, pois a velocidade de arrasto de uma corrente tende a ser rápida e o banhista perceberá que estará se afastando muito da face da praia. Uma pessoa com conhecimento do funcionamento de uma corrente de retorno e uma capacidade natatória moderada, conseguirá se manter calma e seguir o fluxo da corrente se deixando ser arrastado até que a corrente se dissipe e então irá nadar para conseguir sair pela zona de arrebentação. No entanto mesmo que seja alguém com boas habilidades de natação, mas com desconhecimento de como proceder, irá nadar no sentido contrário ao fluxo de água e não conseguirá vencer e acabar por se cansar e entrar em pânico. O melhor a ser feito é se deixar levar pela corrente até a área onde ela irá se dissipar ou nadar perpendicularmente a corrente de retorno até cair na zona de arrebentação que o ajudará a chegar à face praial. “Utilizando flutuadores e teodolitos, efetuaram uma série de medidas da velocidade dessas correntes em nove praias de Sydney e registraram valores entre 0,5 m/s e 1,5 m/s. Estas medidas foram feitas durante o verão, com alturas de quebra de ondas entre 0,5m e 1,5 m. Sabendo- se que nadadores de nível olímpico, como Gustavo Borges, por exemplo, atingem, nas águas paradas de uma piscina, sem turbulência e com o auxílio de um impulso inicial, a marca de 1,8 m/s e que um nadador de habilidades medianas atinge, também em piscina, 1,2 m/s, em média, conclui-se que a grande maioria dos banhistas corre sério risco de vida quando dentro destas correntes. Short & Hogan (1994) verificaram que a velocidade das correntes de retorno é diretamente proporcional à altura de quebra das ondas, porém, quando esta altura varia entre 0,5 m e 1,5m, a velocidade não é muito modificada. Já a partir de 1,5 m de altura, o aumento na velocidade é significativo, tendo sido registrado valores de 29 m/s, para alturas de quebra próximas a 3m. Durante a vazante da maré, a depender da geomorfologia impor um confinamento à massa d’água, estas velocidades podem se intensificar ainda mais, com incrementos entre 33% e 48%”. (CARVALHO, 2002, p. 47-48 apud SHORT & HOGAN, 1994) 34 Alguns parâmetros são usados para analisar uma corrente de retorno. Englobam desde a abertura nos recifes, zonas de surfe ativas ou não, ocorrência de plumas de sedimentos na praia (dentro e fora da zona de surfe). Além da classificação quanto ao tipo de corrente de retorno em móvel e fixa. O estágio das marés, as estruturas das correntes de retorno (alimentador, pescoço e cabeça), arrebentação das ondas e direção das correntes. As correntes de retorno fixas estão mais associadas a praias com algum tipo de morfologia específica como recifes, quebra-mar, estuários ou canais já estabelecidos na praia. Já as correntes de retorno móveis são mais comuns em praia mais abertas, sem muitas interferências físicas. Nesse tipo de praia os canais podem permanecer aparentemente fixos durante muito tempo, meses até. No entanto em casos de tempestades, ressacas e outros eventos ocasionais elas podem simplesmente mudar de local ou até desaparecer. Um fenômeno que influencia o deslocamento de água e pode ser fundamental para o surgimento de correntes de retorno fixas ou indicadores de circulação transversal é a difração. Que segundo Carvalho (2002, p. 38), “este fenômeno ocorre quando há algum obstáculo físico à propagação das ondas, fazendo com que haja uma transferência lateral de energia, ao longo da crista (Komar,1998)”. Este obstáculo pode ser representadopor um obstáculo rochoso emerso, uma pequena ilha, um quebra mar, etc. 35 Figura 7: transferência lateral de energia provocada pela difração em promontórios . Fonte: adaptado de Carvalho (2002). 3. CORRENTES DE RETORNO E OCORRÊNCIAS DE AFOGAMENTO EM PRAIAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN. As praias de Camuripim, Búzios, Ponta Negra, Miami/Areia Preta, Artistas/Meio, Forte e Redinha foram escolhidas por serem praias da região metropolitana de Natal/RN atendidas com constância relativa no período objeto de análise e por ser todas atendidas pelo mesmo grupamento de bombeiros (serviço de Salvamento aquático). Realizamos um voo com o helicóptero potiguar 01 (ciopaer) as 10 horas da manhã do dia 26 de março de 2019, onde sobrevoamos as seguintes praias: Camurupim, Búzios, Ponta Negra, Miami, Areia Preta, Artistas, praia do Meio, Forte e Redinha, seguindo essa ordem. 36 O voo foi realizado em período de baixa mar, com maré de vazante (baixa mar entre 00:49h e 14:11H de acordo com tábua de maré fornecida pela Marinha do Brasil). Esse período é o mais indicado para observar as correntes de retorno, pois elas ficam mais visíveis e tem maior poder de transporte em marés de vazante. Seguindo a proposta deste trabalho o carreamento de sedimentos, que é destacada em período de baixa mar, também favoreceria a melhor visualização a partir do alto. De posse das imagens aéreas do helicóptero foi realizado também um comparativo com imagens de satélite do software Google Earth Pro afim de melhor comparar a visualização dessas correntes de retorno, fixas, moveis e ICTs de acordo com o trabalho de Maia et al 2014, que fez uso dessa técnica de análise. Os dados foram organizados em gráficos de barras quantificando as ações de orientações (verde) que são ações que consistem em abordar os banhistas ou quando estes vão até os guarda-vidas buscando orientações sobre áreas mais seguras para banho. Ações de advertência (em azul) que é quando o guarda-vidas aborda os banhistas que estão se dirigindo para uma área com risco de afogamento e são orientados sobre o perigo. Gráficos sobre ocorrências, foram priorizadas as ações de resgate (linha em laranja no gráfico e marcador amarelo no mapa) que consiste no ato do bombeiro resgatar uma vítima que esta se afogando e não consegue sair sozinha da água. Foi quantificado também as ocorrências de afogamento (linha em amarelo no gráfico e balões vermelhos no mapa) que são as ocorrência com que acabam em óbito, seja a vítima sendo atendida pelo Corpo de Bombeiros ou se afogando em uma praia em momento sem a presença de guarda-vidas no momento. Vale salientar que o CBMRN atende nas praias no horário das 8h até 17h. 3.1. Praia de Camurupim Pertencente ao município de Nísia Floresta, é uma praia tipicamente de veraneio, logo a presença de guarda vidas não é regular (apenas durante a operação verão) quando ocorre um grande deslocamento de pessoas as casas 37 de praia da região e algumas excursões de turistas que decidem conhecer o local nos meses de verão. Apresenta uma barreira de beachrocks que protegem a praia do efeito das ondas, criando no período de alta mar uma piscina de água tranquila para o banho. Os riscos aumentam à medida que inicia a maré de vazante fazendo com que o fluxo de água que retorna ao mar por abertura na barreira de beachrocks flua muito rapidamente exigindo atenção constante dos banhistas e guarda-vidas que trabalham na prevenção. Importante salientar que por a corrente de retorno ser fixa facilita a sinalização com bandeiras na beira da praia. Figura 8: Praia de Camurupim com marcação do canal da corrente de retorno fixa (seta em vermelho) e beachrocks. Fonte: adaptado de Google Earth Pro (2022). A morfologia da praia afeta particularmente o resgate as vítimas de afogamento, pois devido ao forte fluxo da corrente de retorno e a barreira de recifes, não é possível aos guarda-vidas voltarem com a vítima a faixa de areia nadando. Estes devem permanecer com os banhistas flutuando aguardando o resgate por embarcações, exigindo um resgate mais longo e tranquilidade das vítimas e guarda-vidas. Muitos banhistas também se arriscam ao subir na barreira de recifes e acabam caindo e se ferindo nas rochas, ouriços e outras particularidades do 38 local. Em dias de ondas fortes que conseguem banhar a barreira de recifes é possível que os banhistas e pescadores que pescam em cima do recife, venham a perder o equilíbrio e tombar para a parte de mar aberto e assim não conseguir voltar, ou caindo para a parte abrigada da praia onde também podem se ferir. Figura 9: fotografia área da praia de Camurupim com destaque para a abertura do recife por onde circula a corrente de retorno fixa (setas em vermelho). Fonte: elaborado pelo autor (2019). 39 Figura 10: espacialização das ocorrências envolvendo regates (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) durante o período 2017-2021. Corrente de retorno fixa (seta em vermelho). Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). A partir do gráfico (quadro 1) é possível observar que no ano de 2017 ocorreram 2 (dois) óbitos e 1 (um) em 2018. A partir de 2019 foi intensificado o trabalho de prevenção na praia com um substancial aumento no número de orientações e advertências. Resultando em 0 (zero) ocorrências com desfecho morte nos anos de 2019, 2020 e 2021. Foi a partir de 2019 que as durante a operação verão passou a ser presença constante guarnições de guarda vidas durante todo o período de veraneio (antes disso era apenas nos fins de semana dos meses de verão), distribuição de panfletos com orientações sobre áreas seguras para nadar e entrega de pulseiras para crianças para facilitar a localização e identificação das mesmas. Ocorrências envolvendo crianças perdidas na praia são frequentes. 40 Quadro 1: gráfico (a) apresentando dados anuais sobre ações de prevenção (orientações que consistem quando os guarda-vidas abordam os banhistas na praia para indicar os locais mais seguros) e (advertências que é quando o banhista ainda não está se afogando porém está em um local de risco. Ex: indo em direção a uma corrente de retorno); (b) ocorrências de regate (quando o guarda-vidas consegue retirar uma vítima que estava se afogando com vida) e afogamento (quando ocorre o óbito). Dados da praia de Camurupim. Fonte: gráfico (a) elaborado pelo autor com base em dados de ocorrências do CBMRN (2022). Nos períodos anteriores por uma questão de efetivo insuficiente e falta de recursos financeiros para pagar diárias operacionais, a presença de guarda- 1 0 4 1 8 9 6 1 2 1 9 5 1 5 4 0 1 6 5 2 6 7 7 0 9 4 1 0 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE CAMURUPIM Orientações Advertências 2 1 1 3 0 2 1 0 0 0 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE CAMURUPIM Resgates Afogamentos b a 41 vidas na região era restrita aos fins de semana do período de veraneio (novembro a fevereiro). O gráfico apresenta uma diminuição significativa das ocorrências de afogamento com vítimas fatais a partir do momento em que foi possível intensificar os trabalhos de prevenção e orientação. Vale destacar que durante o ano de 2020 e um período considerável de 2021 houve a pandemia o que diminuiu a presença de banhistas na praia devido as proibições de aglomerações e lockdowns. No mapa de espacialização (figura 10) é possível verificar a ocorrência de afogamento com vítimas fatais 3 (três) e 7 (sete) resgates realizados no período 2017-2021o que pode denotar a grade letalidade da praia em relação aos resgates. Pois, conforme mencionado anteriormente, devido as condições morfológicas próprias da praia o resgate é muito difícil. Caso não haja guarda-vidas na praia e a vítima não tenha uma grande resistência física e boa capacidade de natação dificilmente teria condições de vencer a corrente de retorno e conseguir voltar para terra firme ou aguardar a chegada do bombeiro ou embarcação. 3.2 . Praia de Búzios Faz parte do município de Nísia Floresta, praia que apresenta uma presença de ondas muito forte e um grande número de correntes de retorno. Foi contabilizado a presença de 16 (dezesseis) correntes de retorno móveis, 1 (uma) corrente de retorno fixa e 2 (dois) indicadores de circulação transversais ICT,s. A corrente de retorno fixa localiza-se próxima a um afloramento rochoso no limite norte da praia. Búzios também apresenta presença de rochas no limite sul com a praia de barra de tabatinga (o patrulhamento realizado pelo CBMRN chega a ir até a praia de tabatinga, até onde é possível chegar antes da presença de rochas na praia). 42 Figura 11: localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na praia de búzios. Fonte: adaptado de Google Earth pro (2022). Devido a força das ondas que quebram e a sua longa extensão e por não ser uma praia protegida, as correntes de retorno móveis são muito comuns, fazendo com que ocorra o arrasto dos banhistas ao mar e dificultando a saída dessas correntezas pois é comum várias CRs próximas umas das outras. A longa extensão da praia exige ainda dos guarda vidas um patrulhamento constante afim de garantir a segurança dos banhistas, pois as correntes de retorno se fazem presente em toda a praia. Esse patrulhamento é feito em veículos com tração 4x4 podendo ser caminhonetes ou quadriciclos. Sendo muito comum a divisão de equipes afim de otimizar o trabalho. É uma praia atendida pelo serviço de guarda-vidas diariamente. Porém é no período de verão que o número de banhistas aumenta consideravelmente por ser uma praia de características de veraneio apresentando várias casas de praia na região. Outros riscos enfrentados na praia são o risco de atropelamentos por veículos 4x4 que circulam irregularmente na faixa de areia e ocorrência com cnidários (águas vivas) que provocam irritação na pele quando o existe o contato, seja na água ou ao pisar nesses animais na areia. É uma praia que exige uma boa habilidade de natação para quem frequenta, pois, as ondas tendem a quebrar muito forte e apresentar uma 43 sequência longa, provocando dessa forma uma sensação de desespero e podendo levar a acidentes. É importante salientar o difícil trabalho dos guarda- vidas que devem diariamente localizar as principais correntes de retorno móveis (as fixas são sinalizadas permanentemente) e fazer a sinalização com bandeiras (imagem a seguir) afim de auxiliar no processo de prevenção. Figura 12: foto de uma corrente de retorno vista de frente (a); bandeira de sinalização de risco de afogamento em frente a corrente de retorno (b); sequência de correntes de retorno avistadas em fotografia aérea (sinalizadas com setas em vermelho) (c). todas as imagens são da praia de Búzios. Fonte: elaborado pelo autor (2019). a b c 44 Quadro 2: gráfico (a) com dados sobre prevenção (orientações e advertências) na praia de búzios; gráfico (b) com dados sobre ocorrências de resgate e afogamento na mesma praia. Fonte: gráfico (a) elaborado pelo autor com base em dados de ocorrências do CBMRN, mapa (b) adaptado de Google Earth pro (2022). A partir do gráfico (a) é possível observar que os resgates no período de análise foram estáveis (apresentando um pequeno aumento no período de 2019/2020). O ano de 2018 foi o mais letal com 2 (dois) óbitos. Devido aos riscos representados pelo grande número de correntes de retorno e condições de ondas mais agitadas é uma praia que apresenta uma relação constante de orientações e advertências afim de evitar que os banhistas se coloquem em perigo. 1 1 3 1 1 5 5 1 6 5 6 3 7 7 9 5 6 6 2 7 0 1 5 1 4 1 0 1 4 1 5 6 3 2 0 1 1 1 7 4 0 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE BÚZIOS Orientações Advertências 1 4 1 1 2 7 2 3 1 5 0 2 0 0 0 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE BÚZIOS Resgates Afogamentos b a 45 Figura 13: Imagem de espacialização de ocorrências (resgates: marcadores amarelos, afogamentos: balões vermelhos) e presença de corrente de retorno fixas (pontos vermelhos), móveis (pontos verdes) e ICTs (pontos amarelos) na praia de Búzios. Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). No mapa de espacialização (Figura 13) observa-se o grande número de resgates 90 (noventa) realizados mesmo com um número expressivo de orientações e advertências e em se tratando de não ser uma praia urbana e que apresenta uma maior frequência de banhistas apenas no período de veraneio. No mesmo período foram registrados 2 (dois) óbitos, ambos no ano de 2018. 3.3. Praia de Ponta Negra Praia localizada no município do Natal/RN, apresenta uma forte presença de público durante todo o ano, por ser um dos cartões postais do Estado com o morro do careca e com grande beleza cênica. Apresentou aproximadamente 3 correntes de retorno móveis e um indicador de circulação transversal ICTs. Caracteriza-se por sem uma praia tranquila para banho, e na sua parte localizada próximo ao morro do careca as águas são mais tranquilas, pois as ondas passam por um processo de difração no promontório antes de atingir a face praial. 46 Figura 14: difração de ondas na praia de ponta negra. Fonte: elaborado pelo autor (2019). Os riscos apresentados em ponta negra se referem mais a ocorrências com cnidários, acidentes com surfistas e nas rochas colocadas junto ao calçadão para proteção da estrutura urbana com relação ao avanço do mar. O tipo de ondas e as correntes de retorno têm pouca influência em casos de afogamentos, pois as ondas são calmas, e as poucas correntes de retorno têm pouca força de arrasto. Os afogamentos que ocorrem nessa praia têm uma maior relação com o abuso de bebidas alcoólicas ou problemas de saúde, fazendo com que o banhista passe mal durante o banho de mar e venham a se afogar (afogamento secundário). 47 Figura 15: (a) localização de indicador de circulação transversal – ICT (círculos em vermelho), espacialização das correntes de retorno móveis (pontos verdes) e ICT (ponto amarelo) na praia de ponta negra (b). Fonte: elaborado pelo autor (2019) (a); Google earth pro (2022) (b). Figura 16: espacialização das ocorrências de resgates (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos), CR e ICT. Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). a b 48 Quadro 3: (a) gráfico com quantificação de ações de prevenção (orientações e advertências); (b) dados de ocorrências (resgates e afogamentos) na praia de ponta negra. Fonte: gráficos elaborados pelo autor com dados de ocorrências do CBMRN (2022). Praia que apresenta condições de ondas mais propícias ao banho e que diferentemente das praias analisadas até agora (Camurupim e Búzios) 1 2 7 4 2 7 5 4 9 6 1 2 9 3 1 0 0 0 5 4 6 5 1 1 5 2 6 8 1 0 5 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE PONTA NEGRA Orientações Advertências 2 2 0 6 1 2 1 0 0 3 0 2 0 1 7 2 01 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE PONTA NEGRA Resgates Afogamentos b a 49 apresenta um fluxo mais constante de banhistas durante todo o ano, muito também por ser uma praia urbana. Apresentou 4 (quatro) afogamentos no período analisado sendo 3 (três) no ano de 2020 e 1 (um) em 2017. Foram realizados 22 (vinte e dois) resgates com destaque para o ano de 2021 com 12 (doze) sendo realizados por equipes do CBMRN. 3.4. Praia de Miami/Areia Preta As duas praias localizadas na zona leste de Natal, são praias urbanas, limitadas por um quebra mar. São frequentadas por moradores das proximidades, sufistas e, em períodos de férias, por turistas. Seus riscos estão associados aos 3 (três) quebra-mares presentes nas duas praias que propiciam a presença de 3 (três) correntes de retorno fixas 4 (quatro) correntes de retorno móveis. São praias que exigem bastante atenção em período de baixa mar pois a força de arrasto das correntes é forte e podem ocorrer choquem dos banhistas que estão sendo arrastados com as rochas que fazem parte do quebra-mar além dos afloramentos rochosos da própria praia. Figura 17: correntes de retorno fixa (pontos vermelhos) ao lado de espigões/promontórios (pontos em vermelho), e móveis (pontos verdes), praia Miami/Areia Preta. Fonte: elaborado pelo autor a partir de Google Earth pro (2022). 50 Vale salientar que são praias com forte presença de surfistas e que estes também auxiliam no resgate de vítimas de afogamento. Muitos destes já participaram de projetos como o “surfe salva” do CBMRN que visa treinar surfistas na prática do salvamento aquático e primeiros socorros às vítimas de afogamentos. Quadro 4: gráfico (a) com dados de ações preventivas orientações (linha verde) e advertências (linha azul); (b) dados de resgates (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) praia de Miami/Areia Preta. Fonte: elaborado pelo autor com dados do CBMRN (2022). 1 8 9 1 9 5 7 0 3 2 2 2 6 2 5 3 0 3 9 2 3 2 2 9 6 0 3 7 8 5 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE AREIA PRETA/MIAMI Orientações Advertências 6 3 7 5 9 1 1 3 2 1 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DE AREIA PRETA/MIAMI Resgates Afogamentos b a 51 Figura 18: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (balões vermelhos) período 2017-2021 e correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes) Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth Pro e dados do CBMRN (2022). Praia com grande presença de estruturas que favorecem o surgimento de correntes de retorno como os espigões. Apresenta um grande número de ocorrências de afogamento fatais 8 (oito), sendo a única praia analisada com ocorrências fatais em todos os anos do período em análise (2017- 2021). Foram realizados 30 (trinta) resgates nesse período e nos anos de 2020 e 2021 foi percebido um aumento das orientações e advertências. Vale destacar o grande número de correntes de retorno fixas e móveis verificadas e que podem ser um indicativo de ocorrências associadas a maior letalidade verificada na área em estudo. 3.5 Praia dos Artistas/praia do Meio Ambas também na zona leste da capital Natal, a praia dos artistas apresenta uma faixa maior de areia e alguns afloramentos rochosos. Apresentou 1 (uma) corrente de retorno móvel e 1 (uma) corrente de retorno fixa, enquanto a praia do meio apresentou 1(uma) corrente de retorno fixa no espaço entre a 52 barreira de recife presente no início dessa praia e que segue até a fortaleza dos reis magos já na praia do forte que faz limite ao norte desta. Figura 19: (a) localização das correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes) na praia dos artistas e praia do meio (b). Fonte: elaborado pelo autor a partir do Google Earth pro (2022). A praia do meio e dos artistas apresentam um fluxo maior de turistas e banhistas que chegam de localidade mais afastadas, pois várias linhas de ônibus têm como destino essas praias. Observou-se que o número de salvamentos é maior nos postos de Guarda-vidas localizados próximos a pontos terminais de ônibus, ou seja, muitos banhistas utilizam o transporte público e moram distante da praia, sendo identificados como grupo de risco aos afogamentos. Vans et al,2014, p.120, apud Bulhões (2010). a b 53 O canal de praia do meio é um dos historicamente mais perigosos para os banhistas em praias urbanas de Natal. Apresenta um grande número de resgates, sua força de arrasto é grande e as vítimas geralmente não conseguem sair também devido a barreira de recife, que não permite o retorno a areia da praia. No local dessa corrente de retorno a sinalização é permanente e os guarda-vidas devem permanecer atentos na prevenção. Outro risco comum são os banhistas que sobem na barreira de beachrock para tirar fotos e acabam caindo devido a força das ondas, provocando acidentes. Figura 20: embaiamento formado pela maré alta após os recifes (em vermelho), corrente de retorno fixa entre abertura do recife (amarelo). Fonte: elaborado pelo autor (2019). É comum no local o aluguem de boias para que os banhistas fiquem flutuando. Isso aumenta muito os riscos pois as pessoas não percebem que estão sendo arrastados para mar aberto e ao se atentarem tendem a se apavorar e acabam caindo dessas boias. O risco é ainda maior quando quem está fazendo uso desses equipamentos são crianças, muitas delas desacompanhadas de um adulto, que geralmente até está no local, porém fazendo uso de bebidas alcoólicas e acabam perdendo a atenção as crianças e estas se afastam rapidamente e com facilidade flutuando na correnteza. 54 No local existe um posto físico de guarda vidas e que funciona diariamente. É uma das praias há mais tempo atendidas pelos serviços de salvamento aquático do corpo de bombeiros. Quadro 5: gráfico com dados sobre orientações e advertências(a); (b) gráfico com ocorrências de resgate (linha laranja) e afogamentos (linha amarela) (b). Fonte: elaborado pelo autor com dados do CBMRN (2022) Praias urbanas, com presença de duas correntes de retorno fixas, com grande capacidade de arrasto. Apresenta uma presença de público durante todo o ano, principalmente aos fins de semana. É uma praia com atendimento diário do serviço de salvamento aquático e com presença constante de ações de orientações e advertências. a b 6584 3287 4657 5609 5450 3237 1871 1756 2715 2370 0 2000 4000 6000 8000 2017 2018 2019 2020 2021 o co rr ên ci as PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DO MEIO/ARTISTAS Orientações Advertências 32 24 35 32 28 1 0 0 0 2 0 10 20 30 40 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9 2 0 2 0 2 0 2 1 O C O R R ÊN C IA S PERÍODO DE ANÁLISE PRAIA DO MEIO/ARTISTAS Resgates Afogamentos b a 55 Figura 21: mapa de espacialização das ocorrências de resgate (marcadores amarelos) e afogamentos (balões em vermelho) compreendendo todas as ocorrências no período 2017-2021, correntes de retorno fixas (pontos vermelhos) e móveis (pontos verdes), praia dos Artistas/praia do Meio. Fonte: elaborado pelo autor com base em Google Earth pro e CBMRN (2022). Mesmo assim apresenta um grande número de resgates 151 (cento e cinquenta e um) indicando a gravidade das correntes ali presentes e a importância da presença constante dos guarda vidas devido ao número expressivo de banhistas em situação de risco. Foram constatados 3 (três) afogamentos, sendo 1(um) em 2017 e 2 (dois) em 2021. 3.6 Praia do Forte Localizada ao norte da praia do meio, apresenta uma grande barreira de recifes
Compartilhar