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AULA 4 BASES EPISTEMOLÓGICAS, TEÓRICAS E EMPÍRICAS DA PSICOTERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL Prof.ª Andreia Cristina dos Santos Kleinhans 2 INTRODUÇÃO Avaliação, formulação de caso e conceitualização em terapia cognitiva A avaliação clínica em Terapia Cognitiva é realizada por meio de entrevista completa e anamnese para a adequada coleta de dados desenvolvimentais e da história de vida do paciente. É um passo extremamente importante para a realização da formulação de caso, como também da conceitualização clínica. Muitos autores diferenciam a formulação de caso em TC da conceitualização. Nesta aula, veremos quais são os componentes fundamentais para que a formulação de caso auxilie na busca das melhores intervenções. Da mesma forma, aprenderemos sobre os fatores relevantes para a conceitualização colaborativa e os cuidados necessários para que o terapeuta auxilie na diminuição dos sintomas, bem como, por meio de manejo adequado, possibilite o fortalecimento de comportamentos resilientes do paciente. TEMA 1 – AVALIAÇÃO Anteriormente estudamos sobre os dez importantes princípios da TC. O primeiro princípio enfatiza que a terapia cognitiva se baseia em uma formulação continuada dos problemas do paciente em termos cognitivos (J. Beck, 1997). Ao retomarmos esse princípio, compreendemos melhor a necessidade de uma avaliação completa do paciente. Para o objetivo principal da terapia cognitiva, que é coletar os dados do histórico de vida para o entendimento completo do caso, em termos da tríade cognitiva (pensar, sentir e comportar-se), o terapeuta irá utilizar a anamnese, que poderá ser obtida nos manuais de terapia cognitivo-comportamental. Segundo Nogueira (2012), a entrevista psicopatológica inclui: anamnese; exame psíquico; e/ou exame do estado mental atual. Dependendo do objetivo principal do encaminhamento do paciente, o médico neurologista ou psiquiatra, em acordo com os familiares (em situação em que o paciente esteja com dificuldade de escolha no momento), poderão solicitar a avaliação neuropsicológica bem como o psicodiagnóstico. Tanto a avaliação neuropsicológica como o psicodiagnóstico são realizados pelo profissional especializado para esse fim. 3 Independentemente do modelo de questionário escolhido para a anamnese completa, é necessário que o terapeuta conheça as especificidades de cada paciente para que a avalição clínica do paciente seja conduzida de maneira colaborativa e eficaz. A avaliação poderá ser realizada por meio de entrevista aberta ou entrevista estruturada. As entrevistas abertas requerem experiência clínica e conhecimento adequado por parte do terapeuta, pois, nesses casos, questões importantes poderão ser deixadas de lado, ao passo que outros elementos não significativos podem ser considerados, porém, sem auxiliar na busca de dados que promovam o entendimento do caso. Como sabemos, um dos princípios da terapia cognitiva é o estabelecimento seguro da relação terapêutica. Assim, o terapeuta utiliza o seu conhecimento para usar o modelo adequado para a coleta de dados. Dalgalarrondo (2010, p. 50) comenta que “uma entrevista bem conduzida é aquela na qual o profissional fala muito pouco, ouve pacientemente o enfermo. Outras vezes o paciente e a situação “exigem” que o entrevistador seja mais ativo, mais participante, falando mais, fazendo muitas perguntas, intervindo mais frequentemente”. Segundo o autor, o comportamento do terapeuta mudará de acordo com as características do paciente, assim, quando o paciente necessita desabafar ou falar muito, a postura do clínico indicada é a da escuta, em outras situações, o clínico interage mais para que o paciente não fique nervoso ou tenso. Dessa maneira, o autor ressalta que as características pessoais do paciente, como estado mental e afetivo, bem como o local da entrevista e os objetivos dela, devem ser levados em conta para que a coleta de dados seja realizada com eficácia. Sobre a postura adequada do terapeuta, Dalgalarrondo (2000) atenta para que o profissional evite postura rígida, atitude fria, reações exageradamente emotivas (calorosas, de pena ou compaixão excessivas), da mesma forma, comentários ou julgamentos, entrevista prolixa e excesso de anotações durante a entrevista devem ser evitados de acordo com o autor. Em casos de agressão ou respostas hostis do paciente: [...] o profissional deve esforçar por demonstrar serenidade e firmeza ao doente agressivo ou muito hostil. Também deve ficar claro que na entrevista há limites. O profissional procura responder ao paciente que eleva a voz e se exalta, sempre em voz mais baixa do que ele. Em algumas situações, apesar de não revidar a essa grosseria, o profissional deve mostrar ao paciente que ele está sendo 4 inadequadamente hostil, e que não aceita agressão física ou verbal exagerada. Querelas e discussões acirradas costumam ser inúteis no contato com os pacientes. (Dalgalarrondo, 2000, p. 48) Sobre a avaliação, as autoras Oliveira, Silva e Szupszynski (2012, p. 136) explicam que: [...] A avaliação cognitivo-comportamental tem um papel educativo e ressalta a possibilidade de mudança. Os problemas são classificados em diferentes categorias de respostas e a aferição desses problemas deve ocorrer não só no início do processo, mas durante as sessões, o que permite modificações no plano de tratamento. Por exemplo, durante a sessão pode-se avaliar o nível de ansiedade no momento em que se trabalha um tipo de fobia específica, e deixar como tarefa de casa que o paciente olhe e traga fotos do objeto fóbico. Na sessão seguinte avalia-se novamente a intensidade dos sintomas de ansiedade em relação à essa fobia e, dessa forma, a avaliação correta em relação a efetividade da técnica utilizada. A avaliação visa à identificação do que pode estar mantendo o problema e precisa ser modificado. Ao avaliar os problemas é necessário avaliar quatro categorias de respostas: fisiológica, comportamental, cognitiva e emocional. Kuyken, Padesky e Dudley (2010) publicaram um modelo de anamnese que pode ser usado como guia para sessões iniciais em terapia cognitiva, o material pode ser acessado facilmente com o nome de “Formulário de auxílio à coleta da história” (Kuyken, Padesky & Dudley, 2010, p. 335). Recomenda-se que o terapeuta aplique o questionário nas primeiras sessões. A forma de aplicação é variável. Há pacientes que irão preferir ler e preencher em casa. Em caso de atendimento remoto, utilizando-se a internet, o terapeuta poderá enviar o material por e-mail, nesses casos, é necessário reafirmar o sigilo ao enviar o formulário e ao recebê-lo. Além da anamnese, outros instrumentos, formulários e escalas serão selecionados ao longo do tratamento para a checagem de sintomas específicos da ansiedade, depressão, transtorno de personalidade ou outros transtornos que o terapeuta esteja avaliando para desenvolver a hipótese diagnóstica. Há vários exemplos de instrumentos validados de acesso gratuito disponibilizados no livro dos autores Gorenstein, Wang e Hungerbühler (2016), além disso, no Conselho de Psicologia, o terapeuta tem acesso aos testes validados permitidos no Brasil. Algumas escalas e questionários são encontrados em livros de terapia cognitiva, como o questionário para sintomas do Transtorno obsessivo-compulsivo encontrado em Cordioli (2007). 5 TEMA 2 – FORMULAÇÃO DE CASO Muito embora a formulação de caso clínico em terapia cognitiva tenha sido usada como sinônimo de conceitualização – veremos o conceito de conceitualização no próximo tema a ser estudado –, a formulação de caso é diferente em termos conceituais. Dobson e K. Dobson (2010, p. 35) ressaltam que “a formulação do caso é a ponte que liga a avaliação ao tratamento. O estabelecimento de metas e o planejamento do tratamento seguem-se logicamente naturalmente da formulaçãodo caso”. As autoras explicam que a formulação de caso é utilizada em muitas abordagens psicoterápicas, uma vez que organizam as informações relevantes com base no relato verbal dos pacientes como o da anamnese. A formulação de caso é um roteiro que auxilia o terapeuta a compreender as queixas do paciente. Dobson e K. Dobson (2010) descrevem três passos para auxiliar o profissional a montar o diagrama de formulação de caso: passo 1- desenvolver a lista de problemas; passo 2- desenvolver a parte inicial da formulação; e passo 3- comunicação da formulação de caso e resultados da avaliação. No primeiro passo, as autoras comentam que o desenvolvimento da lista de problemas ou demandas a serem trabalhados ao longo da terapia aumenta a chance do sucesso do tratamento, pois permite o melhor aproveitamento do tempo e trabalho focados em cada problema. As autoras, porém, chamam a atenção para que a lista de problemas seja específica, listas abrangentes sobrecarregam a dupla terapêutica e ambas perdem o foco dos pontos principais a serem trabalhados. Sobre esses cuidados, as autoras enfatizam que: [...] Quando você for desenvolver uma lista de problemas na entrevista de avaliação, tente fazer com que os clientes listem todos os grandes problemas relacionados ao fato de terem procurado a terapia. À medida que a entrevista prosseguir, porém, será importante para o clínico organizar e categorizar os problemas. [...] Os clientes podem também não estar cientes de todos os problemas, ou podem não articular todos os problemas que estão experimentando, no momento da avaliação. É importante observar com cuidado e perguntar ao cliente sobre possíveis problemas que não tenham sido expressos. Por exemplo, um cliente pode parecer ter poucas habilidades sociais ou está muito ansioso na entrevista, mas não pode explicitar em palavras nenhum dos problemas. Observar as reações do cliente na avaliação e a fazer perguntas específicas pode elucidar os problemas que não estiverem imediatamente manifestos. (Dobson e K. Dobson, 2010, p. 40) 6 Uma recomendação importante é não adicionar na lista de problemas o transtorno, como listar a depressão, a ansiedade ou outra disfunção, o que parece não ser eficaz, antes disso, listar algumas dificuldades relacionadas ao transtorno apresenta maior nível de eficácia terapêutica. Sobre esse ponto, as autoras comentam que: [...] Normalmente incluímos os fatores correntes relacionados ao diagnóstico na Lista de Problemas, mas não o próprio diagnóstico. Por exemplo, se uma cliente de 36 anos apresentar sintomas que atendam aos critérios para um transtorno de ansiedade generalizada e sintomas adicionais que quase atendam aos critérios para um transtorno depressivo maior, ela pode estar experimentando muitos problemas atuais que tanto levam a sintomas de ansiedade quanto resultam deles. Esses sintomas podem incluir dificuldade em lidar com atividades diárias, como trabalho, cuidado das crianças e obrigações familiares. Ela pode também experimentar baixa autoeficácia, pensamentos negativos sobre si própria e padrões ruins de sono. Uma estratégia útil nos estágios iniciais da formulação de caso pode simplesmente ser a de preencher duas listas, uma relacionada aos sintomas de um ou mais diagnósticos, e outros relacionados aos problemas de vida. A Lista de Sintomas ajuda a formular o diagnóstico, e a Lista de Problemas ajuda a guiar a formulação. (Dobson e K. Dobson, 2010, p. 41) No segundo passo descrito pelas autoras, há a descrição de um formulário para ser preenchido com dados pessoais, informações de identificação, seguida da lista de problemas e diagnósticos. O terapeuta preencherá sobre o uso de medicações e outras informações relevantes. Consta, também, nesse formulário, as crenças nucleares hipotéticas ou iniciais a serem confirmadas ao longo do tratamento. O terapeuta anota as situações precipitadoras ou ativadoras para, em seguida, desenvolver as hipóteses de trabalho. As autoras incluem ainda as origens de desenvolvimento sobre as queixas para, a partir de então, listar o plano de tratamento e as metas da terapia, além disso, é importante preencher os obstáculos e os auxílios potenciais para que as metas sejam alcançadas, Dobson e K. Dobson (2010). O terceiro e último passo descrito fala da comunicação da formulação e o resultado da avaliação para o paciente e equipe de trabalho quando necessários. Os pontos principais da formulação para o paciente são: informações necessárias sem muito detalhamento; usar termos da linguagem corrente do paciente; evitar termos técnicos; utilizar o feedback; demonstrar mais curiosidade do que certeza; fornecer um resumo escrito ou diagrama da formulação inicial do caso para que o paciente possa levar para casa. Wright, Basco e Thase (2008, p. 55) apresentam um modelo simples de formulação de caso que poderá ser refinado e completado à medida que o 7 processo terapêutico tenha prosseguimento. Os autores comentam que à medida que aprende a conhecer melhor o paciente, mais observações e níveis de complexidade podem ser acrescentados à formulação”. Segundo os autores, a formulação deverá ser revisada com frequência, e poderá ser reformulada caso as hipóteses e/ou métodos de tratamento não estejam ajudando o paciente a lidar com suas demandas e dificuldades. Figura 1 - Modelo de diagrama de formulação de caso baseada em Wright, Basco e Thase (2008) Nome do paciente: Diagnóstico/ sintomas: Influências do desenvolvimento: Questões situacionais: Fatores biológicos, genéticos e médicos: Pontos fortes e recursos: Objetivos do tratamento: Hipótese de trabalho: Plano de tratamento: Situação/evento Pensamento automático: Emoções: Comportamento: Fonte: Wright; Basco; Thase, 2008, p. 55. Outro modelo detalhado e viável para o exercício da formulação e caso foi apresentado por Dobson e K. Dobson (2010, p. 42): Figura 2 – Modelo de formulação de caso fundamentado em Dobson e K. Dobson Nome: Data: Informações de identificação: Lista de problemas: Diagnósticos: Medicações: Crenças nucleares hipotéticas 8 Eu sou: Os outros são: O mundo é: O futuro é: Situações precipitadoras ou ativadoras: Hipóteses de trabalho: Origens de desenvolvimento: Plano de tratamento/metas: Auxílios potenciais às metas: Fonte: Dobson; K. Dobson, 2010, p. 42. Podemos perceber, por meio desse modelo, que as autoras incluíram as crenças que o paciente pode ter em relação a si próprio, ao outro e ao futuro, designado por Beck como tríade cognitiva. Outra recomendação é a de que o terapeuta treine e aprimore a formulação à medida que o tratamento avance, devido às complexidades de cada um, as autoras reforçam para que cada formulação seja específica e individualizada, respeitando-se, dessa maneira, o histórico de vida do paciente. TEMA 3 – CONCEITUALIZAÇÃO DE CASO EM TERAPIA COGNITIVA Muitos autores consideram a conceitualização de caso em terapia cognitiva como parte da formulação, ou seja, a conceitualização está inclusa no diagrama da formulação (Wenzel, 2018; Wright, Basco & Thase, 2008). Sobre esse ponto, Kuhn e Andreatta (2012, p. 168) detalham da seguinte forma: [...] A confusão entre conceitualização e formulação não é rara. Isso se deve ao fato de que diversos materiais que trazem conteúdo referente à formulação de caso a referem como conceitualização de caso. De fato, a denominação conceitualização de caso não está incorreta, e o conhecimento de que esse termo é usado por alguns autores é bastante útil ao pesquisarmos materiais para estudo, mas justamente para fins didáticos, achamos que o termo formulação evita maiores confusões com a conceitualização cognitiva. A conceitualização cognitiva está contida na formulação de caso (ou conceitualização de caso), edifere desta, pois trata-se de um retrato do processamento da informação do paciente, exemplificado por situações no formato de um Registro de Pensamentos Disfuncionais (RPD). Ou seja, enquanto a formulação é um retrato de um caso específico, a conceitualização seria o recorte deste retrato que se refere à cognição do paciente em questão. 9 Esse trecho traz a explicação das autoras que preferem separar os conceitos de formulação e conceitualização para facilitar o entendimento sobre o paciente. Outro ponto importante é a sinonímia do termo, por exemplo, J. Beck (1997) utiliza o termo conceituação como sinônimo de conceitualização. Assim, podemos resumir da seguinte forma para esclarecer ao aluno que esteja iniciando seus estudos em terapia cognitiva: a formulação de caso poderá ser encontrada como sinônimo de conceitualização em muitos livros de autores cognitivistas; conceitualização apresenta como sinônimo o termo conceituação. Para o objetivo desta aula, trabalharemos com o conceito de conceitualização de caso utilizando como modelo a conceitualização colaborativa de Kuyken, Padesky e Dudley (2010). Dessa forma, veremos a definição do conceito, sem, contudo, aprofundar em demasia, pois esse conteúdo será abordado de forma mais aprofundada em outro momento no decorrer do curso. De acordo com os autores, a conceitualização é definida como: “Conceitualização de caso é um processo em que terapeuta e cliente trabalham em colaboração para primeiro descrever e depois explicar os problemas que o cliente apresenta na terapia. A sua função primária é guiar a terapia de modo a aliviar o sofrimento do cliente e a desenvolver a sua resiliência” Kuyken, Padesky e Dudley (2010, p. 21). Os autores explicam que utilizam o modelo do caldeirão como metáfora para a compreensão dos elementos importantes a serem considerados na conceitualização. Sobre a metáfora do caldeirão, os autores explicam: [...] Um caldeirão é um recipiente usado para combinar substâncias diferentes de modo que elas sejam transformadas em algo novo. Tipicamente, aquecer o caldeirão facilita o processo de mudança. O processo de conceitualização de caso é assim, na medida em que ela combina as dificuldades e as experiências que o cliente apresenta com a teoria e a pesquisa da TCC para formarem um novo entendimento, que é original e único daquele cliente. A teoria e a pesquisa em TCC são ingredientes essenciais no caldeirão; é a integração do conhecimento empírico que diferencia a conceitualização de caso dos processos naturais de obtenção de significado das experiências em que as pessoas se envolvem a todo o momento. Os autores entendem que o aquecimento do caldeirão é a relação que se estabelece entre a dupla terapêutica, essa deve ser pautada na colaboração empírica, ou seja, “a colaboração ajuda a assegurar que os ingredientes certos sejam misturados de forma adequada. As perspectivas do terapeuta e do cliente se combinam para desenvolver uma compreensão compartilhada que seja 10 adequada, que seja útil para cliente e informe a terapia”, Kuyken, Padesky e Dudley (2010, p. 21). Outro ponto utilizado na metáfora do caldeirão diz respeito aos elementos que serão combinados, sobre isso, os autores entendem da seguinte forma: [...] novas substâncias formadas em um caldeirão dependem das características dos materiais colocados dentro dele. As experiências do cliente, juntamente à teoria e à pesquisa em TCC são os ingredientes principais em uma conceitualização. Tradicionalmente, a ênfase tem sido nos problemas do cliente. Em vez de simplesmente examiná-las, nosso modelo incorpora os pontos fortes do cliente em cada estágio do processo de conceitualização. Independente da sua apresentação e da sua história, todos os clientes têm seus pontos fortes que usam para lidar com os problemas de forma eficaz nas suas vidas. A incorporação dos pontos fortes do cliente à conceitualização aumenta as possibilidades de que o resultado seja o alívio do sofrimento e o desenvolvimento da resiliência do cliente. Para finalizarmos a explicação com a utilização da metáfora do caldeirão, os autores entendem que o resultado proveniente da combinação dos elementos dentro do caldeirão são: os problemas apresentados pelo paciente, os fatores desencadeantes das dificuldades, os fatores que mantêm o problema, assim como os fatores que predispõem o paciente sem deixar de mencionar os fatores protetores. J. Beck (1997, p. 34) comenta que: [...] A conceituação inicia no primeiro contato com um paciente e é refinada em cada contato subsequente. O terapeuta levanta hipótese sobre o paciente com base nos dados que o paciente apresenta. Hipóteses são confirmadas, desconfirmadas ou modificadas à medida que novos dados são apresentados. A conceituação, portanto, é fluida. Em pontos estratégicos, o terapeuta verifica diretamente suas hipótese e formulações com o paciente. Em geral, se a conceituação está sob a mira, o paciente confirma que ela “parece certa” - ele concorda que o quadro que o terapeuta apresenta verdadeiramente ressoa nele. O Registro de pensamentos disfuncionais e a tríade cognitiva fornecem dados para uma boa conceitualização. Os autores cognitivistas priorizam algumas informações relevantes para o entendimento adequado do mapa da conceitualização. Segundo Sudak (2008), o terapeuta busca entender quais fatores são relacionados às crenças centrais, crenças intermediárias e pensamentos automáticos disfuncionais. Tais fatores são, por ela, descritos da seguinte forma: [...] Em qualquer sistema de psicoterapia, um elemento vital é a conceituação do paciente. Esta formulação visa explicar quatro áreas básicas de informações - fatores que predispõem o indivíduo ao transtorno (por que eu?), fatores precipitantes (por que agora?), fatores 11 perpetuadores (o que faz este problema continuar?) e fatores de proteção (por que não piora?). Um arcabouço teórico específico também informa a formulação, ou seja, a maneira como o terapeuta acredita que a perturbação psicológica ocorre e como ele entende o desenvolvimento e as interações humanas. (Sudak, 2008, p. 29) Conceitualizar um caso clínico, portanto, é identificar os níveis cognitivos acionados para cada situação problemática (crenças nucleares ou centrais, crenças intermediárias, pensamentos automáticos), mas também os pontos fortes ou os comportamentos resilientes que permitem ao paciente lidar com suas dificuldades. Assim, J. Beck (1997, p. 34) resume: [...] É útil para o terapeuta ver a terapia como uma jornada e a conceituação como um mapa rodoviário. O paciente e ele discutem as metas da terapia, o destino final. Há diferentes modos para atingir esse destino; por exemplo, por autoestradas principais ou estradas secundárias. Às vezes, retornos mudam o plano original. À medida que o terapeuta se torna experiente e melhor em conceituação, ele preenche os detalhes relevantes no mapa rodoviário e sua eficiência e efetividade melhoram. No começo, no entanto, é razoável supor que ele pode não realizar a terapia da forma mais efetiva. Uma conceituação cognitiva correta o auxilia em determinar quais são as principais autoestradas e como melhor viajar. O terapeuta deve escolher o melhor formulário de conceitualização com o qual se familiariza, sendo possível encontrar vários modelos nos manuais de terapia cognitiva. Em todos eles, o objetivo é de o terapeuta entender, com base nos fatores já mencionados, quais crenças nucleares se relacionam aos pensamentos, emoções e comportamentos do paciente. J. Beck (1997) apresenta um diagrama de conceitualização bastante simples a ser utilizado e compartilhado com os pacientes tão logo eles tenham sido psicoeducados para os conceitos principais da terapia cognitiva. Figura 3 – Diagrama de Conceitualização Cognitiva Nome do paciente:Data: Diagnóstico: Dados Relevantes de Infância Que experiências contribuíram para o desenvolvimento e manutenção da crença central? Crença Central Qual a crença mais central sobre si mesmo? Suposições Condicionais/ Crenças/Regras 12 Que suposição positiva a ajudou a lidar com a crença central? Qual é a contraparte negativa para essa suposição? Estratégia(s) compensatória(s) Que comportamentos o ajudam a lidar com a crença? Situação 1 Situação 2 Situação 3 Qual a situação problemática? Pensamento automático O que passou por sua cabeça? Pensamento automático Pensamento automático Significado do P. A Que emoção associada ao pensamento automático? Significado do P. A Significado do P. A Emoção Que emoção esteve associada ao pensamento automático? Emoção Emoção Comportamento O que o paciente fez então? Comportamento Comportamento Fonte: J. Beck, 1997, p. 149. J. Beck (1997) sugere que o terapeuta inicie preenchendo a metade inferior do diagrama com as informações fornecidas pelo paciente para cada situação em que se sentiu aflito. A autora explica ainda que o sentido do pensamento automático se relaciona à crença central. Sobre a parte superior do diagrama, a autora orienta: [...] Para preencher a parte superior do diagrama, o terapeuta pergunta a si mesmo (e ao paciente): Como a crença central se originou e foi mantida? Que eventos de vida (em especial os da infância) o paciente experimentou que poderiam estar relacionados ao desenvolvimento e 13 a manutenção da crença? Dados típicos e relevantes da infância incluem eventos significativos como conflitos contínuos ou periódicos entre pais ou outros familiares; divórcio parental; interações negativas com pais, irmãos, professores, pares ou outros nas quais a criança se sentiu incriminada, criticada ou de outro modo desvalorizada; doença; morte significativa de outros; abuso físico ou sexual e outras condições de vida adversos, como crescer na pobreza, enfrentar discriminação crônica e assim por diante. Os dados relevantes de infância podem, no entanto, ser mais sutis: por exemplo, a percepção da criança (que pode ou não ter sido válida) de que os pais favoreceram um irmão em relação a ela; a autocritica contínua da criança por não chegar à altura, de algum modo importante, em relação a um irmão; a criança sentir-se diferente de ou rebaixada por pares ou a percepção da criança de que ela não preencheu expectativas de pais, professores ou outros. A seguir, o terapeuta pergunta a si mesmo “Como o paciente enfrentou essa dolorosa crença central? Que crenças intermediárias (ou seja, suposições subjacentes, regras e atitudes) ele desenvolveu? (J. Beck, 1997, p. 148) As estratégias compensatórias se relacionam às crenças centrais, são comportamentos que o paciente se engaja para lidar com a dor emocional quando as crenças estão ativadas e são disfuncionais. O diagrama de conceitualização será refinado a cada sessão e o terapeuta compartilha com o paciente no processo colaborativo (um dos princípios fundamentais), como afirmam Kuyken, Padesky e Dudley (2010), é necessário conceitualizar tanto as dificuldades como os pontos fortes e resilientes do paciente. Falaremos sobre isso no próximo tema. TEMA 4 – CONCEITUALIZAÇÃO DOS PONTOS FORTES Uma das funções da conceitualização colaborativa descrita por Kuyken, Padesky e Dudley (2010) é identificar os pontos fortes do paciente e sugerir formas para desenvolver a resiliência. O termo resiliência é bastante complexo e trabalhado não somente na Psicologia como também em outras áreas de conhecimento, como a Física, de onde o termo foi primariamente utilizado para falar da propriedade que um elemento possui de voltar ao seu estado anterior após passar por alterações. Para o objetivo desse tema, compreenderemos a resiliência como a capacidade da qual o indivíduo apresenta para lidar com as adversidades de maneira mais adaptativa possível. Embora o construto teórico “resiliência” seja utilizado de maneira generalizada, parece existir um consenso entre os teóricos de que a resiliência é a “capacidade de as pessoas pessoalmente ou em grupo resistirem a situações 14 adversas sem perderem o seu equilíbrio inicial, isto é, a capacidade de se acomodarem e reequilibrarem constantemente” (Tavares, 2001,p. 46). A conceitualização, como vimos anteriormente, é considerada o mapa para o entendimento de como as crenças nucleares disfuncionais promovem modificações ou interferem nos pensamentos, sentimentos e comportamentos dos pacientes. Kuyken, Padesky e Dudley (2010) enfatizam que, além da conceitualização das crenças disfuncionais, os pontos fortes de cada pessoa e a sua capacidade resiliente podem ser conceitualizados paralelamente no processo terapêutico. Os autores entendem que o primeiro passo é a distinção entre os pontos fortes e resilientes para, então, partir para o desenvolvimento da conceitualização da capacidade resiliente de cada paciente. Neste contexto, os autores abordam da seguinte maneira: [...] A resiliência possui múltiplas dimensões; existem muitos caminhos até ela, e as pessoas não precisam ter pontos fortes em todas as áreas para serem resilientes. Assim, a resiliência é talvez “comum” porque existem muitas diferentes combinações de capacidades que, reunidas, ajudam alguém a ser resiliente. Masten faz uma distinção importante entre os pontos fortes e as boas condições para resolver problemas ou circunstâncias protetoras como ter um parceiro apoiador. Resiliência refere-se aos processos em que esses pontos fortes possibilitam a adaptação durante os períodos de desafios. Assim sendo, depois que os terapeutas ajudam aos clientes a identificar os pontos fortes, essas capacidades podem ser incorporadas às conceitualizações para ajudar a entender a resiliência do cliente. (Masten 2001, citada por Kuyken, Padesky & Dudley, 2010, p. 123) Kuyken, Padesky e Dudley (2010) descrevem três níveis de conceitualização, tanto para os pontos problemáticos, como para os pontos fortes necessários ao desenvolvimento da resiliência, como visto anteriormente. Os autores entendem que a conceitualização se inicia a partir da descrição das dificuldades em termos cognitivos, em seguida, caminha para um delineamento transversal cujo objetivo principal é o entendimento dos fatores que desencadearam as dificuldades bem como o porquê da dificuldade para continuar (fatores de manutenção), à medida que a terapia continua, a dupla terapêutica irá tentar elucidar quais os fatores protetores que o paciente apresenta em seu histórico, assim como elencarão os fatores predisponentes para o desenvolvimento das dificuldades. De forma resumida, a conceitualização inicia de forma descritiva e segue para uma forma explanatória (considerada longitudinal). 15 A compreensão desses níveis de conceitualização permite o entendimento de como conceitualizar os pontos fortes e a resiliência do paciente. Sobre isso, os autores explicam: [...] A identificação e o trabalho com os pontos fortes dos clientes iniciam na avaliação e continuam em cada nível de conceitualização. Quando os clientes articulam as dificuldades atuais, os terapeutas podem indagar sobre as vezes em que os clientes conseguiram lidar com elas com sucesso. [...] A conceitualização dos fatores desencadeantes e de manutenção inclui os recursos do cliente que impediram que as dificuldades piorassem. Quando a conceitualização se torna mais longitudinal, os fatores que predispuseram e protegeram o cliente são identificados. Durante a terapia, defendemos que os terapeutas identifiquem os valores do cliente, seus objetivos de longo prazo e as qualidades positivas que podem servir como base para desenvolver uma recuperação duradoura e uma participação integral na vida. (Kuyken, Padesky e Dudley, 2010, p. 75)Com base no que vimos até agora, podemos resumir, portanto, que a conceitualização dos pontos fortes pode ser realizada desde o início do processo terapêutico de maneira paralela ao levantamento dos fatores desencadeantes, precipitadores e mantenedores. O terapeuta utiliza o questionamento socrático para buscar as evidências de como o paciente conseguiu manejar as situações de dificuldades e lidar com as adversidades ao longo de sua vida. O objetivo para a conceitualização dos pontos fortes é auxiliar o paciente a desenvolver a resiliência e acreditar em seu potencial resolutivo frente às dificuldades, em outras palavras, os autores comentam que: “os pontos fortes do cliente são encorpados em cada nível de conceitualização com o objetivo de revelar caminhos positivos para mudar e para desenvolver resiliência” Kuyken, Padesky e Dudley (2010, p. 77). TEMA 5 – CONCEITUALIZANDO: EXEMPLO CLÍNICO A partir de agora, trabalharemos com um exemplo clínico publicado para compreendermos como o diagrama de conceitualização poderá ser preenchido. O primeiro caso clínico foi descrito por Wright, Basco e Thase (2008, p. 52): [...] Gina descreveu uma série de sintomas relacionados à ansiedade, inclusive ataques de pânico, hiperventilação, suores e evitação de situações temidas (p. ex., estar em multidões, comer em locais públicos, dirigir carros e pegar elevadores). Ela disse ter esses sintomas há mais de três anos. Não havia um precipitante claro, mas ela observou que a ansiedade começou a aumentar depois de ela ter conseguido um novo emprego, que exigia que ela dirigisse em tráfego pesado para ir à cidade e trabalhar em um movimentado prédio de 16 escritórios. Várias influências desenvolvimentais dos primeiros anos de vida de Gina pareciam ter mudado sua vulnerabilidade a sintomas de ansiedade. Gina era a segunda de duas filhas criadas em um ambiente familiar amoroso com ambos os pais presentes em casa. Embora não tenha relatado nenhum trauma específico na infância, ela tinha lembranças da chegada de sua avó do hospital, depois de uma operação de câncer, quando Gina tinha cerca de 7 anos. Sua avó estava tão doente que não conseguia mais cuidar de si mesma; por isso, ficou na casa de Gina até morrer, cerca de seis meses depois. Gina lembrava que sua avó sentia muita dor e muitas vezes chorava à noite. Além disso, a mãe de Gina ficou muito nervosa durante essa doença e por muitos anos mais. A visão de mundo de Gina também foi influenciada por ter uma irmã mais velha com uma doença cardíaca congênita. Seus pais sempre diziam à sua irmã para tomar muito cuidado para não exagerar e para evitar o estresse, sua mãe foi descrita como extremamente preocupada. Preocupa-se especialmente com Gina quando a filha estava aprendendo a dirigir, dando-lhe instruções repetidamente para tomar cuidado por causa do alto risco de um acidente como motoristas adolescentes. Embora nunca tivesse recebido tratamento para ansiedade sua mãe era uma mulher tensa que parecia se preocupar excessivamente com o perigo e passou a mensagem para suas duas filhas de que o mundo é um lugar perigoso. Felizmente, Gina tinha vários pontos fortes que podiam ser incluídos no processo da TCC. Ela estava genuinamente interessada em aprender sobre a TCC e disposta a se engajar na terapia de exposição - um elemento - chave da TCC para transtornos de ansiedade. Ela era articulada e inteligente e tinha um bom senso de humor. Ela não apresentava problemas de Eixo II e tinha excelente apoio de seu noivo e familiares. No entanto, tinha sintomas de ansiedade há muito tempo instalados com padrões bem-arraigados de evitação, os quais provavelmente necessitariam de TCC extensiva para sua resolução. Também parecia que seu noivo, os colegas de trabalho e os amigos estavam reforçando inadvertidamente a ansiedade ao participarem de seus métodos elaborados de evitação (p. ex., levando-a de carro para o trabalho, protegendo-a de ir sozinha ao refeitório, fazendo pequenas tarefas na rua para ela). Com base no relato, os autores explicam que o diagnóstico provável para a paciente Gina é o transtorno de pânico com agorafobia. Aqui, é importante ressaltar que, na prática clínica, os dados são coletados a cada sessão, assim, a conceitualização se torna um processo em contínuo desenvolvimento. Gina apresenta algumas influências em seu desenvolvimento, como o câncer e a morte da avó, a doença da irmã e a preocupação excessiva da mãe. Para as questões situacionais, Gina havia conseguido um novo emprego e necessitava dirigir em rodovias com tráfego pesado; o noivo, porém, reforçava o comportamento ansioso ao levá-la ao trabalho. O primeiro passo para a conceitualização é a coleta criteriosa dos dados de história de vida do paciente, que pode ser realizada por questionário de anamnese. No entanto, situações semanais e dificuldades trazidas a cada sessão demonstram como o paciente pensa a respeito de si, do outro, e futuro. A conceitualização conduzirá o terapeuta a levantar os pensamentos 17 automáticos, as crenças intermediárias (regras, suposições) e crenças nucleares e centrais. No relato, Gina apresentava – com base em suas vivências – crenças de que o mundo é um lugar perigoso, contudo, a paciente apresentava pontos fortes e resilientes que permitiam o seu desenvolvimento sem maiores dificuldades. O levantamento dos pontos fortes foi identificado como importante ferramenta de auxílio à melhora clínica do paciente, pois aumenta o potencial de resolução e alternativas para as dificuldades. A conceitualização busca identificar, em um primeiro momento, quais as situações que geram os pensamentos. Com base nisso, o terapeuta pergunta ao paciente sobre o que ele sente quando tais pensamentos são percebidos e quais os comportamentos prováveis. Esses relatos trazem informações relevantes sobre os fatores desencadeantes ou precipitadores do problema, os fatores predisponentes (como ter uma mãe ansiosa no caso de Gina), além disso, o terapeuta busca levantar o que mantém o problema (o namorado leva Gina ao trabalho, por exemplo). Em seguida, como já visto, os fatores que protegem o paciente (fatores protetores, como ter uma família afetuosa) também serão identificados com base nos relatos. Importante ressaltar que os pontos fortes do paciente, suas habilidades e componentes resilientes são considerados fatores protetores (J. Beck, 1997; Wright, Basco & Thase,2008; Sudak, 2008). 18 REFERÊNCIAS BECK, J. S. Terapia Cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 1997. CORDIOLI, A V. TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo. Porto Alegre: Artmed, 2007. DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Editora Artes Médicas do Sul, 2000. DOBSON, D. & DOBSON, K. S. A terapia cognitivo-comportamental baseada em evidências. Porto alegre: Artmed, 2010. GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência Psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005. GORENSTEIN, C.; WANG, Y. P. & HUNGERBÜHLER, I. Instrumentos de avaliação em saúde mental. Porto Alegre: Artmed, 2016. KUHN, R. P & ANDREATTA, I. Formulação de caso. In: Manual prático de terapia cognitivo-comportamental. 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