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A PSICOLOGIA DA AUTO-ATUALIZAÇÃO ABRAHAM MASLOW Abraham Maslow é considerado o fundador e líder do movimento humanista de psicologia. Foi um crítico vigoroso do comportamentalismo e da psicanálise, particularmente da abordagem de personalidade de Sigmund Freud. Segundo Maslow, quando os psicólogos estudam somente exemplos anormais e emocionalmente perturbados da humanidade, ignoram qualidades humanas positivas, como felicidade, satisfação e paz de espírito. Uma declaração frequentemente mencionada resume a sua posição: “O estudo de espécimes avariados, atrofiados, imaturos e não saudáveis só pode produzir uma psicologia defeituosa”. Dessa forma, Maslow estipulou que sua abordagem sobre personalidade avaliaria os melhores representantes da espécie humana. Ao querer estipular quão rápido os seres humanos são capazes de correr, você não estuda o corredor médio, mas o mais veloz que puder encontrar. Somente assim é possível determinar o alcance completo do potencial humano. A teoria da personalidade de Maslow não tem origem em histórias de casos de pacientes clínicos, mas em pesquisas com adultos criativos, independentes, auto-suficientes e realizados. Maslow concluiu que cada pessoa nasce com as mesmas necessidades instintivas que nos capacitam a crescer, a nos desenvolver e realizar nossos potenciais. A VIDA DE MASLOW (1908-1970) Sentimentos de Inferioridade e compensação Abraham Maslow, o mais velho de sete filhos, nasceu em 1908, no Brooklin, em Nova York. Os pais eram imigrantes com pouca cultura e mínimas perspectivas de ultrapassar suas condições econômicas marginais. Aos 14 anos, o seu pai caminhara e pedira carona da Rússia até a Europa Ocidental, tamanha era a vontade de chegar aos Estados Unidos, e incutiu em seu filho esse intenso impulso pela obtenção de sucesso. A sua infância foi difícil. Ele disse a entrevistador: “com a infância que tive, é um milagre eu não ser psicótico”. Em uma declaração recentemente encontrada em seus artigos não publicados, escreveu: “Tive uma família deprimente e minha mãe era uma criatura horrível”. Isolado e infeliz, cresceu sem amigos próximos e sem pais afetuosos. O pai era distante e abandonava periodicamente o seu infeliz casamento. Segundo Maslow, ele “amava uísque, mulheres e brigas” No final, reconciliou-se com o pai, mas enquanto criança e adolescente sentiu apenas hostilidade por ele. Com sua mãe, nunca chegou à conciliação e manteve sempre um ódio irremediável por ela. A experiência de vida, principalmente em relação à sua mãe, influenciou toda a sua obra: “Toda a essência da minha filosofia de vida, todas as minhas pesquisas e teorizações (...) têm origem no ódio e na revolta contra tudo o que ela representou” (Maslow, mencionado em Hoffman, 1988). 2 Na tentativa de compensar seus sentimentos de inferioridade pelo seu físico, voltou-se para a vida atlética não sendo bem sucedido. Então, dedicou-se aos livros. A biblioteca transformou-se no playground de sua infância e adolescência. Dos macacos à auto-realização O desejo de aprender de Maslow equiparava-se à paixão por sua prima Bertha. Ele saiu de casa cedo, indo primeiro para a Universidade Cornell e depois para a Universidade de Wisconsin, onde ficaram juntos. Ele tinha 20 anos e ela 19 quando se casaram. Mais tarde, disse que a vida tinha pouco sentido até casar-se com Bertha e começar a estudar em Wisconsin. Nessa Universidade, descobriu a psicologia comportamentalista de John B. Watson, líder da revolução que queria fazer da psicologia uma ciência do comportamento. Inicialmente, ficou encantado com seu estudo. O seu treinamento em psicologia experimental compreendeu o estudo sobre dominação e comportamento sexual em primatas. Assim ocorreu, obviamente, um passo gigantesco desde esse tipo de pesquisa do sistema comportamentalista até as idéias da psicologia humanista – dos macacos à auto- realização. Muitas influências provocaram essa profunda mudança em seu pensamento. Leu os trabalhos de Freud, dos psicólogos da gestalt e dos filósofos Alfred North Whitehead e Henri Bérgson. Seu primeiro filho também levou-o a mudanças. Declarou: “Fiquei impressionado com o mistério e com o sentimento de não ter as coisas inteiramente sob controle. Sentia-me pequeno, frágil e debilitado diante de tudo aquilo. Diria que qualquer um que tenha tido um bebê jamais poderia ser comportamentalista” (citado em Hall, 1968). Maslow recebeu seu Ph. D. da Universidade de Wisconsin em 1934 e retornou a Nova York, primeiro com uma bolsa de pós-doutorado sob a supervisão de E.L. Thorndike na Universidade de Columbia e depois para lecionar no Brooklyn College, onde permaneceu até 1951. Ele submeteu-se a diversos testes de inteligência e aptidão acadêmica, obtendo um QI de 195, que Thorndike descreveu como dentro da faixa de gênio. Ao lecionar em Nova York no final da década de 1930 e no início da de 1940, teve a oportunidade de entrar em contato com a onda de intelectuais emigrantes da Alemanha nazista, incluindo Erich Fromm, Karen Horney e Alfred Adler. Maslow falava sobre Adler o tempo todo e estava profundamente entusiasmado com as suas teorias. Também conheceu o psicólogo da gestalt, Max Wertheimer, e a antropóloga norte-americana Ruth Benedict. Sua admiração por eles despertou suas idéias sobre auto-realização. Tornou-se uma figura imensamente popular na psicologia e entre o público em geral. Recebeu muitos prêmios e honrarias e foi eleito presidente da American Psychological Association em 1967. CONCEITOS PRINCIPAIS Auto-Atualização Maslow definiu vagamente auto-atualização como “o uso e a exploração plenos de talentos, capacidades, potencialidades etc.” (1970). “Eu penso no homem que se a auto-atualiza não como um homem comum a quem alguma coisa foi acrescentada, mas sim como o homem comum de quem nada foi tirado. O homem 3 comum é um ser humano completo com poderes e capacidade amortecidos e inibidos” (Maslow em Lowry, 1973). As investigações de Maslow sobre auto-atualização foram inicialmente estimuladas por seu desejo de entender de uma forma mais completa os dois professores que mais o influenciaram, Ruth Benedict e Max Wertheimer. Embora Benedict e Wertheimer fossem personalidades diferentes e estivessem envolvidos em diferentes campos de estudo, Maslow sentiu que eles compartilhavam o mesmo nível de satisfação pessoal, tanto na vida profissional como na particular, o que ele raramente havia sentido em outros. A comparação entre esses dois cientistas feita por Maslow foi o primeiro passo do estudo que desenvolveria durante toda sua vida. Pesquisa em Auto-Atualização Maslow começou a estudar a auto-atualização mais formalmente através da análise das vidas, valores e atitudes das pessoas que considerava mais saudáveis e criativas. Argumentava que era mais exato generalizar sobre a natureza humana estudando os melhores exemplos que pudesse encontrar, do que catalogando os problemas e falhas dos indivíduos comuns ou neuróticos. Estudando homens e mulheres melhores e mais saudáveis, é possível explorar os limites da potencialidade humana. Adotava, então, dois critérios para incluir pessoas em seu estudo inicial. Primeiro, todos os sujeitos estavam relativamente livres de neurose ou de problemas pessoais maiores. Segundo, todos aqueles que foram estudados usavam da melhor forma possível seus talentos, capacidades e outras forças. Este grupo consistia em dezoito indivíduos: nove contemporâneos e nove figuras históricas, incluindo Abraham Lincoln, Thomas Jefferson, Albert Einstein, Eleanor Roosevelt, Jane Adams, William James, Albert Schweitzer, Aldous Huxley e Braruch Spinoza. Maslow relaciona as seguintes características de pessoas auto-atualizadoras: 1. percepção mais eficiente da realidade e relações mais satisfatórias com ela; 2. aceitação (de si, dos outros, da natureza); 3. espontaneidade, simplicidade, naturalidade;4. concentração no problema, em oposição ao estar centrado no ego; 5. a qualidade do desprendimento, a necessidade de privacidade; 6. autonomia; independência em relação à cultura e ao meio ambiente; 7. pureza permanente de apreciação; 8. experiências místicas e culminantes; 9. gemeinschaftsgefühl (o sentimento de parentesco com outros); 10. relações interpessoais mais profundas e intensas; 11. a estrutura de caráter democrático; 12. discriminação entre os meios e os fins, entre o bem e o mal; 13. senso de humor filosófico e não hostil; 14. criatividade auto-atualizadora; 15. resistência à aculturação: a transcendência de qualquer cultura específica. Maslow salientou que os auto-atualizadores estudados por ele não eram perfeitos ou nem mesmo livres de defeitos maiores. Eles também compartilham 4 muitos dos problemas das pessoas comuns: culpa, ansiedade, tristeza, conflito e assim por diante. Não existem seres humanos perfeitos! Teoria da Auto-Atualização Em seu último livro, The Farther Reaches of Human Nature (1971), Maslow descreve oito modos pelos quais os indivíduos se auto-atualizam, oito comportamentos que levam à auto-atualização. Não é uma lista relacionada logicamente, ordenada e clara, mas representa o auge do pensamento dele sobre a auto-atualização. 1. Em primeiro lugar, auto-atualização significa experienciar de modo pleno, intenso e desinteressado, com plena concentração e total absorção (Maslow, 1971). 2. Se pensarmos na vida como um processo de escolhas, então a auto- atualização significa fazer de cada escolha uma opção para o crescimento. Abrir-se para a experiência. 3. Atualizar é tornar verdadeiro, existir de fato e não somente em potencial. E, para Maslow, o self é o âmago ou a natureza essencial do indivíduo, incluindo o temperamento da pessoa, seus gostos e valores únicos. Assim, auto-atualizar é aprender a sintonizar-se com sua própria natureza íntima, independência nas escolhas. 4. A honestidade e o assumir a responsabilidade de seus próprios atos são elementos essenciais na auto-atualização. Ao invés de posar e dar respostas calculadas para agradar outra pessoa ou dar a impressão de sermos bons. 5. Os primeiros quatro passos ajudam-nos a desenvolver a capacidade de “melhores escolhas na vida”. Aprendemos a confiar em nosso próprio julgamento e em nossos próprios instintos e a agir em termos deles. 6. Auto-atualização é também um processo contínuo de desenvolvimento das próprias potencialidades. Isto significa usar suas habilidades e inteligência e “trabalhar para fazer bem aquilo que queremos fazer”. Auto- atualização não é uma “coisa” que alguém tem ou não tem. É um processo jamais findo, similar ao caminho budista para a iluminação. 7. “Experiências culminantes são momentos transitórios de auto- atualização”. Durante momentos culminantes estamos mais inteiros, mais integrados e mais conscientes de nós mesmos e do mundo. 8. Um passo além na auto-atualização é reconhecer as próprias defesas e então trabalhar para abandoná-las. Precisamos nos tornar mais conscientes das maneiras pelas quais distorcemos nossa auto-imagem e a do mundo exterior através da repressão, projeção e outros mecanismos de defesa. Experiências Culminantes Experiências culminantes são momentos especialmente felizes e excitantes na vida de todo indivíduo. Maslow observa que experiências culminantes são provocadas por intensos sentimentos de amor, exposição à arte ou à música, ou vivência da beleza irresistível da natureza. “Todas as experiências culminantes podem ser proveitosamente entendidas como consumação do ato... ou como o fechamento dos psicólogos da Gestalt, ou de acordo com o paradigma do orgasmo 5 completo, do tipo reichiano, ou como descarga total, catarse, culminação clímax, consumação, esvaziamento ou conclusão” (Maslow, 1968). A maioria de nós teve inúmeras experiências culminantes embora não as tenhamos classificado como tais. As relações de alguém enquanto contempla um belo pôr-de-sol ou ouve um trecho de música especialmente comovente, são exemplos de experiências culminantes. Diz Maslow: “É como se qualquer experiência de real excelência, de real perfeição... tendesse a produzir uma experiência culminante”. A vida da maioria das pessoas é preenchida por longos períodos de relativa desatenção, falta de envolvimento, ou até mesmo tédio. Ao contrário, em seu sentido mais amplo, experiências culminantes são aqueles momentos em que nos tornamos profundamente envolvidos, excitados e absorvidos no mundo. Experiência Platô Uma experiência culminante é um “auge” que pode durar poucos minutos ou algumas horas, mas raramente mais. Maslow também comenta uma experiência mais estável e duradoura à qual se refere como “experiência platô”. A experiência platô representa uma maneira nova e mais profunda de encarar e vivenciar o mundo. Envolve uma mudança fundamental na atitude, uma mudança que afeta todo o ponto de vista de alguém, e cria uma nova apreciação e uma consciência intensificada do mundo. Hierarquia de Necessidades Maslow define a neurose e o desajustamento psicológico como “doenças de carência”, isto é, são causadas pela privação de certas necessidades básicas, assim como a falta de certas vitaminas causa doenças. Os melhores exemplos de necessidades básicas são necessidades fisiológicas, tais como a fome, a sede e o sono. A privação leva de modo claro a uma conseqüente doença, e a satisfação dessas necessidades é a única cura para a doença. Em todos os indivíduos encontram-se necessidades básicas. A quantidade e tipo de satisfação variam em diferentes sociedades, mas as necessidades básicas (como a fome) nunca podem ser completamente ignoradas. Algumas necessidades psicológicas também devem ser satisfeitas para a manutenção da saúde. A hierarquia de Necessidades, segundo Maslow, é a seguinte: - necessidades fisiológicas (fome, sono, sexo e assim por diante); - necessidades de segurança (proteção, ordem e estabilidade); - necessidades de afiliação e amor (família, amizade); - necessidades de estima (de si mesmo e dos outros; auto-respeito, aprovação); - necessidades de auto-atualização ou auto-realização (desenvolvimento de capacidades). De acordo com Maslow, as primeiras necessidades em geral são preponderantes, isto é, elas devem ser satisfeitas antes que apareçam aquelas relacionadas posteriormente. “É inteiramente verdadeiro que o homem vive apenas de pão – quando não há pão. Mas, o que acontece com os desejos do homem 6 quando há muito pão e sua barriga está cronicamente cheia? Imediatamente emergem outras (e superiores) necessidades e são essas, em vez de apetites fisiológicos, que dominam seu organismo. E quando elas, por sua vez, são satisfeitas, novamente novas (e ainda superiores) necessidades emergem e assim por diante” (Maslow, 1970). Para Maslow, essas necessidades seriam como instintóides, às quais conferia um componente hereditário. No entanto, elas podem ser influenciadas ou anuladas pelo aprendizado, pelas expectativas sociais e pelo medo de desaprovação. Embora venhamos dotados dessas necessidades ao nascer, os comportamentos que efetuamos para satisfazê-las são aprendidos e, portanto, sujeitos a variação de uma pessoa para outra. Características das necessidades Maslow descreveu diversas características das necessidades. Quanto mais inferior ela for na hierarquia, maiores serão seu poder, sua força e prioridade. As superiores são mais fracas. As necessidades superiores surgem mais tarde na vida, as fisiológicas e de segurança emergem na infância, as de afiliação e de estima aparecem na adolescência e a de auto-realização apenas na meia idade. Como as necessidades superiores são menos importantes para a sobrevivência real, sua satisfação pode ser postergada. O fracasso em satisfazer uma necessidade superior não produz uma crise, mas o fracasso em satisfazeruma necessidade inferior, sim. Por isso, Maslow chamou as necessidades inferiores de necessidade de déficit ou de deficiência; o insucesso em satisfazê-las produz um déficit ou uma privação no indivíduo. Embora as necessidades superiores sejam menos relevantes à sobrevivência, elas contribuem para a sobrevivência e o crescimento. A satisfação das necessidades superiores leva ao aprimoramento da saúde e da longevidade. Por essa razão, Maslow chamou-as de necessidades de crescimento ou de ser. A satisfação de necessidades superiores é benéfica também psicologicamente e leva ao contentamento, à felicidade e à realização. A satisfação de necessidades superiores requer melhores circunstâncias externas (sociais, econômicas e políticas) que o exigido pelas inferiores. Por exemplo, aspirar a auto-realização requer a existência de maior liberdade de expressão e de mais oportunidades do que aspirar a necessidades de segurança. Uma necessidade não tem de ser completamente satisfeita antes que a próxima necessidade na hierarquia se torne importante. Maslow propôs uma porcentagem gradualmente descendente de satisfação para cada necessidade. Como exemplo hipotético, ele descreve uma pessoa que satisfez 85% das necessidades fisiológicas, 70% das de segurança, 50% das de afiliação e amor, 40% das de estima e 10% da de auto-realização. 7 DINÂMICA Crescimento Psicológico Maslow aborda o crescimento psicológico em termos de satisfação bem sucedida de necessidades mais “elevadas” e satisfatórias. A busca de auto- atualização não pode começar até que o indivíduo esteja livre da dominação de necessidades inferiores, tais como a necessidade de segurança e estima. Segundo o autor, a frustração precoce de uma necessidade pode fixar o indivíduo naquele nível de funcionamento. Por exemplo, alguém que, quando criança, não foi muito popular, pode continuar a se preocupar profundamente com necessidades de auto- estima por toda a vida. A busca de necessidades mais elevadas é, em si, um índice de saúde psicológica. Maslow argumenta que necessidades mais elevadas são intrinsecamente mais satisfatórias, e que a metamotivação indica que o indivíduo progrediu além de um nível deficiente de funcionamento. Maslow acentua que o crescimento ocorre através do trabalho de auto- atualização. Auto-atualização representa um compromisso a longo prazo com o crescimento e o desenvolvimento máximo das capacidades. Obstáculos ao Crescimento Maslow salientou que a motivação para o crescimento é relativamente fraca, comparada às necessidades fisiológicas e necessidades de segurança, estima, etc. O processo de auto-atualização pode ser limitado por 1) influências negativas de experiências passadas e de hábitos resultantes que nos mantém presos a comportamentos improdutivos; 2) influência social e pressão de grupo que muitas vezes operam contra nossa própria preferência e opinião, e 3) defesas internas que nos mantêm fora de contato conosco mesmo. Hábitos pobres frequentemente inibem o crescimento. Para o autor, eles incluem vício de drogas ou bebida, alimentação pobre e outros hábitos que prejudicam a saúde e a eficiência. Segundo ele, um mero ambiente destrutivo ou uma educação autoritária rígida pode facilmente levar a padrões habituais improdutivos baseados numa orientação de deficiência. Da mesma forma, qualquer hábito forte em geral tende a interferir no crescimento psicológico, pois diminui a flexibilidade e a abertura necessárias para atuar de modo mais eficiente e efetivo numa variedade de situações. A pressão de grupo e a propaganda social também tendem a limitar o indivíduo. Elas agem para diminuir a autonomia e reprimir o julgamento independente, na medida em que o indivíduo é pressionado para substituir seus próprios gostos e critérios por padrões externos e sociais. Uma sociedade também pode inculcar uma visão tendenciosa da natureza humana – por exemplo, a visão ocidental de que a maioria dos instintos humanos é em essência, pecaminosa e deve ser continuamente controlada ou dominada. Maslow argumentava que esta atitude negativa tende a frustrar o crescimento e que na verdade o oposto é o correto; nossos instintos são essencialmente bons e os impulsos para o crescimento são a maior fonte da motivação humana. As defesas do ego são vistas por Maslow como obstáculos internos para o crescimento. O primeiro passo ao se lidar com as defesas do ego é conscientizar-se delas e ver claramente como funcionam. Assim, cada indivíduo deveria tentar 8 minimizar as distorções criadas por essas defesas. Maslow acrescenta dois novos mecanismos de defesa à tradicional lista psicanalítica: dessacralização e complexo de Jonas. Dessacralização refere-se ao empobrecimento de uma vida pela recusa em tratar qualquer coisa com interesse profundo e seriedade. Hoje, são poucos os símbolos religiosos ou culturais que recebem o cuidado e respeito que antes desfrutavam e, como conseqüência, estes símbolos perderam seu poder de nos emocionar, inspirar ou mesmo motivar. Maslow muitas vezes referia-se a valores modernos relativos ao sexo como um exemplo de dessacralização. Embora uma atitude negligente em relação ao sexo possa levar a uma menor frustração e traumas, é também verdade que a experiência sexual perdeu o poder que antes tinha de inspirar artistas, escritores e amantes. O “complexo de Jonas” refere-se a uma recusa em tentar realizar suas plenas capacidades. Da mesma forma como Jonas tentou evitar as responsabilidades de se tornar um profeta, assim também muitas pessoas têm, na realidade, medo de usar ao máximo suas capacidades. Preferem a segurança do comum e as realizações não-exigentes em contraposição às metas verdadeiramente ambiciosas que lhes exigiriam plena expansão. .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. OBS: compilação feita dos livros apresentados abaixo: FADIMAN, James e FRAGER, Robert. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986. (capítulo 9, pág. 258). SCHULTZ, Duane P. e SCHULTZ, Sydney E. Teorias da personalidade. São Paulo: Thomson Learning Edições, 2006. (capítulo 11, pág. 289).
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