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Histórico do desenvolvimento e relação estrutura- atividade de estrogênios Daniel F. Kawano FR154 2016 � Hormônios sexuais masculinos e femininos são estruturalmente classificados como esteroides, que consistem de uma estrutura de perhidrofenantreno (um derivado do fenantreno onde todas as ligações duplas foram hidrogenadas, reduzidas a ligações simples) ligado a um anel de ciclopentano. � Os anéis do perhidrofenantreno são chamados de A, B e C (da esquerda para a direita), enquanto o anel de ciclopentano é denominado anel D. � Para numerar os carbonos dos esteroides, começamos na posição “meio dia” do anel A e seguimos em sentindo anti-horário até que todos os carbonos dos anéis A e B tenham sido numerados. Depois reiniciamos às “10 h” do anel C e seguimos em sentido horário para formar um 8 deitado até numerar todos os carbonos dos anéis C e D. � Os esteroides endógenos terão uma metila ligada ao C13, numerada como C18, e algumas vezes outra ligada ao C10, numerada como C19. Esteroides 2 CiclopentanoFenantreno Perhidrofenantreno + Esteroide � Do ponto de vista estrutural, o colesterol se destaca por uma dupla ligação carbono-carbono (C=C) entre C5 e C6, além de um OH em C3. � Os glicocorticoides como a hidrocortisona (cortisol) e os mineralocorticoides se diferenciam (ex: corticoesterona) se diferenciam pela cadeia lateral ligada a C17, a qual apresenta uma carbonila e um OH separados entre sei por um CH2, além de carbonila em C3 e dupla ligação entre C4 e C5. � Hormônios androgênios (ex testosterona) se diferenciam de glicocorticoides e mineralocorticoides unicamente pela cadeia lateral em C17, que neste caso é uma simples hidroxila. Esteroides 3 CorticoesteronaHidrocortisonaColesterol Testosterona � Em relação a hormônios femininos, progestinas e estrógenos, as primeiras são ainda muito semelhantes aos glicocorticoides e mineralocorticoides do ponto de vista estrutural, pois se nota apenas a ausência da hidroxila na cadeia lateral em C17. Já o estradiol se assemelha à testosterona pelo OH ligado a C17, mas não possui a metila ligada a C10, o anel A é aromático e a carbonila em C3 é substituída por uma hidroxila. � O uso terapêutico mais frequente das progestinas e estrogênios é nos contraceptivos, no qual estes geralmente aparecem em associação. Neste caso, o estrógeno irá suprimir a liberação do hormônio folículo estimulante e a progestina bloqueia a liberação do hormônio luteinizante. Estrogênios e progestinas 4Corticoesterona Testosterona Progesterona Estradiol Histórico de desenvolvimento 5 � Em 1921, o fisiologista australiano Ludwig Haberlandt demonstrou, ao realizar experimentos em coelhos, que elevados níveis de progesterona poderiam ter efeito contraceptivo em mamíferos. Ludwig comprovou este efeito transplantando um ovário de uma fêmea grávida a uma fêmea fértil, a qual passou a ter dois ovários. � Embora a progesterona pudesse ser considerada um contraceptivo natural, sua baixa biodisponibilidade quando administrada por via oral (10-15%) e a forte irritação no local de injeção quando administrada por via intramuscular, tornaram claro aos cientistas que novos contraceptivos necessitavam ser desenvolvidos. Ludwig HaberlandtProgesterona � Em 1931, bioquímico alemão Adolf Butenandt, membro do partido nazista, coletou 25.000 litros de urina masculina para isolar 50 mg de androsterona, hormônio com fraca atividade androgênica. Entre 1929 e 1934, Adolf também conseguiu isolar a estrona, a progesterona e a testosterona. � O cientista foi agraciado em 1939 com o Prêmio Nobel de Química por seu trabalho sobre hormônios sexuais. Inicialmente, foi obrigado a rejeitar o prêmio de acordo com a política do governo nazista, mas o aceitou posteriormente em 1949, após a Segunda Guerra Mundial. Isolamento da androsterona 6Adolf ButenandtAndrosteronaCaminhão tanque de 25.000 L Estrogênios 7 � O isolamento do primeiro estrogênios ocorreu em 1929, a estrona, que é creditado tanto a Butenandt quanto ao americano Edward Adelbert Doisy, que a cristalizaram a partir da urina de mulheres grávidas. � Pouco mais tarde, Erwin Schwenk e Fritz Hildebrandt reduziram a estrona a um composto cerca de 10x mais potente, o estradiol. A empresa Schering- Kahlbaum (mais conhecida no Brasil como Schering-Plough) lança então em 1936 o benzoato de estradiol. Edward A. Doisy � Em 1942, os laboratórios Wyeth lançam os estrogênios conjugados, uma mistura predominante de ésteres sulfúricos de estrona (50-65%) e equilina (20-30%) além de outros compostos minoritários (ex: equilenine). Estes estrogênios são obtidos da urina de éguas prenhas, daí o nome comercial Premarin® (pregnant + mare + urine), ainda comercializado. 8 Estrogênios � Em 1938, Hans Herloff Inhoffen e Walter Hohlweg, pesquisadores da Schering-Kahlbaum, sintetizaram o etinilestradiol à partir de estrona / acetileto de sódio em amoníaco líquido. � Embora a estrona pudesse ser obtida à partir de fontes naturais como a urina de éguas prenhas, estes estrogênios naturais sofrem rápida inativação no intestino e no fígado (50% de metabolismo de primeira passagem) quando administrados por via oral. Neste sentido, o desenvolvimento do etinilestradiol se mostrou essencial para o desenvolvimento dos contraceptivos orais. Inhoffen (esquerda) e Hohlweg Charles Dodds Robert Robinson Dietilestilbestrol 9 � No final da década de 1930, o bioquímico inglês Charles Dodds trabalhava com o anetol, extraído de plantas do anis, tentando produzir o anol, pois se sabia que os estrogênios continham um fenol em sua estrutura. � Dodds então tratou o anetol com bases fortes, esperando desproteger o OH. Como subprodutos gerados na reação formou-se dianetol e dianol, eram responsáveis pela alta atividade estrogênica da amostra impura de Dodds. � Robert Robinson, que colaborava com Dodds na parte sintética, sintetizou vários dímeros e derivados do anol, dentre eles o dietilestilbestrol. A “degradação” de Marker 10 � Em 1938, Russell E. Marker, então professor de química da Pennsylvania State College, percebeu que poderia produzir progesterona a partir de esteroides de plantas. Nestas estruturas, a cadeia lateral da molécula (em vermelho) é quimicamente reativa pela presença de dois átomos de oxigênio ligados ao mesmo átomo de carbono. � Após pesquisar quais espécies vegetais poderiam ser economicamente viáveis para este processo, Marker chegou ao inhame cabeça-de-negro, raiz da planta Dioscorea que é abundante no México. � Marker levou sua ideia à Parke-Davis, realizando o processo nas instalações da indústria para comprovar a viabilidade do projeto. Contudo, o presidente da empresa não acreditava que o trabalho químico poderia ser feito no México. Russell Earl Marker A “degradação” de Marker 11 � Em 1943, Marker pede demissão do cargo de professor e se junta a Emeric Somlo e Federico Lehmann, proprietários de uma pequena indústria farmacêutica mexicana destinada à produção de extratos de glândulas, os Laboratorios Hormona S.A. Um ano mais tarde (1944) nasce a Syntex S.A., que passa a comercializar progesterona por menos de 1/5 do valor original. � Como Marker era contra patentear o processo e acabou entrando em atrito com os sócios da Syntex por questões financeiras, ele acaba deixando a empresa em 1945 para fundar sua própria companhia, a Botanica-mex que, no entanto, fecha as portas um ano mais tarde após episódios de violência sofrida pelos trabalhadores por estranhos não identificados. Emeric SomloFederico LehmannEquipe Syntex (1951) 12 A primeira pílula contraceptiva � Com a contratação do químico George Rosenkranz no lugar de Marker, a Syntex volta a produzir progesterona, utilizada à época para evitar o aborto e aliviar problemas menstruais. Rosenkranz recruta os pesquisadores Carl Djerassi e Alejandro Zaffaroni como parte do P&D da empresa e, em 1951, eles sintetizam a noretisterona. Junto ao noretinodrel, produzido por Frank Benjamin Colton em 1952, um pró-fármaco da noretisterona (mestranol) comporia a primeirapílula contraceptiva em 1957, Enovid. � Ainda em 1951, Djerassi e Zaffaroni iriam produzir quantidades massivas de progesterona, a qual seria utilizada pela Upjohn num processo microbiológico para produção comercial da corticosterona. MestranolNoretinodrel George Rosenkranz Alejandro ZaffaroniCarl Djerassi 13 Estrogênios endógenos � Três estrogênios endógenos estão presentes nas mulheres, sendo estradiol o mais potente e representando de 10% a 20% dos estrogênios circulantes. O estradiol é produzido pela aromatização da testosterona nos folículos dos ovários femininos, sendo que a sua produção decai com a idade. � A estrona é 10 vezes menos potente do que o estradiol, sendo responsável por 60% a 80% dos estrogênios circulantes. A estrona pode ser gerada à partir do estradiol ou por aromatização da androstenediona secretada pelo córtex adrenal no tecido adiposo periférico. � O restante, cerca de 10% a 20%, está na forma de estriol, o mais fraco dos estrogênios. O estriol é produzido em quantidades significativas apenas durante a gravidez, ao ser gerado tanto pela placenta quanto pelo fígado e glândulas suprarrenais fetais. Sua ocorrência em mulheres não grávidas se dá em função deste ser um metabólito da estrona e do estradiol. 14 Estrogênios endógenos � Tanto a estrona quanto o estradiol são convertidos em estriol via 16α- hidroxilase, o qual é excretado na urina na forma de glucoronídeo. � Ao observarmos uma representação da interação do estradiol com o receptor nuclear de estrogênios, fica evidente a importância do OH ligado ao C17, o qual atua como grupo doador de ligação de H, fato que explica a menor atividade da estrona neste alvo. � Por possuir dois OH vizinhos, estriol formará ligações de H intramolecu- lares, fato que pode reduzir a disponibilidade dos grupos em formar novas interações com o receptor nuclear de estrogênios (J. Phys. Chem. A, v. 117(50), 13543-55, 2013). 15 Estrogênios � Do ponto de vista estrutural, os estrogênios podem ser classificados em esteroidais e não esteroidais. Os principais estrogênios esteroidais usados na clínica são o estradiol (na forma livre ou de ésteres), etinilestradiol e seus análogos (ex: mestranol) e estrogênios conjugados. � Dada à baixa biodisponibilidade quando administrado por via oral, o estradiol é normalmente veiculado por via intramuscular na forma de ésteres lipofílicos de hidrólise lenta, os quais aumentam a sua duração de ação, cipionato de estradiol (14-28 dias), valerato (14-21 dias) e enantato (6 dias). � No Brasil, o principal uso destes ésteres é em associação a progestinas em contraceptivos injetáveis: cyclofemina, mesigyna e perlutan. Estradiol 17β-enantate 16 Estrogênios � A vantagem do etinilestradiol (EE) em relação ao estradiol é que o grupo alquílico (alcino) em C17 reduz a oxidação do OH à cetona, como ocorre na conversão do estradiol em estrona. Além de retardar a metabolização destes compostos, este grupo torna o EE 100 x mais potente do que o estradiol. � Por ser mais resistente ao metabolismo do que os demais estrogênios, o EE é único estrogênio utilizado nos contraceptivos orais brasileiros. A única exceção é o Megestran (EMS) cujo princípio ativo é o mestranol, um pró- fármaco do EE que sofre O-desmetilação oxidativa no fígado para gerar o EE. � Após a administração oral, a absorção do EE é praticamente completa, tendo o fármaco uma biodisponibilidade oral de aproximadamente 40% e tempo de meia-vida de eliminação de 26 horas. � Assim como o estradiol, EE também sofre extensivo metabolismo de 1a passagem, sendo eliminado na urina na forma de sulfato e glicuronídeo. � Outra via de metabolização importante é a hidroxilação de C2, formando o 2-hidróxietinilestradiol. 17 Estrogênios � Estrogênios conjugados, utilizados na reposição hormonal (Premarin), contém uma ou duas ligações duplas extras no núcleo esteroide: equilina e equilenina, respectivamente, e estas insaturações aumentam muito a sua potência estrogênica. � Os estrogênios não esteroidais são representados pelos trans-estilbenos, dos quais o mais comumente empregado na clínica é o dietilestilbestrol. � Estes compostos ilustram os requisitos mínimos para a interação com o receptor nuclear de estrogênios, o anel aromático A com a hidroxila em C3 e uma distância específica (14,5 Å) entre as duas hidroxilas. Vale ressaltar que a configuração do tipo trans é importante neste sentido já que no caso dos isômeros cis a distância entre as hidroxilas seria ligeiramente alterada. � No Brasil, o dietilestilbestrol (destilbenol) é utilizado no tratamento de carcinoma mamário metastático em mulheres pós- menopáusicas e carcinoma metastático da próstata hormônio-dependente. 18 Progestinas � A progesterona é a precursora de todas as progestinas e possui a limitação de uma baixa biodisponibilidade quando administrada por via oral. Assim, a via preferencial para a sua administração seria a parenteral, embora existam no Brasil produtos na forma de cápsulas (Utrogestan e Evocanil). � As progestinas podem ter atividade antiestrogênica (down-regulation de receptores estrogênicos), glicocorticoide, androgênica (piora do perfil lipídico), antiandrogênica e antimineralocorticoide (diminuição da retenção hídrica e salina), sendo o desenvolvimento destes compostos altamente baseado na busca por um perfil ideal de seletividade. � De acordo com a evolução no seu desenvolvimento , as progestinas são classificadas em gerações: 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração. Progesterona 19 Progestinas � Do ponto de vista estrutural, progestinas são esteroides e as de origem sintética são divididas em androstanos (ex: etisterona, análogos da testos- terona) e pregnanos (ex: medroxiprogesterona, análogos da progesterona). � Nos androstanos, observa-se em C17 dois substituintes, uma hidroxila (na forma livre ou de acetato), e um grupo alquílico (etinil, metil, etil, etc.) que são utilizados para melhorar a biodisponibilidade oral. � Para ilustrar a influência deste grupo alquílico no metabolismo destes fármacos, sabe-se que a etisterona, primeiro androstano eficaz descoberto, tem apenas um terço da atividade da progesterona quando administradas por via subcutânea, mas é 15 vezes mais ativa quando administradas por via oral. TestosteronaLinestrenol 20 Androstanos � Apesar de efetiva, etisterona não tem uso clínico pela sua alta atividade androgênica, decorrente da semelhança estrutural com a testosterona. � A remoção da metila C19 produz a noretindrona (ou noretisterona), 5-10 x mais ativa do que a progesterona (Megestran = noretindrona + mestranol). Apesar de ser fracamente androgênica, não tem qualquer atividade de glicocorticoide ou antimineralocorticoide. No Brasil, o pró-fármaco da noretindrona, linestrenol, é utilizado em contraceptivos em associação ao EE (Anacyclin e Ovoresta). � A atividade da noretindrona foi ampliada ainda mais pela adição de uma metila em C18, gerando o norgestrel, que no Brasil é comercializado em associação ao EE na forma racêmica (Anfertil e Primovlar) ou na forma do único enantiômero ativo, levonorgestrel (Evanor, Neovlar, Level, Microvlar, Nordette, Levordiol, Ciclo 21, Normamor, Levogen, Trinordiol e Triquilar). Também é fracamente androgênico, sem qualquer atividade de glicocorticoide ou antimineralocorticoide. 21 Androstanos � Norgestimato é um pró-fármaco que sofre transformação metabólica em dois passos para formar a norelgestromina (desacetilação) e o levonorgestrel. A desacetilação ocorre no intestino e no fígado, enquanto que a conversão da 3- oxima para cetona ocorre principalmente no fígado. A forma de pró-fármaco reduz a ligação à globulinas transportadoras de hormônios sexuais (meia vida plasmática de 17-28h), sendo utilizado junto a estradiol para reposição hormonal (Prefest). � Desogestrel também é um pró-fármaco metabolizado na mucosa intestinal e no fígado para formar o metabolito ativo, o etonogestrel (3-ceto desogestrel). Apresenta alta seletividade para o receptor de progesterona e baixa atividade androgênica mas algunsestudos sugerem que há um aumento de duas vezes no risco de tromboembolismo venoso com o uso do desogestrel. � Formulações de desogestrel em associação ao etinilestradiol são encontradas nos contraceptivos orais Microdiol, Minian, Mercilon, Mercilon Conti, Femina e Gracial. 22 Androstanos � O gestodeno exibe quase 100% de biodisponibilidade oral e uma excelente afinidade de ligação ao receptor para o receptor de progesterona, mas também pode aumentar o risco de tromboembolismo venoso. Além disso, pode causar um aumento dos triglicerídeos e do colesterol total, embora este aumento seja menor do que associações de EE com desogestrel e norgestimato. Gestodeno + EE = Gynera, Minulet, Tâmisa 30, Gestinol 28, Femiane, Harmonet, Diminut, Gestrelan, Micropil, Tâmisa 20, Ginesse, Allestra 20, Minesse, Mirelle, Alexa e Mínima. � Dienogeste é estruturalmente único por conter um grupo cianometilo em C17 e uma insaturação entre C9 e C10. Sua biodisponibilidade é de cerca de 90%, sendo extensivamente metabolizado pelo CYP3A4. � Dienogeste possui ação antiandrogênica semelhante à drospirenona, sem o risco de causar hipercalemia, sendo utilizado no tratamento da endometriose (Allurene) ou como contraceptivo oral em associação ao EE (Valette) ou valerato de estradiol (Qlaira). 23 Pregnanos � A atividade dos pregnanos é reforçada por insaturações entre C6 e C7 e por uma metila em C6, a qual visa reduzir a oxidação metabólica nesta posição. � Modificações estruturais iniciais feitas na estrutura da progesterona produziram análogos fracamente ativos ou inativos. Somente com as modificações visando limitar a hidroxilação metabólica em C6 conseguiu-se compostos clinicamente úteis como a medroxiprogesterona (contraceptivo injetável, Depo Provera) e seu análogo mais ativo, o megestrol (usado no tratamento do câncer de mama avançado, Megestat/Femigestrol). A medroxiprogesterona é 25 x mais ativa do que a etisterona sendo que, após administração oral, a forma de acetato é rapidamente e completamente clivada no metabolismo de primeira passagem. Pregnanos � Derivada da espironolactona, a drospirenona (+ EE = Yasmin) é a única progestina com atividade antimineralocorticoide, sendo sua afinidade para o receptor mineralocorticóide 5 x maior do que a da própria aldosterona. � A drospirenona não é uma progestina muito potente, mantendo apenas cerca de 10% da atividade do levonorgestrel mas não apresenta atividade do receptor de glicocorticoides ou estrogênica. Possui ação antiandrogênica já que bloqueia a ligação da testosterona aos receptores androgênicos. � Apesar da menor propensão à retenção de fluidos do que as demais progestinas, o risco de tromboembolismo venoso é semelhante aos demais (Pediatrics, v. 127(2), 347-57, 2011). Espironolactona 24 25 Pregnanos � A elcometrina é uma progestina excepcionalmente potente administrada por via subcutânea (implante), intravaginal (anel vaginal), ou transdérmica, sendo 100 vezes mais potente quando administrada por via subcutânea do que pela oral. � Sua biodisponibilidade por via oral é de apenas 10%, com uma meia-vida de apenas 1 a 2 horas devido ao seu rápido metabolismo. � A funcionalização do C16 aumenta substancialmente a sua afinidade para com o receptor de progesterona. A elcometrina não se liga ao receptor androgênico e, portanto, não possui atividade androgênica ou anti-androgênica, mas possui afinidade para com o receptor glicocorticoide, embora efeitos adversos sejam observados apenas em doses excepcionalmente altas. 26 Pregnanos � O acetato de nomegestrol (Lutenil; sintomas da menopausa) é semelhante ao megestrol, com exceção da metila em C19, alteração que melhora muito a seletividade para o receptor de progesterona, garantindo maior potência do que a medroxiprogesterona. Não possui ação glucocorticoide, anti-mineralocorticóide ou androgênica, embora possua atividade anti-androgênica importante. � A trimegestona (Totelle; sintomas da menopausa), a mais potente progestina, contém um grupo OH em C21. Tem alta afinidade para receptor de progesterona, baixa afinidade para receptores de mineralocorticoide e não exibe atividades de glucocorticoide, androgênica ou anti-androgênica. Levonorgestrel 27 Exercícios Progesterona Medroxiprogesterona Etisterona � 1) Do ponto de vista estrutural, qual a principal alteração que permite ao etinilestradiol ser veiculado na forma de contraceptivo oral em comparação ao estradiol? Explique esta relação em função do metabolismo do estradiol. � 2) Com base nas estruturas abaixo, explique a finalidade das alterações estruturais realizadas na medroxiprogesterona em relação à progesterona e do levonorgestrel em relação à etisterona.
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