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1 Insulinas mutantes e Hipoglicemiantes orais Profa. Dra. Wanda P. Almeida Química Farmacêutica wanda.almeida@fcf.unicamp.br 2 1 - Insulinas 2 - Hipoglicemiantes orais 3 - Outros fármacos/drogas Abordagem 3 1. Insulinas 4 1.1. Insulinas Insulinas de animais de abate (suína e bovina): importância na terapêutica Diferenças fundamentais na estrutura primária, mas alta homologia Insulina humana: MM 5800 (~5,5 kd) 2 cadeias peptídicas (A e B) ligadas por pontes dissulfetos Cadeia A: 21 aminoácidos Cadeia B: 30 aminoácidos Pontes dissulfeto 2 intercadeias Cys A7 e Cys B7 Cys A20 e Cys B19 1 intracadeia (Cys A6 e Cys A11) 5 Interação da insulina com seu receptor A-1 Gly A-4 Glu A-5 Gln A-19 Tyr A-21 Asn B-12 Val B-16 Tyr B-24 Phe B-26 Tyr As insulinas modificadas (mutantes) devem manter os resíduos responsáveis por estas interações resíduos importantes em ambas as cadeias 6 forma ativa é o monômero forma dímeros em solução Nas vesículas secretoras é armazenada como hexâmeros insulina em solução insulina + zinco Zn ligação através dos resíduos Hys10-B Insulina regular 7 Insulina Regular Formas de preparo solução suspensão SC IV (coma hiperglicêmico) SC Farmacêutico Atenção aos locais de aplicação 8 Busca constante por vias de administração eficientes administração pulmonar bd relativamente baixa desenvolvimento de ac alteração da função pulmonar oral Degradação enzimática Baixa absorção absorção irregular retal não mimetiza a insulina prandial subcutânea baixa reprodutibilidade transdermal Duan e Mao, DDT, 2010, 15, 416 9 Deslocamento da Insulina do Local de Injeção à Corrente Sangüínea A duração do efeito é variável. Depende da velocidade de deslocamento do local de aplicação até a corrente sangüínea 10 As modificações visam a mudança no perfil farmacêutico (liberação) e farmacocinético (duração do efeito) Insulina em suspensão Dissolução lenta (formação de complexos apolares pouco hidrossolúveis) Insulina -ciclodextrina (com membrana de ultrafiltração p/ evitar adsorção nas paredes do dispositivo) Insulina-protamina (NPH): forma complexos que desagregam lentamente Insulina-zinco: o tamanho dos cristais influencia na velocidade de dissolução Algumas estratégias para aumentar a duração do efeito da insulina 11 1.2. Insulinas Mutantes variação na estrutura primária alterações a partir de B28 (Pro) objetivos: alterar a taxa de liberação e/ou duração de efeito alterações vão influenciar a formação de dímeros quanto mais lenta a formação do dímero, mais rápido age a insulina o grau de associação depende da estrutura, do pH e da concentração 12 1.2.1. de curta duração início de ação: em torno de 15 min insulina normal: 30 a 60 min exemplos: Lispro, Aspart, Glulisina Insulina N-terminal C-terminal Regular Val3 Pro28-Lys29-Thr30 Lispro Val3 Lys28-Pro29-Thr30 Aspart Val3 Asp28-Lys29-Thr30 Glulisina Lys3 Pro28-Glu29-Thr30 Alterações na estrutura primária (Cadeia B) 13 Insulina regular Insulina Lispro O H N NH3 + N H O OH O- O N Pro28-Lys29-Thr30 N H O OH O- ON O N H +H3N Lys28-Pro29-Thr30 14 Analogia simples Ponto de ebulição: 82 °C Miscível com água Ponto de ebulição: 118 °C Moderadamente miscível com água álcool terc-butílico 1-butanol Ponto de ebulição: 113 °C Moderadamente miscível com água álcool neopentílico Ponto de ebulição: 131 °C Praticamente imiscível com água 1-pentanol 15 1.2.2. de ação intermediária a mais comum é NPH: insulina e protamina complexados com zinco protamina é um polipeptídeo NPH: Neutral Protamine Hagedorn início de ação: 2-4 h NPH e LENT 16 1.2.3. de ação longa Ultralent, Glargina e Detemir Insulina Cadeia A Cadeia B Regular Asn21 Pro28-Lys29-Thr30 Glargina Gly21 Lys28-Pro29-Thr30-Arg31-Arg32 Detemir igual Asp28-AcmLys29 Alterações na estrutura primária Glargina formulada em pH 4 (melhor solubilidade) precipita no pH fisiológico (hexâmeros) 1 a 4 h para o início da ação 17 Níveis plasmáticos de insulina x t (h) representação esquemática 18 Degludec - Tresiba Ryzodeg – degludec + aspart (70/30) 19 FDA: http://www.fda.gov/NewsEvents/Newsroom/PressAnnouncements/ucm 464321.htm Artigo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4382770/ http://www.fda.gov/NewsEvents/Newsroom/PressAnnouncements/ucm464321.htm http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4382770/ 20 Des (B30) LysB29(y-Glu-N-hexadecandioyl) human insulin 21 2 – Hipoglicemiantes orais 22 2.1. Sulfoniluréias 2.2. Meglitinidas 2.3. Bisguanidas 2.4. Agonistas PPAR- 2.5. Outros 23 2.1. Sulfoniluréias década de 40: sulfonamida IPTD e sulfoniluréia carbutamida apresentavam ação hipoglicemiante H2N S NH O O S NN carbutamida IPTD histórico febre tifóide antimicrobiano efeito secundário: hipoglicemiante N H N H O S O O H2N 24 N H N H O S O O H2N desenvolvimento: protótipo foi a carbutamida antimicrobiano com efeito hipoglicemiante hepatotoxicidade carbutamida modificações estruturais substituição bioisostérica sem atividade antimicrobiana protótipo das sulfoniluréias H3C S N O O HN O H tolbutamida alteração da restrição conformacional Sulfoniluréias de Primeira Geração 25 experimentos em animais sem pâncreas: ineficazes mecanismo: ligam-se aos canais de potássio ATP-dependentes (região SUR1) indicadas para DM tipo II (despolarização) aumento do Ca2+ 26 Um olhar mais próximo para o canal de K+ SUR 1 SUR 1 SUR 1 SUR 1 “poro” do canal sítio de ligação para o ATP KIR KIR KIR KIR sítio de ligação para o ADP sítio de ligação de sulfoniluréias 27 Relação Estrutura-Atividade de Sulfoniluréias Obs: R’ = alquila (3 a 6 carbonos) ou cicloalquila R’ deve ser arila (toxicidade) propriedades lipofílicas metabolismo duração do efeito Absorção grupo farmacofórico R S NH O O O N R' H potência H – ácido (pKa 5 8) sal sódico (tolbutamida) 28 Tolbutamida (Orinase® e Rastinon®) H3C S N O O HN O H Cl S NH O O HN O Clorpropamida (Diabinese®) bioisosterismo homologação (inferior) Cl S NH O O HN O HO Propriedades Tolbutamida Clorpropamida Log P Meia vida Efeito 2,34 6-12 h 4-8 h 2,21 35-70h 30 - 35h HO2C S N O O HN O H metabólitos 29 (+ ativo) Log P 2,24 Potência da acetoexemida: 2 x tolbutamida; 1/3 clorpropamida Outros representantes, além da tolazemida e clorpropamida Log P 2,67 potência > tolbutamida ~ clorpropamida H3C S N O O H O N H N Tolazamida (Tolinase®)Acetoexemida (Demelor®) 85% da dose: metabólito solúvel S N O O H O N H O S N O O H O N H metabólito (biofase) OH * 30 modificações estruturais substituinte do anel aromático e N-ureico ex: glibenclamida, glimepirida, glipizida grande impacto na potência (cerca de 100 x) Tolbutamida: 500 a 2000 mg/dia Glibenclamida: 6,75 a 10,5 mg/dia aumento da lipofilicidade substituinte do nitrogênio da uréia ex: gliclazida Sulfoniluréias de Segunda Geração SUR 1: fígado, pâncreas, cérebro e tecido adiposo SUR 2B: vasculatura, miocárdio 31 Log P 4,7Log P 2,6 Representantes H3C S N O O H O N H N gliclazida (Diamicron) S N O O H O N H N H O N glimepirida (Amaryl) O S N O O H O N H N H O N N glipizida (Minidiab) Log P 3,5 Log P 1,9 considerada a primeira de 3ª. geração S N O O H O N H N H O glibenclamida ou gliburida (Daonil) O Cl 32 não são sulfoniluréias efeito quase imediato e de curta duração (< 1 h) induzem a liberação de insulina sulfoniluréias administradas durante as refeições menor risco de hipoglicemia R NH2 O amidas 2.2. Meglitinidas 33 Log P = 2 Representantes N H O meglitinida O Cl OH O desenvolvida a partir da glibenclamida S N O O H O N H N H O glibenclamida ou gliburida (Daoni) O Cl protótipo 34Log P 2,4 Log P 5,9OH O ON H O N repaglinida (Novonorm, Prandin) nateglinida (Starlix) HN O CO2H A mais seletiva para SUR-1 é a nateglinida Outros representantes repaglinida não é seletiva 35 Lins et.al. Biochem. Pharmacol., 1995 glibenclamida glimepirida repaglinida nateglinida Conformação bioativa para SUR 1 conformação em U estabilizada por ligação de H intramolecular R H N O R' OH O 36 2.3. Bisguanidas fraca atividade tripanomicida mas [glicose] produto natural (Galega officinalis) N HN NH2 H galegina desenvolvimento a partir da busca por fármacos tripanomicidas H2N NH2 NH guanidina guanidina: há muito tempo (1918) conhecida por diminuir a [glicose] 37 Modificação estrutural da galegina – natureza como protótipo fenformina H2N N H NH NH N H R duplicação molecular metformina (em uso) alto índice de acidose láctica desuso Mecanismos de ação propostos aumento da sensibilidade à insulina no músculo diminuição da glicogenólise e gliconeogênese ativação de PK dependente de AMPc → translocação de GLUT 38 ( Receptor Ativado para Proliferação Peroxissomal) receptor nuclear que regula a transcrição de GT4 (transportador de glicose através da membrana celular) atuam em diversas vias metabólicas (lipídeos e carboidratos) inibem a gliconeogênese hepática aumentam a diferenciação de adipócitos inibem a produção de resistina 2.4. Agonistas do receptor PPAR 39 receptor retinóide X ativação de um receptor PPAR 40 Log P 2,56 pKa = 6,34 ; pKa (HB+) = 6,48 Avandia ® Aumento da massa corpórea Retenção de líquidos Atenção à IC Monitorar a função hepática retirada por toxicidade hepática Log P 3,16 pKa = 6,35 ; pKa (HB+) = 5,56 Actos ® rápida interconversão N N O NH S O O rosiglitazona * N O NH S O O pioglitazona O NH S O O OHO troglitazone Principais representantes 41 são inibidores competitivos da -glicosidase não são absorvidos atuam na superfície celular (borda em escova) retardo na degradação de dissacarídeos diminuição de absorção de glicose aumento da fermentação por bactérias intestinais 2.5. Inibidores da -glicosidase flatulência e diarréia 42 Log P = -1,41 pKa = 13,71 pKa (HB+) = 5,78 Log P -3,03 pKa: 12,39 pKa (HB+) = 5,90 Precose® Principais representantes Glyset® OH HO HO HO HN O HO HO O O O HO OH HO HOHO OH OH acarbose N OH OH HO OH OH HO miglitol 43 3 - Outros fármacos/drogas 3.1. Inibidores de aldose redutase 3.2. Ativadores não seletivos de PPAR (sinergistas) 3.4. Inibidores da DPP 4 3.3. Inibidores de SGLT2 (“Glifozinas”) 3.5. Agonistas do GLP-1 3.6. Desenvolvimento associado a outros hormônios\ 44 3.1. Inibidores da aldose redutase (AR) aumento de sobrevida, aumento das complicações a longo prazo Algumas complicações: neuropatia nefropatia retinopatia doenças cardiovasculares Complicações induzidas por Aldose redutase (AR) Tecidos onde o transporte de glicose não depende de insulina: desenvolvimento de inibidores 45 GLICOSE DA ATIVIDADE DA AR Acúmulo de sorbitol (condição hiperosmótica) fluido extracelular Recall: VIA DO POLIOL CHO OHH HHO OHH OHH CH2OH glicose CH2OH OHH HHO OHH OHH CH2OH sorbitol AR CH2OH O HHO OHH OHH CH2OH frutose SDH lentorápido meio extracelular meio intracelular 46 Inibidores da aldose redutase benzoisoquinolinas N OO CO2H alrestatina (AY-22284) espirohidantoínas O NH HN O O F sorbinil O NH HN O O F NH2 O fiderastat S N CO2H CF3 O tolserat N N F Br HO2C O O Cl zenarestat S O CO2H S epalrestat outros inibidores 47 Sítio ativo da AR e interações prováveis substrato ou inibidor substrato ou inibidor OH substrato ou inibidor NH3 + (CH2)4 O O - O O - HO 48 Produtos naturais inibidores da AR Compostos fenólicos marinhos J. Nat. Prod. 2003, 20, 243 J. Nat. Prod. 2006, 69, 1485 O OOH HO OH OH OH quercetina rutina O OOH HO O OH O O O OH HO HO O OH OH HO O O OH O OH OO OH OH O HO O HO OH OH hesperidina 3.2. Ativadores duplos de PPAR ( e ) ativação de PPAR-ativação de PPAR- GT-4 resistina nos adipócitos gliconeogênese TG DL N O O N O HO O O muraglitazona tesaglitazona 49 O OS O O O CO2H 50 Atuam inibindo o co-transportador de glicose do túbulo renal, diminuindo a reabsorção de glicose aumentando sua excreção. São utilizados na Diabetes Tipo II em pacientes em uso de metformina e/ou insulina. Fármacos da Classe: Forxiga (Dapagliflozin), Invokana (Canagliflozin), Jardiance (Empagliflozin) 3.3. Inibidores da SGLT2 (glifozinas) 51 3.4. Inibidores de DDP4 (dipeptidil peptidase 4) (“Gliptin”) Papel das Incretinas (GLP-1 e GIP) 52Créditos: Dr. Miguel Nasser Hissa 53 Saxagliptina Revisão: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2846464/ Linagliptina Alguns representantes 54 3.5. Agonista do GLP-1 – Exenatide 55 3.6. Desenvolvimento associado a outros hormônios 3.6.1. Antagonista do glucagon OH F BAY-27-9955 em fase clínica – indicado para Tipo 2 diminui a produção de glicose boa biodisponibilidade 56 3.6.2. Agonistas da amilina Amilina peptídeo com 37 aa co-secretada com insulina em resposta à alimentação diminui a liberação de glucagon (diminui a glicemia) é encontrada em níveis baixos em tipo 1 não tem aplicação como fármaco → tendência de agregação 57 Ala 25 Ser 28 Ser 29 Pro Pranlintide/Pramlintide substituição dos aminoácidos da amilina menor tendência de agregação maior solubilidade em H2O
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