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1 Excelentíssimo Senhor Doutor JUIZ DE DIREITO da Egrégia Vara Cível da Comarca de São Lourenço, Estado de Minas Gerais, a cujo elevado conhecimento haja esta de pertencer. * LOJÃO CHALÉ LTDA., pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica do Ministério da Economia sob nº XX.XXX.XXX/0001-XX (CNPJ), com sede à Rua Brasil, n.º 200 – Centro, São Lourenço/ MG, neste ato representada por seu representante legal e preposto XXXXXX, brasileiro, portador da Cédula de Identidade com RG n.º XX.XXX.XXX-X e do Cartão de Identificação de Contribuinte n.º XXX.XXX.XXX-XX (CPF), residente e domiciliado na Rua XXXXXX, n.º XXX, XXXXX, Porto Alegre/ RS – CEP XXXXX-XXX, por seu advogado e bastante procurador ao final assinado (Cf., ANEXO Nº 01), serem os termos da presente para, mui respeitosamente, vir diante de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 700 e 701 do Código de Processo Civil e 206, § 5º, I, do Código Civil, propor a cabível e necessária AÇÃO MONITÓRIA em face de PEÇANHA., brasileiro, portador da Cédula de Identidade com RG n.º XX.XXX.XXX- X e do Cartão de Identificação de Contribuinte n.º XXX.XXX.XXX-XX (CPF), residente e domiciliado na Rua Bueno Aires, n.º 100, XXXXX, São Lourenço/ MG – CEP XXXXX-XXX, o que o faz pelas razões de fato e de Direito a seguir expostas e para os fins ao final requeridos: 2 I – DOS FATOS: 1. Em 31/10/2012, o autor vendeu eletrodomésticos ao réu no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Na mesma oportunidade, foi emitida uma nota promissória em caráter “pro solvendo” (em anexo) no referido valor, com vencimento para o dia 25/01/2013, no lugar do pagamento. 2. No entanto, a obrigação não restou adimplida, bem como as tentativas de cobrança amigável resultaram infrutíferas, razão pela qual o autor ajuíza a presente ação, a fim de cobrar judicialmente o valor atualizado e com consectários legais que, até o presente momento, perfaz o montante de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais). II – DOS FUNDAMENTOS: II.I – DA TEMPESTIVIDADE PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO MONITÓRIA 3. Conforme descrito na narrativa fática e observando os documentos que instruem a exordial, o autor é credor da importância descrita na nota promissória que, atualmente, equivale à R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), montante a ser pago pelo réu. 4. Sendo assim, primordialmente é importante destacar que as disposições relativas há prescrição da letra de câmbio aplicam-se, também, à nota promissória, conforme previsão contida no art. 77 do Decreto nº 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra - LUG). 5. Nessa senda, o art. 70 do mesmo diploma legal estabelece que as ações contra o aceitante relativas a letras prescrevem em 3 (três) anos para a sua execução, a contar do seu vencimento. 6. Outrossim, destaca-se que o art. 78 responsabiliza o subscritor de uma nota promissória da mesma forma que o aceitante de uma letra. 3 7. No entanto, considerando o vencimento da nota promissória objeto desta demanda (25/01/2013) e a data de propositura desta ação, perceptível que transcorreram mais de 3 (três) anos, razão pela qual ocorreu a perda da eficácia executiva do título. 8. Todavia, é cabível a sua cobrança por via de Ação Monitória, como assim se faz, nos termos do art. 700, I, do Código de Processo Civil, in verbis: “Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I – o pagamento de quantia em dinheiro;” 9. Ou seja: o documento hábil a ensejar a ação monitória é, conforme o art. 700 do CPC/2015, a prova escrita sem eficácia de título executivo. Documento escrito, pelos ensinamentos de Nery Junior, é “qualquer documento que seja merecedor de fé quanto à sua autenticidade e eficácia probatória”. 10. “In casu”, a ação está sendo proposta tempestivamente, visto que em consonância com o art. 206, § 5º, I, do Código Civil (prazo quinquenal) e “pari passu” à Súmula 504 do STJ, considerando que o vencimento ocorreu em 25/01/2013 e não decorreram 5 (cinco) anos. 11. Acerca do tema, vejamos o entendimento do TJRS, “ad litteram”: APELAÇÃO CÍVEL. AGRAVO RETIDO. AÇÃO MONITÓRIA. NOTA PROMISSÓRIA PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. De conformidade com o verbete da Súmula 504 STJ, a cobrança da nota promissória destituída de força executiva prescreve em cinco anos contados da data do vencimento do título. Prescrição rejeitada. Manutenção da sentença recorrida. RECURSOS DESPROVIDOS. (Apelação Cível Nº 0073223273, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal 4 de Justiça do RS, Relator: Ana Maria Nedel Scalzilli, Julgado em 14/12/2017) 12. Portanto, conclui-se que a prescrição da eficácia executiva do título não atinge o direito ao crédito, que poderá ser perseguido por ação monitória, razão pela qual não há de se falar em prescrição na cobrança da nota promissória objeto da lide, visto que respeitado o prazo quinquenal. II.II – DA NÃO NOVAÇÃO NA EMISSÃO DA NOTA PROMISSÓRIA 13. Na clássica definição de Soriano Neto, novação “é a extinção de uma obrigação porque outra a substitui, devendo-se distinguir a posterior da anterior pela mudança das pessoas (devedor ou credor) ou da substância, isto é, do conteúdo ou da causa debendi” (cf. Soriano de Souza Neto, Da novação, 2. Ed., 1937, n. 1). 14. Conforme mencionado, foi emitida uma nota promissória em caráter “pro solvendo”, “i.e.”, a simples entrega do título não dá ensejo à efetivação do pagamento, razão pela qual salienta, desde já, que não houve novação na emissão da nota promissória em relação ao crédito por ter sido emitida na referida forma. III – DOS PEDIDOS: 15. Diante do exposto, requer a Vossa Excelência: a) a expedição de mandado de citação e de pagamento contra o réu, a ser cumprido no prazo de 15 dias, nos termos do art. 701 do CPC/15; b) a condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios de 5% (cinco por cento) do valor atribuído à causa (R$ 280.000,00) e das custas processuais em caso de descumprimento do mandado monitório, em consonância com o art. 701, § 1º, do CPC/15; 5 c) a procedência do pedido para decretar a constituição, de pleno direito, de título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados embargos pelo réu (art. 701, § 2º, do CPC/15); d) a juntada da memória de cálculo, constando a importância devida (art. 700, § 2º, I, do CPC/15); e) a realização de audiência para tentativa de conciliação, na forma prevista no art. 319, VII, do CPC/15. 16. Dá-se à causa o valor de R$280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais). Termos em que, da juntada desta aos autos respectivos, e do requerido, PEDE E ESPERA DEFERIMENTO. São Paulo, 27 de março de 2023. pp. Advogado OAB/SP Nº XXX.XXX