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Antineoplásicos Introdução sobre a patogênese do câncer As células cancerosas manifestam, em graus variados, quatro características que as distinguem das células normais: proliferação descontrolada; desdiferenciação e perda de função; invasividade; metástase. Tratamentos Cirurgia Radioterapia Quimioterapia Terapia hormonal Terapias alvo-molecular Imunoterapia Autonomia na proliferação celular Potencial replicativo ilimitado Sobrevivência ao estresse celular e danos ao DNA Invasão dos tecidos e metástase Angiogênese sustentada Evasão do sistema de vigilância imunológica Reprogramação metabólica Instabilidade genômica Escape dos sinais supressores de crescimento Quimioterapia 1. Primária • Câncer avançado, metastático, sem tratamentos locais alternativos • Objetivos: ↓ progressão do tumor, ↑sobrevida • Passíveis de cura*: ✓ Adultos: Linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin, Leucemia mieloide aguda (LMA), câncer de testículo ✓ Crianças: Leucemia linfoblástica aguda (LLA), Linfoma de Burkitt, tumor de Wilms *cura: 5 anos sem progressão da doença. 2. Neoadjuvante • Câncer localizado •Frequente utilizada nos tumores de: mama, pulmão de células não pequenas, laringe, esôfago, bexiga, anal • Administrada antes da cirurgia, com radioterapia (concomitantemente ou de modo sequencial): ✓ Redução do tamanho do tumor (facilitar ressecção) ✓ Preservação de órgão vitais 3. Adjuvante • Câncer localmente avançado • Administrada após a cirurgia: ✓ Reduzir recidiva local e sistêmica ✓ Prolongar sobrevida sem doença e sobrevida global • Efetiva nos tumores de: mama, pulmão de células não pequenas, gástrico, sarcoma osteogênico ➡ Adjuvantes: Quimioterapia, Radioterapia, Terapia hormonal, Imunoterapia, Terapia alvo molecular Quimioterapia: • Diagnóstico precoce, melhor prognóstico • Vários ciclos • Doses, intervalos entre os ciclos e fármacos utilizados devem ser ajustados conforme a cinética celular Poliquimioterapia - objetivos • Destruir o máximo de células, em diferentes fases do ciclo celular, dentro de uma faixa tolerável de toxicidade ✓ Combinar fármacos com diferentes perfis de toxicidade • Retardar o surgimento da resistência aos agentes individuais • Intervalo entre os ciclos deve ser o mais curto possível, para recuperar tecidos normais (sobretudo medula óssea) e impedir novo crescimento tumoral Limitações • Fármacos citotóxicos só atingem um aspecto da biologia tumoral • Toxicidade sobre células normais que se dividem rapidamente: Mielossupressão - fator de estimulação de colônia de granulócitos e eritropoietina Dano ao epitélio gastrointestinal Náuseas e vômitos graves - profilaxia antiemética Perda de pelos/cabelos (alopecia) Comprometimento da cicatrização Depressão do crescimento em crianças Esterilidade Teratogenicidade Carcinogenicidade: muitos fármacos citotóxicos são mutagênicos Mecanismos de Resistência Aumento do efluxo dos fármacos (↑ na expressão gene MDR = ↑ expressão da glicoproteína P) Desregulação das proteínas apoptóticas Ativação insuficiente do fármaco (p. ex., fluoracil) Aumento na inativação (p. ex., citarabina) Maior concentração da enzima-alvo (metotrexato) Maior utilização de vias metabólicas alternativas (antimetabólitos) Aumento no reparo no DNA (agentes alquilantes) Mutações nos alvos, como no gene abl (imatinibe) Mutações em diversos genes (ex: família Bcl-2, p53, telomerase). Quimioterápicos- agentes citotóxicos Mecanismos gerais de ação 1. Formam complexos com DNA, impedindo sua replicação Agentes alquilantes (fazem ligação covalente com o DNA) Compostos de platina 2. Bloqueiam as vias metabólicas envolvidas na síntese de DNA Antimetabólitos 3. Antimitóticos e inibidores da topoisomerase (mitose, G2) Derivados de plantas: alcaloides da vinca, taxanos, etoposídeo, campotecina 4. Bloqueiam a divisão celular e síntese de RNA Antibióticos antitumorais Ciclo-inespecíficos 1. Agentes Alquilantes •Dacarbazina •Mostardas nitrogenadas - Ciclofosfamida •Nitrosureias - Lomustina 2. Compostos de platina •Cisplatina •Carboplatina 3. Antibióticos citotóxicos •Antraciclinas: ‣Doxorrubicina ‣Daunorrubicina Ciclo-específicos 1. Antimetabólitos - inibem fase S •Antagonistas de folato: Metrotexato •Análogos de pirimidina: 5-Fluoracil •Análogos de purina: Mercaptopurina 2. Inibidores da topoisomerase II - inibem fases S/G2 •Etoposídeo 3. Antibióticos citotóxicos - inibem fase G2/M •Bleomicina 4. Antimitóticos - inibem fase M •Alcaloides da vinca: Vincristina, Vimblastina •Taxanos: Paclitaxel, Docetaxel Mecanismo de ação: Formação de ligações covalentes com grupos nucleofílicos (amina, hidroxila, fosfato) de constituintes celulares (lipídeos, proteínas, RNA), principalmente o DNA ‣Bloqueio da replicação do DNA, transcrição ‣Incapacidade de reparo do dano → apoptose 1. Agentes alquilantes Mecanismo de ação: Formação de ligações covalentes com grupos nucleofílicos (amina, hidroxila, fosfato) de constituintes celulares (lipídios, proteínas), principalmente o DNA ‣ Bloqueio da replicação do DNA, transcrição ‣ Incapacidade de reparo do dano → apoptose Mecanismo de alquilação. Uma mostarda nitrogenada forma um íon 2- cloroetildiazônio, que reage com uma base, como N7 da guanina no DNA, produzindo uma purina alquilada. •Foram inicialmente desenvolvidos como armas químicas •São extremamente citotóxicos •Também são eficazes em tecidos com baixas taxas de mitose Não são ciclo específicos (embora DNA seja mais suscetível à alquilação nas fases G1 tardia e S); Principais fármacos: ✓Triazenos: Dacarbazina, Procarbazina ✓Nitrosureias: Lomustina, Carmustina ✓Mostardas nitrogenadas: Ciclofosfamida, Melfalano ✓Arizidinas (Tiotepa), Alquilsulfonatos (Bulssufano) Tudo que está sublinhado é pra decorar. Nitrosureias atravessam barreira hematoencefálica: - Usadas em tumores do cérebro e das meninges - Efeito cumulativo depressor grave sobre a medula óssea Toxicidade: ✓ Efeitos GI • Emese aguda • Ulceração oral, Desnudação intestinal ✓ Mielossupressão • Trombocitopenia, Anemia, Neutropenia, Leucopenia ‣ É obrigatório o uso de fator estimulador de colônias granulocitárias (GCSF) ‣ Em caso de trombocitopenia e/ou anemia é necessária a transfusão de sangue • Imunossupressão humoral e celular ‣Útil em doenças autoimunes (AR, Síndrome nefrótica) e transplantes ‣Infecções oportunistas (pode ser necessário usar antibióticos profiláticos) ✓ Alopecia ✓ Depressão da gametogênese (sobretudo nos homens) ✓ Aumento no risco do desenvolvimento de leucemia não linfocítica aguda ✓ Neurotoxicidade • Convulsões, ataxia cerebelar, alterações do estado mental, coma 2. Compostos de platina Mecanismo de ação: Análogo aos dos agentes alquilantes Formação de ligações covalentes intra e entre as fitas do DNA ‣Bloqueio da replicação do DNA ‣Incapacidade de reparo do dano → apoptose ✓Cisplatina - baixa mielotoxicidade, altamente nefrotóxica, causa vômitos muito graves, neuropatias periféricas ✓Carboplatina - derivado da cisplatina, com menor toxicidade (nefro, neuro e ototoxicidade), altamente mielotóxica. Os complexos de coordenação da platina possuem ampla atividade antineoplásica e tornaram-se a base do tratamento dos cânceres de ovário, cabeça e pescoço, bexiga, esôfago, pulmão e cólon. 3. Antibióticos antraciclínicos Doxorrubicina Os antibióticos antraciclínicos, isolados de Streptomyces peucetius var. caesius, estão entre os fármacos antineoplásicos citotóxicos mais amplamente usadosMecanismos de ação: ✓Intercalação com o DNA e estabilização do complexo DNA-topoisomerase II → bloqueio da síntese do DNA e RNA ✓produção de radicais livres de semiquinona e radicais livres de oxigênio Além dos efeitos adversos gerais, o efeito adverso mais grave é a cardiotoxicidade dose- dependente e irreversível, resultante da geração de radicais livres e da peroxidação de lipídeos. Ciclo-específicos 1. Antimetabólitos Atuam na fase S (S de síntese de DNA) → afetam as vias da síntese do DNA A. Análogos do folato: metrotexato Mecanismo de ação: Inibição da Di-hidrofolato redutase → Inibição da síntese de purinas, timidina e dos aminoácidos metionina e serina → Inibição da síntese de DNA, RNA e proteínas-chaves B. Análogos de pirimidina 5-fluoracil Mecanismos de ação: Fluoracila (ou 5-fluoracil) é uma análogo da uracila que é: Convertida em um nucleotídeo falso, o FdUMP (monofosfato de 5- fluorodesoxiuridina), que inibe a timidilato-sintase → inibição da síntese de timidilato → inibição da síntese de DNA; Convertida em FUTP (5-fluoruridina-5′- trifosfato), que é então incorporado ao RNA → interfere na síntese de proteínas; Convertida em FdUTP (5- fluorodesoxiuridina-5′trifosfato), que pode ser incorporado no DNA → quebras e erros no pareamento. É preciso saber o que está em vermelho e em azul. C. Análogos de purina Mercaptopurina Mecanismos de ação: É convertida em monofosfato nucleotídeo ácido 6-tioinosínico (TIMP, falso nucleotídeo) → inibição de várias enzimas envolvidas na síntese das purinas A forma monofosfato é metabolizada à forma trifosfato, que pode ser então incorporada ao RNA e ao DNA → quebras e erros no pareamento. 2. Inibidores da topoisomerase Topoisomerase II: Enzima que reduzem o estresse torcional no DNA durante a replicação Etoposídeo: Inibe topoisomerase II → quebra das fitas do DNA → parada no ciclo nas fases S e G2 → apoptose Usos: câncer de pulmão, linfomas, câncer gástrico 3. antibióticos citotóxicos: bleomicina (não cai na prova) 4. antimitóticos a. Alcaloides da Vinca Se ligam a tubulina, impedindo a polimerização dos microtúbulos → inibem formação do fuso mitótico Inibem outras atividades celulares que requerem o funcionamento microtubular, como a fagocitose de leucócitos e a quimiotaxia, bem como o transporte axonal em neurônios → neurotoxicidade •Vincristina: tem atividade mielossupressora muito leve, mas é neurotóxico e comumente causa parestesias (alterações sensoriais) •A vimblastina é menos neurotóxica, mas causa leucopenia b. Taxanos Paclitaxel e derivados docetaxel e cabazitaxel Estabilizam os microtúbulos na forma polimerizada → apoptose Efeitos adversos que podem ser graves: mielossupressão e neurotoxicidade cumulativa. Terapias alvo-específicas Os antineoplásicos classificados como terapias-alvo atuam inibindo um alvo específico envolvido na tumorigênese. Podem ser: • anticorpos monoclonais (terminam com mabe) bloqueiam os receptores extracelulares ‣Altamente específicos ‣t1/2 longa ‣Administrados em combinação ‣Ativar resposta imune do paciente ou inativar fatores de crescimento ou inativar os receptores para fatores de crescimento • moléculas de baixo peso molecular (inibidores enzimáticos) ‣ Inibidores de tirosina quinase (termina com tinibe), inibem os sítios intracelulares (sítio de fosforilação). Terapias alvo-específicas 1. Inibidores da quinase Bcr/Abl • Imatinibe (Gleveec®) (VO) • Dasatinibe (VO) • Nilotinibe • BCR-ABL é um oncogene resultante da translocação cromossômica em que proto- oncogene ABL, situado no cromossomo 9, é transferido para o cromossomo 22, na região chamada BCR, criando o BCR-ABL. • A proteína quinase bcr-abl ativa vias de transdução envolvidas na proliferação e sobrevivência celular • A mutação BCR-ABL está associada à Leucemia Mieloide Crônica (LMC) São inibidores seletivo das proteínas da família da tirosina quinase, incluindo a proteína bcr/abl e o receptor c-kit Mecanismo de ação: Inibição da quinase Bcr/Abl Inibe proliferação Induz Apoptose Toxicidade •Efeitos GI Diarreia, náusea e vômito •Retenção de fluidos Edema •Hepatotoxicidade •Mielossupressão Resistência •Mutação na BCR-ABL •↑ glicoproteína P 2. Inibidores EGFR (Epidermal Growth Factor Receptor) Gefitinibe, Erlotinibe (Tarceva®) Cetuximabe (Erbitux®) e Panitumumabe • Toxicidade •Efeitos dermatológicos Pele seca Rash Cutâneo Prurido •Efeitos GI Diarreia, náusea e vômito • Doença pulmonar intersticial Resistência •Mutação no EGFR 3. Inibidores do HER2 (Human Epidermal growth factor Receptor-type 2) • Trastuzumabe (Herceptin®) (IV) • Lapatinibe (VO) 4. Inibidores do BRAF e MEK • Dabrafenibe (VO) Inibe: crescimento, proliferação e sobrevivencia 5. Inibidores do VEGF (Vascular Endothelial Growth Factor Receptors) – inibidores da angiogenêse •Bevacizumabe (anti-VEGF) •Sunitinibe, Sorafenibe •Lenalidomida 6. inibidores do checkpoint imunológico • Anti-CTLA-4 (Ipilumabe®) (IV) • Inibidor PDL-1 (Nivolumabe®) (IV) Reativação do sistema imunológico pela imunoterapia (A) As células tumorais expressam a proteína PD-L1 em suas superfícies. PD-L1 liga-se aos receptores PD-1 (programmed cell death 1) na superfície das células T imunológicas, o que causa a inativação destas células e consequente falha no reconhecimento e destruição das células tumorais. O anticorpo Nivolumab previne essa interação e, portanto, reativa as células T para destruir células tumorais. (B) As células T também podem ser ativadas através de interações com outro tipo de célula imune, as células dendríticas, entre as proteínas CD28 e B7, e TCR e MHC. A proteína CTLA4 do linfócito T interage com a proteína B7 das células dendríticas para bloquear a sua interação com CD28, impedindo a ativação dos linfócitos T. O anticorpo Ipilimumab bloqueia a CTLA4, reativando as células T para haver destruição das células tumorais. Estes fármacos promovem a reativação do reconhecimento das células tumorais pelo LT • Efeitos adversos são parecidos com sintomas de doenças auto-imunes: Diarréia, Fadiga, Prurido, Rash, Psoríase • Pode haver resistência via aumento de receptores CTLA-4 ou via outros mecanismos de imunossupressão.
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