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1 @ju.raminelli - infectologia Tuberculose EPIDEMIOLOGIA • 1/3 pop infectada; • 8 mi casos novos e 3 mi mortes por ano; • Acomete mais países em desenvolvimento; doença endêmica no Brasil; o RS é um estado de prevalência intermediária; • Amplo espectro clínico; • HIV aumenta número de casos; • Maior incidência entre jovens e homens; • Relação com baixas condições econômicas, aglomerações, sobretudo entre apenados; • 7ª principal causa de morte em países de baixa renda; • Maior risco para pessoas vivendo em situação de rua, HIV+ e apenados. CLÍNICA • Mycobacterium tuberculosis: pequeno bacilo de reprodução lenta (duplicação em até 18h e formação de colônias e culturas em 30 dias), não esporulado, aeróbio, com parede celular rica em lipídeos; o Bacilo de Koch; o BAAR: bacilo álcool ácido resistente; o Parasita intracelular facultativo. • Locais com tensão elevada de oxigênio (já que são aeróbios), principalmente os alvéolos apicais, são propícios à sua proliferação; • Um indivíduo que se tratou, estava curado e após um tempo passou a apresentar sintomas novamente → reinfectou-se ou um bacilo indetectável voltou à ativa; • PI: 6-14 semanas levando a lesões primárias e 12 meses levando à doença; • A maioria dos infectados não adoecem; • A evolução depende da imunocompetência; • Das formas extrapulmonares a TB gânglio-cervical é a mais comum e entre os imunossuprimidos. TB primária: infecção por mycobactéria em hospedeiro não imune e frequentemente criança; • Início insidioso; curso geralmente autolimitado; • Tosse seca, febre leve; pode ser também assintomática; • Escarro esverdeado com hemoptoicos (raias de sangue), dor torácica; • Mais frequente em lobo superior direito e posterior disseminação broncogênica; • Pode haver disseminação para outros órgãos; • Ghon: linfangite tuberculosa local e envolvimento de linfonodos regionais; • Complexo primário de Ghon, nódulo hilar, forma granuloma, reação inflamatória, bacilos fagocitados; o Granuloma: forma necrose caseosa. • Pode curar espontaneamente e quadro de Ghon ser achado, pode evoluir como pneumonia (TB primária) ou pode evoluir com disseminação (maior imunodeficiência); • Após essa fase, o infectado pode desenvolver TB pós primária ou direto TB secundária; • Resolução em 95% dos casos. TB latente: ¼ pop mundial; • Pessoas com testes que detectam a imunidade contra o bacilo, mas não apresentam nenhum sintoma e não transmitem a doença; • Maior risco de adoecimento nos 2 primeiros anos após primo-infecção; • Não há indicação de investigação de TB latente na pop geral, apenas sob indicações de risco. TB pós-primária: sinais e sintomas clássicos de TB como sudorese noturna, emagrecimento e tosse; não é autolimitada; • Tosse produtiva, febre baixa vespertina, sudorese noturna, adinamia, hiporexia, emagrecimento, inapetência; • Forma crônica de reativação ou reinfecção; • Progressão lenta para fibrose das lesões cavitarias, evolui para insuficiência hepática após tto; • Cavidade pulmonar com pus, o qual sai pelo escarro. TB miliar: disseminação hematogênica, forma mais grave; Caseificação: latência de microrganismos inativos (pulmonares ou extrapulmonares); • Cicatrizes pulmonares. TB secundária: reativação pulmonar ou extrapulmonar; hospedeiro parcialmente imune e em geral adulto. • Também pode evoluir para TB miliar caseificação; • 5-10% dos casos. TRANSMISSÃO • Via gotículas: as partículas menores ficam suspensas no ar e permanecem mais tempo ativas no ambiente úmido e quente sem circulação de ar; • Inalação de núcleos secos de partículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro com TB ativa; • As formas transmissíveis são TB pulmonar e TB laríngea (não muito comum); • A luz solar inativa as bactérias rapidamente portanto a transmissão está relacionada com o convívio domiciliar prolongado e ambientes escuros, o que explica e epidemia em presídios. 2 @ju.raminelli - infectologia DIAGNÓSTICO • Sempre suspeitar quando tosse há mais de 3 semanas (2 em crianças), febre, perda de peso e apetite ou imagem radiológica suspeita → sempre notificar e investigar; • 85% dos doentes são maiores de 15 anos, dentre os quais 70% são formas pulmonares e positivam na baciloscopia; no caso de menores de 15 anos, a baciloscopia tem menor predição pela dificuldade de escarrar de crianças; • Sintomático respiratório: pessoa com tosse há 3 semanas; • Bacilífero: baciloscopia+ = principal fonte de infecção; • Técnica do escarro induzido: nebulização com solução salina hipertônica para fazer pcte escarrar; o NaCl 3% 5 mL SF 0,9% + 0,5 mL NaCl 20%. • Todo pcte diagnosticado com TB deve ser testado para HIV → maior falha terapêutica, recidiva e resistência; • O diagnóstico em crianças negativas à baciloscopia conta com um escore de probabilidade (sem certeza) avaliando clínica, RX, teste tuberculínico, exposição de risco e estado nutricional; • PVHIV com CD4+ < 350: tratar mesmo sem TT porque não ocorre reação imunológica intradérmica com reação local. BAAR (bacterioscopia de escarro): visualização do bacilo por coloração de Ziehl-Neeisen; • Sensibilidade: 60-80% dos casos em adultos; • Primeira coleta no momento e outra no dia seguinte ao acordar; • Lembrar de sempre fazer em um ambiente aberto e sozinho pelo material ser altamente contagioso; • Indicações: sintomático respiratório, suspeita clínica ou radiológica, acompanhamento e controle de cura quando já confirmação laboratorial; Cultura: identificação e teste de sensibilidade; • Rendimento em 20-40%; • Boa especificidade e sensibilidade; • Detecta resistência a Estreptomicina, Isoniazida, Rifampicina, Etambutol e Pirazinamida; • Em meio sólido demora 14-30 dias até 8 semanas e em meio líquido 5-12 dias até 42 dias; Teste rápido molecular (TRM-TB): TB pulmonar e laríngea; • Detecta DNA de bacilos e tria cepas resistentes a Rifampicina por PCR; • Resultado em 2h; • Usa apenas uma amostra de escarro; • Boa sensibilidade de DNA e PCR em adultos e mais baixa em crianças; • Não usar para diagnosticar retratamento porque identifica também bacilos mortos ou inviáveis; • Escarro, escarro induzido, lavado broncoalveolar, lavado gástrico, líquor, gânglios linfáticos. RX tórax: deve ser solicitado para todo pcte com suspeita clínica de TB pulmonar; • Até 15% dos casos de TB pulmonar não apresentam alterações radiológicas, sobretudo imunodeprimidos; • Cavidades apicais associadas a opacidades nodulares confluentes difusamente distribuídas; • Infiltrado intersticial micronodular difuso → TB miliar granúlica; • Nódulos maiores coalescentes → TB provavelmente pós-primária nodular-coalescentes; • Opacidade parenquimatosa com aerobroncograma de permeio localizada no lobo superior direito. Prova Tuberculínica (PT/TT): • PPD ou Mantoux: inoculação intradérmica de um derivado proteico do bacilo para medir resposta imune celular a esses antígenos; • Utilizada em adultos e crianças para diagnóstico de TB latente; • Falsos positivos: coinfecções de micobactérias ou vacinados com BCG, quanto mais tempo longe da BCG, menor a reação; • Resultado: 48-72h (ler até 96h); • Alta especificidade e sensibilidade um pouco menor; • PT igual ou maior que 10 mm não retestar. LF-LAM: detecção do antígeno lipoarabinomanano na urina em PVHIV; • Incorporado ao SUS em 2021, é um método diagnóstico auxiliar de TB, deve estar disponível na APS; é um teste rápido de urina; • Indicações: CD4+ ≤ 200 hospitalizado ou ≤ 100 ambulatorial; pcte com sinais e sintomas de TB pulmonar ou extrapulmonar; pctes gravemente doentes (MS); • Resultado reagente já inicia tto, mas resultado negativo pode ser falso negativo então continuar investigação; • Sempre complementar comTRM-TB e cultura, não dispensa investigação. Diagnósticos diferenciais: CA pulmão (carcinoma de células escamatosas_, linfomas, sarcoma de Kaposi, carcinomatose metastática, M. avium, M. kansasii, M. abscessos, M. xenopi, Histoplasmose, paracoccidioidomicose, aspergiloma, criptococose, pneumonia necrotizante, Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, actinomicose e nocardiose; Síndrome Inflamatória da Reconstituição Imune (SIR): diagnóstico evidenciado após início do tto. • Febre, perda de peso, sinais de intensa reação inflamatória local (linfadenite, consolidação pulmonar, infiltrados e nódulos). TRATAMENTO • Caso novo e retratamento é feito na APS, enquanto falência terapêutica, resistência ou gravidade devem ser encaminhados ao hospital e referência; 3 @ju.raminelli - infectologia • Falência terapêutica: baciloscopia permanece positiva até 4 meses de tto; • Tratamento diretamente observado (TDO): ver o pcte tomando a medicação. Esquema básico para maiores de 10 anos: RHEZE: Rifampicina 150 mg + Isoniazida 75 mg + Pirazinamina 400 mg + Etambutol 275 mg por 2 meses; → Fase intensiva; → 2 cps 20-35 kg; → 3 cps 36-50 kg; → 4 cps 51-70 kg; → 5 cps > 70 kg. RH: Rifampicina 300 mg + Isoniazida 150 mg por 4 meses. → Fase de manutenção; → 1 cp 20-35 kg; → 1,5 cp 36-50 kg; → 2 cps 51-70 kg; → 2,5 cps > 70 kg. Esquema básico para TB meningoencefálica + osteoarticular para maiores de 10 anos: RZE: 150 – 75 – 400 – 275 mg por 2 meses; RH: 300 – 150 mg por 10 meses; + Prednisolona (1-2 mg/kg/dia) por 4 sem ou Dexametasona (0,3-0,4 mg/kg/dia) por 4-8 sem nos casos graves. Esquema básico para TB em menores de 10 anos: → HIV+/desnutridos, gestantes e lactantes: suplementar piridoxina vit B6 (5-10 mg/dia); → TB meningoencefálica e osteoarticular: tto 2+10 meses. TB Latente: Isoniazida por 6-9 meses; → Adultos e adolescentes (>10 anos): 5-10 mg/kg/dia de peso até a dose máx de 300mg/dia; → Crianças (< 10 anos): 10 mg/Kg/dia de peso até dose máx de 300mg/dia; → Reduz risco de adoecimento por TB em relação à R. Rifampicina por 4 meses; → Indicação: preferencial em indivíduos > 50 anos, crianças (< 10 anos), hepatopatas, contatos de monorresistentes à H e intolerância à H. → Contraindicada nas PVHIV em uso de inibidores de protease ou de Dolutegravir; → Adultos e adolescentes (>10 anos): 10 mg/kg/dia de peso até a dose máx de 600 mg por dia; → Crianças (< 10 anos): 10 mg/kg/dia de peso até a dose máx de 600 mg por dia. Crianças menores de 10 anos: → Fazer quando PT ≥ 5mm independentemente do tempo decorrido da vacinação por BCG. Gestantes: → Postergar o tratamento da ILTB para após o parto; → Em gestante com infecção pelo HIV tratar a ILTB após o 3º mês de gestação. Adultos e adolescentes maiores de 10 anos: • PT ≥ 5mm: → PVHIV; → Contatos adultos e adolescentes (≥ 10 anos); → Alterações radiológicas fibróticas sugestivas de sequela de TB; → Uso de inibidores do TNF-α (preferencialmente antes da sua utilização); → Uso de corticosteróides (>15mg/dia de prednisona por >1mês); → Pré-transplante que fará uso de terapia imunossupressora. • PT ≥ 10mm: → Silicose; → Neoplasia de cabeça e pescoço, linfomas e outras neoplasias hematológicas; → Insuficiência renal em diálise; → Neoplasias com quimioterapia imunossupressora; → Diabetes mellitus; → Baixo peso (<85% do peso ideal); → Tabagistas (> 20 cigarros/dia); → Calcificação isolada (sem fibrose) na radiografia. • Conversão (segunda PT com incremento de 10 mm em relação à 1ª PT): → Contatos de TB confirmada por critério laboratorial; → Profissional de saúde; → Profissional de laboratório de micobactéria; → Trabalhador do sistema prisional e instituições de longa permanência. Interação – Diabetes: • Resposta microbiológica retardada; • Taxas de cura diminuídas; • Taxas de recaídas aumentadas; • Maior evolução para TB resistente; • Rifampicina: potencializa hipoglicemiantes orais (metformina); 4 @ju.raminelli - infectologia • Isoniazida: diminui metformina; • Se baciloscopia demorar pra negativar baciloscopia no tto, prolongar fase de manutenção por 3 meses. Controle: • Baciloscopia+ ao final do 2º mês do tto → solicitar cultura com TS, prolongando a fase de ataque (RHZE) por mais 30 dias + reavaliar o esquema de tratamento com o resultado do TS; o Após 30 dias, caso o TS sensível às drogas de primeira linha ou ainda sem resultado, especialmente em pctes com boa evolução clínica e/ou bacteriológica, iniciar fase de manutenção (RH) por mais 4 meses. • Em locais que tenham disponível o TRM-TB, solicitar, além da cultura e TS para rastreio de resistência à rifampicina. o Caso o TRM-TB evidencie resistência à rifampicina, encaminhar para referência terciária, e, em caso de sensibilidade à Rifampicina, prolongar a 1ª fase do tto (RHZE) por mais 30 dias, reavaliando o esquema de tratamento com o resultado do TS. Efeitos adversos: 3-8% apresentam EA maiores e os fatores de risco são: +40 anos, alcoolismo, desnutrição, doença hepática, HIV com muita imunossupressão; HIV & TB Fase de ataque: 2 meses; → Rifabutina 2,5-5 mg/kg/dia + Isoniazida 4-6 mg/kg/dia + Pirazinamida 20-30 mg/kg/dia + Etambutol 15-25 kg/kg/dia. Fase de manutenção: 4 meses; → Rifabutina + Isoniazida. • NÃO USAR RIFABUTINA EM GESTANTES; • Pode-se associar Dolutegravir 100 mg/dia na TARV. Conduta: • Sinais de imunodeficiência avançada/CD4+ < 50 → iniciar TARV em até 2 semanas após iniciar tto de TB; • HIV mais controlado → iniciar TARV na 8ª semana após início do tto de TB; • TB no SNC → iniciar TARV 2 meses após início do tto de TB; • O início concomitante pode trazer EA intolerantes e pior adesão. TB Latente: • RX tórax normal + CD4+ ≤ a 350, independentemente da PT ou CD4+ > 350 com PT ≥ 5 mm ou contato intradomiciliar ou institucional de pctes com TB pulmonar ou laríngea, independentemente do resultado da PT ou registro documental de ter tido PT ≥ 5mm e não submetido ao tratamento da ILTB na ocasião; • RX tórax com cicatriz radiológica de TB, sem tratamento anterior para TB, independentemente do resultado da PT (desde que afastada a possibilidade de TB ativa). 5 @ju.raminelli - infectologia PROFILAXIA Quimioprofilaxia em RN’s: Rifampicina ou Isoniazida por 3 meses e depois fazer PT → TB ≥ 5 mm? Manter Rifampicina por 3 meses ou Isoniazida por 1 mês; → TB < 5 mm? Suspender tto e vacinar BCG; → Caso o RN tenha sido inadvertidamente vacinado, usar Isoniazida por 6 meses e não indicar a realização da PT. Avaliar individualmente a necessidade de revacinar para BCG após esse período, já que a Isoniazida é bactericida e pode interferir na resposta imune aos bacilos da BCG efetuada; → É mais fácil usar Rifampicina: usar por 3 meses e aplicar a PT. Caso o resultado for ≥ 5mm, a R deve ser mantida por +1 mês; caso < 5mm, suspender a R e vacinar com BCG. BCG: • Bacilo de Calmette-Guerin (M. bovis atenuado); • Dose única ao nascer via intradérmica; • Proteção contra formas graves da TB; • Evolução: nódulo → pústula → crosta → úlcera e de 6 a 12 semanas forma cicatriz; • EA: abscesso, úlcera, linfadenite; • Dificilmente evolui com complicações, tratar com Isoniazida; • CI: HIV+ sintomático. Quimioprofilaxia de contatos: prevenção de adoecimento oara contatos intradomiciliares infectados com PPD+. • Isoniazida por 6 meses; • Descartar doença ativa antes de iniciar quimioprofilaxia. OBS.: quando suspeite/confirmação, o profissional deve usar máscara N95 para biossegurança.
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