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Prévia do material em texto

1
Caro aluno 
Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares. 
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um 
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas 
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de 
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade 
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com 
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que 
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Fellini
ENTRE LETRAS
BETWEEN ENGLISH AND PORTUGUESE
ENTRE FRASES
GRAMÁTICA 3
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 23
LITERATURA 41
INGLÊS 73
REDAÇÃO 53
SUMÁRIO
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.
Autores
Lucas Limberti
Murilo Almeida Gonçalves
Pércio Luis Ferreira
Rodrigo Martins
Diretor-geral
Herlan Fellini
Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista 
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
Projeto gráfico e capa
Raphael de Souza Motta
Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do 
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o 
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para 
suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para 
fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomendação de produtos ou 
empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2021
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
www.hexag.com.br
contato@hexag.com.br
GRAMÁTICA
 4
Observe estas frases:
O autor aprovou a biografia.
Os autores aprovaram as biografias.
No primeiro exemplo, o verbo “aprovar” encontra-se na 
terceira pessoa do singular, concordando com o seu sujeito, 
“o autor”, também no singular. No segundo exemplo, o 
sujeito “os autores” está concordando em número (plural) 
com o verbo. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa e 
número correspondem-se.
A concordância verbal ocorre quando o verbo está 
flexionado para concordar com seu sujeito.
Regra geral
O sujeito simples (com apenas um núcleo) concordará com 
o verbo em número e pessoa.
Ex.: promotora divulgou o evento.
As promotoras divulgaram o evento.
Oitenta e cinco por cento dos entrevistados não acei-
tam a alteração da lei.
* Se a expressão que indicar porcentagem não for seguida de 
substantivo, o verbo deve concordar com o número.
Ex.: Vinte e cinco por cento querem aumento de sa-
lário.
Um por cento conhece bem a matéria.
Outras regras
1. Sujeito formado pelo pronome relativo “que”: a con-
cordância em número e pessoa é feita com o antecedente 
do pronome.
Ex.: Fui eu que paguei e saí mais cedo.
Fomos nós que compramos o carro.
2. Sujeito formado pela expressão “um dos que”: o verbo 
deve assumir a forma plural.
Ex.: Se você é um dos que cantam em karaokê, certa-
mente terá seu repertório favorito.
Importante 
Na linguagem corrente, a tendência é a concordância no 
singular:
Ex.: Ele foi um dos deputados que mais lutou para a 
aprovação da proposta.
Ao comparar com um caso em que se use um adjetivo:
Ex.: Ela é uma das alunas mais atenta da sala.
A análise dessa construção mostra que a forma no singu-
lar é inadequada para a língua escrita.
Portanto, as formas aceitáveis gramaticalmente são:
Ex.: Das alunas mais atentas da sala, ela é uma.
Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da pro-
posta, ele é um.
 
1. A palavra ”se”
Dentre as diversas funções exercidas pelo se, há duas de 
particular interesse para a concordância verbal.
 § o se como índice de indeterminação do sujeito;
 § o se como partícula apassivadora.
Como índice de indeterminação do sujeito, o se acom-
panha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de 
ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
ceira pessoa do singular.
Ex.: 
Precisa-se de vendedores com prática.
Confia-se demais em pesquisas de opinião.
Como pronome apassivador, o se acompanha verbos tran-
sitivos diretos e transitivos diretos e indiretos na formação 
da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concor-
dar com o sujeito da oração.
CONCORDÂNCIA VERBAL
CONCORDÂNCIA VERBAL II
 5
Ex.: Construiu-se um enorme edifício onde ficava a 
velha casa.
Construíram-se novos edifícios onde ficava a velha 
casa.
Aluga-se quarto para estudantes.
Alugam-se quartos para estudantes.
2. O verbo ser
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o su-
jeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância 
pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do su-
jeito. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito:
a) se o sujeito for representado pelos pronomes isto, 
isso, aquilo, tudo, o e o predicativo estiver no plural.
Ex.: Isso são lembranças que devem ser esquecidas.
Aquilo eram problemas urgentes.
b) se empregado na indicação de horas, dias e distân-
cias, o verbo ser concorda com o numeral.
Ex.: É uma hora.
São três da manhã.
Eram 13 de setembro quando partimos.
Daqui até o shopping são dois quarteirões.
Importante 
Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes con-
cordâncias:
1. No singular, concordando com a palavra explícita dia.
Exemplo: Hoje é dia quatro de junho
2. No plural, concordando com o numeral (sem a palavra 
dia).
 Exemplo: Hoje são quatro de junho.
c) se o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for 
seguido de palavras ou expressões como pouco, muito, 
menos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular.
Ex.: Cinco quilos de arroz é mais do que suficiente.
Três metros de tecido é pouco para fazer o vestido.
Duas semanas de férias é pouco para viajar.
d) se o sujeito for uma expressão de sentido partitivo 
ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo 
“ser” concorda com o predicativo.
Ex.: A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes impensadas.
A concordância nominal baseia-se na relação entre um 
substantivo e as palavras que a ele se referem para carac-
terizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais 
adjetivos e particípios). Em suma, a concordância nominal 
se ocupa basicamente da relação entre nomes. 
a) Crianças barulhentas (concordância entre o 
substantivo feminino crianças, no plural, e seu 
qualificador barulhentas também no plural e no 
feminino). 
b) A criança está agitada. (concordância feita entre 
o substantivo feminino criança, no singular, e seus 
qualificadores a e agitada, também no singular e 
feminino). 
Observação: Em geral, o substantivo funciona como núcleo 
de um termo da oração e o adjetivo, o artigo, o pronome ou 
o numeral, como adjunto adnominal. Dessa forma, é o nú-
cleo que determina se as palavras relacionadas a si devem 
ficar no singular ou no plural, no feminino ou no masculino. 
Para compreender o conceito de regência é fundamen-
tal entender que as palavras, ao ocuparem suas posi-
ções nas estruturas sintáticas da língua, podem esta-
belecer vínculos de subordinação com outras palavras. 
Nas estruturas subordinadas, há sempre um termo que 
subordinaoutro. O primeiro chama-se subordinante, 
termo que determina e do qual depende o segundo, seu 
subordinado.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
REGÊNCIA
 6
Essa relação em que uma palavra funciona como comple-
mento da outra chama-se regência. Diz-se que as palavras 
que dependem de outras são por elas regidas. As palavras 
que regem as outras são chamadas de regentes.
Esses vínculos de subordinação vêm, por vezes, marcados 
por preposições, semanticamente escolhidas por determina-
dos nomes e verbos para marcar a relação que eles estabe-
lecem com os complementos nominais e verbais que regem.
Exemplos
a) Gosto de viajar. (O verbo gostar rege um objeto in-
direto, a ele subordinado no interior do predicado-ver-
bal. A preposição de marca a regência desse verbo).
b) Tenho medo de avião. (O substantivo medo rege 
um complemento nominal, a ele subordinado. A pre-
posição de marca a regência desse substantivo).
Portanto, o estudo que segue refere-se às relações que se es-
tabelecem entre nomes e seus complementos (regência no-
minal) e entre verbos e seus complementos (regência verbal).
Regência nominal
É a denominação dada à relação semântica que se estabe-
lece entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios 
e seus respectivos complementos nominais. Essa relação 
vem sempre marcada por preposição.
Alguns nomes listados a seguir costumam vir acompanha-
dos de um complemento nominal e exigem o uso de de-
terminadas preposições para que o enunciado construído 
tenha sentido enquanto estrutura do Português.
 § impróprio para
 § semelhante a
 § contrário a
 § indeciso em
 § sensível a
 § descontente com
 § insensível a
 § desejoso de
 § liberal com
 § suspeito de
 § diferente de
 § natural de
 § vazio de
Regência de alguns advérbios
 § longe de
 § perto de
Regência verbal
É a denominação dada à relação semântica que se es-
tabelece entre verbos e seus respectivos complementos 
(objetos direto e indireto). No caso dos objetos indiretos, 
essa relação vem sempre marcada por uma preposição.
Atenção 
Para melhor compreender os principais aspectos envolvi-
dos na questão da regência verbal, é fundamental relem-
brarmos a noção de transitividade (argumentação) verbal.
 § Quanto à predicação, os verbos podem ser classifica-
dos em intransitivos e transitivos.
 § Verbos intransitivos apresentam sentido completo e 
não necessitam de complemento (objeto direto ou 
indireto).
 § Verbos transitivos necessitam de um complemento 
de valor substantivo (objeto direto ou indireto) para 
integrar-lhes o sentido. Nesse caso, a transição entre 
o verbo e seu complemento pode ser direta (caso dos 
verbos transitivos diretos, que regem objetos diretos) 
ou indireta (caso dos verbos transitivos indiretos, que 
regem objetos indiretos).
Ex.:
A garota comprou uma maçã. (verbo transitivo di-
reto rege um objeto direto).
A garota gosta de maçã. (verbo transitivo indireto 
rege um objeto indireto).
Observação: Para que seu sentido fique completo, al-
guns verbos exigem um objeto direto e um objeto indireto, 
sequencialmente. A esses verbos chamamos bitransitivos.
A garota deu uma maçã de presente ao amigo. (uma 
maçã é objeto direto do verbo dar e ao amigo é objeto 
indireto do mesmo verbo, introduzido pela preposição a).
Nesse exemplo, a preposição de, que aparece diante do 
termo “presente”, não apresenta relação com a noção de 
transitividade verbal, mas introduz um adjunto adnomi-
nal do objeto direto, qualificando-o apenas. Assim, para 
a discussão de regências nominal e verbal são relevantes 
apenas aquelas preposições que ligam complementos a 
um verbo (objetos indiretos) ou a um nome (complemen-
tos nominais).
É transitivo direto no sentido de acariciar.
Ex.: Sempre agrada a criança quando a vê. / Sempre a 
agrada quando a vê.
 7
É transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satis-
fazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela 
preposição a.
Ex.: A peça de teatro não agradou aos espectadores. / 
A peça de teatro não lhes agradou.
Aspirar
É transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), 
inalar.
Ex.: Aspirava o suave aroma do perfume. (Aspirava-o.)
É transitivo indireto no sentido de desejar, ter como am-
bição.
Ex.: Aspirávamos a uma viagem para a Europa. (Aspi-
rávamos a ela.)
Observação:
Como o objeto indireto do verbo aspirar não é pessoa, 
mas uma coisa, não são usadas as formas pronominais 
átonas lhe e lhes, mas as formas tônicas a ele(s), a ela(s), 
conforme a gramática normativa (exemplo anterior).
É o nome que se dá à junção de duas vogais idênticas. É de 
grande importância a crase da preposição a com o artigo 
feminino a(s); com o pronome demonstrativo a(s); e com 
o a inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo e 
com o a do relativo a qual (as quais).
Na escrita, a crase é indicada pelo acento grave ( ` ). Para o 
entendimento da crase, é fundamental também dominar a 
regência dos verbos e nomes que exigem a preposição a. 
Aprender a empregar a crase, portanto, consiste em apren-
der a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição 
e de um artigo ou pronome. 
Ex.: Vou a + a França.
Vou à França.
Nesse exemplo, há ocorrência da preposição a, exigida 
pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo a 
que está determinando o substantivo feminino França. Se 
ocorrer esse encontro e a fusão dessas duas vogais, essa 
fusão é indicada pelo acento grave.
Ex.: Conheço a estudante.
Refiro-me (a + a) à estudante.
No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer 
algo ou alguém), logo, não exige preposição e não há ocor-
rência de crase. No segundo exemplo, o verbo é transitivo 
indireto (referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição 
a. Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte 
seja feminino e admita o artigo feminino a ou um dos pro-
nomes já especificados. 
Monossílabas
Levam acento agudo ou circunflexo as palavras monossíla-
bas terminadas em:
 § a(s) – já; lá; vás
 § e(s) – fé; lê; pés
 § o(s) – pó, dó; pós
Oxítonas
São as palavras que possuem a última sílaba tônica. Levam 
acento agudo ou circunflexo as palavras oxítonas termina-
das em:
 § a(s) – vatapá; carajás; cajás
 § e(s) – você; café; cafunés
 § o(s) – jiló; avô; carijós
 § em / ens – também; ninguém; armazéns
Paroxítonas
São as palavras que possuem a penúltima sílaba tônica. Le-
vam acento agudo ou circunflexo as palavras paroxítonas 
terminadas em:
 § i(s) – júri; lápis; tênis
 § us – vênus; vírus; ônus
 § r – caráter; revólver; mártir
 § l – útil; amável; têxtil
 § x – tórax; fênix; ônix
CRASE
REGRAS DE ACENTUAÇÃO
 8
 § n – éden; hífen; líquen
 § um/uns – álbum; álbuns; médium
 § ão(s) – órgão; órgãos; órfão
 § ã(s) – órfã; ímã; imãs
 § ps – bíceps; fórceps
 § on(s) – rádon; rádons
Proparoxítonas
São as palavras que possuem a antepenúltima sílaba tôni-
ca. Todas as palavras proparoxítonas levam acento agudo 
ou circunflexo.
Casos especiais
São sempre acentuadas as palavras oxítonas com os diton-
gos abertos grafados “éis”, “éu(s)” ou “ói(s)”. 
Ex.: anéis; herói; chapéu.
Não são acentuadas as palavras paroxítonas com os diton-
gos abertos “ei” e “oi”, uma vez que existe oscilação em 
muitos casos entre a pronúncia aberta e fechada.
Ex.: assembleia; proteico; alcaloide.
Não se acentuam os encontros vocálicos fechados.
Ex.: pessoa; canoa; voo.
Observação:
Se o verbo estiver no futuro (mesóclise), poderá haver 
dois acentos: amá-lo-íeis.
Não levam acento gráfico as palavras paroxítonas que, ten-
do respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são 
homógrafas de artigos, contrações, preposições e conjun-
ções átonas.
Ex.: para (verbo e preposição); pelo (substantivo e pre-
posição)
Levam acento agudo o “i” e “u”, quando representam a se-
gunda vogal tônica de um hiato, desde que não formem sílaba 
com “r”, “l”, “m”, “n” e “z” ou não estejam seguidos de “nh”.
Ex.: viúva; raízes (raiz); faísca.
Não leva acento a vogal tônica dos ditongos “iu” e “ui”. 
Ex.: caiu; retribuiu; tafuis.
Nãoserão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pa-
lavras paroxítonas quando essas vogais estiverem precedi-
das de ditongo decrescente.
Ex.: maoista; baiuca; bocaiuva.
Serão acentuadas as vogais tônicas “i” e “u” das pala-
vras oxítonas quando, mesmo precedidas de ditongo de-
crescente, estão em posição final, sozinhas na sílaba, ou 
seguidas somente de “s”.
Ex.: Piauí; teiú; tuiuiús.
A 3a pessoa de alguns verbos se grafa da seguinte maneira:
 § quando termina em “em” (monossílabas).
Ex.: tem / têm; vem / vêm.
 § quando termina em “ém”.
Ex.: contém / contêm; convém / convêm
 § quando termina em “ê” e derivados:
Ex.: crê / creem; revê / reveem
Levam acento agudo ou circunflexo as palavras terminadas por 
ditongo oral (que não é nasal) átono crescente ou decrescente.
Ex.: ágeis; espontâneo; ignorância.
Leva acento agudo ou circunflexo a forma verbal termina-
da em “a”, “e” e “o” tônicos, seguidas de “la(s)” e “lo(s)”.
Ex.: movê-lo; fá-los; sabê-lo-emos.
Leva acento agudo a vogal tônica “i” das formas verbais 
oxítonas terminadas em “air” e “uir”, quando seguidas de 
“la(s)” e “lo(s)”, caso em que perdem o “r” final.
Ex.: atraí-los; possuí-lo.
Não levam acento os prefixos paroxítonos terminados em 
“r” e “i”.
Ex.: super-homem; semicírculo.
Leva acento circunflexo diferencial a sílaba tônica da 3a 
pessoa do singular do pretérito perfeito “pôde”, para dis-
tinguir-se de “pode”, forma da mesma pessoa do presente 
do indicativo.
 9
Durante o curso, estudamos diversas categorias gramaticais operadas por termos que são semelhantes (por exemplo, usos 
variados para o termo “que”). Agora, chega o momento de organizarmos esses elementos (e conhecermos alguns outros 
novos) a fim de nos prepararmos de modo adequado, seguro e eficaz para os vestibulares
Funções de “A”
a) Artigo
Classe de palavras variável que determina substantivos
 § Será encontrado sempre antecedendo substantivos de 
gênero feminino de modo que, ao pronunciá-los, seja 
possível notarmos seu contato morfológico com esse 
substantivo, especialmente em seu papel de particulari-
zação/especificação (“a casa”, “a porta”, “a tristeza”, 
“a Cláudia”). 
b) Preposição
Classe de palavras invariável que conecta termos, podendo 
estabelecer entre eles algum sentido
 § A preposição “a” pode ser encontrada como resultado 
de um processo de regência verbal ou regência nomi-
nal. Vejamos
Ex.: Ela se referiu ao documento da casa (o verbo pro-
nominalizado “referir-se” solicita preposição “a”, que 
será colocada diante do termo “documento”).
Ex.: Tenho horror a hospitais (o substantivo “horror” 
solicita preposição “a”, que será colocada diante do 
termo “hospitais”)
Atenção:
Em nenhum dos dois casos apresentados anteriormente, o 
“a” poderia ser classificado como artigo, pois ele antecede 
as palavras “documento” e hospitais, que são masculinas.
c) Pronome oblíquo
Classe de palavras variável que ocupar o lugar de um subs-
tantivo que está em posição de complemento
 § O termo “a” será pronome oblíquo quando funcionar 
como complementador de sentido de verbos transitivos 
diretos, em processos de regência em que esses verbos 
não sejam encerrados pelas consoantes “s”, “r” ou 
“z”; ou sons nasais.
Ex.: Passe a palavra abaixo para o infinitivo e encontre-
-a no jogo de caça-palavras (o verbo “encontrar solicita 
como complemento o pronome “a” logo a sua frente)
Ex.: Eu a vi no cinema na semana passada (o verbo 
“ver” solicita como complemento o “a” que foi coloca-
do em posição anterior a esse verbo)
Atenção:
Como pronome oblíquo, o “a” pode ser colocado em 
posição anterior ou posterior ao verbo, dependendo de 
regras específicas de colocação pronominal (consultar li-
vro 4). Em posição posterior, irá se conectar ao verbo por 
meio de hífen.
d) Pronome demonstrativo
Classe de palavras variável que indica o lugar, a posição 
ou a identidade dos seres em relação às três pessoas do 
discurso, podendo situá-los no espaço, no tempo ou no 
próprio texto.
 § O termo “a” funcionará como pronome demonstrativo 
quando for substituível na sentença pelos pronomes 
“aquele”, “aquela” ou “aquilo”.
Ex.: Leve a (= aquela) que está em cima da mesa
Atenção:
O termo “a” com função de pronome demonstrativo, cos-
tuma vir antecedido dos termos “que” e “do(a)”.
Funções de “QUE”
a) Substantivo
O “que” será substantivo quando vier antecedido de um 
artigo (definido ou indefinido), seguido de preposição “de”
Ex.: Esse menino tem um quê de artista!
Atenção:
O “que”, na função de substantivo, deverá receber acento 
circunflexo.
b) Pronome interrogativo
É encontrado no início frases interrogativas.
Ex.: Que aconteceu com os vendedores ambulantes?
FUNÇÕES DE “A”, “QUE” E “SE”
 10
c) Pronome relativo
Serve para recuperar termos que foram anteriormente 
mencionados, fazendo-lhes referência.
Ex.: O livro que você me emprestou é muito bom!
Atenção:
O “que”, na função de pronome relativo, pode ser subs-
tituído pelas construções “o(s) qual(is)” ou “a(s) qual(is)”
d) Preposição
O “Que” é utilizado aqui para substituir o “de” após o ver-
bo “ter”
Ex.: Ele tem que sair no horário hoje.
e) Conjunção
 § INTEGRANTE: introduz oração substantiva (substituível 
pelo pronome “isso”)
Ex.: É necessário que façamos algumas alterações no 
sistema.
 § COMPARATIVA: trata-se de um “que” antecedido de 
marca comparativa de superioridade ou inferioridade
Ex.: Não há maior prova de amor que doar a vida pelo 
irmão.
 § CAUSAL: trata-se de um “que” substituível por “pois”, 
“porque” ou “já que”
Ex.: Tenho que tomar cuidado, que esse chão é muito 
escorregadio.
 § CONSECUTIVA: trata-se de um “que” antecedido de 
elemento de intensidade (“tão”, “tanto”, “tal”, “ta-
manho”...)
Ex.: É tão pequeno que não alcança a geladeira.
 § EXPLICATIVA: trata-se de um “que” substituível por 
“pois”, “porque” ou “já que”, diante de verbos em 
condições de imperativo ou incerteza
Ex.: Vocês precisam escutar, que é muito importante.
 § INTERJEIÇÃO: geralmente utilizado em expressão de 
espanto
Ex: Quê! Não acredito que vai custar tudo isso!
f) Advérbio
 § O “que” pode ser substituído pelo advérbio modal 
“como”.
Ex.: Que roupa mal costurada era aquela! (Como 
aquela roupa era mal costurada!)
 § O “que” pode ser substituído pelo advérbio de inten-
sidade “tão”
Ex.: Que enganados andam os homens! (Tão engana-
dos andam os homens!)
g) Partícula expletiva 
Não tem função na oração. Serve apenas para realçar de-
terminado termo.
Ex.: Há muito tempo que não vou visitar meus avós.
h) Pronome adjetivo
Trata-se de um pronome “que” que irá acompanhar um 
substantivo em situações interrogativas, exclamativas ou 
indefinidas.
Ex.: Que horas são? (interrogativo)
Ex.: Que bonita sua roupa! (exclamativo)
Funções de “SE”
a) Conjunção
 § Conjunção subordinativa integrante: introduz orações 
subordinadas substantivas (o “se” pode ser substituído 
pelo pronome “isso”).
Ex.: Quero saber se ela realmente me ama.
 § Conjunção subordinativa condicional
Ex.: Alugue um veículo se precisar chegar mais cedo 
ao local.
b) Pronome reflexivo
Sujeito pratica e sofre ação verbal
Ex.: A garota cortou-se com a tesoura escolar.
Atenção:
Como pronome reflexivo, o “se” também funcionará como 
objeto direto, objeto indireto ou sujeito do infinitivo.
c) Partícula apassivadora
Quando se liga a verbos transitivos diretos, constituindo 
uma voz passiva sintética.
Ex.: Entregaram-se as correspondências
d) Índice de indeterminação do sujeito 
O sujeito se tornará indeterminado quando se liga:
 § verbos transitivos indiretos
 § verbos intransitivos
 11
 § verbos de ligação
Ex.: Discorda-se dos fatos apresentados no processo.
Atenção:
O fenômeno do índice de indeterminação do sujeito obriga 
o verbo a ficar sempre no singular.
e) Partícula expletiva 
Não desempenha nenhuma função sintática ao se associar 
a verbos.
Ex.: Ele acabou de se sentar
f) Partícula integrante do verbo
Trata-se de um “se” que é parte integrante do verbo para 
que ele possa exercer suas relações de sentido.Ex: Ele se queixou com o departamento pessoal
Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da 
linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda 
a prosódia da linguagem oral, estruturam os textos e pro-
curam estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basi-
camente, têm como finalidade:
1. assinalar as pausas e as entoações na leitura;
2. separar palavras, expressões e orações que devem ser 
destacadas; e
3. esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer am-
biguidade.
Os principais sinais de pontuação são: 
Vírgula ( , )
Indica uma pausa pequena e, geralmente, é usada: 
a) em datas, para separar o nome da localidade,
Ex.: São Paulo, 29 de julho de 2015. 
b) após os advérbios sim ou não, usados como resposta 
no início da frase;
Ex.: Você gostou do presente?
– Sim, adorei!
c) após a saudação em correspondência (social e comercial);
Ex.: Com carinho, 
Atenciosamente,
d) para separar termos de uma mesma função sintática;
Ex.: O apartamento tem dois quartos, dois banheiros, 
uma sala e um quintal. 
Obs.: A conjunção e substitui a vírgula entre o último e o 
penúltimo termo. 
e) para destacar elementos intercalados como;
 § Uma conjunção;
Ex.: Viajaremos nas férias, logo, temos que nos orga-
nizar.
 § Um adjunto adverbial;
Ex.: Estes relatórios, com certeza, foram bem feitos.
 § Um vocativo;
Ex.: Diga-me, Ana, com quem andas, que te direis quem 
és. 
 § Um aposto;
Ex.: Matemática, uma das disciplinas mais exigentes, 
deve ser estudada com afinco.
 § Uma expressão explicativa (isto é, a saber, ou melhor etc.);
Ex.: A prova consta de 20 questões dissertativas, isto é, 
questões que devem ser redigidas. 
f) Para indicar a elipse de um termo;
Ex.: Ana foi mais cedo; eu, mais tarde.
g) Para separar orações intercaladas;
Ex.: O importante, ressaltou o ator, é contracenar da 
melhor forma possível.
h) para separar orações coordenadas assindéticas;
Ex.: Ela correu pela manhã, malhou à tarde, meditou 
à noite.
i) para separar orações coordenadas adversativas, conclusi-
vas, explicativas e algumas orações alternativas;
Ex.: Esforçou-se muito; porém, não conseguiu a apro-
vação.
PONTUAÇÃO I
 12
Vá devagar, que a estrada é perigosa.
Viaje muito, pois será recompensado com belas lem-
branças.
As pessoas ora dançavam, ora cantavam.
Importante! 
Se a conjunção e assumir valor de adversidade, o uso da 
vírgula é obrigatório, de acordo com a gramática normativa.
Exemplo: Nadou muito, e morreu na praia.
j) Para separar orações subordinadas adverbiais;
Ex.: Quando chegou, encontrou a carta em cima da 
mesa.
l) Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Ex.: O grande prédio, que ainda estava em construção, 
dominava toda a paisagem.
Ponto e vírgula ( ; )
Indicam uma pausa maior que a vírgula, uma entoação 
descendente em relação à prosódia da frase, mas assina-
lam que o período não terminou. Empregam-se nos se-
guintes casos:
a) para separar orações coordenadas não unidas por con-
junção e que guardem relação entre si;
Ex.: O show está lotado; a plateia está animada. 
b) para separar orações coordenadas, desde que haja pelo 
menos uma delas separando elementos por vírgula;
Ex.: O painel informava o seguinte: dez deputados vo-
taram a favor do acordo; nove, contra.
c) para separar itens de uma enumeração;
Ex.: Para a receita do bolo serão necessários: ovos; tri-
go; chocolate. 
d) para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, 
porém, contudo, todavia, entretanto etc.), em substituição 
à vírgula;
Ex.: Gostaria de partir hoje; todavia, o ônibus só sairá 
amanhã. 
e) para separar orações coordenadas adversativas inseri-
das no meio da oração.
Ex.: Esperava encontrar todos os amigos no reencontro; 
revi, porém, apenas alguns.
Reticências ( ... )
Marcam uma suspensão da frase, revelando elementos de 
natureza emocional. Empregam-se: 
a) para indicar continuidade de uma ação ou fato;
Exemplos: O professor ficou falando...
b) para indicar suspensão ou interrupção do pensamento;
Exemplo: Foi até lá achando que... 
c) para representar, na escrita, hesitações comuns na lín-
gua falada;
Exemplo: Não comi chocolate... porque... porque es-
tou de regime.
d) para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo 
uma interpretação pessoal do leitor.
Exemplo: Se você soubesse a metade da história...
Observação:
Além do amplo valor sugestivo em matizes prosódicos, as 
reticências e o ponto de exclamação são auxiliares da lin-
guagem afetiva e poética.
Aspas ( “ ” )
Têm a função de destaque do texto. São empregadas:
a) antes e depois de citações ou transcrições textuais;
Exemplo: Como diz o ditado, “água mole, pedra dura; 
tanto bate até que fura”.
b) para assinalar gírias populares.
Exemplo: A bola “beijou” o travessão.
Observação:
Se houver necessidade de usar aspas em trechos já en-
tre aspas, empregam-se aspas simples.
Exemplo: “Tinha-me lembrado da definição que José 
Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada’. 
Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e 
queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar 
e examinar.” (Machado de Assis)
PONTUAÇÃO II
 13
U.T.I. - Sala 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para 
responder à(s) questão(ões) a seguir.
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no 
morro da Babilônia num barracão sem número.
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu 
afogado.
(Libertinagem & estreLa da manhã, 1993.)
1. (UNESP 2019) 
a) Em que verso se verifica um desvio em relação à nor-
ma-padrão da língua escrita (mas recorrente na língua 
oral)? Reescreva o verso, corrigindo esse desvio.
b) Cite duas características, uma de natureza temáti-
ca e outra de natureza formal, que afastam esse poe-
ma da tradição parnasiano-simbolista. 
2. (FUVEST) Considere a imagem abaixo, extraída da 
apresentação do filme A Amazônia, que faz parte da 
campanha “A natureza está falando”.
No áudio desse filme, a atriz Camila Pitanga interpreta 
o seguinte texto:
Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mun-
do. Eu mando chuva quando vocês precisam. Eu man-
tenho seu clima estável. Em minhas florestas, existem 
plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês 
ainda nem descobriram. Mas vocês estão tirando tudo 
de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das mi-
nhas árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam 
fogo, e eu não posso mais proteger as pessoas que 
vivem aqui. Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho 
para oferecer. Menos água, menos curas, menos oxi-
gênio. Se eu morrer, vocês também morrem, mas eu 
crescerei de novo...
a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui 
exemplo de uma determinada figura de linguagem. 
Identifique essa figura e explique seu uso, tendo em 
vista o efeito que o filme visa alcançar.
b) No referido áudio, é possível perceber, no final da 
locução da atriz, uma entonação especial, represen-
tada na transcrição por meio de reticências. Tendo em 
vista que uma das funções desse sinal de pontuação 
é sugerir uma ideia não expressa que cabe ao leitor 
inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso. 
3. (UNICAMP) Por ocasião da comemoração do dia dos 
professores, no mês de outubro de 2003, foi veiculada 
a seguinte propaganda, assinada por uma grande cor-
poração de ensino:
Parabéns [Pl. de parabém] S. m. pl. 1. Felicitações, con-
gratulações. 2. Oxítona terminada em “ens”, sempre 
acentuada. Acentuam-se também as terminadas em 
“a”, “as”, “e”, “es”, “o”, “os”, e “em”.
Para a homenagem ao Dia do Professor ser completa, a 
gente precisava ensinar alguma coisa.
a) Observe os itens 1 e 2 do verbete PARABÉNS. Há 
diferenças entre eles. Aponte-as.
b) Levando em conta o enunciado que está abaixo do 
verbete, a quem se dirige essa propaganda?
c) Diferentes imagens da educação escolar sustentam 
essa propaganda. Indique pelo menos duas dessas 
imagens. 
TEXTOSPARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
MAÍRA
Maíra só descobriu todo o seu poder um dia quando 
brincava com Micura na praia. Cada um deles tinha, le-
vantada, uma mão cheia de vaga-lumes para alumiar, 
mas a luzinha era muito pouca. Maíra desenhou, assim 
mesmo, ali na areia da praia, uma arraia com seu fer-
rão e tudo. Mas naquela penumbra se distraiu pisou na 
arraia desenhada. Foi aquela ferroada! Compreendeu, 
então, que podia fazer qualquer coisa:
- Sou Maíra - lembrou - sou o arroto de Deus-Pai. Ele, 
ambir, agora tem nome: é Mairahú, meu pai. Meu filho 
será Mairaíra. - Pegou então a conversar com o irmão, 
Micura, sobre o que podiam fazer.
Maíra: - O mundo de Mairahú, meu pai, é feio e triste. 
Não um mundo bom para a gente viver. Podemos me-
lhorá-lo.
Micura: - Não vá o Velho se ofender!
Maíra: - Pode ser. É melhor não fazer nada.
Micura: - Bobagem. Alguma coisinha podemos fazer.
Maíra: - Vamos, então, tomar dos que têm, o que eles 
têm, para dar aos que não têm.
Micura saltou alegre: - Sim, vamos, primeiro o fogo. Ando 
com frio e com muita vontade de comer um churrasco.
O fogo era do Urubu-rei que mandava na aldeia gran-
de das gentes urubus. Eles só comiam corós de carniça 
tostados no borralho. Não precisavam tanto do fogo. 
Usavam mais era luz para ver bem a carniça e o calor 
para esquentar o corpo nu quando se desvestiam das 
penas para brincar de gente.
O jeito que os gêmeos encontraram para roubar o fogo 
foi matar um veado grande, muito grande, deixá-lo apo-
 14
drecer para criar bastante bicho-coró e, então, mandar 
levar uma moqueca de corós para o Urubu-rei e con-
vidá-lo para vir à comilança. Assim fizeram. Maíra de-
senhou um cervo enorme, soprou para que vivesse e o 
matou ali mesmo. Quando estava bem podre e bicha-
do, mandaram o passarinho que fala mais línguas, um 
papagaio, maracanã, atrás do Urubu-rei. Eles ficaram 
escondidos debaixo da carniça para agarrar o reizão 
bicéfalo quando ele pousasse. Assim fizeram. Quando o 
Urubu-rei estava bem preso, Maíra gritou:
- Calma, meu rei. Não tenha medo. Só quero o fogo pro 
meu povinho. Todos andam com frio. Só comem o cru.
Mas se armou a maior das confusões porque o Urubu-
-rei começou a responder com as duas cabeças, falando 
ao mesmo tempo, cada qual dizendo uma coisa. Maíra 
não entendia nada. Aí uma cabeça do Urubu-rei virou-se 
para a outra e as duas caíram numa discussão cerrada. 
O tempo ia passando sem que Maíra soubesse o que 
fazer. Afinal, teve a ideia de mandar Micura agarrar o 
rei-falador. Levantou, então, suas duas mãos e fez de 
cada uma delas uma cabeça de urubu com bico e tudo 
e passou, assim, a conversar duro com as duas cabeças 
do reizão. Só deste modo conseguiu que ele mandas-
se trazer o fogo, mas o rei ainda quis enganar Maíra 
entregando fogos que queimavam pouco e não davam 
luz. Felizmente ali estava Micura experimentando tudo. 
Provava um e dizia:
- Não, este não serve não; não é o fogo que precisamos. 
Não, este também não é o fogo que precisamos. Não, 
este também não é o fogo de verdade. - Afinal, conse-
guiram o fogo verdadeiro e fizeram o trato.
Maíra: - Vocês urubus vão comer carniça com fartura; o 
chefão de duas cabeças vai ficar com uma só, para não 
enganar mais ninguém, mas nesta vai usar esse diade-
ma vermelho e branco que eu lhe dou agora.
Urubu-rei: - Fiquem com o fogo vocês, mairuns. Mas fa-
çam muita carniça pra nós.
(darcy ribeiro. maíra.)
PROMETEU ACORRENTADO
Ésquilo
(A cena é o pico duma montanha deserta. Chegam Po-
der e Vigor, que trazem preso Prometeu; segue-os, co-
xeando, Hefesto, carregando correntes, cravos e malho.)
PODER. Eis-nos chegados a um solo longínquo da terra, 
caminho da Cítia, deserto ínvio. Hefesto, é mister te de-
sincumbas das ordens enviadas por teu pai, acorrentan-
do este celerado, com liames inquebráveis de cadeias 
de aço, aos rochedos de escarpas abruptas. Ele roubou 
uma flor que era tua, o brilho do fogo, vital em todas 
as artes, e deu-a de presente aos mortais; é preciso que 
pague aos deuses a pena desse crime, para aprender a 
acatar o poder real de Zeus e renunciar o mau vezo de 
querer bem à Humanidade.
HEFESTO. Poder e Vigor, a incumbência de Zeus para vós 
está terminada; nada mais vos embarga. Eu, porém, não 
me animo a agrilhoar à força um deus meu parente a 
um píncaro aberto às intempéries. Todavia, é imperioso 
criar essa coragem; é grave negligenciar as ordens de 
meu pai. (...)
PODER. Basta! Para que te atardares em lástimas per-
didas? Por que não abominas o deus mais odioso aos 
deuses, que entregou aos mortais um privilégio teu?
HEFESTO. O parentesco e a amizade são forças formi-
dáveis.
PODER. Concordo, mas como se podem transgredir as 
ordens de teu pai? Isso não te infunde medo?
HEFESTO. Tu és sempre cruel e audacioso.
PODER. Lamentos não curam os teus males; não te can-
ses à toa em lástimas ineficazes.
HEFESTO. Oh! que ofício detestável!
(...)
HEFESTO. Podemos ir. Seus membros já estão amarrados.
PODER. (a Prometeu) Abusa, agora! Furta aos deuses 
seus privilégios para entregá-los aos seres efêmeros! 
Que alívio te podem dar deste suplício os mortais? Erra-
dos andaram os deuses em te chamarem Prometeu; tu 
mesmo precisas de alguém que te prometa um meio de 
safar-te destes hábeis liames!
(Retiram-se Poder, Vigor e Hefesto.)
PROMETEU. Éter divino! Ventos de asas ligeiras! Fontes 
dos rios! Riso imensurável das vagas marinhas! Terra, 
mãe universal! Globo do sol, que tudo vês! Eu vos invo-
co. Vede o que eu, um deus, sofro da parte dos deuses! 
Contemplai quão ignominiosamente estracinhado hei de 
sofrer pelas miríades de anos do tempo em fora! Tal é a 
prisão aviltante criada para mim pelo novo capitão dos 
bem-aventurados! Ai! Ai! Lamento os sofrimentos atu-
ais e os vindouros, a conjeturar quando deverá despon-
tar enfim o termo deste suplício. Mas que digo? Tenho 
presciência exata de todo o porvir e nenhum sofrimento 
imprevisto me acontecerá. Cumpre-me suportar com a 
maior resignação os decretos dos fados, sabendo inelu-
tável a força do Destino. Contudo, não posso calar nem 
deixar de calar minha desdita. Por ter feito uma dádiva 
aos mortais, estou jungido a esta fatalidade, pobre de 
mim! Sou quem roubou, caçada no oco duma cana, a fon-
te do fogo, que se revelou para a Humanidade mestra de 
todas as artes e tesouro inestimável. Esse o pecado que 
resgato pregado nestas cadeias ao relento.
(teatro grego. seLeção, introdução, notas e tradução direta 
do grego por Jaime bruna. são pauLo: cuLtrix, 1964.)
4. (UNESP) Muitos verbos, como é o caso de “renun-
ciar”, apresentam mais de uma regência, por vezes sem 
alteração relevante de significado, de modo que a rea-
lização da regência em cada frase se torna dependente 
da escolha estilístico-expressiva do escritor. Com base 
nesse fato,
a) considerando que na frase “e renunciar o mau vezo 
de querer bem à Humanidade” o verbo “renunciar” 
aparece como transitivo direto, escreva uma frase em 
que o mesmo verbo apareça como transitivo indireto 
e outra em que apareça como intransitivo;
b) reescreva a seguinte frase de Micura tornando o 
verbo “precisar” transitivo indireto: “Não, este tam-
bém não é o fogo que precisamos”. 
 15
5. (UNICAMP) 
Matte a vontade. Matte Leão.
Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada 
em lugares nos quais se vende o chá Matte Leão. Obser-
ve as construções a seguir, feitas a partir do enunciado 
em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
a) Complete cada uma das construções acima com 
palavras ou expressões que explicitem as leituras pos-
síveis relacionadas à propaganda.
b) Retome a propaganda e explique o seu funciona-
mento, explicitando as relações morfológicas, sintáti-
cas e semânticas envolvidas. 
U.T.I. - E.O.
1. (UNICAMP) O texto abaixo é parte de uma campanha 
promovida pela ANER (Associação Nacional de Editores 
de Revistas). 
SURFAMOS A INTERNET, NADAMOS EM REVISTAS 
A Internet empolga. Revistas envolvem. 
A Internet agarra. Revistas abraçam. 
A Internet é passageira. Revistas são permanentes.E essas duas mídias estão crescendo. 
Um dado que passou quase despercebido em meio ao 
barulho da Internet foi o fato de que a circulação de re-
vistas aumentou nos últimos cinco anos. Mesmo na era 
da Internet, o apelo das revistas segue crescendo. Pense 
nisto: o Google existe há 12 anos. Durante esse período, 
o número de títulos de revistas no Brasil cresceu 234%. 
Isso demonstra que uma mídia nova não substitui uma 
mídia que já existe. Uma mídia estabelecida tem a ca-
pacidade de seguir prosperando, ao oferecer uma expe-
riência única. É por isso que as pessoas não deixam de 
nadar só porque gostam de surfar. 
(adaptado de imprensa, n. 267, maio 2011, p. 17.) 
a) O verbo surfar pode ser usado como transitivo ou 
intransitivo. Exemplifique cada um desses usos com 
enunciados que aparecem no texto da campanha. 
Indique, justificando, em qual desses usos o verbo as-
sume um sentido necessariamente figurado. 
b) Que relação pode ser estabelecida entre o título 
da campanha e o trecho reproduzido a seguir? Como 
essa relação é sustentada dentro da campanha? 
A Internet empolga. Revistas envolvem. 
A Internet agarra. Revistas abraçam. 
A Internet é passageira. Revistas são permanentes. 
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
TEXTO 1
A REVOLUÇÃO DO CÉREBRO
O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele con-
segue parar o tempo, ficar vários dias numa boa sem 
dormir, ler pensamentos, mover objetos a distância e se 
reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem su-
perpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas 
algumas das descobertas que os neurocientistas fizeram 
ao longo da última década. Algumas dessas façanhas 
sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora conse-
guimos perceber. Outras são frutos da ciência: ao decifrar 
alguns mecanismos da nossa mente, os pesquisadores 
estão encontrando maneiras de realizar coisas que antes 
pareciam impossíveis. O resultado é uma revolução como 
nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira como 
entendemos o cérebro, mas também a imagem que faze-
mos do mundo, da realidade e de quem somos nós. [...]
O seu corpo, ao que parece, é muito pequeno para con-
ter uma máquina tão poderosa quanto o cérebro. Prova 
disso veio em julho, quando foram divulgadas as aven-
turas de Matthew Nagle, um americano que ficou pa-
ralítico em uma briga em 2001. Três anos depois, cien-
tistas da Universidade Brown, EUA, e de quatro outras 
instituições implantaram eletrodos na parte do cérebro 
dele responsável pelos movimentos dos braços e regis-
traram os disparos de mais de 100 neurônios. Enviados 
a um computador, esses sinais permitiram que ele con-
trolasse um cursor em uma tela, abrisse e-mails, jogasse 
videogames e comandasse um braço robótico. Somente 
com o pensamento, Nagle conseguiu mover objetos. [...] 
Foi [...] uma prova de que o nosso cérebro é capaz de 
comandar objetos fora do corpo - uma ideia que pode 
mudar nossa relação com o mundo.
extraído da revista superinteressante, editora 
abriL, agosto de 2006, pp.50-59.
TEXTO 2
O SÉCULO LOUCO
Do século XX, no futuro, se dirá que foi louco. Um século 
que usou ao máximo o poder do cérebro para manipu-
lar as coisas do mundo e não usou o coração para fazer 
isso com sentimento solidário.
Um século no qual a palavra “inteligência” perdeu o 
seu sentido pleno, porque o raciocínio foi capaz de ma-
nipular a natureza nos limites da curiosidade científica, 
mas não foi usado para fazer um mundo melhor e mais 
belo para todos. A inteligência do século XX foi burra. 
Foi capaz de fabricar uma bomba atômica, liberar a 
energia escondida dentro dos átomos, mas incapaz de 
evitar que se usassem duas delas, matando centenas de 
milhares de pessoas.
O que se pode dizer da bomba atômica, como símbolo do 
século XX, vale para o conjunto das técnicas usadas nes-
tes cem anos loucos: fomos capazes de tudo, menos de 
 16
fazer o mundo mais decente - como teria sido possível.
Vivemos um tempo em que a inteligência humana con-
seguiu fazer robôs que substituem os trabalhadores, 
mas no lugar de libertar o homem da necessidade do 
trabalho, os robôs provocam a miséria do desemprego. 
Inventamos a maravilha do automóvel e aumentamos 
o tempo perdido para ir de casa ao trabalho. Fizemos 
armas inteligentes, que acertam os alvos sem necessi-
dade de arriscar a vida de pilotos, mas põem em risco a 
paz entre os povos.[...]
buarQue, cristovam. os instrangeiros. a aventura 
da opinião na fronteira dos sécuLos. rio de Janeiro: 
editora garamond, 2002, pp. 113-115.
TEXTO 3
A BOMBA ATÔMICA
(fragmento)
A bomba atômica é triste
Coisa mais triste não há
Quando cai, cai sem vontade
Vem caindo devagar
Tão devagar vem caindo
Que dá tempo a um passarinho
De pousar nela e voar...
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar!
Coitada da bomba atômica
Que não gosta de matar
Mas que ao matar mata tudo
Animal e vegetal
Que mata a vida da terra
E mata a vida do ar
Mas que também mata a guerra...
Bomba atômica que aterra!
Pomba atônita da paz!
Pomba tonta, bomba atômica
Tristeza, consolação
Flor puríssima do urânio
Desabrochada no chão
Da cor pálida do hélium
E odor de rádium fatal
Loelia mineral carnívora
Radiosa rosa radical.
Nunca mais oh bomba atômica
Nunca em tempo algum, jamais
Seja preciso que mates
Onde houve morte demais:
Fique apenas tua imagem
Aterradora miragem
Sobre as grandes catedrais:
Guarda de uma nova era
Arcanjo insigne da paz!
moraes, vinicius de. antoLogia poética. rio de 
Janeiro: José oLympio, 1976, pp. 147-8.
*Loelia - Nome que designa uma família de orquídeas
TEXTO 4
POESIA NA SALA DE AULA DE CIÊNCIAS?
A LITERATURA POÉTICA E POSSÍVEIS USOS DIDÁTICOS
[...] Ciência e poesia pertencem à mesma busca imagi-
nativa humana, embora ligadas a domínios diferentes 
de conhecimento e valor. A visão poética cresce da in-
tuição criativa, da experiência humana singular e do co-
nhecimento do poeta. A Ciência gira em torno do fazer 
concreto, da construção de imagens comuns, da experi-
ência compartilhada e da edificação do conhecimento 
coletivo sobre o mundo circundante. Tem como vínculo 
restritivo, ao contrário da poesia, o representar adequa-
damente o comportamento material; tem, mais profun-
damente que a leitura poética do mundo, a capacidade 
de permitir a previsão e a transformação direta do en-
torno material. As aproximações entre Ciência e poesia 
revelam-se, no entanto, muito ricas, se olhadas dentro 
de um mesmo sentimento do mundo. A criatividade e a 
imaginação são o húmus comum de que se nutrem. [...]
Nos tempos atuais, em que a Ciência e a tecnologia 
impregnam profundamente nossa cultura e permeiam 
nosso cotidiano, com seus benefícios extraordinários 
mas também com suas mazelas, a poesia poderia pa-
recer um anacronismo. Mas, talvez, as muitas pequenas 
verdades científicas constituam apenas uma aborda-
gem incompleta e limitada do mundo. Relembremos 
Einstein: Não superestimem a ciência e seus métodos 
quando se trata de problemas humanos! A poesia e a 
arte, que parecem constituir necessidades urgentes de 
afirmação da experiência individual, uma visão com-
plementar e indispensável da experiência humana, não 
podem ficar de fora das atividades interdisciplinares 
com os jovens nas escolas, mesmo aquelas ligadas ao 
aprendizado de Ciências. [...]
moreira, iLdeu de castro. poesia na saLa de auLa de 
ciências? física na escoLa, v. 3, nº 1, 2002.
2. (PUC-RJ) 
a) Retire, do Texto 1, uma expressão que tem um ca-
ráter excessivamente informal em relação ao restante 
do mesmo.
b) Fazendo todas as modificações necessárias, rees-
creva o período a seguir sem empregar a conjunção 
integrante “QUE”.
“Enviados a um computador, esses sinais permitiram 
que ele controlasse um cursor em uma tela, abrisse 
e-mails, jogasse videogame e comandasse um braço 
robótico.”
c) Reescreva o período a seguir, utilizando a conjun-
ção “embora” para marcar a relação estabelecida 
entre as duas orações. 
“Inventamos a maravilha do automóvel e aumenta-
mos o tempo perdido para ir de casa ao trabalho.”17
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
A China detonou uma bomba e pouca gente percebeu o 
estrago que ela causou. Assim que abriu as portas para 
as multinacionais oferecendo mão de obra e custos mui-
to baratos, o país enfraqueceu as relações de trabalho 
no mundo. Em uma recente análise, a revista inglesa The 
Economist mostra que a entrada da China, da Índia e da 
ex-União Soviética na economia mundial dobrou a força 
de trabalho. Com isso, o poder de barganha de sindicatos 
do mundo inteiro teria se esfacelado. Provavelmente por 
isso, diz a revista, salários e benefícios tenham crescido 
apenas 11% desde 2001 nas empresas privadas dos Esta-
dos Unidos, ante 17% nos cinco anos anteriores.
(você s/a, setembro de 2005) 
3. (FGV) 
a) Transcreva uma oração do texto introduzida pelo 
pronome relativo “que”.
b) Qual é o antecedente desse pronome, isto é, a pa-
lavra a que ele se refere?
c) Qual é a função sintática desse pronome na oração 
em que se encontra?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
1Durante mais de trinta anos, o bondezinho das dez e 
quinze, que descia do Silvestre, parava como burro ensi-
nado em frente à casinha de José Maria, e ali encontra-
va, almoçado e pontual, o velho funcionário.
Um dia, porém, José Maria faltou. O motorneiro batia a 
sirene. Os passageiros se impacientavam. Floripes cor-
reu aflita a avisar o patrão. Achou-o de pijama, estirado 
na poltrona, querendo rir.
– Seu José Maria, o senhor hoje perdeu a hora! Há mui-
to tempo o motorneiro está a dar sinal.
– Diga-lhe que não preciso mais.
A velha portuguesa não compreendeu.
– Vá, diga que não vou... Que de hoje em diante não 
irei mais.
A criada chegou à janela, gritou o recado. E o bondezi-
nho desceu sem o seu mais antigo passageiro.
Floripes voltou ao patrão. Interroga-o com o olhar.
– Não sabes que estou aposentado?
(...)
Interrompera da noite para o dia o hábito de esperar 
o bondezinho, comprar o jornal da manhã, bebericar o 
café na Avenida, e instalar-se à mesa do Ministério, si-
sudo e calado, até às dezessete horas.
Que fazer agora?
Não mais informar processos, não mais preocupar-se 
com o nome e a cara do futuro Ministro.
Pela primeira vez fartava a vista no cenário de águas e 
montanhas que a bruma fundia.
(...)
4Floripes serviu-lhe o jantar, deixou tudo arrumado, e 
retirou-se para dormir no barraco da filha.
2Mais do que nunca, sentiu José Maria naquela noite 
a solidão da casa. Não tinha amigos, não tinha mulher 
nem amante. E já lera todos os jornais. Havia o tele-
fone, é verdade. Mas ninguém chamava. Lembrava-se 
que certa vez, há uns quinze anos, aquela fria coisa, 
pendurada e morta, se aquecera à voz de uma mulher 
desconhecida. A máquina que apenas servia para re-
cados ao armazém e informações do Ministério trans-
formara-se então em instrumento de música: adquirira 
alma, cantava quase. De repente, sem motivo, a voz 
emudecera. E o aparelho voltou a ser na parede do 
corredor a aranha de metal, 3sempre calada. O sussur-
ro da vida, o sangue de suas paixões passavam longe 
do telefone de Zé Maria...
Como vencer a noite que mal começava?
(...)
O telefone toca. Quem será? (...)
Era engano! Antes não o fosse. A quem estaria destina-
da aquela voz carregada de ternura? Preferia que dis-
sesse desaforos, que o xingasse.
(...)
Atirou-se de bruços na cama. E sonhou. Sonhou que 
conversava ao telefone e era a voz da mulher de há 
quinze anos... Foi andando para o passado... Abriu-se-
-lhe uma cidade de montanha, pontilhada de igrejas. E 
sempre para trás – tinha então dezesseis anos –, ressur-
giu-lhe a cidadezinha onde encontrara Duília. Aí parou. 
E Duília lhe repetiu calmamente aquele gesto, o mais 
louco e gratuito, com que uma moça pode iluminar para 
sempre a vida de um homem tímido.
Acordou com raiva de ter acordado, fechou os olhos 
para dormir de novo e reatar o fio de sonho que trouxe 
Duília. Mas a imagem esquiva lhe escapou, Duília desa-
pareceu no tempo.
(...)
Toda vez que pensava nela, o longo e inexpressivo inter-
regno* do Ministério que chegava a confundir-se com a 
duração definitiva de sua própria vida apagava-se-lhe 
de repente da memória. O tempo contraía-se.
Duília!
Reviu-se na cidade natal com apenas dezesseis anos de 
idade, a acompanhar a procissão que ela seguia can-
tando. Foi nessa festa da Igreja, num fim de tarde, que 
tivera a grande revelação.
Passou a praticar com mais assiduidade a janela. Quan-
to mais o fazia, mais as colinas da outra margem lhe 
recordavam a presença corporal da moça. Às vezes che-
gava a dormir com a sensação de ter deixado a cabeça 
pousada no colo dela. As colinas se transformavam em 
seios de Duília. Espantava-se da metamorfose, mas se 
comprazia na evocação.
(...)
Era o afloramento súbito da namorada (...).
aníbaL machado a morte da porta-estandarte e tati, a 
garota e outras histórias. rio de Janeiro: José oLympio, 1976.
* Interregno: intervalo 
 18
4. (UERJ) No trecho transcrito a seguir há quatro ora-
ções, cujos limites estão assinalados por uma barra:
Floripes serviu-lhe o jantar, / deixou tudo arrumado, / e 
retirou-se / para dormir no barraco da filha. (ref. 4)
Reescreva esse trecho, passando a primeira oração para 
a voz passiva e convertendo a segunda em oração adje-
tiva introduzida por pronome.
Em seguida, indique a classificação sintática e semânti-
ca da última oração. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Havia já quatro anos que Eugênio se achava no semi-
nário sem visitar sua família. Seu pai já por vezes tinha 
escrito aos padres pedindo-lhes que permitissem que 
o menino viesse passar as férias em casa. Estes porém, 
já de posse dos segredos da consciência de Eugênio, 
receando que as seduções do mundo o arredassem do 
santo propósito em que ia tão bem encaminhado, opu-
seram-se formalmente, e responderam-lhe, fazendo ver 
que aquela interrupção na idade em que se achava o 
menino era extremamente perigosa, e podia ter pés-
simas consequências, desviando-o para sempre de sua 
natural vocação.
Uma ausência, porém de quatro anos já era excessiva 
para um coração de mãe, e a de Eugênio, principalmen-
te depois que seu filho andava mofino e adoentado, 
não pôde mais por modo nenhum conformar-se com a 
vontade dos padres. Estes portanto, muito de seu mau 
grado, não tiveram remédio senão deixá-lo partir.
(bernardo guimarães. o seminarista, 1995) 
5. (FGV) Observe as reescritas do texto e responda con-
forme solicitado entre parênteses.
a) Seu pai já por vezes tinha escrito aos padres pedin-
do-lhes à permissão para que o menino viesse passar 
as férias em casa. / ... opuseram-se formalmente à 
ideia, e responderam de forma negativa inicialmente. 
(Justifique se os usos do acento indicativo da crase 
estão ou não de acordo com a norma-padrão.)
b) Para um coração de mãe porém uma ausência de 
quatro anos já era excessiva... (Pontue o texto e justi-
fique a pontuação realizada.) 
6. (UFF) 
A prática da gramática não deve estar desvinculada da 
percepção das diferenças na produção de sentido, en-
caminhadas pela língua no processo de comunicação.
Explique as diferentes regências do verbo “combater” 
e as decorrentes produções de sentido no contexto em 
que se inserem:
“Combateremos a sombra. Com crase e sem crase.” 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O artista Juan Diego Miguel apresenta a exposição 
Arte e Sensibilidade, no Museu Brasileiro da Escultura 
(MUBE) de suas obras que acabam de chegar no país.
Seu sentido de inovação tanto em temas como em ma-
teriais que elege é sempre de uma sensação extraordi-
nária para o espectador.
Juan Diego sensibiliza-se com os materiais que nos ro-
deam e lhes dá vida com uma naturalidade impressio-
nante, encontrando liberdade para buscar elementos 
no fauvismo de Henri Matisse, no cubismo de Pablo Pi-
casso e do contemporâneo de Juan Gris. Uma arte que 
está reservada para poucos.
Exposição: de 03 de agosto à 02 de setembro das 10 
às 19h. 
7. (FGV) Comente o emprego do sinal indicativo de cra-
se no trecho - Exposição: de 03 de agosto à 02 de se-
tembro das 10 às 19 h.
8. (UEMA)Leia o poema “Quadrilha”, de Carlos Drum-
mond de Andrade. 
QUADRILHA 
João amava Teresa que amava Raimundo 
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili 
que não amava ninguém. 
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, 
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, 
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes 
que não tinha entrado na história. 
fonte: andrade, carLos drummond de. aLguma 
poesia. são pauLo: companhia das Letras, 2013. 
A tira reescreve o poema “Quadrilha”. Nela, é reconta-
da a segunda parte do referido poema.
www.tirasnao.bLogspot.com
 19
Responda às seguintes questões:
a) No último quadro da tira, como se pode interpretar 
“(...) um poema terrivelmente trágico, e que parece 
de humor”, considerando o poema. 
b) No terceiro quadro: “Raimundo morreu num desas-
tre, depois de beber muito a fim de esquecer Maria, 
que não lhe amava”, ocorre um desvio da norma culta 
em relação à regência verbal. Reescreva esse período, 
adequando-o às regras da sintaxe do padrão culto. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Geração Canguru
Gilberto Dimenstein
Ao mapear novas tendências de consumo no Brasil, pu-
blicitários acreditam ter detectado a “Geração Cangu-
ru”. São jovens bem-sucedidos profissionalmente, têm 
entre 25 e 30 anos de idade e vivem na casa dos pais. O 
interesse neles é óbvio: compõem um nicho de consumi-
dores com alto poder aquisitivo.
Ainda na “bolsa” da mãe, eles mostram que mudaram 
as fronteiras entre o jovem e o adulto. Até pouquíssi-
mo tempo atrás, um marmanjão de 30 anos, enfiado na 
casa dos pais, seria visto como uma anomalia, suspei-
to de algum desequilíbrio emocional que retardou seu 
crescimento.
O efeito “canguru” revela que pais e filhos estão mu-
tuamente mais compreensivos e tolerantes, capazes 
de lidar com suas diferenças. Para quem se lembra dos 
conflitos familiares do passado, marcados pelo choque 
de gerações, os “cangurus” até sugerem um grau de ci-
vilidade. Não é tão simples assim.
Estudos de publicitários divulgados nas últimas sema-
nas indicam um lado tumultuado – e nem um pouco 
saudável – dessa relação familiar. Por trás das frias es-
tatísticas sobre tendência do mercado, a pergunta que 
aparece é a seguinte: até que ponto os brasileiros mais 
ricos estão paparicando a tal ponto seus filhos que pro-
duzem indivíduos com baixa autonomia?
Ao investigar uma amostra de 1.500 mães e filhos, no 
Rio e em São Paulo, a TNS InterScience concluiu que 
82% das crianças e dos adolescentes influenciam for-
temente as compras das famílias. A pressão é especial-
mente intensa nas classes A e B, cujas crianças, segundo 
os pesquisadores, empregam cada vez mais a estraté-
gia das birras públicas para ganhar, na marra, o objeto 
de desejo.
Com medo das birras, as mães tentam, segundo a pes-
quisa, driblar os filhos e não levá-los às compras, espe-
cialmente nos supermercados, mas, muitas vezes, aca-
bam cedendo. Os responsáveis pelo levantamento da 
InterScience atribuem parte do problema ao sentimen-
to de culpa. Isso porque, devido ao excesso de traba-
lho, os pais ficam muito tempo longe de casa e querem 
compensar a ausência com presentes.
Uma pesquisa encomendada pelo Núcleo Jovem da Abril 
detectou que muitos dos novos consumidores vivem 
uma ansiedade tamanha que nem sequer usufruem o 
que levam para casa. Já estão esperando o produto que 
vai sair. É ninfomania consumista. Jovens relataram que 
nunca usaram, nem mesmo uma vez, roupas que adqui-
riram. Aposentam aparelhos eletrodomésticos compra-
dos recentemente porque já estariam defasados.
Psicólogos suspeitam que essa atitude seja uma fuga 
para aplacar a ansiedade e a carência, provocadas, 
em parte, pela falta de limite. Imaginando-se moder-
nos, pais tentam ser amigos de seus filhos e, assim, 
desfaz-se a obrigação de dizer não e enfrentar o con-
flito. O resultado é, no final, uma desconfiança, explici-
tada pelos entrevistados, ainda maior em relação aos 
adultos.
Outro estudo, desta vez patrocinado pela MTV, detectou 
um início de tendência entre os jovens de insatisfação 
diante de pais extremamente permissivos. Estão deman-
dando adultos mais pais do que amigos. Para complicar 
ainda mais a insegurança das crianças e dos adolescen-
tes, a violência nas grandes cidades leva os pais, com-
preensivelmente, a pilotar os filhos pelas madrugadas, 
para saber se não sofreram uma violência. Brincar nas 
ruas está desaparecendo da paisagem urbana, ajudando 
a formar seres obesos, presos ao computador.
Há pencas de estudo mostrando como a brincadeira, 
dessas em que nos sujamos, ralamos o joelho na árvore, 
ajuda a desenvolver a criatividade, o senso de autonomia 
e de cooperação. É um espaço de estímulo à imaginação.
Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com 
autonomia, se não souber lidar com a frustração. Muito 
se estuda sobre a importância da resiliência – a capa-
cidade de levar tombos e levantar como um elemento 
educativo fundamental.
Professores contam, cada vez mais, como os alunos não 
têm paciência de construir o conhecimento e desistem 
logo quando as tarefas se complicam um pouco. Por 
isso, entre outras razões, os alunos decepcionam-se ra-
pidamente na faculdade que exige mais foco em pou-
cos assuntos.
Os educadores alertam que muitos jovens têm dificul-
dade de postergar o prazer e buscam a realização ime-
diata dos desejos; respondem exatamente ao bombar-
deamento publicitário, inclusive na ingestão de álcool, 
como vamos testemunhar, mais uma vez, nas propa-
gandas de cerveja neste verão. Daí o risco de termos 
“cangurus” que fiquem cada vez mais na bolsa (e no 
bolso) dos pais.
P.S. – Em todos esses anos lidando com educação co-
munitária, posso assegurar que uma das melhores coi-
sas que as escolas de elite podem fazer por seus alu-
nos é estimulá-los ao empreendedorismo social. É um 
notável treino para enfrentar desafios. Enfrentam-se 
em asilos, creches e favelas os limites e as carências. 
Conheci casos e mais casos de alunos problemáticos 
que mudaram sua cabeça ao desenvolver uma ação 
comunitária e passaram, até mesmo, a valorizar o 
aprendizado curricular.
http://www1.foLha.uoL.com.br/foLha/dimenstein/coLunas/gd121205.htm 
 20
9. (UFJF) Leia novamente:
“Todos sabemos como é difícil alguém prosperar, com 
autonomia, se não souber lidar com a frustração.”
a) Explique a concordância entre o sujeito e o verbo 
na parte acima destacada.
b) Compare a concordância acima (Todos sabemos) 
com: “Todos sabem como é difícil...”. Qual é a prin-
cipal diferença no impacto discursivo produzido pelas 
duas formas? Justifique sua resposta. 
10. (ITA) Leia o texto seguinte:
Antes de começar a aula - matéria e exercícios no qua-
dro, como muita gente entende -, o mestre sempre 
declamava um poema e fazia vibrar sua alma de tanta 
empolgação e os alunos ficavam admirados. Com a suti-
leza de um sábio foi nos ensinando a linguagem poética 
mesclada ao ritmo, à melodia e a própria sensibilidade 
artística. Um verdadeiro deleite para o espírito, uma 
sensação de paz, harmonia. (Osório, T. Meu querido pro-
fessor. “Jornal Vale Paraibano”, 15/10/1999.)
a) Qual a interpretação que pode ser dada à ausência 
da crase no trecho “a própria sensibilidade artística”?
b) Qual seria a interpretação caso houvesse a crase? 
TEXTOS PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
TEXTO 1
O conceito de Trabalho Decente
Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacio-
nal do Trabalho), é um trabalho produtivo e adequada-
mente remunerado, exercido em condições de liberda-
de, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir 
uma vida digna a todas as pessoas que dependem do 
seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho 
que permite satisfazer às necessidades pessoais e fa-
miliares de alimentação, educação, moradia, saúde e 
segurança. É também o trabalho que garante proteção 
social nos impedimentos ao exercício do trabalho (de-
semprego, doença, acidentes, entre outros) e assegura 
renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia 
Internacionaldel Trabajo, 1999). 
É um trabalho no qual as relações entre cada trabalha-
dor ou trabalhadora e seus empregadores ou empre-
gadoras estão devidamente regulamentadas por lei, 
especialmente no que se refere aos direitos fundamen-
tais no trabalho, e autorreguladas através de acordos 
negociados em um processo de diálogo social em di-
versos níveis, o que implica o pleno exercício do direito 
da liberdade sindical, assim como o fortalecimento das 
diferentes instituições da administração do trabalho e 
das formas de representação e organização dos atores 
sociais (MARTINEZ, 2005). 
A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as di-
mensões quantitativa e qualitativa do emprego. Ela 
propõe não só medidas de geração de postos de traba-
lho e de enfrentamento do desemprego, mas também 
de superação de formas de trabalho que se baseiam em 
atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degra-
dantes ou que geram renda insuficiente para que os in-
divíduos e suas famílias superem situações de pobreza. 
Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o 
emprego esteja também associado à proteção social e 
à noção de direitos do trabalho, entre eles os de repre-
sentação, associação, organização sindical e negociação 
coletiva. 
A noção de Trabalho Decente é uma tentativa de ex-
pressar, numa linguagem cotidiana, a integração de ob-
jetivos sociais e econômicos, reunindo as dimensões do 
emprego, dos direitos no trabalho, da segurança e da 
representação, em uma unidade com sentido e coerên-
cia interna quando considerada na sua totalidade. 
Qual é a diferença entre o conceito de Trabalho Decente 
e conceitos mais tradicionais, como o de trabalho de 
qualidade? Sua principal novidade é ser multidimen-
sional, ou seja, acrescentar à dimensão econômica, re-
presentada pelo conceito de um emprego de qualidade, 
novas dimensões de caráter normativo, de segurança e 
de participação/representação (MARTINEZ, 2005). 
É importante assinalar que essa diferença conceitual 
determina diferentes políticas, ou melhor, uma dife-
rente articulação de políticas em termos de emprego 
e mercado de trabalho e destas com as políticas eco-
nômicas e sociais. A integração e a coerência entre a 
política sociolaboral e a política econômica são essen-
ciais para a geração de Trabalho Decente. Enquanto a 
política econômica cria condições para o crescimento e 
a geração de empregos, a política sociolaboral, integra-
da com a política econômica, cria as condições para que 
o emprego gerado incorpore as distintas dimensões do 
conceito de Trabalho Decente (LEVAGGI, 2006). 
Ao definir a promoção do Trabalho Decente como o as-
pecto central e integrador de toda a sua estratégia, a 
OIT reafirma o seu compromisso com o conjunto dos 
trabalhadores e trabalhadoras e não apenas com aque-
les que têm um emprego regular, estável, protegido 
– no setor formal ou estruturado da economia. A pro-
moção do Trabalho Decente (ou a redução dos déficits 
de Trabalho Decente) é um objetivo que deve ser per-
seguido também em relação ao conjunto das pessoas 
– homens, mulheres e jovens – que trabalha à margem 
do mercado de trabalho estruturado: assalariados não 
regulamentados, tradutores por conta própria, tercei-
rizados ou subcontratados, trabalhadores a domicílio, 
etc. Todas as pessoas que trabalham têm direitos – as-
sim como níveis mínimos de remuneração, proteção e 
condições de trabalho –, que devem ser respeitados. 
Essa noção, portanto, inclui o emprego assalariado, o 
trabalho autônomo ou por conta própria, o trabalho a 
domicílio, assim como a ampla gama de atividades rea-
lizadas na economia informal e na economia de cuidado 
(RODGERS, 2002). 
Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho 
Decente e a noção da dignidade humana. Com efeito, 
tal como discutido por Rodgers (2002), o trabalho é o 
âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos 
e sociais das pessoas. O trabalho supõe produção e 
rendimentos. Mas significa, também, integração social, 
 21
identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente 
expressa algo que é ao mesmo tempo suficiente e de-
sejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no 
qual o seu rendimento e as condições em que este se 
exerce estão de acordo com as nossas expectativas e as 
da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro 
das aspirações razoáveis de pessoas razoáveis. [...] 
Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas 
expectativas de futuro; das condições em que este se 
exerce; do equilíbrio entre a vida doméstica e a vida 
familiar; de um trabalho que permita manter os filhos 
na escola, evitando que eles sejam levados ao trabalho 
infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, 
da igualdade de reconhecimento e da possibilidade de 
que as mulheres, os negros e outros grupos discrimina-
dos possam optar e assumir o controle sobre as suas 
próprias vidas. Trata-se das capacidades pessoais para 
competir no mercado, manter-se em dia com as novas 
tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Tra-
ta-se de desenvolver as qualificações empresariais, de 
receber uma parte equitativa da riqueza que se ajuda a 
criar e de não ser objeto de discriminação. Trata-se de 
poder expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e 
na comunidade. 
 adaptado de abramo, Laís. trabaLho decente, informaLidade 
e precarização do trabaLho. in: daL rosso, sadi e fortes, 
José augusto abreu sá (org.). condições de trabaLho no 
Limiar do sécuLo xxi. brasíLia: épocca, 2008. p. 40-41.
TEXTO 2
Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as 
pratas, suspirou, mordeu os beiços. Nem lhe restava o 
direito de protestar. Baixava a crista. Se não baixasse, 
desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos 
pequenos e os cacarecos. Para onde? Hem? Tinha para 
onde levar a mulher e os meninos? Tinha nada! 
Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telha-
dos, que lhe reduziam o horizonte, a campina se esten-
dia, seca e dura. Lembrou-se da marcha penosa que 
fizera através dela, com a família, todos esmolamba-
dos e famintos. Haviam escapado, e isto lhe parecia um 
milagre. Nem sabia como tinham escapado. 
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o rouba-
vam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso 
a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina 
seca, o patrão, os soldados e os agentes da Prefeitu-
ra. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, 
tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. 
Não havia paciência que suportasse tanta coisa. 
Um dia um homem faz besteira e se desgraça. 
Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? 
Tinha obrigação de trabalhar para os outros, natural-
mente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse 
destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com 
um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se 
lhe dissessem que era possível melhorar de situação es-
pantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar bra-
bo, curar feridas com rezas, consertar cercas de Inverno 
a Verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E 
para trás não existia família. Cortar mandacaru, ense-
bar látegos - aquilo estava no sangue. Conformava-se, 
não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, 
estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como 
um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os ho-
mens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? 
Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com 
semelhantes porcarias. 
Na palma da mão as notas estavam úmidas de suor. 
Desejava saber o tamanho da extorsão. Da última vez 
que fizera contas com o amo o prejuízo parecia menor. 
Alarmou-se. Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe 
dera uma impressão bastante penosa: sempre que os 
homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía lo-
grado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente 
só serviam para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas. 
Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de 
propósito. Depois esquecia-as. Para que um pobre da 
laia dele usar conversade gente rica? Sinhá Terta é que 
tinha uma ponta de língua terrível. Era: falava quase 
tão bem como as pessoas da cidade. Se ele soubesse fa-
lar como Sinhá Terta, procuraria serviço noutra fazenda, 
haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas horas de aperto 
dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, 
coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no. 
Safados. Tomar as coisas de um infeliz que não tinha 
onde cair morto! Não viam que isso não estava certo? 
Que iam ganhar com semelhante procedimento? Hem? 
Que iam ganhar? 
ramos, graciLiano. vidas secas. 
rio de Janeiro: record, 1986. p.95-97. 
11. (PUC-RJ) 
a) Explique a diferença de sentido entre as frases abaixo: 
i) Os homens sabidos diziam palavras difíceis a Fabiano. 
ii) Os homens, sabidos, diziam palavras difíceis a Fabiano. 
b) Destaque, do último parágrafo do Texto 1, a frase que, 
considerando a noção de Trabalho Decente, atenderia às 
inquietações de Fabiano na seguinte passagem: 
“Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria servi-
ço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas 
horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como 
um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfo-
lavam-no. Safados.” (último parágrafo do Texto 2) 
c) Identifique o referente do pronome demonstrativo isso 
em “Não viam que isso não estava certo?”, no último 
parágrafo do Texto 2. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
O dia abriu seu para-sol bordado
O dia abriu seu para-sol bordado
De nuvens e de verde ramaria.
E estava até um fumo, que subia,
Mi-nu-ci-o-sa-men-te desenhado.
Depois surgiu, no céu azul arqueado,
A Lua – a Lua! – em pleno meio-dia.
Na rua, um menininho que seguia
Parou, ficou a olhá-la admirado...
 22
Pus meus sapatos na janela alta,
Sobre o rebordo... Céu é que lhes falta
Pra suportarem a existência rude!
E eles sonham, imóveis, deslumbrados,
Que são dois velhos barcos, encalhados
Sobre a margem tranquila de um açude..
mario Quintana. prosa e verso. porto aLegre: gLobo, 1978. 
12. (UERJ) Há no poema de Mario Quintana um mesmo 
sinal de pontuação – o ponto de exclamação – que apa-
rece em versos diferentes e com sentidos distintos.
Explicite o valor semântico atribuído a esse sinal em 
cada um dos versos. 
13. (PUC-RJ) 
a) Reescreva duas vezes a segunda oração do período 
a seguir, substituindo o verbo “VIVER” por cada um 
dos seguintes verbos:
I) lidar
II) depender
“Ele é nossa principal tecnologia social, por meio da 
qual vivemos hoje.”
b) Pontue o período a seguir, empregando apenas um 
sinal de vírgula e um de dois pontos.
É aquela velha história se você coloca coisas caras em 
casa vai precisar pôr trancas nas portas e grades nas 
janelas. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o poema de Manuel Bandeira (1886-1968) para 
responder à(s) questão(ões) a seguir.
Poema só para Jaime Ovalle1
Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
Então me levantei,
Bebi o café que eu mesmo preparei,
Depois me deitei novamente, acendi um cigarro e fiquei 
pensando...
– Humildemente pensando na vida e nas mulheres que 
amei.
(estreLa da vida inteira, 1993.)
1Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista. Aproxi-
mou-se do meio intelectual carioca e se tornou amigo íntimo de 
Villa-Lobos, Di Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda e Manuel 
Bandeira. Sua música mais famosa é “Azulão”, em parceria com 
o poeta Manuel Bandeira. (Dicionário Cravo Albin da música po-
pular brasileira) 
14. (UNESP) O verso inicial do poema (“Quando hoje 
acordei, ainda fazia escuro”) pode ser visto como uma 
espécie de abertura narrativa, já que nele se observam 
dados indicadores de tempo (“quando”) e espaço (“fazia 
escuro”). Identifique no poema dois outros termos que 
também indicam circunstância temporal e acabam por 
reforçar seu caráter narrativo. Justifique sua resposta. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
15. (UEG) As manchetes jornalísticas caracterizam-se 
pela objetividade, evitando comentários avaliativos e/
ou explicações causais e descrições. Reescreva o texto 
em um período, explicitando informações avaliativas e 
descritivas subentendidas na manchete.
 23
INTERPRETAÇÃO 
DE TEXTOS 
 24
Arte rupestre 
É necessário que entendamos que os registros rupestres 
nos revelam dados materiais da vivência de povos muito 
antigos, especialmente de suas relações, como a caça, a 
pesca e outros tipos de contatos com animais. 
artista desconhecido – pintura rupestre de aLtamira (c.15000 a.c.)
As pinturas rupestres também foram encontradas no Bra-
sil, especialmente na região de São Raimundo Nonato, no 
Piauí e também nas regiões da Chapada Diamantina e 
Gruta do Sol, na Bahia. Elas apresentam motivos natura-
listas (humanos e animais em cenas de caça) ou motivos 
geométricos (círculos, cruzes e espirais).
artista desconhecido – pintura rupestre da 
gruta do soL (c.40000 a.c.)
Arte dos povos antigos
Arte egípcia
Engloba o período que vai de 2649 a.C. a 1070 a.C, abran-
gendo uma notável variedade de pinturas (em afrescos e 
papiros), esculturas, arquitetura, cerâmicas e outros ele-
mentos. Nesse período não havia ainda a distinção entre 
“arte” e “artesanato”, que surge no Renascimento.
As obras egípcias retratavam doutrinas políticas, sociais e 
espirituais, com função dinástica, religiosa e cultural. Ape-
sar de existirem alguns sistemas de regras para produção 
artística, nota-se grande criatividade no desenvolvimen-
to de certas obras. A arte egípicia alinha-se, portanto, a 
um ideal simbólico, com função, também, comunicativa 
(hieróglifos).
Arte grega
A arte grega, em seus primórdios, recebeu forte influência 
da produção artística egípcia. Destacam-se as produções 
escultóricas e a arquitetura do período. Também encontra-
mos pinturas, que, em geral, possuem como suporte vasos 
e ânforas.
Os gregos criaram várias obras de arte que enfeitavam 
templos e prédios públicos, celebrando vitórias em bata-
lhas e retratando pessoas famosas já mortas. Foi uma arte 
que idealizou um forte projeto realista de reprodução dos 
corpos, que em momento posterior influenciaria a arte do 
Renascimento.
Já na arquitetura, destacam-se o rápido desenvolvimento 
artístico na produção de elementos geométricos e simétri-
cos, e a preocupação com a ornamentação que compunha 
as colunas dos templos gregos, destacando-se as ordens 
dóricas e jônicas.
Arte românica
Denomina-se arte românica o período de produção artísti-
ca que ocorreu durante os anos de decadência do Império 
Romano depois das primeiras décadas do século III (o que 
também demarca o início da Era Medieval). Esse período 
ficou fortemente marcado por alterações na arquitetura, 
especialmente a dos templos religiosos.
As características mais significativas da arquitetura ro-
mânica são a utilização da abóbada, dos pilares ma-
ciços que a sustentam e das paredes espessas com 
aberturas estreitas usadas como janelas. A partir disso, 
temos construções bastante grandes e sólidas, chama-
das “fortalezas de Deus”.
LEITURA DE IMAGENS I (DA ARTE ANTIGA À ARTE MEDIEVAL)
 25
Renascimento
Possivelmente, o Renascimento é um dos períodos mais 
profícuos da história da arte. A consolidação da burgue-
sia instituiu na sociedade a figura do mecenas, que seria o 
grande financiador de pesquisas científicas (a fim de que 
a sociedade avançasse do ponto de vista da exploração 
socioeconômica) e culturais (as artes como consolidação 
da imagem do burguês na sociedade) do período.
Além disso, a valorização da razão, advinda da recuperação 
dos valores da Antiguidade Clássica, fez com que diminuísse 
a influência dos valores medievais, vinculados a uma visão de 
mundo católico-cristã.
Do ponto de vista estético, o investimento do mecenato fez 
com que houvesse grandes inovações artísticas no perío-
do. Os estudos aprofundados em geometria, perspectiva, 
anatomia humana e tridimensionalidade fizeram com que 
as obras artísticasganhassem uma dimensão de perfeição 
nunca antes vista. 
Devemos lembrar ainda que houve, nos países europeus, 
expressões distintas desses ideais, sendo comum a divisão 
entre renascimento italiano e renascimento alemão e dos 
países baixos.
Barroco
O contexto do Barroco está relacionado às grandes mu-
danças ocorridas na Europa da Idade Moderna, especial-
mente aos eventos relacionados, em um primeiro momen-
to, à Reforma Protestante, movimento que se sucedeu aos 
questionamentos feitos por Martinho Lutero a respeito das 
leituras bíblicas realizadas pela igreja católica.
Num segundo momento, temos uma agressiva reação por 
parte da igreja católica, que, aproveitando-se de incertezas 
que permeavam a mente das pessoas no período, reativou 
o Tribunal do Santo Ofício, além de ter dado origem ao Ín-
dex (o índice de livros proibidos) e à Companhia de Jesus. 
Toda essa pressão católica que recai sobre os indivíduos 
se torna visível na arte barroca, que volta a explorar com 
maior incidência os temas religiosos. 
No que diz respeito à parte estética, como resquício do Re-
nascimento, há o aprofundamento do realismo das formas 
corporais, com um trabalho mais frequente de arredonda-
mento das figuras, o que ofereceu uma sensação maior 
de movimento às figuras que compunham a obra. Por fim, 
intensifica-se o trabalho com a técnica do Chiaroscuro, que 
consistia na elaboração de técnicas de projeção e entra-
da de luz em relação a espaços mais escurecidos da obra, 
criando um contraste que foi usado até como elemento de 
diálogo com o tema religioso em voga.
Rococó e Neoclássico
O Rococó e o Neoclássico nasceram em Paris por volta de 
1720 e perduraram até aproximadamente 1770. Foram 
movimentos que operaram uma reação da aristocracia 
francesa contra o Barroco suntuoso, palaciano e solene 
praticado no período de Luís XIV. O Neoclássico, em par-
ticular, foi um movimento artístico que seguiu a tendência 
de aproximação com a retomada de um pensamento mais 
racional (marcada por uma nova retomada de certos valo-
res da antiguidade clássica). Os valores iluministas também 
interferiram no modo como a arte foi encarada no período 
(especialmente no apego à natureza como representação 
de uma materialidade mais racional).
Romantismo
O movimento romântico enfatizou a exasperação das emo-
ções, a turbulência da psicologia humana e a força terrível 
da natureza, muito maior do que a própria força humana 
(lembremos que, nos movimentos Rococó e Neoclássico, 
a natureza era vista como sinônimo de equilíbrio, base do 
sistema racional). Além disso, passava-se a viver um perío-
do histórico em que os indivíduos cada vez mais se afasta-
vam da noção de coletividade, entrando em um processo 
de individualismo cada vez mais incisivo.
Impressionismo
O Impressionismo foi um importante movimento que re-
volucionou a pintura e abriu as portas para a chegada das 
tendências da arte do século XX. Os artistas impressionis-
tas buscavam observar os efeitos da luz solar sobre obje-
tos em vários momentos do dia para poder registrar em 
suas obras as variações de cores da natureza. A pintura 
não apresentava dimensões realistas, mas sugeria (dava a 
impressão ao espectador) a figuração de algo. Os artistas 
do Impressionismo não chegaram propriamente a formar 
uma escola ou movimento, apenas compartilharam algu-
mas técnicas e procedimentos gerais. Os principais artistas 
do período foram Claude Monet e Pierre Auguste Renoir.
LEITURA DE IMAGENS II (ARTES DA ERA MODERNA)
 26
O Barroco e o Rococó no Brasil
O Barroco no Brasil se desenvolveu do século XVII ao iní-
cio do século XIX (quando já havia sido abandonado na 
Europa). Sua maior expressão ocorreu na arquitetura e na 
escultura, com predominância da temática religiosa. Já a 
pintura, em geral, foi realizada em afrescos dentro das igre-
jas, seguindo, evidentemente, o tema religioso.
No que diz respeito ao Rococó, algumas linhas desse estilo 
foram absorvidas pelos arquitetos do período (uma maior 
preocupação com o trabalho geométrico), mas sem que se 
bloqueassem por completo as influências barrocas. Nesse 
sentido, o Rococó no Brasil não apresentou muitas diferen-
ças em relação ao Barroco.
Primeira metade do século XIX no Brasil
A influência estrangeira da missão francesa
O início do século XIX no Brasil é marcado pela vinda da 
família real portuguesa. Dom João e sua comitiva desembar-
cam em território brasileiro, na Bahia, em 1808. No mesmo 
ano, se transferiram para o Rio de Janeiro. Oito anos depois, 
em 1816, chegou ao Brasil, a pedido do rei, a Missão Artísti-
ca Francesa, que consistia num conjunto de pintores que viria 
a fazer importantes registros de paisagens muito variadas do 
Brasil. Dentre esses pintores, destacaram-se Nicolas-Antoine 
Taunay e Jean-Baptiste Debret.
Esse mesmo grupo, no próprio ano de 1816, criou a Escola 
Real das Ciências, Artes e Ofícios. Mais tarde, no ano de 
1826, ela seria transformada na Academia Imperial de Be-
las-Artes, que traria para o Brasil, na segunda metade do 
século XIX, as influências do Romantismo, do Realismo e 
até do Impressionismo.
Segunda metade do 
século XIX no Brasil
Pintura acadêmica no Brasil 
e modernização da arte
Em meados do século XIX, com a presença da família real 
no Brasil, o país passou por um período de crescimento 
econômico, estabilidade social e de incentivo às artes, cons-
truído pelo governo do imperador Dom Pedro II. A presença 
da Academia Imperial de Belas Artes fez com que o Brasil 
passasse a ter produções de grandes pintores brasileiros. 
No entanto, como a pintura era estudada a partir de uma 
base acadêmica europeia, ela refletia ainda muitos dados 
conservadores dessa escola, especialmente a preocupação 
excessiva com o realismo
Superação do academicismo no Brasil
Os artistas que frequentavam a Academia Imperial se-
guiam padrões trazidos pela Missão Artística Francesa. 
O principal desses padrões consistia não numa simples 
imitação da realidade, mas em criar uma beleza ideal 
realística baseada na imitação dos modelos clássico, 
notadamente dos gregos. Nesse sentido, o caráter rea-
lista das obras era inspirado tanto no realismo europeu, 
quanto nos parâmetros renascentistas. No entanto, em 
finais do século XIX, muitos importantes artistas saíram 
do país e, ao retornarem, trouxeram a influência de ou-
tras experiências artísticas, especialmente o Impressio-
nismo e o Pontilhismo. Merecem destaque as obras dos 
pintores Belmiro Barbosa de Almeida e de Eliseu D´An-
gelo Visconti, que incorporaram a técnica de sensações 
a suas obras. 
Expressionismo
Movimento que surgiu entre os anos de 1904 e 1905 na Alemanha, inspirado na obra O grito (1893), de Edward Munch. 
Surge especificamente como um movimento de reação ao Impressionismo pois, enquanto este último se preocupava prio-
ritariamente com as sensações provocadas pela luz, o Expressionismo desejava retratar as inquietações psicológicas do ser 
humano no agitado início do século XX.
Cubismo
Movimento que surgiu a partir de Cézanne. A ideia dos cubistas era que os objetos se apresentassem a partir da ideia de um 
cubo desdobrado / aberto, com todos os seus lados no plano frontal em relação ao observador. Esse gesto faz com que se 
abandone a perspectiva e os dados tridimensionais.
LEITURA DE IMAGENS III (A ARTE MODERNA)
 27
Fauvismo
Foi um movimento pontual que surgiu na França em 1905. 
O nome do movimento surge da palavra “fauves” (feras), 
e foi dado pelo crítico de arte francês Louis Vauxcelles, por 
conta do modo agressivo e intenso com que os artistas 
usavam as cores puras, sem misturas ou matizes.
Além do uso intenso de cores puras, os artistas do Fauvis-
mo operaram uma simplificação das formas apresentadas. 
Todo esse trabalho com cores intensas e formas mais atí-
picas opera um deslocamento em relação a qualquer dado 
que fosse mais realístico.
Abstracionismo
Talvez seja o movimento que operou o afastamento mais 
radical da realidade. Caracteriza-se pela ausência de rela-
ção imediataentre as formas e as cores reais. Uma tela 
abstrata não narra uma história, nem oferece dados plena-
mente reconhecíveis.
Foi um movimento que cresceu bastante durante o período 
relacionado a era moderna da pintura, ganhando até algu-
mas distinções, como o abstracionismo geométrico que, ao 
invés de dispersar formas, traços e cores, passava a organi-
zá-las de modo geométrico. 
Surrealismo
O Surrealismo foi um movimento que esteve presente não 
só nas artes plásticas, mas também na literatura. Teve iní-
cio sob a liderança do escritor André Breton e tinha como 
objetivo provar que a arte não poderia ser resultado de 
operações racionais e lógicas, mas sim de pensamentos ab-
surdos e ilógicos. Nesse sentido, a instância do sonho, por 
exemplo, com suas imagens desconexas, passa a ser um 
ponto central para a estética surrealista. Além do sonho, 
os autores criavam “mecanismos” que os afastassem da 
realidade no momento da criação (o artista surrealista Joan 
Miró, por exemplo, costumava entrar em longos ciclos de 
jejum, a fim de que as alucinações da fome orientassem as 
imagens que surgiam em sua obra).
Futurismo
Como o próprio nome sugere, os futuristas valorizavam o fu-
turo e as modernizações que o acompanhavam. A velocidade 
e os processos de mecanização passavam a fazer parte inte-
grante da sociedade, e os artistas desse movimento deseja-
vam incorporam as sensações e percepções que essa moder-
nidade trazia. As linhas retas que eram incorporadas a suas 
telas tentavam reproduzir o movimento veloz das máquinas.
A influência da arte moderna no Brasil
Lasar Segall foi o primeiro artista a colocar o Brasil em con-
tato com as experiências artísticas europeias, ainda antes 
do início do movimento modernista. Na obra em destaque 
é possível notar a influência das vanguardas na arte bra-
sileira, especialmente as formas angulosas do cubismo e a 
variação de cores do fauvismo.
anita maLfatti – o homem amareLo (1915)
Anita Malfatti sofreu severas críticas de artistas mais con-
servadores quando da exposição de seu trabalho no Brasil, 
no ano de 1917. Posteriormente, recebeu apoio de diversos 
artistas que passavam a seguir as linhas de influência eu-
ropeia, sendo reconhecida hoje como uma das artistas que 
mais chamou a atenção para os novos modelos de produção 
do período, especialmente os trabalhos que envolviam o uso 
das cores, como podemos ver em O homem amarelo.
Outro importante autor do movimento modernista brasilei-
ro foi Vicente do Rego Monteiro. O autor viveu na Europa 
até 1917, quando retornou ao Brasil e participou da Sema-
na de Arte Moderna de 1922. As influências vanguardistas 
em sua obra são bastante notáveis, especialmente o traba-
lho com as formas geométricas circulares.
tarsiLa do amaraL – o mamoeiro (1925)
 28
Tarsila também produziu uma obra que expressava a jun-
ção das experiências vanguardistas – como os sólidos 
modelos cubistas que usava em seus quadros – com a 
materialidade das vidas brasileiras, muitas vezes colocan-
do temáticas que expressavam pontos de vista críticos em 
relação aos problemas sociais do brasileiro, especialmente 
em suas relações de trabalho.
candido portinari – café (1934)
Portinari foi outro importante pintor do período modernis-
ta. Suas obras retratam com frequência as relações de tra-
balho brasileiras (especialmente na terra) e o quanto elas 
parecem ser duras com os indivíduos, que nos seus quadros 
denotam sua força física por meio dos membros grandes e 
corpos volumosos, como vemos na imagem acima.
monumento às bandeiras - victor brecheret (1936 – 1953)
Na escultura, o maior destaque do modernismo brasileiro 
ficou por conta de Victor Brecheret, cujas obras afastaram-
-se da mera imitação da realidade e ganharam expressão 
por meio de formas geométricas de linhas simples.
A ampliação das bases artísticas
A arte contemporânea, para atingir o objetivo de criar ca-
minhos para que o espectador passe a integrar de alguma 
maneira a obra artística, irá trabalhar com matrizes varia-
das que vão para além da pintura e da escultura tradicio-
nais, passando a trabalhar com instalações em espaços, 
performances corporais e fazendo uso da natureza.
Pop Art
O movimento tem seu início na década de 1960, e vale-se 
de criações da civilização industrial a fim de constituir uma 
crítica irônica da cultura comercial de massa contemporâ-
nea. As obras artísticas irão absorver:
 § as imagens dessa cultura consumista
 § os dados do ambiente nacionalista americano
 § os produtos de consumo em si
 § os ícones da televisão, do rádio, dos quadrinhos e do 
cinema
Os artistas da Pop Art também se valem dessa estética do 
consumo para questionar os valores da arte, criando obras 
que seriam mais despretensiosas justamente por operar 
uma linguagem mais popular.
Instalações
A palavra instalação entra em uso no fim da década de 
1960, mas sua origem é em geral atribuída aos ready-ma-
des de Marcel Duchamp. Trata-se de montagens muitas 
vezes tridimensionais que transformam o espaço de ex-
posição em um ambiente imersivo (que faça o espectador 
interagir ou tomar parte na obra).
A princípio, as instalações eram consideradas obras lo-
calizadas, criadas muitas vezes para o espaço específico 
de uma galeria ou exposição. Com o passar dos anos, 
foram se estendendo para fora dos espaços dos museus e 
passaram a ganhar as ruas ou mesmo as residências dos 
próprios artistas, transformadas em instalações abertas 
à visitação.
Esse gesto de criar montagens amplas em espaços varia-
dos tinha como objetivo zombar da ideia de que a arte era 
comerciável e colecionável, consolidando uma nova ideia 
de arte pela arte. É evidente que, com o passar dos anos, 
muitos museus se modernizaram e passaram a constituir 
espaços que acolhessem melhor as instalações, e no que 
diz respeito à comercialização, quando não se vendia a 
montagem em si, o mercado de arte negociava os estudos 
preparatórios e as colagens que deram origem ao projeto, 
a fim de financiar os custos do projeto.
LEITURA DE IMAGENS IV (A ARTE CONTEMPORÂNEA)
 29
Novo realismo e arte performática
O novo realismo foi uma estética que surgiu em meados 
dos anos 1960, numa tentativa de se afastar de modo mais 
rígido do expressionismo abstrato que dominava o fim da 
década de 1950.
Trata-se de uma estética que surge em um contexto de 
pós-guerra, com crescentes avanços tecnológicos e grandes 
mudanças políticas que exigiam uma postura da arte que 
voltasse a promover uma aproximação com a realidade.
Era comum aos novos realistas a incorporação em suas 
obras de objetos que foram descartados no cotidiano, a 
fim de estabelecer uma crítica mais precisa às relações de 
consumo, ao desperdício, ou a tudo aquilo que a guerra 
representa de negativo. 
Os artistas também se pautavam por uma ideia de “des-
truição criativa”, que resultava em ações ou performances 
em que os indivíduos passavam a ser, efetivamente, parte 
integrante da obra artística.
Minimalismo
Outro projeto contemporâneo importante foi o Minimalis-
mo. O movimento visava, por meio de traços e formatos 
bastante simplificados, criar sugestões para que o espec-
tador constituísse as figurações e ideias em torno da obra. 
Foi um movimento que inspirou muitos trabalhos que pos-
teriormente forma realizados no Brasil. O movimento ca-
racteriza-se por trabalhar com peças simples, com formas 
geométricas quadradas ou retangulares que, embora se 
afastem de qualquer figuração mais precisa da realidade, 
podem, em alguns casos, sugerir algo.
Arte conceitual
A arte conceitual também surge em meados dos anos 
1960 como um desafio às classificações impostas à arte 
por museus e galerias, que costumavam afirmar ao público 
“isto é arte”. Nesse sentido, a arte conceitual vem como 
um movimento que insere a pergunta: o que é arte?
As raízes da arte conceitual remontam ao Dadaísmo, e têm 
como objetivo colocar um conceito à frente da obra de arte 
em si. Nesse sentido, promove-se uma reflexão não sobre o 
objeto, mas sobre a ideia queestá sobre esse objeto. Ela foi 
operada por meio de pinturas, esculturas e até performances.
Arte povera
A Arte povera, cuja tradução mais direta do italiano seria 
“arte pobre”, consistiu em um movimento que se afirma-
va como antielitista, e por esse motivo suas composições 
eram realizadas sempre com materiais muito simples, vin-
dos da natureza ou mesmo do lixo. 
Embora esse gesto remeta ao trabalho com os ready-ma-
des, que alguns anos antes havia sido incorporado pela 
Pop Art, os artistas da arte povera julgavam a crítica ao 
consumismo feita pela Pop Art muito esvaziada. Nesse sen-
tido, o uso de materiais comuns ou de elementos da natu-
reza passava a ser uma maneira de desafiar as tradições e 
estruturas clássicas da arte.
Op art
Outra importante tendência contemporânea foi a Op art (o 
nome é uma abreviação para Optical Art). Seu objetivo era 
criar uma interação com o espectador a partir de tentativas 
de manipulação de sua percepção visual. Os artistas usa-
vam ilusões e efeitos ópticos nas obras para promover um 
efeito psicofisiológico sobre o observador.
Land art
A Land art surge em finais dos anos 1960 buscando no-
vos materiais, temas e lugares para a prática artística. Os 
artistas desse movimento irão explorar o potencial da 
paisagem e do meio ambiente tanto por seus materiais 
quanto por sua localização. A principal ideia era: a na-
tureza agora faria parte da obra, ao invés de apenas ser 
representada por ela.
Os primeiros artistas da Land art foram americanos. Pos-
teriormente, esse modelo estético se difundiu por outros 
países da Europa. As obras realizadas consistiam em escul-
turas de monumentos feitas com a própria natureza.
Urban / Street art
A arte urbana se originou no fim da década de 1960 e 
início da década de 1970, na Filadélfia, com alguns gra-
fiteiros pioneiros da região, e alguns anos depois ganha 
notoriedade em Nova York. A princípio o grafite se con-
centrava na produção de “marcas”, que consistiam em 
um pseudônimo resumido inscrito em qualquer superfície 
pública disponível. 
Em momento posterior, as marcas evoluíram para “peças”, 
que eram ilustrações caligráficas grandes e extremamente 
complexas, feitas com o uso de latas de tinta spray e cuja 
principal mídia, se não única, era o sistema de transporte 
público, principalmente o metrô de Nova York.
Arte contemporânea no Brasil
No Brasil, a arte contemporânea também seguiu as ten-
dências que vimos nas escolas anteriores. Encontramos, 
às vezes, estéticas mais definidas (vinculadas a um estilo 
determinado) e em outros momentos encontramos cruza-
mentos estéticos.
 30
Arte concreta (1950 – 1960)
Entre os anos 1950 e 1960, durante o governo de Jusceli-
no Kubitschek, o Brasil começa a apresentar grande cresci-
mento econômico e avanços no campo da industrialização 
(que geraram aspirações em relação ao trabalho) e tam-
bém no da comunicação. A partir desses avanços, a arte 
concreta busca uma maior integração do trabalho de arte 
com a ideia de produção e avanço industrial. 
As obras apresentam maior crença na tecnologia, grande 
rigor geométrico, e na matemática, estruturando ritmos e 
relações. O desenho das obras é preciso, feito com régua 
e compasso, e utiliza, tanto no suporte, quanto na maté-
ria prima, materiais industrializados produzidos em série, 
como ferro, alumínio, tinta esmalte, entre outras.
Arte neoconcreta (1960 – 1970)
A arte neoconcreta surge em meio ao início da tensão políti-
ca e cultural que toma o país, além do início do regime militar 
no país. Seu projeto estético visava denunciar o excesso de 
dogmatismo da estética anterior (concretismo), fazendo arte 
segundo “receitas preestabelecidas”, e que terminavam - ao 
invés de integrar a arte na vida - submetendo-a a um esque-
ma de produção de potencial crítico e artístico zero.
O Manifesto Neoconcreto, apoiando-se na filosofia de 
Merleau-Ponty, recuperava o humano, reabilitando o 
sensível, procurando-o fazer fundamento de um conhe-
cimento real. Tinha a intenção de revitalizar o relaciona-
mento do sujeito com seu trabalho. Nesse período, desta-
cam-se as obras de Hélio Oiticica e Lygia Clark.
Outras experiências 
contemporâneas (pós-1970)
As produções artísticas mais recentes do Brasil preservam 
a integração entre o espectador e a obra. Para isso, os ar-
tistas se valem do acúmulo das várias experiências que 
ocorreram fora do país.
Entre as várias bases estéticas, vemos a apropriação de 
materiais do cotidiano, com proposta de releitura de ob-
jetos utilizados e ruptura com os suportes tradicionais 
(destacando-se, mais uma vez, a escultura e a arquitetura). 
Outro ponto importante é a exteriorização da obra de arte 
(ela não se encontra apenas em museus, mas busca ou-
tros espaços). Também temos uma resistência ao excesso 
de racionalismo visto no concretismo. Mais recentemente, 
ela também passa a se apropriar de discursos identitários 
(minorias e margens).
A fotografia surge no ano de 1839, a partir de uma pa-
tente mecânica criada por Louis Jacques Daguere (o da-
guerreótipo). A partir daí, o aparelho fotográfico o apare-
lho fotográfico evoluiu e permitiu a criação de diferentes 
momentos e escolas de fotografia.
Fotografia no século XIX
a) Imagens no daguerreótipo
As primeiras imagens no daguerreótipo, embora simples, 
muitas vezes eram manipuladas de modo a conseguir pers-
pectivas estéticas mais profundas.
b) Primeiros testemunhos fotográficos
Já na segunda metade do século XIX, encontram-se re-
gistros fotográficos que testemunhavam grandes eventos 
como encontros, batalhas ou descobertas científicas.
c) Instantaneidade e efeito
Uma das grandes dimensões estéticas do início da fotogra-
fia consistia em tentar, dentro das limitações do aparelho, 
criar imagens de tons mais naturalistas, que dessem uma 
real dimensão de registros da natureza, especialmente no 
que diz respeito aos usos de luz.
d) Ruas e sociedade
A partir do momento em que começam a se tornar mais 
“portáteis”, as câmeras fotográficas passam a ser utiliza-
das pelos artistas para registrar as mazelas sociais, resulta-
do da intensificação das desigualdades sociais na Europa 
da segunda metade do século XIX.
e) Fotografia e ciência
Entre meados e fins do século XIX, um número cada vez 
maior de cientistas se voltou para a fotografia a fim de do-
cumentar fenômenos e eventos naturais, assim como ob-
servar humanos e animais e suas relações de movimento. 
LEITURA DE IMAGENS V (A FOTOGRAFIA)
 31
Fotografia da primeira 
metade do século XX 
A fotografia da era moderna esteve muitas vezes próxima 
das estéticas estudadas na pintura. A fotografia da primeira 
metade do século XX nos mostra as primeiras tentativas de 
amadurecimento estético do gênero.
a) Trabalho mais cuidadoso com a imagem
herbert ponting – gruta num iceberg, o terra nova à distancia (1911)
Vemos que a imagem de Herbert Ponting já explora re-
lações de forma e profundidade, além de uma atenção 
bem específica para a questão da entrada de luz no espa-
ço. Também o cuidado “temporal” de fazer o registro no 
exato momento em que um barco passa ao fundo.
b) Registro de guerra
O trabalho fotográfico passa a fazer parte do registro de 
guerras na primeira metade do século XX. Os registros, até 
hoje marcantes, nos dão uma dimensão do absurdo e da 
violência que envolveram tais acontecimentos.
c) Experimentação e abstração
As perspectivas do abstracionismo também alcançaram 
a fotografia. Na tentativa de amadurecer o gênero este-
ticamente, surgiram registros fotográficos que distorciam 
a figuração.
d) Surrealismo
O surrealismo também teve parte de sua atuação vincula-
da à fotografia. A mesma perspectiva do sonho e do ab-
surdo que víamos na pintura também pode ser encontrada 
na fotografia.
e) Fotografias de rua
As fotografias de rua colocavam em prática a ideia do “ins-
tantâneo”, que consistiam em fotografias que registravam 
momentos muito particulares do cotidiano em enquadra-
mentos muitas vezes específicos ou inusitados.
Fotografia da segunda metadedo século XX até os dias atuais
Na segunda metade do século XX, até nossos dias, a fo-
tografia apresenta grandes avanços. Em alguns momen-
tos, seguirá mais próxima das perspectivas que vemos 
na pintura e, em outros, apresentará características mais 
particulares.
a) Performance e participação
A fotografia também explorou, assim como a pintura, pers-
pectivas relacionadas ao espectador participante em rela-
ções que envolviam performances.
b) Documentário
A fotografia também explorou as relações que documen-
tam grandes problemas sociais. Em geral, são fotografias 
marcas por forte intencionalidade, com objetivo de cons-
cientizar por meio do choque.
c) Paisagem alterada pelo homem
A fotografia também atendeu a demandas relacionadas a 
denúncias sobre degradação do meio ambiente; denúncias 
essas que, muitas vezes, geraram fotografias memoráveis.
d) Fotografia e globalização
Muitos artistas também discutiram as consequências (positi-
vas e negativas) da globalização no mundo contemporâneo.
wang Qingsong – siga-me (2003)
e) Rebelião e conflito
Também foram realizados importantes registros a respeito 
de rebeliões e conflitos (e suas consequências) que abala-
ram o mundo na segunda metade do século XIX.
 32
Quadrinhos
As histórias em quadrinhos são, em geral, publicadas no 
formato de revistas, livros ou em tiras veiculadas em re-
vistas e jornais. Aliás, tendo em vista as dimensões do 
vestibular (elaborado com provas que não possuem gran-
de espaço), o tipo mais comum de quadrinho que encon-
tramos são as “tiras”.
Tirinhas
Trata-se de um gênero textual que mais comumente apre-
senta temática humorística, mas também encontraremos 
(especialmente no vestibular) tirinhas de cunho social ou 
político, satíricas ou metafísicas (que propõem reflexões 
existenciais). 
Charges
Trata-se de um gênero que, trabalhando com as lin-
guagens verbal e não verbal, precisa estar em conso-
nância com os conhecimentos de mundo do interlo-
cutor, uma vez que o entendimento da mensagem só 
será efetivado se houver compreensão de contextos 
determinados.
Cartuns
Trata-se, portanto, de um gênero que, trabalhando com as 
linguagens verbal e não verbal, não depende de conheci-
mento de mundo mais específico, pois aborda situações 
mais amplas. 
Entende-se por gênero publicitário aquele que tem como objetivo principal fazer com que o interlocutor/ouvinte tome parte 
em alguma causa, seja ela comprar um produto ou aderir a uma ideia. São textos de cunho persuasivo, por isso estão com-
pletamente ligados à função apelativa/conativa da linguagem.
Os textos publicitários estão fortemente inseridos na sociedade contemporânea e, por esse motivo, estão presentes em mui-
tos vestibulares. Ao lado do gênero jornalístico, é dos que apresenta maior número de questões registradas.
A respeito do texto publicitário é sempre importante pensar a sua circulação e sua recepção.
A linguagem dos textos publicitários é marcada por uma maior flexibilidade em relação à gramática normativa. Como o 
objetivo básico desses textos é atingir rapidamente o interlocutor, é necessário que se opte, em alguns momentos, por uma 
linguagem mais coloquial/informal. Portanto, encontraremos muito frequentemente anúncios publicitários cujos textos 
apresentam “desvios” em relação à norma padrão.
QUADRINHOS, TIRINHAS, CHARGES E CARTUNS
O GÊNERO PUBLICITÁRIO 
 33
Dos vários tipos de gêneros existentes, o jornalístico é um 
dos mais amplos, pois envolve características pertencentes 
a vários tipos de composição textual. Por esse motivo é 
também um dos gêneros mais trabalhados em provas de 
vestibulares e no ENEM. 
A notícia
A notícia é um dos elementos que compõem o gênero jor-
nalístico. Está espalhada pelos mais diversos meios de co-
municação (jornais, revistas, rádio, internet). Tecnicamente, 
podemos dizer que a notícia se caracteriza pelo puro 
registro de fatos, sem que haja a emissão de opi-
nião da pessoa que a escreve. O objetivo básico de 
uma notícia é transmitir informações a um leitor de ma-
neira objetiva e precisa. A partir dessa definição, podemos 
inferir que a notícia trabalha pelos mesmos termos da fun-
ção referencial da linguagem (buscar informações de um 
referente no mundo, e transmiti-las objetivamente).
Reportagem
A reportagem também é um tipo de gênero jornalístico que 
costuma apresentar textos mais longos e bastante detalha-
dos. A reportagem costuma retratar a observação direta de 
um repórter sobre acontecimentos e situações específicas.
Artigo de opinião e editorial
Os artigos de opinião e editoriais também são parte do 
gênero jornalístico e têm como característica serem textos 
que articulam notícias a partir de elementos argu-
mentativos. Existem algumas pequenas diferenças entre 
os dois estilos de texto. O artigo expressa um ponto de 
vista da pessoa que o assina, e geralmente aborda ques-
tões sociais, políticas e culturais. Sua condução é feita com 
elementos argumentativos que tentam persuadir o leitor 
da opinião que está sendo apresentada.
Já o editorial manifesta a opinião não de um indivíduo, mas 
de um órgão de imprensa como um todo, por esse moti-
vo não é assinado por um particular (não expressa ponto 
de vista particular). Costumam abordar temas de grande 
projeção nacional ou internacional, também sobre temas 
sociais, políticos ou culturais. Embora sua condução tam-
bém apresente elementos argumentativos de persuasão, o 
editorial costuma ser mais equilibrado e informativo do que 
o artigo de opinião.
Também conhecidos como injuntivos, os textos técnicos são utilizados não apenas como elemento informativo, mas princi-
palmente como elemento instrucional (que ensina alguém a fazer algo a respeito de algum assunto). É um tipo de texto que 
muitos confundem com o texto de divulgação científica, uma vez que ambos são escritos por um especialista da área. Mas 
há uma diferença essencial: no texto técnico há a preferência por uma linguagem mais especializada (complexa), enquanto 
os textos de divulgação científica têm como objetivo apresentar para o grande público uma pesquisa científica/técnica em 
linguagem mais acessível. Essa diferença na abordagem se dá justamente por conta dos objetivos finais desses textos: cien-
tífico informa e divulga; técnico informa e ensina.
TEXTO JORNALÍSTICO
TEXTOS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS
 34
U.T.I. - Sala 
1. (UNICAMP) Ao analisar A primeira missa no Brasil, 
obra de 1860, feita por Victor Meirelles e exposta atu-
almente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de 
Janeiro, o historiador Rafael Cardoso inseriu o quadro 
no gênero da pintura histórica. Para o autor, tal gênero 
“deveria partir de um grande e elevado tema e mostrar 
o domínio do pintor de um amplo leque de informações 
não pictóricas. Ou seja, em meados do século XIX, tanto 
a correção da indumentária representada quanto o es-
pírito cívico da obra eram sujeitos a exame detalhado. 
O quadro teria grandes formatos, composições comple-
xas e perfeito acabamento. A realização de uma pintura 
assim poderia levar anos e geralmente correspondia a 
um atestado de amadurecimento do pintor.” 
adaptado de rafaeL cardoso, a arte brasiLeira em 25 Quadros 
(1790-1930). rio de Janeiro/são pauLo: record, 2008, p. 54-55.
a) Explique as razões pelas quais podemos considerar 
que a obra em questão é baseada em uma noção de 
história oficial e heroica.
b) Qual era a visão predominante dos integrantes da 
Semana de Arte Moderna de 1922 em relação à arte 
acadêmica? Justifique sua resposta. 
2. (FUVEST) Examine estas imagens, que reproduzem, 
em preto e branco, dois quadros da pintura brasileira.
a) Identifique o movimento artístico a que elas per-
tencem e aponte uma característica de sua proposta 
estética. 
b) Cite e caracterize um evento brasileiro importante 
relacionado a esse movimento. 
3. (UNESP 2018) Examine a tira do cartunista argentino 
Quino (1932-) para responder à questão a seguir
a) Na tira, o que cada um dos dois grupos de pessoas 
representa?
b) Em português, empregamos a seguinteexpressão: 
“o tiro saiu pela culatra”. Explicite o sentido dessa ex-
pressão e a relacione com a crítica veiculada pela tira. 
4. (UNICAMP) 
TEXTO I 
Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da 
condição de pobreza absoluta (rendimento médio do-
miciliar per capita até meio salário mínimo mensal), 
permitindo que a taxa nacional dessa categoria de po-
breza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%. 
No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio 
domiciliar per capita de até um quarto de salário míni-
mo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões 
de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou 
reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de po-
breza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008. 
(dimensão, evoLução e proJeção da pobreza por região e por 
estado no brasiL, comunicados do ipea, 13/07/2010, p. 3.) 
TEXTO II
a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, 
presentes no TEXTO II, a dois conceitos que são abor-
dados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e expli-
que por que eles podem ser relacionados às noções de 
miséria e pobreza. 
b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre 
como a charge constrói essa crítica. 
 35
5. (FUVEST) Examine a seguinte matéria jornalística: 
Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama 
Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser 
João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos. 
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá 
medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva 
depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”. 
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de 
pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não 
vou dormir na rua”. 
www1.foLha.uoL.com.br, 19/03/2014. adaptado. 
a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique. 
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada corrente e informal. 
Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica, também presentes nessas declarações. 
U.T.I. - E.O.
1. (UNICAMP 2019) O texto a seguir, publicado junto com a charge abaixo, foi escrito em homenagem a Marielle 
Franco, mulher negra, da favela, socióloga, vereadora do Rio de Janeiro. Defensora dos Direitos Humanos, Marielle foi 
morta a tiros no dia 14 de março de 2018, no Estácio, região central da cidade.
O luto por Marielle me conduz ao poema A flor e a náusea de Carlos Drummond, cada dia mais atual, nos lembrando 
que “o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera”. Ele 
pergunta: “Posso, sem armas, revoltar-me?”. O inimigo está com a faca, o queijo, os fuzis e as balas na mão, o que 
aumenta nosso sentimento de impotência. Drummond me mostra a flor furando “o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio” 
e, dessa forma, “me salvo e dou a poucos uma esperança mínima”. A poesia, território onde os assassinos não entram, 
tem esse poder milagroso de colocar ao nosso alcance a arma da razão com muita munição de esperança.
(adaptado de José ribamar bessa freire, “uma toada para marieLLe: a fLor Que fura o asfaLto”. a charge 
de Quinho foi encontrada na internet peLo autor da crônica. disponíveL em http://www.taQuiprati.com.br/
cronica/1387-uma-toada-para-marieLLe-a-fLor-Que-fura-o-asfaLto. acessado em 03/09/2018.)
a) Segundo o dicionário Michaelis, “estar com a faca e o queijo na mão” significa “ter poder amplo e irrestrito”. Como 
isso aparece no trecho da crônica e na charge?
b) Como a ideia de “munição de esperança” está expressa na charge e no poema citado? 
 36
2. (FUVEST 2019) Examine o anúncio e leia o texto.
I. 
II. Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada 
exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção 
em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência.
http://www.pLanaLto.gov.br/cciviL_03/Leis/2003/L10.803.htm
a) Explique a relação de sentido entre os trechos (I) “Escravidão no Brasil não é analogia” e (II) “Reduzir alguém a con-
dição análoga à de escravo”.
b) Qual a relação entre o uso da imagem sobre um fundo escuro e o texto do anúncio? 
3. (UNESP 2018) Examine as tiras do cartunista americano Bill Watterson (1958 - ).
a) Na tira 1, como o garoto Calvin interpreta o choro da mãe? Reescreva a última fala de Calvin, substituindo o verbo 
“antropomorfiza” por outro de sentido equivalente.
b) Na tira 2, a pergunta do tigre Haroldo poderia ser considerada uma resposta para a pergunta de Calvin? Justifique. 
4. (UNICAMP 2018) Canção é tudo aquilo que se canta com inflexão melódica (ou entoativa) e letra. Há um “artesana-
to” específico para privilegiar ora a força entoativa da palavra ora a forma musical; nem só poesia nem só música. Um 
dos equívocos dos nossos dias é justamente dizer que a canção tende a acabar porque vem perdendo terreno para 
o rap! Ora, nada é mais radical como canção do que uma fala que conserva a entoação crua. A fala no rap é entoada 
com certa regularidade rítmica, o que a torna diferente de uma fala usual. Apesar de convivermos hoje “com uma 
diversidade cancional jamais vista”, prevalece na mídia, nos meios cultural e musical “a opinião uniforme de que es-
tamos mergulhados num ‘lixo’ de produção viciada e desinteressante”. Vivemos uma descentralização, com eventos 
 37
musicais ricos e variados, “e a força do talento desses 
novos cancionistas também não diminuiu”. 
O rap serve-se da entoação quase pura, para transmitir 
informações verbais, normalmente intensas, sem per-
der os traços musicais da linguagem da canção. Seu for-
mato, menos música mais fala, é ideal para se fazer pro-
nunciamentos, manifestações, revelações, denúncias, 
etc., sem que se abandone a seara cancional. Podemos 
dizer que o trabalho musical, no rap, é para restabelecer 
as balizas sonoras do canto, mas nunca para perder a 
concretude da linguagem oral ou conter a crueza e o 
peso de seus significados pessoais e sociais. Atenuar a 
musicalização é reconhecer que as melodias cantadas 
comportam figuras entoativas (modos de dizer) que 
precisam ser reveladas por suas letras. 
(adaptado de Luiz tatit. artigos disponíveis em http://www.Luiztatit.
com.br/artigos/artigo?id=29/cancionistas- invis%c3%adveis.
htmL e http://www.scieLo.br/pdf/rieb/n59/0020-3874-
rieb-59-00369.pdf. acessados em 11/12/2017.) 
A partir da leitura dos textos acima, 
a) aponte dois argumentos de Luiz Tatit que defen-
dem a ideia de que o rap é um tipo de canção. 
b) cite duas características, apresentadas nos textos, 
que corroboram que o rap é uma forma ideal de “can-
ção de protesto”.
5. (UNICAMP 2018) Leia a seguir trechos das entrevistas 
concedidas pelo escritor chileno Alejandro Zambra ao 
jornal Folha de São Paulo e à revista Cult sobre seu livro 
Múltipla Escolha, lançado no Brasil em 2017. A obra imita 
o formato da Prova de Aptidão Verbal aplicada de 1966 a 
2002 aos candidatos a vagas em universidades no Chile. 
Falando à Folha, Zambra afirma que havia na prova de 
múltipla escolha “uma grande sintonia com a ditadura 
chilena. Para entrar na universidade, teríamos que saber 
eliminar as orações. Havia censura, e nos aconselhavam 
a censurar”. E acrescenta que o sistema educacional 
moldava o pensamento dos alunos com “a ideia de que 
só existe uma resposta correta.” 
Abordando o sentido crítico daescolha desse formato 
para a narrativa, o autor explica à Cult que, tendo sido 
criado nesse sistema, interessava-lhe mais a autocríti-
ca. Escrevendo uma espécie de novela, lembrou-se da 
prova e começou a brincar com esse formato. “No co-
meço foi divertido, como imitar as vozes das pessoas, 
mas logo me dei conta de que também imitava minha 
própria voz, até que de repente entendi que esse era o 
livro. A paródia e a autoparódia, a crítica e a autocrítica, 
o humor e a dor...” O formato de prova oferece diversas 
opções para completar e interpretar cada resposta, mas 
pede ao leitor um movimento duplo de leitura: testar 
possibilidades de respostas e erigir uma opção única e 
arbitrária. Zambra esclarece: “me interessam todos es-
ses movimentos da autoridade. A ilusão de uma respos-
ta, por exemplo. Creio que este é um livro sobre a ilusão 
de uma resposta. Nos ensinaram isso, que havia uma 
resposta única, e logo descobrimos que havia muitas 
e isso às vezes foi libertador e outras vezes foi terrível. 
Quem sabe algumas vezes nós também quisemos que 
houvesse uma resposta única.” 
(adaptado de entrevistas de aLeJandro zambra concedidas ao 
JornaL foLha de são pauLo e à revista cuLt em maio de 2017. 
disponíveis em https://revistacuLt.uoL.com.br/home/aLeJandro-
zambra-muLtipLa-escoLha/ e em http://www1.foLha.uoL.com.br/
iLustrada/2017/05/1885551 -Literatura-esta-Ligada-a-desordem-diz-
escritor-chiLeno-aLeJandro-zambra.shtmL. acessados em 11/12/2017.) 
a) Cite dois fatores que levaram Zambra a adotar a 
forma narrativa empregada em Múltipla Escolha. 
b) Por que Múltipla Escolha não funciona como a Pro-
va de Aptidão Verbal chilena? Justifique sua resposta 
com base no tipo de leitor solicitado pela obra.
6. (UNESP) Examine a tira do cartunista argentino Quino (1932- ).
Pelo conteúdo de sua redação, depreende-se que o personagem Manuel Goreiro (o “Manolito”), além de estudar, 
exerce outra atividade. Transcreva o trecho em que esta outra atividade se mostra mais evidente.
No trecho “As lojas fecham mais tarde por quê não escurese mais tamcedo”, verificam-se alguns desvios em relação 
à norma-padrão da língua. Reescreva este trecho, fazendo as correções necessárias.
Por fim, reescreva o trecho final da redação (“nós ficamos muito mais contentes com a primavera com a chegada 
dela”), desfazendo a redundância nele contida. 
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7. (UNICAMP) Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio “Para que servem as humanidades?”, de Leyla Perrone-Moisés.
As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alon-
gamento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país 
e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de 
entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo 
informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilha-
çado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir 
conhecimento; para “agregar valor”, como se diz no jargão mercadológico. Os cursos de humanidades são um es-
paço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de 
universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles 
estudam e à qual servem.
adaptado de LeyLa perrone-moisés, para Que servem as humanidades? foLha de são pauLo, são pauLo, 30 Jun. 2002, caderno mais!.
a) As expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra, 
produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os.
b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “eles” e “à qual”. Aponte a que se refere, respecti-
vamente, cada um desses elementos. 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi substituído por X, para responder às questões a 
seguir.
8. (FUVEST) Compare os diversos elementos que compõem o anúncio e atenda ao que se pede.
a) Considerando o contexto do anúncio, existe alguma relação de sentido entre a imagem e o slogan “É DIFERENTE 
QUANDO VOCÊ CONHECE”? Explique.
b) A inclusão, no anúncio, dos ícones e algarismos que precedem o texto escrito tem alguma finalidade comunicativa? 
Explique. 
 39
9. (FUVEST) 
Limite inferior 
Aprendi muito com o economista-filósofo Roberto de 
Oliveira Campos, particularmente quando tive a honra 
e a oportunidade de conviver com ele durante anos na 
Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e assistía-
mos aos mesmos discursos, alguns muito bons e sábios. 
Frequentemente, diante de alguns incontroláveis cole-
gas que exerciam uma oratória de alta visibilidade, com 
os dois braços agitados tentando encontrar uma ideia, 
Roberto me surpreendia com a afirmação: “Delfim, aca-
bo de demonstrar um teorema”. E sacava uma mordaz 
conclusão crítica contra o incauto orador. 
Um belo dia, um falante e conhecido deputado ensurde-
ceu o plenário com uma gritaria que entupiu os ouvidos 
dos colegas. A quantidade de sandices ditas no longo 
discurso com o ar de quem estava inventando o mundo 
fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de 
supetão: “Delfim, construí um axioma, uma afirmação 
preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: 
a ignorância não tem limite inferior”. E completou, com 
a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele 
poderemos construir mundos maravilhosos”. 
netto, antonio deLfim, foLha de s. pauLo, 17/09/2014. adaptado. 
a) Explique por que o axioma formulado por Roberto 
de Oliveira Campos tornaria possível “construir mun-
dos maravilhosos”. 
b) Identifique o trecho do texto que explica o empre-
go da expressão “oratória de alta visibilidade”. 
10. (FUVEST) Entrevistado por Clarice Lispector, para a 
pergunta “Como você encara o problema da maturi-
dade?”, Tom Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um 
verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível 
prenda...’ Não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas 
também mais exigente”. 
Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema 
“A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e 
sua versão correta é: “A madureza, essa terrível prenda”. 
a) Aponte dois recursos expressivos empregados pelo 
poeta na expressão “terrível prenda”. 
b) Reescreva a resposta de Tom Jobim, eliminando as 
marcas de coloquialidade que ela apresenta e fazen-
do as alterações necessárias. 
11. (UNICAMP) TENHO PENA DOS ASTRÔNOMOS.
Eles podem ver os objetos de sua afeição – estrelas, 
galáxias, quasares – apenas remotamente: na forma de 
imagens e telas de computador ou como ondas lumino-
sas projetadas de espectrógrafos antipáticos.
Mas, muitos de nós, que estudam planetas e asteroi-
des, podem acariciar blocos de nossos amados corpos 
celestes e induzi-los a revelar seus mais íntimos segre-
dos. Quando eu era aluno de graduação em astronomia, 
passei muitas noites geladas observando por telescópios 
aglomerados de estrelas e nebulosas e posso garantir 
que tocar um fragmento de asteroide é mais gratificante 
emocionalmente: eles oferecem uma conexão tangível 
com o que, de outra forma, pareceria distante e abstrato.
Os fragmentos de asteroides que mais me fascinam são 
os condritos. Esses meteoritos, que compõem mais de 
80% dos que se precipitam do espaço, derivam seu nome 
dos côndrulos que praticamente todos contêm - minús-
culas esferas de material fundido, muitas vezes menores 
do que um grão de arroz. (...) Quando examinamos finas 
fatias de condritos sob um microscópio, ficamos sensibi-
lizados da mesma maneira como quando contemplamos 
pinturas de Wassily Kandinsky e outros artistas abstratos.
(aLan e. rubin*, segredos dos meteoritos primitivos.
scientific american brasiL. março 2013, p. 49.)
* Alan E. Rubin é geofísico e leciona na Universidadeda Califórnia.
a) Esse trecho, que introduz um artigo científico sobre 
meteoritos primitivos, apresenta um estilo pouco usual 
nessa espécie de texto. Indique duas expressões no-
minais ou verbais do texto que identificam esse estilo.
b) Nesse trecho, ocorre uma alternância entre o uso 
da primeira pessoa do singular e o da primeira pessoa 
do plural. Dê uma justificativa para o uso dessa alter-
nância na passagem. 
12. (UNICAMP)
a) Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens, cores, organização gráfica, etc. Indique 
dois exemplos, do infográfico reproduzido acima, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal.
b) Considerando o veículo em que foi publicado, a revista Planeta Sustentável, qual é a finalidade desse infográfico? 
 40
13. (UNICAMP) 
A intervenção urbana acima reproduzida foi criada pelo 
Coletivo Transverso, um grupo envolvido com arte urba-
na e poesia, que afixou cartazes como esses em muros 
de uma grande cidade.
a) Que outro texto está referido em “SEGURO MOR-
REU DE TÉDIO”?
b) A relação entre os dois textos – o do cartaz e aquele 
a que ele remete - é importante para a interpretação 
dessa intervenção urbana? Justifique sua resposta. 
14. (FUVEST) Leia este texto:
Entre 1808, com a abertura dos portos, e 1850, no auge 
da centralização imperial, modificara-se a pacata, fecha-
da e obsoleta sociedade. O país europeizava-se, para 
escândalo de muitos, iniciando um período de progres-
so rápido, progresso conscientemente provocado, sob 
moldes ingleses. O vestuário, a alimentação, a mobília 
mostram, no ingênuo deslumbramento, a subversão dos 
hábitos lusos, vagarosamente rompidos com os valores 
culturais que a presença europeia infiltrava, justamente 
com as mercadorias importadas. O contato litorâneo das 
duas culturas, uma dominante já no período final da se-
gregação colonial, articula-se no ajustamento das econo-
mias. Ao Estado, a realidade mais ativa da estrutura so-
cial, coube o papel de intermediar o impacto estrangeiro, 
reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas.
raymundo faoro, os donos do poder.
a) Considerado o contexto, é inteiramente adequado 
o emprego, no texto, das expressões “europeizava-
-se” e “presença europeia”? Explique sucintamente.
b) As palavras “litorâneo” e “temperatura” foram 
usadas, ambas, no texto, em seu sentido literal? Jus-
tifique sua resposta. 
15. (UNICAMP) Leia a propaganda (adaptada) da Funda-
ção SOS Mata Atlântica reproduzida abaixo e responda 
às questões propostas.
a) Há no texto uma expressão de duplo sentido sobre 
a qual o apelo da propaganda é construído. Transcre-
va tal expressão e explique os dois sentidos que ela 
pode ter.
b) Há também uma ironia no texto da propaganda, 
que contribui para o seu efeito reivindicativo, expres-
sa no enunciado: “Aproveita enquanto tem água.” 
Explique a ironia contida no enunciado e a maneira 
como ele se relaciona aos elementos visuais presen-
tes no cartaz.
 41
LITERATURA
 42
CaraCTEríSTICaS dO rOmanCE rEgIOnalISTa dOS anOS 1930
Um Realismo crítico
Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz e Erico Verissimo formam o 
elenco de escritores que inaugurou, no século XX, a linha do Realismo crítico, representando problemas gerais do Brasil e outros 
específicos de determinadas regiões.
O movimento em questão em nada se relacionava ao mero pitoresco regional ou às situações folclóricas particulares de cada 
local. Trata-se de uma literatura que traz para a reflexão problemas sociais marcantes do momento em que as obras foram escritas. 
Destinado a provocar a conscientização, o romance regionalista tem como proposta criticar para denunciar uma questão social, 
contribuindo, assim, para sua solução.
Os regionalismos
Para uma melhor compreensão da literatura regionalista crítica que se desenvolveu a partir dos anos 1930, é possível dividir a 
produção ficcional em vários aspectos regionalistas.
Romances da seca nordestina
São aqueles cuja temática centrou-se na grande tragédia cíclica nordestina: a seca. O principal enfoque dos romancistas 
nordestinos volta-se para a figura do vaqueiro e de sua família, flagelados no tempo da seca, expostos à inclemência da 
fome e da falta de trabalho.
Um quadro comum aos romances regionalistas da seca é o retirante, andando com seus familiares em busca de abrigo e de 
comida, cena que aparece tanto em O quinze, de Rachel de Queiroz, como em A bagaceira, de José Américo de Almeida, e, 
sobretudo, no eixo do já clássico Vidas secas, de Graciliano Ramos.
Quadro geral do regionalismo dos anos 1930
autores obra principal região/assunto
José Américo de Almeida
Rachel de Queiroz
Graciliano Ramos 
José Lins do Rego
Jorge Amado
Érico Veríssimo
A bagaceira
O quinze
Vidas secas
Fogo morto
Gabriela, cravo e canela
O tempo e o vento
Sertão nordestino/seca
Sertão nordestino/seca
Sertão nordestino/seca
Sertão nordestino/engenho e cangaço
Sertão nordestino/cacau, religião e amor
Pampa gaúcho e cidade/colonização, história e dramas urbanos
FICçãO ExpErImEnTal
As experimentações que acrescentaram direções novas ao 
cursor literário no Brasil ganharam corpo com a publica-
ção, em 1943, do romance Perto do coração selvagem, de 
Clarice Lispector. Nessa obra, a escritora esmiúça o interior 
do ser humano, dando à luz a grandeza da vida e do signi-
ficado das experiências dos seres.
Três anos mais tarde, em 1946, Guimarães Rosa publicou o 
livro de contos Sagarana, no qual as regiões brasileiras dos 
sertões indefinidos transcendiam o âmbito da realidade 
histórica e transformavam-se em espaços de seres míticos.
Clarice Lispector aproximou da palavra escrita o ato de 
pensar e de narrar com grande criatividade, e Guimarães 
Rosa realizou uma verdadeira alquimia verbal ao fundir 
na palavra sua experiência pessoal à experiência coletiva. 
SEGUNDA FASE DO MODERNISMO: PROSA
TERCEIRA FASE MODERNISTA
 43
POESIA NO BRASIL: 1960 - 1980
Os escritos de Clarice revelam uma ficcionista de aguda 
sensibilidade, o que levaria a crítica literária ao espanto 
diante de sua obra. Perplexos também ficaram os críticos 
com as obras de Guimarães Rosa, cujas ousadias mórficas 
estabeleceram uma completa transformação linguística na 
literatura ao recriar o mundo sertanejo.
Características de ficção do 
terceiro tempo modernista
Narrativas interiorizadas: 
fluxo da consciência
Uma das marcas mais flagrantes da ficção experimental é 
a interiorização da narrativa – o chamado fluxo da consci-
ência. Geralmente, as narrativas são centradas em momen-
tos de vivência interior dos personagens. Acontecimentos 
exteriores provocam a interiorização. É assim em Grande 
sertão: veredas, de Guimarães Rosa, em que Riobaldo – 
personagem central – vê-se impelido a “lembrar” os acon-
tecimentos que viveu, em um longo monólogo, a partir de 
um evento cotidiano rotineiro, que é o ato de praticar tiro 
ao alvo no terreiro.
A geração de 1945 foi fortemente marcada pela questão es-
tética. A aventura da linguagem, a preocupação com a forma 
e com o rigor do texto tornaram-se o objetivo básico dessa 
geração, cujos nomes são de grande expressão poética.
Depois de 1950, os poetas do primeiro momento do pós-
-guerra dividiram-se, partindo para experimentações dife-
rentes. Alguns permaneceram no esteticismo formalista, 
outros se encaminharam para uma poesia participante, 
como Thiago de Melo e Ferreira Gullar – um dos poetas 
mais importantes do terceiro tempo modernista. Os po-
etas José Paulo Paes, Afonso Ávila, Affonso Romano de 
Sant’Anna, Adélia Prado e Ilka Laurito voltaram-se para as 
tensões sociais do mundo contemporâneo.
Vanguarda concretista
Em 1956, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, foi 
lançado oficialmente o Movimento da Poesia Concreta, na 
Exposição Nacional de Arte Concreta. A poesia concreta 
logo ganhou adesões e apoios, mas também comentários 
espantados e repúdios em face da desintegração total do 
verso tradicional e da nova adaptação da palavraao es-
paço visual – no que competia com as artes plásticas, ao 
apresentar o mesmo despojamento que se vê nas formas 
da arquitetura de Brasília.
Em fevereiro de 1957, a mesma exposição foi transferida 
para o saguão do Ministério da Educação e Cultura, no Rio 
de Janeiro.
O Concretismo era visto por alguns como um fenômeno, 
um produto desorientado, sem rumos, a exemplo do que 
acontecia na música, com o rock’n roll, e no Cinema Novo, 
com Glauber Rocha. Outros, entretanto, viram no Concre-
tismo a mesma disciplina da então iniciante Bossa Nova, 
capitaneada pelo músico e compositor João Gilberto.
O Concretismo deu origem a outras manifestações poéticas.
CaraCTEríSTICaS dO 
COnCrETISmO
Desintegração do verso
Como unidade do poema, o verso deu lugar à palavra, 
que passou a ser manifestada, simultaneamente, em três 
dimensões:
Da consciência para o inconsciente
A consciência de um ou mais personagens é flagrada e re-
latada numa época qualquer em lugar qualquer. Assim se 
dá também nos romances e contos de Clarice Lispector: um 
acontecimento pode liberar ideais que vão até o inconsciente 
da personagem.
Narrativas em primeira pessoa
A narração em primeira pessoa não é um mero acaso na 
ficção desse tempo. Ela proporciona ao relato um intimis-
mo inigualável, assim como lhe outorga verossimilhança. 
O narrador funciona como uma pessoa que confessa e o 
leitor ou ouvinte, como confidente.
na pOESIa
João Cabral de Melo Neto
Ficou conhecido por ser o “poeta engenheiro”; Sua obra 
apresenta certo formalismo e rigor poético na mesma me-
dida em que toca temas do cotidiano com simplicidade e 
didática. Tenta construir uma obra que eduque. É o autor de 
Morte e Vida Severina (1966) e O cão sem plumas (1950).
 44
 § verbal (aspecto sintático e semântico);
 § oral (aspecto sonoro); e
 § visual (aspecto gráfico).
A palavra libertou-se da distribuição linear da linguagem ver-
bal e aproximou-se do imediatismo da comunicação visual; o 
espaço de papel passou a integrar o significado do poema.
Incorporação de técnicas visuais
A proximidade com as artes plásticas e visuais provocou 
um “diálogo” entre poetas e pintores concretistas que, nos 
anos 1950, pontificaram no Brasil e fora dele. Técnicas pró-
prias de outras artes passaram a ser utilizadas para compor 
o poema: colagens, desenhos, grafismos, fotografias.
póS-vangUarda E 
pOESIa margInal
Nos tristes e repressivos anos 1970, a poesia rompeu o 
compromisso com a realidade, com o intelectualismo e 
com o hermetismo modernista e partiu para ser marginal, 
diluidora, anticultural, pós-modernista.
Sem constituir um movimento unificado, poetas jovens de-
clararam-se marginais e surgiram de norte a sul do País, 
espalhando que a poesia perdera a pompa e a solenidade 
e decretando o fim da modernidade – e o início da pós-mo-
dernidade, nome empregado, inicialmente, para denominar 
uma literatura, cuja marca traz a resistência à ditadura mi-
litar como emblema.
Características da poesia marginal
Cumpre ressaltar, de início, que o adjetivo “marginal” refere-
-se exclusivamente à opção dos poetas de não se integrarem 
ao sistema estabelecido. É, portanto, uma exclusão voluntária.
Explorando todas as possibilidades do papel – folhetos, 
jornais – os artistas desse movimento foram às praças, 
aliaram-se à música e organizaram exposições. 
Poesia mutante
A poesia que floresceu nos anos 1970 é inquieta, anárquica: 
não se filia a nenhuma estética literária em particular, embo-
ra se possam encontrar nela traços de algumas vanguardas 
que a precederam, como o Concretismo dos anos 1950 a 
1960 e o poema-processo.
Os jovens poetas posicionaram-se contra as portas 
fechadas da ditadura, contra o discurso organizado, 
contra o discurso culto, contra a poesia tradicional e/
ou universal.
A poesia saiu da página impressa do livro e ganhou as 
ruas, os muros, os sanitários públicos, as margens de ou-
tros textos em forma de carona literária. Estava em folhetos 
mimeografados, distribuídos de mão em mão, em bares, 
praias, feiras, em qualquer parte.
Poesia de domínio público
A opção por ser marginal, por estar fora dos circuitos co-
merciais do livro, circular de mão em mão, estar pichada 
nos muros, impressa em folhetos jogados do alto de edifí-
cios, fez dessa poesia um trabalho coloquial e lúdico, que 
se voltou para a realidade mais imediata.
A descontração foi sua marca registrada. Com ela houve 
certa alegria, uma forma de enfrentar a dureza dos dias 
em que “falar de flores é quase um crime”, como diz Ber-
told Brecht.
Vale destacar que a década de 60 é marcada pelo Golpe Mi-
litar de 64, questão que, sem sombra de dúvida, influencia, 
em forma, conteúdo e distribuição, o trabalho literário. Desse 
modo, pode-se pensar que a Literatura produzida entre as 
décadas de 60 e 80 acontece sob os seguintes eventos:
 § Desdobramentos do governo de Juscelino Kubitschek;
 § Efervescência cultural (bossa nova, cinema, teatro de 
arena);
 § Golpe militar de 64;
 § Nacionalismo capitalizado pelo tricampeonato mundial 
da Seleção Brasileira;
 § Lei da Anistia (1979);
 § Os anos 80 iniciam as mobilizações populares pelas 
eleições direta;
Assim, o estudo das produções do período pode ser seg-
mentado a partir de seu gênero. Dessa forma, no tocante à 
prosa, pode-se estabelecer três frentes de análise: contos, 
crônicas e romances. Destacamos, a seguir, os principais 
representantes de cada gênero e as características que en-
volvem as suas obras.
Contos Crônicas Romances
Caio Fernando de Abreu
Luís Fernando 
Veríssimo
Fernando Sabino
Murilo Rubião Lygia Fagundes Telles
Dalton Trevisan
PROSA NO BRASIL: 1960 - 1980
 45
LITERATURA LUSÓFONA CONTEMPORÂNEA:
PERCEPÇÕES CRÍTICAS SOBRE A LUSOFONIA
A aparição de uma literatura africana dentro de uma lista 
de vestibular pode ser lida sob diversas luzes. Uma delas 
é a da lusofonia, isto é, o fato de a língua oficial desses 
países ser também o português. Tal aspecto, nos coloca em 
face da questão colonial. Ler essas literaturas, assim como 
ler a literatura dita brasileira, é estar próximo do pensa-
mento sobre de que forma, portanto, países como Brasil, 
Moçambique, Angola, entre outros, subverteram a lógica 
colonial por meio da linguagem. 
Destacam-se autores como:
 § Mia Couto
 § Pepetela
 § Isabela Figueiredo
 § Luandino Vieira
 § Paulina Chiziane
Características
Costumam abordar conflitos existenciais ligados a busca 
de uma ancestralidade que fora censurada pelo mundo 
ocidental durante os anos em que os países foram colô-
nias, bem como, os processo de luta e independência de 
cada uma das nações. O natural e místico é oposto, muitas 
vezes, ao lógico e humano, elementos que, na história, cul-
minaram em guerra.
Contexto
Pode-se configurar como principal evento da década de 80, 
no Brasil, a luta pela instauração das eleições diretas. Algo 
que daria início a um período republicano no Brasil muito 
próximo do que se vê hoje em dia. 
No mundo, houve a queda do muro de Berlim, que fun-
cionou como um divisor de águas no que diz respeito à 
Guerra Fria.
Contemporâneo
Pensar a literatura contemporânea não diz respeito a 
pensar somente aquilo que é textualmente produzido no 
tempo em que se vive, mas considera a relação entre 
a produção artística e a percepção crítica do mo-
mento presente – e, consequentemente, futuro. Assim, 
a compreende entender a maneira como o tempo pre-
sente preserva e reconstrói a história, em paralelo à 
maneira como, também, a literatura preserva e reconstrói a 
tradição, isto é, como o novo emerge mesmo em (ou por-
que em) contextos de crise, muitas vezes.
Autores
Hilda Hilst 
Conceição Evaristo 
Milton Hatoum
Chico Buarque
Século XIX: comédia
Em paralelo à proclamação da independência do Brasil em 
1822, o teatro brasileiro emerge em meio ao mesmo es-
pírito que abraça os demais gêneros literários durante o 
século XIX: a tentativa de tingir com o verde e amarelo o 
campo artístico. Assim, João Roberto Faria, em introdução 
a uma antologia teatral doséculo XIX, ressalta sobretudo 
dois momentos distintos, mas que, sem sombra de dúvidas, 
são norteados pela subdivisão do gênero dramático cha-
mada de comédia.
Pode-se tomar como ponto inicial o encontro do ator João 
Caetano com a peça de Gonçalves de Magalhães Antônio 
José ou o poeta e a inquisição, em 13 de março de 1838. 
José Veríssimo marcaria que desse encontro, que fez muito 
sucesso com o público, nascia o teatro nacional.
Comédia de Costumes Comédia Moralizante
Martins Pena Machado de Assis
Joaquim Manuel de Macedo José de Alencar
LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
O TEATRO NO BRASIL
 46
Século XX: divismo tropical, 
teatro moderno e ditadura
 § Divismo tropical: uma espécie de motor alheio às 
correntes estéticas e aos dramaturgos, mas uma rela-
ção passional em que, nas palavras de Tânia Brandão, 
pesquisadora do assunto, “este sistema teatral brasilei-
ro, cujos alicerces remontavam ao século XIX, e o motor 
era a força bruta do ator em sintonia com as paixões 
da plateia”.
 § Teatro Moderno: foi somente com o espetáculo “Ves-
tido de Noiva”, de 1943, de Nelson Rodrigues, que teve 
início o teatro moderno, de acordo com os críticos.
 § Ditadura: Durante a Ditadura Militar no Brasil, o teatro 
funcionou como forma de resistência, ganhando desta-
que os grupos do Teatro de Arena e do Teatro Oficina. 
 § Nomes como Plínio Marcos e Ariano Suassuna também 
ganham destaque durante o século XX.
Estudar a literatura de Cordel é ampliar as fronteiras do 
que se entende por literatura. É aprofundar-se na nossa 
língua e naquilo que ela tem de igual e de diferente em 
todo território nacional. 
A literatura cordelista tem uma origem portuguesa, para a 
grande maioria da crítica literária, já que remonta o traba-
lho dos trovadores. Considera-se, assim, que o cordel tenha 
se fundamentado no Brasil, em plena maturidade, no sécu-
lo XIX, ainda que não seja possível precisar exatamente o 
seu início.
Aspectos Gerais do Cordel
 § Linguagem coloquial (informal);
 § Humor, ironia e sarcasmo;
 § Pluralidade temática: folclore brasileiro, religião, políti-
ca, história, sociedade etc.
 § Rimas e métrica, considerando a oralidade.
O século XXI sem dúvida traz uma nova forma de pensar 
o espaço literário no Brasil. Em um momento em que se 
caracteriza pela ampla produção editorial, pela profissio-
nalização do escritor, pela pluralidade das feiras literárias 
e clubes de leitura. Nessa direção, o novo século traz a 
consolidação de importantes ideias dos filósofos e pensa-
dores do século XX, bem como configura um mundo devi-
damente tecnológico e globalizado. Assim, a diversidade, 
a metaliteratura, a ética e a alteridade ganham des-
taque no espaço artístico.
Autores
Prosa Poesia
Geovani Martins Alice Sant'Anna
Aline Bei Ana Martins Marques
Julián Fuks Natasha Felix
Ricardo Lísias Angélica Freitas
LITERATURA DE CORDEL
A ARTE LITERÁRIA HOJE
 47
U.T.I. - Sala 
1. (UNESPAR 2015)
As gravuras talhadas em madeira (imburana, cedro ou 
pinho) possibilitaram aos artistas populares o domínio 
de todo o processo de edição dos folhetos. Os desenhos 
acompanham o conteúdo do folheto. A simplicidade das 
formas, as cores chapadas, a presença de motivos, paisa-
gens e personagens nordestinas, transportam os leitores 
para o mundo da fantasia, imprimindo aos reis e rainhas, 
criaturas fantásticas e sobrenaturais, características que 
se aproximam do universo de experiências dos leitores.
marinho, ana cristina; pinheiro, héLder. o cordeL no 
cotidiano escoLar. são pauLo: cortez. 2012, 47-47.
Associando a Xilogravura, isto é, gravura talhada em 
madeira, ao processo do Cordel explique de que manei-
ra ela compõe o conjunto literário do que se denomina 
literatura de cordel.
2. Leia o Cordel a seguir
A HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL
abdias campos
1
Para lhes deixar a par
Sobre esta literatura
Que é a mais popular
E ainda hoje perdura
Vamos direto ao começo
Donde vem esta cultura
2
Sua primeira feitura
Na Europa aconteceu
Tipógrafos do anonimato
Botaram o folheto seu
Pra ser vendido na feira
E assim se sucedeu
3
Foi Portugal que lhe deu
Este nome de cordel
Por ser vendido na feira
Em cordões a pleno céu
Histórias comuns, romances
Produzidos a granel
4
Com esse mesmo papel
Era na Espanha vendido
Como “pliegos suetos”
Assim era oferecido
Em tabuleiro ambulante
Ao pescoço prendido
5
O cordel introduzido
No Brasil foi gradual
Maior parte dos folhetos
Como patrimônio oral
Ingressou principalmente
Como histórias de Sarau
6
Foi no Nordeste o local
Que lhe brasileirizou
Nos serões familiares
Dos sertões aonde chegou
Levando alegria ao povo
Pela voz do cantador
7
Conduzia o rumor
De histórias da redondeza
Noticiadas em versos
Dadas com toda clareza
A uma população
Que se tornava freguesa
8
Dos peregrinos romeiros
Da mocinha apaixonada
Dos ciganos que viviam
A procura de estrada
Dos sinais vindos do céu
Anunciando a invernada
9
Sempre em versão cantada
Assim o Cordel viveu
Antes de 1900
Primeira edição se deu
Se lá para cá permanece
Mantendo o legado seu
a) de acordo com o texto e os seus conhecimentos 
sobre o gênero, comente sobre a origem do nome 
cordel.
b) o cordel lido dá uma pista dos assuntos tratados 
nesse gênero literário. Comente alguns:
3. (UEL 2020 – ADAPTADA) Leia o texto a seguir.
À medida que as obras de arte se emancipam do seu 
uso cultual, aumentam as ocasiões para que elas sejam 
expostas. A exponibilidade de um busto [...] é maior 
que de uma estátua divina, que tem sua sede fixa no 
interior do templo. [...] a preponderância absoluta con-
ferida hoje a seu valor de exposição atribui-lhe funções 
inteiramente novas, entre as quais a “artística”, a única 
 48
de que temos consciência, talvez se revele mais tarde 
como rudimentar.
benJamin, waLter. “a obra de arte na era da sua reprodutibiLidade 
técnica (primeira versão)”. in: obras escoLhidas i. trad. sérgio 
pauLo rouanet, 8ª ed. são pauLo: brasiLiense, 2012. p. 187-188.
A mudança do valor de culto para o valor da exposição 
da obra de arte revela transformações nas quais esta 
passa a ser concebida a partir da esfera pública. Em ou-
tras palavras, a ideia de uma arte performática ganha 
espaço — ou necessidade — para se manifestar. Levan-
do em consideração os seus conhecimentos e o mundo 
em que vivemos, que técnicas, literárias, teatrais, musi-
cais, entre outros tipos de arte, podem exemplificar o 
conceito do “valor da exposição da obra” colocado por 
Benjamin. Escreva um parágrafo a respeito.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se 
passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas pas-
sadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. 
A lembrança da vida da gente se guarda em trechos 
diversos; uns com outros acho que nem se misturam (...) 
Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de 
rasa importância. Tem horas antigas que ficaram mui-
to mais perto da gente do que outras de recente data. 
Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a 
melhor coisa seria contar a infância não como um filme 
em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da 
outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá 
sentido, meio e fim, mas como um álbum de retratos, 
cada um completo em si mesmo, cada um contendo o 
sentido inteiro. Talvez esse seja o jeito de escrever so-
bre a alma em cuja memória se encontram as coisas 
eternas, que permanecem...
(guimarães rosa, grande sertão: veredas.) 
4. (Unifesp) No texto de Guimarães Rosa, como é fre-
quente nos textos do autor, nota-se o emprego de fra-
ses de aspecto proverbial.
a) Transcreva uma dessas frases e explique seu sentido.
b) Como se pode entender esse recurso, tendo como 
referência o projeto literário do autor? 
5. (UFMG) Leia estes poemas:
POEMA 1
Lar doce lar
Minha pátria é minha infância
Por isso vivo no exílio.
cacaso. beiJo na boca e outros poemas. são 
pauLo: brasiLiense, 1985. p. 63.
POEMA 2
Recuperação da adolescência
é sempre mais difícil
ancorar um navio no espaçocesar, ana cristina. a teus pés. são pauLo: brasiLiense, 1987. p. 57.
Relacione os dois poemas, analisando a concepção, ex-
pressa em cada um, sobre diferentes fases da vida.
U.T.I. - E.O.
1. (ENEM PPL) TEXTO I
Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, 
nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho 
verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, 
e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de 
certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-
-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhe-
cia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia 
controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se 
violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama.
amado, J. Dona Flor e seus Dois mariDos. são pauLo: martins, 1966.
TEXTO II
As suas mãos trabalham na braguilha das calças do fa-
lecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim 
que o marido gostava de começar as intimidades. Um 
fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato 
que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. 
Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em 
casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, 
Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se 
posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.
couto, m. um rio chamaDo tempo, uma casa chamaDa 
terra. são pauLo: cia. das Letras, 2002.
Tema recorrente na obra de Jorge amara, a figura femi-
nina aparece, no fragmento, retratada de forma seme-
lhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto. 
Nesses dois textos, com relação ao universo feminino 
em seu contexto doméstico, observa-se que 
a) desejo sexual é entendido como uma fraqueza mo-
ral, incompatível com a mulher casada. 
b) a mulher tem um comportamento marcado por 
convenções de papéis sexuais. 
c) à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos 
gestos, olhares e silêncios que ensaiam. 
d) a mulher incorpora o sentimento de culpa e age 
com apatia, como no mito bíblico da serpente. 
e) a dissimulação e a malícia fazem parte do repertó-
rio feminino nos espaços público e íntimo. 
2. (UFES) A peça teatral Dois perdidos numa noite suja, 
de Plínio Marcos; o conto “Famigerado”, presente em 
Primeiras estórias, de Guimarães Rosa; e o romance Ter-
ra sonâmbula, de Mia Couto, apresentam a temática da 
violência como eixo norteador. 
Leia atentamente os fragmentos abaixo:
PACO: — Boa, Tonho! Assim é que é. Homem macho não 
tem medo de homem. O negrão é grande, mas não é 
dois. (Pausa) 
Você vai encarar ele? 
TONHO: — Sei lá! Ele não me fez nada. Nem eu pra ele. 
PACO: — Poxa, ele disse que você é fresco. Vai lá e briga. 
Ele é que quer. 
TONHO: — Você só pensa em briga. 
(marcos, pLínio. Dois perDiDos numa noite 
suja. são pauLo: parma, 1984. p. 26).
 49
Aquele homem, para proceder da forma, só podia ser 
um brabo sertanejo, jagunço até na escuma do bofe. 
Senti que não me ficava útil dar cara amena, mostras 
de temeroso. Eu não tinha arma ao alcance. Tivesse, 
também, não adiantava. Com um pingo no i, ele me 
dissolvia. O medo é a extrema ignorância em momento 
muito agudo. O medo O. O medo me miava. Convidei-o 
a desmontar, a entrar. 
(rosa, João guimarães. primeiras estórias. rio de 
Janeiro: nova fronteira, 1988. p. 55-56).
De manhã, nossa mãe nos chamou. Nos sentamos, gra-
ves. Meu pai tinha o rosto no peito. Ainda dormia? Fi-
cou assim um tempo como se esperasse a chegada das 
palavras. Quando finalmente nos encarou quase não 
reconhecemos sua voz: 
— Alguém de nós vai morrer. 
E logo adiantou razões: nossa família ainda não deixara 
cair nenhum sangue na guerra. Agora, a nossa vez se 
aproximava. A morte vai pousar daqui, tenho a máxima 
certeza, sentenciou o velho Taímo. Quem vai receber 
esse apagamento é um de vocês, meus filhos. E rodou 
os olhos vermelhos sobre nossos ombros encolhidos. 
(couto, mia. terra sonâmbula. são pauLo: 
companhia das Letras, 2007. p. 18).
Selecione um dos trechos acima e explique como o tema 
da violência compõe o desenrolar da obra de onde foi 
extraído o trecho escolhido. 
3. (UNICAMP) Leia a seguinte passagem do conto “A 
sociedade”:
O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ar-
del e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.
O Lancia passou como quem não quer. Quase parando.
A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino.
Uiiiiia-uiiiiia! Adriano Melli calcou o acelerador. Na pri-
meira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo.
Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre 
na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade. 
Pouco antes do número 259-C já sabe: uiiiiiauiiiiia!
(antônio de aLcântara machado,”brás, bexiga e barra funda”, em 
“noveLas pauListanas”. rio de Janeiro: José oLympio, 1959, p. 25).
No trecho acima, a linguagem e as imagens apontam 
para a influência das vanguardas no primeiro momento 
modernista. Selecione dois exemplos e comente-os.
4. (FUVEST) Leia este trecho de “A hora da estrela”, de 
Clarice Lispector, no qual Macabéa, depois de receber 
o aviso de que seria despedida do emprego, olha-se ao 
espelho:
Depois de receber o aviso foi ao banheiro para ficar sozi-
nha porque estava toda atordoada. Olhou-se maquinal-
mente ao espelho que encimava a pia imunda e rachada, 
cheia de cabelos, o que tanto combinava com sua vida. 
Pareceu-lhe que o espelho baço e escurecido não refletia 
imagem alguma. Sumira por acaso a sua existência físi-
ca? Logo depois passou a ilusão e enxergou a cara toda 
deformada pelo espelho ordinário, o nariz tornado enor-
me como o de um palhaço de nariz de papelão. Olhou-se 
e levemente pensou: tão jovem e já com ferrugem.
a) Neste trecho, o fato de parecer, a Macabéa, não 
se ver refletida no espelho liga-se imediatamente ao 
aviso de que seria despedida. Projetando essa ausên-
cia de reflexo no contexto mais geral da obra, como 
você a interpreta?
b) Também no contexto da obra, explique por que o 
narrador diz que Macabéa pensou “levemente
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A educação pela pedra
Uma educação pela pedra: por lições; 
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal 
(pela de dicção ela começa as aulas). 
A lição de moral, sua resistência fria 
ao que flui e a fluir, a ser maleada; 
a de poética, sua carnadura concreta; 
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro, 
cartilha muda), para quem soletrá-la. 
Outra educação pela pedra: no Sertão 
(de dentro para fora, e pré-didática). 
No Sertão a pedra não sabe lecionar, 
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma. 
meLo neto, João cabraL de. poesias compLetas. 
rio de Janeiro: J. oLympio, 1975, p.11.
5. (PUC-RJ) João Cabral de Melo Neto é considerado um 
dos mais importantes poetas da geração de escritores 
que surgiu a partir de 1945. Indique duas características 
do modernismo brasileiro presentes no poema “A edu-
cação pela pedra” 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
Desencontrários
Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa.
Parecia fora de si,
a sílaba silenciosa.
Mandei a frase sonhar,
e ela se foi num labirinto.
Fazer poesia, eu sinto, apenas isso.
Dar ordens a um exército,
para conquistar um império extinto.
pauLo LeminsKi góes, f. e marins, a. (orgs.). 
meLhores poemas de pauLo LeminsKi. são pauLo: gLobaL, 2001. 
 50
6. (UERJ) Mandei a palavra rimar,
ela não me obedeceu.
Falou em mar, em céu, em rosa,
em grego, em silêncio, em prosa. (v. 1-4)
No fragmento acima, o emprego da palavra “prosa” 
possibilita duas interpretações distintas do verso subli-
nhado: uma que reafirma o que ele expressa e outra 
que se opõe a ele.
Apresente essas duas possibilidades de interpretação.
7. (UNICAMP 2021) Leia abaixo alguns excertos do po-
ema Menimelímetros, de Luz Ribeiro, poeta do Slam das 
Minas de São Paulo. Esse poema foi apresentado per-
formaticamente em alguns slams de que ela participou 
no Brasil.
os meninopassam liso
pelos becos e vielas
os menino passam liso
pelos becos e vielas
os menino passam liso
pelos becos e vielas
você que fala em becos e vielas
sabe quantos centímetros cabem em um menino?
sabe de quantos metros ele despenca
quando uma bala perdida o encontra?
Sabe quantos nãos ele já perdeu a conta? (...)
esses menino tudo sem educação
que dão bom dia, abrem até o portão
tão tudo fora das grades escolares
nunca tiveram reforço – de ninguém
mas reforçam a força e a tática
do tráfico, mais um refém (...)
que esses meninos sem nem carinho
não tem carrinho no barbante
pensa que bonito se fosse peixinho fora d’água
a desbicar no céu
mas é réu na favela
lhe fizeram pensar voos altos
voa, voa, voa...aviãozinho
e os menino corre, corre, corre
faz seus corres, corres, corres (...)
“ceis” já pararam pra ouvir alguma vez os sonhos
dos meninos?
é tudo coisa de centímetros:
um pirulito, um picolé
um pai, uma mãe
um chinelo que lhe caiba nos pés
um aviso: quanto mais retinto o menino
mais fácil de ser extinto
seus centímetros não suportam 9 milímetros
porque esses meninos
esses meninos sentem metros
a) O título Menimelímetros é um neologismo que fun-
de ao menos duas palavras. Quais são essas palavras? 
Transcreva os versos que sintetizam o título do poema.
b) Na terceira estrofe, há um jogo de palavras. Iden-
tifique esse jogo de palavras e explique a relação de 
causa e consequência estabelecida por ele.
8. (UEL 2019) Leia os fragmentos a seguir, do romance 
O filho eterno, de Cristovão Tezza.
Já viu na enciclopédia que o nome da síndrome se deve 
a John Langdon Haydon Down (1828-1896), médico in-
glês. À maneira da melhor ciência do império britânico, 
descreveu pela primeira vez a síndrome frisando a se-
melhança da vítima com a expressão facial dos mongó-
is, lá nos confins da Ásia; daí “mongolóides”. Que tipo 
de mentalidade define uma síndrome pela semelhança 
com os traços de uma etnia? O homem britânico como 
medida de todas as coisas.
[...]
O problema da normalidade. Talvez ele mesmo escreva 
um pequeno roteiro com o texto certo para as pessoas 
recitarem no momento da confissão da tragédia. Algo 
como “Não me diga! Mas imagino que hoje em dia já 
há muitos recursos, não? Olha, precisando de alguma 
coisa, conte comigo” – e então ele diria, obrigado, vai 
tudo bem. Mudariam de assunto e pronto. Bem, em 
grande número de encontros, não precisaria dizer nada: 
são bilhões de pessoas que não o conhecem, contra 
apenas umas dez ou doze que o conhecem. Essas já 
sabem; não preciso acrescentar nada. Na maior parte 
dos casos, basta dizer: Sim, a criança vai bem. Felipe, 
o nome dele. Obrigado. E nada mais foi perguntado e 
nada mais se respondeu, dando-se por encerrado o as-
sunto e prosseguindo a vida em seus trâmites normais. 
Ele respira aliviado.
tezza, c. o fiLho eterno. 7. ed. rio de 
Janeiro: record, 2009. p. 42-43.
Os fragmentos transcritos do romance O filho eterno 
mostram reações do pai, ao saber que seu filho nasceu 
com Síndrome de Down. Suas impressões sobre a nova 
situação, neste excerto, revelam perspectivas diferen-
tes para lidar com o problema.
Cite e explique duas perspectivas que são depreendidas 
desses fragmentos.
9. (UNICAMP 2019) (...) Recordo-lhe que os revisores 
são gente sóbria, já viram muito de literatura e vida, O 
meu livro recordo-lhe eu, é de história, Assim realmente 
o designariam segundo a classificação tradicional dos 
géneros, porém, não sendo propósito meu apontar ou-
tras contradições, em minha discreta opinião, senhor 
doutor, tudo quanto não for vida, é literatura, A história 
também, A história sobretudo, sem querer ofender,
 (José saramago, história do cerco de Lisboa. 
rio de Janeiro: o gLobo; são pauLo: foLha de são pauLo, 2003, p.12.)
(...) O que você quer dizer, por outras palavras, é que 
a literatura já existia antes de ter nascido, Sim senhor, 
como o homem, por outras palavras, antes de o ser já 
o era. Parece-me um ponto de vista bastante original, 
Não o creia, senhor doutor, o rei Salomão, que há muito 
tempo viveu, já então afirmava que não havia nada de 
novo debaixo da rosa do sol.
(idem, p.13.) 
(...) Então o senhor doutor acha que a história e a vida 
real, Acho, sim, Que a história foi vida, real, quero dizer, 
 51
Não tenho a menor dúvida, Que seria de nós se não 
existisse o deleatur, suspirou o revisor.
(idem, p.14.)
a) Nos excertos acima, revisor e autor discutem uma 
questão decisiva para a escrita do romance de José 
Saramago. Identifique essa questão, presente no di-
álogo entre as duas personagens, e explique sua im-
portância para o conjunto da narrativa.
b) No terceiro excerto, o revisor utiliza a palavra de-
leatur. O que significa essa expressão e por que ela é 
tão importante para o revisor?
 
10. (UFU 2018) 
TEXTO I
Enciclopédia
Hécate ou Hécata, em gr. Hekáté. Mit gr.
Divindade lunar e marinha, de tríplice
forma (muitas vezes com três cabeças e
três corpos). Era uma deusa órfica,
parece que originária da Trácia. Enviava
aos homens os terrores noturnos, os fantasmas
e os espectros. Os romanos a veneravam
como deusa da magia infernal.
 cesar, ana cristina. encicLopédia. in: destino: poesia. organização 
de itaLo moriconi. rio de Janeiro: ed. José oLympio, 2016. p.35.
TEXTO II
I
Enquanto leio meus seios estão a descoberto. É difícil
concentrar-me ao ver seus bicos. Então rabisco as folhas 
deste álbum. Poética quebrada pelo meio.
II
Enquanto leio meus textos se fazem descobertos. É di-
fícil escondê-los no meio dessas letras. Então me nutro 
das tetas dos poetas pensados no meu seio.
 cesar, ana cristina. sem títuLo. in: destino: poesia. organização 
de itaLo moriconi. rio de Janeiro: ed. José oLympio, 2016. p.39.
a) Explique, em um parágrafo, de que maneira a fun-
ção metalinguística se presentifica no texto I.
b) A respeito do texto II, explique, em um parágrafo, a 
relação que se estabelece entre seios e textos.
 
 52
REDAÇÃO
 54
1) Como aprimorar o repertório pessoal?
a) Aproveite suas aulas para conhecer teorias e estabelecer relações;
As diferentes aulas a que você assiste durante a semana podem ser uma ótima fonte de conhecimento legitimado. Com 
frequência, os professores de diferentes áreas citam autores, teorias, conceitos, livros e até sugestões de filmes e séries re-
lacionados a alguma temática importante para o vestibular. Portanto, sempre anote essas ideias. Aproveite o fato de elas já 
terem sido discutidas por um professor e terem passado por um critério mínimo de seleção.
b) Procure acompanhar filmes e livros sugeridos nos material didático;
Em quase todas as aulas, sobretudo nas disciplinas voltadas às humanidades, você encontra sugestões de obras sobre o 
tema abordado pelo professor. Eventualmente, algumas dessas produções podem se tornar ótima fonte para repertório 
cultural na sua redação. Portanto, sempre que possível, assista ou leia as sugestões, procurando estabelecer relações entre a 
situação apresentada nessas obras e os contextos históricos ou atuais da nossa sociedade .
c) Siga as páginas de periódicos de grande relevância;
Outra forma de aprimorar o repertório é acompanhar as notícias e reportagens de periódicos de grande relevância dentro do 
meio jornalístico. Como grande parte dos vestibulares compõem suas coletâneas a partir de publicações desses veículos, é 
fundamental atentar-se a esses conteúdos para se estar mais preparado para o debate de diferentes temas. 
d) Fique ligado em PODCASTs;
2) Como organizar meu repertório pessoal
Para facilitar a anotação de qualquer informação que componha seu repertório pessoal, recomendados a categorização 
dos conteúdos a partir dos seguintes eixos temáticos: consumo, política, aparência, comunicação, educação, informação/
ciência, tecnologia, ética, trabalho, saúde, família, preconceito, racismo, espaço urbano, arte, meio ambiente , poder/domi-
nação, cultura, desigualdade, saúde emocional, inclusão/preconceito. 
a) Adote um caderno de repertório:
Adquira um caderno, não muito grande, quepossa ser facilmente consultado e anotado. Divida esse caderno a partir dos 
eixos temáticos sugeridos e deixe algumas folhas para cada um deles. Sempre que você obtiver uma informação relevante 
para seu repertório, anote-a imediatamente no caderno, pois, assim, a informação não fica perdida em outras anotações e 
ela poderá ser facilmente consultada na hora de se fazer a redação. Trata-se uma estratégia positiva para se criar memória 
visual a respeito das reflexões que fazemos.
b) Crie mapas mentais em fichas (Use frente e verso para cada eixo):
A partir dos mesmos eixos temáticos descritos acima, crie um mapa mental no qual você anote suas referências sobre aquele 
assunto. 
c) Crie registros digitais de a partir tabelas
Se você preferir, crie seus próprios registros digitais com as referências aprendidas ao longo do ano para cada um dos eixos 
temáticos discutidos.
REPERTÓRIO I: ORGANIZAÇÃO
 55
A interdisciplinaridade costuma ser definida como a tentativa do homem de propor a interação entre dois ou mais campos 
do conhecimento, por meio da relação entre saberes que podem ser aproximados. Nesse sentido, ao pensarmos na interdis-
ciplinaridade na prova de redação, tratamos de referências a outros campos do conhecimento, que podem ser utilizadas para 
fortalecer argumentos ou introduzir o tema.
Portanto, procure sempre estabelecer relações entre os temas que você discute nas aulas de redação e seu conhecimento 
teórico ou repertório cultural, verificando se esses cruzamentos podem reforçar os argumentos que você quer defender. 
1. Qual é o critério para selecionar as referências?
a) Observe se a relação estabelecida, de fato, possui semelhanças com o tema ou argumento discutido;
b) Dê preferência a autores com maior visibilidade em suas áreas;
c) Tenha certeza do nome do autor, da obra ou do conceito que será utilizado;
d) Fuja de citações “guarda-chuva”.
2. Como utilizar as referências? 
É sempre preciso lembrar que os conhecimentos das outras áreas – embora importantes para atingir a pontuação máxima 
nos exames – não devem determinar quais argumentos você discutirá em seu texto. Em outras palavras: é o argumento que 
seleciona a referência e não a referência que seleciona o argumento. Você incluirá uma citação ou uma analogia na redação 
apenas se elas estiverem relacionadas aos argumentos discutidos ou à temática proposta (uso de referências na introdução).
3. Áreas do saber comuns nas redações de vestibular
1. Literatura
Não é preciso mostrar ao corretor que você leu os romances ou poesias aos quais você faz referência. Mencione apenas 
aquilo que é necessário para tecer a comparação. E cuidado: deixe claro que se trata de uma obra de ficção. 
2. Sociologia/Filosofia
Ao sustentar seus argumentos por meio de um repertório sociológico ou filosófico, não se esqueça de relacioná-los ao contexto 
que você está estabelecendo. Não deixe a informação solta e cuide para que as relações estabelecidas estejam próximas da 
temática abordada.
3. História
Ao se valer de dados históricos na redação, procure estabelecer relações temporais próximas. Evite temporalidades muito 
distantes, ou ainda contextos muito diferentes, como comparar a pré-história com a atualidade. Sempre busque relações 
possíveis em que, realmente, haja uma semelhança com o contexto ou argumento discutido.
4. Estratégias para o emprego das citações
Citação direta
Trata-se da reprodução exata do trecho de uma obra. Ao empregá-la, é fundamental usar aspas para marcar a abertura e 
o fechamento dessa citação, além de mencionar – antes ou depois da referência – o nome do autor e, se possível, outro 
detalhe sobre o contexto, como o nome do conceito, da obra ou o ano de publicação. 
Citação Indireta
A citação indireta é caraterizada pela paráfrase de conceitos, ideias ou frases. Nesse caso, esses conceitos devem ser men-
cionados a partir das próprias palavras do aluno, e, portanto, a citação não requer o uso de aspas. 
REPERTÓRIO II: INTERDISCIPLINARIDADE
 56
INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM I
1. Linguagem coloquial
Durante a escrita da redação, seja pelo nervosismo ou pela falta de vocabulário, muitos alunos constroem sentenças reche-
adas de coloquialismos, isto é, uso de termos da modalidade informal, geralmente associados à língua falada. 
Para evitar essas construções, é preciso aprender a reconhecer o uso da coloquialidade dentro do texto e possuir bom reper-
tório lexical capaz de substituir tais inadequações.
Observe os usos empregados abaixo e suas respectivas possibilidades de correção.
INADEQUADO ADEQUADO
Muitos alunos se deixam levar pelas propagandas... Muitos alunos são induzidos pelas ...
Essa situação acaba acontecendo... Essa situação ocorre...
2. Clichês
O clichê é a expressão de um senso comum. Nas redações de vestibular, tais construções surgem com o intuito de impressio-
nar o corretor e causar um efeito positivo na leitura do texto. No entanto, elas apenas o depreciam, já que o uso constante 
e cristalizado não surpreende e nem inova a ideia construída ao longo da redação. 
Exemplos de clichês comuns no vestibular:
É fundamental que a sociedade reúna todas as suas forças e combata a desigualdade...
Só assim, a sociedade poderá viver cheia de esperanças...
3. Adjetivo inadequados
Muitas vezes, no momento da construção das opiniões dentro de uma redação, alguns alunos empregam adjetivos inade-
quados ao texto dissertativo-argumentativo exigido nos exames. Essas palavras denotam apenas a emoção do autor, sem 
cumprir sua função de atribuir uma avaliação, a ser comprovada pelos argumentos apresentados. 
A seguir, apresentam-se adjetivos úteis e adequados ao texto dissertativo-argumentativo
Boa parte do Estado é negligente ao negar o direito...
Isso ocorre em virtude de políticas públicas ineficazes...
Parte da sociedade é conivente com as ações...
As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
A adoção de uma postura crítica é essencial aos sujeitos...
Há uma publicidade abusiva que leva milhares de consumidores a...
4. Generalizações
Sabe-se que a generalização é uma ferramenta problemática para construir ideias em diferentes âmbitos da vida social. Isso 
porque, ao generalizar, apagam-se as heterogeneidades existentes nos sujeitos, nos grupos sociais e nos conceitos. No entanto, 
ao escrever a redação, muitos alunos tendem a se valer dessas construções para expor seu posicionamento e seus argumentos. 
Assim, fique atento às formas de generalização mais comuns nas redações e supervisione seu texto sempre, evitando que 
elas apareçam.
EVITAR USAR COM MUITA CAUTELA
Todos os alunos são... Boa parte dos alunos...
Nenhum político é capaz de... Poucos políticos...
As pessoas sempre excluem... Muitas vezes, as pessoas...
 57
5. Excesso de verbos
Nos textos de redação, é fundamental prezar pela objetividade e pela clareza das ideias. Essas diretrizes também são ob-
servadas pelos avaliadores no emprego que os alunos fazem dos verbos. Muitas vezes, o uso de locuções verbais, ou de 
construções verbais acompanhadas de substantivos poderiam ser substituídas por apenas um verbo, deixando o texto mais 
objetivo e preciso.
Portanto, sempre que possível, prefira as formas simples. Deixe as locuções apenas para os momentos em que elas forem 
essenciais. 
A decisão estará prejudicando... A decisão prejudicará...
Cabe ao governo realizar uma avaliação... Cabe ao governo avaliar...
Parte da população tem desconfiança das medidas... Parte da população desconfia...
6. Excesso de palavras negativas
Para garantir a objetividade e clareza em seu texto, também é essencial prezar pelas formas positivas ao redigir alguns ver-
bos. Em outras palavras, trata-se de evitar o uso do advérbio “não” vinculado a alguns verbos. 
Veja os exemplos abaixo e observe como a supressão da partícula negativa aprimora a compreensão do período:
Boa parte das verbas não chegam na hora nos institutos... Boa parte das verbas chegam atrasadas aos institutos... 
Muitos professores dizem que não são responsáveis... Muitosprofessores negam a responsabilidade...
As políticas públicas não são eficazes... As políticas públicas são ineficazes...
INADEQUAÇÕES DA LINGUAGEM II
1. Queísmo
O vocábulo “que”, na língua portuguesa, assume diferentes classes gramaticais. Ele pode funcionar como pronome relativo 
(Alunos que trabalham...), conjunção coordenativa (Onde está, que não a vejo), conjunção integrante (É fundamental que a 
população...),substantivo (Ela apresenta um quê de intelectual ), e ainda está presente em uma série de locuções conjuntivas 
muito usadas nas redações de vestibular(já que, para que, ainda que, tão...que). Esse leque de funções torna frequente o uso 
da palavra “que”. Tal uso, entretanto, não deve ser banalizado, por poder levar a um texto confuso.
Diante disso, é fundamental aprender formas de evitá-lo em sua redação. Os tópicos abaixo apresentam exemplos de como 
reconhecê-lo e suprimi-lo.
a) Trocar orações adjetivas por adjetivos:
Há pessoas que não sabem ler nem escrever... Há pessoas analfabetas...
b) Trocar oração adjetiva por um aposto:
Pedro Gouveia, que é coordenador do projeto em Brasí-
lia, afirma... 
Pedro Gouveia, coordenador do projeto em Brasília, afirma...
c) Substituir uma oração inteira por um termo nominal correspondente:
É fundamental que medidas sejam criadas... É fundamental a criação de medidas...
d) Reduzir as orações (INFINITIVO ou PARTICÍPIO)
É fundamental que o crescimento do desemprego seja 
acompanhado mensalmente.
É fundamental acompanhar o crescimento do desemprego 
mensalmente.
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2. Desvios de concordância verbal e nominal
Outra dificuldade muito presente nas redações é a concordância de nomes e verbos. É comum encontrar esses desvios 
gramaticais mesmo em redações avaliadas com nota máxima, já que muitos deles são dificilmente perceptíveis. Portanto, 
é preciso atenção. Sempre releia o rascunho de seu texto procurando por quaisquer problemas de construção gramatical. 
SUJEITO POSPOSTO AO VERBO
Como consequência, surge as difi-
culdades de se relacionar em dife-
rentes âmbitos da vida social.
Como consequência, surgem as 
dificuldades de se relacionar em 
diferentes âmbitos da vida social.
NÚCLEO DO SUJEITO DISTANTE DO VERBO
Embora o sujeito seja extenso, ele sempre deverá 
concordar com o verbo em pessoa e número.
As dificuldades surgidas durantes 
os primeiros meses de gestação 
– sobretudo quando se trata de 
uma gravidez de risco – revela o 
quanto... 
As dificuldades surgidas durantes 
os primeiros meses de gestação 
– sobretudo quando se trata de 
uma gravidez de risco – revelam 
o quanto...
3. Uso inadequado de Advérbios
Embora os advérbios sejam importantes em muitas situações na escrita da redação – seja para marcar o tempo, o espaço ou 
o modo dos verbos – seu emprego precisa ser comedido. O excesso ou mau uso de advérbios torna o texto poluído e prolixo. 
A dica é usar apenas quando houver necessidade.
Felizmente, há pessoas que pensam diferente. Há pessoas que pensam diferente.
5. Desvios de regência verbal e nominal
Ao se valer do uso de verbos transitivos indiretos e de alguns nomes, o aluno precisa estar atento à regência. Assim como 
os desvios de concordância, as inadequações referentes à regência são por vezes imperceptíveis. Logo, vale a pena apostar 
em bastante treino e em muita atenção.
Observe abaixo um exemplo de desvio:
VERBO REFERIR-SE
Exige preposição “a”
A proposta refere-se as instituições privadas, 
bancos públicos e terceiro setor. 
A proposta refere-se às instituições privadas, aos 
bancos públicos e ao terceiro setor. *
6. Uso inadequado dos pronomes relativos
Para garantir a coesão e a coerência, os candidatos devem utilizar pronomes relativos. No entanto, é fundamental estar 
atento aos usos e funções de cada um deles. Abaixo, selecionamos as inadequações mais comuns.
ONDE – Refere-se apenas a lugares físicos. Em outros casos, pode ser substituído por “no qual/na qual/em que”
A população desalentada vive uma situação onde a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
A população desalentada vive uma situação na qual a esperança de conseguir um emprego não existe mais.
Essa produção começou numa época onde as pessoas não tinham tanta escolaridade. 
Essa produção começou numa época em que as pessoas não tinham tanta escolaridade. 
CUJO – Estabelece relação de posse. A concordância em gênero e número é feita com a palavra posterior 
ao pronome.
Os problemas que a responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os problemas cuja responsabilidade pertence ao governo deixam de ser mencionados.
Os projetos que os textos foram reprovados estão em análise.
Os projetos cujos textos foram alterados estão em análise.
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7. Períodos longos
Muitas vezes, os alunos se esquecem de encerrar seus períodos com pontos finais, e, portanto, passam a subordinar as 
orações, tornando a leitura da redação confusa. Portanto, lembre-se da dica: é melhor um texto coeso e coerente construído 
com períodos curtos, que um texto recheado de períodos longos de difícil compreensão. Além do mais, os períodos curtos 
diminuem consideravelmente o risco de possíveis problemas com conjunções, vírgulas e concordâncias.
A POLARIZAÇÃO DE POSICIONAMENTOS 
NOS TEMAS DE REDAÇÃO 
1. A importância da compreensão temática e da coletânea em propostas polêmicas
Em muitos vestibulares, é comum que os alunos sejam apresentados a discussões vinculadas a polêmicas dos mais variados 
gêneros. São comuns recortes temáticos que envolvam a legalização das drogas, a adoção da pena de morte, a descrimi-
nalização do aborto, os limites do humor, entre outras abordagens que com frequência geram debates acirrados diante da 
opinião pública.
A grande questão que paira para nossa conduta no vestibular é a forma como devemos encarar tais propostas. Às vezes, par-
te dos alunos afirma ter uma opinião pronta e definitiva para o assunto e, assim, resolve dissertar na prova de redação sem 
fazer considerações importantes sobre o tema, começando por ignorar termos fundamentais do recorte temático abordado 
e negligenciar uma leitura atenta e profunda da coletânea.
Muitas vezes, os recortes temáticos elaborados por essas bancas – como a VUNESP, em São Paulo – podem são semelhan-
tes, mas não são iguais. Eles contêm especificidades que não devem ser desprezadas pelos estudantes. Observe os recortes 
temáticos abaixo: 
Vestibular da 
UNIFESP 2019
Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida 
Vestibular da 
FACULDADE DE MEDICINA DE JUNDIAÍ 2019
Eutanásia: é direito do paciente decidir a hora de morrer? 
Embora as duas propostas apresentem uma temática comum ( a eutanásia) a abordagem sugerida propõe dimensões dife-
rentes. No primeiro caso, pede-se a discussão sobre a eutanásia, considerando dois pontos de vista divergentes (liberdade x 
preservação), porém, não há uma pergunta categórica a ser respondida. No segundo caso, o recorte propõe uma pergunta 
ao aluno sobre o direito do paciente de optar pela eutanásia, o que pressupõe uma resposta – ainda que indireta – como 
sim ou não.
Eis aí uma primeira questão chave para lidar com as temáticas polêmicas. Em outras palavras, devemos compreender exata-
mente qual é a polêmica proposta para que, a partir dela, possamos reunir nossos argumentos. Uma leitura desatenta dessa 
questão pode facilmente levar o aluno a tangenciar o tema.
2. A importância da decisão e da clareza no posicionamento
Outra questão deve ser considerada ao refletirmos sobre essas propostas. É importante sempre adotar um posicionamento 
claro diante do tema, evitando ao máximo ficar “em cima do muro” e, eventualmente, criar contradições em nossos textos. 
Esse tipo de desvio pode render a perda de muitos pontos na composição de sua nota final.
Diante disso, devemos procurar observar os posicionamentos e tentar entender qual deles nos parece ser mais válido para 
compor a argumentação. Precisamos perceber qual dessas visões tem melhor sustentação, qual delas possui maior diálogo 
com arealidade em que vivemos e também qual delas realiza uma leitura mais profunda sobre a temática em questão. Tudo 
isso nos levará a uma decisão coerente com a proposta abordada. 
 60
3. Construindo teses para diferentes recortes temáticos
a) Propostas com perguntas “sim × não “:
A abordagens desses temas deve levar em consideração uma resposta à pergunta realizada. Não há a necessidade de essa 
resposta ser completamente direta e objetiva. No entanto, é importante que o posicionamento do autor esteja claro em 
relação à pergunta feita e não deixe dúvidas para o corretor a respeito desse ponto de vista.
Ex.: 
TEMA: O CARRO SERÁ O NOVO CIGARRO?
TESE 
(INTRODUÇÃO):
Com as crescentes mobilizações ambientais de ONG’s, ONU e pessoas influentes, não demorará para 
que o carro como conhecemos hoje passe a assumir, tal como o cigarro nos dias de hoje, um valor 
também negativo, ultrapassado e repudiado.
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO):
Diante dessa perspectiva, podemos analisar a ressignificação simbólica do carro para a sociedade do 
século XXI, que vem perdendo seu valor positivo de sucesso para um valor negativo de poluição e 
negligência para com o meio ambiente.
(trechos extraídos de redação nota máxima do unesp 2020 – 
estatísticas dos aprovados no curso de medicina da unesp de 2020 – disponíveL em @desempenhosmed)
TEMA:
A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL PODE COLABORAR PARA A DIMINUIÇÃO DA VIOLÊNCIA 
NO BRASIL?
TESE 
(INTRODUÇÃO):
Entretanto, esta medida (a redução) não só não colabora para a diminuição da violência como tende 
a intensificá-la, por não tratar as origens do problema, além de enterrar uma parte da juventude 
brasileira na cadeia ao invés de desenvolver seu potencial.
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO):
Portanto, fica evidente que a diminuição da violência não depende de uma maior abrangência etária 
do cárcere.
(trecho extraído de redação nota máxima do famema 2020 – 
estatísticas dos aprovados no curso de medicina da famema em 2020 - disponíveL em @desempenhosmed.)
b) Propostas com perguntas “X ou Y”
Essas propostas são semelhantes às anteriores. É importante que o aluno assuma um posicionamento claro em relação à 
temática, ainda que ele tenha ressalvas em relação à sua escolha. 
Ex.: 
TEMA:
VESTIMENTAS RELIGIOSAS NO ESPORTE: LEGITIMAÇÃO DA OPRESSÃO OU LIBERDADE DE 
MANIFESTAÇÃO RELIGIOSA?
TESE 
(INTRODUÇÃO):
Impedir o uso dessa e de outras vestimentas religiosas no esporte fere a liberdade de manifestação 
de religião, além de ir contra os princípios da prática esportiva.
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO):
O uso de vestimentas religiosas no esporte é, portanto, uma forma de se garantir a liberdade de 
manifestação religiosa de cada atleta.
 (trechos extraídos de redação nota máxima do unifesp 2020 – 
estatísticas dos aprovados no curso de medicina na escoLa pauLista de medicina / universidade federaL de são pauLo 
no processo seLetivo vunesp – sistema de seLeção misto 2020 – disponíveL em @desempenhosmed)
c) Propostas com afirmação “entre X e Y”
Nessas propostas, é importante que o aluno tenha um pouco mais de cuidado. Embora essas temáticas pressuponham uma 
oposição (os termos X e Y geralmente mostram ideias contrárias), é necessário que o aluno mecione as duas questões em 
sua redação. 
 61
Ex.: 
TEMA: EUTANÁSIA: ENTRE A LIBERDADE DE ESCOLHA E A PRESERVAÇÃO DA VIDA
TESE 
(INTRODUÇÃO):
Assim, a escolha pela eutanásia deve ser livre da ação do Estado, garantindo os direitos individuais 
e limitando a ação estatal à preservação da vida no que diz respeito à garantia de acesso aos trata-
mentos.
Arg 1:
Por se tratar de uma escolha, a legalização da eutanásia não tem poder coercitivo, res-
peitando o direito de quem, dentro de suas convicções, prefere suportar o sofrimento e aguardar 
a morte natural e, também, o direito de quem busca acabar com seu sofrimento.
Arg 2:
Além disso, o papel do Estado, objetivando preservar a vida das pessoas, deve ser, 
somente, o de proporcionar um ambiente propício para que a pessoa tome uma decisão 
consciente
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO)
Em síntese, a eutanásia deve ser uma escolha livre de cada pessoa dentro de suas crenças pesso-
ais e da sua capacidade de suportar uma dor física ou psicológica, sendo a interferência de outros 
nessa escolha uma ação indevida
(trechos extraídos de redação nota máxima do unesp 2020 – 
estatísticas dos aprovados no curso de medicina da unesp 2020 - @desempenhosmed)
TEMA:
FATOS DA VIDA DAS PESSOAS NOTICIADOS NA INTERNET: ENTRE O DIREITO AO ESQUECIMENTO 
E O INTERESSE PÚBLICO DE ACESSO À INFORMAÇÃO” – FAMEMA 2021
TESE 
(INTRODUÇÃO):
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como “Constituição Cidadã”, prevê a todos 
o direito à privacidade. No entanto, com a internet, alguns episódios tendem a ser perpetuados 
entre os usuários. Nesse contexto, emerge um debate acerca de fatos das pessoas noticiadas na 
internet: essas vítimas merecem o direito ao esquecimento ou o acesso a tais informa-
ções é de interesse público? De fato, sabe-se que o passado é importante para a construção 
do presente. Contudo, os indivíduos mudam ao longo dos anos e, por isso, a decisão de ter seu 
passado exposto ao público deve ser uma escolha individual. Certamente, o direito à pri-
vacidade e a possibilidade de prejudicar a vida atual são os motivos para optar pelo esquecimento.
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO):
Torna-se evidente, portanto, que deve ser garantido o direito ao esquecimento a quem teve fatos 
noticiados na internet. Não se pode permitir que o passado comprometa a honra do indivíduo no 
presente. 
(trecho extraído de redação nota máxima do famema 2021 – 
estatísticas dos aprovados no curso de medicina da famema em 2020 - disponíveL em @desempenhosmed.)
IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR: 
PROPOSTA TEMÁTICA E COLETÂNEA 
1. Leitura do recorte temático
Uma das falhas mais graves e mais comuns das redações é a má interpretação do recorte temático proposto, o que leva à 
fuga ou ao tangenciamento do tema. Isso ocorre, muitas vezes, pela inexperiência do candidato ou por sua falta de atenção 
quanto à importância da leitura nessa etapa na prova.
O recorte temático, somado aos textos da coletânea, tem a função de delimitar quais são as diretrizes escolhidas pela banca 
para abordar o assunto. Dentre várias possibilidades de discussão, escolhe-se uma vertente, geralmente restrita, que deter-
mina as principais relações a serem estabelecidas pelos candidatos. Prova dessa delimitação pode ser vista nas redações 
nota mil do ENEM, nas quais boa parte dos autores escolhe argumentos muito parecidos e próximos produzidos a partir da 
leitura atenta do recorte temático e da coletânea.
Quando essa leitura atenta não é realizada, os alunos podem fugir ou tangenciar o tema. A fuga total do tema, que anula 
as redações em praticamente todos os exames, ocorre quando o candidato desenvolve uma ideia que não foi proposta pela 
banca, isto é, aborda um viés que não está proposto nem pelo recorte nem pela coletânea. A fuga parcial ocorre quando uma 
parte do recorte está contemplada, mas o texto ainda traz argumentos que sustentem outra direção de análise. Embora ela 
não anule a redação, o candidato tem sua nota seriamente comprometida.
 62
Como resolver?
Para não fugir ao recorte temático proposto nos exames, é possível criar algumas estratégias:
1) Transformar a proposta em uma ou mais perguntas;
2) Identificar as palavras-chave do recorte temático e trabalhar sobre elas
2. Leitura da coletânea
Outro erro comum cometido pelos alunos é deixar de ler a coletânea. Não se deve esquecer que a prova de redação pressu-
põe a leitura e a compreensão dos textos, o que torna essa etapa obrigatória. 
Além disso, erram também aqueles que optam apenas por trabalhar as ideias presentes em um dos textos, sem atentar às 
discussões abordadas pelos outros. Geralmente, as bancas separam os textos em mais ou menos fáceis de serem compreen-
didos, e, portanto, passam a avaliar melhoro candidato que conseguiu abordar as problemáticas desenvolvidas na maioria 
desses textos.
Como resolver?
1) Partindo da leitura do recorte temático, procure ler a coletânea respondendo às perguntas propostas;
2) Destaque as informações mais relevantes (dados, exemplos, posicionamentos, leis, etc.)
3) Procure estabelecer relações entre eles, comparando-os. Se possível, escreva algumas orações para 
organizar essa comparação. 
3. Citação da coletânea (paráfrase)
Ao se valer da coletânea para compor seus argumentos, os alunos precisam estar atentos ao modo como as informações 
ali presentes devem ser inseridas na redação. A maior parte das bancas examinadoras repudia a cópia integral dos textos, já 
que ela não apresenta uma compreensão e apropriação autoral das informações oferecidas. 
Convém ressaltar que não se deve fazer referências diretas à forma de exposição da coletânea, e sim citar o texto como se 
ele fosse uma informação proveniente do repertório de informações do próprio candidato. Cabe ao aluno compreender e 
interpretar os dados, inserindo-os em seu texto, caso julgue necessário. Uma boa dica é o emprego de paráfrases. 
Veja os exemplos:
PROBLEMAS REFERÊNCIAS INADEQUADAS REFERÊNCIAS ADEQUADAS
REFERÊNCIA INCORRETA Segundo o texto 2... De acordo com reportagem publicada no Jornal O Globo, ...
4. Interpretações de dados estatísticos
Outro deslize comum nas redações do vestibular é a interpretação equivocada de gráficos e dados estatísticos. Às vezes, os 
alunos extrapolam as inferências possíveis de serem feitas e constroem informações inadequadas dos textos apresentados. 
Portanto, é preciso cuidado ao analisar os dados disponíveis, cuidando em reproduzir apenas os elementos prováveis dentro 
de uma estatística.
Obs: Jamais invente dados estatísticos! Esse recurso – além de impertinente, dada a sua falsa natureza – é malvisto. 
PROBLEMAS COLETÂNEA INTERPRETAÇÃO INADEQUADA INTERPRETAÇÃO ADEQUADA
EXTRAPOLAÇÃO
35 % dos eleitores admi-
ram a ação do prefeito 
65% não admiram a ação do pre-
feito...
Aproximadamente um terço dos 
eleitores admiram a ação do pre-
feito.
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1. Parágrafo expositivo
A presença do parágrafo expositivo nas redações do vestibular é um dos entraves mais comuns e mais difíceis de serem 
solucionados. Esse fator ocorre em função da pouco experiência de muitos alunos em dissertar de modo argumentativo, isto 
é, evidenciado seu posicionamento a partir de opiniões. 
Para evitar esse deslize, é fundamental compreender e revisar a estrutura dissertativo-argumentativa. Vale lembrar que esse 
texto pressupõe um conjunto de posicionamentos, opiniões (ligados a persuasão), sustentado por dados, fatos e informações 
(ligados à exposição/comprovação das opiniões e posicionamentos). 
Assim, o fundamental é garantir o equilíbrio entre essas duas esferas em seu parágrafo, conforme os exemplos abaixo.
PARÁGRAFO EXPOSITIVO PARÁGRAFO ARGUMENTATIVO
Países de todo o mundo estão vivendo o crescimento do en-
velhecimento populacional. Nas próximas décadas, a popula-
ção mundial com mais de 60 anos vai passar de 841 milhões 
em 2014 para 2 bilhões até 2050, segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS).
A princípio, a falta de profissionais qualificados dificulta o 
contato do portador de surdez com a base educacional ne-
cessária para a inserção social. O Estado e a sociedade moderna 
têm negligenciado os direitos da comunidade surda, pois a falta de 
intérpretes capacitados para a tradução educativa e a inexistência de 
vagas em escolas inclusivas perpetuam a disparidade entre surdos e 
ouvintes, condenando os detentores da surdez aos menores cargos da 
hierarquia social. 
https://JornaL.usp.br (trecho retirado da redação de beatriz aLbino serviLha – 
 redação nota miL – enem 2017)
2. Ausência de coesão
Ao construir orações, períodos e parágrafos do texto, o aluno precisa estar ciente da necessidade de conectar cada uma 
dessas estruturas. Os pontos descontados em razão da coesão costumam ser altos e, portanto, extremamente prejudiciais 
na somatória final da avaliação. 
É fundamental fiscalizar a todo o tempo a manutenção da conexão entre os trechos. É possível se valer de conectivos e ver-
bos para cumprir tal função (coesão sequencial) e também de pronomes, sinônimos, hiperônimos, termos genéricos a fim 
de retomar termos já expressos, mantendo uma coesão lógica dos fatos apresentados (coesão referencial). Convém lembrar 
que os alunos são avaliados pela presença ou ausência dessas estruturas, conforme mostra o comentário da banca do INEP 
a respeito de uma das redações nota mil do ano de 2017:
Há também um uso diversificado de recursos coesivos que garantem a fluidez de sua argu-
mentação por todo o texto, com a presença de articuladores tanto entre os parágrafos (“A 
princípio”, “Além disso”, “portanto”) quanto entre as ideias dentro de um mesmo parágrafo 
(“Também”, “Desse modo”, “pois”, “haja vista que”, “Ademais”; entre outros). 
redação no enem 2018 - cartiLha do participante
3. Ausência de coerência
A coerência nas redações do vestibular avalia a capacidade do texto em garantir a sequência lógica e o encadeamento 
correto das ideias. No entanto, a ausência de planejamento e de delimitação da tese e dos argumentos levam os alunos 
a construírem parágrafos incoerentes, com informações contraditórias e impertinentes.
É comum encontrar casos em que os candidatos resolvem escrever um argumento para cada texto da coletânea, numa clara 
tentativa de recriar as informações apresentadas sem o menor objetivo argumentativo. Como resultado, cria-se um texto 
sem relação lógica, sem direcionamento, que coloca numa sequência linear informações contraditórias, ou sem relação direta 
entre si.
IMPRECISÕES COMUNS EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR: 
ESTRUTURA 
 64
Para evitar problemas de coerência em seu texto, lembre-se das estratégias abaixo:
 § SEMPRE faça um planejamento de texto;
 § Deixe sua tese muito clara para o leitor;
 § Observe se os argumentos apresentados realmente contribuem para a defesa dessa tese;
 § Verifique se os posicionamentos trabalhados em seu texto não estão em contradição;
 § Cuide para que seu título também esteja coerente em relação ao conjunto do texto.
4. Presença de lacunas
Um dos problemas que leva parte dos alunos a não atingirem a nota máxima em muitas avaliações é a presença de lacunas. 
Lacunas são ausências criadas ao longo do texto, a partir de ideias que foram apresentadas, mas não comprovadas ou 
discutidas. Para se ter uma ideia, a VUNESP estabelece a nota máxima no critério GÊNERO/TIPO DE TEXTO E COERÊNCIA 
a partir da capacidade do candidato de não deixar lacunas em seu texto: “Bom desenvolvimento dos argumentos: ainda 
que haja rara lacuna ou quebra, os argumentos são justificados/desenvolvidos de modo a convergir para o ponto de vista 
defendido e há progressão argumentativa (texto estratégico)”.
5. Inexistência da tese/tese
A inexistência da tese no texto dissertativo-argumentativo é um erro bastante grave para o gênero. Isso porque ele com-
promete toda a estrutura de desenvolvimento do texto, ao não apresentar um fio condutor que oriente a apresentação das 
ideias. A maior parte dos vestibulares exige tal elemento e o avalia como fundamental para a construção da redação. A 
análise do próprio INEP feita para os textos nota mil revela essa preocupação: 
Nota-se também um pleno domínio do texto dissertativo-argumentativo, uma vez que a par-
ticipante estrutura adequadamente sua redação, apresentando sua tese, argumentos que a 
corroboram e conclusão que encerra a discussão.
redação no enem 2018 - cartiLha do participante
Em síntese, não caprichar na tese é comprometer a estrutura macro de todo o texto e ainda correr o risco de perder pontos 
pelo não cumprimento do gênero. 
Recomendações para a elaboração de uma tese
A tese é um posicionamento a respeito de um determinado tema e, portanto, pressupõe a explicitação de julgamentos ou 
juízos, o que a caracteriza como um período argumentativo. Portanto, convémempregar palavras que não sejam meramente 
descritivas, mas que carreguem em si um aspecto parcial acerca do tema desenvolvido.
Para facilitar a composição de sua tese, recomendamos algumas estratégias:
1) Empregue verbos no presente que exprimam juízos 
de fato a respeito de uma situação.
A elite brasileira ignora a noção de cidadania e, assim, submete 
os outros a uma relação de hierarquia.
2) Use substantivos abstratos que apontem a ocorrên-
cia de processos/eventos que ocorre, na sociedade.
É importante analisar a forte influência política no setor e a im-
punidade das empresas que desrespeitam a legislação.
3) Use adjetivos para julgar e avaliar processos/ atitu-
des/comportamentos
As ações vinculadas à cultura são inexpressivas...
4) Empregue verbos de ligação para avaliar e criticar:
Diante disso, nota-se que o racismo continua presente no coti-
diano brasileiro, ainda que parte da sociedade civil negue sua 
existência.
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SUGESTÃO DE ESTILO I
Ampliação do vocabulário
Sabemos que a composição do léxico de uma pessoa – isto é, o conjunto de vocábulos de que dispõe para uso da língua – é 
uma construção feita ao longo de toda a vida. Ela ocorre em diferentes processos de contato com a língua, seja através da 
compreensão oral ou de nossa compreensão escrita.
Ao nos dedicarmos à escrita de redações para o vestibular – tendo como foco o texto dissertativo-argumentativo – é 
comum que empreguemos com frequência as mesmas palavras, até mesmo porque, ao longo do tempo, observamos que 
algumas delas são capazes de precisar exatamente as ideias que queremos defender. No entanto, não podemos nos esque-
cer de que a ampliação do léxico é um processo contínuo, que deve ser estimulado e valorizado. Portanto, evite o apego a 
fórmulas únicas de construção textual e aproveite as sugestões e análises abaixo para aumentar ainda mais suas formas de 
construção textual.
a) Uso de substantivos abstratos
Pelo fato das dissertações-argumentativas serem pautadas pela apresentação e defesa de ideias, é natural que boa parte do 
léxico dessa unidade textual seja composto por substantivos abstratos. Estes são responsáveis por nomear ações, processos, 
ideias, sentimentos, sensações, experiências entre outras convenções dentro de uma língua. 
Leia os conjuntos de substantivos abaixo e procure empregá-los. O ideal, ainda, é criar uma lista própria de termos em seu 
caderno de anotações para sempre consultá-la quando necessário.
FUNÇÃO TERMOS EMPREGO
Ações/ Comportamentos 
possivelmente inadequados:
despreparo, equívoco, engano, infantilidade, negligência, 
brutalidade, displicência, inação, irregularidade, comedi-
mento, descuido, desatenção, despreparo, ilusão, impre-
visibilidade, conivência, permissividade, desgaste, insta-
bilidade, fuga, incapacidade, mascaramento
Ao notar a série histórica de equívocos 
por parte das autoridades brasileiras, nota-
-se o quanto o despreparo e conivên-
cia foram a tônica das condutas políticas 
em diferentes regimes.
Ações/ Comportamentos 
possivelmente notáveis:
Engajamento, interesse, maturidade, coerência, inte-
ração, flexibilidade, coragem, clareza, aprimoramento, 
gentileza, cordialidade, aproximação, conciliação, ama-
durecimento, simplificação, ousadia, concentração.
O atual interesse e engajamento dos 
jovens face aos problemas ambientais re-
velam o real amadurecimento político 
das novas gerações.
PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS
Vontade Desejo, ambição, busca, procura
Trabalho Atuação, desempenho, conduta, tarefa, obrigação
Objetivo Finalidade, intuito, intenção, meta, alvo
Administração Gestão, atuação, operação
Aumento Acréscimo, ampliação, crescimento
Visão Percepção, perspectiva, entendimento, compreensão 
Desprezo Aversão, preterição, repulsa
Manutenção Conservação, permanência, continuidade
Contribuição Colaboração, aporte, auxílio
Construção Criação, composição, elaboração
Ligação Aliança, associação, acordo
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b) Adjetivos
Os adjetivos também são itens lexicais importantes para a construção da opinião do autor dentro do texto. No entanto, 
como vimos na aula 20, é preciso comedimento e atenção para empregar adjetivos adequados à norma padrão da escrita e 
ao texto dissertativo-argumentativo. A lista abaixo pode te auxiliar a obter novos termos para aprimorar a criticidade de seu 
texto nas provas de redação.
PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS EMPREGO
Prejudicial Nocivo, pernicioso, danoso É nociva a forma como tais indivíduos são tratados.
Válido
Apropriado, adequado, pertinente, propício, ideal, 
procedente
O momento não poderia ser mais propício: a cidade, atu-
almente, passa pelo grave processo de financeirização. 
Notável Evidente, perceptível, visível
Nesse sentido, as incoerências a respeito do problema 
tornam-se visíveis.
Rigoroso Austero, severo, rígido, intransigente, autoritária
A austera vigilância sobre os alunos impõe-se parte na-
tural do processo educativo
Mentiroso Leviano, inverídico, enganoso, falacioso
Assim, amplia-se a ideia falaciosa de que todo o siste-
ma público de saúde está corrompido.
Disseminado Difundido, compartilhado, divulgado
Com efeito, tais ideias ainda precisam ser difundidas 
entre as autoridades brasileiras.
Legítimo Lícito, aceitável, justificável – verdadeiro, genuíno
É justificável o argumento defendido por boa parte da 
população. 
c) Construções verbais
Conhecer e saber manipular as construções verbais da língua é algo que certamente rende maior precisão vocabular aos 
candidatos na hora do vestibular. Veja a lista abaixo e observe como alguns deles podem ser empregados num texto disser-
tativo-argumentativo:
PALAVRAS USUAIS SINÔNIMOS EMPREGO
Recusar Abster-se de, isentar-se de
Parte dos cidadãos abstêm-se da responsabilidade co-
letiva com a luta antirracista.
Continuar Permanecer, manter, conservar, preservar, perpetuar
E assim, a sociedade perpetua a ideia de que parte 
dos cidadãos não são dignos de direitos. 
Defender Alegar, argumentar
Outros alegam que esses adolescentes já teriam res-
ponsabilidade suficiente para responder criminalmen-
te por seus próprios atos.
Questionar Contestar, fazer objeção a, 
Parte dos professores fazem objeções ao emprego do 
celular em sala de aula.
Prejudicar Danificar, minar, comprometer, 
Ao reproduzir esse senso comum, mina-se qualquer 
possibilidade de engajamento por parte da população.
Mostrar Revelar, expor, deixar entrever, 
Aos poucos, o grupo deixa entrever uma série de 
preconceitos presentes no discurso, nas ações e nas 
escolhas realizadas.
Prosseguir Levar adiante, avançar Poucos levam adiante a lição aprendida com o passado.
Querer Reivindicar, exigir, requerer
Esse espaço é reivindicado justamente quanto as eli-
tes tem seu privilégio questionado.
Favorecer Beneficiar, possibilitar, privilegiar
Ao passo que os direitos são negados, privilegia-se 
apenas um grupo social.
 67
SUGESTÃO DE ESTILO II
1. Deslocamento e inversões sintáticas
Sabemos que a clareza de um texto é fundamental para a obtenção de uma boa nota. Sabemos também que o uso recor-
rente da ordem direta do português (sujeito-verbo-complemento) é uma ferramenta excelente para que o aluno não perca 
o raciocínio durante a escrita e evite desvios de concordância, regência e pontuação.
No entanto, devido à forma com que as informações são apresentadas, muitas vezes, pode ser mais interessante recorrer 
a deslocamentos ou inversões sintáticas no momento da escrita. Embora, muitas vezes, já façamos uso dessas estruturas, 
mesmo sem nos darmos conta, é recomendável sabermos manipular as orações a fim de aprimorarmos ainda mais a orga-
nização de nosso texto.
a) Deslocamento da oração adverbial
De acordo com a ordem canônica de apresentação sintática da língua portuguesa, advérbios, locuções ou orações adverbiais 
devem aparecer sempre após a estrutura sujeito-verbo-complemento, como ocorre na sentença “Os deputados aprovaram 
a sentença na última sexta-feira”. Entretanto, em algumas situações na escrita da redação, convém que essa informaçãotrazida pelo advérbio/locução adverbial/oração adverbial seja antecipada para o leitor. 
 Observe os períodos abaixo: 
Ao longo do processo de formação da sociedade, o pensamento 
cinematográfico consolidou-se em diversas comunidades. 
Deslocamento de locução adverbial de tempo
Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura 
como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realida-
de brasileira, não há o cumprimento dessa garantia.
Deslocamento de oração adverbial concessiva e de oração adverbial 
temporal
Assim como retratado no longa-metragem, não há, ainda, a plena 
democratização do acesso ao cinema no Brasil.
Deslocamento de oração adverbial comparativa
(trechos extraídos de redações nota máxima do enem 2019 , disponíveis na cartiLha redação a miL 2.0.)
Em todas as situações, os termos adverbiais foram deslocados para o início ou para o meio da oração com objetivo de adian-
tar algumas informações para o leitor. O grande desafio, ao empregar tais estruturas, é estar atento para o uso da vírgula: 
ela sempre será necessária para marcar esses deslocamentos.
Em outros casos, o uso do deslocamento pode tornar o texto ainda mais autoral. Veja os exemplos abaixo:
TESE
Ainda que haja forte pressão de parte dos cidadãos, as autoridades não devem abrir mão dos programas de 
vacinação. 
TÓPICO FRASAL Ao vincularmos nossas ações ao olhar do outro, perdemos nossa própria identidade.
RETOMADA DA TESE 
(CONCLUSÃO)
Portanto, seja em função do alto custo dos ingressos, seja devido à pouca oferta de espaços para espetáculo, 
o teatro continua a ser uma arte relegada apenas às camadas mais altas. 
FECHAMENTO 
ESPECIAL 
(CONCLUSÃO)
Se pertence ao homem o direito de escolher sua própria orientação religiosa, não cabe a nenhum Estado 
legislar sobre essa decisão.
FECHAMENTO 
ESPECIAL 
(CONCLUSÃO)
Enquanto o individualismo for a regra da atualidade, a solidariedade continuará a ser um discurso incapaz 
de se transformar em ações e em práticas efetivas.
b) Inversão sintática
Eventualmente, a inversão da estrutura sujeito-verbo-complemento pode ser usada para melhorar a conexão com a oração 
anterior, para dar mais ênfase a determinados elementos ou para tornar a redação mais autoral. Todavia, é preciso usar esse 
recurso com comedimento, tendo atenção para não cometer equívocos nas concordâncias verbal e nominal das sentenças.
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Observe abaixo a diferença entre a posição de sujeitos, verbos e complementos nas orações destacadas:
PERÍODO INVERTIDO PERÍODO NA ORDEM CANÔNICA
Diferentemente disso, no Brasil, são raras as políticas públicas na 
área de moradia e inexistem meios efetivos para a contenção da 
especulação imobiliária. 
Diferentemente disso, no Brasil, as políticas públicas na área de 
moradia são raras e meios efetivos para a contenção da especula-
ção imobiliária inexistem. 
Foram, justamente, os jovens os principais responsáveis pelas Jor-
nadas de Junho, em 2013, no Brasil. 
Os jovens, justamente, foram os principais responsáveis pelas Jor-
nadas de Junho, em 2013, no Brasil.
Desse grande mal-entendido científico, surgiram diversas notícias 
falsas.
Diversas notícias falsas surgiram desse grande mal-entendido 
científico. 
2. Redução de orações 
Outro recurso que pode aprimorar a escrita dos alunos é a ação de reduzir orações subordinadas ou ainda de transformá-las 
adjetivos, substantivos ou advérbios/locuções adverbiais dentro de um período simples. Esses empregos, além de deixarem o 
texto mais curto e objetivo, podem melhorar a clareza nas ideias e conferir mais autoria à produção. 
ORAÇÕES SUBSTANTIVAS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
É preciso que as ofertas de trabalho nessa área sejam ampliadas 
e que elas sejam dirigidas, sobretudo, à população desalentada.
É preciso ampliar as ofertas de trabalho e dirigi-las, sobretudo, à 
população desalentada.
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM SUBSTANTIVO
É notório que esses movimentos conquistaram sua liberdade. É notória a conquista da liberdade feita por esses movimentos.
ORAÇÕES ADVERBIAIS
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO REDUZIDA
Quando se considera a situação brasileira, nota-se... Ao se considerar a situação brasileira, nota-se...
ORAÇÃO DESENVOLVIDA ORAÇÃO TRANSFORMADA EM LOCUÇÃO ADVERBIAL
Embora haja críticas à medida, ela é fundamental... Apesar das críticas à medida, ela é fundamental
3. Uso de repertório
Ao longo do curso, você foi apresentado a diferentes recursos para usar seu repertório nas redações. Aqui, são apresentadas 
apenas outras sugestões para você se inspirar e fazer paráfrases criativas de teorias ou conceitos de dos autores selecionados.
TEORIA/CONCEITO EMPREGO
Num sistema de direitos de cidadania assim baseado na imunida-
de de alguns e na incapacidade de outros, os direitos se tornam 
relações de privilégio que atuam sem a obrigatoriedade do dever.
James hoLston, antropóLogo norte-americano.
Diante desse exemplo, é possível dizer que James Holston 
acertara ao descrever a cidadania no Brasil: direitos tornam-
-se privilégios sem a obrigação dos deveres, o que apenas reforça 
esse sentimento de hierarquia e distinção social tão presentes en-
tre as camadas mais abastadas do país.
A escolha dos homens, que irão exercer funções públicas, é feita 
de acordo com a confiança pessoal que mereçam os candidatos, 
não de acordo com as suas capacidades próprias. Falta a tudo a 
ordenação impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático.
sergio buarQue de hoLLanda, socióLogo e historiador brasiLeiro.
Nesse contexto, o interesse de parte da elite em promover pesso-
as próximas para altos cargos – sejam eles públicos ou privados – 
em nada se distancia da cordialidade descrita por Sérgio 
Buarque de Hollanda: trata-se de uma seleção que despreza 
as capacidades próprias dos candidatos e, em vez disso, seleciona 
aqueles com quem mantém relações de interesse e de confiança.
A racionalidade neoliberal tem como característica principal a ge-
neralização da concorrência como norma de conduta. (...) O neoli-
beralismo pode ser definido como o conjunto de discursos, práticas 
e dispositivos que determinam um novo modo de governo dos 
homens segundo o princípio universal da concorrência.
pierre dardot e christian LavaL, fiLósofos franceses contemporâneos.
A busca desenfreada pelo sucesso e pelo desempenho em dife-
rentes instâncias da vida social é parte de uma nova racionalidade 
em operação no momento contemporâneo: a concorrência. Tal 
como descrevem Pierre Dardot e Christian Laval, os in-
divíduos extraem a competição da esfera econômica e passam a 
empregá-la em nas demais relações que estabelecem.
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prOpOSTa EnEm
TEXTO 1
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das 
nossas sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é 
fundamental para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao 
mesmo tempo, pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central 
nas batalhas políticas presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder. 
rodrigo patto sá motta “desafios para uma história do tempo presente no brasiL” https://ufmg.br (06.06.2020) adaptado.
TEXTO 2
A falta de interesse pela preservação da memória no Brasil, explícita no incêndio que atingiu o Museu Nacional na noite o dia 02 de setembro 
de 2018, é uma característica histórica e cultural da sociedade brasileira. A análise é da historiadora, pesquisadora e professora Mary del Priore, 
que lista, entre tantos motivos, a falta de investimentos das autoridades públicas na manutenção e valorização do patrimônio, os profes sores de 
história que não transmitem a paixão sobre o passado para seus alunos,os pais que preferem levar seus filhos ao shopping e não a um museu. 
A responsabilidade, diz a professora, é de toda a sociedade, que agora se sensibiliza ao ver um patrimônio depredado. “Todos nós temos que 
jogar as cinzas do Museu na nossa cabeça. Foi culpa nossa”, disse em entrevista à Carta Capital. 
“Nunca foi valorizado no Brasil o nosso passado, a nossa memória, a disciplina histórica. As faculdades de história, por exemplo, só começam 
no país no século XX. A falta de prestígio da história é histórica”, afirma.
‘a faLta de prestígio da história é histórica no brasiL’ https://www.cartacapitaL.com.br/ (03.09.2018 )
TEXTO 3
Nos últimos anos, o mundo tem vivenciado uma crescente negação de fatos históricos. Frases como “o Holocausto nunca existiu”, “o nazismo é 
de esquerda”, “a ditadura militar foi branda” e “não houve genocídio indígena” estão se tornando comuns em conversas diárias, seja em redes 
sociais ou em uma mesa de bar numa sexta à noite.
Inúmeros fatores contribuem para o aumento deste fenômeno no Brasil e no mundo. A revista Aventuras na História teve acesso à abertura do 
evento “Negacionismos e Revisionismos: o conhecimento histórico sob ameaça”, organizado por docentes da Universidade de São Paulo (USP), 
onde o tema aparece como um desafio que deve ser enfrentado através do diálogo.
Segundo a professora e historiadora da USP Mary Anne Junqueira, “o negacionismo está vinculado ao fortalecimento de grupos conservadores 
em várias partes do ocidente e também em regiões do oriente . Negar a violência de temas do passado e do presente é uma ameaça ao conhe-
cimento histórico e à democracia, e deve ser visto como arma política usada por determinados setores”. 
Independentemente de posições políticas, o debate sobre esses conteúdos deve ser mantido por todos os cidadãos dentro de termos racionais, 
e construído com base em argumentos sólidos – afinal, a História é uma ciência como todas as outras.
“negacionismo histórico: por Que estamos negando os fatos?” www.aventurasnahistoria.uoL.com.br (08.05.2019)
TEXTO 4
https://tirasarmandinho.tumbLr.com/post/150815257424/tirinha-originaL (acesso em 02.09.2021)
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto disserta-
tivo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema , apresentando proposta de intervenção que respei-
te os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 
OS PERIGOS DO DESPREZO À HISTÓRIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA
 70
prOpOSTa vESTIbUlar
TEXTO 1
Novelas, filmes e séries são obras de ficção, certo? Mas quando essas obras retratam figuras e acontecimentos históricos, a maioria das pessoas 
espera que aquilo que estão vendo seja o que realmente aconteceu ou que, pelo menos, se aproxime da realidade dos fatos e das pessoas retratados. 
Isso não é o que vemos em Nos Tempos do Imperador, a atual novela das 18h da Globo.
Nos Tempos do Imperador se passa na época do Segundo Reinado, com recursos parecidos aos da novela anterior: um casal romântico fictício 
protagoniza a história, com figuras históricas como pano de fundo — dessa vez, o romance entre Dom Pedro II e a Condessa de Barral. Porém, o 
resultado está sendo bem diferente: a audiência está mais baixa do que nunca, e o público está criticando os vários erros históricos da produção.
Vejamos o primeiro casal protagonista romântico da novela: Pilar é uma moça rica que quer ser médica, em uma época na qual apenas homens 
estudavam, e se apaixona por Jorge, um escravo que foge de seu dono e muda de identidade. Várias das sequências que mais geram críticas na 
novela envolvem ambos.
O casal birracial anda pela rua, trocando carícias livremente — isso em uma época em que muitos negros ainda eram escravizados e nem eram 
considerados humanos por parte dos brasileiros. É factível a existência do casal, porém demonstrar o amor à luz do dia, sem sofrer represálias, não 
é algo que seria possível.
A cena mais incômoda foi quando Pilar acabou sendo impedida de morar na Pequena África, reduto dos negros libertos, e Jorge faz um comentário 
comparando o que houve com a moça ao racismo. Afinal, ter de buscar outro lugar para dormir não é nada perto de séculos de escravidão e da falta 
de direitos básicos.
“dramas históricos precisam ter compromisso com a reaLidade?” https://www.megacurioso.com.br/ (02.09.2021)
TEXTO 2
A história, como um campo do saber, é parte central dos embates políticos e sociais desde sua origem, pois ela faz parte da constituição das nossas 
sociedades, ao fornecer representações formadoras de imaginários coletivos que instituem e dão legitimidade à comunidade. Ela é fundamental 
para estruturar as identidades de diferentes grupos sociais, sejam nações, classes, grupos religiosos ou movimentos sociais, e, ao mesmo tempo, 
pode oferecer inspiração para as escolhas políticas de tais grupos. Aí estão as razões pelas quais a história ocupa lugar central nas batalhas políticas 
presentes, sendo objeto de tantas disputas e manipulações por parte de quem pretende justificar seus projetos de poder. 
Há iniciativas sistemáticas de alguns grupos sociais para construir representações da história que recuperam perspectivas tradicionais de inspiração 
conservadora. Não se trata apenas da história presente, mas também de temas clássicos como a colonização do Brasil e a escravidão, fenômenos 
que as lideranças e os intelectuais mais conservadores pretendem mostrar como processos sem conflito e violência. 
rodrigo patto sá motta “desafios para uma história do tempo presente no brasiL” https://ufmg.br (06.06.2020) adaptado.
TEXTO 3
Poucos se dão conta de que, quando se vai montar uma peça, um filme, uma novela, no início está escrito “Baseado em...” Uma produção audio-
visual é uma nova produção que nasce em cima do livro, em cima da história, em cima de um episódio real. Trata-se de uma nova obra, uma nova 
releitura, uma livre adaptação.
As linguagens artísticas existem justamente para não ter compromisso com a realidade. A ficção é uma narrativa imaginária, irreal, ou para redefinir 
obras (de arte) criadas a partir da imaginação. Obras ficcionais podem ser parcialmente baseadas em fatos, mas sempre contêm algum conteúdo 
imaginário. É o que chamo das transgressões artísticas. A arte cria ilusões de realidades, espaços e pessoas inexistentes para contar histórias que 
nunca aconteceram. Que não se encontram na natureza, de forma a materializar visualmente as ideias que temos na cabeça. O ser humano é o único 
animal que produz ficção, criando uma aparência de realidade para enganar a si próprio ou a seus similares. Assim, o nosso dia a dia, nossas tarefas 
são a realidade que vivemos. Quem quiser viver alguns momentos de fantasia, abra um livro, assista a um filme, ouça uma música.
Ou, como eu digo, o papel do historiador é contar o fato como realmente aconteceu. O papel do escritor é imaginar, contar, fantasiar como o fato 
poderia ter acontecido.
emíLio figueira “a ficção não tem compromisso com a reaLidade” https://www.emiLiofigueira.com.br/ (09.05.2020) adaptado.
TEXTO 4
Por trazer a história para o cotidiano, as novelas e minisséries são um gênero televisivo que chama a atenção da população. As obras de época 
possibilitam uma volta ao passado. As tramas históricas possibilitam um conhecimento sobre um determinado período ou figura histórica por meio 
do entretenimento que a TV oferece. Muitas pessoas, ao assistirem as tramas, despertam seu interesse em pesquisar e se aprofundar sobre os fatos 
históricos e a vida dos personagens, por meio de livros, internet, entre outros. Há uma relação de identidade, curiosidade e empatia que se constrói 
entre o personagem e o telespectador. 
 71
Diante de um cenário como esse, até entendemos que as produções audiovisuais sejam um produto de ficção e que, portanto, não tenham um com-
promisso com o registro dahistória em si. No entanto, tais produções criam uma visão sobre aquilo que abordam, ao fornecerem uma interpretação 
sobre episódios que efetivamente ocorreram. Ou seja, mesmo que a ficcção não tenha essa intenção, ela também constrói uma visão sobre a história.
samanta fernandes “as representações históricas como produto midiático”: um estudo sobre a minissérie “amazônia – de gaLvez 
a chico mendes”. dissertação de comunicação contemporânea da universidade anhembi morumbi, 2016. (adaptado)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a 
norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A REPRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA NAS ARTES: ENTRE A LIBERDADE 
DE CRIAÇÃO E O COMPROMISSO COM A REALIDADE 
 72
 73
INGLÊS
 74
U.T.I. - Sala
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Emily Carr (1871-1945)
Emily Carr was born on December 13, 1871, in Victoria, 
British Columbia, to Richard and Emily Saunders Carr, the 
fifth child in a family of five girls. A brother, Dick, was 
born in 1875. Carr began her training as an artist in her 
late teens. After the death of both parents, rather than be 
subjected to the demands of her overbearing sister Edith, 
Carr approached her legal guardian to secure funds to 
attend the California School of Design. Little of her work 
survives from this period, but she seems to have received 
basic instruction in oil painting and watercolour and was 
able, upon her return to Victoria in 1893, to make a living 
as an art teacher. In 1907, she began documenting the 
First Nations cultures of British Columbia.
Carr continued to draw and paint throughout the 1930s 
until a heart attack in 1937 left her bedridden and un-
able to paint. She began to devote all of her creative en-
ergy to writing. Ira Dilworth, teacher and CBC executive, 
became her confidant and literary advisor. Dilworth’s 
support of her autobiographical sketches gave her both 
the confidence and the means to secure publication for 
her work. Her writing, initially broadcast on CBC Radio, 
gathered popular appeal and endeared her to a public 
that for years had been hostile to her art.
Klee Wyck, first published in 1941, was a huge popular 
success and a critical success as well: Carr was awarded 
the Governor General’s Literary Award for non-fiction in 
1941. Some of her other titles were The Book Of Small 
(1942), The House Of All Sorts (1944), Growing Pains 
(1946) and The Heart Of A Peacock (1953).
Growing Pains tells the story of Carr’s life, beginning 
with her girlhood in pioneer Victoria and going on to her 
training as an artist in San Francisco, England and France. 
Also here is the frustration she felt at the rejection of 
her art by Canadians, of the years of despair when she 
stopped painting.
Carr is a natural storyteller whose writing is vivid and 
vital, informed by wit, nostalgic charm, an artist’s eye for 
description, a deep feeling for creatures and the idiosyn-
crasies of humanity.
Emily Carr died in Victoria on May 2, 1945, with no idea 
that she would ultimately become a Canadian icon.
adaptado de: museevirtueL-virtuaLmuseum.ca. 
1. (UERJ) O gênero de um texto pode ser reconhecido 
tanto por seu propósito comunicativo quanto por suas 
características de uso de linguagem.
Identifique o gênero do texto e seu propósito. Indique, 
também, duas dessas características. 
2. (UEL) Leia os textos a seguir.
TEXTO I
Language carries culture, and culture carries, partic-
ularly through orature and literature, the entire body 
of values by which we come to perceive ourselves and 
our place in the world. How people perceive themselves 
affects how they look at their culture, at their politics 
and at the social production of wealth, at their entire 
relationship to nature and to other beings. Language 
is thus inseparable from ourselves as a community of 
human beings with a specific form and character, a spe-
cific history, a specific relationship to the world.
(ngugi wa thiong’o) 
(greenbLatt, s. et aL. the norton anthoLogy. 
engLish Literature. 8.ed., v.2. 2005. p.2538.)
TEXTO II
Listen Mr. Oxford Don
Me not no Oxford don
Me a simple immigrant
From Clapham Common
I didn’t graduate
I immigrate
But listen Mr. Oxford don
I’m a man on de run
And a man on de run
Is a dangerous one
I ent have no gun
I ent have no knife
but mugging de Queen’s English
In the story of my life
I dont need no axe
(Jhon agard) (disponíveL em:<http://year11protestpoetry.wiKispaces.
co/Listen+mr+oxford+don>. acesso em: 23 set. 2013.)
Com base na leitura do texto I, explique a relação entre 
o eu lírico e a língua inglesa no poema.
Justifique com exemplos do texto II. 
Leia o texto para responder, em português, à questão.
Land in Brazil: Farmers vs Amerindians
June 15th 2013
When Brazil’s constitution was adopted in 1988, five years 
was meant to be enough to decide which areas should 
be declared Amerindian tribal lands. Nearly 25 years later, 
the country has 557 indigenous territories covering 13% 
of its area, most of them in the Amazon. But more than 
100 others are still being considered. The delay is causing 
conflict in long-farmed regions farther south.
ESTUDO DA LÍNGUA INGLESA
 75
In the past month several Terena Indians have been in-
jured and one killed in confrontations with police and 
farmers in Sidrolândia in Mato Grosso do Sul (see map). 
Funai started studying the region the Terena tribe claims 
as its ancestral home in 1993. In 2001 it proposed an 
indigenous territory of 17,200 hectares (42,500 acres). 
Landowners whose farms fell within it challenged the de-
cision in court; some have titles dating from 1928, when 
the government ceded 2,090 hectares to the tribe and 
encouraged settlers to farm neighbouring land. Since 
then Funai, the justice ministry, the public prosecutor’s 
office and various judges have argued over the territory’s 
status. Last year owners of some of the 33 affected farms 
won a ruling granting them continued possession.
The Terena, supported by Funai, continue to lay claim 
to the land. Last month they invaded several disputed 
farms. During a failed attempt by police to evict them 
from one owned by a former state politician, an Indian 
was killed. On June 4th another was shot in the back on 
a neighbouring property. He is unlikely to walk again. 
The evictions have now been suspended and the occu-
pations continue. The justice ministry is trying to gather 
together local and federal politicians and tribal leaders 
to negotiate an end to the impasse. 
Brazil’s powerful farm lobby is now trying to change the 
constitution to give Congress the final say over future 
demarcations. That would probably mean few or no 
more indigenous territories. The government wants the 
power to demarcate territories to remain with the jus-
tice minister and the presidency. But in states where Fu-
nai’s rulings are fiercely contested, such as Mato Grosso 
do Sul, it plans to start seeking second opinions from 
agencies seen as friendlier to farmers.
(www.economist.com. adaptado.) 
3. (UNESP) De acordo com o texto, por que a Funai é 
questionada em estados fortemente agrícolas? 
4. (FUVEST) 
School
by danieL J. Langton
I was sent home the first day
with a note: Danny needs a ruler.
My father nodded, nothing seemed so apt.
School is for rules, countries need rulers,
graphs need graphing, the world is straight ahead
It had metrics one side, inches the other.
You could see where it started
and why it stopped, a foot along,
how it ruled the flighty pen,
which petered out sideways when you dreamt.
I could have learned a lot,
understood latitude, or the border with Canada,
so stern compared to the South
and its unruly river with two names.
But that first day, meandering home, I dropped it.
http://www.poetryfoundation.org/poem/244284. acesso em: 23/8/2012. 
Com base no poema “School”, responda em português:
a) Após o primeiro dia na escola, o menino voltou 
para casa com um bilhete que dizia: “Danny precisa 
de umarégua”. Por que a exigência de uma régua 
pareceu apropriada?
b) O que aconteceu no caminho de volta para casa 
e qual a consequência desse acontecimento para o 
aprendizado do menino? 
5. (UEL) Leia o poema a seguir.
40-Love
middle aged
couple playing
ten- nis
when the
game ends
and they
go home
the net
will still
be bet
ween them. 
(mcgough, r. disponíveL em: <http://home.pLanet.nL/ 
brui1713/Litbite/40Love.htmL>. acesso em: 14 ago. 2012.)
a) Este poema mostra uma relação entre a forma do 
texto e sua mensagem. Qual é essa relação?
b) Explique a relação entre o jogo de tênis e o casa-
mento, implícita no poema. 
 76
U.T.I. - E.O.
1. (FUVEST)
Com base na tirinha cômica “Dry Bones”, responda em português:
a) O que o personagem de boné considera uma boa notícia?
b) Por que a última fala do diálogo tem efeito humorístico? Justifique sua resposta. 
2. (FUVEST)
Is this the
South Sea Bubble 2.0?
I hear Tom Paine’s all a-Twitter
I saw her on
ThouTube...
Twas GHASTLY!
How goeth ye
American Spring?
Wilt thou be my
Visagebook friend?
THERE IS A great historical irony at the heart of the current transformation of news. The industry is being reshaped by 
technology – but by undermining the mass media’s business models, that technology is in many ways returning the 
industry to the more vibrant, freewheeling and discursive ways of the preindustrial era. Until the early 19th century 
there was no technology for disseminating news to large numbers of people in a short space of time. It travelled 
as people chatted in marketplaces and taverns or exchanged letters with their friends. The invention of the steam 
press in the early 19th century, and the emergence of mass-market newspapers, marked a profound shift in news 
distribution. The new technologies of mass dissemination could reach large numbers of people with unprecedented 
speed and efficiency, but put control of the flow of information into the hands of a select few. In the past decade 
the internet has disrupted this model and enabled the social aspect of media to reassert itself. In many ways news 
is going back to its pre-industrial form, but supercharged by the internet. Camera-phones and social media such as 
blogs, Facebook and Twitter may seem entirely new, but they echo the ways in which people used to collect, share 
and exchange information in the past.
the economist, JuLy 9th 2011. adaptado.
Com base no texto, responda em português:
a) Que mudanças ocorreram no início do século XIX, na indústria de notícias?
b) Explicite a ironia histórica, provocada pelo advento da internet, no modo de distribuição atual das notícias. 
 77
3. (UNICAMP)
The March on Washington 
When the architects of our republic wrote the magnif-
icent words of the Constitution and the Declaration of 
Independence, they were signing a promissory note to 
which every American was to fall heir. This note was a 
promise that all men, yes, black men as well as white 
men, would be guaranteed the unalienable rights of 
life, liberty, and the pursuit of happiness. 
It is obvious today that America has defaulted on this 
promissory note insofar as her citizens of color are 
concerned. Instead of honouring this sacred obliga-
tion, America has given the Negro people a bad check, 
a check which has come back marked “insufficient 
funds.” But we refuse to believe that the bank of justice 
is bankrupt. We refuse to believe that there are insuffi-
cient funds in the great depositories of opportunity of 
this nation. So we have come to our nation’s capital to 
cash this check. 
(adaptado de: http://www.mLKonLine.net/dream.
htmL. acessado em: 28/09/2011.)
a) Na linguagem metafórica do texto, um trecho do 
discurso proferido por Martin Luther King em 1963, 
a que se refere a “nota promissória” emitida pelos 
Estados Unidos da América? 
b) Que crenças levaram os negros estadunidenses a 
irem a Washington “sacar o cheque” que a América 
lhes deu? 
4. (UNICAMP)
The World Without Us by Alan Weisman – a book review 
Imagining the consequences of a single thought expe-
rience – what would happen if the human species were 
suddenly extinguished – Weisman has written a sort of 
pop-science ghost story, in which the whole earth is 
the haunted house. Among the highlights: with pumps 
not working, the New York City subways would fill with 
water within days, while weeds and then trees would 
retake the streets. Texas’s unattended petrochemical 
complexes might ignite, scattering hydrogen cyanide 
to the winds – a “mini chemical nuclear winter.” After 
thousands of years, rubber tires, and more than a bil-
lion tons of plastic might remain, and eventually a poly-
mer-eating microbe could evolve, and, with the spectac-
ular return of fish and bird populations, the earth might 
revert to Eden. 
(adaptado de: http://www.amazon.com/exec/obidos/asin/031234729/
sc /sciencedaiLy-20. acessado em: 10/10/2011.)
a) O que, segundo o texto, aconteceria em Nova Ior-
que, caso ocorresse uma repentina extinção da espé-
cie humana? 
b) Segundo o texto, quais poderiam ser as consequ-
ências da permanência de pneus e plásticos na Terra, 
milhares de anos após o desaparecimento dos seres 
humanos? 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES
Globalization and Multiliteracies 
“Every reading of the word is preceded by a reading 
of the world. Starting from the reading of the world 
that the reader brings lo literacy programs (a social-and 
class-determined reading), the reading of the word 
sends the reader back lo the previous reading of the 
world, which is, in fact, a rereading.”
pauLo freire 
Unesco has worked to examine the idea of varied usag-
es of literacy on a global basis. Globally, multiliteracies 
can be perceived and applied very differently depend-
ing on the nation and its culture. The table below pro-
vides a few excellent examples of this.
Brazil
The Brazilian Geographical 
and Statistics Institute defines 
as ‘functionally literate’ those 
individuals who have completed 
four grades of schooling, and as 
‘functionally ilIiterate’ 
those who have not.
Israel
Literacy is defined as the 
ability to ‘acquire the 
essential knowledge and 
skills that enable [individuals] 
to actively participate in all 
the activities for 
which reading and 
writing are needed’.
disponíveL em: http://muLtiLiteracy.wetpaint.com/page/
gLobaLization+and+muLtiLiteracies. acesso em: 2 set. 2011. (adaptado).
5. (UEG) Compare the concept of literacy in Brazil and 
in Israel. Which country takes into account its quanti-
tative aspects and which one considers its qualitative 
aspects? 
 78
6. (UEG) According to Paulo Freire, what is the effect 
of the reading of the world – literacy – on the reader’s 
view of the world? 
7. (UEG)
a) Change the following sentence from the passive 
voice to the active voice.
Every reading of the word is preceded by a reading 
of the world.
b) Change the following sentence into the present 
perfect continuous tense.
UNESCO has worked to examine the idea of varied 
usages of literacy. 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES
Personal Marketing: Selling yourself
Before you begin a job search campaign you must have 
a personal marketing strategy. A personal marketing 
strategy provides you with a game plan for your job 
search campaign.
You should look at the job search as a marketing cam-
paign, with you, the job seeker, as the product. Every 
product, even the best ones, won’t succeed without a 
strong marketing strategy. This begins with a comprehen-
sive, yet flexible plan. First you must know to whom you 
are marketing. You must identify the types of employers 
who would be looking for an employee with your quali-
fications. Are they all within a certain industry? Are there 
many industries that hire employees with your back-
ground?
You already know that personal marketing skills are im-
portant to your career and perhaps to find a better job, 
butthe only problem is that the art of self marketing is 
difficult for a lot of people.
Selling yourself well doesn’t mean talking just about 
yourself or arrogantly telling others how great you are. 
By selling yourself, in an interview or an informal net-
working meeting, I mean thinking first about the em-
ployer’s needs and expectations and figuring out how 
you can create value for their organization. What does 
the potential employer really need from a new employ-
ee? What specific technical skills, workplace competen-
cies and personal qualities is the employer looking for? 
Now if you can ask those questions dispassionately, you 
should be able to identify your own strengths that match 
and gently weave them into every conversation you have 
in the world of good jobs and prospective careers.
(adaptado de: http://careerpLanning.about.
com e www.your-career-change.com) 
8. (UNESP) Qual o significado da oração …if you can ask 
those questions dispassionately… no texto? A quais 
perguntas se faz referência nessa oração? 
9. (UNESP) Liste quatro aspectos importantes a serem 
considerados, segundo o texto, para se realizar uma 
propaganda de si mesmo com a finalidade de conseguir 
um emprego.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO 
Can science fiction still predict the future?
In the novel 2001: A Space Odyssey, Arthur C. Clarke 
shows us Dr. Heywood Floyd reading his “newspad”, 
where he can consult any newspaper he wishes. How 
many future computer engineers read this science fic-
tion classic – or saw the motion picture – and thought: 
“I want one of those!”? As science fiction fans know, 
finding examples in earlier fiction that resemble new 
technology brings a glow of satisfaction at seeing 
our world foretold. But how has rapid technological 
development affected such forecasts?
Wondering how scientific advances would shape the future 
is not a new preoccupation – indeed, rocket propulsion 
may first have been suggested in a 1657 work by Cyrano 
de Bergerac, who shoots his hero to the moon with fire-
crackers. But few have been so enthralled by imaginings 
of the future as John Claudius Loudon. In the March 1828 
issue of Gardener’s Magazine, Loudon ran a review of Jane 
Webb’s The Mummy!, a novel about an Egyptian mummy 
resurrected in the 22nd century. So impressed was Loudon 
by Webb’s steam-powered agricultural machines, air beds, 
milking machines and smokeless fuel that he arranged an 
introduction to the young writer. They were later married.
Enthusiasm about such speculation hasn’t been uni-
versal. For example, Jules Verne’s 1863 novel Paris in 
the Twentieth Century depicted a 1960s world of sky-
scrapers, fax machines and even a proto-internet. It was 
turned down by his publisher as “unbelievable”, and 
only finally published in 1994.
In the 20th century, emerging technologies made such 
ideas more believable. In 1926, the first issue of the 
science fiction magazine Amazing Stories enthused: 
“Extravagant Fiction Today… Cold Fact Tomorrow”. In 
1928, the British newspaper Daily Mail published an is-
sue forecasting the year 2000 – with giant flat-screen 
tvs in public places -, which caused little surprise. As 
time goes by, though, it becomes increasingly difficult 
to distinguish between science fiction and reality.
Of course, some have argued that projecting a plausible 
future is more science than art. Robert Heinlein was one 
of many authors credited with “inventing” the cellphone, 
which appears in his 1948 novel Space Cadet. Those with 
an ache to foretell the future may want to take a page 
out of his book: he maintained that his “prophecies” – 
which included atomic weapons and remote controls – 
were not born solely of his imagination, but rooted in 
his science education and knowledge of current research.
andy sawyer. http://proxcooL.com 
10. (UERJ) No texto, observa-se a utilização de dois re-
cursos de coesão lexical: o emprego de palavras sinô-
nimas e, também, o uso de palavras pertencentes a um 
mesmo campo semântico.
Retire do texto, em inglês:
 § dois verbos distintos que têm sentido equivalente 
a predict;
 § dois substantivos que exemplifiquem tipos de publi-
cação que veiculam textos de ficção científica. 
 79
Caro aluno 
Você está recebendo o terceiro livro da Unidade Técnica de Imersão (U.T.I.) do Hexag Vestibulares. 
Este material tem o objetivo de retomar os conteúdos estudados nos livros 5 e 6, oferecendo um 
resumo estruturado da teoria e uma seleção de questões que preparam o candidato para as provas 
dos principais vestibulares. Além disso, as questões dissertativas permitem avaliar a capacidade de 
análise, organização, síntese e aplicação do conhecimento adquirido. É também uma oportunidade 
de o estudante demonstrar que está apto a expressar suas ideias de maneira sistematizada e com 
linguagem adequada.
Aproveite este caderno para aprofundar o que foi visto em sala de aula, compreender assuntos que 
tenham deixado dúvidas e relembrar os pontos que foram esquecidos.
Bons estudos!
Herlan Felini
HISTÓRIA
HISTÓRIA GERAL 81
HISTÓRIA DO BRASIL 111
ENTRE PENSAMENTOS e ENTRE SOCIEDADES
FILOSOFIA 143
SOCIOLOGIA 159
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA 1 175
GEOGRAFIA 2 191
SUMÁRIO
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Tiago Rozante
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Vinicius Gruppo Hilário
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do 
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o 
contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e loca-
lizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para 
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 81
HISTÓRIA GERAL
 82
O século XIX marcou o desenvolvimento capitalista dos 
Estados Unidos e o início da expansão do território em di-
reção ao Oeste. 
Desde a colonização inglesa (século XVII), havia uma 
série de diferenças entre as colônias do Norte e do Sul. 
Aquelas formavam a Nova Inglaterra e suas atividades 
econômicas estavam voltadas para a pesca, pecuária, 
atividades comerciais e produção manufatureira. Em vir-
tude da forte presença dos imigrantes puritanos ingleses, 
a região caracterizou-se pela vida disciplinada e ética do 
trabalho como forma de obtenção da prosperidade eco-
nômica, sinal da salvação divina. A região foi marcada 
pela tolerância religiosa e um estilo de vida voltado para 
o isolamento. 
As colônias centrais eram socialmente mais abertas e re-
ceptivas aos grupos sociais que professassem diferentes 
crenças religiosas. Recebiam imigrantes de outras regiões 
da Europa como suecos, holandeses e escoses, os quais 
professavam diferentes credos. Tornaram-se importante 
centro econômico e mantinham fortes laços com as colô-
nias do Norte. Ambas conseguiram um desenvolvimento 
econômico autônomo da Inglaterra, o que sustentou as 
revoltas quando a Inglaterra quisfazer valer as regras do 
colonialismo mercantilista, o que explica, de modo geral, a 
precoce independência norte-americana. 
As colônias do Sul organizaram-se nos limites da clássica 
exploração econômica mercantilista colonial, a plantation 
– exploração agrícola monocultora e exploração do tra-
balho escravo, com produção de tabaco, algodão, arroz e 
índigo (anil), exportados para a Europa. 
Durante o século XIX, o território norte-americano assu-
miu dimensões próximas das atuais em virtude de uma 
série de fatores, dentre os quais a Doutrina do Destino 
Manifesto, que ocupou uma posição de suporte da ati-
tude norte-americana em relação àqueles povos que não 
são reconhecidos como seus iguais.
Na expansão ao Oeste, os pioneiros dessa conquista 
– criadores de gado, agricultores sem terra, granjeiros e 
caçadores – eram imigrantes europeus e americanos sem 
condições de sobrevivência na costa Leste. Com cavalos ou 
em barcos pelos rios, punham-se em marcha para o Oeste. 
Expulsavam ou dizimavam as tribos indígenas, conquista-
vam e povoavam as terras do interior e nelas desenvolviam 
a agricultura, a pecuária e a mineração. 
A marcha para o Oeste era, em grande parte, justificada 
pela Doutrina do Destino Manifesto, segundo a qual os 
norte-americanos tinham sido predestinados por Deus à 
conquista dos territórios situados entre os oceanos Atlân-
tico e Pacífico.
Em 1862, o presidente Abraham Lincoln criou o Homeste-
ad Act (Lei da propriedade rural), que concedia terra aos 
imigrantes que nela se fixassem e produzissem qualquer 
gênero, acelerando ainda mais a ocupação territorial em 
direção ao Pacífico. 
Os novos territórios incorporados pelos Estados Unidos ao 
longo da expansão para o Oeste foram adquiridos pela 
compra, pela diplomacia ou pela guerra. 
A Luisiana foi comprada da França por 15 milhões de 
dólares; a Flórida, da Espanha por cinco milhões de dó-
lares; e o Alasca, da Rússia por sete milhões de dólares. 
Mediante tratado diplomático negociado com a Inglater-
ra, o Oregon, na costa Norte do Pacífico, foi anexado aos 
EUA. Em 1848, metade do território mexicano, formado 
pelas atuais regiões de Nevada, Califórnia, Utah, Arizona, 
Texas e Novo México, foi anexado pela guerra. Não foi 
à toa que o presidente mexicano Porfírio Diaz declarou: 
“Pobre México, tão longe de Deus e tão perto dos Esta-
dos Unidos”.
Após a conquista do Oeste, entre os anos 1861 e 1865, 
os Estados Unidos foram envolvidos pela guerra civil, co-
nhecida como Guerra de Secessão, consequência dos an-
tagonismos entre os estados do Norte (União) e os do Sul 
(Confederados). Como fora dito acima, a formação econô-
mica das duas regiões foi muito distinta. Enquanto o Norte 
pregava a liberdade individual e econômica, o Sul era es-
cravista e praticava a plantation.
ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
GUERRA DE SECESSÃO (1861-1865)
 83
bandeira Que simboLiza os estados do suL dos eua
As contradições entre o Norte e o Sul aprofundaram-se com 
a abolição da escravidão. Em franca expansão territorial e 
capitalista, os Estados Unidos precisavam de uma identidade 
adequada a essa realidade. A escravidão tornou-se central 
no debate político do país que se pretendia democrático, 
bem como pela necessidade de liberar os capitais investidos 
em escravos. No Acordo de Mississipi, de 1820, decidiu-
-se que a escravidão seria aceita somente abaixo do paralelo 
36º40’; posteriormente, a Califórnia decidiu-se contrária à 
escravidão. Com o Compromisso de Clay, de 1850, cada 
Estado optaria pela abolição ou não da escravidão após con-
sulta a seus cidadãos. Em 1854, foi criado o Partido Republi-
cano que abraçou a causa do abolicionismo.
A questão do protecionismo também foi um dos princi-
pais motivos da Guerra Civil Norte-Americana. As indús-
trias do Norte, menos produtivas que as inglesas, neces-
sitavam de proteção alfandegária. Exigiam a adoção de 
uma política tarifária protecionista que lhes assegurasse 
o controle do mercado interno e eliminasse a concorrên-
cia das mercadorias importadas da Inglaterra. Essa prote-
ção não interessava aos grandes produtores do Sul, uma 
vez que, além de os produtos do Norte serem mais caros 
que os dos ingleses, eles corriam o risco de sofrer repre-
sálias por parte dos importadores da Inglaterra, grandes 
compradores dos seus produtos, como do algodão.
O estopim da guerra, entretanto, foi a vitória de Abraham 
Lincoln, candidato do Partido Republicano e representan-
te dos industriais nortistas, nas eleições presidenciais de 
1860. A aristocracia sulista reagiu à eleição de Lincoln e, 
em 1861, onze estados escravistas do Sul separaram-se do 
governo da União e fundaram os Estados Confederados da 
América. Jefferson Davis foi escolhido presidente, a capital 
foi estabelecida em Richmond, na Virgínia, e o general Ro-
bert Lee, nomeado comandante das tropas confederadas.
Esse conflito inaugurou uma nova tecnologia militar, um 
novo tipo de guerra. O velho fuzil de carga pela boca foi 
substituído pelo fuzil raiado, de precisão, de recarga pela 
culatra, cujos tiros saiam em repetição, ampliando a capa-
cidade ofensiva dos soldados da União. Os trens também 
foram bastante úteis para o transporte das tropas e o telé-
grafo facilitou a transmissão de notícias. As tropas desloca-
vam-se rapidamente em direção às regiões onde estavam 
sendo travados os combates. 
abraham LincoLn
A derrota dos exércitos confederados, em 1863, na Batalha 
de Gettysburg, foi decisiva. As tropas da União continua-
ram avançando até a assinatura da capitulação em Appo-
matox. Em 9 de abril de 1865, o general sulista rendeu-se 
e a guerra chegou ao fim. Alguns dias depois, no dia 14, 
Lincoln foi assassinado em um teatro por John Wilkes Boo-
th, ator e simpatizante confederado.
A Guerra de Secessão deixou 600 mil mortos e consoli-
dou a supremacia política e econômica do Norte burguês 
e industrializado sobre o Sul agrário e aristocrático, que foi 
devastado. 
O resultado imediato da guerra civil foi o fim da escravidão, a 
liberação de capitais antes investidos na compra de escravos 
que, agora, passaram a ser aplicados no capitalismo indus-
trial. A vitória dos republicanos (Norte), defensores do fede-
ralismo, fortaleceu a União, permitiu o atendimento dos inte-
resses das diferentes frações e facções de classe e deu feição 
à moderna nação norte-americana. Se, em 1860, os Estados 
Unidos ocupavam a posição de quarta potência mundial, em 
1890 já haviam ultrapassado a Inglaterra, a Alemanha e a 
França e se transformado na primeira potência econômica 
mundial.
A política isolacionista norte-americana tinha por objetivo 
evitar o envolvimento e a participação dos Estados Uni-
dos nas guerras e conflitos travados na Europa. O supor-
te teórico desse isolacionismo foi a Doutrina Monroe, 
formulada, em 1823, pelo presidente James Monroe, cujo 
princípio básico era a oposição dos Estados Unidos a qual-
quer intervenção política ou militar dos países europeus 
 84
nos assuntos internos do continente americano, sintetiza-
do no lema “a América para os americanos”.
caricatura da doutrina monroe
Já em 1890, o sistema industrial norte-americano se en-
contra plenamente desenvolvido. Há uma preocupação 
com a expansão dos mercados em virtude das necessida-
des de reprodução do capital, o que mostra a inserção dos 
EUA no movimento de expansão imperialista do final do 
século XIX, sendo o principal objetivo dos Estados Unidos o 
domínio de mercados e a reserva da matéria-prima. 
Após a guerra com a Espanha (Guerra Hispano-Americana 
– 1898) em favor da Independência de Cuba, os Estados 
Unidos tomaram posse de Porto Rico, Guam e Filipinas. 
Cuba passou a ser uma nação independente, mas sob a 
influência dos Estados Unidos. 
O intervencionismo norte-americano no Caribe atinge o 
seu ponto máximo na virada do século XIX com a políti-
ca do presidente Theodore Roosevelt, denominada de Big 
Stick (Grande Porrete). Roosevelt instiga a separação do 
Panamá da Colômbia com a intenção de construiro ca-
nal do Panamá, em 1903, procurando satisfazer interesses 
norte-americanos. Durante a administração de Roosevelt, 
deu-se também a intervenção armada em Cuba e em São 
Domingos. A determinação de “falar suavemente e carre-
gar um porrete” apresentava, assim, resultados convincen-
tes para os Estados Unidos.
poLítica do big sticK
UnIFICaçãO ITalIana (1870)
O Congresso de Viena (1815) dividiu a Itália em sete 
regiões: o reino do Piemonte-Sardenha, liderado pela 
dinastia de Savoia; o reino Lombardo-Veneziano, ane-
xado ao Império Austríaco; os Estados Pontifícios, sob 
a direção do Papa, mas ligado aos Habsburgos; o reino 
das duas Sicílias ao Sul, governado pela dinastia dos 
Bourbon; e três ducados, Parma, Modena e Toscana, 
submetidos à influência austríaca.
A família real do Piemonte mantinha laços estreitos com 
a burguesia, o que a fez conscientizar-se do seu cresci-
mento, atrelado à unificação política da Península Itálica, 
fundamental para o desenvolvimento do capitalismo. Se-
riam criadas as condições, sob a mesma legislação, de um 
mesmo poder político e militar, de crescimento da mão de 
obra, do mercado consumidor e do crescimento da oferta 
de matéria-prima. 
O Reino do Piemonte, no Norte da Península Itálica, pas-
sou por um processo de modernização que o transformou 
no mais poderoso dos pequenos Estados italianos. Mesmo 
após a derrota da Revolução de 1848, na Itália, e da res-
tauração das condições próximas à política do absolutismo 
em todos os estados da Península, o Piemonte conservou a 
Monarquia Constitucional como regime político. 
Um surto de industrialização propiciou o fortalecimento 
da burguesia piemontesa cujos interesses econômicos tor-
navam necessária a unidade política do país. A burguesia 
desejava a unificação, que garantiria a continuidade do de-
UNIFICAÇÕES TARDIAS: ITÁLIA E ALEMANHA
 85
senvolvimento interno e lhe daria possibilidades de concor-
rência no mercado exterior, liberando a circulação de mer-
cadorias dentro da Península, favorecendo as exportações 
e impedindo as importações dos produtos concorrentes. O 
nacionalismo desse reino, portanto, estava enraizado nas 
necessidades específicas da expansão do capitalismo, que 
trilhou caminhos semelhantes aos da Prússia. 
No Sul da Itália, outra força poderosa era a dos Camisas 
Vermelhas, liderada por Giuseppe Garibaldi, que defendia a 
criação da República com voto universal, pois acreditava que 
somente a unificação poderia retirar a população humilde da 
miséria. A Unificação Italiana contou com dois grupos cujo 
objetivo da unificação eram convergentes; divergiam, porém, 
no tocante à estrutura ideológica: o Norte (Risorgimento) era 
elitista burguês e Garibaldi, popular e radical. 
giuseppe garibaLdi
Já os Estados Pontifícios, que constituíam o centro da Pe-
nínsula Italiana, eram contra a unificação, visto que o Papa 
perderia o poder político para o chefe de Estado, caso a 
unificação constituísse uma política republicana ou uma 
Monarquia Constitucional.
Após a tentativa frustrada de unificação em 1848, Cavour 
tornou-se primeiro-ministro do Piemonte-Sardenha, em 
1852. Contando com o apoio de partidários da unificação, 
estimulou a luta pela unidade italiana. Em 1858, Cavour 
firmou com Napoleão III da França uma aliança franco-pie-
montesa, que resultou na organização de um pacto militar 
antiaustríaco, o que favoreceu o Piemonte para iniciar em 
1859 a luta pela Unificação Italiana. Napoleão III apoiaria 
o Piemonte numa luta contra a Áustria e receberia em pa-
gamento os condados da Savoia e de Nice, pertencentes 
ao Piemonte; este receberia a Lombardia-Veneza, perten-
cente à Áustria. 
Baseado nesse acordo, Cavour provocou a guerra contra a 
Áustria no início de 1859. Franceses e sardo-piemonteses 
obtiveram vitórias em Magenta e Solferino (Lombardia), mas 
a ameaça de intervenção militar da Prússia levou a França a 
se retirar da guerra, obrigando os piemonteses a firmar com 
a Áustria o Tratado de Zurique: a Áustria conservaria a região 
de Veneza e cederia a Lombardia ao Piemonte, que, por sua 
vez, cederia à França as regiões de Nice e Savoia.
Paralelamente à guerra contra a Áustria, Garibaldi promove-
ra várias insurreições de caráter nacionalista na Itália central. 
As tropas garibaldinas conquistaram os ducados de Toscana, 
Parma e Modena, assim como a região da Romanha perten-
cente aos Estados Pontifícios. Em 1860, após a realização de 
plebiscito, esses territórios foram incorporados ao Piemonte, 
dos quais formou-se o Reino da Alta Itália. 
Em 1860, Garibaldi atacou o Reino das Duas Sicílias, co-
mandando a Expedição dos Mil Camisas Vermelhas, que 
culminou com a conquista de Nápoles, capital do Reino. 
Nessa mesma época, as tropas piemontesas ocuparam a 
parte Oriental dos Estados Pontifícios e estabeleceram a 
ligação terrestre entre o Norte e o Sul da Itália. No ano 
seguinte, esses territórios conquistados foram incorporados 
à Alta Itália, que formaram o Reino da Itália, do qual Vitor 
Emanuel II foi proclamado rei. 
Com a unificação concluída, o rei Vitor Emanuel fez de 
Roma a capital italiana. O Papa manteve o não reconheci-
mento e enclausurou-se na Basílica de São Pedro. Esse di-
lema, conhecido como a Questão Romana, foi resolvido 
somente em 1929 com o Tratado de Latrão, acordo no qual 
o governo fascista de Benito Mussolini indenizava a Igreja 
pelos prejuízos sofridos com a perda de Roma e concedia-
-lhe a soberania sobre a Praça de São Pedro, oportunidade 
em que foi criado o atual Estado do Vaticano. 
A Itália concluíra tardiamente sua unificação política, já na 
segunda metade do século XIX, em 1870, o que contribuiu 
muito para retardar seu desenvolvimento capitalista. O Sul 
do país permaneceu agrário e não desenvolvido, dominado 
pelo latifúndio e pela aristocracia rural. O Norte conseguiu 
um relativo desenvolvimento industrial, mas a falta de mer-
cados e de matérias-primas impediu que a industrialização 
alcançasse grandes proporções. A Itália chegou atrasada 
à corrida colonial, quando a divisão do mundo já estava 
praticamente concluída e os mercados já dominados pela 
Inglaterra e pela França. A impossibilidade de formar um 
império colonial contribuiu para retardar ainda mais o de-
senvolvimento do capitalismo italiano.
 86
UnIFICaçãO alEmã (1871)
No início do século XVI, quando a Europa Ocidental firma-
va o processo de formação das monarquias nacionais, a 
região da atual Alemanha ainda estava dividida em reinos, 
principados, ducados e cidades autônomas. Um desses 
reinos era a Prússia, localizado na região norte. Foi nesse 
período que se levantou pela primeira vez a possibilidade 
de unidade nacional. No entanto, nenhum grupo revolu-
cionário da época – burguesia em formação, campesinato 
e pequena nobreza – era suficientemente forte para liderar 
sozinho tal intento. Como não se uniram, lançando-se de 
modo independente na luta contra a nobreza, o fracasso 
foi inevitável. Os príncipes foram os grandes beneficiários 
dessas “revoluções” e a região firmou-se como um mo-
saico de pequenos Estados soberanos, que tratavam de 
defender sua soberania e impedir a unidade nacional.
Embora não estivesse sob o mesmo poder político, a popula-
ção mantinha forte elo cultural com as narrativas mitológicas 
que alimentaram um militarismo nobiliárquico apropriado 
pelos junkers – aristocracia prussiana que controlava a ad-
ministração e o exército. Outro fato que sustentava o orgulho 
dos alemães era o I Reich É o Sacro Império):
a existência do Sacro Império Romano-Germânico, unida-
de política sob a qual estava a maior parte dos estados 
alemães. Entretanto, os alemães foram humilhados por Na-
poleão, que os submeteu à Confederação do Reno e, mes-
mo depois do Congresso de Viena, em 1815, seu território 
continuava fragmentado, com 35 Estados independentes 
e quatro cidades livres, dominados pela Áustria graças à 
Confederação Germânica.
otto von bismarcK
O sonho da unificação alemã só foi possível graças ao de-
senvolvimentoeconômico e social dos Estados, particular-
mente o da Prússia. A Áustria, que impedira a unificação 
alemã, tentada pela Prússia em 1850, não conseguiu im-
pedir o desenvolvimento econômico de seus Estados, al-
cançado graças ao Zollverein – liga aduaneira adotada 
em 1834, que aboliu as tarifas alfandegárias no comércio 
entre os Estados germânicos, o que propiciou o início da 
sua unidade econômica.
Após sucessivas guerras – Guerra dos Ducados (1864), 
Guerra Austro-Prussiana (1866) e Guerra Franco-Prussiana 
(1870) – a Prússia, então liderada pelo ministro junker Otto 
von Bismarck, garantiu a unificação alemã. Cabe ressaltar 
a Batalha de Sedan, que selou a vitória da Prússia sobre 
a França e consolidou a anexação dos Estados do Sul da 
Alemanha, em 1871. Na Sala dos Espelhos do Palácio de 
Versalhes, Guilherme I, rei da Prússia, foi coroado impe-
rador da Alemanha. Com a fundação do II Reich alemão, 
estava concluída a unificação política do país.
 87
O Império Alemão destruiu o equilíbrio de poder estabele-
cido na Europa desde 1815 pelo Congresso de Viena. No 
prazo de algumas décadas, a Alemanha se transformaria na 
maior potência econômica e militar da Europa. O Tratado de 
Frankfurt, assinado em 1871 com a França, permitiu à Ale-
manha anexar as províncias francesas da Alsácia-Lorena, 
ricas em jazidas de ferro e carvão, além de receber da Fran-
ça uma pesada indenização de guerra. Tudo isso contribuiu 
para o desenvolvimento do revanchismo francês, que se 
transformou numa das principais causas da Primeira Guerra 
Mundial.
IMPERIALISMO E NEOCOLONIALISMO
A segunda metade do século XIX foi marcada por um novo 
e vigoroso movimento do capitalismo, caracterizado pelo 
imperialismo, que submeteu a maior parte dos territórios da 
África e da Ásia à condição de colônia das potências eu-
ropeias, principalmente as que haviam passado pela trans-
formação industrial. Países como Inglaterra, Bélgica, França, 
Alemanha e Itália deram início a uma verdadeira corrida 
colonial. O novo colonialismo – neocolonialismo – pode ser 
entendido como fruto da política industrial e da expansão 
do capital financeiro, sem desprezar, contudo, as rivalidades 
políticas europeias, que aguçaram o nacionalismo e transfor-
maram a conquista colonial em prestígio político. 
A propaganda a favor dos interesses imperialistas, vitais 
para o desenvolvimento do capitalismo, deu origem a uma 
série de teorias pseudocientíficas, muito populares a partir 
da segunda metade do século XIX. Essas teorias buscavam 
justificar a conquista e a colonização de outros povos pelos 
europeus. Em geral, elas tendiam a estabelecer uma hie-
rarquia rígida entre os diferentes povos, classificados como 
“mais” ou “menos” civilizados ou evoluídos. Nessa hierar-
quia, o primeiro lugar era ocupado pela sociedade europeia, 
cujo funcionamento deveria servir de modelo ideal para o 
resto do mundo. Essa concepção é denominada eurocentris-
mo. Outra influente teoria da época foi o darwinismo social, 
que explica, à luz dos estudos de Charles Darwin sobre a 
evolução das espécies, as conquistas dos homens de acordo 
com seus ganhos econômicos e sociais como resultado da 
“sobrevivência do mais apto”. Tal teoria pseudocientífica e 
racista acabou sendo utilizada para legitimar as invasões eu-
ropeias em outros continentes. 
Nesse contexto de violenta expansão imperialista, podemos 
destacar a Conferência de Berlim (1884–1885) como um 
episódio fundamental. Dela participaram todos os países co-
lonialistas, que estipularam entre si os princípios reguladores 
do que se convencionou chamar “partilha da África”. A Con-
ferência impunha às potências colonizadoras a necessidade 
de ocupação efetiva, demarcação e notificação de suas pos-
ses aos participantes da partilha. Depois da Conferência de 
Berlim ocorreu a ocupação e exploração do imenso território 
africano, que foi palco de uma das mais sangrentas páginas 
da história do colonialismo europeu.
Na medida em que representou a ocidentalização do mun-
do, a colonização destruiu estruturas sociais tradicionais – 
que muitas vezes não puderam ser recompostas. No Sudeste 
asiático, milhares de alqueires, antes dedicados à plantação 
de arroz para a autossuficiência dos povos locais, foram 
transformados em imensas fazendas produtoras de borra-
cha para exportação. Na Índia, o artesanato foi destruído. 
Pela primeira vez na história, o mundo encontrava-se intei-
ramente partilhado, direta ou indiretamente, e submisso às 
grandes potências europeias e aos Estados Unidos. As gran-
des potências passaram a viver uma situação de choque 
permanente entre si na tentativa de expandir suas áreas de 
dominação econômica e política. Esse choque de imperia-
lismos terminaria por deflagrar a Primeira Guerra Mundial.
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918)
O estado de espírito predominante na Europa, no período 
anterior a 1914, era de orgulho pelas realizações da civili-
zação Ocidental e de confiança em seu progresso futuro. Os 
avanços na ciência e na tecnologia, a elevação do padrão de 
vida, a difusão das instituições democráticas, o incremento 
da alfabetização das massas, a posição de poder da Europa 
no mundo, tudo contribuía para um sentimento de otimis-
mo. Esse período de euforia e otimismo que vai da segun-
da metade do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra 
Mundial, em 1914, foi denominado de Belle Époque.
Porém, paradoxalmente, o período que abrange o final da 
Guerra Franco-Prussiana até o início da Primeira Guerra 
Mundial (1871-1914) ficou conhecido como “paz armada”. 
 88
Um período caracterizado pelas fortes rivalidades políticas 
(nacionalistas), econômicas (disputa por mercados e por 
matérias-primas industriais) e imperialistas (concorrência 
colonial). A imprensa dos principais países europeus discutia 
e propagandeava a guerra e todos garantiam que seu país 
sairia vencedor. Esse militarismo criou um clima de tensão.
Um dos principais fatores da Primeira Guerra Mundial – cha-
mada à época de Grande Guerra –, em 1914, foi o choque 
de imperialismos, que possuía raízes econômicas – dis-
puta por novos mercados consumidores e matérias-
-primas industriais, expressando-se de modo político e 
militar. Além disso, a Conferência de Berlim (1885) buscou a 
inserção do II Reich germânico e da Itália no neocolonialis-
mo através de uma série de negociações; no entanto, essa 
estratégia fracassou, pois a Inglaterra e a França confirma-
ram o controle sobre as regiões africanas alimentando o res-
sentimento alemão, propiciando o aumento da militarização 
e a busca de mercados consumidores por meio da guerra.
soLdados em uma metraLhadora usando máscaras de gás
O boicote surgiu pela decadência da hegemonia econômi-
ca e militar inglesa, inclusive perdendo seu histórico status 
de "rainha dos mares". Houve, por exemplo, grande de-
senvolvimento da marinha alemã, fato comprovado pelo 
lançamento, em 1912, pela Alemanha, do maior navio do 
mundo, o Imperator. 
Além da corrida imperialista, vários movimentos naciona-
listas estavam presentes na Europa e promoviam o aumen-
to do ódio entre as nações. Um elemento desse naciona-
lismo foi o pangermanismo, que se caracterizou pela 
defesa da ideologia segundo a qual era um direito do povo 
alemão, devido ao seu passado mitológico e pureza racial, 
controlar a Europa central, bem como interferir nos Bálcãs.
Na França, as novas gerações nasciam e educavam-se 
sob o signo da revanche: vingar a humilhação militar e 
política sofrida na Guerra Franco-Prussiana e recuperar 
Alsácia-Lorena. Em 1906, França e Alemanha ampliariam 
suas diferenças na luta pela dominação do Marrocos, con-
tribuindo para aumentar a tensão internacional e acelerar 
a marcha rumo à guerra.
Além desse embate entre as três principais potências 
europeias – Alemanha, França e Inglaterra –, questões 
nacionalistas floresciam em diversas outras regiões do 
continente, como no caso do nacionalismo sérvio e no 
expansionismo do chamado paneslavismo russo. 
Logo, parao início da Grande Guerra, bastava um estopim, 
que foi aceso nos Balcãs, região conhecida como o “bar-
ril de pólvora da Europa”. Num domingo, o arquiduque 
herdeiro do trono austro-húngaro, que estava em Sarajevo, 
capital da Bósnia – região anexada pela Áustria –, sofreu 
um atentado enquanto passeava de automóvel com a 
esposa. Francisco Ferdinando e sua esposa foram assassi-
nados pelo estudante bósnio, Gavrilo Princip, membro da 
organização terrorista secreta chamada Mão Negra, que 
lutava para livrar a Bósnia do domínio austríaco.
Acreditando que o atentado fora preparado pela Sérvia, o 
Império Austro-húngaro enviou-lhe um ultimato. Pelo teor 
do pedido, os austríacos sinalizaram que desejavam a guerra 
e que certamente contariam com o apoio da Alemanha. A 
Sérvia, apoiada pela Rússia, recusou o ultimato. No dia 28 
de julho, o Império Austro-húngaro invadiu a Sérvia, ao lado 
de quem a Rússia tomou posição em 1º de agosto. A partir 
de então, houve um verdadeiro efeito dominó: a Alemanha, 
cumprindo seus compromissos com a Áustria, declarou guer-
ra à Rússia; a França, em socorro aos russos, declarou guerra 
à Alemanha e, pouco depois, os ingleses aliaram-se aos fran-
ceses. Começava então a Primeira Guerra Mundial.
A Guerra estabeleceu-se em torno de dois grandes polos: 
a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança. 
A Tríplice Aliança foi o acordo militar entre a Alemanha, 
a Áustria-Hungria e a Itália, feito em 1882, em que cada 
uma garantia apoio às demais no caso de algum ataque de 
duas ou mais potências sobre uma das partes. A Alemanha 
e a Itália ainda garantiam apoio entre si no caso de um 
ataque vindo da França. A Itália, no entanto, especificava 
que seu apoio não se estenderia contra o Reino Unido. 
A Tríplice Entente foi uma aliança feita entre a Inglaterra, 
França e o Império Russo para lutarem na Primeira Guerra 
Mundial contra o pangermanismo e as expansões alemãs 
e austro-húngaras pela Europa. Foi feito após a criação da 
Entente anglo-russa.
aviões de guerra aLemães
 89
A primeira fase do conflito caracterizou-se pela guerra de 
movimento, rápido deslocamento de tropas, com o objetivo 
de destruir o inimigo em batalhas sucessivas. O principal 
país a deslocar seus contingentes militares foi a Alema-
nha. Usando uma tática chamada de Plano Schliefen, os 
alemães pretendiam primeiro vencer a França para depois 
atacar a Rússia. Na invasão da França, violou o território 
belga para evitar as fortificações da futuramente famosa 
linha Maginot, o que serviu de pretexto para a Inglaterra 
declarar guerra à Alemanha.
Os movimentos em massa tentados pelos exércitos tiveram 
poucos resultados positivos. Cada avanço de alguns quilô-
metros custava uma longa preparação e milhares de vidas. 
Durante três anos a frente imobilizou-se. Numa extensão de 
640 km, dos Alpes ao mar do Norte, os lados em confronto 
construíram uma vasta rede de trincheiras, que tinham abri-
gos subterrâneos e eram cercadas de arame farpado. Atrás 
da frente de trincheiras havia outras linhas para as quais os 
soldados podiam se retirar e as quais podiam ser usadas 
para o envio de auxílio. Entre os exércitos oponentes ficava 
a “terra de ninguém”, uma vasta superfície de lama, árvo-
res despedaçadas e troncos partidos. A guerra de trincheiras 
era uma batalha de nervos, resistência e coragem, travada 
ao som estrondoso da artilharia pesada. Era inevitavelmen-
te uma carnificina.
Em 1915, os italianos, apesar de aliados à Áustria e à Ale-
manha, entraram na guerra ao lado da Entente, o que se 
justifica graças aos tratados secretos, segundo os quais a 
França e a Inglaterra prometiam à Itália as regiões do Tren-
to, Tirol e Ístria, então sob domínio austríaco. 
Em novembro de 1917, a revolução socialista saiu vitoriosa 
na Rússia. Em março de 1918, em Brest-Litovsk, o governo 
da Rússia soviética assinou a paz com a Alemanha, aceitan-
do suas condições que incluíam a entrega da Polônia, da 
Ucrânia e da Finlândia, e se retirava da guerra.
No mesmo período da revolução russa, a Alemanha de-
clarou guerra submarina, sem restrições, a todos os países 
da Entente. Seriam afundados quaisquer navios de países 
neutros ou não que se dirigissem aos países da Entente. 
Os EUA romperam relações com a Alemanha. Em março do 
mesmo ano, alguns navios norte-americanos em comércio 
com a Inglaterra foram afundados por submarinos alemães. 
Em 6 de abril, o Congresso norte-americano votou favora-
velmente à declaração de guerra à Alemanha.
Na primavera de 1918, a superioridade alemã era incontes-
te a Oeste. A Entente estava ameaçada de perder a guerra 
e os EUA, seus capitais. Os EUA enviaram mais soldados 
para a França, que chegou a quase dois milhões de homens. 
Essa participação foi decisiva para a derrota dos impérios 
centrais da Tríplice Aliança. Diante das sucessivas derrotas 
do exército alemão, revoltas internas derrubaram o II Reich 
e o novo governo republicano assinou o armistício em 11 
de novembro de 1918, pondo fim à guerra.
Com o fim da guerra, o presidente dos Estados Unidos, 
Woodrow Wilson, propôs um acordo de paz chamado 
14 Pontos. Em linhas gerais, tratava da criação de uma 
sociedade internacional que teria por finalidade manter a 
paz mundial, eliminar a diplomacia secreta e promover a 
liberdade total dos mares. Tratava, ainda, do fim da guerra 
sem anexações nem indenizações por parte dos países beli-
gerantes. Wilson insistia na ideia de que deveria haver uma 
paz “sem vencedores nem vencidos”.
França e Inglaterra não aceitaram todos os pontos apresen-
tados pelo presidente estadunidense. A França exigia repa-
rações de guerra em dinheiro, pressionada pelos vultosos 
prejuízos que tivera. A Inglaterra era contra a liberdade total 
dos mares, uma vez que neles mantinha sua hegemonia. 
Em junho de 1919, o Tratado de Versalhes fixava as 
penas a serem aplicadas aos vencidos. A Alemanha, consi-
derada a “grande culpada” pelo conflito, foi despojada de 
um sétimo de seu território, um décimo de sua população, 
perdeu suas colônias, viu-se privada do território do Sarre 
(rico em carvão), foi obrigada a desmilitarizar a região da 
Renânia (fronteira com a França) e a restituir o território da 
Alsácia-Lorena à França, teve seus exércitos reduzidos para 
100 mil homens, seu território foi separado em duas partes 
por um “corredor” de terras (“corredor polonês”), que dava 
acesso para o mar à Polônia, a cidade alemã de Dantzig foi 
transformada em porto livre e arcou com o pagamento de 
uma indenização de 33 bilhões de dólares. Ainda pelo trata-
do, criou-se oficialmente a Liga das Nações, encarregada 
de preservar a paz mundial, desde que Alemanha e a re-
cém-União Soviética fossem excluídas de sua composição.
deLegação aLemã em versaLLes
Um balanço da Primeira Guerra Mundial assinala o des-
locamento da supremacia econômica, financeira, política 
e militar da Europa para os Estados Unidos. No plano 
 90
econômico, a guerra destruiu 40% do potencial industrial 
europeu e 30% de sua agricultura. No plano financeiro, de 
credora, a Europa transformou-se em devedora dos Esta-
dos Unidos. 
Houve também uma mudança radical no mapa político 
europeu. Surgiram os Estados independentes da Hungria, 
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Polônia, Letônia, Lituânia, Es-
tônia e Finlândia. Vários países tiveram seu território am-
pliado ou diminuído. 
A Grande Guerra assinalou também o declínio do capita-
lismo liberal baseado na livre concorrência, cedendo lugar, 
pouco a pouco, ao Estado intervencionista, com a econo-
mia passando a ser parcialmente regulada pelo poder go-
vernamental.
soLdado canadense com seQueLas dos gases tóxicos
No plano demográfico, a guerra deixou um saldo de apro-
ximadamente oito milhões de mortos e 20 milhões de 
mutilados.
REVOLUÇÃO RUSSA (1917)
No fim do século XIX, a Rússia possuía 22 milhões de qui-
lômetros quadrados e mais de 150 milhões de habitantes. 
Sua principal característica era o gigante atraso econômi-
co em relação aos países da Europa Ocidental.Enquanto 
Inglaterra, França e Alemanha passavam por um processo 
acelerado de desenvolvimento urbano e industrial, adota-
vam regimes constitucionais e avançavam técnica e cienti-
ficamente, a Rússia permanecia atrasada econômica, social 
e politicamente. 
Como país predominantemente agrário e semifeudal, a 
aristocracia rural e o clero ortodoxo detinham o controle da 
terra. Cerca de 40% das terras aráveis pertenciam à nobre-
za. O processo de industrialização tivera início apenas no 
final do século XIX, caracterizando-se por sua extrema con-
centração em algumas grandes cidades, como Kiev, Moscou 
e São Petersburgo, então capital do país.
Essa industrialização tardia, dependente e concentrada pro-
duziu, por um lado, uma burguesia fraca e incipiente e, por 
outro, um proletariado forte, organizado e combativo, que, 
dadas as suas origens rurais, mantinha estreitos vínculos 
com os camponeses. As péssimas condições de vida do pro-
letariado expressavam-se nos baixos salários, nas jornadas 
de 11 ou 12 horas de trabalho e nas habitações miseráveis.
Inspirados por ideais iluministas e socialistas, surgiram no 
país vários partidos clandestinos de oposição à autocracia 
czarista. Entre eles estava o Partido Social-Democrata Rus-
so, baseado no socialismo marxista. Em 1903, a social-de-
mocracia dividiu-se em duas facções: os bolcheviques (de 
bolchenstvo, maioria), liderados por Lenin, eram revolucio-
nários e defendiam a instauração do socialismo na Rússia 
com base numa aliança entre operários e camponeses; e os 
mencheviques (de menschenstvo, minoria), liderados por 
Martov, eram revolucionários que defendiam a aliança com 
a burguesia e a passagem gradual ao socialismo através de 
uma política de reformas progressivas.
cartaz boLcheviQue de 1920
Na virada ao século XX e com a construção da ferrovia tran-
siberiana, os russos acabaram por se chocar com o imperia-
lismo japonês, na Manchúria e na Coreia. Essa rivalidade em 
torno dos mercados asiáticos acabou por provocar a eclosão 
da Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), na qual os rus-
sos foram fragorosamente derrotados. Pelo Tratado de Port-
smouth, o Japão ficou com o Sul da ilha de Sacalina, Port 
Arthur e o protetorado sobre a Coreia e a Manchúria. A der-
rota frente ao Japão deixou clara e pública toda a crise que 
se escondia sob o manto da autocracia do czar Nicolau II.
 91
Trabalhadores organizaram greves e manifestações em to-
das as cidades importantes. Liderados pelo padre Gapon, 
um grupo de mais de três mil trabalhadores e suas famílias 
reuniram-se para protestar pacificamente diante do palácio 
de inverno do czar, em São Petersburgo, a 22 de janeiro de 
1905. Os manifestantes queriam entregar um abaixo-assi-
nado pedindo melhores condições de vida, direito de greve, 
reforma agrária e convocação de uma assembleia nacional. 
Essa manifestação pacífica culminou com o massacre dos 
manifestantes, recebidos a tiros pelas tropas da guarda (cos-
sacos), fazendo com que essa data ficasse conhecida como 
Domingo Sangrento.
cena do fiLme devyatoe yanvarya, de 1925, 
retratando o domingo sangrento
O massacre de São Petersburgo criou uma onda de indig-
nação pelo país seguida de greves e protestos. Os mari-
nheiros do Encouraçado Potemkin, ancorado em Odes-
sa, e a guarnição de Kronstadt amotinaram-se. Os diversos 
povos de nacionalidade não russa começaram a se movi-
mentar, tornando a situação bastante grave. A burguesia 
apoiava a insurreição popular, procurando capitalizá-la 
com o objetivo de instaurar no país um regime constitu-
cional e parlamentar. Os sovietes (conselhos de operários, 
camponeses e soldados) encabeçavam a luta contra o cza-
rismo. Nesses órgãos, os trabalhadores exerciam um poder 
ao mesmo tempo executivo e legislativo, elegendo seus re-
presentantes a partir dos locais de trabalho e quartéis, des-
tacando-se o soviete de Petrogrado, liderado por Trotsky.
Diante da grande onda revolucionária, o czar Nicolau II lan-
çou um manifesto, em outubro de 1905, fazendo algumas 
concessões, entre as quais a promessa de uma Constituição 
que estabeleceria a eleição para o Parlamento (Duma). Tal 
foi a chamada Revolução de 1905.
Em 1906, reuniu-se a Duma, parlamento controlado pela 
burguesia e pelos latifundiários, com o objetivo de redigir 
uma Constituição para o país. 
Apesar dos inquestionáveis avanços oriundos da Revo-
lução de 1905, as diferenças entre as facções socialistas 
bolchevique e menchevique tornaram-se mais agudas, pois 
os bolcheviques, liderados por Lenin, passaram a defender 
o partido comunista, mesmo pequeno, formado por revo-
lucionários profissionais que propagariam o conceito de 
uma revolução socialista capaz de destruir o czarismo e o 
capitalismo simultaneamente. Já os mencheviques propu-
nham uma revolução por etapas: primeiro, a destruição do 
czarismo; posteriormente, mediante uma nova revolução, 
implantar o socialismo.
Em meio ao cenário de forte agitação política, eclodiu a 
Primeira Guerra Mundial. A Rússia, participante da Entente, 
fez parte da frente Oriental da guerra, lutando contra o Rei-
ch alemão. Contudo, em condições precárias e arcaicas de 
combate, a guerra custou três milhões de mortos, destruíra 
25% da indústria e 9% da agricultura do país e não trou-
xera nenhuma compensação. A inflação violenta desvalo-
rizava os salários; as empresas nacionais iam à falência, 
acentuando ainda mais os descontentamentos sociais.
No início de 1917, a burguesia, apoiada pela esquerda 
moderada, pressionava o governo do Czar, provocando 
manifestações de trabalhadores nas ruas; uma greve ge-
ral paralisou os transportes na cidade de Petrogrado, novo 
nome de São Petersburgo. Os gritos por “pão” e “abaixo 
a guerra” transformaram-se em gritos de “abaixo a auto-
cracia”. A polícia era insuficiente para deter o movimento; 
o exército foi mobilizado, mas no dia 12 de março, 27 de 
fevereiro, pelo calendário russo, os soldados recusaram-se 
a marchar contra o povo amotinado. No dia seguinte, sem 
o apoio do exército, o poder imperial desapareceu com a 
abdicação do czar.
O Comitê da Duma transformou-se em Governo Provi-
sório após a abdicação oficial do Imperador, presidido por 
Lvov. Esse governo proclamava as liberdades fundamentais, 
deu anistia aos presos políticos e exilados – permitindo a 
volta de líderes bolcheviques que estavam no exílio, entre 
eles Trotsky e Lenin. A timidez da política social do novo 
governo propiciou o avanço dos bolcheviques. A Rússia ia 
mal na guerra, e os fracassos provocaram reações inter-
nas, como as manifestações de julho em Petrogrado, logo 
reprimidas. Sob forte pressão, Lvov cede lugar a Kerenski, 
apoiado pelos mencheviques. Os bolcheviques foram no-
vamente perseguidos e Lenin refugiou-se na Finlândia, en-
quanto Trotsky, presidente do soviete de Petrogrado, criou 
uma milícia popular, a Guarda Vermelha. 
O Governo Provisório de Kerenski perdia terreno, pois 
insistia em continuar na Primeira Guerra Mundial, ne-
gava-se a distribuir terras aos camponeses e adiava as 
eleições para a futura Assembleia Constituinte. Lenin pre-
 92
parou o povo para uma revolução armada. Na noite de 
6 de novembro, 24 de outubro no calendário russo, os 
bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petro-
grado. O encouraçado Aurora bombardeou o Palácio de 
Inverno, sede do governo. Abandonado por suas tropas, 
Kerenski foi obrigado a fugir. Rapidamente, os bolchevi-
ques ganharam terreno e assumiram o poder, consolidan-
do a Revolução Russa de 1917.
Sem saída, o recém-formado governo soviético, a 3 de 
março de 1918, assinou o Tratado de Brest-Litovsky 
com a Alemanha: a Rússia perdia a Polônia, Finlândia, Es-
tônia, Lituânia e Letônia. Diversos setores apoiaram uma 
contraofensiva contra o governo de Lenin, fazendo com 
que eclodissse uma guerra civil no país entre o Exército 
Branco, formado pelos setores interessados na restauração 
do Antigo Regime, comandado por militares ligados ao 
czarismo, e o Exército Vermelho, que chegou a contar comtrês milhões de soldados e foi organizado por Trotsky para 
lutar pela preservação da nova ordem socialista. 
Lenin, então, criou o comunismo de guerra, política 
que implicou na completa estatização dos bancos, do 
comércio exterior e da indústria fabril, assim como a re-
quisição compulsória da produção agrícola, o estabeleci-
mento da igualdade de salários e o trabalho obrigatório. 
Finalmente, em 1921, a guerra civil chegava ao fim com a 
vitória do Exército Vermelho e um saldo de nove milhões 
de mortos.
Lenin e trotsKy em comício
Os resultados econômicos do “comunismo de guerra” fo-
ram desastrosos: a produção declinou, pois os trabalhado-
res não estavam habituados a gerir as empresas; a moeda 
foi inflacionada e o comércio, paralisado. Percebendo o pro-
blema, Lenin iniciou, em março de 1921, a Nova Política 
Econômica, NEP. Como ela continha alguns aspectos do 
capitalismo, no Ocidente pensou-se que a Rússia voltava 
à antiga ordem do capital. Na realidade, nas palavras de 
Lenin, tratava-se de uma tática de “dar um passo atrás, 
para poder dar dois passos à frente”. Do ponto de vista 
econômico, a NEP foi um sucesso; fez crescer a produção 
agrícola e industrial e impulsionou o comércio. Em 1924, 
a produção industrial atingiu 50% e a produção agrícola 
equiparou-se aos índices de 1913.
Anos mais tarde, em 1924, Lenin teve uma morte preco-
ce. Josef Stalin, secretário-geral do Partido Comunista, e 
Leon Trotsky, comissário do povo para a guerra, passaram 
a travar uma luta ferrenha pelo poder, que resultou anos 
mais tarde no assassinato de Trotsky e numa ditadura lide-
rada por Stalin. 
A ascensão de Stalin assinalou o início de uma nova polí-
tica econômica. A NEP foi abandonada e foram adotados 
os planos quinquenais. A Gosplan – comissão estatal de 
planejamento econômico – passou a se encarregar da pla-
nificação da economia. 
Os dois primeiros planos quinquenais estabeleceram dois 
objetivos básicos: criação de uma indústria pesada e co-
letivização forçada da agricultura, através da qual a pro-
priedade privada da terra foi substituída por cooperativas 
agrícolas, proprietárias da produção, mas não da terra 
(kolkhozes), e por fazendas estatais cujas terras, máquinas 
e produção eram do Estado (sovkhozes).
Num processo de industrialização acelerado, os planos 
quinquenais desenvolveram a indústria pesada com a ex-
ploração de petróleo e de carvão e minério de ferro, nos 
Urais, na Ásia Central e na Sibéria. Em 1940, a eletrificação 
cresceu cerca de 80% em relação a 1928 e a produção de 
aço cresceu cerca de 450%, no mesmo período.
Em termos políticos, Stalin implantou um governo centrali-
zado no Partido Comunista. As pessoas do Comitê Central 
eram controladas por ele, para o que se criou uma buro-
cracia distante do cotidiano da população humilde. Esses 
burocratas formaram uma elite chamada de nomenklatura. 
Críticos da URSS chamavam-na burocracia de Estado. Para 
esmagar a resistência e moldar um novo tipo de cidadão, 
devidamente motivado e disciplinado, Stalin implantou um 
estado totalitário na Rússia. A revolução do totalitarismo 
englobou toda a atividade cultural: meios de comunica-
ções, literatura, artes, música, teatro passaram a ser força-
dos a se submeterem à ideologia soviética.
O Estado soviético exerceu os “grandes expurgos” entre 
os anos de 1936 e 1938, quando a oposição interna, bem 
como membros do próprio Partido Comunista foram afas-
tados, expulsos, eliminados ou presos nos gulags – espécie 
de campos de concentração na Sibéria. Stalin permanece-
ria a frente do Partido Comunista da União Soviética até 
1953, ano de sua morte. 
 93
O crescimento econômico norte-americano em alguns se-
tores estratégicos foi impressionante. A produção industrial 
cresceu 50% entre 1922 e 1929. Foram produzidos 600 
mil automóveis em 1928, o que correspondeu a 75% da 
produção automobilística mundial. Os rádios, cuja produ-
ção era mínima em 1920, atingiram 13 milhões de unida-
des em 1929. Essa intensificação do ritmo de crescimento 
da produção norte-americana deveu-se a dois fatores: 
aceleração do progresso técnico decorrente da racionaliza-
ção da utilização da mão de obra (taylorismo e fordismo) 
e processo de concentração industrial, que aumentava a 
capacidade produtiva das empresas pela melhor utilização 
dos seus recursos. Por outro lado, os investimentos maciços 
ampliavam enormemente a produção, permitindo a redu-
ção dos preços, bem como os investimentos crescentes dos 
capitalistas norte-americanos no exterior. 
Por todas essas razões, os Estados Unidos concentravam, 
em 1929, 44% da produção industrial do mundo.
Entretanto, o poder aquisitivo da população não acompa-
nhava esse crescimento industrial. Enquanto o valor dos 
produtos industriais subiu cerca de 10 bilhões de dólares 
entre 1923 e 1929, o aumento global dos salários não foi 
além de 600 milhões. Nessa situação, com o crescimento 
dos salários menor que o aumento da produção, não havia 
quem consumisse boa parte do que se produzia. Embora 
se comprasse mais que antes, essa demanda não acom-
panhava, na mesma proporção, o aumento da produção. 
Além disso, os produtores agrícolas, que não encontravam 
compradores para seus excedentes, também diminuíam o 
consumo de produtos industrializados.
De 1920 a 1929, incentivados pela aparente prosperidade, 
os estadunidenses compraram desenfreadamente ações 
das mais diversas empresas, ações essas que atingiram em 
pouco tempo cotações altíssimas, muito maiores que o cres-
cimento real das empresas. No momento em que algumas 
delas faliram, os proprietários delas deram-se conta de terem 
pagado muito mais por elas do que realmente valiam. Em 
pânico, todos os investidores passaram a querer vender suas 
ações, provocando uma vertiginosa baixa no seu valor. 
No dia 24 de outubro de 1929, conhecido como Quin-
ta-feira Negra, a Bolsa de Valores de Nova Iorque sofreu 
a maior baixa de sua história. Mais de 16 milhões de ações 
não encontraram compradores. Esse episódio foi o estopim 
para a grande crise e ficou conhecido como o crack da Bol-
sa de Nova Iorque.
Como a economia estadunidense era o carro chefe do 
capitalismo mundial, logo a crise fez-se sentir em todo o 
mundo. Os Estados Unidos detinham 45% do ouro mun-
dial e eram o grande centro econômico; deles dependiam 
para importações e exportações quase todas as nações ca-
pitalistas. Somente em 1929, os norte-americanos haviam 
emprestado a vários países sete bilhões e 400 milhões de 
dólares, que reverteram em importações de produtos nor-
te-americanos. Com a crise, os capitais foram repatriados, 
reduzindo as importações dos países estrangeiros a 32% 
do que tinham sido.
O número de desempregados em todo o mundo variou 
entre 25 e 30 milhões de pessoas, de 1929 a 1933. Na In-
glaterra, onde a exportação diminuiu 70% nesse período, o 
número de desempregados atingiu 2,7 milhões, em 1931. 
No plano político, as consequências não foram menos sig-
nificativas. O desemprego tinha profundas repercussões 
sociais e as manifestações contra os governos sucediam-se 
por toda parte. Os movimentos políticos pregavam solu-
ções radicais e encontravam numerosos adeptos entre os 
descontentes. Os partidos socialistas viram crescer rapida-
mente suas fileiras. Contra eles surgiram os partidos fascis-
tas – antiliberais e antidemocráticos –, que defendiam a 
formação de governos autoritários para reprimir as agita-
ções das massas desempregadas.
boLsa de vaLores de nova iorQue, em 1929
Em tal contexto, o candidato do Partido Democrata à pre-
sidência, Franklin Delano Roosevelt, ganhou as eleições de 
1932 com a promessa de restaurar a confiança na econo-
mia e na sociedade. Como faziam os políticos do mundo 
inteiro na época, fossem os social-democratas da Europa, 
os stalinistas da Rússia ou os populistas da América Latina, 
Roosevelt reconheceu que a intervenção estatal massiva 
era necessária para salvar o sistema econômico e aliviar o 
conflito social.
Ao tomar posse em 1933, Roosevelt lançouo New Deal, um 
pacote de reformas – baseado nas ideias do economista in-
CRISE CAPITALISTA DE 1929
 94
glês John Maynard Keynes (keynesianismo) – para promover 
a recuperação industrial e agrícola, regular o sistema finan-
ceiro e providenciar mais assistência social e obras públicas. 
Dentre as principais medidas implementadas com o New 
Deal, são consideráveis: 
 § concessão de créditos aos bancos para frear as falên-
cias no setor; 
 § criação de um fundo para resguardar os depósitos po-
pulares nos bancos; 
 § criação de um banco para financiar as exportações; 
 § concessão de crédito aos fazendeiros endividados; 
 § lançamento de um programa de grandes obras públi-
cas – estradas, casas, sistemas de irrigação, barragens 
hidroelétricas – para absorção dos desempregados; 
 § criação do seguro-desemprego; 
 § limitação da jornada de trabalho; 
 § aumento dos salários dos operários; 
 § fixação de um salário mínimo; 
 § ampliação do sistema de previdência social; 
 § proibição do trabalho infantil.
Os resultados decorrentes da aplicação do New Deal não 
tardaram. O número de desempregados foi reduzido de 14 
para 7,5 milhões, entre 1933 e 1937; os preços subiram 
31%; a produção industrial, 64%; a renda nacional, 70%; 
e as exportações, 30%. 
A palavra Fascismo tem suas origens no termo latino fasci, 
feixe. Na Roma Antiga representava um símbolo e um prin-
cípio de autoridade. O feixe de varas paralelas, entrecorta-
das por um machado era um símbolo da autoridade dos 
magistrados romanos. O movimento fascista nascido na 
Itália, no período entre guerras valeu-se dessa simbologia 
e acrescentou-lhe novos significados.
benito mussoLini
Dentre os princípios da ideologia fascista, a despeito de 
suas vertentes nacionais, destacam-se: 
 § nacionalismo exacerbado – para os fascistas, a na-
ção é o bem supremo; em nome dela qualquer tipo de 
sacrifício deve ser exigido dos indivíduos; há de ser cul-
tuada, mistificada, preservada suas origens e mantida 
a “pureza” do povo; 
 § racismo – com vistas a “purificar” o elemento nacional 
de qualquer tipo de “contaminação”, há de se cultuar as 
O FASCISMO ITALIANO
origens germânicas (Alemanha e Áustria), latinas (Itália), 
hispânicas (Espanha), lusitanas (Portugal) etc.; o racismo 
alimenta-se do nacionalismo e vice-versa; 
 § expansionismo – necessidade básica para os “povos 
vigorosos e dotados de vontade”, plenamente justifi-
cado como forma de restabelecer o poderio do Império 
Romano; 
 § militarismo essencial à expansão e à afirmação do 
elemento nacional e racial. A vida militar é sinônimo de 
cooperação do grupo, inerente aos “povos vigorosos” 
na marcha para subjugar os “fracos e degenerados”; 
reforça os laços entre poder econômico e poder militar 
e desdobra-se necessariamente no expansionismo; 
 § totalitarismo, submissão de todos aos interesses do 
Estado forte e inquestionável, catalisador da vontade 
nacional, elemento de preservação da identidade da 
nação; o que conta são os deveres do indivíduo para 
com o Estado; 
 § culto à personalidade do líder, guia infalível, en-
carnação da vontade nacional, zelador da preservação 
da vontade nacional, graças à pureza da raça, à inte-
gridade do Estado e do partido-Estado; o fanatismo 
transforma o culto ao líder em uma apoteose mística, 
uma vez que o “Duce é infalível”; 
 § unipartidarismo, uma vez que o pluripartidarismo, 
a democracia e o parlamentarismo são causadores de 
dissensão e conduzem à divisão da sociedade; o parti-
do único encarna e preserva a vontade da nação, con-
funde-se com o próprio Estado e, por extensão, com a 
própria vontade nacional; 
 95
 § corporativismo à moda sindical baseavam em cor-
porações, no interior das quais patrões, empregados e 
representantes do Estado encarregam-se de planejar a 
produção e decidir sobre os conflitos entre capital e tra-
balho; típico da Itália, o corporativismo assumiu outras 
características na Alemanha; 
 § anticomunismo, na medida em que se deve preco-
nizar a união e a harmonia das classes em prol do de-
senvolvimento da nação e não a luta de classes como 
defendiam os comunistas.
Na Itália, diante da agitação social e política e da conse-
quente ameaça de uma revolução socialista, o Fascismo 
fortaleceu-se com o apoio da classe média e o financia-
mento de grandes banqueiros, industriais e latifundiários. 
Nas eleições de 1921, o Partido Fascista conseguiu eleger 
35 deputados. Os camisas negras, como eram conhecidos 
os militantes fascistas, invadiam e destruíam sindicatos, 
assassinavam líderes socialistas, dissolviam manifestações 
espancando os participantes e arrasavam as instalações 
dos jornais que os criticassem.
Aproveitando a total desorganização do regime parlamen-
tar, o líder fascista Benito Mussolini ordenou aos camisas 
negras a Marcha sobre Roma, em outubro de 1922. 
Cerca de 30 mil fascistas desfilaram pela capital e exigiram 
a entrega do poder. O rei Vitor Emanuel III, pressionado por 
militares, pela alta burguesia e pelos latifundiários, convi-
dou Mussolini para ocupar o cargo de primeiro-ministro. 
Em 1923, Duce, como era conhecido, criou o Grande Con-
selho Fascista, composto pelos principais chefes do partido. 
Ao lado do exército regular, transformou a milícia fascista 
(camisas negras) em órgão de segurança nacional, sob o 
comando do chefe de governo. Um longo período de re-
pressão e arbitrariedades se iniciou na Itália.
marcha sobre roma
No âmbito econômico, durante a década de 1930, cres-
ceu a intervenção estatal na economia, que incrementou 
a indústria bélica italiana. O país militarizou-se, iniciando 
a escalada expansionista. Em 1935, a Etiópia foi ocupada 
pelas forças italianas e, em 1939, foi a vez da Albânia. O 
país aproximou-se da Alemanha nazista, assinando, em 
1939, com Hitler, o Pacto de Aço, caminho traçado para a 
Segunda Guerra Mundial.
NAZISMO
Nos últimos dias da Primeira Guerra Mundial, uma revolu-
ção derrubou o governo imperial alemão e levou à criação 
de uma república democrática. O novo governo, chefiado 
pelo chanceler Friedrich Ebert, um social-democrata, assi-
nou em 11 de novembro de 1918 o armistício que pôs 
fim à guerra. Pouco depois, o humilhante Tratado de Ver-
salhes impunha à Alemanha cláusulas que reduziram sua 
área territorial e arrasaram sua economia. Comparada com 
1913, a produção industrial diminuíra 57% e a agrícola, 
50%. Tal situação de crise propiciava a instauração do caos 
político e social.
O setor mais radical do Partido Social-Democrata, a Liga 
Espartaquista, rompeu com o setor moderado e fundou o 
Partido Comunista. Em janeiro de 1919, ocorreu o primei-
ro levante armado contra a recém-instaurada República 
Weimar (1918-1933). A repressão foi imediata e brutal. O 
Exército e setores voluntários monarquistas nacionalistas 
lideraram a repressão. Oficiais de direita assassinaram Rosa 
Luxemburgo e Karl Liebknecht, deixando seus corpos nos 
esgotos da cidade.
Prova-se que Weimar nasceria sob o signo da instabilidade. 
Embora contivesse uma Constituição em moldes liberais, a 
qual organizava a República em duas câmaras – o Reichs-
tag, formado por deputados eleitos, e o Reichsrat, formado 
pelos representantes dos estados federados –, a realidade 
econômica do país não permitia acordo político estável.
rosa Luxemburgo
 96
Terminada a Primeira Guerra Mundial, a economia alemã 
estava arruinada. Durante a guerra, sem poder aumentar 
os impostos sobre os ganhos de capital, as finanças fo-
ram equilibradas através da emissão monetária. O grande 
volume de dinheiro em circulação provocou a desvaloriza-
ção do marco (moeda alemã): em 1914, um dólar valia 
4,2 marcos e, no início de 1922, 182 marcos. O número 
de desempregados chegou a cinco milhões de pessoas; a 
inflação desvalorizou ainda mais o marco a ponto de um 
dólar valer oito bilhões de marcos! A confusão instalou-se. 
O salário variava no decurso do mesmo dia, enquanto os 
camponeses recusavam-se a ceder a produção em troca 
de papel-moeda, fazendo ressurgiro sistema de escambo.
Nessa situação de ruína econômica, foi fundado em uma 
cervejaria de Munique um partido semelhante ao fascista 
da Itália. Um ano depois, ele assumia o nome de Partido 
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães ou 
Partido Nazista. Em setembro de 1919, o ex-cabo do Exér-
cito alemão, Adolf Hitler, aderiu ao então minúsculo Partido 
Nazista. Mostrando uma fantástica energia e uma extraordi-
nária capacidade como orador demagógico, propagandista 
e organizador, tornou-se rapidamente o líder do partido. Lí-
der, Hitler insistiu na autoridade absoluta e total fidelidade, 
exigência que coincidia com o anseio de pós-guerra de um 
líder forte que consertasse a nação em ruínas.
Em 1923, aproveitando-se do clima geral de insegurança 
e crise que dominava a República de Weimar, Hitler liderou 
uma tentativa de golpe na Baviera, o Putsch de Munique, 
apoiado por Ludendorff. O golpe fracassou, Hitler foi preso 
e condenado a cinco anos de prisão. Mas foi libertado oito 
meses depois. Na prisão, aproveitou o tempo para escrever 
a primeira parte de seu livro Mein Kampf "Minha Luta", 
obra que contém os fundamentos da ideologia nazista: 
repúdio ao Tratado de Versalhes, antissemitismo, antico-
munismo, nacionalismo exacerbado, Estado totalitário, 
unipartidarismo, superioridade da raça alemã (raça ariana), 
expansionismo (“espaço vital”) e militarismo.
os primeiros anos do partido nazista
A incapacidade de o governo parlamentar solucionar a 
crise econômica contribuiu para a polarização das forças 
políticas e para o fortalecimento dos partidos comunista e 
nazista – financiado por industriais e banqueiros, temero-
sos com o crescimento do comunismo. 
Nas eleições de 1930, os nazistas elegeram 107 deputados 
para o Reichstag (Parlamento), com 6,5 milhões de votos. 
Em 1932, conquistaram 280 cadeiras, com 13,5 milhões de 
votos, seguidos do Partido Social-Democrata, com oito mi-
lhões de votos. Assim fortalecido, o partido com um milhão 
de membros passou a atacar o adversário com as SA (tropas 
de choque) e as SS (tropas de elite), que somavam 400 mil 
homens e compunham um exército particular nazista. Hitler 
exigiu e recebeu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de 
1933. Consumava-se assim a ascensão do nazismo ao poder.
adoLf hitLer
Em 27 de fevereiro de 1933, em meio a eleições parla-
mentares, os nazistas incendiaram o Parlamento alemão 
e culparam os comunistas, que foram presos junto com os 
socialistas e os liberais hostis ao nazismo. Restabeleceu-se 
a pena de morte e foram suspensas as garantias individu-
ais e civis. A pretensa conspiração comunista tinha a fina-
lidade de levar os eleitores a votar no Partido Nazista. Os 
nazistas tiveram 44% dos votos e os comunistas eleitos 
(81 deputados) foram excluídos do Parlamento, o que deu 
aos nazistas maioria absoluta. A 23 de março, Hitler con-
seguiu do Parlamento o voto que lhe dava plenos poderes. 
Começou a aplicar alguns pontos do programa nazista: to-
dos os partidos políticos foram suspensos (exceto o nazis-
ta), os sindicatos foram extintos, os privilégios dos Estados 
foram diminuídos em favor do poder central, o direito de 
greve foi cassado, os jornais da oposição foram fechados, a 
censura à imprensa foi estabelecida e as primeiras medidas 
antissemitas foram postas em prática.
suástica nazista
 97
Com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu o tí-
tulo de Führer (guia), acumulando as funções de chanceler 
e presidente. Nessas condições, anunciou ao mundo a funda-
ção do Terceiro Reich (Terceiro Império) alemão. Os mem-
bros do Partido Nazista ocuparam todos os cargos da ad-
ministração pública e a política reduziu-se às manifestações 
anuais do partido, os congressos realizados em Nuremberg. 
O Parlamento, composto somente pelo partido nazista, reu-
nia-se intermitentemente, dependendo da vontade de Hitler 
de convocá-lo. Foi a consolidação do totalitarismo alemão.
Um fato colaborou com as tensas relações que antecede-
ram a Segunda Guerra Mundial: a guerra civil deflagrada 
entre fascistas e republicanos na Espanha. Como toda a 
Península Ibérica, esse país era atrasado e predominan-
temente agrário até o início do século XX, quando teve 
início seu processo de industrialização. Nos primeiro anos 
da década de 1930, a Espanha já possuía nas cidades uma 
parcela de sua população vinculada ao desenvolvimento 
industrial, que exigia mudanças no Antigo Regime. 
Em 1931, o rei Afonso XIII, pressionado pelas camadas 
urbanas que exigiam a República, abdicou. Estabeleceu-
-se então um governo comandado pela burguesia liberal. 
O crescimento das reivindicações populares, o anticleri-
calismo, a autonomia das regiões economicamente mais 
adiantadas (Catalunha e Províncias Bascas), a reação dos 
antigos setores dominantes na sociedade espanhola leva-
ram o país a um impasse. Surgiu nessa época um pequeno 
partido de características fascistas, denominado Falange. 
Para as eleições gerais de 1936, anarquistas, comunistas, 
socialistas radicais, socialistas moderados, empresários 
liberais e minorias nacionais da Catalunha e Províncias 
Bascas formaram a Frente Popular. Vitoriosos nas eleições, 
os partidos da Frente procuraram efetivar várias reformas 
sociais prometidas em campanha. O presidente eleito, Ma-
nuel Azaña, anistiou 30 mil presos políticos, retomou a re-
forma agrária, deu autonomia à Catalunha e implementou 
a reforma da educação. 
Em 18 de julho de 1936, o general Francisco Franco 
deu início a um levante contra o governo republicano. 
Recebeu a adesão da Falange, de latifundiários, dos ban-
queiros, dos industriais, da maior parte da classe média e 
de amplos setores da Igreja, à exceção do clero catalão e 
basco. Do lado do governo republicano legalista estavam 
operários, camponeses, catalães, bascos, pequenos indus-
triais, enfim, todos que acreditavam na democracia. Como 
tentativa de se defender, em outubro de 1936 o governo 
republicano decretou a formação de um exército popular. 
Começava assim a Guerra Civil Espanhola.
generaL franco, Já nos anos 1960
Os falangistas, por sua vez, comandados por Francisco 
Franco, contaram com amplo apoio da Alemanha e da Itá-
lia. Fascistas e nazistas auxiliaram as forças nacionalistas 
– como ficaram conhecidos os comandados por Franco –, 
através de homens e de ajuda material e bélica. 
A partir de fevereiro de 1937, o avanço das tropas naciona-
listas, auxiliadas pelos nazistas e fascistas, foi mais violento. 
Tropas italianas tomaram Málaga. Em março de 1937, a 
aviação alemã, a famosa Legião Condor, bombardeou a 
pequena cidade de Guernica, na região Basca. A interven-
ção da Itália e da Alemanha foi decisiva, alterando a corre-
lação de forças da luta e transformando a Espanha em um 
campo de testes dos novos armamentos. 
A guerra civil terminou em 1939, quando os rebeldes con-
quistaram Madri, restabeleceram a Monarquia e impuseram 
um governo de tendências fascistas liderado por Franco. Em 
três anos de guerra civil, o saldo de morte chegou a um mi-
lhão. Surgia assim mais um país totalitário na Europa. 
combatentes repubLicanas
GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)
 98
Como a ditadura de Franco era extremamente centraliza-
dora, catalães e bascos passaram a utilizar o esporte como 
trincheira nacionalista – clube do Atlético de Bilbao, onde 
só jogam atletas bascos ou de ascendência basca; parte da 
torcida do Barcelona (Catalunha) considera seu clube um 
símbolo do ideal da autonomia catalã. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo fascista de 
Franco não aderiu oficialmente ao Eixo, nem às pretensões 
da Alemanha, mas apenas como simpatizante, bem como 
durante a Guerra Fria, associou-se aos Estados Unidos na 
luta contra o socialismo soviético. Esse governo manteve-
-se no poder até a década de 1970.
Entre os anos de 1939 e 1945, o mundo foi envolvido 
por um conflito de grandes proporções, que ultrapassou 
as fronteira da Europa, tendo como pano de fundo a con-
corrência imperialista entre o capitalismo industrialmo-
nopolista inglês e francês em contraposição ao alemão, 
japonês e italiano, acrescido da óbvia divergência entre o 
capitalismo e o socialismo da recém-criada URSS. O im-
perialismo permite afirmar que a Segunda Guerra Mun-
dial é uma continuação da Primeira, pois as disputas por 
mercado consumidor entre a burguesia da antiga Entente 
contra a burguesia do extinto II Reich alemão não foram 
solucionadas com o término do conflito militar em 1918. 
Em 1939, os blocos militares eram os Aliados, formados 
pela Inglaterra e a França, acrescidos pelos Estados Unidos 
e pela União Soviética, em 1941: e o outro bloco bélico era 
o Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão.
Na década de 1930, Hitler aproveitava-se das questões 
internacionais para ampliar seu sistema de alianças. Apro-
ximou-se da Itália em 1935, prestando-lhe ajuda econômi-
ca durante o embargo econômico aplicado pela Liga das 
Nações por causa da invasão da Etiópia. Juntamente com 
Mussolini, apoiou Francisco Franco na Guerra Civil Espa-
nhola, de 1936 a 1939, aproveitando para testar a eficiên-
cia de seus tanques e aviões. Assinou com o Japão o Pacto 
Anti-Komintern, em novembro de 1936, destinado a conter 
a União Soviética e a ação da Internacional Comunista. A 
Itália, a Hungria e a Espanha aderiram ao pacto. Ao mesmo 
tempo, Hitler aproximava-se da Itália e Mussolini procla-
mava o Eixo Roma-Berlim.
O III Reich germânico não aceitava as imposições do Tra-
tado de Versalhes e passou a mostrar sinais de ambicionar 
um crescimento bélico e territorial, principalmente sobre o 
corredor polonês, embora o próprio Tratado de Versalhes 
proibisse o militarismo alemão. 
hitLer e mussoLini
Foi nesse contexto que o parlamento britânico elaborou 
um plano diplomático chamado de Política de Apazigua-
mento, que se caracterizava pela “permissão” de um re-
lativo crescimento bélico alemão que teria o intuito de 
barrar um possível avanço do socialismo soviético, ou seja, 
o Estado inglês queria que o nazismo defendesse a civiliza-
ção Ocidental da “barbárie” comunista. Como resultado, 
Hitler conseguiu fortalecer-se e passou a buscar o controle 
territorial de parte da Europa Central que ele chamava de 
“espaço vital”, apoiado veladamente pela Inglaterra e pela 
França na formação do III Reich. Antes da Segunda Guerra 
Mundial começar, a Alemanha já tinha anexado a Áustria 
(Anschluss) e a Tchecoslováquia, cuja invasão foi legalizada 
pela Conferência de Munique, em setembro de 1938.
Para posterior desespero dos Aliados, Hitler e Stalin resol-
veram criar o Pacto de não agressão Germano-Soviético. 
Esse acordo permitiria que, no futuro, a Alemanha pudesse 
invadir seus inimigos europeus Ocidentais (a Oeste) sem 
dividir seu exército, pois estaria em “harmonia” com sua 
inimiga URSS (a Leste). Também conhecido como Ribben-
trop-Molotov, esse pacto ajudaria o governo de Stalin, pois 
a União Soviética não tinha estrutura militar que pudesse 
protegê-la de um ataque nazista.
Na década de 30, já era nítido que outra guerra de grandes 
proporções se aproximava. As causas da Segunda Guerra 
podem ser resumidas em tais pontos:
 § O comportamento revanchista das nações vencedo-
ras da Primeira Guerra Mundial, especialmente da 
França em relação à Alemanha, contou com vencidos 
desgastados pela guerra e sobrecarregados com seus 
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1939-1945)
 99
compromissos financeiros para com os vencedores 
(indenizações e reparações). Cresciam seus problemas 
econômicos e sociais. Na Itália e na Alemanha, o des-
contentamento da população deu oportunidade ao 
surgimento de partidos totalitários – fascista e nazista 
–, culminando com a implantação de Estados militaris-
tas e expansionistas, com forte apelo nacionalista.
 § A crise de 1929 e suas graves consequências políticas 
e sociais em quase todos os países da Europa: em ra-
zão de sua amplitude internacional, reduziu o mercado 
consumidor de todas as nações capitalistas. Os países 
atingidos pela Grande Depressão procuraram defender 
seu mercado interno da concorrência estrangeira atra-
vés da elevação das tarifas alfandegárias. Esse nacio-
nalismo econômico intensificou as lutas pelo domínio 
dos mercados entre as várias potências imperialistas. 
 § O surgimento de governos totalitários, militaristas e 
expansionistas: a partir de 1930, quando os efeitos da 
recessão econômica repercutiram em todo o mundo, 
iniciou-se o expansionismo de alguns países imperia-
listas. A Itália ocupou a Etiópia, em 1935, situada no 
Nordeste da África. A Alemanha, desrespeitando o Tra-
tado de Versalhes, remilitarizou a região da Renânia, 
em 1936, e anexou a Áustria e a Tchecoslováquia, em 
1938. O Japão, no segundo semestre de 1931, partiu 
para a conquista da Manchúria – que pertencia à Chi-
na –, começando assim a penetração naquele país do-
minado pelo governo de Chiang Kai-shek. 
 § O fracasso da Liga das Nações: ao longo da década de 
1930, o mundo contava com a Liga das Nações, órgão 
internacional que tinha por objetivo manter a paz e a 
ordem entre os diversos países. No entanto, Inglaterra 
e França dominaram o organismo, direcionando as de-
cisões em conformidade com seus interesses. Quando 
algum país menos importante era agredido, as decisões 
da Liga das Nações eram quase sempre brandas em re-
lação aos agressores. França e Inglaterra temiam gerar 
conflitos com as potências expansionistas. Dessa forma, 
inúmeras vezes as pequenas nações foram sacrificadas.
Nesse contexto, o cenário da guerra já estava criado e, em 1º 
de setembro de 1939, as forças bélicas de Hitler invadiram 
o corredor polonês da cidade de Dantzig, hoje Gdansk. Em 
resposta, o governo inglês, mais bem preparado, decretou 
guerra à Alemanha; em 1940, com a blitzkrieg (guerra re-
lâmpago), a Alemanha invadiu a Dinamarca, a Noruega, a 
Holanda, a Bélgica e a França. Diante dessa inusitada reali-
dade, os exércitos francês e inglês foram obrigados a retirar 
seus combatentes do território francês em direção à Inglater-
ra, evento conhecido como Retirada de Dunquerque. 
pacto de não agressão germano-soviético
A França foi dividida em duas áreas, o Sul continuou, su-
postamente, independente com a República de Vichy li-
derada pelo general francês Pétain, que não demonstrou 
resistência à ascensão de Hitler, por isso mesmo foi consi-
derado seu colaborador; já o Norte foi completamente ocu-
pado pelas tropas nazistas, que passaram a administrá-lo. 
As tropas francesas fixadas em solo inglês foram lideradas 
pelo general Charles de Gaulle. É importante salientar que 
De Gaulle também utilizava emissoras inglesas de rádio de 
ondas curtas para ser ouvido, reservadamente, por mem-
bros da Resistência e, com isso, articular ações contra o 
domínio germânico.
Paralelamente se agravavam as tensões entre os Estados 
Unidos e o Japão, na Ásia e no Pacífico. Em 1941, prosse-
guia a Guerra Sino-Japonesa. Com a queda da França, o 
Japão promoveu a ocupação da Indochina Francesa. Em 
novembro, o governo norte-americano decretou o embar-
go comercial ao Japão e exigiu a imediata evacuação da 
China e da Indochina. Em 7 de dezembro de 1941, en-
quanto prosseguiam as negociações diplomáticas entre os 
dois países, o Japão atacou sem prévia declaração de guer-
ra a base naval norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí. 
Logo depois, a Alemanha e a Itália declaravam guerra aos 
Estados Unidos.
pearL harbor
 100
O ano de 1941 marcou a mudança do curso da guerra. 
O Eixo, até então imbatível, tomou duas decisões nefastas 
para a continuidade do seu domínio: invadir a União Sovi-
ética e atacar a base norte-americana de Pearl Harbor, no 
Pacífico, pelo Japão. 
Após o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha re-
solveu ocupar a URSS em busca de reservas de matéria-pri-
ma e de petróleo, no Cáucaso, e aniquilar o que os nazistas 
consideravam a suposta raça inferior dos eslavos. Em razão 
disso, a invasão foi chamada de Operação Barbarossa (Barba 
Ruiva). Pretendia também destruir o comunismo represen-
tado pelogoverno de Stalin. Hitler acreditava que venceria 
a União Soviética em semanas ou meses, mas experientes 
generais alemães, como Rommel, sabiam que seu exército 
possivelmente seria derrotado. Hitler estava cometendo os 
mesmos erros de Napoleão Bonaparte. Foi o que realmente 
ocorreu, uma vez que, utilizando a tática da terra arrasada 
e o extremo frio, o Exército Vermelho aniquilou as forças 
alemãs em 1943 e passou a atacar a Alemanha. Por isso a 
Batalha de Stalingrado foi “o começo do fim da Alemanha”.
Após a Batalha de Stalingrado, a Alemanha foi perdendo 
grande contingente de tropas no Leste em razão do incisi-
vo avanço soviético, que fez diminuir o poder germânico no 
canal da Mancha. Consequência: o alto comando aliado 
europeu Ocidental, nas mãos do general norte-americano 
Eisenhower, reuniu tropas norte-americanas, inglesas e 
francesas e invadiu o território dominado pelos nazistas, 
libertando a França no episódio que se tornou conhecido 
como o Dia D, 6 de junho de 1944, quando as tropas alia-
das desembarcaram na Normandia.
a bataLha de staLingrado
Enquanto isso, em janeiro de 1945, a Polônia fora liberta-
da pelos russos, que logo depois realizaram a junção de 
suas tropas com as norte-americanas às margens do rio 
Elba. Com o suicídio de Hitler, a conquista de Berlim pelo 
Exército Vermelho e a queda do III Reich, em maio de 1945 
terminava a guerra na Europa.
o hoLocausto
Quando já era iminente a derrota do III Reich, Inglaterra, EUA 
e URSS reuniram-se em Ialta, na Crimeia, às margens do mar 
Negro. Nesse encontro foi fixada oficialmente a Linha Cur-
zon como fronteira entre a União Soviética e a Polônia, e 
foram cedidas aos soviéticos as regiões ocupadas quando da 
partilha, em 1939; em compensação, a Polônia receberia a 
Leste os territórios alemães até as margens do rio Oder. De-
cidiu-se também que Estados Unidos, a União Soviética e a 
Inglaterra manteriam controle sobre os países libertados da 
Europa Oriental e que a Alemanha seria dividida em zonas 
de ocupação sob a direção de um Conselho Aliado. 
Outra decisão importante, com a anuência do presidente 
Roosevelt, foi transformar os países da Europa Oriental em 
área de influência da União Soviética. Finalmente se estabe-
leceu a intervenção da União Soviética na guerra contra o 
Japão em troca de Port Arthur, ao Sul de Sacalina e das ilhas 
Kurilas. Pela relevância de suas decisões e pelas consequên-
cias que produziu no pós-guerra, a Conferência de Alta foi 
considerada a mais importante da Segunda Guerra Mundial.
stáLin
 101
A Guerra não havia acabado. No Pacífico, apesar do inequí-
voco recuo, o Japão relutava em se render, pois acreditava 
que a derrota seria um martírio religioso, já que o Imperador 
Hirohito era considerado Deus. Em razão disso, muitos pi-
lotos japoneses transformaram-se em kamikazes e pratica-
ram o suicídio bélico, utilizando seus aviões como mísseis 
para melhor se chocar contra os navios norte-americanos. 
Foi nesse contexto que o presidente norte-americano Harry 
Truman autorizou o bombardeio atômico em Hiroshima (6 
de agosto de 1945), cuja bomba foi intitulada de Little boy, 
e em Nagazaki (9 de agosto de 1945). À época, argumenta-
va-se que o lançamento das bombas seria a única maneira 
de findar com as esperanças japonesas. Contudo, muitos 
historiadores acreditam que a real causa das detonações es-
teja relacionada à antecipação da Guerra Fria, já que os EUA 
queriam anular a ascensão das forças socialistas soviéticas.
Com a rendição japonesa, em 2 de setembro de 1945, a 
Segunda Guerra Mundial terminava e com ela a hegemonia 
europeia sobre o mundo, que assistiu ao surgimento de uma 
nova ordem mundial dominada pela Guerra Fria.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa Oci-
dental perdeu o poder hegemônico sobre as relações inter-
nacionais. Sua política imperialista entrou em decadência e 
o mundo foi submetido a uma nova ordem mundial base-
ada na expansão e na disputa pela hegemonia econômica, 
militar e política das novas superpotências: Estados Unidos 
e União Soviética, chamada Guerra Fria. Contudo, esse 
novo modelo de relacionamento internacional se diferen-
ciava dos anteriores, pois o embate não se dava somente 
por controle de territórios e riqueza, mas também pela con-
firmação ideológica entre capitalismo e socialismo, acresci-
da por uma monstruosa construção de arsenais nucleares 
que colocaria em risco a existência da humanidade.
onu em 1948
Já no início dessa nova era, a ONU (Organização das Nações 
Unidas) foi criada em 1945 com o objetivo de reorganizar 
as relações internacionais de modo a superar os acordos mi-
litares secretos entre os países para instaurar reuniões que 
abrangessem os interesses das nações e fossem discutidos 
livremente entre todos os Estados membros. Com isso, as 
soluções de caráter pacífico nasceriam democraticamente e 
com mais viabilidade. Em abril de 1945, vários representan-
tes de países reuniram-se na cidade norte-americana de São 
Francisco e, evitando os erros da antiga Liga das Nações, 
resolveram criar uma instituição que viabilizasse a paz mun-
dial e ao mesmo tempo se preocupasse com os problemas 
sociais e de cidadania. A partir dessa Conferência, a ONU 
passou a contar com 192 países membros, da qual o Vatica-
no participaria apenas como observador, que se reúnem em 
Assembleia Geral.
Apesar do suposto aspecto democrático da ONU, uma vez 
que ela representa quase todos os países do mundo, trans-
mitindo a impressão de que é comandada segundo os inte-
resses dessas nações, na realidade o poder de decisão está 
concentrado nas mãos dos cinco Estados fixos do Conselho 
de Segurança. Esse conselho constitui-se de fato na autori-
dade máxima, pois, ao ter o poder de veto, possibilita que a 
decisão de um único país tenha o poder de anular as deci-
sões da Assembleia Geral. Os cinco países fixos do Conselho 
são EUA, Rússia (antiga URSS), Inglaterra, França e China.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU)
GUERRA FRIA
Guerra Fria é a designação atribuída ao período históri-
co de disputas políticas, econômicas, ideológicas, tecnoló-
gicas, estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados 
Unidos e a União Soviética, compreendido entre o final 
da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União 
Soviética (1991).
Temendo a presença soviética no Mediterrâneo Oriental e 
ciente da fragilidade da Inglaterra nessa região, em março 
de 1947 o presidente Harry Truman promulgou a Doutri-
na Truman: “Os Estados Unidos devem ter como política 
apoiar os povos livres que estejam resistindo às tentativas de 
subjugação por parte de minorias armadas ou de pressões 
 102
externas”. Essa doutrina foi a peça central da nova política 
de contenção – de manter o poder soviético dentro de suas 
fronteiras. Os Estados Unidos logo forneceram apoio militar 
e econômico à Grécia e à Turquia, e a política externa nor-
te-americana sofreu uma profunda inversão: o isolamento 
anterior à Grande Guerra deu lugar a uma vigilância mundial 
contra qualquer esforço soviético de expansão.
A Doutrina Truman tornou-se real quando, em junho de 
1950, eclodiu uma guerra entre as duas Coreias. O Norte, 
socialista e governada por Kim II Sung, apoiado pela URSS 
e pela China maoísta, não aceitou a divisão da Península 
e atacou a Coreia do Sul, que foi defendida pelas tropas 
norte-americanas lideradas pelo general McArthur. 
truman e seu gabinete
Para evitar que o conflito desembocasse numa Terceira 
Guerra Mundial, em 1953 foi declarado o cessar-fogo de 
Panmunjon, mantendo o paralelo 38 como linha divisória 
dos dois países. Seul tornou-se capital de um Tigre Asiático, 
e Pyongyang tornou-se uma ditadura de economia pobre, 
governada por Kim Jong un, colocando em risco a frágil 
paz da região através de um belicismo atômico.
No âmbito econômico, os Estados Unidos deram um impor-
tante passo rumo ao fortalecimento e poder sobre o Oci-
dente. O secretário de Estado George Marshall anunciou 
um formidável programa de auxílioeconômico à Europa, 
cujo nome formal era Programa de Recuperação Europeia, 
mundialmente conhecido como Plano Marshall. 
O Plano Marshall surgiu para proteger os interesses do ca-
pitalismo, principalmente na Europa Ocidental e no Japão, 
pois essas áreas estavam com seus parques produtivos 
destruídos devido à Segunda Guerra Mundial; consequen-
temente, o desemprego era muito grande ao lado de todos 
os problemas gerados por essa situação, criando, assim, 
condições para que movimentos dissidentes surgissem, 
particularmente para a difusão dos de esquerda. 
Para revitalizar os países socialistas, a URSS criou o CO-
MECON – Conselho de Assistência Econômica Mútua, 
que se estruturou através de planos estatais quinquenais, 
foi integrado à economia dos Estados socialistas e serviu 
como máquina política para perseguir oposicionistas den-
tro do Leste europeu; entretanto, como a Segunda Guerra 
Mundial destruiu a infraestrutura soviética, o Comecon não 
suplantou o dinamismo do Plano Marshall.
stáLin e mao tsé-tung
Nos aspectos relacionados à inteligência, à espionagem, os 
Estados Unidos e a União Soviética dinamizaram respecti-
vamente a CIA (Agência de Inteligência dos EUA) e a KGB 
(Comitê de Segurança do Estado Soviético) a ponto de se 
criar um clima de “caça às bruxas” tanto nos assuntos ex-
ternos como internos. 
Nos Estados Unidos, essa caça às bruxas deu ori-
gem ao macarthismo, cujo autor, o senador Joseph 
McCarthy, disseminou perseguições sem provas de su-
postos inimigos internos dos EUA. Inúmeros cidadãos 
passaram a ser considerados espiões, principalmente 
artistas de Hollywood, como Charles Chaplin, entre ou-
tros. Na União Soviética, a “caça às bruxas” consolidou 
o stalinismo, a estrutura estatal burocrática e policialesca 
através dos gulags, campos de trabalho forçados, criados 
após a Revolução Bolchevique de 1917 para abrigar cri-
minosos e “inimigos” do Estado.
Durante a Guerra Fria, a corrida espacial foi um campo fértil 
de disputa entre os dois países. Os projetos de viagem ao 
cosmo representavam a real disputa ideológica de que a 
tecnologia de uma superpotência era superior à da outra, 
além do fato de que o foguete que se desloca ao espaço 
aperfeiçoa a tecnologia usada nos mísseis balísticos que 
transportam ogivas nucleares de um continente a outro.
 103
yuri gagarin e neiL armstrong
No primeiro momento, a corrida espacial foi vencida pela 
URSS, pioneira ao lançar com sucesso o primeiro satélite 
artificial chamado Sputnik, em 1957, enviar a cadela Lai-
ka como primeiro ser vivo a viajar pelo espaço e, princi-
palmente, por promover a primeira viagem sideral de um 
cosmonauta, Yuri Gagarin, em 1961, na nave Vostok I. Em 
1963 levou ao espaço a primeira mulher, a cosmonauta 
Valentina Tereshkova. 
Os Estados Unidos somente conseguiram melhorar sua 
performance quando a NASA passou a ser assessorada 
por Wernher Von Braun, ex-chefe do órgão militar alemão 
criador de bombas V-2 que destruíram grande parte de 
Londres na Segunda Guerra Mundial. Von Braun liderou 
a criação dos foguetes Saturno e, em 1969, à frente da 
Apollo 11, o astronauta norte-americano Neil Armstrong 
foi o primeiro homem a pisar na Lua.
OS ESTadOS UnIdOS 
dUranTE a gUErra FrIa
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tive-
ram um surto de desenvolvimento em várias áreas, como 
o baby boom populacional; entretanto, vários problemas 
afloraram e foram exaustivamente discutidos, principal-
mente na década de 1960. Os presidentes continuavam a 
ser livremente eleitos, sejam do partido Democrata ou do 
Republicano, mas todos sempre administravam numa óti-
ca imperialista de confirmação do poderio estadunidense 
como grande nação capitalista do mundo. 
Ainda no final da Guerra e após a morte de Roosevelt, o 
vice-presidente Harry Truman (1945-1953) assumiu a faixa 
presidencial e esboçou a Guerra Fria, ao autorizar o bom-
bardeio de bombas atômicas sobre o Japão e ao aumentar 
o militarismo ao formular a Doutrina Truman. O próximo pre-
sidente eleito foi o republicano general Dwight Eisenhower 
(1953-1961), que manteve o conservadorismo de Truman, 
a Guerra Fria; entretanto, iniciou timidamente o questiona-
mento acerca da severa segregação racial nos estados do 
Sul, se bem existisse em todos os EUA, ao autorizar o estudo 
de negros ao lado dos brancos em algumas escolas, o que 
revoltou agremiações racistas como a Ku Klux Klan.
O próximo presidente eleito foi o democrata John Kenne-
dy (1961-1963), que derrotou o republicano Nixon e iniciou 
um governo marcado pela exploração do imaginário popular. 
Aperfeiçoou o marketing político, promoveu um personalis-
mo festivo em torno do casal presidencial, particularmente 
em torno da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, incentivou 
a corrida espacial, enfim, investiu no nacionalismo norte-a-
mericano. Entretanto, foi figura central de fatos que mostram 
prepotência e autoritarismo, como a tentativa fracassada de 
invadir a baía dos Porcos, em Cuba, em 1961, provocando um 
dos momentos mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis 
atômicos. O mundo ficou muito próximo de uma guerra nu-
clear. Também pesa sobre os ombros desse governo o início 
do acirramento dos atritos que geraram a Guerra do Vietnã.
Krushchev e Kennedy
O vice-presidente Lyndon Johnson (1963-1969) assumiu 
o governo em 1963 após o assassinato de Kennedy. Duran-
te seu governo, o envolvimento norte-americano na Guerra 
do Vietnã atingiu o ponto culminante: dos 55 mil soldados 
em 1965 passou a 550 mil em 1968. Mesmo assim se tor-
nou evidente a impossibilidade de uma vitória militar deci-
siva dos norte-americanos no conflito do Sudeste Asiático.
O próximo Presidente da República foi o republicano Ri-
chard Nixon (1969-1974), que manteve a inimizade 
política com a URSS. Entretanto, iniciou uma série de con-
versações, promovendo a détente, uma distensão militar 
que foi amenizando as relações da Guerra Fria e gerou um 
tímido sinal verde à busca pela paz. Em seu governo teve 
início a retirada gradual das tropas norte-americanas do 
Vietnã, houve o reconhecimento diplomático da China e a 
busca de um entendimento global com a União Soviética. 
Contudo, a trajetória do presidente Nixon ficou irremedia-
velmente manchada devido ao escândalo Watergate, que 
provocou sua renúncia em 1974. O escândalo, investigado 
por jornalistas do jornal Washigton Post consistiu numa 
operação secreta e ilegal promovida pelo presidente, que 
usou a máquina de inteligência governamental para espio-
nar as reuniões do partido democrata durante a campanha 
 104
para a Presidência da República. Após a renúncia de Ni-
xon, a presidência foi entregue ao parlamentar republica-
no Gerald Ford (1974-1977) numa espécie de mandato 
tampão, pois Ford foi derrotado na eleição presidencial se-
guinte pelo democrata Jimmy Carter (1977-1981), que 
praticou uma política externa voltada para o não financia-
mento de algumas ditaduras na América Latina.
O ex-ator de Hollywood Ronald Reagan foi eleito para 
o mandato de 1981 a 1989. Anticomunista feroz, Reagan 
ocupou a Casa Branca com intenção de acelerar a con-
tenção do comunismo mundial e posicionou-se contrário 
à política de desarmamento nuclear que governos norte-
-americanos haviam negociado nos anos 1970. Propôs um 
ambicioso programa chamado “Guerra nas Estrelas” – uso 
de lasers e satélites para proteger os Estados Unidos de 
mísseis soviéticos. A oposição massiva de europeus e nor-
te-americanos ao acirramento das relações entre os dois 
superpoderes resultou na retomada de negociações em 
1983. Reagan administrou os Estados Unidos no momento 
em que a Guerra Fria chegava ao fim com a desagregação 
da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 
Na política interna, Reagan introduziu uma política neo-
liberal. Impostos foram cortados em 25% e regulamen-
tações da economia, do meio ambiente e do direito do 
consumidor foram desmanteladas. Cortes sucessivos nos 
programas sociais voltados apara a população carente ca-
minharamao lado de acordos de livre comércio negociados 
em nível internacional para abolir restrições à expansão de 
mercados internacionais.
a UnIãO SOvIéTICa 
dUranTE a gUErra FrIa
Stalin morreu em 1953, depois de uma sangrenta ditadura 
de 25 anos. Após um período de incerteza política, o poder 
foi assumido por Nikita Krushchev, que, em 1956, no XX 
Congresso do Partido Comunista da União Soviética, fez 
uma estarrecedora denúncia dos crimes de Stalin e do culto 
à personalidade praticado pelo ditador falecido.
Krushchev deu então início a um processo de “desesta-
linização” que pôs fim ao terror de Stalin: as execuções 
sumárias e os campos de trabalho forçado foram suprimi-
dos e a ação da polícia política tornou-se menos opressiva. 
Não obstante, a estrutura totalitária do poder foi mantida, 
assim como o controle sobre os países satélites da URSS. 
Nesse contexto, uma tentativa dos húngaros em se libertar 
do jugo soviético foi afogada em sangue, em 1956. No go-
verno de Kurshchev, a Guerra Fria foi levada ao seu limite 
crítico com a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962. 
Apesar de incentivar a coexistência pacífica, Kruschev teve 
papel marcante na crise dos mísseis atômicos em Cuba em 
que colocou o governo norte-americano de Kennedy em 
dificuldades. É interessante notar que essa crise foi solucio-
nada com a retirada dos mísseis soviéticos da ilha cubana 
e, em contrapartida, com a retirada, pelos Estados Unidos, 
de seus mísseis nucleares da Turquia. Essa solução foi vista 
pelo Politburo soviético como um fracasso, que, somado 
à oposição da nomenklatura e dos militares, provocou a 
queda de Kruschev num golpe branco em 1964. 
O secretário-geral escolhido Leonid Brejnev (1964-1982), 
que revitalizou muitos aspectos do stalinismo, manteve 
a coexistência pacífica implantando a détente, que abriu 
caminho para a salutar negociação sobre armas nuclea-
res com a criação do Plano Salt (Tratado de Limitação de 
Armas Estratégicas) junto aos EUA. 
breJnev e nixon
Em 1982, Brejnev faleceu e foi sucedido por Yuri Andropov 
(1982-1984), dirigente da KGB. Naquele momento, a eco-
nomia soviética estava em declínio devido à burocratização 
dos planos quinquenais, aos privilégios da nomenklatura e 
ao militarismo exagerado da Guerra Fria, à defasagem na 
criação de novas tecnologias do parque industrial e do cam-
po. Nem Andropov resolveu esses problemas estruturais nem 
seu sucessor Konstantin Chernenko (1984-1985). Mikhail 
Gorbachev (1985-1991) governou a União Soviética tentan-
do revitalizar sua estrutura econômica através da Perestroika 
(reconstrução), utilizando-se de elementos de caráter liberal 
com a gradativa diminuição do poder estatal sobre a econo-
mia, permitindo a implantação de empresas privadas, e da 
Glasnost (transparência), aceitando uma relativa liberdade 
de imprensa e partidária. Gorbachev passou a sofrer a opo-
sição da nomenklatura e dos altos oficiais das Forças Arma-
das, que tentaram promover um golpe branco, mantendo-o 
numa prisão domiciliar; entretanto, a população russa reagiu 
a essa tentativa de golpe.
gorbachev
 105
Bóris Yeltsin não apoiou a queda de Gorbachev, pois tinha 
interesses pessoais de poder, usando a solidariedade à par-
cela da população que era contrária à queda de Gorbachev 
em seu próprio benefício. Com sucesso isolou politicamente 
a nomenklatura e os generais. Yeltsin considerava a Perestroi-
ka e a Glasnost muito lentas e não aceitou a autoridade do 
secretário-geral Gorbachev, passando a tomar decisões go-
vernamentais na Rússia, tornando-a independente da URSS 
e aproximando-se do ideal de separação das Repúblicas Bál-
ticas da Letônia, Estônia e Lituânia. Quando Gorbachev per-
cebeu que não possuía mais nenhum poder, restou somente 
a tarefa de assinar o documento que selou o fim da União 
das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em dezembro de 1991.
yeLtsin durante a tentativa de goLpe Que aceLerou o fim da urss
 106
U.T.I. - Sala
1. (FUVEST) Franklin D. Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos, no ano de 1933, em meio a uma grave 
crise econômica, iniciada em 1929; também Barack Obama se deparou com um problema similar ao se tornar presi-
dente do mesmo país, em 2009.
a) Com relação ao governo Roosevelt, indique as medidas adotadas por ele para fazer frente à crise de 1929.
b) Com relação à crise de 2008, enfrentada pelo presidente Obama, indique os principais fatores que a desencadearam 
e como ela se manifestou. 
2. (UNESP) Quando da criação do Estado de Israel pela ONU, estava prevista a criação de dois estados, um judeu e 
outro árabe, no território do antigo mandato britânico. Apenas o primeiro viabilizou-se.
Explique o contexto em que se deu a criação do Estado de Israel. 
3. (UNICAMP) 
O painel pintado por Pablo Picasso em 1937, Guernica, é uma referência ao bombardeio da área de mesmo nome, 
durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
a) Apresente os principais aspectos visuais dessa obra de Picasso.
b) De que forma a imagem pode ser compreendida como uma crítica ao franquismo? 
horrores não mecanizados, é o destino daqueles que 
aumentam seus números sem passar por uma revo-
lução industrial.
(ashton, t. s. the inDustrial revolution, 1760-1830. 
London: oxford university press, 1948. p.161.)
Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o 
tema, responda aos itens a seguir.
a) Explique o contexto histórico da Revolução In-
dustrial.
b) Situe o posicionamento dos autores desses textos 
quanto a esse evento histórico. 
5. (UNESP) A Revolução Russa é o acontecimento mais 
importante da Guerra Mundial.
(Luxemburgo, rosa. a revolução russa. Lisboa: uLmeiro, 1975.)
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada 
na Alemanha, associa diretamente a ocorrência da Re-
volução Russa com a Primeira Guerra Mundial.
Indique e analise possíveis vínculos entre os dois pro-
cessos, destacando os efeitos da Guerra na vida interna 
da Rússia. 
4. (UEL) Leia os textos a seguir.
O reino recém-unido da Grã-Bretanha estava emergin-
do como uma potência europeia, intelectual, militar e 
comercial. Newton era reconhecido como o gênio su-
premo da época, enquanto a Royal Society de Londres 
era vista como seu árbitro científico supremo. Locke 
estava fundando a Filosofia empírica e promulgando 
as ideias políticas liberais que, na altura do fim do sé-
culo, seriam corporificadas na constituição americana. 
Enquanto isso, Robinson Crusoé, de Defoe, e As Via-
gens de Gúliver, de Swift, satisfaziam, cada um à sua 
maneira, a fome de aventuras estrangeiras do público. 
Essa era uma nação autoconfiante, experimentando 
os primeiros rebuliços do que viria a ser a Revolução 
Industrial – a máquina a vapor já estava sendo usada 
nas minas da Cornualha.
(strathern, p. uma breve história Da economia. 
rio de Janeiro: zahar, 2003. p.62.)
Há hoje, nas planícies da Índia e da China, homens e 
mulheres, infestados por pragas e famintos, vivendo 
pouco melhor, aparentemente, do que o gado que 
trabalha com eles de dia e que compartilha seu lo-
cal de dormir à noite. Esse padrão asiático, e esses 
 107
6. (FGV) Observe atentamente as imagens abaixo: 
 
a) Por quais motivos a Revista Time elegeu o manifestante (protestador) como o homem do ano de 2011? 
b) Aponte as semelhanças ideológicas entre a imagem reproduzida pela Time e a imagem elaborada pelo artista Banksy. 
c) Diversos protestos desde 2011 vêm sendo denominados como “primaveras”, numa alusão à Primavera de Praga de 
1968. Apresente as principais características desse movimento ocorrido na antiga Tchecoslováquia. 
ção de guerras. Dê dois exemplos de conflitos ocorri-
dos no século XX, que cada um desses organismos não 
conseguiu evitar. Justifique a relativa fragilidade desses 
organismos internacionais. 
9. (UNICAMP) Observe o gráfico e responda.
a) Qual a relação existente entre as duas linhas apre-
sentadas no gráfico? 
b) Apresente dois motivos para a crise financeira de 
1929. 
10. (UFRJ) “Corações e Mentes [documentário reali-
zado pelo cineasta norte-americanoPeter Davies, nos 
anos 70, sobre a guerra do Vietnã] tem esse nome de-
vido ao slogan do governo norte-americano na época, 
de que nós tínhamos que ganhar os corações e mentes 
do povo vietnamita. Pois estive no Iraque e os ameri-
canos estão utilizando a mesma frase. E lá vi as mes-
mas atitudes, a mesma arrogância. Achei que o Vietnã 
7. (UFSCAR) Se vendemos nossa terra a vós, deveis con-
servá-la à parte, como sagrada, como um lugar onde 
mesmo um homem branco possa ir sorver a brisa aro-
matizada pelas flores dos bosques.
Assim consideraremos vossa proposta de comprar nos-
sa terra. Se nos decidirmos a aceitá-la, farei uma condi-
ção: o homem branco terá que tratar os animais desta 
terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo outro modo. Te-
nho visto milhares de búfalos apodrecerem nas prada-
rias, deixados pelo homem branco que neles atira de 
um trem em movimento. Sou um selvagem e não com-
preendo como o fumegante cavalo de ferro possa ser 
mais importante que o búfalo, que nós caçamos apenas 
para nos mantermos vivos.
(carta Do cheFe ínDio seattle ao presiDente Dos estaDos uniDos, 
que pretenDia comprar as terras De sua tribo em 1855.)
a) Identifique uma diferença na maneira do chefe ín-
dio e dos brancos entenderem a relação entre o ho-
mem e a natureza.
b) Explique as consequências, para a população indí-
gena dos Estados Unidos, do contato com os brancos. 
8. (UNESP) Violências e guerras entre povos caracte-
rizam a história da humanidade, assim como projetos 
e tentativas de evitá-las. No século XX, foram criados 
organismos internacionais com a finalidade de pacificar 
as relações entre nações e países: a Liga das Nações 
em 1919 e a Organização das Nações Unidas (ONU) em 
1945. Apesar de suas declarações favoráveis à solução 
negociada dos conflitos, nem a Liga das Nações nem a 
ONU conseguiram impedir, completamente, a deflagra-
 108
tinha nos ensinado a lição: não ir para a guerra com 
países que não estão nos ameaçando. É assustador ver 
o quão rápido a lição foi esquecida.”
fonte: adaptado de entrevista de peter davies ao JornaL “o 
gLobo” de 01 de outubro de 2004, segundo caderno, p.2.
Apesar das diferenças no tempo e no espaço, as guerras 
do Vietnã e do Iraque – a última iniciada em 2003 e ain-
da em curso – têm em comum resultarem de interven-
ções militares norte-americanas ao redor do planeta.
a) Identifique um elemento da conjuntura internacional 
que contribuiu para a eclosão da Guerra do Vietnã.
b) Explique um dos princípios da chamada Doutrina 
Bush, adotada pelo governo norte-americano após os 
atentados de 11 de setembro de 2001, que tenha ser-
vido como justificativa para a invasão do Iraque.
U.T.I. - E.O. 
1. (UNICAMP) A Primeira Guerra Mundial abalou pro-
fundamente todos os povos envolvidos, e as revoluções 
de 1917-1918 foram, acima de tudo, revoltas contra 
aquele holocausto sem precedentes, principalmente 
nos países do lado que estava perdendo. Mas em cer-
tas áreas da Europa, e em nenhuma outra mais que na 
Rússia, foram mais que isso: foram revoluções sociais, 
rejeições populares do Estado, das classes dominantes 
e do status quo. 
(adaptado de eric hobsbawm, sobre história. são pauLo: 
companhia das Letras, 1998, p. 262-263.) 
a) Relacione a Primeira Guerra Mundial e a situação 
da Rússia na época. 
b) Cite e explique um princípio da Revolução Russa 
de 1917. 
2. (UNICAMP) Existem épocas em que os acontecimen-
tos concentrados num curto período de tempo são 
imediatamente vistos como históricos. A Revolução 
Francesa e 1917 foram ocasiões desse tipo, e também 
1989. Aqueles que acreditavam que a Revolução Rus-
sa havia sido a porta para o futuro da história mundial 
estavam errados. E quando sua hora chegou, todos se 
deram conta disso. Nem mesmo os mais frios ideólogos 
da Guerra Fria esperavam a desintegração quase sem 
resistência verificada em 1989. 
(adaptado de eric hobsbawm, “1989 – o Que sobrou para os 
vitoriosos”. Folha De são paulo, 12/11/1990, p. a-2.)
a) No contexto entre as duas guerras mundiais, quais 
seriam as razões para a Revolução Russa ter simboli-
zado uma porta para o futuro?
b) Identifique dois fatores que levaram à derrocada 
dos regimes socialistas da Europa após 1989. 
3. (UNESP) A Segunda Guerra Mundial mal terminara 
quando a humanidade mergulhou no que se pode en-
carar, razoavelmente, como uma Terceira Guerra Mun-
dial, embora uma guerra muito peculiar. [...] Gerações 
inteiras se criaram à sombra de batalhas nucleares glo-
bais que, acreditava-se firmemente, podiam estourar a 
qualquer momento, e devastar a humanidade. [...] Não 
aconteceu, mas por cerca de quarenta anos pareceu 
uma possibilidade diária.
(eric hobsbawm. era Dos extremos, 1995.)
Identifique o conflito a que o texto se refere e caracte-
rize as forças em confronto. 
4. (FUVEST) “De puramente defensiva, tal qual era, em 
sua origem, a doutrina Monroe, graças à extensão do 
poder norte-americano e às transformações sucessivas 
do espírito nacional, converteu-se em verdadeira arma 
de combate sob a liderança de Theodore Roosevelt”
barraL-montferrat, 1909.
a) Qual a proposta da doutrina Monroe?
b) Explique a razão pela qual a doutrina se “conver-
teu em arma de combate sob a liderança de Theodore 
Roosevelt”. Exemplifique. 
5. (UNESP) Nunca houve um ano como 1968 e é impro-
vável que volte a haver. Numa ocasião em que nações 
e culturas ainda eram separadas e muito diferentes — 
e, em 1968, Polônia, França, Estados Unidos e México 
eram muito mais diferentes um do outro do que são 
hoje — ocorreu uma combustão espontânea de espíri-
tos rebeldes no mundo inteiro.
(marK KurLansKy. 1968 – o ano que abalou o munDo, 2005.)
Indique dois movimentos de “espíritos rebeldes” ocor-
ridos em 1968 e identifique, em cada um deles, o cará-
ter “espontâneo” mencionado no texto. 
6. (UNESP) Discorra sobre a experiência socialista inicia-
da na Europa no período entre as duas Guerras Mundiais. 
7. (FGV) A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as 
grandes potências, e na verdade todos os Estados euro-
peus, com exceção da Espanha, os Países Baixos, os três 
países da Escandinávia e a Suíça. E mais: tropas do ul-
tramar foram, muitas vezes pela primeira vez, enviadas 
para lutar e operar fora das suas regiões (...).
hobsbawm, e. era Dos extremos. o breve século xx (1914-
1991). trad., são pauLo: companhia das Letras, 1995, p. 31.
a) Quais foram as motivações econômicas do conflito 
citado no texto?
b) Como a guerra influenciou e dividiu os movimentos 
e partidos socialistas do período?
c) Apresente duas transformações decorrentes direta-
mente do conflito. 
8. (UFF) “É intolerável e estranho ao espírito do mar-
xismo-leninismo exaltar uma pessoa e dela fazer um 
super-homem dotado de qualidades sobrenaturais, se-
melhantes às de um deus. Esse sentimento a respeito 
de Stalin existiu durante muitos anos (...). Tudo ele deci-
dia, sozinho, sem consideração por qualquer um ou por 
quem quer que fosse”. 
(“discurso de Kruschev, no xx congresso do 
partido comunista em 1956”. in: vvaa, l’époque 
contemporaine, paris, bordas, 1971, p. 244.)
 109
Em janeiro de 1953 morreu Josef Stalin. Logo depois, 
com a subida ao poder de Kruschev, a União Soviética 
deu início a um período conhecido como a época do 
degelo, baseada em um intenso processo de desesta-
linização.
a) Destaque duas características políticas do mencio-
nado processo.
b) Analise a política externa da Era Kruschev, no con-
texto da Guerra Fria. 
9. (UFSCAR) Se nem todas as grandes crises econômicas, 
como a atual, que, periodicamente acometem o capi-
talismo, levam a uma transformação no seu funciona-
mento, todas as grandes transformações pelas quais ele 
passou foram desencadeadas por uma grande crise.
Situe historicamente e explique as crises que levaram 
ao chamado capitalismo.
a) com participação estatal (keynesiano).
b) desregulado (neoliberal). 
 110
 111
HISTÓRIA DO BRASIL
 112
O Golpe de 1937 gestou a quarta Constituição brasileira, 
redigidapelo jurista Francisco Campos, ficou conhecida 
como “Polaca”; baseava-se em modelos fascistas euro-
peus, destacadamente a Constituição polonesa. Outorgada 
por Getúlio Vargas em novembro de 1937, a Constituição 
trazia como principais dispositivos: 
 § ampliação dos poderes do presidente da República 
graças a uma rígida centralização governamental; 
 § governo do presidente da República mediante decre-
tos-leis, suspensão de imunidades e Estado de Sítio; 
 § mandato presidencial ampliado para seis anos; 
 § perda da autonomia dos estados que passaram a ser 
governados por interventores nomeados pelo presi-
dente da República; 
 § dissolução dos partidos políticos; 
 § censura da imprensa e dos meios de comunicação em 
geral; 
 § instituição do estado de emergência e permissão ao 
presidente de suspender imunidades parlamentares, 
prender, exilar e invadir domicílios; 
 § proibição das greves; 
 § pena de morte para os crimes contra a segurança na-
cional. 
Essa deveria ter sido submetida a um plebiscito, como de-
terminava seu próprio texto, mas o ditador fez com que 
essa determinação não fosse cumprida.
A repressão recrudesceu. Por meio do Departamento 
de Imprensa e Propaganda, DIP, o governo controlava 
os meios de comunicação sob rígida censura, bem como 
servia-se de jornais, cartilhas e, principalmente, rádio para 
enaltecer a figura de Vargas e suas realizações. Com esse 
objetivo, já em 1934, foi criado o programa radiofônico 
“Hora do Brasil”. 
A polícia política, principal organismo de repressão do 
Estado e comandada por Filinto Müller, encarregava-se de 
perseguir, prender e torturar opositores.
O Departamento Administrativo do Serviço Públi-
co, Dasp, foi criado em 1938 com a finalidade de dar ao 
Estado um aparato burocrático racional e modernizador da 
administração pública. Com ele, generalizou-se o sistema 
de mérito: o recrutamento de candidatos passou a ser feito 
mediante a avaliação da capacidade em concursos públi-
cos e provas de habilitação.
Outra marca importante do Estado Novo foi a intensifi-
cação da legislação trabalhista, que publicou a Conso-
lidação das Leis do Trabalho, CLT, inspirada na Car-
ta del Lavoro (Carta do Trabalho), implantada na Itália 
pelo ditador Benito Mussolini. Foram incorporadas à CLT 
as leis trabalhistas que vinham sendo promulgadas no 
Brasil ao longo da década de 1930, como a jornada de 
oito horas diárias, o descanso semanal obrigatório e as 
férias remuneradas. Foram regulamentados também os 
contratos entre patrões e empregados, que deveriam ser 
registrados na Carteira de Trabalho. O funcionamento dos 
sindicatos foi permitido, desde que subordinados ao Esta-
do, que os utilizava como instrumento de manipulação da 
classe trabalhadora. 
Em julho de 1940 foi criado o imposto sindical – instru-
mento básico de financiamento do sindicato e de sua su-
bordinação ao Estado. Consistia de uma contribuição anu-
al obrigatória, correspondente a um dia de trabalho, paga 
por todo empregado sindicalizado ou não.
Antes apoiadores do Estado Novo, os integralistas passa-
ram a promover duras críticas a Vargas. Para dar o Golpe 
de 1937, Getúlio contou com o apoio dos integralistas. 
Plínio Salgado e seus adeptos mostravam-se eufóricos, 
uma vez que também no Brasil o fascismo era o destino 
do mundo. No entanto, consolidado no poder, Vargas tra-
tou de descartar os integralistas. Em 2 de dezembro de 
1937, foram surpreendidos pela lei que punha fim aos 
partidos políticos, sem excluir a AIB (Ação Integralista 
Brasileira), bem como pela falta de oferta de algum cargo 
a eles pelo novo governo. Ignorados, passaram a conspi-
rar contra o governo. 
Em março de 1938 fizeram uma primeira tentativa de 
golpe, duramente reprimida. Logo depois, unidos a ou-
tros oposicionistas, tentaram a queda de Vargas me-
diante um ataque ao Palácio da Guanabara, residência 
do presidente. Assim fizeram na manhã do dia 10 de 
maio, obrigando Vargas e seus familiares a defenderem-
-se de armas na mão. A ajuda militar ao presidente só 
chegou depois de quatro horas de tiroteio. Mas essa 
tentativa de golpe, conhecida por intentona integra-
lista, também falhou, com inúmeros golpistas presos 
e fuzilados no próprio palácio. Plínio Salgado, líder do 
movimento, foi exilado em Portugal.
A DITADURA DO ESTADO NOVO (1937-1945)
 113
propaganda varguista direcionada ao trabaLhador
Economicamente, o Estado Novo foi marcado ainda pelo 
nacionalismo econômico, que visava limitar a atua-
ção do capital estrangeiro na economia nacional, ao mes-
mo tempo em que incentivava a industrialização do Brasil 
por meio da implantação de uma indústria de base, 
que o levou à criação da Companhia Vale do Rio Doce, 
em Minas Gerais, e da Companhia Siderúrgica Nacional, 
CSN, no Rio de Janeiro. 
Em 1938 foi criado o Conselho Nacional do Petróleo, 
CNP, que se encarregou de prospectar poços petrolíferos 
e dar início ao desenvolvimento desse setor no Brasil. No 
ano seguinte foram encontrados indícios de petróleo na 
Bahia, onde foi perfurado o primeiro poço do Brasil, na 
cidade de Lobato.
Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, em 1939, 
o Brasil manteve-se neutro, embora Getúlio simpatizasse 
com o Eixo. Paralelamente, no entanto, pressões externas 
e internas pela entrada do país na guerra do lado Aliado 
fizeram-se valer. A aproximação ideológica entre o Estado 
Novo e o fascismo europeu era evidente. Ministros de Var-
gas, como Francisco Campos, da Educação e Saúde, e Eu-
rico Gaspar Dutra, da Guerra, defendiam a entrada do país 
na guerra ao lado do Eixo. Oswaldo Aranha, das Relações 
Exteriores, defendia o apoio brasileiro aos Aliados.
Getúlio Vargas manteve-se neutro enquanto procurava ob-
ter vantagens econômicas de ambos os lados em troca do 
apoio do Brasil. Em meados de 1940, chegou a anunciar 
a intenção do governo alemão investir na siderurgia bra-
sileira com a fundação de uma indústria siderúrgica. Em 
1941, para evitar esse acordo e exigir o compromisso do 
governo brasileiro, o governo norte-americano ofereceu ao 
Brasil recursos para a construção da Companhia Siderúrgi-
ca Nacional, CSN.
Em contrapartida, o governo brasileiro cedeu bases milita-
res na região Nordeste para norte-americanos e ingleses, 
e enviou tropas aos campos de batalha europeus. A Força 
Expedicionária Brasileira, FEB, continha 25 mil homens e 
foram comandados pelo general Mascarenhas de Mora-
es. A FEB foi incorporada ao IV Exército norte-americano 
e lutou nos campos italianos contra o fascismo, de forma 
surpreendentemente bem-sucedida. 
vargas e rooseveLt
A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ao 
lado das democracias liberais e contra os regimes totali-
tários de extrema direta revelaram a contradição do país 
governado por uma ditadura. A partir de então cresceu a 
pressão interna pela redemocratização do Brasil. Em janei-
ro de 1945, antes do final da guerra, foi realizado em São 
Paulo o Primeiro Congresso Brasileiro de Escritores, com 
a participação de Graciliano Ramos, Caio Prado Júnior, 
Monteiro Lobato e Carlos Drummond de Andrade. Eram 
escritores e intelectuais que defendiam a realização de elei-
ções diretas para os diversos cargos públicos, a reabertura 
democrática, o fim da censura aos meios de comunicação.
Vargas aparentemente cedeu às pressões e surpreendeu o 
país: iniciou um processo de abertura política anunciando a 
convocação de eleições presidenciais para o final de 1945; 
reduziu a censura à imprensa e concedeu anistia política, 
que beneficiou Luís Carlos Prestes, preso desde 1936, e 
permitiu-lhe voltar à cena política nacional. 
Com a concessão da liberdade partidária, foram fundados 
vários partidos políticos: União Democrática Nacional, UDN, 
composta por conservadores, burgueses e latifundiários, re-
presentantes dos interesses das elites nacionais em oposição 
a Vargas; Partido Social Progressista, PSP, em São Paulo, com 
grande poder local e liderado por Adhemar de Barros; Parti-
do Comunista Brasileiro, PCB, devidamente legalizadoe atu-
ante; Partido Social Democrático, PSD, que congregava uma 
facção das elites nacionalistas ligadas ao setor industrial que 
apoiavam Vargas; e Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, ligado 
 114
aos sindicatos, trabalhadores e camadas médias urbanas. 
Getúlio atuou diretamente na fundação desses dois partidos 
políticos, PSD e PTB, que lhe serviam de base de apoio.
Enquanto o processo eleitoral desenvolvia-se, Vargas 
apoiava e estimulava discretamente um movimento em 
prol de sua continuidade na presidência da República: o 
Queremismo. Sob o slogan “Queremos Getúlio”, os que-
remistas defendiam a continuidade de Vargas na presidên-
cia até que fossem realizadas eleições para a formação 
de uma Assembleia Nacional Constituinte, que elaboraria 
uma nova Constituição e convocaria eleições para a esco-
lha de um novo presidente.
O apoio maciço ao Queremismo suscitou desconfian-
ça geral de que Getúlio preparava um golpe, visando à 
permanência no poder. Para evitar que isso ocorresse, os 
generais Góes Monteiro, Eurico Gaspar Dutra e Otávio 
Cordeiro de Farias lideraram as Forças Armadas na depo-
sição de Getúlio Vargas da presidência da República, no 
dia 29 de outubro de 1945, pondo fim ao Estado Novo 
e à Era Vargas.
O período democrático situado entre as ditaduras do Es-
tado Novo (1937-1945) e o Regime Militar (1964-1985) 
é chamado, por alguns historiadores de República Liberal 
Populista. Nesse período, o país viveu uma relativa liberda-
de democrática, com grande atuação de partidos políticos, 
imprensa e movimentos sociais. 
Eleito pela coligação PSD/PTB, Partido Social Democrático 
e Partido Trabalhista Brasileiro, com o apoio de políticos 
varguistas, logo que assumiu a presidência da República 
em janeiro de 1946, Dutra iniciou um processo de apro-
ximação política com as elites nacionais, particularmente, 
representadas pela UDN, União Democrática Nacional. 
No cenário internacional marcado pela Guerra Fria, o 
novo presidente definiu o posicionamento brasileiro pró-
-EUA, o que provocou uma série de problemas internos. 
No governo Dutra foi promulgada a nova Constituição 
brasileira, em 1946.
A Constituição de 1946 previa a intervenção nos sin-
dicatos e a censura a algumas manifestações artísticas e 
culturais notadamente de caráter comunista. Foi mantido 
o voto secreto para maiores de 18 anos, exceto para anal-
fabetos, cabos e soldados, e eleições diretas em todos os 
níveis. O mandato presidencial foi fixado em cinco anos 
sem possibilidade de reeleição e o cargo de vice-presidente 
foi recriado. Além disso, os direitos trabalhistas do período 
getulista foram incorporados ao texto constitucional.
As consequências do alinhamento do governo brasileiro 
com os EUA no contexto da Guerra Fria podem ser cons-
tatadas na política interna. Houve restrição ao direito de 
greve pelo decreto-lei 9.070, de março de 1946. Baseada 
em justificativas fúteis, a maioria governista da Câmara vo-
tou pelo fechamento do Partido Comunista Brasileiro, PCB, 
em maio de 1947 e, no ano seguinte, todos os mandatos 
legislativos – senadores, deputados e vereadores – dos co-
munistas foram cassados.
Em 1947 o presidente norte-americano Harry Truman 
visitou o Brasil, quando foi realizada na cidade fluminense 
de Petrópolis a Conferência Interamericana de Manuten-
ção da Paz e Segurança. Encerrando a Conferência, foi as-
sinado o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, 
Tiar, mediante o qual os países das Américas estabeleciam 
um pacto para defesa mútua, permitindo a intervenção dos 
EUA em qualquer área do continente para preservar a paz 
e a segurança, o que deve ser entendido como combate ao 
comunismo no continente.
dutra e truman
Em virtude do alinhamento do governo brasileiro à política 
norte-americana, Eurico Gaspar Dutra adotou uma política 
econômica liberal, caracterizada pela abertura ao capital 
estrangeiro e pela importação de vários produtos, princi-
palmente os supérfluos. 
Em 1948 foi lançado o Plano SALTE, que previa investi-
mentos nas áreas de Saúde, Alimentação, Transportes e 
GOVERNO EURICO GASPAR DUTRA (1946-1951)
 115
Energia. “Em linhas gerais, o Plano SALTE visava estimular 
e suprir a iniciativa privada através da ação do Estado na 
economia. O Estado, sem substituir as empresas particu-
lares, deveria investir para sanar as deficiências daqueles 
setores identificados como ’pontos de estrangulamento do 
desenvolvimento nacional’”. 
(caceres, fLorivaL. história do brasiL. 
são pauLo: moderna, 1993, p. 303).
A sucessão presidencial ocorreria no final de 1950 e Getú-
lio Vargas decidiu disputar a presidência pelo PTB, apoiado 
por Adhemar de Barros e seu PSP, que indicaram o candi-
dato a vice-presidente, Café Filho. O acordo previa ainda 
que Vargas apoiaria Adhemar nas próximas eleições pre-
sidenciais. O PSD lançou o candidato Cristiano Machado, 
mas grande parte dos filiados do partido deu apoio a Var-
gas, especialmente nos estados. A UDN lançou novamente 
o brigadeiro Eduardo Gomes. 
Getúlio Vargas venceu a eleição com 49% dos votos váli-
dos e pôde voltar ao Palácio do Catete, sede da presidên-
cia, “nos braços do povo”.
A candidatura de Vargas à presidência da República pro-
vocou a oposição sistemática e ruidosa da UDN, deter-
minada a evitar sua volta ao Catete a todo custo, como 
podemos constatar na afirmação de Carlos Lacerda: “O 
senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato 
à presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito não 
deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolu-
ção para impedi-lo de governar”. A afirmação de Lacerda é 
uma síntese da atitude dos udenistas durante a campanha 
presidencial e o governo Vargas até o seu trágico fim.
A polarização do sistema político deu-se em torno de Na-
cionalistas e Entreguistas. 
O grupo dos nacionalistas era composto por intelectuais, 
militares, burguesia nacional, estudantes e membros das ca-
madas urbanas, que defendiam mais autonomia do Brasil 
em relação ao capital estrangeiro, bem como a exploração 
das riquezas nacionais por empresas brasileiras e a industria-
lização baseada em capitais nacionais. 
Já os setores liberais eram compostos por políticos conser-
vadores, elites agrárias e membros da burguesia, militares 
e parte da classe média na sua maioria congregados na 
UDN. Eram chamados de “entreguistas”, por defende-
rem o desenvolvimento econômico nacional baseado na 
abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro, 
particularmente norte-americano, através da montagem 
de empresas multinacionais no Brasil, para utilizarem sua 
tecnologia na exploração das riquezas nacionais.
Em seu mandato democrático, Vargas criou o BNDE (Ban-
co Nacional de Desenvolvimento Econômico) para inves-
timentos de longo prazo. Em 1952 foi aprovada a Lei de 
Remessa de Lucros ao Exterior, que obrigava as empresas 
estrangeiras a reinvestir no Brasil pelo menos 10% dos 
lucros obtidos em território nacional. Apesar das dificul-
dades, Vargas ainda fundou a Eletrobrás e iniciou a cons-
trução da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso. Todavia, a 
maior obra do segundo governo de Vargas foi a criação 
da Petrobras, em 1953.
Para proteger as riquezas petrolíferas nacionais de inte-
resses estrangeiros, em 1953, um projeto de lei foi apro-
vado, garantindo com que a recém criada Petrobras, em-
presa de capital misto controlada pelo governo brasileiro, 
teria o monopólio de pesquisa, exploração e refino do pe-
tróleo brasileiro, frustrando os interesses internacionais. 
O monopólio não se estendia à distribuição de derivados 
do petróleo no Brasil, que poderia ser feita por grupos 
privados e estrangeiros.
Em termos trabalhistas, Vargas, mesmo sob imensa 
pressão, aprovou, em 1º de maio de 1954, um reajuste 
de 100% no salário mínimo, o que lhe rendeu profun-
das críticas das elites econômicas e de sua porta-voz a 
imprensa.
vargas com a mão suJa de petróLeo
O principal veículo de crítica a Getúlio era o jornal Tribuna 
da Imprensa, do jornalista Carlos Lacerda,correligionário da 
SEGUNDO GOVERNO VARGAS (1951-1954)
 116
UDN, que diariamente lançava ataques e graves acusações 
ao presidente. 
No dia 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda sofreu um 
atentado próximo à sua residência, na rua Tonelero, 
no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. O jornalista 
foi atingido no pé e o major da Aeronáutica, Rubens 
Florentino Vaz, que o acompanhava, foi morto com um 
tiro no peito.
carLos Lacerda Logo após sofrer um atentado
No mesmo dia, Lacerda acusou o presidente pelo atentado. 
Vargas declarou-se inocente, mas as investigações aponta-
ram como mandante do atentado o chefe da guarda pes-
soal do presidente, Gregório Fortunato, o “Anjo Negro”, 
que foi acusado pelo pistoleiro que efetuou os disparos, 
Alcino do Nascimento. Mesmo declarando-se inocente e 
como a grande vítima do atentado, Vargas perdeu o apoio 
da Aeronáutica, influenciada pelo Brigadeiro Eduardo Go-
mes. Oficiais do Exército e da Marinha solidarizaram-se 
com a Aeronáutica e parte das Forças Armadas passou a 
exigir a renúncia do presidente.
Os militares enviaram ultimatum a Vargas exigindo sua 
renúncia, o que deixava claro que um golpe de Estado 
estava sendo preparado. Na noite do dia 23 de agosto 
realizou-se uma reunião ministerial no Palácio do Cate-
te. Nela, foi cogitada uma licença do presidente, mas as 
negociações não avançaram. Já de madrugada, Getúlio 
retirou-se para seus aposentos. 
Na manhã do dia 24 de agosto de 1954, o presidente Ge-
túlio Vargas foi encontrado morto sobre sua cama, com um 
tiro no coração. Na cabeceira da cama havia uma carta-tes-
tamento, cuja divulgação comoveu a população.
“Não querem que o povo seja independente. Assumi o 
Governo dentro da espiral inflacionária que destruía os 
valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras 
alcançaram até 500% ao ano. Nas declarações de valo-
res do que importávamos existiam fraudes constatadas 
de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise 
do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tenta-
mos defender seu preço e a resposta foi uma violenta 
pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos 
obrigados a ceder. 
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resis-
tindo a uma pressão constante, incessante, tudo su-
portando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a 
mim mesmo, para defender o povo, que agora se queda 
desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu 
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de al-
guém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu 
ofereço em holocausto a minha vida. 
Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando 
vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso 
lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em 
vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. 
Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a 
força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e 
meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de 
meu sangue será uma chamada imortal na vossa cons-
ciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. 
Ao ódio respondo com o perdão. 
E aos que pensam que me derrotam respondo com a 
minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto 
para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escra-
vo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício 
ficará para sempre em sua alma e meu sangue será 
o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do 
Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho luta-
do de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não 
abateram meu ânimo. Eu vos dei minha vida. Agora vos 
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou 
o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da 
vida para entrar na História”
(carta-testamento DeixaDa pelo presiDente 
Getúlio varGas. 24 ago. 1954). 
vargas em seu caixão
 117
Em virtude do suicídio do presidente Getúlio Vargas (1954), 
a Presidência da República foi assumida pelo vice-presi-
dente João Café Filho, que pertencia ao PSP (Partido Social 
Progressista) e havia sido indicado à chapa por Adhemar 
de Barros. 
No exercício da presidência, Café Filho aproximou-se de 
políticos conservadores, especialmente da UDN (União 
Democrática Nacional) e de militares contrários a Getúlio, 
nomeando-os para as principais pastas ministeriais. 
No ano de 1955 tiveram início as movimentações de can-
didatos a presidente e vice, sendo lançados, respectiva-
mente, Juscelino Kubitschek (JK) e João Goulart (Jango). 
Aliada a partidos de menor expressão, a UDN lançou a 
candidatura de Juarez Távora, um dos militares que ha-
viam conspirado contra Vargas. Plínio Salgado candida-
tou-se pelo PRP (Partido da Representação Popular) e 
Adhemar de Barros pelo PSP.
Na área econômica, uma importante medida foi a Instru-
ção 113 (17 jan. 1955) da Superintendência da Moeda e 
do Crédito (Sumoc), pela qual empresas estrangeiras po-
diam importar máquinas e equipamentos do exterior sem 
cobertura cambial, contanto que se associassem a empre-
sas nacionais. Para os empresários nacionais independen-
tes persistiam as restrições cambiais nas importações, de 
modo a forçá-los a uma associação com os capitais estran-
geiros. Iniciava-se um rápido processo de desnacionaliza-
ção econômica que tenderia a se intensificar.
O presidente Café Filho afastou-se do cargo em novembro 
de 1955, alegando problemas de saúde e foi substituído 
pelo presidente do Congresso Nacional, Carlos Luz, que era 
filiado ao PSD, mas mantinha estreitas relações com a UDN.
carLos Lacerda, da udn
Realizadas as eleições, Juscelino Kubitschek obteve 36% 
dos votos e Juarez Távora, 30%, enquanto João Goulart foi 
eleito vice-presidente. Inconformados com a vitória de JK e 
Jango, Carlos Lacerda e políticos da UDN tentaram tumul-
tuar ainda mais o ambiente político nacional, inicialmente 
justificando que os vitoriosos não poderiam assumir por 
não terem obtido mais da metade dos votos, mesmo que 
isso não estivesse presente na Constituição de 1946. 
O presidente Carlos Luz também não era favorável à pos-
se de JK e Jango, demonstrando simpatia pelo golpe que 
se processava junto a políticos da UDN para impedir suas 
posses. Para favorecer o golpe que estava sendo prepara-
do, Luz precisava afastar do cargo de ministro da Guerra, 
general Henrique Teixeira Lott, que era legalista e a favor 
do respeito à Constituição e ao resultado das eleições, à 
posse de JK e Jango, portanto.
Incentivado por outros militares legalistas, Lott resistiu e de-
pôs o presidente Carlos Luz, cercando o Rio de Janeiro com 
aproximadamente 2,5 mil homens. Com isso, a posse de Jus-
celino e Goulart foi garantida no dia 31 de janeiro de 1956.
Logo que assumiu a presidência da República, o mineiro 
Juscelino Kubitschek começou a pôr em prática seu plano 
de governo, chamado Plano de Metas. Utilizando o slo-
gan “50 anos em 5”, o presidente pretendia estimular o 
desenvolvimento nacional através de uma aliança entre o 
Estado e a iniciativa privada, promovendo grande abertura 
ao capital estrangeiro e estimulando a industrialização e o 
crescimento econômico nacional.
O termo “Plano de Metas” foi usado como referência ao 
Plano Nacional de Desenvolvimento, composto por 31 
metas, das quais a última sintetizava as demais: construir 
GOVERNO CAFÉ FILHO (1954-1955)
GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961)
 118
a nova capital na região do Planalto Central, que deveria 
ser inaugurada no dia 21 de abril de 1960. O plano con-
templava ainda os setores de transporte, energia, saúde, 
educação, indústria e agricultura. 
Quanto à industrialização, houve grande desenvolvimento, 
destacando-se o setor de bens de consumo duráveis, que 
recebeu volumosos investimentos externos atraídos por 
facilidades concedidas pelo governo ao capital estrangei-
ro. As diretrizes para uma efetiva implantação da indústria 
automobilística partiram do Grupo Executivo da Indústria 
Automobilística (Geia), criado pelo decreto 39.412 e assi-
nado por Juscelino em 16 de junho de 1956.
Conforme o previsto, a capitalfoi transferida para Bra-
sília inaugurada em 21 de abril de 1960 –, bem como 
ministérios, tribunais, órgãos administradores e repartições 
públicas. Ainda em 1960, Juscelino indicou Darcy Ribeiro 
para planejar a Universidade de Brasília, com auxílio de 
Niemeyer, Ciro dos Anjos e Anísio Teixeira. A construção de 
Brasília criou na região Centro-Oeste um polo de desenvol-
vimento demográfico e econômico. Porém, a transferência 
da capital federal para o Planalto Central brasileiro gerou 
certo distanciamento entre o centro das decisões do gover-
no e eventuais pressões políticas e sociais regionais. Além 
disso, considera-se que esse isolamento proporcionou às 
autoridades mais segurança institucional.
JusceLino KubitscheK e o paLácio do pLanaLto
A necessidade de grandes volumes de capital para a execu-
ção do Plano de Metas forçava o governo a recorrer intensa-
mente a empréstimos externos. JK tentou obter um emprésti-
mo de 300 milhões de dólares junto ao Fundo Monetário 
Internacional, que impôs condições severas ao Brasil para 
liberar os recursos, como corte de gastos públicos, contenção 
de salários e redução de subsídios agrícolas. O governo bra-
sileiro não aceitou as condições impostas, mas também não 
conseguiu o empréstimo, o que o levou ao rompimento de 
relações do Brasil com o FMI.
Os resultados do Plano de Metas foram impressionantes, 
sobretudo no setor industrial. Entre 1955 e 1961, o valor 
da produção industrial cresceu em 80%, com altas porcen-
tagens nas indústrias do aço (100%), mecânicas (125%), 
de eletricidade, de comunicações (380%) e de material de 
transporte (600%). 
De 1957 a 1961, o PIB, Produto Interno Bruto, cresceu a 
uma taxa anual de 7%, correspondendo a uma taxa per 
capita de quase 4%. Se considerarmos toda a década 
de 1950, o crescimento do PIB brasileiro per capita foi 
aproximadamente três vezes maior que o do resto da 
América Latina.
No entanto, os gastos governamentais para sustentar o 
programa de industrialização, a construção de Brasília e 
um forte saldo negativo na balança comercial resultaram 
em crescentes deficit do orçamento federal. O governo 
gastava mais do que arrecadava. Esse déficit passou de 
menos de 1% do PIB em 1954 e 1955 para 2% em 1956 
e 4% em 1957. 
Esse quadro foi acompanhado do avanço da inflação. Em 
1956, a inflação estava em 19%; ao final do governo JK, 
a inflação atingiu 30% ao ano. Houve também aumento 
espetacular da dependência em relação ao capital exter-
no. Em setores como a indústria automobilística, cigarros, 
eletricidade, material elétrico, produtos químicos e farma-
cêuticos, o domínio do capital estrangeiro passou a ser 
de 80% a 90%.
Some-se a todos esses problemas um aumento significa-
tivo da dívida externa. Quando da posse de JK, a dívida 
externa brasileira era de 1,5 bilhão de dólares; no final de 
seu governo, saltara para 3,8 bilhões de dólares.
Quando da sucessão de Juscelino, nas eleições de 1960, 
PSP, Partido Social Progressista, indicou Adhemar de Bar-
ros e o minúsculo PTN, Partido Trabalhista Nacional, com 
o apoio da UDN, União Democrático Nacional, lançou a 
candidatura de Jânio Quadros, ex-vereador, ex-deputado, 
ex-prefeito e ex-governador sempre por São Paulo. 
Dotado de uma oratória envolvente e utilizando discur-
sos fortes e uma imagem que o aproximava das cama-
das populares, Jânio Quadros venceu as eleições com 
a maior votação já obtida até então por um candidato à 
presidência.
 119
Carismático, excêntrico, conservador, grande orador e aci-
ma de tudo populista, Jânio Quadros baseava suas cam-
panhas na sua imagem e na sua personalidade, não se 
ligando a partidos ou a correntes políticas. Isso fica claro 
nas constantes trocas de partido que fazia a cada eleição 
e na vitória na campanha presidencial pela coligação de 
pequenos partidos, apesar do apoio da UDN, União Demo-
crática Nacional, encabeçada pelo PTN, Partido Trabalhista 
Nacional, partido de pouca expressão política.
Jânio Quadros e a “vassourinha”
Desde o início de seu curto governo, Jânio Quadros definiu 
que a política externa brasileira seria independente, não 
alinhada automaticamente pelos interesses estrangeiros, 
especialmente os norte-americanos. O ponto crítico de 
sua política ocorreu quando recusou-se a apoiar a inva-
são norte-americana à Baía dos Porcos, em represália à 
Revolução Cubana, e condecorou o ex-guerrilheiro e um 
dos líderes da Revolução ao lado de Fidel Castro, Ernesto 
“Che” Guevara. Tais medidas não satisfizeram os setores 
conservadores ligados ao capital estrangeiro, perdendo sua 
base parlamentar com o afastamento da UDN do governo.
Para enfrentar a crise econômica, a moeda foi desvalori-
zada, foram cortados gastos públicos e reduzidos os sub-
sídios para a importação de trigo e petróleo, medidas que 
geraram oposição ao presidente da República, pois provo-
caram recessão e inflação. Tentando desviar a atenção da 
imprensa e da população dos reais problemas brasileiros e 
das medidas impopulares do governo, Jânio Quadros ado-
tou medidas polêmicas que o mantinham constantemente 
na mídia, como proibições do uso de biquínis em desfiles, 
brigas de galo, corridas de cavalo em dias úteis e de lança-
-perfumes em bailes de carnaval.
Mais uma vez, o ambiente político nacional foi agitado por 
Carlos Lacerda da UDN. Revoltado com as condecorações 
de Che Guevara, o então governador do estado da Gua-
nabara denunciou em 24 de agosto de 1961, aniversário 
de morte de Getúlio Vargas, que Jânio Quadros preparava 
um golpe de Estado. Contrariado, o presidente reuniu seus 
ministros militares e exigiu que fosse mantida a ordem no 
país. No dia seguinte, 25 de agosto, Jânio Quadros parti-
cipou pela manhã, em Brasília, de uma solenidade em ho-
menagem ao dia do soldado. No início da tarde enviou um 
bilhete ao Congresso Nacional comunicando sua renúncia 
à presidência da República.
A situação era tensa e o vice-presidente João Goulart es-
tava fora do país em visita oficial à China. Com medo da 
ascensão política do trabalhista Jango, o Congresso e os 
militares aceitaram prontamente a renúncia do presiden-
te e a presidência da República foi ocupada por Ranieri 
Mazzilli, presidente do Congresso Nacional. O Brasil viveria 
uma crise política sem precedentes.
João gouLart e mao tsé-tung
A renúncia de Jânio Quadros mergulhou o país em uma 
séria crise política, pois militares e setores conservadores 
opunham-se à posse do vice-presidente João Goulart, con-
siderado herdeiro político de Getúlio Vargas e comunista. 
Logo que soube da renúncia, Jango voltou ao Brasil, mas 
foi impedido de entrar no país pelos ministros militares bri-
gadeiro Gabriel Grün Moss (Aeronáutica), almirantes Síl-
vio Heck (Marinha) e general Odílio Denys (Exército). Eles 
GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961)
GOVERNO JOÃO GOULART (1961-1964)
 120
contavam com o apoio da UDN e de Carlos Lacerda, que 
defendiam o impedimento de Jango, uma reforma consti-
tucional e a realização de novas eleições presidenciais. 
João Goulart seguiu para o Uruguai e entrou no Brasil pelo 
Rio Grande do Sul, de onde o governador Leonel Brizola 
organizava um movimento em prol do respeito à Consti-
tuição e da posse de Jango. O movimento foi batizado de 
“Campanha da Legalidade”.
gouLart e brizoLa
O governador Leonel Brizola ameaçava distribuir armas 
à população e o país estava à beira de uma guerra civil, 
quando foi selado um acordo para resolver o impasse: o 
Congresso Nacional aprovou uma emenda à Constituição 
de 1946, que estava em vigor, instituindo o parlamenta-
rismo no Brasil durante um período, quando, através de 
um plebiscito a ser realizado em 1965, coincidiria com o 
término do mandato de Jango. A população decidiria se 
mantinha o sistema ou se o Brasil deveria retornar ao pre-
sidencialismo.
Ciente das dificuldades do país e da oposição dos meios 
elitistas, conservadores e militares, João Goulart iniciou a 
primeira fase de seu governo procurando alternativas para 
restaurar o presidencialismo, o que lhe garantiriapoderes 
para tentar realizar as reformas necessárias ao Brasil. Para 
tanto deveria conquistar o apoio ou quebrar a resistência 
dos militares e acalmar a oposição conservadora sem per-
der o apoio popular e de setores progressistas de esquerda. 
Nessa fase, o país era governado de fato por um primei-
ro-ministro, cargo ocupado respectivamente por Tancredo 
Neves (PSD), Brochado da Rocha (PSD) e Hermes Lima 
(PSB). Durante esses governos, não houve melhoria na 
situação do país, o que fazia aumentar a crença de que 
somente Jango poderia resolver os problemas nacionais.
O resultado do plebiscito provocou a restauração do presi-
dencialismo no Brasil. No dia 24 de janeiro de 1963 foi em-
possado o novo ministério montado pelo presidente João 
Goulart, com destaque para Almino Afonso (Trabalho), 
Celso Furtado (Planejamento e Coordenação Econômica) 
e San Tiago Dantas (Fazenda). 
Diante da crise, o governo elaborou um plano para ser 
aplicado entre os anos de 1963 e 1965, chamado Plano 
Trienal, que contemplava prioridades como combate à 
inflação, retomada do crescimento econômico e renego-
ciação da dívida externa, bem como Reformas de Base, 
consideradas fundamentais para solucionar os problemas 
sociais do país. 
As Reformas de Base compreendiam reformas político-
-eleitorais – direito de voto aos analfabetos – e partidárias; 
tributária – limitação da remessa de lucros ao exterior e 
regulamentação de impostos de acordo com a renda; uni-
versitária – de acordo com exigências estudantis; constitu-
cional e agrária – baseadas na desapropriação de terras às 
margens de rodovias e ferrovias federais.
O presidente recebia apoio de segmentos nacionalistas 
e progressistas, como sindicatos, trabalhadores em geral, 
Comando Geral dos Trabalhadores, CGT; União Nacional 
dos Estudantes, UNE; Ligas Camponesas, Ação Popular – 
católicos de esquerda –, Pacto de Unidade, Frente de Mo-
bilização Popular, FMP, liderada por Leonel Brizola, políticos 
do PTB e PSB; comunistas e intelectuais ligados ao Instituto 
Superior de Estudos Brasileiros, ISEB; e segmentos popu-
lares.
A oposição a Jango e às Reformas de Base congregava po-
líticos conservadores, especialmente da UDN, empresários, 
militares, imprensa – com destaque para Carlos Lacerda e o 
jornal O Globo –, parte da Igreja Católica, Instituto de Pes-
quisas e Estudos Sociais, Ipes – composto por empresários –, 
Campanha da Mulher pela Democracia, Cade – financiada 
pelos Ipes –, Movimento Anticomunista, MAC, Frente da Ju-
ventude Democrática – formada por estudantes de classe 
média e alta –, e setores de classe média assustados com a 
amplitude das Reformas de Base, que poderiam, segundo a 
imprensa conservadora, atingir seus bens.
Diante da crise, João Goulart tentou implantar o Estado 
de Sítio, mas o Congresso não aprovou tal medida. Jango 
decidiu então aproximar-se das massas e implantar as Re-
formas de Base. No dia 13 de março de 1964 aconteceu 
um comício no Rio de Janeiro, em frente à estação Central 
do Brasil, organizado por sindicatos e entidades estudan-
tis, com o objetivo de pressionar o Congresso Nacional a 
aprovar as Reformas de Base. O comício reuniu cerca de 
200 mil pessoas e contou com a participação do presidente 
João Goulart, que assinou dois importantes decretos: a de-
sapropriação e a nacionalização das refinarias de petróleo 
particulares e estrangeiras; a criação da Superintendência 
da Reforma Agrária, Supra, que desapropriaria latifúndios 
situados às margens de ferrovias e rodovias federais.
As medidas provocaram reações nos meios oposicionistas, 
assustados com a amplitude das reformas. As críticas avolu-
mavam-se na imprensa e, em São Paulo, foi organizado um 
 121
protesto por entidades femininas ligadas à Igreja Católica, 
que ocupou as ruas do centro da cidade, no dia 19 de março: 
a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
marcha da famíLia com deus peLa Liberdade
No Rio de Janeiro ocorreu um motim de marinheiros lide-
rados pelo Cabo José Anselmo dos Santos, presidente da 
Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais, exigindo 
a demissão do ministro da Marinha, Silvio Mota. Fuzileiros 
navais designados para reprimir os amotinados aderiram 
ao movimento e o Ministro da Marinha demitiu-se do car-
go. Tentando contornar a situação, o presidente interveio 
anunciando que os revoltosos não seriam punidos, o que 
foi visto pelos oficiais como quebra de hierarquia, pois o 
presidente posicionava-se ao lado de marinheiros que ha-
viam desrespeitado o comando.
No dia 31 de março de 1964, os generais Olympio Mourão 
Filho e Carlos Guedes iniciaram o movimento militar em 
Minas Gerais, sob a chefia do general Castelo Branco, che-
fe do Estado-Maior das Forças Armadas, com o apoio dos 
governadores Adhemar de Barros, Carlos Lacerda e Maga-
lhães Pinto, respectivamente de São Paulo, Guanabara e 
Minas Gerais. 
Já no dia 1º de abril de 1964, o cargo de Presidente da 
República foi declarado vago e ocupado por Ranieri Maz-
zilli, presidente da Câmara dos Deputados. Consumava-se 
o Golpe Civil-Militar de 1964.
Após a deposição do presidente João Goulart, a presidên-
cia da República foi assumida por Ranieri Mazzili, presiden-
te da Câmara dos Deputados. Imediatamente foi formado 
o Comando Supremo da “revolução”, como se denomi-
nava o Golpe de Estado, formado pelos ministros militares 
almirante Augusto Rademaker, da Marinha; general Arthur 
da Costa e Silva, da Guerra; e brigadeiro Corrêa de Melo, 
da Aeronáutica. 
O comando foi responsável pela publicação do Ato Insti-
tucional nº 1 (Al-1, de 9 de abril de 1964), que suspen-
deu as garantias constitucionais por sessenta dias, durante 
os quais poderiam ser cassados mandatos e suspensos os 
direitos políticos de qualquer cidadão. Além disso, o pre-
sidente, que seria eleito indiretamente, poderia propor 
emendas à Constituição e decretar Estado de Sítio. O AI-1 
atingiu, ainda, segundo Meira, “cerca de 122 oficiais que 
passaram para a reserva e mais de 1.000 pessoas que fo-
ram afastadas de seus cargos; 50 parlamentares tiveram 
seu mandato cassado; e 49 juízes foram atingidos pela 
medida de exceção” 
(meira, antônio carLos. brasil: recuperanDo a nossa história. 
são pauLo: ftd, 1998, p.241). 
No dia 15 de março de 1964, a junta militar indicou o 
marechal Humberto de Alencar Castello Branco 
para ocupar o cargo de presidente da República, devendo 
concluir o mandato do presidente deposto, João Goulart, 
que se estenderia até janeiro de 1966. 
tanQues nas ruas do rio de Janeiro durante o goLpe de 1964
Controlando o Congresso Nacional, composto basicamen-
te por parlamentares que apoiavam o Regime Militar, já 
que seus principais opositores tiveram os mandatos cas-
sados e os direitos políticos suspensos em virtude do AI-
1, Castello Branco conseguiu a aprovação de importantes 
medidas para o Regime. Entre elas destaquem-se a aprova-
ção da Lei de Greve, que tornava ilegais as greves, e da Lei 
Suplicy, proposta pelo Ministro da Educação Flávio Suplicy 
de Lacerda, que extinguia a UNE e todas as entidades estu-
dantis, bem como determinava o fechamento dos centros 
acadêmicos das universidades.
DITADURA MILITAR: GOVERNO CASTELLO BRANCO
 122
Também foi criado o Serviço Nacional de Informação, 
SNI, principal órgão de informação do governo, que teve 
importante atuação na repressão aos opositores do Regi-
me. Idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva, o 
SNI coletava, processava e fornecia informações úteis ao 
combate à subversão interna, transformando-se em um 
dos principais órgãos do Regime Militar no Brasil.
A primeira grande preocupação do novo governo foi ado-
tar uma rígida intervenção na economia, com o objetivo 
de controlar a inflação. Foi criado o Plano de Ação Eco-
nômica do Governo, Paeg, que estabeleceu o corte nos 
gastos públicos (menos verbas para saúde, educação, salá-
rios de funcionários) e o aumento de impostos. No mesmo 
período foi criado o Banco Central (Lei 4.595, de 31 de 
dezembro de 1964), tendo como principalfunção controlar 
a emissão monetária e o sistema bancário e foi introduzida 
uma nova moeda, o Cruzeiro Novo (NCr$). 
Castelo Branco limitou os reajustes salariais e facilitou as 
demissões e a rotatividade de mão de obra, ao substituir as 
garantias de estabilidade no emprego pelo FGTS, Fundo 
de Garantia por Tempo de Serviço. Foi criado o Ban-
co Nacional da Habitação, BNH, que deveria utilizar o 
dinheiro dos depósitos do FGTS para financiar a construção 
de casas populares.
Em 1965, houve eleições para governadores de onze esta-
dos. Contudo, a importante vitória eleitoral de políticos do 
PSD e PTB contrariou a cúpula militar e demonstrou que o 
populismo ainda tinha força no país. A reação estimulada 
especialmente pela “linha dura” foi a promulgação do Ato 
Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, afirmando 
em seu preâmbulo que “não se disse que a Revolução foi, 
mas que é e continuará”.
O AI-2 determinava que o presidente pudesse intervir nos 
estados e municípios “para prevenir ou reprimir a subver-
são”; permitia ainda a decretação de recesso no Legislati-
vo, podendo o presidente legislar através de decretos-lei; 
foram estabelecidas eleições indiretas para presiden-
te da República e vice; e o presidente poderia determi-
nar a suspensão de direitos políticos por dez anos. O Al-2 
determinava ainda a extinção de todos os partidos 
políticos no Brasil. No entanto, um decreto complemen-
tar estabeleceu o bipartidarismo e os políticos foram 
obrigados a se vincular a duas novas legendas criadas: a 
Aliança Renovadora Nacional, Arena, e o Movimen-
to Democrático Brasileiro, MDB.
Em outubro de 1966, o candidato imposto pela “linha 
dura”, Arthur da Costa e Silva, foi eleito presidente, tendo 
como vice o civil Pedro Aleixo, ex-ministro da Educação do 
governo Castello Branco. Antes de concluir seu mandato, 
Castello Branco publicou os atos institucionais 3, de 5 
fevereiro de 1966, e o 4, de 7 de dezembro de 1966. O 
primeiro determinou a realização de eleições indiretas 
para a escolha de governantes estaduais, prefeitos 
das capitais e de áreas consideradas de Segurança 
Nacional.
O AI-4 estabelecia um conjunto de normas a serem segui-
das pelo Congresso, para a elaboração de uma nova 
Constituição, que seria o último ato de Castello Bran-
co na Presidência, a Constituição de 1967. Foi incluída na 
Carta Magna a Lei de Segurança Nacional, que proibia 
manifestações ofensivas ao governo na mídia e oficializava 
censura prévia à imprensa.
A posse de Costa e Silva representou a ascensão da 
chamada “linha dura” ao comando político do país. O 
novo governo não manteve membros do governo an-
terior nos cargos comissionados e nos ministérios, que 
passaram a ser ocupados por oficiais e políticos ligados 
à “linha dura”, com destaque para o civil Delfim Netto, 
responsável pelo comando da economia nacional. Logo 
no início do mandato, o novo governo elaborou o Pro-
grama Estratégico de Desenvolvimento, PED, que tinha 
como metas prioritárias combater a inflação e estimular 
o crescimento econômico. O governo passou a controlar 
preços e salários e incentivou os investimentos estran-
geiros no Brasil.
poLícia perseguindo manifestante em 1968
Políticos descontentes com a marginalização a que estavam 
submetidos, especialmente Carlos Lacerda, que sonhava ser 
DITADURA MILITAR: GOVERNO COSTA E SILVA
 123
presidente, organizaram uma Frente Ampla de oposição ao 
Regime Militar. O principal objetivo dessa Frente era restau-
rar a democracia e as eleições diretas para Presidente da 
República e elaborar uma nova Constituição. A Frente Ampla 
contou com o apoio dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek 
e João Goulart, o que demonstrava seu caráter eclético ao 
reunir antigos adversários. 
O ano de 1968 foi marcado por grandes manifestações 
estudantis de protesto contra a política educacional que o 
governo desejava implantar através do acordo Mec-Usaid 
e contra o próprio governo. 
Em março desse ano, o estudante secundarista Edson Luis 
de Lima Souto foi morto a tiros em um confronto entre ma-
nifestantes e policiais militares. Revoltados, os estudantes 
realizaram o velório de Edson no prédio da Assembleia Le-
gislativa do Estado, onde vários discursos foram proferidos 
contra a Ditadura. O enterro foi acompanhado por cerca de 
50 mil pessoas, assim como a missa de sétimo dia, na igre-
ja da Candelária, que reuniu milhares de pessoas, apesar 
da rígida vigilância policial. 
O resultado foi a realização de uma grande passeata con-
tra o Regime Militar, organizada por estudantes, intelec-
tuais, artistas e membros da Igreja católica, realizada no 
dia 26 de junho de 1968. Conhecida como a Passeata 
dos Cem Mil, a manifestação foi um marco e serviu de 
estímulo à manifestação em todo o país.
Diante das pressões, o governo editou o Ato Institucional 
Nº5, que suspendeu direitos e garantias constitucionais dos 
cidadãos e o habeas corpus; ampliou os poderes do presi-
dente – demitir, remover ou pôr em disponibilidade funcio-
nários públicos federais, estaduais e municipais, fechar casas 
legislativas, decretar estado de sítio e confiscar bens como 
forma de punição por corrupção e cassar mandatos eletivos 
federais, estaduais e municipais; demitir ou reformar oficiais 
e membros das Forças Armadas e das polícias militares.
protesto contra a ditadura
Em 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um derrame e 
foi afastado do cargo, que deveria ser assumido pelo vice, 
o civil Pedro Aleixo, que se opusera ao AI-5. Os militares 
não admitiram a posse do vice e o governo foi assumido 
por uma Junta Militar composta dos ministros do Exército, 
Marinha e Aeronáutica, respectivamente, general Aurélio 
Lyra Tavares, almirante Augusto Rademaker e brigadeiro 
Márcio de Sousa Melo. Em outubro, o Congresso Nacional 
foi reaberto para escolher o novo presidente. O Comando 
Supremo da Revolução indicou como candidato o general 
Emílio Garrastazu Médici, que foi confirmado para o cargo.
O presidente general Emílio Garrastazu Médici era um fiel re-
presentante da “linha dura”. No seu governo empenhou-se 
em combater toda e qualquer oposição ao Regime Militar. 
Aquele período – conhecido como os “anos de chumbo” 
– foi o mais cruel e de mais repressão do Estado sobre a so-
ciedade civil e os meios de comunicação. Em nome da segu-
rança nacional, o governo promoveu perseguições, torturas 
e assassinatos contra seus opositores e contra os meios de 
comunicação, que foram bastante censurados. 
A base política e econômica do governo Costa e Silva foi 
mantida por Médici, bem como o ministro da Fazenda, An-
tonio Delfim Netto, o que lhe permitiu colher os frutos da 
política econômica implantada no governo anterior pelo 
Programa Estratégico de Desenvolvimento, PED. Com o 
intuito de elevar o Brasil às grandes potências econômicas 
mundiais, foi criado o Plano Nacional de Desenvolvi-
mento, PND, cujas principais metas eram manter os bai-
xos índices inflacionários e promover o desenvolvimento 
da economia nacional. Houve grande estímulo às expor-
tações, principal fonte de recursos da economia brasileira, 
bem como à importação de máquinas e equipamentos 
industriais, fundamentais para o desenvolvimento do país.
Durante o período do chamado “milagre econômico” 
(1969-1973), o PIB cresceu na média anual 11,2% e alcan-
çou o pico em 1973, com uma variação de 13%. A inflação 
média anual não passou de 18%. Médici realizou grandes 
investimentos no setor de infraestrutura e na construção de 
grandes e portentosas obras, chamadas “faraônicas”, em 
DITADURA MILITAR: GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
 124
virtude do tamanho, como a Ponte Rio-Niterói e a rodovia 
Transamazônica, símbolos de um “Brasil grande”.
Apesar desses indicadores positivos, no entanto, o “mila-
gre brasileiro” também apresentou pontos negativos. Um 
dos seus pontos vulneráveis estava em sua excessiva depen-
dência do sistema financeiro e do comércio internacional, 
responsáveis pela facilidade dos empréstimos externos, pela 
inversão

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