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Aula_11_Química_Ambiental

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DISCIPLINA
QUÍMICA AMBIENTAL
AULA 11
SOLO E O MEIO AMBIENTE
AUTOR
MILTON BEZERRA DO VALE
TECNÓLOGO 
EM GESTÃO 
AMBIENTAL
DISCIPLINA
QUÍMICA AMBIENTAL
AULA 11
SOLO E O MEIO AMBIENTE
AUTOR
MILTON BEZERRA DO VALE
TECNÓLOGO 
EM GESTÃO 
AMBIENTAL
GOVERNO DO BRASIL
Presidente da República
DILMA VANA ROUSSEFF
Ministro da Educação
ALOIZIO MERCADANTE
Diretor de Ensino a Distância da CAPES
JOÃO CARLOS TEATINI
Reitor do IFRN
BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA
Diretor do Câmpus EaD/IFRN
ERIVALDO CABRAL
Diretora Acadêmica do Câmpus EaD/IFRN
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE
Coordenadora Geral da UAB /IFRN
ILANE FERREIRA CAVALCANTE
Coordenador Adjunto da UAB/IFRN
JÁSSIO PEREIRA 
Coordenadora do Curso 
de Tecnologia em Gestão Ambiental
MARIA DO SOCORRO DIÓGENES PAIVA
TECNÓLOGO EM GESTÃO AMBIENTAL
Química Ambiental
AULA 11 - Solo e o Meio Ambiente
Professor Pesquisador/Conteudista
MILTON BEZERRA DO VALE
Direção da Produção de Material Didático
ROSEMARY PESSOA BORGES
Coordenação de Produção de Mídia Impressa e de 
Design Gráfico 
LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA
Projeto Gráfico
BRENO XAVIER
Diagramação
JOACI DE PAULA
 
Ilustrações
VICTOR HUGO
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
APRESENTANDO A AULA
Nessa aula, serão trabalhados conteúdos sobre solo 
,relacionado a sua degradação através do mau uso do solo, 
por exemplo, a monocultura, irrigação excessiva e adição 
de produtos químicos incorretos. Veremos degradação 
química, como acidificação do solo, a salinização do solo e 
o lançamento de poluentes no solo através de atividades 
antropogênicas. Conhecercermos a técnica da calagem e 
interpretaremos a sua importância na produtividade e na 
rentabilidade agropecuária.
DEFININDO OBJETIVOS
Após a realização dos estudos correspondentes a esta 
aula, você será capaz de:
• identificar as principais degradações do solo;
• compreender a salinização do solo;
• compreender a acidificação do solo;
• conhecer a prática da calagem;
• conceituar agrotóxicos e identificar os seus 
problemas ambientais;
• conceituar adubação química e identificar os seus 
problemas ambientais.
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QUÍMICA AMBIENTAL
DESENVOLVENDO O CONTEÚDO
1. Introdução
Como vimos anteriormente, o solo é formado a partir de rochas, com a 
participação de material orgânico em decomposição, que, com ajuda do clima e 
de microrganismos, se transforma num material que permite o desenvolvimento 
de vegetais. É composto de ar, água, matéria orgânica e mineral. Apresenta grande 
importância para o homem, pois dele retiramos a maior parte de nossa alimentação.
O aumento populacional mundial exige áreas cultiváveis cada vez maiores 
para a produção de alimentos e técnicas de cultivo que aumentem a produtividade 
do solo. Em decorrência desse crescimento, o homem provoca alterações nos solos 
visando a melhoria da textura, da taxa de matéria orgânica, da fertilidade e ausência 
de pragas.
A humanidade tem enfrentado, no decorrer dos tempos, problemas como 
a escassez de alimentos, problemas de espaço e de degradação dos recursos. Por 
outro lado, a implementação de manejo adequado dos recursos naturais, a utilização 
de técnicas adequadas no sistema de produção agrícola e animal e a crescente 
conscientização do homem quanto à importância de um ambiente saudável, levam a 
uma perspectiva de diminuição da degradação do ambiente.
A utilização da água e nutrientes do solo é cíclica em sistema em equilíbrio, 
devidos aos ciclos biogeoquímicos o solo é passível de ser degradado, principalmente 
em função da atividade antropogênica. Nessas condiçães, o desempenho de suas 
funções básicas fica severamente prejudicado, acarretando interferências negativas 
no equilíbrio ambiental e diminuindo drasticamente a qualidade de vida nos 
ecossistemas, através da poluição das águas superficiais (escoamento) e das águas 
subterrâneas (infiltração). Além disso, essa situação tende a reduzir a produtividade 
agrícola e leva à obtenção de produtos fora dos padrões de qualidade.
Quando o solo é utilizado inadequadamente, de forma irresponsável ou de 
maneira incorreta, ocorrem vários impactos ambientais que devem ser observados e 
mitigados para evitar problemas significativos e irreversíveis.
Distinguem-se diferentes formas de degradação que prejudicam a agricultura: 
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
as perdas de materiais, a degradação física e a degradação química. Por exemplo, 
podemos citar: erosão, desmatamento, queimadas, agrotóxicos, salinização do solo, 
declínio da matéria orgânica, compactação do solo, declínio da biodiversidade e 
poluição dos solos.
Os agrotóxicos são os maiores contaminantes do solo, apresentam dois pontos 
cruciais para o ambiente: eles são venenos e alguns muitos persistentes, podendo 
ser transportados para outros locais por água e ar, além disso, eles acumulam-se nas 
cadeias alimentares.
2.Tipos de degradação do solo 
2.1 Perda de materiais
As perdas de materiais são vinculadas à erosão hídrica e eólica, e à retirada da 
vegetação. Outra forma da perda de matéria orgânica está ligada diretamente ao 
modo de cultivo agrícola. Portanto, a utilização incorreta do solo pode gerar sérias 
conseqüências ao meio ambiente.
A seguir, vamos listar algumas práticas agrícolas e atividades de exploração 
comuns que levam à perda de materiais e têm provocado prejuízos ao solo.
a) Monoculturas:
A monocultura é o plantio de uma mesma espécie de planta durante muitos 
anos em um mesmo espaço físico; é uma prática danosa ao solo e o meio ambiente. 
O recomendável é a chamada rotação de culturas, pois utilizando-se plantas com 
necessidades minerais diferentes o solo não se esgotará tão facilmente. Por exemplo: 
numa área de cana-de-açúcar, na decorrência do seu corte, os animais têm dificuldade 
para se alimentarem, não encontram abrigos e dificilmente conseguem se reproduzir. 
Por outro lado, alguns insetos encontram na plantação alimento constante e poucos 
predadores e, desta maneira, se reproduzem intensamente tornando-se pragas.
Outro efeito é o esgotamento do solo: na maioria das colheitas, retira-se a 
planta toda, interrompendo, desta maneira, o processo natural de reciclagem dos 
nutrientes. O solo torna-se empobrecido e diminui a produtividade, tornando-se 
necessária então a aplicação de adubos.
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QUÍMICA AMBIENTAL
b) Desmatamentos:
Retirar a vegetação, além de alterar a paisagem contribui para o enfraquecimento 
do solo. O solo exposto fica sujeito à erosão e os animais ficam sem abrigos, e esta 
situação favorece o surgimento de pragas. Isto é valido também para as queimadas. 
Assim, a conseqüência danosa do desmatamento realizado sem controle ou 
planejamento é que a recuperação da área desmatada pode levar até mais de 50 
anos.
c) Queimadas:
Os agricultores fazem queimadas com a finalidade de limpar os terrenos para 
outro plantio. Esta é uma prática comum no nosso país. É também uma prática 
antiga e barata, pois não é necessário gastar dinheiro com máquinas, porém 
também é extremamente prejudicial ao solo, pois o fogo mata, além das plantas, os 
microrganismos, queima o húmus, diminui da capacidade de absorção e retenção 
de umidade. Os nutrientes viram cinza e são transportados facilmente para outros 
locais, empobrecendo, desta maneira, o solo.
d) Erosão:
A erosão é o processo de desagregação e remoção de partículas do solo ou 
fragmentos de rocha. Ela prejudica grandemente a fertilidade do solo pela retirada 
da camada de húmus, deixando-o pobre e improdutivo. É causada pela ação das 
águas da chuva, rios, mares, geleiras, pelo vento e pela ação do homem.
As plantas conferem proteção ao solo contra a erosão, reduzindo o impacto das 
chuvas, diminuindo a velocidade da água através da copa das árvores e das raízes. 
Mesmo as folhas caídas contribuem para diminuir a ação da água no solo agindo 
como cobertura.
e) Extrativismo mineral:
O extrativismo mineral também causa impacto, pois é necessário modificar o 
local para conseguir extrair osminerais. Outro problema sério é que, geralmente, 
geram resíduos sólidos estéreis da lavra e dos rejeitos do processamento; em alguns 
casos, são usados produtos tóxicos que contaminam o ambiente.
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
2.2 Degradação química do solo
A degradação química dos solos agrícolas ocorre de várias maneiras, tais como: 
salinização do solo, acidificação, adição de produtos agroquímicos, contaminação 
pelos metais e outros produtos inorgânicos e lixo.
2.2.1 Salinização dos solos
A salinização é um processo de acúmulo de sais solúveis no solo suficiente para 
prejudicar o desenvolvimento das plantas.
A salinização prejudica o crescimento normal das raízes das plantas e dificulta 
a absorção da água, bem como das substâncias nutritivas. Os íons bicarbonatos, 
cloretos, sódio e boro, em concentrações elevadas causam intoxicações nas plantas 
e o aumento da salinidade aumenta o potencial osmótico da fase líquida do solo. 
Com isso, as plantas necessitam de maior energia para retirar a água e os nutrientes 
do solo.
A salinização afeta mais os solos áridos, pois ela ocorre, de maneira geral, em 
solos situados em regiões de baixas precipitações pluviais, que tenham deficiências 
naturais de drenagem interna, de altas temperaturas e evaporação. Ocorre também 
em regiões costeiras de influência marinha e/ou flúvio- marinha.
O transporte dos sais no solo é um processo natural generalizado decorrente 
da decomposição ou degradação das rochas, mas pode ocorre uma salinização 
resultante de atividades antropogênicas em locais de forte irrigação ou uso de água 
de qualidade inferior na irrigação e aplicação de adubos minerais. A irrigação tem 
grande efeito sobre a salinização do solo por isto é necessário fazer análise da água 
antes de iniciar a implantação do sistema de irrigação.
Os solos salinos são ricos em íons, principalmente sulfatos, cloretos e 
bicarbonato de cálcio, de sódio e de magnésio. A classificação dos solos quanto à 
salinidade é medida de forma indireta, em função da condutividade elétrica (Quadro 
1), segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ( EMBRAPA ). Em solo 
salino ou fortemente salino, só algumas plantas podem sobreviver, por exemplo, as 
halófitas, tais como, plantas de mangues e a atriplex, que é utilizada nos rejeitos dos 
dessalinizadores.
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QUÍMICA AMBIENTAL
Quadro 1 - Classificação dos solos salinos
Tipos de solo Condutividade elétrica a 25 oC
Normal < 4 mS/cm
Salino ≥ 4mS/cme<7mS/cm
Sálico > 7 mS/cm
2.2.2 Acidificação dos solos
A acidificação do solo é um processo geralmente natural que propicia pH menor 
que 7. Na maioria dos solos, o pH da sua solução (fase líquida do solo) varia entre os 
valores de 3,0 a 10,0. Entretanto, a maioria dos solos brasileiros são ácidos (pH < 7), 
com variações de pH entre 4,0 a 7,5.
Os solos podem ser ácidos devido ao material de origem (tipo de rocha ou vegetal) 
ou aos processos de transformações por que passam. Assim, o desenvolvimento da 
acidez do solo é devido ao fornecimento de íons H+ para sua solução e a remoção de 
bases dessa solução, como cálcio (Ca++), magnésio (Mg++), potássio (K+) e sódio (Na+).
Dentre os vários fatores que contribuem para acidez do solo, podemos citar: a 
dissociação do gás carbônico, dissociação dos grupos ácidos da matéria orgânica, 
mineração da matéria orgânica, hidrólise de íons de alumínio adsorvidos, adubações 
com fertilizantes nitrogenados (amônia e uréia), ácidos produzidos pelas raízes das 
plantas, precipitações ácidas, lixiviação dos cátions básicos, erosão e retiradas de 
nutrientes pelas plantas (absorção de cátions).
Para a acidez do solo, segundo critérios adotados pela EMBRAPA, as classes são 
qualificadas conforme especificações do Quadro 2.
Fo
nt
e:
 E
M
BR
A
PA
.
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
Quadro 2 – Classificação do solo quanto à acidez
Classe (Acidez) pH em CaCl2
Extremamente ácida < 4,3
Fortemente ácida 4,3 - 5,3
Moderadamente ácida 5,4 - 6,5
Praticamente neutra 6,6 - 7,3
Moderadamente 
alcalina 7,4 a 8,3
Fortemente alcalina > 8,3
Conforme a aula passada, a faixa ligeiramente alcalina (pouco acima de 7,0 – 
7,8) representa a mais apropriada condição para a maioria das culturas.
A acidez dos solos pode ser dividida em dois tipos: acidez ativa e acidez potencial. 
A acidez potencial divide- se em acidez trocável e acidez não trocável. Conforme a 
equação abaixo:
Acidez potencial
CH3COOH
Acidez ativa
CH3COO
- + H+
a) Acidez ativa ou livre: é representada pelo íon hidrogênio livre (dissociado), 
ou seja, na solução do solo na forma de H+. É expressa em valores de pH.
b) Acidez trocável (cmolc/dm3): é representada pelos aos íons H+ e Al3+ 
trocáveis que estão retidos na superfície dos colóides (minerais ou orgânicos) do solo 
por forças eletrostáticas. A quantidade de hidrogênio trocável é pequena em solos 
Fo
nt
e:
 E
M
BR
A
PA
.
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QUÍMICA AMBIENTAL
minerais e alta nos solos orgânicos. Essa acidez é também conhecida como acidez 
nociva.
c) Acidez não-trocável (cmolc/dm3): é representada pelo hidrogênio (Ho) de 
ligação covalente (mais difícil de ser rompida), associado à matéria orgânica (grupos 
carboxílicos e fenólicos) e aos compostos de alumínio.
As conseqüências da acidez dos solos para as culturas são as mais variadas e 
contribuem para a baixa produtividade das mesmas. Podemos destacar os seguintes 
problemas: dificulta o desenvolvimento das bactérias que decompõem a matéria 
orgânica e fixadoras de nitrogênio atmosférico (reduz N, P, S); favorece a solubilidade 
dos metais pesados e do alumínio, que podem atingir níveis tóxicos em solos ácidos 
devido a sua maior solubilidade; pode causar baixa permeabilidade e aeração do solo.
Prática da calagem ou corretivo de acidez
A acidez do solo é um fenômeno que diminui sua fertilidade, e a maior parte das 
terras brasileiras, cerca de 84%, apresentam problemas de acidez. Mas esse problema 
pode ser corrigido com aplicação de corretivos (calagem).
A calagem das terras é a aplicação de produtos que promovem a diminuição 
ou eliminação da acidez do solo com elevação do pH para torná-lo próximo da 
neutralidade (pH = 7), além de fornecer o nutriente cálcio ou magnésio, ou ambos.
O sucesso da prática de calagem depende fundamentalmente de três fatores: da 
dosagem adequada, das características do corretivo utilizado e da aplicação correta. 
A dosagem adequada é estabelecida com base na análise de solos, sobre a qual se 
aplica um critério técnico de recomendação.
Muitos materiais alcalinos podem ser utilizados como corretivos de acidez do 
solo. Os principais são: calcário, cal virgem, cal apagada, calcário calcinado, conchas 
marinhas moídas, escória de siderurgia e cinzas.
O calcário moído é o mais utilizado, na forma de calcário dolomítico (rico em 
cálcio e magnésio), e na forma calcário calcítico (rico em cálcio). As reações do calcário 
no solo são as seguintes:
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
Quadro 3 – Agrupamento dos contaminantes inorgânicos de acordo
com três níveis de toxicidade
Níveis de toxicidade Elementos
Produto muito tóxico cádmio, arsênio, cromo, mercúrio
Além de neutralizar a acidez do solo, a calagem tem outros benefícios, tais como 
;fornecimento de Ca e Mg como nutrientes, redução o Al3+, Mn2+, Fe3+ em excesso 
,diminuindo suas toxicidades; aumento da disponibilidade de N, P, K, Mg, S, Mo, etc; 
melhorada a atividade bacteriana; aumenta a CTC do solo, aumenta eficiência dos 
fertilizantes; e enfim, aumento da produtividade das culturas.
Nos solos alcalinos, por outro lado, as plantas podem ter seu rendimento 
prejudicado por deficiência de zinco, fósforo, ferro e manganês, entre outras causas.
A prática da calagem sozinha não é capaz de aumentar e manter altas 
produtividades das culturas. São necessárias outras práticas adequadas como: 
adubação, irrigação, escolha da cultura, conservação do solo, etc.
Entretanto, podemos ter fontes naturais de alcalinidadedos solos, tais como os 
carbonatos de cálcio e sódio e a alteração dos minerais primários (com consumo de 
H+), os quais são mais difíceis de serem tratados.
2.2.3 Contaminação por adição de matérias inorgânicas
Os produtos tóxicos inorgânicos são, principalmente, metais pesados, aos 
quais se acrescentam o boro e os fluoretos. Pode-se agrupá-los em três grupos de 
toxicidade (Quadro 3).
H2O
Ca, Mg (CO3)2 Ca
2+ + Mg2+ + 2CO3
2-
CO3
2- + H2O HCO3
- + OH-
HCO3
- + H2O H2CO3 + OH
-
3OH- + Al3+ Al(OH)3
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QUÍMICA AMBIENTAL
Razoavelmente tóxico chumbo, níquel, molibdênio,fluoreto
Ligeiramente tóxico boro, cobre, manganês, zinco
Os metais pesados podem ser transportados por via aérea e chegarem ao solo 
de forma seca ou através de chuva ácida. Outra forma de lançamento desses metais 
no solo é através de efluentes industriais, do lodo das ETEs (Estações de Tratamento 
de Esgoto), dos adubos, dos defensivos agrícolas, dos corretivos agrícolas e da água 
de irrigação.
A aplicação repetida de certos materiais nos solos conduz à fixação dos metais 
sobre os constituintes do solo de acordo com quatro mecanismos: fixado e disponível 
para a plant, ligado organicamente a húmus, em associação com os carbonatos e os 
óxidos insolúvel por um longo período.
2.2.4 Contaminação por produtos agroquímicos
a) Uso de fertilizantes
A aplicação de adubos (produtos químicos) tem a finalidade de suprir a 
necessidade dos principais nutrientes para o desenvolvimento dos vegetais.
Os fatores que tornam os adubos poluentes são quantidade em excesso e 
impurezas o adubo em quantidades excessivas conduz a perdas importantes, pois 
não é absorvido pelas plantas nem pelo solo. O acúmulo de nutrientes no solo chega 
a atingir concentrações tóxicas e, acompanhando o sistema NPK, vêm as impurezas 
tóxicas provenientes da produção, como, por exemplo, metais pesados (arsênio, 
cádmio, cromo, cobalto, cobre, chumbo, níquel, vanádio, zinco). Esse excesso 
de nutrientes favorece a eutrofização dos corpos d’água e gera íons nitrato que 
contaminam as águas superficiais e as águas subterrâneas.
É necessária a realização de análises de solo antes da aplicação de adubos ou 
corretivo de solo. Pode-se assim acrescentar quantidade necessária de adubos ou de 
outro produto, pois o uso incorreto pode acarretar a perda de produtividade, além 
de poluir o meio ambiente.
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SOLO E O MEIO AMBIENTE
b) Uso de pesticidas
Os agrotóxicos são produtos químicos utilizados para combater seres vivos que 
prejudicam plantações. Possui outras denominações como: defensivos agrícolas, 
pesticidas, praguicidas, inseticidas (mata insetos), fungicidas (empregado no combate 
aos fungos parasitas), herbicidas (empregada na destruição de ervas daninhas), 
acaricidas (combate aos ácaros), etc, dependendo da aplicação.
A industrialização dos pesticidas teve como objetivo o aumento da produtividade. 
Os pesticidas são compostos químicos naturais ou sintéticos.
Alem de ser veneno, temos outros fatores que fazem os defensivos agrícolas 
poluir ainda mais e terem grande persistência no ambiente, como: a sua utilização, 
a quantidade aplicada e o transporte a longa distância. Outro problema reside no 
acumulo ao longo da cadeia alimentar.
Aplicações de agrotóxicos, na maioria das vezes, acarretam problemas 
ambientais, uma vez que não atingirem apenas os organismos alvo, mas a saúde de 
todo o ecossistema.
 
2.2.5 Contaminação por rejeições industriais
São considerados resíduos industriais aqueles gerados no processo produtivo 
ou nas atividades auxiliares. Ocorre a geração de resíduos líquidos perigosos no solo, 
por exemplo, solventes, outros derivados do petróleo, etc. A geração de resíduos 
sólidos é enquadrada na classe dos resíduos perigosos, inertes ou não-inertes, 
facilitando um maior cuidado em sua manipulação.
2.2.6 Contaminação por lixões
No Brasil, 75% do lixo coletado é jogado em lixões a céu aberto, sendo que um 
terço do seu material não é biodegradável, como, por exemplo, plástico e vidro, e 
uma outra parte gera poluente líquido que contamina o solo e consequentemente 
polui lençóis subterrâneos de água. O ideal é o uso, dos aterros sanitários que são 
construídos com procedimentos de segurança, diminuindo o contato das pessoas 
e possuiem proteção ambiental, caracterizada por drenagem e tratamento dos 
resíduos.
16
QUÍMICA AMBIENTAL
ATIVIDADE 01
1.1. Pesquise a qualidade do solo em relação à acidez e à salinidade na 
sua região. Sugestão: veja algum laudo de análise de solo.
1.2. Qual a importância da análise de solo em relação à degradação 
química?
1.3. Qual é o principal modo de degradação dos solos agrícolas do 
seu município? Qual o mais problemático e o que deve ser feito para 
reduzir essa degradação?
1.4. Quais são as perdas para o meio ambiente com o uso da 
monocultura? Qual a solução?
1.5. Além do processo natural de salinização que ocorre em algumas 
regiões do Brasil, cite os fatores que contribuem para a salinização do 
solo em relação à ação do homem?
1.6. Como ocorre a acidificação do solo?
1.7. Quais as plantas que podem sobreviver em solos salinos? 
Exemplifique.
O principal problema dos lixões é o seu lixiviado, que é constituído de mistura 
líquida (chorume) que sai do lixo com composição química complexa, bastante 
variável, que apresenta os seguintes aspectos: escuro, turvo e malcheiroso.
2.2.7 Contaminação por esgoto e lodo
O lodo de esgoto é rico em matéria orgânica, macro e micronutrinetes, elementos 
fundamentais para a fertilidade do solo, porém, pode apresentar concentrações 
elevadas de metais pesados e microrganismos, prejudicando assim o meio ambiente.
No caso das águas residuárias, estas são aplicadas na agricultura depois de 
tratadas ou in-natura e também deve-se ter o cuidado ambiental, especialmente no 
que diz respeito a nutrientes e microorganismos.
17
SOLO E O MEIO AMBIENTE
RESUMINDO
Nesta aula, aprendemos a importância do estudo da 
degradação do solo. Vimos que esse fenômeno é comum 
no nosso país e no mundo, seja através da salinização, 
acidez, erosão ou desmatamento. Ela pode ocorrer de 
forma natural ou ser provocada pelo homem, esse último 
é o mais degradante para o solo, para as águas superficiais 
e subterrâneas e para o ar. Esse processo é preocupante 
devido aos seus efeitos estarem sendo crescentes, através 
dos lançamentos de substâncias químicas (fertilizantes e 
pesticidas), dos resíduos domésticos e industriais no solo, 
da queima e desmatamento das florestas, além de práticas 
agrícolas inadequadas.
LEITURA COMPLEMENTAR
ROSA, A. H.; ROCHA, J. C. Fluxos de matéria e energia no 
reservatório solo: da origem à importância para a vida. 
Química Nova na Escola, São Paulo, n. 05, p.7- 
14, 2003. 
AVALIANDO SEUS CONHECIMENTOS
Considerando a leitura desta aula, as atividades e leituras 
complementares desenvolvidas por você, resolva as 
seguintes questões.
1. De que forma os pesticidas podem contribuir para a 
degradação do solo?
18
QUÍMICA AMBIENTAL
2. Quais as consequências dos solos ácidos para as 
práticas agrícolas / florestais? Como corrigir a acidez o 
solo?
3. O que é calagem e quais os seus benefícios? Escreva 
a equação do calcário com o solo ácido.
4. O que é a salinidade ou salinização dos solos?
5. A calagem interfere na disponibilidade dos metais no 
solo?
6. Qual a influência da irrigação na degradação do solo?
7. À condutividade elétrica (CE) é uma medida indireta 
da salinidade. É possível aumentar a CE sem adicionar 
sais? Explique. 
19
SOLO E O MEIO AMBIENTE
CONHECENDO AS REFERÊNCIAS
BAIRD, C. Química Ambiental. 2. ed. São Paulo: Bookman, 2002. 
LOPES, A. S.; GUIDOLIN J. A. Interpretação de análises do solo: conceito e aplicações. 
3. ed. São Paulo: ANDA, 1991. (Boletim Técnico, 2) conceito e aplicações. 3a ed, São 
Paulo: ANDA 1991. 45 p. (Boletim Técnico, 2)
LOPES, A. S.; SILVA,M. C.; GUILHERME, L. R. G. Acidez do solo e calagem. 3. ed. São 
Paulo: ANDA, 1991. (Boletim Técnico, 1) 
MANAHAN, S. E. Stanley. E. Fundamentals of Environmental Chemistry. 2. ed. Boca 
Raton: Lewis Publishers, 2001.
ROCHA, J. L; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. Porto 
Alegre: Bookman, 2004.

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