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TECNOLOGIAS EM SAÚDE - PRINCÍPIOS E FORMAS DE AVALIAÇÃO Lara Camila | 4º Semestre Tecnologias: saberes que derivam de técnicas utilizadas pelos seres humanos para sua sobrevivência diante de fenômenos da natureza. Ou seja, as tecnologias vão além da técnica e já representam um conhecimento acumulado. Tecnologias em saúde: são conhecimentos e habilidades aplicados com o propósito de resolver um problema de saúde e melhorar a qualidade de vida das pessoas. ➢ As duas guerras mundiais podem ser colocadas como referência de um período com alto desenvolvimento tecnológico – seja uma tecnologia para dizimar pessoas, mas também houve um crescimento em termos científicos. ➢ Precisamos pensar na tecnologia como forma de melhorar o cenário epidemiológico, e de melhorar a qualidade de vida das pessoas. TECNOLOGIAS DE ATENÇÃO À SAÚDE Liaropoulous, em 1997, estratificou as tecnologias em: tecnologia biomédica, tecnologia médica e tecnologias de atenção à saúde. As tecnologias biomédicas dizem respeito aos medicamentos e equipamentos; as tecnologias médicas é todo o conhecimento acumulado dos profissionais (procedimentos, anamnese, técnicas cirúrgicas, técnicas para abordar determinado processo patológico etc.); O que Liaropoulous traz é que a tecnologia médica precisa ser bem construída, pois ela irá determinar o bom uso da tecnologia biomética. Como plano de fundo, temos as tecnologias de atenção à saúde, que constituem os sistemas de suporte organizacional – que são a base para a aplicabilidade das tecnologias (tanto a médica, quanto a biomédica). Liaropoulous destaca que os sistemas de suporte organizacional são todos os níveis de atenção do sistema de saúde, ou seja, os ambulatórios, as unidades de atenção básica, as clínicas e suas respectivas especialidades, hospitais, secretarias de saúde, ministério da saúde etc. Esses níveis funcionam como suporte para que as tecnologias possam ser bem aplicadas. TECNOLOGIAS E TANGIBILIDADE Temos tecnologias tangíveis e intangíveis; ➢ Entre as tangíveis, temos: Medicamentos; Equipamentos e suprimentos: ventiladores, marcapassos cardíacos, luvas cirúrgicas, kits de diagnóstico; ➢ Entre as intangíveis, temos: Procedimentos médicos e cirúrgicos, práticas integrativas; Sistemas de suporte: bancos de sangue, sistemas de prontuário eletrônico; Sistemas gerenciais e organizacionais: sistema de informação, sistema de regulação, sistemas de certificação e garantia de qualidade. OBS: o sistema de informação é imprescindível para avaliarmos a eficiência do serviço prestado. Dispositivos médicos/ equipamentos/ materiais As imagens acima mostram tecnologias tangíveis!!! Ambas têm o envolvimento de técnicas e acúmulos de saberes para a aplicação do procedimento. Acima, temos exemplos de tecnologias intangíveis. ➢ A partir do momento em que fazemos uma análise bibliográfica, buscamos fontes ideais adequadas e estabelecemos uma forma de se comunicar sobre um conhecimento importante, isso se torna também uma tecnologia. Sistemas organizacionais Existem tecnologias voltadas para processos de trabalho; determinadas regras podem ser estabelecidas visando alguns benefícios relacionados à saúde, como a importância dos intervalos para descanso. Na medida em que o indivíduo realiza pausas dentro de uma atividade contínua, ele pode recuperar o desgaste psicomotor; assim, uma pausa estabelecida em um processo, se baseada em estudos, pode ser considerada uma tecnologia intangível. Quando os componentes organizacionais de apoio são externos ao setor saúde, a exemplo de saneamento básico, direitos trabalhistas e educação, a combinação de todos esses componentes constituem as tecnologias em saúde. ➢ Essa é uma máquina que faz corte em estruturas metálicas; observamos que há tecnologia na imagem, e essa grade amarela, provavelmente, foi colocada por uma determinação legal que diz que toda máquina que tem superfícies cortantes precisa ter uma proteção para evitar que o indivíduo, com a pressa, se machuque. TECNOLOGIAS E OS RESPECTIVOS PROPÓSITOS Nesta imagem, temos um teste rápido, que tem o propósito de segregar as imunoglobulinas e tem o valor preditivo questionável; no entanto, tem sido importante para o processo de triagem, principalmente nos ambientes de trabalho, pois nos dá a possibilidade de identificar indivíduos assintomáticos. Prevenção: visa proteger os indivíduos contra adoecimentos, incapacidade ou sequelas (exemplo: imunização, controle de riscos psicossociais no trabalho, controle de infecção hospitalar); Triagem: detecção de doenças em pessoas assintomáticas (TR COVID-19, mamografias, exame de Papanicolau); Diagnóstico: RT-PCR, eletrocardiograma, raios x para detectar fraturas ósseas; Tratamento: visa melhorar ou manter o estado de saúde, evitar o agravamento de um quadro clínico ou atuar como paliativo; Reabilitação: visa recuperar, estabilizar ou melhorar a função de uma pessoa com uma incapacidade física ou mental; INOVAÇÃO: segundo a Lei da Inovação brasileira, inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços. À medida em que surgem novas tecnologias (inovações), as que já estão sendo incorporadas caem em desuso. A taxa de inovação tecnológica desde a segunda guerra mundial não foi acompanhada por uma taxa similar de abadono de tecnologias mais antigas; Ex: o rádio não foi abandonado quando a televisão foi criada. Porém, atualmente, a televisão sofre o impacto do uso de computadores, que também tem sido questionado a partir da invenção dos celulares. >> Obsolescência artificial – também já foi chamada de obsolescência planejada Estratégia usada por muitas industrias para incrementar as suas vendas. Isso também tem sido usado na tecnologia da informação – existem estratégias que fazem com que a liberação de novos inventos seja de forma gradativa para que o mercado continue num processo de retroalimentação. Ex: em um novo modelo de celular, não irei colocar totas as funcionalidades; é necessário deixar “novidades” para os próximos modelos, para que eles sejam comprados. “Entre a chamada inovação tecnológica e a primeira utilização prática haverá necessariamnte alguma forma de avaliação.” Ou seja, existe um processo avaliativo que deve ser deflagrado para que a população possa usufruir da tecnologia. AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS EM SAÚDE – ATS A ATS é a verificação sistemática das propriedades, efeitos e/ou impactos da tecnologia em saúde; Objetivo principal: gerar informação para a tomada de decisão, para incentivar a adoção de tecnologias custo- efetivas e desaconselhar a adoção de tecnologias de valor questionável ao sistema de saúde. Quais são os profissionais envolvidos nesse processo avaliativo? É uma área de atuação multidisciplinar, na qual podem participar médicos, engenheiros, estatísticos, economistas, matemáticos utilizando modelos analíticos desenhados com base em uma variedade de métodos com o obejetivo de comparar as tecnologias em saúde. OBS: além de multidisciplinar, a avaliação também precisa ser interdisciplinar, ou seja, precisa promover uma troca de saberes. ATENÇÃO! ➢ A constituição de 1988 determina que a saúde é um direito de todos e dever do Estado; Porém, o atendimento intefram não quer necessariamente dizer: “todas as tecnologias oferecidas no mercado para todas as pessoas”. Isso tornaria inviável a sustentabilidade do sistema de saúde. ➢ A Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) é um caminho para o atendimento equitativo e universal no SUS. MARCOS NA IMPLANTAÇÃO DA ATS NO BRASIL PELO SUS TIPOS DE ESTUDOS USADOS EM ATS O que se deve avaliar?Eficácia – probabilidade de indivíduos de uma população definida obtenham um benefício de uma tecnologia em condições ideais de uso; ➢ Estudos de eficácia: ensaios clínicos sobre a eficácia de um fármaco, uma vacina, uma ténica ou um processo; Efetividade – probabilidade de que indivíduos de uma população definida obtenham um benefício de uma tecnologia em condições normais de uso; ➢ Estudos de efetividade: buscam verificar o resultado da interação do tratamento com o ambiente em que ele está sendo aplicado; Risco – medida da probabilidade de um efeito adverso indesejado e a gravidade desse efeito à saúde; Segurança – risco aceitável em uma situação específica; Custos – valor da melhor alternativa não concretizada em consequência de se utilizarem recursos escassos na produção de um dado bem e/ou serviço; ➢ Estudos sobre custos: custo dos acidentes de trabalho para o Brasil, para as empresas e para os sistemas; ➢ Estudos sobre custo-efetividade: buscam analisar além de resultados positivos diretos, analisam impacto financeiro com a implementação de uma nova tecnologia. Impacto social, ético e legal – são todos os impactos não relacionados à efetividade, à segurança, e aos custos, incluindo as consequências econômicas secundárias para indivíduos e comunidades; ETAPAS DA AVALIAÇÃO DE UMA NOVA TECNOLOGIA A avaliação de uma tecnologia em saúde deveria considerar, fundamentalmente, os impactos éticos, legais e sociais associados à tecnologia. Entretanto, outros atributos (eficácia, efetividade, custo-efetividade, segurança) podem prevalecer em relação aos primeiros. Etapas da avaliação em saúde: O QUE É O EVIPNET? A Evidence-Informed PolicY Network (EVIPnet) representa uma iniciativa da OMS desde 2004; Objetivo: estabelecer uma rede colaborativa para fomentar e apoiar o desenvolvimento de políticas embasadas em evidências científicas. Incentivo ao uso sistemática de evidências de pesquisas científicas em saúde para o desenvolvimento e a implantação de políticas e programas de saúde, por meio de parcerias entre tomadores de decisão, gestores, pesquisadores e sociedade civil organziada. NICE – Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Cuidados é um órgão público não departamental executivo do Departamento de Saúde da Inglaterra, que publica diretrizes em quatro áreas: o uso de tecnologias da saúde no Serviço Nacional de Saúde e no NGS Wales prática clínica. ➢ Ou seja, é um departamento em pesquisas científicas para que as politicas publicas sejam implementadas com base no que realmente pode dar certo. COMISSÃO NACIONAL DE INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO SUS (CONITEC) Criada plea lei nº 14.401 de 25 de abril de 2011, a qual dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde; Objetivo: assessorar o Ministério da Saúde nas atribuições relativas à incorporação, exclusão ou alteração de tecnologias em saúde pelo SUS, bem como na constituição ou alteração de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas – PCDT. Inclui análise baseada em evidências, levando em considração aspectos como eficácia, acurácia, efetividade e a segurança da tecnologia, além da avaliação econômica comparativa no que se refere a benefícios e dos custos em relação às tecnologias existentes. Condiciona a avaliação a liberação pela Agência Nacional de Vigilância Santária – ANVISA para que este possa ser avaliado para a incorporação no Sistema Único de Saúde; A estrutura é composta por dois fóruns: o Plenário e a Secretaria-Executiva. Fontes de informações para evidências científicas: A Canadion Task Force on Preventive Health Care – adora a seguinte gradação para as suas recomendações: Há boa evidência para recomendar a ação preventiva; Há razoável evidência para recomendar a ação preventiva; Há razoável evidêndia para não recomendar a ação preventiva; Há boa evidência para não recomendar a ação preventiva. AVALIAÇÃO DO IMPACTO EM SAÚDE (AIS) – Health Impact Assessment Os efeitos das tecnologias em saúde não se limitam a cura ou ao conforto dos pacientes; eles vão além, atingindo aspectos da vida humana e suas relações com a família, o trabalho e a sociedade. ➢ Não necessariamente no caminho entre identificarmos o impacto de determinado procedimento – se positivo ou negativo – existem indicadores intermediários que poderíamos considerar. Métricas projetadas para capturar ganhos intermediários, dimensões como: função física, função social, função cognitiva, ansiedade/tristeza, dor física, sono/descanso, energia/fadiga, e percepção geral da saúde. Exemplo em relação aos ganhos intermediários: se estamos com um paciente em um programa para emagrecimento, ou seja, com um grupo de pessoas obesas, a mudança de alimentação pode ser um ganho e pode ser estabelecida como limitador do processo de avaliação. Então, se eu tenho uma meta mas ainda não atingi, porém estou em um caminho para atingi-la, esse caminho também precisa ser explorado e valorizado. Existem formas de avaliarmos o impacto de novas tecnologias considerando essas etapas. Quem são os autores no processo de avaliação? Centros de pesquisa; universidade Indústria (equipamentos, produtos e medicamentos); Órgãos governamentais (Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde, ANVISA, Vigilância Sanitária Estaduais e Municipais e Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS); Instituições de saúde (hospitais públicos e privados, postos de saúde etc.); Operadoras de planos de saúde, sociedades profissionais (incluindo as diversas sociedades por especialidades) e grupos de representantes de pacientes; MÚLTIPLOS INTERESSES – PERSPECTIVAS ➢ Dentro do processo avaliativo existem múltiplos interesses e perspectivas e existem diversos autores com seus respectivos interesses no processo de avaliação, o que compromete a validade da avaliação e o reconhecimento do produto/procedimento. Necessidades ou objetivos particularidades do atos que conduz ou financia a avaliação; Agências regulatórias nacionais podem demandar avaliações para garantir a segurança e eficácia de tecnologias em saúde para a sociedade como um todo; Hospitais e outras instituições de atenção à saúde avaliam tecnologias para obter informações que apoiem o processo de aquisição, investimento e decisões relacionadas ao gerenciamento de tecnologias; Associações profissionais precisam de avaliações para apoiá-las na decisão sobre os cuidados com pacientes. Companhias de seguros conduzem estudos de avaliação para apoiar a decisão sobre cobertura e reembolso de procedimentos etc. DESAFIOS EM ATS Recursos limitados; Diversidade no padrão de morbidade; Diversidade cultural; Sistema político; Estrutura do sistema de saúde; Informação e dados disponíveis; Capacidade tecnológica; Tecnologias sociais; CONSIDERAÇÕES FINAIS A avaliação de tecnologias constitui-se em um instrumento fundamental para a elaboração e o acompanhamento de políticas públicas em saúde; Necessidade de sensibilização dos gestores dos três níveis hierárquicos do SUS quanto a visão sobre as consequências de um processo de incorporação de tecnologia mal ou bem conduzido. É importante que o Brasil entre de cabeça na 5ª revolução tecnológica industrial que envolve, entre outras ferramentas, intrumentos que irão permitir melhorar nossa capacidade preditiva para a vigilência epidemiológica. ➢ É importante pensarmos em tecnologias em saúde e avanços que possam dar suporte ao nosso Sistema Único de Saúde. BRASIL – Complexo Econômico Industrial de Saúde (CEIS) O conceito do CEIS (Complexo Econômico-Industrial da Saúde) apresenta a relação indissociável entre saúde e desenvolvimento, considera a saúde e o sistema de produçãoe de inovação relacionado como parte indissociável de um padrão de desenvolvimento POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO Transformando Nosso Mundo: A agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
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