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ResponsabilidadeSocioAmbiental-Virginio-2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS 
CURSO DE TURISMO 
 
 
 
 
 
Darlyne Fontes Virginio 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM 
ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL 
2007 
 
Darlyne Fontes Virginio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM 
ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, como requisito 
parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em Turismo. 
 
Orientadora: Lissa Valéria Ferreira 
Fernandes, D.Sc. 
 
 
 
 
NATAL 
2007 
 
 
Darlyne Fontes Virginio 
 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO: UM 
ESTUDO NA REDE HOTELEIRA DA VIA COSTEIRA EM NATAL/RN 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte, como requisito 
parcial para a obtenção do título de 
Bacharel em Turismo. 
 
 
 
 
Natal/RN, 07 de Novembro de 2007 
 
 
 
 
___________________________________________________________________ 
Lissa Valéria Ferreira Fernandes, D.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte 
Orientadora 
 
 
___________________________________________________________________ 
Andréa Virgínia Sousa Dantas, M.Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte 
Banca Examinadora 
 
 
___________________________________________________________________ 
Pamela de Medeiros Brandão, B. Sc. – Universidade Federal do Rio Grande do 
Norte 
Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho... 
 
 
Ao meu Pai, pessoa que sempre acreditou 
no meu potencial e me apoiou enquanto 
viveu, e à minha Mãe que me deu e 
continua dando todo o suporte necessário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço por tudo o que me aconteceu nesses quatro anos de curso, coisas boas e 
ruins também. As ruins me deram a chance de lutar cada vez mais pelo que eu 
queria e acreditava, mesmo que às vezes os obstáculos parecessem insuperáveis; e 
as boas, a esperança de dias melhores e a certeza de que as oportunidades 
aparecem para todos, basta saber aproveitá-las. 
 
Agradeço... 
 
A Deus pela vida maravilhosa, pela família, amigos e namorado. Agradeço pela 
determinação, fé e coragem que me permitiram chegar mais longe em algumas 
situações. 
 
Á meus Pais, minha razão de viver, agradeço pelo cuidado, carinho e atenção. Ao 
meu Pai, um obrigado com sabor de saudade. 
 
Aos meus irmãos, pela compreensão e apoio nos momentos difíceis. 
 
Aos meus amigos, sejam aqueles da SETUR, da UFRN, da Universitur ou ainda 
aqueles que mesmo longe, independente de onde vieram ou o que fizeram, sempre 
estiveram presentes quando precisei. 
 
A Rafael, meu namorado, pela força e confiança que teve em mim nessa jornada de 
conclusão desse trabalho, além da ajuda enquanto amigo, parceiro e até 
conselheiro. 
 
Enfim, obrigada a todos aqueles que de alguma forma me fizeram acreditar que esse 
trabalho seria possível, depositando uma palavra de conforto ou despojando um 
simples sorriso sem motivo aparente, mas que com certeza melhoraram e muito os 
meus dias. 
 
Obrigada por tudo! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você pode conseguir qualquer coisa que 
queira na vida, se você ajudar o suficiente 
outras pessoas a conseguirem o que elas 
querem. 
 
(Zig Ziglar) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É difícil acreditar que podemos mudar o 
mundo, só que mais difícil ainda é viver 
sem buscar algo, sem criar idéias, ideais, 
sem lutar por aquilo que se acredita, sem 
promover o bem ao próximo, isso sim é 
complexo. Por essa razão, continuo 
sempre sonhando e buscando o melhor 
para mim e para os que estão a minha 
volta porque o mundo não pára de girar e 
um dia, quem sabe, o meu mundo 
contagie o seu. 
 
(Darlyne Fontes Virginio) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
 
Em função da expansão do turismo como atividade de lazer e liberação do estresse 
cotidiano das pessoas no momento em que viajam, é necessário observar e 
acompanhar os avanços econômicos e os benefícios sócio-ambientais 
desempenhados nesse sistema. Muito se fala de desenvolvimento, crescimento 
econômico, sustentabilidade, etc, mas até onde o turismo melhora ou contribui para 
que a prosperidade social seja também alcançada? Será que os inúmeros empregos 
e renda que gera suprem as carências da população local, além de aliar o uso dos 
recursos naturais à falta de um planejamento? E, principalmente, será que as 
empresas do setor turístico encaram todos esses entraves com responsabilidade? A 
inclusão social e a gestão correta do meio ambiente fazem-se medidas a serem 
encaradas com urgência pelos diversos atores envolvidos no turismo, através da 
análise e identificação de ações de responsabilidade sócio-ambiental praticadas 
pelos empresários da hotelaria situados na Via Costeira de Natal/RN, configurando-
se como objetivo desse estudo é que se buscou realizar o trabalho proposto. Que se 
trata de uma pesquisa de natureza essencialmente qualitativa, a qual contou com a 
realização de entrevistas junto aos gestores desses empreendimentos. O presente 
trabalho alcançou os objetivos propostos no que se refere à existência de ações de 
cunho social e ambiental praticadas em prol da sociedade e do meio; ações essas 
que mostram e destacam a presença de fatos isolados em cada hotel estudado, mas 
que somados aos demais, representam muito para o turismo, a sociedade e o meio 
ambiente, como por exemplo, o aspecto de que todos praticam algum tipo de política 
ambiental em seu empreendimento e, pelo menos, 70% ajudam alguma instituição 
social. Acredita-se que a responsabilidade social e ambiental é um conjunto de 
ações que depende única e exclusivamente da vontade de Governo, iniciativa 
privada e sociedade civil organizada em estabelecer ações de cidadania e 
solidariedade para com os demais, principalmente numa atividade como o turismo 
que infere relações muito próximas entre as comunidades locais e os turistas, assim 
como destes com o meio natural, o que infere a busca por um desenvolvimento mais 
igual e, portanto, sustentável para a maioria. 
 
Palavras-Chaves: Inclusão Social. Meio Ambiente. Turismo. Sustentabilidade. 
Responsabilidade. Empresários da hotelaria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
 
In function of the expansion of the tourism as activity of leisure and release of it stress 
it daily of the people at the moment where they travel, it is necessary to observe and 
to follow the economic advances and the social-ambients benefits in this system. 
Much is said of development, economic growth, sustentability, etc, but until where the 
tourism improves or contributes so that the social prosperity also is reached? It will be 
that the innumerable jobs and income that generates supply the lacks of the local 
population, beyond allying the use of the natural resources to the lack of a planning? 
And, mainly, will be that the companies of the tourist sector face all these 
impediments with responsibility? The social inclusion and the correct management of 
the environment become measured to be faced with urgency for the diverse involved 
actors in the tourism, through the analysis and identification of social-ambient actions 
for damages practiced by the entrepreneurs of would hotels web situated in the Via 
Costeira of Natal/RN, configuring itself as objective of this study it is that it searched 
to carry through the considered work. That if it deals with a research of essentially 
qualitative nature, which counted on the accomplishment of interviews next to the 
managers of these enterprises. The actualwork it reached the objectives considered 
as for the existence of practiced actions of social and ambient matrix in favor of the 
society and of the way; action these that show and detach the presence of isolated 
facts in each studied hotel, but that added to excessively, they represent very for the 
tourism, the society and the environment, as for example, the aspect of that all 
practice some type of ambient politics in its enterprise and, at least, 70% help some 
social institution. One gives credit that the social and ambient responsibility is a set of 
action that exclusively depends only e on the will of Government, private initiative and 
organized civil society in establishing action of citizenship and solidarity stops with 
excessively, mainly in an activity as the tourism that very infers next relations 
between the local communities and the tourists, as well as of these with the natural 
way, what it infers the search for a development equal and, therefore, sustainable for 
the majority. 
 
Key words: Social inclusion. Environment. Tourism. Sustentability. Responsibility. 
Hotels web entrepreneurs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
FIGURA 01 – Partícipes envolvidos na responsabilidade social e ambiental ....... 36 
FIGURA 02 – Bases do Turismo Sustentável ....................................................... 65 
FIGURA 03 – Processo de Gestão ambiental ....................................................... 72 
 
TABELA 01 – Perfil do Turista, Natal, 2005 – 2007 .................................................. 
TABELA 02 – Estimativa do Fluxo Turístico Global do Rio Grande do Norte, 2006 e 
2007 ..................................................................................................... 
TABELA 03 – Receita turística x Produtos exportados no RN em 2004 .................. 
TABELA 04 – Estimativa da Receita Turística Total de Brasileiros e Estrangeiros no 
RN, no período de 2001 - 2006. (US$1,00) ......................................... 
 
QUADRO 01 – Características socialmente responsáveis das empresas. ........... 50 
QUADRO 02 – Características ambientalmente responsáveis das empresas. ..... 52 
QUADRO 03 – Benefícios econômicos e estratégicos da gestão ambiental ........ 73 
 
GRÁFICO 01 – Nível das condições de uma determinada comunidade antes e 
depois da atividade turística............................................................. 68 
GRÁFICO 02 – Sexo dos entrevistados ................................................................ 87 
GRÁFICO 03 – Participação dos gestores em cursos de formação ..................... 88 
GRÁFICO 04 – Nível de estudo dos gestores....................................................... 89 
GRÁFICO 05 – Nível de contaminação do ar em Natal sob a percepção dos gestores 
turísticos .......................................................................................... 90 
GRÁFICO 06 – Nível de contaminação da água em Natal sob a percepção dos 
gestores turísticos ............................................................................ 90 
GRÁFICO 07 – Separação do lixo pelos gestores e sua família ........................... 92 
GRÁFICO 08 – Recursos com que foram constituídos os hotéis da Via Costeira .... 
 ......................................................................................................... 93 
GRÁFICO 09 – Classificação dos hotéis de acordo com a visão de seus gestores . 
 ......................................................................................................... 94 
GRÁFICO 10 – Número de empregados nos hotéis da Via Costeira .................... 95 
GRÁFICO 11 – Nível aproximado de formação desses empregados ................... 96 
 
GRÁFICO 12 – Tempo aproximado de serviço desses empregados nos hotéis .. 97 
GRÁFICO 13 – Origem dos clientes ..................................................................... 98 
GRÁFICO 14 – Faixa etária dos clientes .............................................................. 99 
GRÁFICO 15 – Motivo da Hospedagem ............................................................... 99 
GRÁFICO 16 – Gasto Médio por cliente ............................................................. 100 
GRÁFICO 17 – Quanto à ampliação dos empreendimentos .............................. 101 
GRÁFICO 18 – Prática de política ambiental nos hotéis da Via Costeira da Cidade 
do Natal ......................................................................................... 102 
GRÁFICO 19 – Vínculo com instituições sociais ou ONG’s ................................ 104 
GRÁFICO 20 – Participação dos gestores da Via Costeira em atividades voluntárias 
durante o ano de 2007. .................................................................. 105 
GRÁFICO 21 – Destinação de economias para temas sociais e/ou ambientais 
durante o ano de 2007 pelos gestores da Via Costeira ................. 106 
GRÁFICO 22 – Existência de programas de treinamento para todos os empregados
 ....................................................................................................... 107 
GRÁFICO 23 – Freqüência dos programas de treinamento desenvolvidos para os 
colaboradores dos hotéis da Via Costeira ..................................... 107 
GRÁFICO 24 – Estimativa aproximada, segundo os gestores, das pessoas que 
vivem em condição de miséria na Cidade do Natal. ...................... 110 
GRÁFICO 25 – Consideração dos gestores quanto à existência de pessoas que 
vivem em condições de miséria no Estado. ................................... 111 
GRÁFICO 26 – Porcentagem aproximada da população que vive em condições de 
miséria, na opinião dos gestores. .................................................. 111 
GRÁFICO 27 – Nível de concordância para com a seguinte frase: “A atividade 
turística pode diminuir a pobreza do Estado”. ................................ 112 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
AEIS – Área Especial de Interesse Social 
BDRN – Banco de Desenvolvimento do Rio grande do Norte 
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social 
CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte 
CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
COSERN – Companhia Energética do Rio Grande do Norte 
EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo 
EMPROTURN – Empresa de Promoções Turísticas do Rio Grande do Norte 
ETE – Estação de Tratamento de Esgotos 
FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas 
GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer 
IBLF – International Business Leaders Forum 
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Econômico e do Meio Ambiente 
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 
INPE – Instituto de Pesquisas Espaciais 
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada 
ISO – International Organization for Stardization 
OMT – Organização Mundial do Turismo 
ONG – Organização Não Governamental 
ONU – Organização das Nações Unidas 
PAM – Programa Alimentar Mundial 
PAS – Plano de Ação Social 
PIB – Produto Interno Bruto 
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
RDH – Relatório de Desenvolvimento Humano 
RSM – Responsabilidade Social de Mercado 
RSC – Responsabilidade Social e ambiental Cidadã 
RSE – Responsabilidade Social Empresarial 
SETUR – Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Norte 
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às micro e pequenas empresas 
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância 
WBSCD – World Business Social Council Development 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 14 
1.1 Problema .......................................................................................................... 14 
1.2 Justificativa ......................................................................................................18 
1.3 Objetivos .......................................................................................................... 21 
1.3.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 21 
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 21 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 22 
2.1 Turismo e Ética. .............................................................................................. 22 
2.2 Desigualdade Social ........................................................................................ 24 
2.2.1 O Rio Grande do Norte e a Pobreza ............................................................ 25 
2.2.2 O Turismo pode contribuir para a diminuição da Pobreza no Estado? ........ 27 
2.2.2.1 A Relação entre os hotéis da Via Costeira e a população de Mãe Luiza .. 31 
2.3 O que é Responsabilidade Sócio-Ambiental? .................................................. 34 
2.3.1 Tipos de Responsabilidade Social ............................................................... 39 
2.3.1.1 Responsabilidade Social e ambiental Cidadã ........................................... 39 
2.3.1.2 Responsabilidade Social de Mercado ....................................................... 40 
2.3.1.3 Responsabilidade Social Corporativa e o Instituto ETHOS ....................... 41 
2.3.2 O Pacto Global e sua Importância para a adesão da Responsabilidade 
 Sócio-ambiental. .............................................................................................. 43 
2.3.3 Responsabilidade Sócio-ambiental na Rede Hoteleira ................................ 46 
2.3.3.1 O caso da Sol Meliá Hotéis & Resorts....................................................... 46 
2.3.3.2 O Exemplo da Marriott International no Brasil ........................................... 47 
2.3.4 Características Socialmente Responsáveis ................................................. 50 
2.3.5 Características Ambientalmente Responsáveis ........................................... 51 
2.4 Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Sócio-ambiental ............... 53 
2.4.1 Desenvolvimento Sustentável ...................................................................... 53 
2.4.1.1 Agenda 21 ................................................................................................. 54 
2.4.1.2 Norma ISO 14000 ..................................................................................... 54 
2.4.2 Turismo e Impactos ...................................................................................... 56 
2.4.2.1 Os impactos econômicos do turismo ......................................................... 57 
2.4.2.2 Os impactos sócio-culturais do turismo ..................................................... 57 
2.4.2.3 Os impactos ambientais do turismo .......................................................... 58 
 
2.4.3 Por um Planejamento Sustentável do turismo .............................................. 59 
2.4.3.1 Relatório de Brundtland ou Nosso Futuro Comum .................................... 60 
2.4.3.2 Modelo de NIJKAMP ................................................................................. 62 
2.4.3.3 Acordo de Mohonk .................................................................................... 63 
2.4.4 Capacidade de Carga como instrumento de sustentabilidade ..................... 65 
2.5 Administração Hoteleira no âmbito da Responsabilidade Sócio-ambiental. ... 70 
2.5.1 Gestão Ambiental na Hotelaria ..................................................................... 70 
2.5.2 Educando para uma gestão ambientalmente correta ................................... 74 
2.5.3 Marketing Social ou Responsabilidade Social? ............................................ 76 
2.5.4 Responsabilidade Social e ambiental como fator de competitividade .......... 78 
 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 82 
3.1 Tipo do Estudo ................................................................................................ 82 
3.2 Universo do Estudo ......................................................................................... 84 
3.3 Plano de Coleta de Dados............................................................................... 85 
3.4 Análise dos Dados .......................................................................................... 86 
 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 87 
4.1 Perfil sócio-econômico-ambiental e o nível de conhecimento e percepção da 
Responsabilidade sócio-ambiental dos gestores das empresas do setor hoteleiro.
 ........................................................................................................................ 87 
4.2 Descrição do perfil Sócio-econômico do empreendimento ............................. 93 
4.3 Descrição do perfil Sócio-econômico do empreendimento ........................... 102 
4.4 Fatores que limitam ou restringem a adesão da prática de Responsabilidade 
Sócio-ambiental e se essa prática se configura como diferencial competitivo às 
empresas ....................................................................................................... 109 
4.5 Avaliação das ações de Responsabilidade Sócio-ambiental que contribuem para 
o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Turística ................................. 110 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 114 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 116 
APÊNDICES ........................................................................................................ 122 
ANEXOS ............................................................................................................. 127
 14 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Definição do Problema 
 
Considerando o turismo como uma atividade em constante expansão e que, 
cada vez mais se destaca como fundamental ao desenvolvimento de muitos lugares, é 
indispensável realizar um estudo que mostre os aspectos sócio-culturais, ambientais e 
econômicos, meios pelos quais as transações se processam nessa atividade, a fim de 
identificar os reais benefícios trazidos pelo turismo às comunidades receptoras. 
Sabe-se que o turismo traz inúmeras melhorias para as populações locais 
através da economia, alavancando e movimentando a mesma. Assim, pode-se 
destacar como conseqüências dessa atividade: o aumento nas vendas do comércio; 
oportunidades geradas com mais freqüência; melhorias em infra-estrutura urbana e 
turística; geração de renda; aumento do poder aquisitivo da população local; incentivo 
ao desenvolvimento sócio-cultural através de cursos de capacitação oferecidos pelos 
órgãos governamentais ou mesmo por instituições privadas, como o aumento nos 
Cursos Superiores de Hotelaria e Turismo. 
Segundo Teixeira (2003, p.01): 
 
Conforme pode ser visto pelos dados do MEC/SESU/DEDES (2000), o 
crescimento do número de cursos superiores de turismo ou de turismo e 
hotelaria, no Brasil, tem sido impressionante. Segundo dados desse órgão, até 
1998, havia 157 cursos, sendo 119 cursos de Turismo e 38 de Hotelaria/ 
Administração Hoteleira. Em 1999, 39 novos cursos foram autorizados, sendo 
37 de Turismo e dois de Hotelaria/Administração Hoteleira. Em 2000, o 
número voltou a crescer expressivamente, pois 88 novos cursos foram 
autorizados pelo MEC, sendo 69 de Turismo e dezenove de 
Hotelaria/Administração Hoteleira. O total informado por esse Ministério é de 
284 cursos, sendo 225 de turismo e 59 de Hotelaria/ Administração Hoteleira. 
 
Ainda de acordo com Teixeira (2003) dados mais recentes da AssociaçãoBrasileira dos Dirigentes das Escolas de Turismo e Hotelaria – ABDETH, publicados na 
Folha de São Paulo, em 27 de maio de 2001, mostram uma situação muito mais 
dramática. Segundo essa associação, atualmente, 130 instituições oferecem cursos de 
hotelaria e 250 de turismo em todo o país. Em dez anos, no Brasil, o número de cursos 
de hotelaria em nível superior, cresceu 1.757% e o de cursos de turismo, 900%. 
 15 
Dentre outras melhorias que o turismo traz para as populações locais, pode 
ocorrer até mesmo um incentivo à preservação do meio ambiente, maior oferta de 
empregos. Mendes (2007, p. 26) afirma que o dinheiro trazido pelos turistas ajuda a 
movimentar um mercado que fatura mais de 100 bilhões de reais por ano e emprega 
mais de 2 milhões de pessoas no país. 
No entanto, não se pode esquecer que, além dos benefícios que causa na 
economia dos destinos, a atividade turística ocasiona sérios impactos negativos ao 
meio e aos autóctones. Destes, destaca-se o vazamento da economia, em que grande 
parte do dinheiro investido ou gasto nos destinos vai para outros lugares, pois segundo 
dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD (2007), o 
vazamento da receita turística em destinos de países em desenvolvimento chega a ser 
de 80 a 85%. 
Pode-se ainda mencionar, que a oferta de empregos gerada corresponde, 
na maioria das vezes, a cargos operacionais e temporários; que as comunidades 
podem criar certa dependência econômica quanto ao turismo (monocultura); a perda de 
identidade pode ser causada pela falta de sensibilização e pelo choque cultural 
proporcionado pela atividade, onde a população local geralmente não valoriza seus 
costumes e tradições, por aceitarem e adotarem o comportamento dos visitantes como 
estilo de vida, uma vez que é mais interessante, pois é algo novo; e que a degradação 
ao meio ambiente, ao patrimônio histórico, artístico e paisagístico das comunidades 
também tende a aumentar, principalmente, em decorrência de seu mau uso, entre 
outros. 
De acordo com informativo do Jornal Correio da Tarde (2007, p.01) no RN 
vê se claramente exemplos como o Morro do Careca em que o acesso ao topo do 
morro foi proibido há 13 anos, quando turistas e natalenses, devido ao fluxo elevado na 
duna, deram início ao processo de degradação. Localizado no extremo sul da Praia de 
Ponta Negra, o Morro do Careca possui cerca de 80 metros, a intervenção de 
Organizações Não Governamentais, da população e da imprensa, acabou por "obrigar" 
os gestores municipais e estaduais a cuidaram do morro, através da proibição. O 
resultado das constantes escaladas ao morro foi a diminuição da altura da duna, aliada 
 16 
à perda de vegetação. O Morro do Careca consiste em uma área de dunas mista 
formada pela restinga e pelo tabuleiro. 
Sabendo que o turismo é um fenômeno que causa tantos efeitos assim nos 
destinos turísticos e, sendo esses efeitos positivos e/ou negativos, vale ressaltar a 
importância da participação das entidades que compõem o trade turístico1, ou seja, 
empresas de turismo, tais como: Empreendimentos Hoteleiros, Planejadores e 
Gestores turísticos, Órgãos Governamentais e a Iniciativa Privada como um todo, na 
construção de uma atividade socialmente e ambientalmente correta para que, dessa 
forma, percorra um caminho tão esperado rumo ao Desenvolvimento Sustentável. 
Para que esse turismo sustentável ocorra, é interessante que a participação 
dos empresários do setor turístico, em especial os do ramo da hotelaria, seja de 
maneira atuante e integrada, buscando oferecer aos seus clientes um produto 
socialmente responsável, e aos autóctones ou comunidade receptora um retorno por 
usufruir dos bens patrimoniais existentes na localidade. 
Seria uma das alternativas cabíveis a esta realidade, reparando algum dano 
causado a essas comunidades, uma vez que, instalada na localidade a empresa tende 
a diminuir a qualidade de vida dos moradores quando utiliza os recursos da 
coletividade para benefício próprio e não se importa em preservá-los e conservá-los, 
como, por exemplo, o ecossistema que abrange a Via Costeira da Cidade do Natal é 
um ambiente frágil e nenhum estudo de impacto ambiental foi feito, o que causou 
polêmica na sociedade da época e, a Via Costeira só foi saneada recentemente com 
recursos do PRODETUR/RN I. 
Além disso, a empregabilidade da população circunvizinha não ocorreu com 
a implantação desses hotéis, uma vez que atualmente se configuram como bairros 
carentes de educação e infra-estrutura. Especialmente o Bairro de Mãe Luiza que se 
configura como Área Especial de Interesse Social – AEIS, em que fica claro no art. 25 
capítulo III item 4.1 do Processo de revisão do Plano Diretor de Natal, que se configura 
como tal, entre outras coisas por ter problemas como: a falta de infra-estrutura básica 
 
1
 Trade turístico: é o conjunto de agentes, operadores, hoteleiros e prestadores de serviços turísticos. Fonte: 
Wikipédia, a enciclopédia livre. 
 
 17 
como água encanada, saneamento básico, coleta regular de lixo, dentre outros. 
(SEMURB, 2004). 
Segundo TRIGO (2003, p.1), o Brasil precisa, nessa nova fase da 
articulação do turismo, de cursos técnicos e superiores de tecnologia adaptados às 
diversas realidades regionais e necessidades do país. Segmentos como turismo rural, 
cultural, étnico, esportivo, entretenimento, gastronomia etc. Precisam de profissionais 
de nível médio ou tecnológico para operacionalizar e implantar projetos. 
Especialmente para a área da hotelaria, observa-se a importância de se ter 
um grau de formação considerável para atuar no setor. Principalmente quando se 
atesta que a hotelaria gera um volume de resíduos enorme e é preciso ter profissionais 
qualificados e capacitados para a destinação correta desses resíduos, entre outras 
demandas. Além do mais, a coleta de lixo na via costeira é precária, segundo dados 
obtidos no próprio estudo. 
Para LEMOS, SCHENINI e SILVA (2004, p. 20) 
 
A conscientização ambiental para hotéis é um processo global e de longo 
prazo e compete a cada empresa fazer a sua parte. A ISO 14001, possui uma 
proposta ambiental racional, como também de responsabilidade social, onde 
é possível reduzir o impacto ambiental e ao mesmo tempo preservar o meio 
ambiente de forma sustentável. A aceitação da responsabilidade ambiental 
pressupõe a tomada de consciência, pela organização, de seu verdadeiro 
papel. O simples fato de separar o lixo reciclável do não reciclável, de apagar 
a luz, de arrumar uma torneira que está pingando, entre outras atividades, se 
toma tão importante como projetar a infra-estrutura orientada para a 
preservação do meio ambiente. 
 
É notório que os benefícios econômicos não devem ser esquecidos, mas 
quando se fala em desenvolvimento sustentável, precisa-se levar em conta o bem estar 
da população e garantir um futuro para as demais que ainda virão, ou pelo menos, 
pensar dessa forma e “agir em nível local, pois a contribuição é em nível global”. (ECO, 
1992). 
De acordo com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE 
(2001), a indústria do turismo movimenta aproximadamente US$ 30 bilhões, 
respondendo por 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e pela geração de 4,4 milhões de 
empregos diretos e 10 milhões de empregos indiretos. Estima-se que, para cada real 
 18 
gerado em uma atividade ligada ao turismo, dois reais (R$ 2) são produzidos em 52 
outros setores da economia. 
Dentre os setores do turismo que mais movimentam a economia e geram 
emprego e renda, destaca-se a hotelaria que é responsável pela estadia das pessoas e 
por garantir que sua permanência no destino seja, entre outras coisas, confortável. Vê-
se que os meios de hospedagem são imensuráveis em relevância para a continuidade 
da atividade turística nos lugares de interesse, pois sem eles não há fluxo, a infra-
estrutura turística é essencialao desenvolvimento dos destinos, mas para tanto é 
preciso muito investimento e incentivos por parte do poder público, inclusive. 
Dessa forma, entende-se que a responsabilidade de uma gestão correta 
quanto ao meio ambiente e à sociedade também é papel das redes hoteleiras, não 
somente pela representatividade que possuem perante o cenário turístico mundial, mas 
principalmente para dar suporte e embasamento técnico e teórico às ações de 
sustentabilidade existentes no contexto da atividade do turismo como promotora de 
melhorias e condições básicas às pessoas através de oportunidades de inserção. 
Observa-se na tabela 01 que no Rio Grande do Norte o número de pessoas 
que utilizam os serviços de meios de hospedagem é considerável do ponto de vista 
quantitativo, pois mais de 70% escolhem essa opção quando viajam o que faz 
movimentar a economia e desencadeia um efeito cascata em diversos outros setores 
do mercado local. 
 
 Tabela 01 - Perfil do Turista, Natal, 2005 – 2007. 
INDICADORES 
2005 2006 2007 
BRA DMP TOT BRA DMP TOT BRA DMP TOT 
MEIO DE HOSPEDAGEM UTILIZADO 
HOTEL 34,05 13,88 47,93 39,0 59,0 45,2 42,8 63,9 48,4 
APART HOTEL/FLAT 1,56 0,59 2,15 5,0 4,1 4,8 2,0 4,0 2,5 
POUSADA 10,56 3,11 13,67 11,7 12,1 11,8 9,1 9,2 9,1 
CASA/APARTAMENTO ALUGADO 0,88 0,35 1,23 2,0 3,5 2,5 2,6 1,6 2,3 
CASA PRÓPRIA 1,65 0,88 2,53 1,6 5,9 2,9 2,0 3,5 2,4 
PENSÃO/HOSPEDARIA 0,18 0,03 0,21 0,8 1,2 0,9 0,5 0,1 0,4 
CASA DE PARENTES E AMIGOS 28,17 1,20 29,37 35,9 8,5 27,5 38,2 9,2 30,5 
CAMPING 0,12 0,00 0,12 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 
ALBERGUE 0,29 0,24 0,53 0,8 1,0 0,8 0,9 1,6 1,1 
OUTROS MHS OU NA/NS 1,59 0,11 1,70 2,3 4,0 2,8 1,6 6,8 3,1 
NÃO RESPONDEU 0,49 0,07 0,56 0,9 0,7 0,8 0,3 0,1 0,2 
TOTAL 79,54 20,46 100,00 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 
 Fonte: Pesquisa Demanda Turística – Natal. 2005 – 2007, SETUR-RN. 
 19 
Outro dado que apresenta significância no tocante à participação do turismo 
e da hotelaria na economia local, se revela na Tabela 02 que mostra o Fluxo Turístico 
Global de brasileiros e estrangeiros no Rio Grande do Norte nos anos de 2006 e 2007. 
Nessa tabela pode-se entender o porquê a hotelaria do estado deve se preocupar e ser 
mais ativa quanto ao quesito sócio-ambiental para pessoas (mesmo que apenas 
hóspedes) e lugares, já que mais de quatro milhões de pessoas visitaram o estado 
nesses dois últimos anos, números consideráveis para o turismo num estado que 
desaponta para esse novo segmento de forma incipiente ainda se comparada com 
outras capitais brasileiras. 
 
Tabela 02: Estimativa do Fluxo Turístico Global do Rio Grande do Norte, 2006 e 2007. 
 
 
2006 VAR(%) 2007 VAR(%) 
DISCRIMINAÇÃO FLUXO % 06 05 FLUXO % 07 06 
NATAL 
 BRASILEIROS 1.147.221 83,54 5,63 1.155.009 85,48 0,68 
ESTRANGEIROS 226.012 16,46 -16,19 196.118 14,52 -13,23 
TOTAL 1.373.233 100,00 1,29 1.351.127 100,00 -1,61 
RIO G. DO NORTE 
BRASILEIROS 1.887.718 86,32 8,64 1.923.974 88,26 1,92 
ESTRANGEIROS 299.162 13,68 -13,08 255.951 11,74 -14,44 
TOTAL 2.186.880 100,00 5,05 2.179.925 100,00 -0,32 
 
FONTE: SETUR - RN 
 
Analisando o contexto exposto anteriormente, apresenta-se como finalidade 
desenvolver um estudo que possibilite uma base concreta acerca dos trabalhos 
desenvolvidos pelas empresas junto a ações capazes de beneficiar a comunidade, o 
meio ambiente, os turistas e visitantes e até mesmo os próprios gestores, pois, 
sabendo que o mercado está cada vez mais exigente, pode-se identificar uma maior 
aceitação do produto e um aumento no grau de satisfação dos clientes quando a 
empresa pratica alguma ação social ou ambientalmente responsável. Dessa forma, 
observa-se que o comprometimento das empresas com os valores sociais e éticos da 
coletividade pode tornar-se um diferencial competitivo aos empresários do setor. 
Contudo, investir em capacitação e qualificação, dando condições de 
trabalho e de assistência adequadas, preservar o entorno onde se insere o 
empreendimento respeitando os limites e a capacidade de carga do meio, dentre 
 20 
outros, são elementos que necessitam de muito investimento, comprometimento e 
ética, inclusive. Esta última de acordo com o Minidicionário Aurélio (1993), se entende 
como a postura adotada pelos indivíduos diante da vida e do outro, abrangendo fatores 
internos e externos ao homem, ou melhor, a ética entendida pelo senso comum como 
ciência da moral, é um fator que depende de características e ações próprias para 
acontecer. Este conceito está intrinsicamente ligado à forma como cada ser humano se 
relaciona com o mundo e com si próprio, o que acarreta na percepção de uma gestão 
sócio-ambientalmente responsável como algo extremamente complexo num mundo 
capitalista como o que vivemos. 
Dentro dessa perspectiva, Ashley (2003) acredita que a responsabilidade 
social nasceu com o intuito de garantir respeito e admiração por parte das pessoas, 
sejam elas consumidores ou não. Estes aspectos podem ser consolidados a partir da 
influência que inferem nas atividades desenvolvidas pelas empresas, a fim de 
minimizar possíveis danos ao meio ambiente e à sociedade localizada em seu entorno, 
mais especificamente. 
A maioria dos instrumentos políticos se preocupa em controlar ou reduzir 
esse impacto ambiental das empresas e, em alguns casos, respeitar ou reavivar os 
sinais visíveis da cultura local. Porém, o desafio maior consiste em encontrar 
mecanismos apropriados para integrar as considerações econômicas – trazendo 
benefício econômico em longo prazo para todos – e sociais – visando à igualdade 
social – no desenvolvimento turístico. Isto é especialmente complexo no âmbito 
empresarial, mesmo que já existam iniciativas que tenham em conta a 
responsabilidade social das empresas em outros setores, como por exemplo, o setor 
industrial. 
A sustentabilidade é crucial ao desenvolvimento de uma atividade como o 
turismo, pois ele se torna auto-destrutivo à medida que não passa por um controle, um 
planejamento, um monitoramento, uma continuidade de um uso adequado, 
principalmente de seus atrativos naturais e culturais. Por essa razão, a 
responsabilidade sócio-ambiental a ser destacada nos empreendimentos hoteleiros 
torna-se um importante objeto de sustentação, ou melhor, de sustentabilidade à 
 21 
progressão do turismo como promotor de um desenvolvimento que traga melhorias a 
todos. 
Assim, o atual estudo tem como problema de pesquisa a seguinte pergunta: 
Os Meios de Hospedagem localizados na Via Costeira em Natal/RN podem ser 
considerados como organizações social e ambientalmente responsáveis? 
 
1.2 Justificativa 
 
A atividade turística vem ganhando cada vez mais destaque, principalmente 
por ser uma atividade que movimenta a economia e faz gerar emprego e renda, 
permitindo o desenvolvimento das localidades onde acontece e que vêm acompanhada 
de muitas transformações sociais, políticas, econômicas, ambientais e culturais, como 
já observado anteriormente. Assim sendo, é fundamental visualizar os conseqüentes 
impactos que são causados por essa atividade, sejam eles positivos ou não, 
principalmente na comunidade receptora. 
Partindo dessa análise, tem-se como principal ponto de partida a 
necessidade de colocar em pauta um estudo que envolva a proteção e preservação 
dos bens naturais e humanos que sofrem diretamente os impactos da atividade 
turística, de modo que as futuras gerações possam usufruir o que hoje usufruímos. 
Esse conceito citado diz respeito ao desenvolvimento baseado nos moldes da 
sustentabilidade. 
Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – 
CMMAD da Organização das Nações Unidas – ONU (1991, p. 46), o desenvolvimento 
sustentável é aquele que “atende às necessidades presentes sem comprometer a 
possibilidade de as gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. 
Com isso, os bens seriam utilizados, mas de forma tal que não setornassem escassos, 
preservando a identidade e a diversidade, determinantes peculiares de qualquer 
destinação turística, principalmente, estando estes protegidos da degradação devido ao 
uso indevido com o tempo e com o desenvolvimento de uma atividade como o turismo. 
Para isso, têm-se como objeto de estudo, os hotéis da Via Costeira (Ver 
anexo A), uma vez que estão situados entre dois ambientes naturais e de extrema 
 22 
importância para a atividade turística e a população local, que são: a Praia de Barreira 
d`água (praia da via costeira) e o Parque Estadual Dunas do Natal, ou melhor, Parque 
das Dunas que, por sua vez, concentra a segunda maior floresta urbana do País e é, 
portanto, Área de Preservação Ambiental, tendo de acordo com a Lei Estadual Nº 
7.237 de 22 de novembro de 1977 sido considerado como a primeira Unidade de 
Conservação criada no Estado do Rio Grande do Norte. 
A partir de uma análise desse contexto social em que a atividade turística 
está inserida, uma vez que essa atividade tem relação direta na comunidade, surge, 
juntamente com o desenvolvimento sustentável, a atuação dos empreendedores da 
área no sentido de inserir a comunidade local no processo de desenvolvimento da 
atividade. Essa inserção social pode ocorrer através da criação de empregos diretos, 
ou da melhoria na infra-estrutura, entre outras ações, que venham a contribuir 
primordialmente para o bem-estar da população local. 
Portanto, essa atuação das empresas na localidade é fundamental ao 
desenvolvimento da atividade e da comunidade onde se encontra instalada, de modo 
que o papel das mesmas não se restrinja ao lucro gerado. É necessário que haja um 
engajamento entre sociedade, turismo e empresas privadas para que cada um possa 
contribuir ao sustento e fomento do todo. 
Ultimamente, tem-se observado que cada vez mais as empresas estão 
interessadas em tratar o desenvolvimento de forma sustentável, pois já existe uma 
consciência da importância de se fazer isso a nível mundial, especialmente nos países 
desenvolvidos. 
Conforme Antonik e Martins (2005, p. 02) 
 
Tem-se verificado que cada vez mais as empresas estão se empenhando em 
transparecer sua sustentabilidade, por meio da adoção de medidas na área 
sócio-ambiental, dentro e fora de suas instalações, tentando se mostrarem 
mais transparentes e receptivas ao diálogo com a sociedade. Essas ações 
são resultados da percepção de fatores econômicos, sociais e políticos, tais 
como democratização, diminuição do papel do Estado, maior atuação da 
mídia e conscientização da sociedade civil. 
 
Resta saber se no Rio Grande do Norte, as empresas de turismo, em 
especial a rede hoteleira da Via Costeira, também estão conscientes do papel que 
 23 
podem desempenhar nas localidades onde estão inseridas. O desenvolvimento 
sustentável e a responsabilidade social e ambiental devem ser vistos por essas 
organizações como essenciais ao seu crescimento, pois se sabe que os recursos 
naturais, juntamente com os sócio-culturais, nos quais estão acoplados toda a atividade 
turística, podem acabar, serem profundamente alterados e, assim, se não houver um 
planejamento adequado dos usos, o turismo pode simplesmente sucumbir. É 
justamente nesse cenário que a presença das ações desenvolvidas em conjunto com 
os demais agentes do turismo podem fazer a diferença num futuro não muito distante. 
Faz-se, portanto, urgente a necessidade de se pensar num turismo 
responsável, de acordo com Lemos (1995, p. 165): 
 
Mesmo o turismo responsável tem o potencial para tornar-se uma expressão 
tangível de desenvolvimento do turismo sustentável. Contudo, corre o risco de 
permanecer irrelevante e inepto, como política viável para o mundo real do 
desenvolvimento do turismo, se não houver os meios efetivos para transformar 
a idéia em ação. 
 
As empresas turísticas precisam estar engajadas e envolvidas em todo o 
processo, visando ao benefício de todos. A responsabilidade social emerge, nesse 
contexto, como uma das alternativas encontradas por muitas empresas para o 
desenvolvimento sustentável da atividade turística que se pretende no futuro, 
constituindo as bases para uma gestão eficiente e eficaz no processo de inserção 
social, econômica, política e cultural, um elo entre sociedade e órgãos privados. 
Avaliar o comprometimento ou mesmo a contribuição dessas organizações, 
em maior ou menor amplitude no que se refere à melhoria na qualidade de vida da 
população local, é importante tanto para a visão da empresa perante o mercado, 
quanto para os próprios empresários que ganham, entre outras coisas, a empatia da 
população local, incentivos do governo, além de atrair um maior número de turistas 
para seu empreendimento por agregar valor à imagem de sua empresa, uma vez que a 
importância crescente atribuída ao reconhecimento das iniciativas das empresas em 
áreas sociais é um indicador de que a prática social tende a estar cada vez mais 
presente no meio empresarial brasileiro (ASHLEY, 2003, p. 75). 
De forma mais abrangente, Lemos (1995) acredita que com a adesão da 
responsabilidade sócio-ambiental, os estabelecimentos se tornariam mais competitivos 
 24 
e garantiriam uma boa imagem no mercado e na sociedade como um todo, além de 
contribuírem com o desenvolvimento local possibilitando, inclusive, a inserção social 
nesse processo. Pois, conscientizados da importância de desenvolver programas de 
responsabilidade social, os empreendedores turísticos ganhariam muito mais do que se 
nada fizessem. Dentre as observações citadas e, principalmente, abrangendo a 
responsabilidade social como parte da gestão estratégica organizacional e 
administrativa, as empresas estariam dando um salto rumo ao desenvolvimento de um 
conjunto de fatores, em que se pode mencionar: um incremento no movimento de sua 
organização, bem como o desenvolvimento de um turismo sadio, responsável e mesmo 
mais justo para a sociedade em si. 
Lemos (1995) diz ainda que uma das características do empreendedor não é 
apenas ser determinado em relação aos seus negócios, mas também desenvolver uma 
capacidade de determinação no seu estado de entusiasmo e seus efeitos sobre os 
demais. O empreendedor, além de ter confiança e motivação próprias, deve ser um 
exemplo daquilo que vende, oferece ou orienta. O empreendedorismo permite 
favorecer não apenas negócios, mas também algumas questões relativas à sociedade, 
buscando enfatizar, nessa discussão, que negócios e sociedade não são dissociados, 
apenas distanciam-se, principalmente na aplicabilidade dos interesses. Portanto, à 
medida que o empreendedorismo envolve a responsabilidade social, pode estimular 
desafios e propostas que revolucionem todo o contexto social. 
Diante dessa realidade, aponta-se uma possibilidade otimista no tocante à 
mudança de mentalidade dos empreendedores envolvidos no turismo, com o intuito de 
motivar discussões sobre essa temática pouco difundida e promover ações que 
busquem uma conscientização por parte desses gestores. 
A partir desse estudo, pretende-se desenvolver programas de capacitação 
para que os gestores turísticos despertem a consciência de que a responsabilidade 
social e ambiental é algo extremamente positivo tanto para a empresa como para a 
comunidade local, ajudando a desenvolver um turismo sustentável ou pelo menos, 
responsável para os que dele participam. 
E ainda, despertar a consciência de que todos são responsáveis pela 
melhoria na qualidade de vida uns dos outros, principalmente o empreendedor que, 
 25 
segundo Pereira (2001) é o resultado de uma ação individual realizada em meio ao 
movimento constante das necessidades, valores e conhecimentos da sociedade. 
Para que haja desenvolvimento, é preciso uma série de fatores, no turismo 
esses fatores estão relacionados à forma como é planejado e conseqüentemente 
executado. Assim sendo, empresas e atividade devem estar aliados tendo como 
objetivofinal a sustentabilidade dos recursos e dos negócios que geram e mantêm o 
bom funcionamento do turismo, basicamente cultura e natureza. 
Com essa análise, percebe-se a relevância da responsabilidade sócio-
ambiental como ferramenta extremamente eficiente e promotora de condições 
favoráveis à realização desse desenvolvimento, pois traz, ao mesmo tempo, benefício 
econômico, social e ambiental para os envolvidos no processo, tais como a inserção da 
população local no mercado de trabalho, o que provavelmente, contribui para a 
diminuição das desigualdades existentes. Assim como, pode-se valer do uso de 
políticas de educação ambiental dentro e fora do estabelecimento, com colaboradores 
e clientes, respectivamente. O intuito é disseminar a importância da preservação e da 
conservação dos recursos para a continuidade da atividade e geração de uma melhor 
qualidade de vida a todos. 
O fato da escolha do tema se deveu à preocupação da autora para com os 
rumos da atividade turística na Cidade do Natal, uma vez que os empresários turísticos 
também fazem parte da cadeia desse segmento econômico e, por essa razão, não 
podem ficar de fora dos assuntos e planejamentos que envolvam o destino de uma 
atividade como o turismo. 
Além de estarem privilegiadamente localizados (entre a Praia de Barreira 
d´água e o Parque das Dunas), os hotéis da Via Costeira de Natal são considerados 
como os de maior porte no estado em função do número de leitos que possuem 
(SETUR), representando um segmento que possui todos os ingredientes necessários à 
implantação de práticas sociais e ambientais politicamente corretas na Cidade do 
Natal. 
Além disso, a proximidade destes hotéis com o bairro de Mãe Luiza (bairro 
pobre de Natal) acentua as desigualdades sociais existentes nesse trecho, o que leva a 
um só questionamento: De que modo os hotéis da Via Costeira podem contribuir para a 
 26 
redução desses entraves? O Bairro de Mãe Luiza fica localizado numa área nobre de 
Natal e não tem estrutura física, nem oferece condições básicas de saúde, educação e 
moradia à população lá residente. 
Enquanto que, por outro lado, hotéis de luxo situam-se muito próximos desta 
realidade, então, por que os gestores desses empreendimentos não poderiam ajudar, a 
fim de amenizar as carências desses menos favorecidos, dando-lhes ao menos 
oportunidades de emprego ou praticando doações, fornecendo cursos, palestras, entre 
outros? 
A partir dessas inquietações, é interessante ressaltar que a responsabilidade 
sócio-ambiental é o conjunto de ações desenvolvidas pelos empresários para a 
melhoria na qualidade de vida local e que, eles não são obrigados por lei (apenas as 
organizações de grande porte) a realizar essas atividades sociais, mas que também 
não adianta achar que isso é tarefa apenas do governo, num país subdesenvolvido 
como o Brasil, onde a realidade é assustadora, na maioria das vezes. 
Ser solidário, retribuir à população local por usufruir de seus bens naturais e 
patrimoniais para promover o desenvolvimento de uma atividade que traz seu sustento 
e o de sua empresa, não deve ser encarado como uma obrigação pelos empresários 
do setor turístico, especialmente os hoteleiros ou gestores da via costeira de Natal/RN 
e sim como uma real necessidade em operar com base num desenvolvimento 
responsável e sustentável para a maioria, o que beneficia se não a ele de forma direta, 
pelo menos, ao lucro que adquire a partir da existência de recursos humanos e naturais 
da localidade em que está inserido o empreendimento, fazendo com que o mantenha 
de portas abertas. 
No entanto, entende-se que essa é uma temática pouco difundida no setor 
turístico e que a responsabilidade sócio-ambiental está cada vez mais sendo vista 
como diferencial e instrumento de promoção de um desenvolvimento sustentável, 
buscado por todos os setores da economia, da sociedade e do meio ambiente na 
atualidade. Assim, o estudo é relevante para futuras pesquisas na área, contribuindo 
para o inicio de um assunto que ainda trará muitos questionamentos. 
 
 
 27 
1.3 Objetivos 
 
1.3.1 Objetivo Geral 
 
Analisar se os Meios de Hospedagem localizados na Via Costeira em 
Natal/RN podem ser considerados como organizações social e ambientalmente 
responsáveis, bem como a importância dessa prática na visão de seus gestores. 
 
1.3.2 Objetivos Específicos 
 
A) Descrever o Perfil sócio-econômico-ambiental e o nível de conhecimento 
e percepção da Responsabilidade sócio-ambiental dos gestores das empresas do setor 
hoteleiro da via costeira; 
B) Descrever o perfil Sócio-econômico dos empreendimentos hoteleiros da 
via costeira de Natal/RN; 
C) Identificar e caracterizar os tipos de ações de responsabilidade social 
praticadas por empresas situadas na Via Costeira em Natal; 
D) Identificar os fatores que limitam ou restringem a adesão da prática de 
Responsabilidade Sócio-ambiental e se essa prática se configura como diferencial 
competitivo às empresas; 
E) Avaliar até que ponto as ações de Responsabilidade Sócio-ambiental 
contribuem para o Desenvolvimento Sustentável da Atividade Turística. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 28 
2 RESPONSABILIDADE SÓCIO-AMBIENTAL NO TURISMO 
 
2.1 Turismo e Ética 
 
O mundo passa por intensas mudanças sociais, culturais, econômicas e, 
principalmente ambientais atualmente e, nota-se que tem aumentado o nível de 
preocupação com o futuro do Planeta enquanto lugar seguro e saudável ao homem. 
Em meio a esse processo, o turismo se destaca, por se tratar de uma atividade que 
gera fatores consideráveis de desenvolvimento. Porém, não se pode esquecer das 
ameaças e danos agregados, fatores estes que desencadeiam a urgente necessidade 
de um planejamento para se conduzir a atividade favoravelmente. 
O conceito de turismo adotado pela Organização Mundial do Turismo - OMT 
(1995), atualmente o caracteriza como um fenômeno social que consiste na saída 
temporária do seu habitat natural de indivíduos ou grupos de pessoas em busca de 
lazer, cultura, descanso, saúde, gerando múltiplas inter-relações de importância social, 
econômica e cultural. 
Brunt e Courtney (1999 apud ARAÚJO, 2003) enfatizam sobre a 
necessidade de ponderar esses fatores sociais e culturais desenrolados no decorrer da 
atividade turística, principalmente durante o processo de planejamento, objetivando 
incentivar os benefícios e retrair as ameaças e prováveis danos. O turismo é uma 
atividade que depende da exploração dos recursos existentes tanto na natureza quanto 
na sociedade para ocorrer, merecendo especial atenção no que se refere à 
necessidade de se elaborar um planejamento sustentável e consistente que possibilite 
o desenvolvimento sócio-econômico desses destinos. 
No entanto, o que se percebe é a falta de interesse em preservar os 
recursos, principalmente por parte dos turistas/visitantes, de modo que impera uma 
degradação gerada pela superficialidade nas relações com a natureza e com as 
comunidades locais na vivência entre eles. Zacarelli (1984 apud ARAÚJO, 2003) 
comenta sobre os eventuais danos que o turismo pode causar, especialmente naqueles 
países do terceiro mundo, onde o turismo é visto como aliviador da pobreza. Contudo, 
é imprescindível que tanto os órgãos públicos quanto as empresas privadas alertem 
 29 
para os riscos e impactos negativos que as populações locais estão sujeitas a sofrer. 
Assim, é essencialmente importante preservar e/ou resguardar o patrimônio das 
comunidades, para que não percam sua autenticidade nem sejam descaracterizadas 
social e ambientalmente pelo manejo inadequado do turismo. 
Para tanto, para que esses órgãos tomem como relevantes tais fatores 
advindos da atividade turística, necessita-se de uma mobilização no sentido de 
desenvolver ações voltadas para o campo social com vistas ao comportamento ético e 
responsável dos indivíduos e empresas. O estudo da ética no turismo ainda é um tantoincipiente, porém, esse fato está mudando à medida que alguns trabalhos já apontam 
para a estreita relação entre ambos e, mais ainda, a necessidade de se estabelecer um 
parâmetro ante esses complexos e inerentes campos sociais. 
Conceitualmente, Lalande (1996, p.349) discorre sobre Ética como: “A 
ciência que toma por objetivo imediato os juízos de apreciação sobre os atos 
qualificados como bons ou maus”. 
Comportamentos éticos na prestação de serviços turísticos tendem a ser 
importantes ferramentas na gestão das organizações, gerando uma imagem positiva da 
mesma junto ao mercado consumidor, visto que, cada vez mais os indivíduos se 
mostram interessados num turismo social e ambientalmente responsável o que reflete, 
inclusive, nas atitudes que as empresas tomam perante o contexto situacional. 
Sabe se que, a ética se manifesta através dos princípios e valores da 
empresa, levando-a a atitudes sócio-ambientalmente responsáveis, de modo que pode-
se afirmar que não há responsabilidade social sem ética nos negócios. A empresa deve 
seguir uma linha de coerência entre o que difunde e o que faz dentro ou fora dela, ou 
seja, ação e discurso interna e externamente tornam a organização digna de ser como 
realmente é perante todos. 
Conduzir a atividade turística de forma responsável com base num 
planejamento adequado se configura como um obstáculo para os diversos atores 
envolvidos. Por isso, estar apto e disposto a corrigir possíveis danos sociais e 
ambientais é de suma importância ao contínuo dessa atividade nas localidades. De 
forma que a participação das empresas e sua conduta ética possam tornar esse 
processo mais fácil, ou melhor, menos árduo de ser conduzido. Além disso, um 
 30 
importante artifício para essa questão é a existência do Código Mundial de Ética do 
Turismo (Ver anexo B) que já é referência para o desenvolvimento responsável e 
sustentável do turismo mundial. “O Código Mundial de Ética do Turismo busca definir 
padrões éticos de comportamento no campo profissional dos serviços turísticos, de 
forma a estabelecer referências claras e precisas para a atuação dos agentes do 
setor”. (ARAÚJO, 2003, p.107). 
Maximiano (2005, p. 435) com relação à ética e responsabilidade social nas 
organizações, comenta que: 
 
Muito da discussão sobre a ética na administração tem sua origem na opinião 
de que as organizações têm responsabilidades sociais – elas têm a obrigação 
de agir no melhor interesse da sociedade. [...] no contexto da responsabilidade 
social, a ética trata essencialmente das relações entre pessoas. Se cada um 
deve tratar os outros como gostaria de ser tratado, o mesmo vale para as 
organizações. Ética, portanto, é uma questão de qualidade das relações 
humanas e indicador do estágio de desenvolvimento social. 
 
A Ética apontada no estudo do turismo tem sido um fator de levantamento 
de discussões o que tem gerado críticas, e mesmo contenda, acerca da gestão dessa 
atividade, como também a necessidade de garantir aos cidadãos ou população local os 
direitos sociais que lhes são atribuídos. Sem dúvida, as empresas que procuram se 
destacar ante esses aspectos, (éticos e sociais) adotando em suas organizações 
posturas responsáveis e, serviços de qualidade estarão contribuindo para o 
desenvolvimento das comunidades e do meio onde estão inseridas. 
 
2.2 Desigualdade Social 
 
Entende-se a desigualdade social como um fenômeno que acontece quando 
a renda é má distribuída e a maior parte dessa renda se concentra nas mãos de 
poucas pessoas que já tem condições financeiras suficientes para sobreviver, não 
deixando muitas opções para os demais, no caso, a grande maioria. No Brasil a 
desigualdade social é uma das maiores do mundo, de acordo com o relatório do PNUD 
(2003), o país ocupa hoje, a 10ª posição no ranking dos mais desiguais do mundo 
numa lista com 126 países e territórios. 
 31 
O mesmo relatório aponta que o coeficiente de Gini, parâmetro 
internacionalmente usado para medir a concentração de renda, no Brasil caiu de 0,593 
em 2003 para 0,580 em 2006, sobre o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH em 
177 países. O IDH é a síntese de quatro indicadores: Produto Interno Bruto – PIB per 
capita, expectativa de vida, taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais de 
idade e taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino (relação entre a população em 
idade escolar e o número de pessoas matriculadas no ensino fundamental, médio e 
superior). 
Ainda de acordo com o relatório, em 2003 no Brasil 46,9% da renda nacional 
concentrava-se nas mãos dos 10% mais ricos. Enquanto que os 10% mais pobres 
ficavam com apenas 0,7% da renda. No relatório de 2006, esses números passaram 
para 45,8% da renda para os mais ricos e apenas 0,8% dessa renda ficou para os mais 
pobres. Índices considerados altíssimos, mas que apresentaram redução, o que já é 
um passo importante para a diminuição da desigualdade e da pobreza no país. 
Uma simulação do PNUD revelou também que a transferência de 5% da 
renda dos 20% mais ricos do país para os mais pobres seria capaz de retirar 26 
milhões de pessoas da linha da pobreza e reduzir a taxa de pobreza de 22% para 7%. 
Esses dados foram apresentados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano – RDH 
de 2006 mostrando o Brasil como exemplo de melhoria na distribuição de renda. 
Segundo o documento, nos últimos cinco anos, o país tem combinado um sólido 
desempenho econômico com declínio na desigualdade de rendimentos e na pobreza. 
Apesar de os progressos terem permitido que o indicador brasileiro 
superasse o colombiano, duas colocações foram ganhas graças à intensa ampliação 
do fosso de renda entre pobres e ricos na Bolívia e à entrada do Haiti no ranking, 
revela o relatório. 
 
2.2.1 O Rio Grande do Norte e a Pobreza 
 
O Rio Grande do Norte é um Estado que possui inúmeras peculiaridades 
que o tornam privilegiado como, por exemplo, sua estratégica posição geográfica, além 
de ter ainda do ponto de vista físico, características inerentes a qualquer outro, pois 
 32 
limita-se ao Norte e a Leste com o Oceano Atlântico; ao Sul com o Estado da Paraíba e 
a Oeste com o Estado do Ceará. Abrangendo uma área de 52 796,79 km², o que 
corresponde a 0,62% do território nacional, segundo dados do IDEMA/RN (2001). 
Dados sociais do Instituto de Desenvolvimento Econômico e do Meio 
Ambiente – IDEMA/RN, apontam que o Estado possui 2.776.782 habitantes, 
concentrando 2.036.673 na área urbana, o que significa 73,35% de sua população 
total. Observa-se que a população rural do Estado, que até a década de 70 era 
superior à urbana, atualmente equivale somente a 26,65% desta população. Enquanto 
a população urbana quase triplicou nos últimos 30 anos, a rural foi reduzida de 812,9 a 
740,1 mil habitantes no mesmo período. A série histórica revela uma migração 
crescente campo-cidade a partir de 1970, sendo que no período 1991-2000 esse 
fenômeno ocorreu de forma mais lenta, provavelmente em decorrência de alguns 
programas de assentamento rural, que incentivam e viabilizam a permanência do 
homem no campo. 
Com relação aos aspectos econômicos, ainda de acordo com o IDEMA, o 
Rio Grande do Norte vem se consolidando como um pólo de desenvolvimento baseado 
em várias vertentes. Na agricultura, através da fruticultura irrigada; na pesca, através 
da carcinicultura; na pecuária através da caprinovinocultura; na extração mineral que 
reúne a produção de sal, petróleo, gás natural, calcáreo e outros minerais; no setor 
têxtil que vem passando por um período de crescimento em suas atividades; e 
finalmente no turismo que é a atividade que mais tem divulgado o Estado no país e no 
exterior e gerado empregos e renda. 
Diante dessa realidade, nota-se que do ponto de vista físico, social e 
econômico, o Estado possui inúmeras condições sejam elas físicas ou econômicas que 
podem possibilitar ou viabilizar uma garantia ao sustento de sua populaçãode forma 
satisfatória. No entanto, de acordo com o Banco Mundial (2003) o índice de proporção 
de Pobres no Rio Grande do Norte é de (50,63%) e a Intensidade da Pobreza é de 
(52,03%), o que mostra a grande ocorrência de pessoas vivendo na linha da pobreza, 
sem condições de consumir a dieta nutricional básica que é de 2.880 calorias por dia. 
De acordo com o Programa Alimentar Mundial – PAM (2004), mais de 800 
milhões de pessoas passam fome; estima-se que a fome mata todos os dias 25.000 
 33 
dessas pessoas, ou seja, uma pessoa de 3,5 em 3,5 segundos, que se acrescentam 
aos 400 milhões que morreram já de fome nestes últimos 50 anos (o equivalente à 
soma das populações dos EUA, da Alemanha e da França). Isto significa que morre 1 
criança de 5 em 5 segundos, ao mesmo tempo que são desperdiçadas perto de 12 
toneladas de comida. Desses 800 milhões, cerca de 60 milhões estão em risco 
iminente de morrer à fome em todo o mundo; são os famintos, que morrem se não 
receberem ajuda alimentar de emergência. Os restantes são pobres, que não 
conseguem escapar à pobreza e cuja principal preocupação é arranjar comida para a 
refeição seguinte. 
Todavia, cabe analisar a pobreza existente em determinada região a partir 
do grau de desenvolvimento sócio-econômico que a mesma apresenta, pressupondo 
que deva ir além da geração de emprego e renda, estabelecendo principalmente uma 
relação com a perfeita distribuição dessa riqueza gerada pelas atividades econômicas, 
para que desta maneira possa diminuir a miséria. 
 
2.2.2 O Turismo pode contribuir para a diminuição da Pobreza no Estado? 
 
De acordo com Dantas (2005) o turismo no Rio Grande do Norte não trouxe 
um aumento significativo com relação à redução da pobreza, os dados mostram que o 
crescimento econômico não é capaz de promover o desenvolvimento social. 
De acordo com essa análise, observa-se que é relevante a participação de 
diversos setores da sociedade interagindo entre si, em especial o trade turístico a fim 
de colaborar com a promoção de um turismo melhor e mais inclusivo. Para Dantas 
(2005, p. 154) “nenhuma atividade econômica pode ter um fim em si mesma; logo, o 
turismo não tem valia enquanto não promover a equalização social e a expansão das 
oportunidades e capacidades humanas, tanto dos visitantes como dos visitados”. 
Partindo desse pressuposto, podem os mercados/empresas trabalhar para os pobres? 
Ou melhor, contribuir para o desenvolvimento através de uma gestão que alie a 
inclusão social e o meio ambiente ao lucro? 
As companhias do setor turístico, especialmente as hoteleiras, poderiam 
ajudar as pessoas a tornar seus meios de vida mais sustentáveis com a criação de 
 34 
oportunidades para que possam obter as ferramentas necessárias para terem boa 
saúde, mais segurança, educação de qualidade e serem mais economicamente ativas. 
Elas também podem ajudar a desenvolver mercados locais e habilitar os pobres a se 
tornarem participantes ativos nesses mercados como fregueses, empreendedores ou 
mesmo consumidores. Já que a atividade por si não reduz a pobreza no estado ou, 
pelo menos, não como se esperava. 
Segundo a WBSCD (2007), as empresas que estão desenvolvendo novos 
mercados, novos fregueses e fornecedores têm rebaixado a pirâmide econômica e tem 
ganhado vantagem sobre as outras. Elas aprendem a operar nesses novos mercados 
e, deste modo melhoram sua reputação a partir de uma vantagem competitiva em que 
se aponta como exemplo, aqueles países que se tornaram ricos e consequentemente 
mais oportunidades de negócios apareceram. 
No caso da atividade turística desenvolvida no Estado do Rio Grande do 
Norte, pode-se dizer que a geração de empregos e renda é algo bem perceptível se 
considerado os números e as estatísticas apresentados, a exemplo da tabela abaixo 
que mostra a pauta de exportação (receita turística x produtos exportados) em U$ no 
ano de 2004. Onde quatro áreas econômicas bastante significativas no Estado foram 
analisadas, que são: o Petróleo, a Carcinicultura, a Fruticultura (melão e castanha de 
caju) e a Atividade Turística. 
 
Tabela 03: Receita turística x Produtos exportados no RN em 2004. 
 
PAUTA DE EXPORTAÇÃO (US$) 
 
2004 
Petróleo 284.242.327* 
Camarão 82.601.736 
Melão 45.470.193 
Castanha de caju 32.789.102 
Turismo 416.724.733 
* RN recebe apenas 4% de Royalties 
Fonte: SETUR/RN, 2004. 
 
A tabela 03 mostra o quanto a atividade turística tem se destacado através 
da receita que gera para o estado, representando quase o dobro do total arrecadado 
 35 
pelo petróleo que é tido como um dos principais produtos de exportação do Rio Grande 
do Norte e, o turismo sozinho foi capaz de gerar 46% a mais que esse segmento. 
Para comprovar que o turismo não gerou um aumento substancial apenas 
no ano de 2004, a tabela 04 mostra a receita arrecada nos anos de 2001 a 2006 pelo 
Estado com essa atividade. 
 
Tabela 04 - Estimativa da Receita Turística Total de Brasileiros e Estrangeiros no RN, no período de 
2001 - 2006. (US$1,00) 
DISCRIMINAÇÃO 
GRANDE NATAL 
DEMAIS 
MUNICÍPIOS 
RIO GRANDE DO 
NORTE 
RECEITA % RECEITA % RECEITA % 
 
2001 
BRASILEIROS 142.820.356 66,13 36.712.705 17,00 179.533.061 83,14 
ESTRANGEIROS 30.983.343 14,35 5.436.819 2,52 36.420.162 16,86 
TOTAL 173.803.699 80,48 42.149.524 19,52 215.953.223 100,00 
 
2002 
BRASILEIROS 127.117.209 58,81 46.322.029 21,44 173.439.238 80,25 
ESTRANGEIROS 34.882.823 16,14 7.809.691 3,61 42.692.514 19,75 
TOTAL 162.000.032 74,95 54.131.720 25,05 216.131.752 100,00 
 
2003 
BRASILEIROS 182.252.551 58,99 39.963.920 12,93 222.216.471 71,92 
ESTRANGEIROS 77.716.364 25,16 9.019.263 2,92 86.735.627 28,08 
TOTAL 259.968.915 84,15 48.983.183 15,85 308.952.098 100,00 
 
2004 
BRASILEIROS 215.869.717 51,80 54.717.023 13,13 270.586.740 64,93 
ESTRANGEIROS 132.667.484 31,84 13.470.509 3,23 146.137.993 35,07 
TOTAL 348.537.201 83,64 68.187.532 16,36 416.724.733 100,00 
 
2005 
BRASILEIROS 286.098.507 50,87 79.366.538 14,11 365.465.045 64,98 
ESTRANGEIROS 174.252.733 30,98 22.712.854 4,04 196.965.587 35,02 
TOTAL 460.351.240 81,85 102.079.392 18,15 562.430.632 100,00 
 
2006 
BRASILEIROS 309.237.600 53,43 87.290.586 15,08 396.528.186 68,52 
ESTRANGEIROS 161.064.567 27,83 21.181.783 3,66 182.216.350 31,48 
TOTAL 470.272.167 81,26 108.472.369 18,74 578.744.536 100,00 
Fonte: SETUR/RN, 2006. 
 
 36 
A Receita Turística Global para o Estado no ano de 2006 foi de US$ 
578.744.536, sendo US$ 470.272.167 para a Grande Natal, representando 81,3%, e 
US$ 108.472.369 nos demais municípios turísticos, com 18,7%. 
Pode-se constatar que houve um significativo aumento na arrecadação da 
receita turística do estado, de 2001 a 2006 esse aumento mais que dobrou atingindo a 
casa dos 168%, comprovando que a expansão desses recursos econômicos gerados é 
superior aos das demais atividades. 
A receita turística para o interior do estado apresentou um crescimento de 
59%, em 2006, com relação ao ano de 2004. Com base neste índice a Secretaria de 
Estado do Turismo – SETUR/RN (2006) estimou de forma conservadora uma taxa de 
crescimento em torno de 30%, até o ano de 2011. 
Se analisados esses dados juntamente com a idéia de que o 
desenvolvimento econômico gera renda, além de empregos, poder-se-ia constatar que 
a atividade turística pode sim contribuir para a diminuição da pobreza no Estado, já que 
é geradora de inúmeros benefícios na economia, como observado logo acima. 
No entanto, na prática não é bem assim que ocorre, pois considerando que 
haja mais de metade da população vivendo em condições de pobreza no Estado, como 
relata o Banco Mundial (2003), o turismo não atinge tão diretamente essas pessoas, 
uma vez que os índices de pobreza não se alteram em decorrência do excelente 
desempenho econômico que a atividade turística trouxe e vem trazendo para o Estado 
nos últimos anos. Deve-se salientar que a má distribuição dessa renda e, muitas vezes,as péssimas condições de emprego advindos do turismo podem explicar a não redução 
da pobreza no Rio Grande do Norte aliados, logicamente, a diversos outros fatores que 
influenciam nesse processo. 
Em contrapartida, a inclusão social no turismo deve ser tida como prioridade 
para agentes desse setor, já que se pôde perceber que a má distribuição da renda é 
um dos principais fatores que geram desigualdade no mundo e, mesmo o turismo tendo 
impactos negativos, o que é normal na maioria das atividades econômicas, ele deve 
ser planejado e tido como um aliado no combate às mazelas existentes tanto do ponto 
de vista social como do ambiental. 
 37 
Porém, a desigualdade social e a má distribuição da renda, levam ao 
aumento na proporção de pobres em qualquer lugar do mundo e, a atividade turística 
por si só não deve ser vista como solução para esse fato e sim como um segmento que 
traz contribuições de um modo geral. Restam aos órgãos Governamentais e a 
sociedade, até mesmo os empresários da área, entender esse processo tal como 
sugerido. 
 
2.2.2.1 A Relação entre os hotéis da Via Costeira e a população de Mãe Luiza 
 
Tinoco & Vilaça (2003, p. 03) afirmam que a partir da década de 70 e, 
sobretudo de 80, a ocupação de áreas litorâneas articuladas à atividade turística levou 
à instituição de áreas na cidade com características singulares, de caráter ambiental, 
paisagístico e de grandes potencialidades turísticas, que passaram a ser tratadas de 
maneira diferenciada pela legislação urbanística, sendo incorporadas aos Planos 
Diretores Municipais sob a forma de Áreas Especiais. 
A definição da orla marítima de Natal como Zona Especial de Interesse 
Turístico se deu a partir do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de 1984, quando 
foram instituídas as Zonas Especiais. O Plano Diretor de 1994, por sua vez, instituiu os 
núcleos residenciais de baixa renda como Áreas Especiais de Interesse Social. Nesse 
trecho ocorre uma relação de vizinhança intensa entre as áreas de interesse turístico e 
os bolsões residenciais de baixa renda, alguns já instituídos como Área de Interesse 
Social (AEIS), como é o caso de Mãe Luiza que possui uma população de 
aproximadamente 16.324 habitantes e é um dos bairros de Natal onde se encontram os 
índices mais baixos de renda. (TINOCO & VILAÇA, 2003, p.03). 
O Plano Diretor de Natal (1994) define essas Áreas Especiais de Interesse 
Social como aquelas "destinadas à produção, manutenção e recuperação de 
habitações de interesse social". A ausência de políticas habitacionais, sobretudo a 
ausência da regulamentação dessas Áreas tem causado uma enorme lacuna no que 
diz respeito à ocupação, expansão e tratamento das mesmas, que, conseqüentemente, 
tendem a sofrer processos especulativos em virtude da expansão da atividade turística. 
 38 
Acarretando além desse, outros fatores de ordem social, tais como: aumento 
da violência e prostituição, principalmente pela falta de empregos para essa população 
que vive à mercê desses problemas e, acabam encontrando no turismo oportunidades 
de melhoria que, muitas vezes, aparecem na alta estação da atividade e depois são 
dispensados porque não possuem qualificação nem capacitação suficiente para se 
manterem no mercado e voltam para a marginalização. 
Existem jovens vulneráveis hoje principalmente na classe de baixa renda, 
pois a exclusão social os torna cada vez mais supérfluos e incapazes de ter uma vida 
digna, uma vez que a maioria desses jovens de baixa renda cresce sem ter estrutura 
na família devido a uma série de conseqüências causadas pela falta de dinheiro sendo: 
falta de estudo, ambiente familiar precário, educação precária, alimentação ruim ou 
mesmo a falta dela, entre outros. 
O fato é que, as autoridades são as principais causadoras desse processo 
de desigualdade que causa exclusão e que gera violência. É preciso que pessoas de 
alto escalão projetem uma vida mais digna e com oportunidades de conhecimento para 
pessoas com baixa renda para que possam trabalhar e ter o sustento do lar entre 
outros. 
As empresas turísticas, em especial a rede hoteleira encontrada na Via 
Costeira de Natal por se localizar numa área muito próxima desse bairro (Mãe Luiza) 
especificamente, deveriam inserir essas pessoas no contexto social através do 
mercado de trabalho oferecendo oportunidades de emprego, não o temporário, mas 
dando real chance para que populações como a de Mãe Luiza pudessem se 
desenvolver de forma mais igualitária e justa e consequentemente saindo da zona de 
prostituição e violência, uma vez que já não precisariam mais disso para sobreviver. 
De acordo com essa afirmação, Dantas (2005, p. 153) comenta que: 
 
Muitos investidores se vêem impelidos a investir no Estado não somente pelas 
belezas naturais que o mesmo dispõe, mas principalmente devido à mão-de-
obra barata, já que o lucro do capitalista provém justamente da porção da 
produção não remunerada ao trabalhador. Esse fato remete mais uma vez à 
inadequada gestão estatal da atividade turística, uma vez que poderiam ser 
impostas certas condições ao empreendedor, como a exigência de prover 
qualificação profissional, em parceria com o Estado, ou a elaboração de um 
plano de cargos e salários. 
 
 39 
Averiguar quais seriam os reais interesses dessas empresas nas localidades 
é um tanto difícil, mas é preciso para que sejam tomadas medidas de extrema 
importância a fim de reduzir as mazelas da sociedade que são acentuadas quando tais 
organizações se instalam nos lugares e sugam seus recursos humanos e naturais, mas 
não contribuem para que esse processo traga melhorias à população local. 
O Estado precisa mais do que nunca assumir sua parcela de culpa e 
elaborar, com certa urgência, planos que favoreçam a maioria e não deixar que o 
turismo se torne uma atividade subumana e destrua os bens patrimoniais e ambientais 
da cidade e do estado como um todo, acreditando que o benefício econômico é o mais 
importante nessa relação. O lado econômico deve ser visto como um benefício e não 
como o principal elemento para que as pessoas tenham qualidade de vida, seja em 
Natal ou em qualquer outra cidade do Mundo. 
Maximiano (2005, p. 436) diz que: 
 
O princípio da responsabilidade social baseia-se na premissa de que as 
organizações são instituições sociais, que existem com autorização da 
sociedade, utilizam os recursos da sociedade e afetam a qualidade de vida da 
sociedade. 
 
 Se o princípio citado logo acima, fosse adotado pela maioria dos órgãos 
responsáveis juntamente com a sociedade civil, as empresas turísticas ou não, 
certamente contribuiriam para o desenvolvimento da sociedade o que amenizaria as 
desigualdades entre ricos e pobres, norteando os caminhos para uma relação benéfica 
entre os atores do mundo capitalista atual e refazendo ou superando conceitos de que 
as organizações visam somente o lucro. Com base nos estudos desenvolvidos para a 
concretização desse trabalho, pode-se concluir então que, a partir dessa concepção, aí 
sim poder-se-ia falar em desenvolvimento econômico, social e mesmo ambiental de 
forma igual e conservadora para todos garantindo a sobrevivência de homens e 
recursos num ambiente finito, ou seja, o tão falado desenvolvimento com 
sustentabilidade. 
 
 
 
 
 40 
2.3 O que é Responsabilidade Sócio-Ambiental? 
 
Responsabilidade Social pode ser definida como: 
 
Compromisso que uma organização deve ter com a sociedade, expresso por 
meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou a 
alguma comunidade, de modo específico, agindo pro ativamente e 
coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua 
prestação de contas para com ela. A organização, nesse sentido, assume 
obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei, mesmo que não 
diretamente vinculadas as suas atividades, mas que possam contribuir para o 
Desenvolvimento Sustentável dos povos. Assim,

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