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Fisiologia do ciclo menstrual

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Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
Fisiologia do ciclo menstrual 
 
 
O ciclo menstrual tem duração média de 28 dias. 
Inicia-se na menarca e tem o seu término na 
menopausa (última menstruação). Ocorrem 
alterações cíclicas da função ovariano que 
provocam uma variação na secreção de hormônios 
femininos e da estrutura do revestimento interno do 
útero. 
 
O ciclo é dividido em três fases: 
 
• Fase proliferativa ou folicular: inicia-se 
na no primeiro dia da menstruação 
• Fase ovulatória: dura até três dias 
• Fase secretora ou lútea: fim da ovulação 
até o início do fluxo menstrual 
 
CONCEITOS BÁSICOS 
 
Duração do ciclo menstrual: o ciclo menstrual 
dura em média 28 dias, embora algumas mulheres 
tenham ciclos menores e outras maiores. 
 
Primeiro dia do ciclo menstrual: o primeiro dia do 
ciclo menstrual é o primeiro dia da menstruação. 
 
Metade do ciclo menstrual: dia da ovulação. 
 
Último dia do ciclo menstrual: 28º dia. 
 
Fase proliferativa ou folicular: primeiro dia da 
menstruação até a fase ovulatória. 
 
Fase secretora ou lútea: últimos 14 dias do ciclo. 
 
Fase ovulatória: pode durar até três dias. É a fase 
que se situa entre as fases proliferativa e secretora. 
 
O ciclo menstrual tem quatro pilares básicos de 
funcionamento (chamados também de eixo do 
ciclo menstrual): 
 
• Eixo hipotalâmico; 
• Hipófise; 
• Ovário; 
• Endométrio. 
 
HIPOTÁLAMO 
 
Localiza-se no diencéfalo do sistema nervoso 
central abaixo do tálamo e acima da hipófise. 
 
Função em relação ao ciclo menstrual: produz 
um polipeptídeos de forma pulsátil e intermitente 
(não contínua) chamado de hormônio liberador de 
gonadotrofina (GNRH) que, ao cair na corrente 
sanguínea e chegar até a hipófise anterior ou 
adenohipófise faz com que estas glândulas 
produzam dois hormônios responsáveis pelo ciclo 
menstrual: FSH e LH. 
 
Hormônio folículo estimulante (FSH): atua nos 
folículos ovarianos fazendo que ele se desenvolva. 
No fim da fase proliferativa folicular, somente um 
folículo estará desenvolvido. 
 
Hormônio luteinizante (LH): irá promover a 
ovulação do folículo desenvolvido e após a 
ovulação, a transformação do folículo em corpo 
lúteo para fins de secreção do estrogênio 
 
OVÁRIOS 
 
Tem função gametogênica e endócrina: além de 
produzir os gametas eles produzem também 
hormônios. 
 
Os hormônios FSH e LH, liberados na corrente 
sanguínea pela hipófise anterior, irão atuar nos 
ovários fazendo com que eles secretem mais dois 
outros tipos de hormônios femininos. 
• Estrogênio (estradiol): promove o 
espessamento do endométrio; 
• Progesterona: secretam muco 
polissacarídeos para fins de afixar o óvulo 
no endométrio. 
 
 
 
Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
ENDOMÉTRIO 
 
O endométrio é a camada interna do útero que 
tem a função de receber o ovo fecundado. 
Quando não ocorre a gestação o endométrio se 
descama, formando a menstruação. 
 
No endométrio, irão atuar o estrogênio (estradiol) e 
a progesterona, produzidos pelos ovários. 
 
• Estrogênio: Atua no endométrio 
estimulando as células endometriais a 
sofrerem mitoses, ou seja, o estrogênio faz 
com que se aumente a camada interna do 
útero de modo a prepará-lo para a 
gravidez; 
• Progesterona: tem a função de fazer com 
que as células endometriais produzam 
muco polissacarídeos com objetivo de 
receber o ovo fecundado. Portanto, a 
progesterona é um hormônio que prepara 
o endométrio para a gestação. 
 
FEEDBACK 
 
Feedback é um mecanismo de retro controle dos 
hormônios. Em outras palavras, é um mecanismo 
de auto regulação de modo a evitar que o 
organismo entre em desequilíbrio. Existem dois 
tipos: 
 
• Feedback positivo: é um retro controle 
positivo, ou seja, quando há presença de 
um determinado hormônio na corrente 
sanguínea, o próprio hormônio fará um 
estímulo para liberação de outros 
hormônios também para corrente 
sanguínea; 
• Feedback negativo: é um retro controle 
negativo. Quando há liberação de um 
determinado hormônio, a presença desse 
hormônio na corrente sanguínea inibe a 
produção de outros hormônios. 
Feedback negativo do estradiol em relação ao 
FSH 
 
O feedback do estradiol é negativo em relação ao 
FSH, ou seja, quanto mais estradiol é produzido, 
menos FSH é produzido. Se menos estradiol é 
produzido pelos ovários, mais FSH é produzido 
pela hipófise anterior. 
 
Feedback positivo do estradiol em relação ao 
LH 
 
Já o feedback do estradiol em relação ao LH é 
positivo. Quando há produção de estradiol pelo 
ovário, a glândula hipófise também produz LH. Por 
outro lado, quando a produção de estradiol é 
diminuída, a produção do LH também estará 
diminuída. 
 
FASE PROLIFERATIVA OU FOLICULAR 
 
Corresponde ao período entre o primeiro dia da 
menstruação até a fase ovulatória, tendo como 
característica principal o desenvolvimento dos 
folículos por intermédio do FSH. 
 
O FSH irá estimular o desenvolvimento de 8 a 10 
folículos ovarianos. No entanto, apenas um folículo 
estará desenvolvido ao final da fase folicular - 
folículo dominante. 
 
Estradiol 
 
Ao desenvolver por ação do FSH, os folículos 
começarão a produzir o estradiol (estrogênio 
ovariano). À medida que os folículos se 
desenvolvem, a produção de estradiol pelos ovários 
vai aumentando gradativamente. 
 
No final da fase proliferativa, o folículo dominante, 
no ápice do seu desenvolvimento, produz uma 
grande quantidade estradiol, formando um pico de 
secreção. Após a ovulação, há uma queda 
acentuada da produção de estradiol, pois há uma 
regressão do folículo dominante. 
 
O estradiol tem a função de espessar o endométrio 
para fins de, após a fase ovulatória, receber o 
zigoto. 
 
Progesterona 
 
Muito baixa na fase proliferativa, a progesterona 
começa a se elevar somente com o advento do 
nascimento do corpo lúteo na fase secretória. Na 
fase proliferativa, a progesterona está quase nula 
no sangue. 
 
O LH é secretado pela hipófise anterior e, ao chegar 
aos ovários pela corrente sanguínea, estimula a 
ovulação e transforma o folículo dominante em 
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corpo lúteo. Por isso ele é chamado de hormônio 
luteinizante. 
 
O feedback de estradiol em relação ao LH é 
positivo, ou seja, se há produção de estradiol, 
aumenta-se a produção de LH. Em outras palavras, 
a hipófise anterior secreta FSH a mando do 
hipotálamo por meio do GNRH, o FSH, ao chegar 
nos ovários, faz com que os folículos se 
desenvolvam e estes passam a secretar o estradiol. 
O estradiol além de atuar no endométrio, atua 
também na hipófise fazendo com que ela secrete 
LH. 
 
Na fase proliferativa 
 
Há um aumento na produção de estradiol pelos 
folículos em constante desenvolvimento, o que 
resulta no aumento da produção, também, de LH a 
partir da hipófise anterior. 
 
Portanto: estradiol alto, LH alto. 
 
No final da fase proliferativa, há um pico de 
estradiol, seguido por um pico de LH. Em média, 
após o pico de estradiol, cerca de 12h depois, a 
mulher terá um pico de LH e também 12h depois a 
mulher terá a ovulação, marcando a metade do 
ciclo menstrual. 
 
Lembre-se de que, para se ter a ovulação, a mulher 
tem que ter o pico de LH. Esse pico ocorre, em 
média, 12h após o pico de estradiol, e por sua vez, 
a ovulação ocorre 12h, em média, após o pico de 
LH. 
 
FASE OVULATÓRIA - PERÍODO FÉRTIL 
 
O pico de LH faz com que haja a produção de 
enzimas hidrolíticas e proteolíticas na superfície do 
folículo. Essas enzimas rompem a superfície do 
ovário fazendo com que o oócito seja sugado de 
dentro do folículo, fazendo com que haja a 
ovulação. 
 
A fase ovulatória envolve a ovulação e o período 
periovulação - período fértil. 
 
FASE SECRETORA 
 
Após a ovulação, as enzimas do folículo dominante 
formaram uma estrutura chamada de corpo lúteo. O 
corpo lúteo tema função de continuar a produção 
de estradiol. No entanto, ele não só produz o 
estrógeno, mas também a progesterona. 
 
A progesterona é elevada na fase secretora do ciclo 
menstrual, pois tem a função de tornar o endométrio 
um endométrio secretor. 
 
O endométrio, mais espessado por causa da ação 
da progesterona, irá secretar mucopolissacarídeos, 
que tem a finalidade de tornar a parede endometrial 
propícia a receber o ovo fecundado, grudando-o 
nas suas paredes. 
 
Em outras palavras, na primeira fase do ciclo 
menstrual, a quantidade de progesterona estava 
quase nula e, na segunda fase, a progesterona já 
tem um aumento significativo de sua produção, de 
modo a preparar o endométrio para receber o 
zigoto. 
 
REGRESSÃO DO CORPO LÚTEO 
 
Caso não ocorra a gestação, o que 
acontecerá? 
 
Caso não haja fecundação, o corpo lúteo irá 
regredir em 14 dias, período que corresponde a 
toda fase secretora, e depois ocorre a 
menstruação. Esse processo é chamado de 
luteólise, que é a lise (quebra) do corpo lúteo. 
 
Progesterona e estradiol 
 
Produzidos pelo corpo lúteo, a progesterona e o 
estradiol estão em alta na fase secretora do ciclo 
menstrual (estradiol promove o espessamento do 
endométrio e a progesterona torna o endométrio 
receptivo para receber o zigoto). 
 
Com a regressão do corpo lúteo no final da fase 
secretora, há uma queda expressiva na produção 
dos dois hormônios. 
 
Sem a progesterona e sem o estradiol, o organismo 
fica impossibilitado de manter a espessura 
aumentada do endométrio e este começa a 
descamar. Assim, há a menstruação marcando o 
fim da fase secretora e o início da fase proliferativa. 
 
 
 
Anne Karen Reis GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 
FSH 
 
O estradiol apresenta feedback negativo em 
relação ao FSH. Isso significa dizer que, na 
segunda fase do ciclo menstrual, há uma produção 
aumentada de estradiol por causa da presença do 
corpo lúteo e uma produção baixa de FSH. 
 
Já no final da fase secretora, há uma diminuição da 
produção de estradiol devido a regressão do corpo 
lúteo e um aumento na produção de FSH. Assim, 
após a menstruação e início da fase proliferativa do 
ciclo, o FSH estará aumentado e estradiol em baixa. 
 
FECUNDAÇÃO 
 
Uma semana depois, com o desenvolvimento 
desse ovo, o embrião irá formar uma estrutura 
chamada trofoblasto, parte do embrião responsável 
pela produção do hormônio gonadotrofina coriônica 
humana (HCG). 
 
O HCG terá a função de manter o corpo lúteo de 
modo a garantir condições de seguir com a 
gravidez. O corpo lúteo produz progesterona que 
tem a função de tornar o endométrio propício para 
a gravidez.

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