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Geovana Sanches, TXXIV FATORES DE PREVENÇÃO EM GINECOLOGIA As principais áreas do organismo feminino acometidos pelos cânceres ginecológicos são a mama, colo do útero, endométrio, vulva e ovário. CÂNCER DE COLO UTERINO O câncer de colo uterino apresenta alta incidência nos países subdesenvolvidos, sendo o 3º câncer mais comum nas mulheres. Devido a isso, torna-se um problema de saúde pública. A prevenção dessa neoplasia é relativamente simples, tendo em vista que o diagnóstico é realizado através do Papanicolau. No Brasil, esse exame é obrigatório na rotina ginecológica de mulheres acima de 25 anos. Todavia, tendo em vista que a média da coitarca no país é de 15 anos, isso torna-se um problema, tendo em visto que o diagnóstico de uma lesão precursora pode ser atrasado. Fatores de risco • HPV: é o principal fator de risco, associando-se a cerca de 99% dos casos o HPV 16 e 18 são os principais subtipos que levam ao câncer do colo, porém também estão relacionados o 31, 33, 45, 52 e 58. • Idade: acometimento maior de mulheres jovens, com vida sexual ativa • Número de parceiros sexuais • Coitarca precoce • Associação com outras DSTs • Tabagismo: diminui a imunidade celular, deixando a mulher mais suscetível • Uso de anticoncepcional: entra como um fator de risco devido a relação entre o uso de anticoncepcional e a não utilização do preservativo durante as relações sexuais Prevenção A prevenção do câncer de colo uterino é dividida entre prevenção primária, secundária e terciária. A prevenção primária consiste em fatores que impedem a infecção pelo HPV, incluindo o uso de preservativos durante a relação sexual e a vacinação contra o vírus. A prevenção secundária, por sua vez, diz respeito aos exames ginecológicos que devem ser realizados rotineiramente. O Papanicolau é o principal deles e, em caso de alteração, segue-se para a colposcopia, exame capaz de identificar as NICs (neoplasia intraepitelial cervical), as quais são lesões pré-malignas. Por último, a prevenção terciária diz respeito aos procedimentos relacionados a remoção das NICs. Dentre eles está a CAF (cauterização a frio), a qual consiste na retirada da porção do colo do útero acometido pela NIC II ou III. CÂNCER DE VULVA O câncer de vulva é uma neoplasia ginecológica mais rara, constituindo cerca de 3% dos casos. Fatores de risco • Idade: em geral, acomete pacientes acima de 60 anos. Isso pois, após a menopausa há importante queda do estrogênio, hormônio responsável pela lubrificação da vulva e vagina. Com isso, a paciente fica mais propensa a lesões da pele da vulva, as quais geram um processo inflamatório e podem progredir para o câncer • Infecção pelo HPV: é responsável pelo câncer de vulva mais agressivo e pode acometer pacientes mais jovens. Nesse caso, o responsável é principalmente o HPV 16. • Número de parceiros sexuais (relaciona-se a infecção pelo HPV) • Tabagismo • Lesões inflamatórias de vulva • Obesidade e diabetes • Radioterapia prévia Prevenção A prevenção primária consiste no uso de preservativo e vacinação contra o HPV para o câncer invasivo, assim como hábitos de vida saudáveis, tais quais exercício físico e não tabagismo, os quais evitam lesões de vulva crônicas. A prevenção secundária, por sua vez, diz respeito a rotina ginecológica, com Papanicolau e vulvoscopia. Por fim, em caso de lesão já instalada, tem-se a prevenção terciária, a qual consiste no tratamento da NIV (neoplasia intraepitelial vulvar). CÂNCER DE OVÁRIO O câncer de ovário, apesar de não ser o mais agressivo, é o mais letal. Isso pois, trata-se de Geovana Sanches, TXXIV um câncer silencioso, de forma que a paciente, em geral, não apresenta sintomas – estes podem estar presentes quando o tumor cresce muito e comprime outros órgãos. Além disso, ele não apresenta rastreio específico, sendo necessário uma ultrassonografia para o diagnóstico. Dessa forma, quando descoberto, mais de 70% dos casos estão em estadio III ou IV. A prevenção da doença se dá pela realização anual de uma ultrassonografia transvaginal, o que não é uma realidade para grande maioria das mulheres. Fatores de risco • Número de ovulações: relaciona-se com o grau de divisão celular, sendo que quanto mais ela ocorre, maior a chance de erros e desenvolvimento de uma neoplasia o Menarca precoce o Menopausa tardia o Nuliparidade: a gestação e amamentação são fatores de proteção por dificultarem a ovulação. Isso relaciona-se aos altos níveis de prolactina, que pode diminuir a progesterona sérica da paciente. • Síndrome plurimetabólica: associação entre obesidade, diabetes mellitus e hipertensão arterial. o A gordura periférica produz Estrona, um tipo diferente de estrogênio • Tabagismo • Fator genético: está envolvimento em até 40% dos casos • BRCA1 e BRCA2: há associação com câncer de mama • Histórico de câncer de intestino próprio ou em parente de primeiro grau Fatores de proteção Os fatores de proteção para câncer de ovário são principalmente aqueles que diminuem o número de ovulações durante a vida da mulher. • Uso de anticoncepcional • Gestação e amamentação • SOP (pacientes anovularórias) • Ooforectomia profilática • Laqueadura tubária: pacientes que realizam a laqueadura tem alteração no ciclo menstrual por uma questão anatômica. O ovário, apesar de apresentar irrigação própria, também é irrigado pelas artérias uterina e tubária. Sendo assim, ao romper essa irrigação, há diminuição da atividade ovariana, fazendo com que a paciente entre em menopausa alguns anos antes do previsto. CÂNCER DE ENDOMÉTRIO O endométrio é a composto por células e glândulas e tem a função de abrigar o embrião. Ele é muito reativo aos hormônios ovarianos, de forma que a mulher apresenta um pico bifásico: o estrogênico e a progesterônica. O câncer de endométrio é uma patologia que acomete principalmente mulheres de países desenvolvidos, pois está relacionado com o aumento da expectativa de vida e a obesidade. Ele pode ser dividido em dois tipos principais. O tipo I ou endometrióide, responsável por 90% dos casos, ocorre em decorrência do pico de estrogênio e apresenta melhor prognóstico. Já o tipo II ou alto grau corresponde de 10 a 20% dos casos e é causado pela mutação do gene p53. Trata-se de um câncer mais agressivo, com prognóstico ruim. Os principais tipos histológicos são o de células claras e o papilífero escamoso, os quais indicam malignidade. Fatores de risco • Idade: em geral, há acometimento de mulheres com mais de 60 anos. Há aumento do risco se associação com obesidade e diabetes, o que não é incomum para essas pacientes. Após menopausa há queda do metabolismo, de forma que paciente evolui com essas condições e produz estrona em grandes quantidades • Obesidade e Diabetes • Raça branca • Alta exposição ao estrogênio o Menarca precoce o Menopausa tardia o Nuliparidade e não amamentação • Uso de tamoxifeno, medicação indicada durante o tratamento de câncer de mama. Essa medicação é receptor negativo na mama, porém receptor positivo no endométrio, causando a proliferação do mesmo • Síndrome de Lynch tipo II: é em uma doença genética hereditária que causa Geovana Sanches, TXXIV predisposição ao desenvolvimento de câncer de endométrio, intestino e ovário Fatores de proteção • Multiparidade • Uso de anticoncepcional monofásico, ou seja, aquele que contém apenas progesterona. CÂNCER DE MAMA O câncer de mama é hormônio dependente e tem como principais fatores de proteção a gravidez e amamentação. Fatores de risco • Idade superior a 35 anos • Sedentarismo, obesidade e diabetes • Menarca precoce e menopausa tardia • História familiar: há alto fator genético o Parente de 1º grau (mãe e irmã), principalmente se câncer pré- menopausa o Câncer de mama masculino na família o Câncer de mama bilateralem parente de 1º grau o Câncer de ovário o BRCA1 e BRCA2 • Terapia de reposição hormonal CASO CLÍNICO ID: SSA, 59 anos, casada, católica, natural e procedente de São Paulo, do lar. QD: Assintomática. HPMA: Paciente vem para rotina ginecológica. Nega alteração em exames prévios, porém sem seguimento ginecológico há 3 anos. IC: Nega febre, adinamia ou perda ponderal ISDA: Sem alterações AF: Irmão: CA de próstata; Irmã: CA de colo de útero aos 55 anos; Mãe: HAS e DM; Pai: IAM (falecido) AP: Obesidade grau I, sedentária; Hipertensão arterial crônica, em uso de losartana; DM II, em uso de metformina. Nega cirurgias prévias ou alergia. Tabagista: 30 anos-maço. Etilismo social. AM: Menarca aos 12 anos, nega dismenorreia ou TPM. Menopausa aos 53 anos, nega terapia hormonal. AS: Coitarca aos 20 anos; número de parceiros: 2. Ativa sexualmente, parceiro único. AO: 4G3P (2PN + 1 PC) 1A. Primeira gestação aos 27 anos, aleitamento materno até o primeiro ano. MAC: laqueadura tubária. Nega uso prévio de ACHO. 1) Quais os fatores de risco desta paciente para CA de colo uterino? Quais as medidas de prevenção que devemos orientar? • A paciente não faz acompanhamento ginecológico e tem vida sexual ativa, o que consiste num risco para infecção pelo HPV e desenvolvimento do CA de colo uterino. Devemos orientá-la a comparecer as consultas ginecológicas anualmente. 2) Devemos nos preocupar com CA de vulva nesta paciente? • Sim, ela apresenta fatores de risco como o tabagismo, DM2 e obesidade grau I 3) Quais os fatores protetores para CA de ovário nesta paciente? • Laqueadura tubária, gravidez e amamentação 4) Quais os fatores de risco para CA de endométrio? • Síndrome plurimetabólica 5) Quais os fatores protetivos para CA de mama nesta paciente? • Multiparidade e amamentação Observações O câncer de colo uterino na irmã não é um fator de risco para que a paciente o tenha, tendo em vista que o mesmo não é genético. O câncer de próstata no irmão também não é relevante para a história; seria caso ele tivesse câncer intestinal.
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