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Práticas em fisioterapia unidade 3 
ESTRATÉGIA DE RACIOCÍNIO DO FISIOTERAPEUTA 
Autoria: Me. Daniel Vicentini de Oliveira Revisão técnica: Me. Mateus Dias Antunes 
Introdução 
Seja bem-vindo(a) à unidade Estratégia de Raciocínio do Fisioterapeuta. Lembre-se que a 
fisioterapia, em uma perspectiva humana, possibilita aos indivíduos um dos um viver mais 
saudável na busca pela melhor qualidade de vida. Você já parou para pensar qual seria(m) 
o (s) objetivos do exercício da fisioterapia? Para atingir esse (s) objetivo (s), quais métodos o 
profissional deve utilizar? Neste sentido, é muito importante a atualização científica na área, 
a busca pelo conhecimento e o raciocínio clínico do profissional. Entretanto, o que seria esse 
raciocínio clínico? Aqui, você encontrará as respostas para essas e outras perguntas sobre o 
tema. Bons Estudos! 
3.1 Prática Baseada em Evidência na Saúde 
A fisioterapia é considerada uma das profissões mais novas da saúde. Ela foi regulamentada 
no Brasil como profissão, pelo Decreto-Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969, que concedeu ao 
fisioterapeuta, e também ao terapeuta ocupacional, o exercício de suas profissões, sendo 
considerado um profissional diplomado por escolas e cursos reconhecidos e de nível superior 
(BISPO JÚNIOR, 2013). 
E, assim como em várias outras áreas da saúde, a fisioterapia foi se desenvolvendo e se 
aprimorando por meio de pesquisas, principalmente as de cunho clínico, em que algumas 
evidências puderam e continuam surgindo. Isso fortalece a nossa atuação como 
fisioterapeutas. 
3.1.1 A Importância das Evidências na Prática Clínica 
Você já ouviu falar em saúde baseada em evidências? Nada mais é do que uma abordagem 
que utiliza as ferramentas de outras áreas como a matemática e a estatística, a epidemiologia 
clínica, a informática, a metodologia científica e os sistemas de informação aplicadas à 
pesquisa científica. 
A saúde baseada em evidências resulta da melhor evidência científica aplicada na prática 
clínica, no nosso caso, na prática clínica em fisioterapia, considerando os valores das 
pessoas avaliadas (BISPO JÚNIOR, 2013). As informações que se originam das evidências 
científicas poderão ser 
utilizadas no apoio à prática clínica do fisioterapeuta, na tomada de decisão para a gestão 
em saúde e na qualificação do cuidado, sempre considerando a ética na totalidade das ações 
e a segurança nas intervenções (CARVALHO et al., 2014). 
A prática baseada em evidências na área da saúde tem como um dos objetivos integrar a 
experiência clínica com as evidências de melhor qualidade disponíveis e, como já salientado, 
sempre considerando a segurança nas: 
Avaliações. 
Intervenções. 
Em outras palavras, a prática baseada em evidências na saúde é a arte de avaliar 
e reduzir as incertezas na tomada de decisão em saúde. O paradigma da prática em saúde 
baseada em evidências é baseado em um tripé, em que as condutas fisioterapêuticas devem 
ser ponderadas, baseando-se na experiência do fisioterapeuta, dos achados dos principais 
estudos na área, e nas opiniões e valores dos pacientes (CARVALHO et al., 2014). 
Nesse tripé (figura "Tripé da Saúde Baseada em Evidências"), os três pontos devem, em 
conjunto, ser levados em consideração. Temos que lembrar que cada paciente possui 
peculiaridades e, muitas vezes, está inserido em contextos totalmente diferentes dos cenários 
controlados pelas pesquisas/estudos. Além disso, cada profissional desenvolve diversas 
habilidades individuais que irão influenciar na efetividade dos procedimentos a serem 
fornecidos aos pacientes. 
Você concorda que um conhecimento tido atualmente como certo, correto, pode passar a ser 
questionável ou até mesmo antiquado, tempos depois? Portanto, você deve ser crítico (a) na 
interpretação dos resultados dos diversos artigos científicos que existem. É importante 
atentar-se aos métodos que foram utilizados nos estudos, assim como as limitações que cada 
desenho experimental considera. 
A comunidade científica vem aprimorando critérios para mensurar a qualidade dos estudos 
científicos, devido, principalmente, ao grande número de variáveis de confusão que 
acontecem nos artigos (CARVALHO et al., 2014). 
O sistema Grading of Recommendatons Assessment, Development and Evaluaton (GRADE), 
por exemplo, é um método que tem o objetivo de classificar o grau de recomendação de uma 
técnica para determinada situação clínica, assim como o seu nivel de evidência. Não é um 
critério qualquer. Ele vem sendo utilizado pela Organização Mundial de Saúde, a OMS. Em 
contrapartida, existem também os artigos com baixo nível de evidência para 
a tomada de decisão clínica, que são: 
Os relatos de caso. 
Os estudos-piloto. 
As pesquisas básicas com animais. 
São sim estudos importantes para a ciência, pois têm o potencial de, muitas vezes, influenciar 
uma série de pesquisas futuras, gerar mudanças de paradigmas e modificar a forma de 
tratar determinada doença.almoting 
Em outros casos, os profissionais só têm acesso a evidências chamadas de indiretas, quando 
o cenário clínico do paciente é parecido ao descrito na literatura (por exemplo, sexo, faixa 
etária, condição socioeconômica, fisiopatologia). Neste cenário, o profissional poderá tomar 
a decisão de extrapolar estes achados para o caso clínico em questão. E isso não é correto, 
pois pode não ser seguro (CARVALHO et al., 2014). 
Veja, na figura "Pirâmide do Nível de Evidência das Pesquisas", que os níveis de evidência 
científica podem ser representados por meio de uma pirâmide. Na base, estão os artigos com 
menores níveis de evidências. Quanto mais próximo do topo da pirâmide, maiores são os 
níveis de evidências dos estudos. 
3.1.2 Tipos de Estudos e suas Evidências na Prática Clínica 
Os estudos podem ser classificados em duas grandes categorias: observacionais ou 
experimentais. Nos observacionais, o pesquisador não intervém ou controla a exposição dos 
participantes. Nos estudos experimentais, o investigador tem algum tipo de intervenção ou 
controle sobre a condição de exposição dos investigados. Os estudos observacionais, em si, 
são divididos em descritivos e analíticos. Os 
estudos descritivos investigam o padrão de ocorrência de doenças, de acordo com 
características populacionais, por exemplo idade, sexo; do lugar, por exemplo distribuição 
segundo regiões; e do tempo, por exemplo variações segundo intervalos temporais). Um 
exemplo de estudo descritivo é o estudo de caso (relato de caso). 
Já os estudos analíticos investigam a associação entre fatores de risco de um agravo à saúde 
(variáveis independentes) e o agravo à saúde (variável dependente). Os exemplos são: 
Os estudos transversais. 
Caso-controle. 
De coorte. 
Ensaio clínico. 
Ecológico. 
Os estudos descritivos caracterizam morbidade ou mortalidade em populações, segundo 
pessoa, tempo e lugar, mas não envolvem uma hipótese pré-definida. Não têm o objetivo de 
testar hipótese e focam-se em descrever o que é observado. Apesar desse tipo de estudo apenas 
fazer a descrição de um evento ou condição, é importante por sua utilidade e importância, 
descritos a seguir: 
pode usar dados secundários, ou seja, não precisa que os dados sejam originais (ex.: dados 
coletados pelasvigilâncias), o que pode tornar mais fácil desenvolver o estudo; 
é muito útil para gerar hipóteses, geralmente precedendo os estudos analíticos; 
é útil para mostrar tendências históricas, como o estudo da mortalidade infantil nas últimas 
décadas. 
é importante para profissionais de saúde, por fornecer uma caracterização da população 
suscetível, o que pode contribuir no planejamento e alocação de serviços de saúde na 
comunidade. 
Já os estudos analíticos são desenhados para testar hipóteses (uma questão científica), que 
foram previamente definidas no estudo (no projeto de pesquisa). As hipóteses são 
relacionadas à associação entre uma exposição de interesse e um desfecho específico.Em 
outras palavras, estão relacionadas a uma suposta causa e um dado efeito, habitualmente 
referido como "entre a exposição e a doença". Geralmente, os estudos analíticos são 
desenvolvidos numa segunda fase do estudo, após um estudo descritivo que gerou hipóteses. 
vaini 
Há diversos tipos de estudos analíticos, os quais se distinguem a partir da origem das 
observações, ou seja, se parte da causa ou do efeito. O início do estudo pode partir da causa 
(exposição) e seguir para verificar a ocorrência de doença (efeito). Outro ponto é o início, a 
partir da doença (efeito) e depois estudar, retrospectivamente, os possíveis fatores causais 
(exposição). Em ambos os pontos de partida, serão formados dois grupos: os expostos e não 
expostos, quando se inicia pela exposição; e doentes e não doentes, quando se inicia pela 
doença. Esse é um diferencial dos estudos analíticos comparados com o descritivo, a inclusão 
de um grupo-controle. 
Há ainda uma terceira alternativa, quando a causa (exposição) e a doença (efeito) são 
estudadas ao mesmo tempo. Nesse caso, os grupos serão formados na fase de análise do 
estudo, os expostos e não expostos e os doentes e não doentes. 
Vou descrever e explicar a você alguns desses tipos de estudos com maiores níveis de evidência 
e que são comumente realizados na área da saúde e da fisioterapia. 
Os ensaios clínicos randomizados envolvem experimentos em indivíduos. São estudos menos 
expostos a desvios e asseguram comparação de grupos. De modo geral, voluntários 
concordam em ser randomicamente alocados em grupos recebendo um dos seguintes: 
tratamento e sem tratamento; 
tratamento-padrão e tratamento-padrão acrescido de um 
tratamento novo; 
dois tratamentos alternados. 
São reconhecidos como o padrão-ouro para obter evidência clínica. As desvantagens 
incluem custo alto, complexidade administrativa, tempo prolongado para conclusão e 
dificuldade de assegurar visão metodológica. As dificuldades incluem abordagem cega, 
randomização, população técnica padronizada e generalização. As vantagens incluem a 
capacidade de controlar desvios conhecidos e desconhecidos, e assegurar o equilíbrio dos 
grupos experimentais e de controle para fatores de confusão desconhecidos 
A característica comum é que o grupo experimental recebe o tratamento de interesse, 
enquanto o grupo-controle, não. Por exemplo, um grupo de pessoas com lombalgia recebe 
intervenção com terapia manual, o outro grupo não. No final da pesquisa, após reavaliações, 
os resultados dos pacientes de cada grupo são determinados - a diferença nos resultados 
entre os grupos fornece uma estimativa do tamanho do efeito do tratamento. Será que a 
terapia manual reduz a dor lombar? 
Já nos ensaios clínicos não randomizados, há um grupo intervenção e um grupo controle, 
mas a designação dos participantes para cada grupo não se dá de forma aleatória, como no 
randomizado, mas de acordo com a conveniência do pesquisador. Os controles podem ser: 
contemporâneos (pacientes tratados ao mesmo tempo); 
ou históricos (obtidos de registros médicos). 
Este delineamento não consegue controlar outros fatores que podem ter ocorrido 
concomitantes à intervenção implantada, e que podem ter contribuído para a mudança no 
desfecho. 
Esses dois tipos (randomizados e não randomizados), como você percebeu, são estudos 
experimentais, em que há a interferência do pesquisador. Uma outra modalidade de estudo 
experimental, porém, de menor qualidade científica, é o quase experimental. A diferença é 
que, neste tipo, não há a presença de um grupo controle, o que impede a comparação entre 
um grupo que recebeu uma tal intervenção com o que não recebeu. 
Os relatos de casos são estudos mais utilizados em condições raras (como alguma doença) ou 
também se fornecem achados que possam convencer a construção de hipóteses para gerar 
estudos complementares. São estudos realizados com amostras pequenas, ou seja, apenas 
alguns casos, não um grupo controle, e os resultados não podem ser extrapolados para 
outras realidades. 
Já as séries de casos são consideradas uma extensão natural de um relato de caso. Este tipo 
de estudo permite uma avaliação mais complexa de um curso clínico ou mesmo de uma 
resposta a uma intervenção. Não podemos tirar muitas conclusões com esse tipo de estudo, já 
que há desvio de seleção, de um pequeno número de pacientes e da avaliação subjetiva. 
Muitas vezes, ocorre má definição e falta de um grupo de comparação (o grupo controle). Os 
estudos transversais são estudos observacionais, ou seja, não há 
experimento. Eles fornecem uma descrição da experiência e/ou do perfil de 
saúde de uma população em um período específico do tempo. Servem bastante 
para gerar hipóteses em saúde. Em geral, os estudos de caso-controle envolvem uma análise 
transversal (ou seja, é um estudo observacional) em indivíduos semelhantes e comparam 
determinados grupos de pacientes (os chamados casos) com pacientes de controle, 
principalmente para a presença de fatores de risco. O controle pode ser: 
uma técnica padrão, 
um placebo, 
ou nenhuma intervenção ativa. 
Os estudos de coorte podem ser retrospectivos (passado) ou prospectivos (futuro). Os 
prospectivos fornecem uma melhor evidência científica, porém, mais dispendiosos e 
consomem mais tempo. O estudo de coorte prospectivo é um tipo de estudo longitudinal, no 
qual um grupo de pessoas é acompanhado pelo pesquisador por dias, semanas, meses ou até 
anos. O benefício do estudo longitudinal é que os investigadores podem tomar notas das 
mudanças, fazer observações e detectar quaisquer alterações que ocorrem nas 
características de seus participantes; permitindo estabelecer uma sequência coerente dos 
dados. 
As revisões sistemáticas compreendem um tipo de revisão da literatura. Elas podem ser 
empregadas na avaliação dos efeitos de intervenções de saúde, técnicas de avaliação e 
tratamento na fisioterapia, na precisão dos testes de diagnóstico ou o prognóstico para 
determinada condição de saúde e doença. Em geral, elas envolvem critérios rígidos para 
determinar quais estudos serão considerados na pesquisa. Dentre esses critérios, há os 
métodos para avaliar a qualidade dos estudos, a estratégia de pesquisa usada para 
localizar os estudos, e o processo utilizado para sintetizar os achados dos estudos 
individuais. As revisões sistemáticas são úteis pois fornecem uma sinopse de informações, a 
qual resume toda a literatura relevante e disponível em um determinado tópico. Elas são 
particularmente úteis para fisioterapeutas atarefados que podem estar impossibilitados de 
acessar todos os testes relevantes em uma determinada área e precisam confiar nas suas 
próprias fontes incompletas de testes relevantes. 
Por fim, a meta-análise. É um tipo de estudo em que há a análise estatística de resultados de 
diferentes estudos individuais, com o objetivo de integrá-los, combinando e resumindo seus 
resultados. Primeiramente, é realizada uma revisão sistemática da literatura (como 
apresentado anteriormente), e depois um cálculo estatístico dos estudos realizados. 
3.2 Raciocínio Clínico do Fisioterapeuta 
A fisioterapia é uma profissão com uma vasta área de atuação, podendo exercer suas 
atividades em todos os níveis de atenção à saúde. O fisioterapeuta pode atuar em clínicas, na 
saúde pública, na educação e outras áreas, tanto em trabalhos individuais, quanto em 
trabalhos em equipe (BISPO JÚNIOR, 2013). Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e 
Terapia Ocupacional (COFFITO), o fisioterapeuta é um profissional da área da saúde, com 
formação acadêmica de nível superior, capacitado para a elaboração do diagnóstico cinético 
funcional, para a prescrição de condutas fisioterapêuticas, além do acompanhamento da 
evolução de seu tratamento e da alta de seu serviço. A atividade áreas, assim, para melhor 
entendimento de suas áreas de atuação, o COFFITO subdividiu em Fisioterapia Clínica,Saúde Coletiva, Educação e outras. Na fisioterapia clínica, temos as áreas de atuação em 
hospitais, ambulatórios, clínicas, centros de reabilitação e até mesmo atendimento em 
domicílio. 
3.2.1 A Prática do Raciocínio Clínico 
Segundo o COFFITO, como atribuições gerais desses locais, o fisioterapeuta deve elaborar o 
diagnóstico cinesiológico funcional, prescrever, planejar, ordenar, analisar, supervisionar e 
avaliar os projetos fisioterapêuticos, a sua eficácia, a sua resolutividade e as condições de 
alta do cliente submetido a essas práticas de saúde. Portanto, em muitos dos casos, o 
fisioterapeuta precisa de um raciocínio clínico específico para melhor atuação com o paciente. 
Dopo 
A prática de um raciocínio clínico que seja assertivo possibilita definir melhor as hipóteses 
diagnósticas, desde o primeiro contato com o paciente até a alta, fazendo com que a escolha 
do tratamento fisioterapêutico seja mais assertiva, segura e eficaz (O'SULLIVAN; 
SCHMITZ, 2010). O método de raciocínio clínico em fisioterapia objetiva desenvolver e 
aprimorar 
as diversas técnicas do fisioterapeuta durante algumas etapas: avaliação, escolha do 
tratamento, progressão, alta e pós alta do paciente. Sabemos que uma das habilidades 
terapêuticas mais importantes para o fisioterapeuta é ser capaz de identificar as prioridades 
de cada um dos pacientes. Não é um processo fácil e é justamente aqui que muitos 
profissionais s acabam errando e não fazendo o melhor para o seu paciente. 
3.2.2 Raciocínio Clínico do Fisioterapeuta - da Avaliação ao Tratamento 
A área da fisioterapia possui muitos testes, técnicas, variedades de sintomas e limitações 
funcionais, prioridades mecânicas e psicossociais etc. Não há como usarmos todas essas. 
Cada paciente necessita de uma avaliação e tratamento específico (O'SULLIVAN; 
SCHMITZ, 2010). Uma das grandes habilidades do bom fisioterapeuta é aprender a escutar 
o paciente. Essa escuta pode ser feita na primeira consulta, durante a anamnese. Porém, só 
escutar não trará todas as respostas que você precisa. É extremamente importante considerar 
também o exame físico e demais formas de avaliação. 
A avaliação, por meio da conversa e anamnese, é mais subjetiva, mesmo que muito 
importante. Porém, precisamos também de informações mais objetivas, palpálveis, 
qualitativas e quantitativas. Para isso, é necessário a realização de testes, aplicação de 
questionários etc., pensando em obter evidências mais concretas, assim como analisar se as 
hipóteses iniciais se confirmam (BISPO JÚNIOR, 2013). 
O exame físico poderá trazer informações que podem corroborar, ou não, a hipótese 
diagnóstica inicial. Durante o processo de avaliação, o fisioterapeuta deve utilizar 
estratégias que darão evidências mais concretas. Porém, nem todas as avaliações no exame 
físico são objetivas. 
É ideal que a avaliação fisioterapêutica caminhe sempre em uma mesma direção, com a 
hipótese inicial podendo ser confirmada ao longo do processo, e não no início (O'SULLIVAN; 
SCHMITZ, 2010). 
Nem sempre é fácil encontramos a hipótese inicial. O paciente pode apresentar Práticas em 
Fisioterapia! sinais, sintomas e limitações funcionais distintos que se sobrepõem, como por 
exemplo as dores provenientes de tecidos diferentes ou por influências funcionais diferentes. 
Sempre que as informações não coincidirem, o fisioterapeuta deve repensar a avaliação. 
Caso ainda fique com dúvidas de algo, a ajuda interdisciplinar será sempre interessante, ou 
seja, de outros profissionais da área ou fora dela. O paciente deve ser sempre o centro da 
atenção interdisciplinar. 
Caro estudante e futuro fisioterapeuta, o seu raciocínio clínico deve ser voltado ao 
conhecimento teórico profundo (lembre-se da prática baseada em evidências) de todos os 
aspectos voltados ao caso do paciente. Esse raciocínio deve unir ciência, inteligência 
emocional e bom senso. 
Para que você possa colocar o raciocínio clínico em prática e de maneira eficaz, é importante: 
Analisar o comportamento do paciente desde o momento em que chega no seu local de 
trabalho (clínica, hospital, etc), durante a sessão e ao sair. 
Levantar hipóteses como vimos anteriormente, a partir do momento que você iniciar o 
processo de levantamento de possíveis segmentos e sistemas que podem causar determinados 
comportamentos, algumas hipóteses devem ser levantadas também. 
Realizar testagens - toda hipótese que você levantar deverá ser testada. É neste momento que 
o raciocínio clínico baseado em evidências começa a se fortalecer dentro do processo. 
Relacionar a avaliação funcional qualitativa e quantitativa - 
você deverá orientar seu raciocínio para analisar os 
resultados numéricos dos testes relacionar sua e 
significância nos comportamentos apresentados pelo 
paciente. 
Identificar as causas. 
Elaborar os marcos teóricos para o tratamento: utilize todo 
conhecimento teórico que adquiriu e coloque na prática. 
Agora, com vistas a ampliar ainda mais seu conhecimento sobre o raciocínio clínico do 
fisioterapeuta, vamos nos debruçar um pouco sobre a CIF Classificação Internacional de 
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. 
3.3 Prática de Raciocínio Clínico com Base na Classificação Internacional de 
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) na Abordagem do 
Fisioterapeuta 
O modelo tradicional de avaliação do paciente foca em doença e sintomas, não considerando 
dimensões comportamentais, psicológicas e sociais - fatores que impactam a funcionalidade 
do indivíduo. A funcionalidade engloba tarefas e atividades relacionadas à independência 
do paciente, dessa forma, a sua avaliação deve ser vista como um processo multidimensional, 
incluindo função física, psicológica e social. 
Atividades funcionais são todas as tarefas, as atividades e os papéis que identificam a pessoa 
como adulto independente, ou criança que progride adequadamente em direção à 
independência adulta, já que viver de forma independente é um dos fatores importantes para 
os indivíduos em geral. Para essas atividades, é necessário haver a integração de habilidades 
cognitivas, afetivas e motoras. Além disso, as atividades incluem fatores que os indivíduos 
consideram importantes para si, ou seja, elas são determinadas e dependem do paciente. 
Algumas categorias são comuns a todas as pessoas, sendo componentes essenciais de 
sobrevivência e proteção, como comer, dormir e realizar higiene pessoal. Pode-se considerar 
locomoção, por meio da deambulação, e atividades manuais complexas como necessárias no 
âmbito pessoal e o trabalho e o lazer no âmbito social. Dessa forma, as atividades funcionais 
são divididas em três categoriais principais de acordo com a função: função física, função 
psicológica e função social. 
3.3.1 Raciocínio Clínico e Funcionalidade 
O fisioterapeuta com raciocínio clínico baseado em evidências deve sempre levar em 
consideração a funcionalidade de seu paciente, e não apenas as condições clínicas de uma 
doença e/ou lesão. Portanto, avaliar a funcionalidade é extremamente importante. 
Embora as escalas de avaliação existentes apresentem pontuações ou escores com ponto de 
corte, a funcionalidade ainda se apresenta como uma categoria subjetiva e ambígua, por 
isso, identificou-se a necessidade de padronizar os termos que representam diferentes níveis 
de funcionalidade. Dessa forma, adotou-se a CIF, um sistema de classificação desenvolvido 
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que fornece uma linguagem comum de itens 
relacionados à funcionalidade e à saúde, padronizando e conceituando a terminologia, a 
fim de facilitar a identificação e a comunicação entre profissionais de saúde em relação ao 
tema. 
Ela é útil na avaliação pós-transtornos agudos, condições traumáticas, Praticas em 
Fisioterapia 1 condições crônicas e geriatria, no acompanhamento da evolução da condição 
funcional ao longo do tempo e na comparação de dados referentes a diferentes condições. 
Destaca-seque a CIF classifica a funcionalidade e a incapacidade, não as pessoas, e permite 
o entendimento de que a doença é resultado de alterações da funcionalidade, e não a 
causadora. Ela necessita da utilização de questionários ou escalas para quantificar as 
alterações funcionais dos indivíduos. 
3.3.2 A CIF 
A CIF aborda e classifica a funcionalidade e envolve itens relacionados à estrutura do corpo, 
à função do corpo, à atividade e à participação social e a fatores ambientais, conceituando 
limitação nas atividades como dificuldade ou inabilidade em desempenhar ações, tarefas ou 
atividades, normalmente como resultado de um comprometimento e restrição na 
participação, como o indivíduo que está limitado a um número de atividades funcionais em 
um contexto sociocultural específico. 
A CIF é apenas um sistema de classificação que descreve a funcionalidade, não sendo uma 
escala propriamente dita. Ela apresenta inúmeros domínios que podem ser avaliados, por 
meio de diferentes instrumentos e metodologias, no entanto, nenhum instrumento mede todos 
os itens relevantes, além do difícil uso completo desta por apresentar uma diversidade de 
recursos. 
Dessa forma, a partir de uma lista inicial com inúmeras categorias e, depois de verificar que 
era impraticável o uso cotidiano destas, dividiu-se em domínios, ou seja, listas resumidas que 
agrupam domínios com conceitos relevantes para descrever a funcionalidade de pessoas com 
determinada condição e situação de saúde. 
Essas listas são conhecidas como core sets, sendo uma das metodologias usadas. Existem, por 
exemplo, modelos para acidente vascular encefálico (AVE), doença pulmonar obstrutiva 
crônica (DPOC), obesidade, condições ortopédicas, entre outros. Outro método usado é o de 
categorias avulsas da CIF, normalmente usadas para criar questionários e escalas de 
avaliação clínica. A informação é organizada em duas partes, sendo subdividida em 
componentes. 
A parte 1 (funcionalidade e incapacidade) consiste em domínios de função do corpo, 
estruturas do corpo e atividades e participação; enquanto a parte 2 (fatores contextuais) é 
composta por fatores ambientais e fatores pessoais. Cada domínio é representado por um 
prefixo, que formará o código numérico da CIF. O prefixo de um código da CIF é uma letra 
única (b, s, d ou e), que representa o componente na CIF no qual o código aparece. O prefixo 
d, por exemplo, representa o componente atividades e participação, embora o usuário possa 
optar por usar o p (participação), dependendo das necessidades específicas. Após essa letra 
inicial, o número de dígitos que compõe o código indica a categoria e seu nível. O primeiro 
dígito, por exemplo, é usado para categorias de primeiro nível (1-8 para funções e estruturas 
do corpo, 1-9 para atividades e participação e 1-5 para fatores ambientais). Um total de três 
dígitos é usado para as categorias de segundo nível, de quatro dígitos para as de terceiro 
nível e de cinco dígitos para as categorias de quarto nível. O item fatores pessoais não é 
classificado. 
Cada um dos componentes pode ser descrito em termos positivos ou negativos. A descrição da 
funcionalidade, dessa forma, envolve a presença de um qualificador que descreve a 
capacidade de um indivíduo executar uma tarefa ou ação (por exemplo, deficiência, 
limitação, restrição, barreiras ou facilitadores das condições de saúde). 
CONCLUSÃO 
Concluímos esta unidade, em que foi possível abordar sobre a prática clínica baseada em 
evidências na fisioterapia, o raciocínio clínico fisioterapêutico e a utilização da CIF como 
uma das estratégias deste raciocínio clínico. Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
entender a prática baseada em evidências na área da saúde e da fisioterapia; 
conhecer diversas metodologias de pesquisa para uma atuação baseada em evidências; 
realizar o cuidado fisioterapêutico por meio do raciocínio clínico cinético-funcional; 
refletir acerca dessas questões para a sua formação como fisioterapeuta; 
utilizar o Modelo multidimensional de Funcionalidade da Classificação Internacional de 
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como estratégia de raciocínio clínico do 
fisioterapeuta.

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