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5º SEMESTRE TUTORIA 04 OBJETIVOS: 1. Revisar antieméticos, analgésicos e anticolinérgicos. 2. Compreender diarreia aguda infantil. 3. Estudar abdome agudo infantil. 4. Entender exames complementares de abdome e diarreia agudos (tc, rx, usg, parasitológico de fezes). Objetivo 1 - Revisar antieméticos, analgésicos e anticolinérgicos Antieméticos A sensação de náusea e o vômito em si são geralmente reflexos protetores do estômago e intestino contra substâncias tóxicas. A êmese é um processo complexo, composto por uma série de fases - pré-ejeção, ânsia de vômito e ejeção – o que explica a grande variedade de classes dos antieméticos. O processo do vômito é controlado primariamente no tronco cerebral, na formação reticular do mesencéfalo. Nesse local não existe barreira hematoencefálica, o que permite que quimiorreceptores ali presentes, na zona de gatilho dos quimiorreceptores (ZDQ), monitorem osangue e o líquido cefalorraquidiano constantemente. Assim, se for detectada a presença de alguma substância tóxica, o centro do vômito recebe as informações. Os antieméticos são divididos em: • antagonistas dopaminérgicos, • antagonistas serotoninérgicos, • antagonistas seletivos de receptores NK1, Antagonistas Dopaminergicos (receptor D2) Tem como mecanismo de ação o bloqueio dos receptores de D2 na Zona de Gatilho dos quimiorreceptores Principais Drogas Antipsicóticas: Proclorperazina, Clorpromazina, Olanzapina, Metroclopramida. Efeitos Adversos: Efeitos extra piramidais e hiperprolactinemia que pode levar a galactorreia. Antagonista Serotoninérgicos (receptor 5HT3) Tem como mecanismo de ação o bloqueio dos receptores 5HT3 no centro do vomito e nos aferentes vagais e espinais (tem uma maior ação) Principal Droga Ondasetrona Efeitos Adversos Constipação, prolongamento QT (ocorre quando o coração demora mais que o normal para recarregar entre os batimentos.) e síndrome serotoninérgica (é a manifestação clínica do excesso de serotonina no sistema nervoso central, causada pelo uso terapêutico ou pela superdosagem de medicamentos serotoninérgicos como os ISRS. Caracterizada por uma tríade de características clínicas: excitação neuromuscular, efeitos autonômicos e alteração do estado mental) Antagonistas do Receptor de Neuroquinina (receptor NK1) Tem como mecanismo de ação o bloqueio dos receptores NK1 na zona de gatilho dos quimiorreceptores Principais drogas Aprepitant, rolapitant e netupitant + palonesetrona (pouco utilizadas no Brasil, mais utilizada quando os pacientes estão refratários aos antagonistas serotoninérgicos) Efeitos adversos Tontura e fadiga Anticolinérgicos Os anticolinérgicos ou antagonistas dos receptores muscarínicos ou bloqueadores muscarínicos Mecanismo de ação: Inibem de forma competitiva o neurotransmissor ACh nos locais recetores no sistema colinérgico Esta inibição leva ao bloqueio do sistema nervoso parassimpático. Efeitos fisiológicos: Diminuição da produção de secreções: ➢ Glândulas salivares ➢ Árvore brônquica ➢ Trato gastrointestinal Broncodilatação Relaxamento do músculo liso no trato gastrointestinal e na bexiga Os antagonistas dos receptores muscarínicos ou bloqueadores muscarínicos incluem: ➢ Os alcaloides naturais atropina e escopolamina; ➢ Derivados semissintéticos desses alcaloides, que diferem basicamente dos compostos originais por sua disposição no organismo ou pela duração da ação; ➢ Derivados sintéticos, entre os quais alguns mostram seletividade por subtipos dos receptores muscarínicos. Objetivo 2 - Compreender diarreia aguda infantil. Na presença da diarreia, é importante considerar os fatores clínicos, demográficos e epidemiológicos, com atenção especial à condução da anamnese detalhada, incluindo a busca de informações sobre a presença em familiares e cuidadores. Além disso, deve-se verificar • permanência em asilo, creche, locais recreativos, comunitários ou de alimentação (importância em saúde pública); • avaliar característica, frequência e presença de muco ou sangue da eliminação das fezes; investigar viagens recentes; • observar o histórico vacinal (em especial para rotavírus e sarampo); • avaliar a presença de comorbidades, desnutrição e imunossupressão; • considerar idade e estado geral; • verificar tempo de duração; • identificar desnutrição ou deficiência em vitamina A ou zinco; • identificar se a moradia é insalubre ou sem condições sanitárias adequadas; • perguntar sobre uso de antibióticos ou outros medicamentos; • verificar presença de dor abdominal, febre, náuseas ou vômitos; • investigar história alimentar pregressa ou atual; • grau de desidratação, • uso de medicações inapropriadas, • sinais de envolvimento de patógenos ou parasitos • exames realizados. DIARREIA AGUDA Diarreia aguda é a eliminação anormal de fezes amolecidas ou líquidas com frequência superior ou igual a três vezes por dia (ou mais frequente do habitual para o indivíduo), podendo este quadro ser ou não acompanhado por náuseas, vômitos, febre e dor abdominal. Entretanto, neonatos e lactentes em aleitamento materno exclusivo podem apresentar esse padrão de evacuação sem que seja considerado diarreia aguda. Disenteria é a diarreia com a presença de sangue e/ou leucócitos nas fezes, e denomina-se persistente quando o quadro diarreico agudo, que é potencialmente autolimitado, com duração média de 7 dias, se estende além de 14 dias. A doença diarreica aguda, apesar de ser tratável e prevenível, é a segunda causa de morte e uma das principais causas de desnutrição em crianças menores de 5 anos. Etiologia A diarreia aguda pode ter causas infecciosas e não infecciosas. Alergias, intolerâncias e erros alimentares, além de alguns medicamentos, estão entre as causas não infecciosas mais frequentes. As diarreias agudas de origem infecciosa têm como principais agentes os vírus, as bactérias e os protozoários. Os vírus são altamente infectantes e necessitam de baixa carga viral para causar doença Rotavírus (principal vírus), norovírus (calicivírus), astrovírus, coronavírus e adenovírus entérico são os mais prevalentes. As diarreias agudas de causa bacteriana e parasitária são mais prevalentes nos países em desenvolvimento e têm pico de incidência nas estações chuvosas e quentes. Os agentes parasitários mais frequentemente envolvidos na etiologia da diarreia aguda são: Cryptosporidium parvum, Giardia intestinalis, Entamoeba histolytica e Cyclospora cayetanensis. A transmissão da maioria dos patógenos que causam diarreia é fecal-oral ou pessoa a pessoa. Fisiopatologia e quadro clínico Dependendo do fator de virulência do micro-organismo, pode haver quatro mecanismos fisiopatológicos de diarreia aguda: mecanismo osmótico, secretor, inflamatório e de alteração da motilidade. Em algumas situações, há sobreposição ou evolução sequencial desses mecanismos, podendo a diarreia apresentar mais de uma forma clínica. O quadro de disenteria causada pela Shigella sp. que frequentemente é precedido por diarreia aquosa. Diagnóstico O diagnóstico da diarreia aguda é eminentemente clínico, com história detalhada avaliando duração da diarreia, característica das fezes, número de evacuações por dia e sintomas associados (vômitos, febre, apetite, sede), história epidemiológica e patológica pregressa e medicamentos em uso. O exame físico deverá ser completo, incluindo avaliação do estado de hidratação e nutricional, já que a desnutrição é fator de risco para quadros mais graves e evolução para diarreia persistente. Deve-se lembrar também que a diarreia, principalmente no lactente, pode acompanhar quadros de pneumonia, otite média, infecção do trato urinário, meningite e septicemia bacteriana. A solicitação de exames laboratoriais não é necessária como rotina para o tratamento da diarreia aguda, habitualmente autolimitada, ficando reservada para os casosde evolução atípica, grave ou arrastada, presença de sangue nas fezes, lactentes menores de 4 meses e os pacientes Imunodeprimidos Medicamentos OMS preconiza o uso oral do zinco em menores de 5 anos com diarreia aguda durante um período de 10 a 14 dias, na dose de 20 mg/dia (10 mg até 6 meses de idade, pelo mesmo período). Os antieméticos são desnecessários para o manejo da diarreia aguda e não conferem benefício, além de terem efeitos sedativos, o que pode atrapalhar a TRO; entretanto, novas evidências indicam que crianças com vômitos persistentes, tratadas com ondansetrona, apresentam menor risco de admissão hospitalar. Os probióticos podem ser úteis para reduzir a gravidade e a duração dadiarreia aguda infecciosa infantil. Os quadros de diarreia aguda, em geral, são autolimitados e, portanto, o uso racional de antibióticos evita o aparecimento de complicações como resistência bacteriana, aumento do risco de SHU, no caso de E. coli produtora de toxina shiga, e prolongamento da duração da diarreia por Salmonella Segundo o Ministério da Saúde, os antimicrobianos de escolha, quando indicados, são: • Ciprofloxacino: 15 mg/kg a cada 12 horas, via oral, por 3 dias. • Ceftriaxona: 50 a 100 mg/kg, via intramuscular, uma vez ao dia, por 2 a5 dias, como alternativa. Segundo ESPGHAN (2014), em crianças, a azitromicina pode ser usada na dose de 12 mg/kg no primeiro dia, seguido por 6 mg/kg por mais 4 dias. O aleitamento materno reduz os episódios e a gravidade da diarreia, além de propiciar a melhor evolução do quadro e contribuir para a redução da morbimortalidade Objetivo 3 - Estudar abdome agudo infantil. Dor abdominal é queixa frequente em crianças e adolescentes que procuram unidade de emergência pediátrica (UEP). Embora a maioria dos casos envolva condições autolimitadas, a dor abdominal pode ser o sintoma inicial de doenças de apresentação grave, como acidose metabólica, cetoacidose diabética, pielonefrite aguda, pneumonia de base, pancreatite aguda e porfiria, e das emergências cirúrgicas. Desse modo, o principal objetivo na avaliação de um paciente com dor abdominal é identificar essas situações de risco à vida através de anamnese detalhada e exame físico minucioso, e indicar uma intervenção rápida e dirigida. O ambiente agitado da UEP não contribui para a avaliação precisa do paciente com suspeita de abdome agudo. Além disso, a variação individual na resposta à dor, a dificuldade da criança em descrever o tipo de dor e sua localização, e o exame físico do abdome são desafios que precisam ser enfrentados. Como regra, o médico assistente deve estar atento aos sinais de alarme na anamnese clínica: • Dor abdominal súbita e recidivante, com despertar noturno ou que interrompe brincadeiras. • Dor abdominal acompanhada de vômitos, sintomas sistêmicos e alterações físicas. • Vômitos persistentes, em jato, biliosos e concomitantes à dor. • Evacuações com características de melena, enterorragia ou presença de muco e sangue. No exame físico, além da minuciosa busca por causas extra-abdominais, a palpação abdominal deve ser precedida pela inspeção (distensão, massas, hematomas) e pela adoção de alguma estratégia de distração para o paciente (perguntas gerais sobre escola, amigos, atividades), iniciando o exame com a utilização do próprio estetoscópio para a compressão da parede abdominal Seguindo a regra geral no atendimento de urgência, a prioridade no paciente com suspeita de abdome agudo é a estabilização respiratória e circulatória. Satisfeita essa premissa, deve-se seguir na identificação da criança que vai necessitar de intervenção cirúrgica imediata, como nos casos de apendicite aguda e perfuração intestinal. Nesses, os exames laboratoriais e de imagem são ferramentas diagnósticas essenciais Entre as causas cirúrgicas de abdome agudo, a idade deve orientar os diagnósticos diferenciais. Em lactentes, predominam má rotação com volvo intestinal, intussuscepção intestinal e divertículo de Meckel. Em escolares e adolescentes, predominam apendicite aguda e torção de ovário. A ultrassonografia abdominal é o exame de imagem preferencial nos quadros abdominais obstrutivos e inflamatórios. A tomografia computadorizada deve ser utilizada com reserva, em razão dos riscos da radiação ionizante. No trauma abdominal fechado, a ultrassonografia dirigida para trauma tem moderada sensibilidade para a identificação de lesão intra-abdominal, mas pode ser útil quando usada em conjunto com exame físico e exames laboratoriais. Objetivo 4 - Entender exames complementares de abdome e diarreia agudos (tc, rx, usg, parasitológico de fezes)
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