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Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Ciências Departamento de Física Mestrado em Gestão do Risco de Desastres e Adaptação às Mudanças Climáticas M203: Avaliação do Risco e Necessidades de Adaptação Avaliação e Monitoria dos Impactos Causados pelo Ciclone Tropical Freddy Maputo, Maio de 2023 Discente: Mundeira Tomé Mundeira Docentes: Prof. Dr. Agostinho Vilanculos MSc. Casimiro Sande i Resumo Moçambique é historicamente o país mais afectado pelos desastres naturais na África Austral. De acordo com dados do Relatório Mundial sobre os Desastres, mais de oito milhões de moçambicanos foram afectados pelas calamidades naturais nos últimos vinte anos, nomeadamente décadas 80 e 90. De acordo com a base global de dados sobre os desastres, Moçambique registou um total de 53 calamidades nos últimos 45 anos - 1,17 em média por ano. Moçambique é um país bastante exposto ciclones, uma vez que a sua costa forma a fronteira ocidental duma das mais activas bacias dos ciclones tropicais, o Sudoeste do Oceano Índico. Todos os anos, esta bacia sozinha produz cerca de 10% de todos os ciclones do mundo. Os ciclones tropicais que se formam nesta zona atingem Moçambique em média uma vez por ano, enquanto que as depressões de menor intensidade ocorrem três a quatro vezes por ano. Em moçambique os ciclones ocorrem no período compreendido entre Outubro e Abril e a sua intensidade aumenta entre Fevereiro e Abril. O ciclone Freddy se formou no Oceano Índico Sul com uma velocidade inicial do vento de 46 km/h. e se deslocou inicialmente para o noroeste a 26 km/h e atingiu um diâmetro de 93 quilômetros e é considerado a primeira tempestade de categoria 5 de 2023 e quebrou o recorde de maior quantidade de energia de um ciclone já registado no Hemisfério Sul. O ciclone tocou duas vezes Madagáscar e Moçambique, e é de maior duração que o mundo já registou. Palavras -Chave: Ciclone-Freddy, Monitoria e Avaliação. ii Índice de Figuras Figura 1. Formação de ciclone tropical . .................................................................................................. 5 Figura 2. Diagrama que representa os ciclones que atingiram a costa Moçambicana no intervalo de 1984-2023. ................................................................................................................................................ 6 Figura 3. Funcionamento de CENOE.. ................................................................................................... 11 Figura 4. Destruição de casa na Zambézia .............................................................................................. 12 Figura 5. Inundações causadas pelo ciclone Freddy. .............................................................................. 12 Figura 6. Destruição de infra-estrutura privada. ..................................................................................... 12 Figura 7. Destruição de infra-estrutura pública ...................................................................................... 12 Figura 8. A localização de geográfica de Moçambique. ......................................................................... 14 Figura 9. Analise da precipitação média em Moçambique.: ................................................................... 15 Figura 10. Variação da temperatura média em Moçambique em função da precipitação. .................... 15 Figura 11. Temperaturas médias em Moçambique. ................................................................................ 16 Figura 12. Relevo de Moçambique. ........................................................................................................ 17 Figura 13. Uso e cobertura da terra. ........................................................................................................ 18 Figura 14. Hidrográfica de Moçambique. .............................................................................................. 19 Figura 15. População Moçambicana do Censo de 2017. ........................................................................ 20 Figura 16. Bacia de Licungo. .................................................................................................................. 21 Figura 17. Mapa da Provincial de Zambézia . ....................................................................................... 22 Figura 18. Distritos da Província da Zambézia. ...................................................................................... 23 Figura 19. Arc SIG 10.5 .......................................................................................................................... 24 Figura 20. Hospitais em Riscos............................................................................................................... 25 Figura 21. População em Risco............................................................................................................... 25 Figura 22. Impactos por Província. ......................................................................................................... 26 Figura 23. Distrito afectados por ciclone Freddy. ................................................................................... 27 Figura 24. Distritos afectdos por ciclone Freddy. ................................................................................... 27 iii Índice de Tabelas Tabela 1. Classificação de Ciclones. ......................................................................................................... 7 Tabela 2.Sistema de Alerta de Cores para Ciclones. ................................................................................ 9 Tabela 3. Avaliação dos impactos causado pelo ciclone Freddy. ........................................................... 25 iv Acrónimo e Siglas CENACARTA- Centro Nacional de Cartografia e Teledeteção DNGH- Direcção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos INGD- Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres MICOA-Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental IPCC- Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima INAM- Instituto Nacional de Meteorologia NAPA- Programa de Acção Nacional para Adaptação Às Mudanças Climáticas Índice Capítulo I. Introdução ............................................................................................................................... 1 1. Contextualização ................................................................................................................................ 1 1.1. Justificativa da Investigação .......................................................................................................... 2 1.2. Problematização ............................................................................................................................. 2 1.3. Objetivos ........................................................................................................................................ 3 1.3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................................ 3 1.3.2. Objetivos específicos .................................................................................................................. 3 Capitulo II. Revisão da Literatura ............................................................................................................ 4 2. Ciclone Tropical ................................................................................................................................ 4 2.1. Ocorrência de Ciclones em Moçambique .....................................................................................5 2.2. Escalas de Severidade de Ciclones ................................................................................................ 6 2.3. Fases de emissão de Aviso de Ciclone ........................................................................................... 7 2.4. Sistema de cores para Alerta de Ciclone ........................................................................................ 9 2.5. Índice do Potencial de Génese (IPG) ........................................................................................... 9 2.6. Monitoria de Ciclone a nível de CENOE..................................................................................... 11 2.7. Alguns Impactos Caudados pelo Ciclone Freddy em Quelimane................................................ 11 Capítulo III. Metodologia ....................................................................................................................... 13 3. Caracterização da área de estudo ..................................................................................................... 13 3.1. A precipitação e a temperatura média em Moçambique ............................................................. 14 3.2. Descrição do Relevo .................................................................................................................... 16 3.3. Uso e Cobertura de terra .............................................................................................................. 17 3.4. Recursos hídricos ......................................................................................................................... 18 3.5. Demografia de Moçambique ........................................................................................................ 20 3.6. Bacia de Licungo ......................................................................................................................... 20 3.7. Província da Zambézia ................................................................................................................ 22 3.8. Mapa dos Distritos da Província da Zambézia ............................................................................. 23 3.9. Materiais e Métodos ..................................................................................................................... 23 3.9.1. Materiais ................................................................................................................................... 23 3.9.1.1. Divisão administrativa .......................................................................................................... 23 3.9.1.2. População .............................................................................................................................. 24 3.9.2. Dados da trajectória do ciclone tropical FREDDY .................................................................. 24 3.9.3. Método...................................................................................................................................... 24 Capitulo IV. Resultados e Análise .......................................................................................................... 25 4. Impactos causados ........................................................................................................................... 25 4.1. Distritos afectados por província ................................................................................................. 26 CAPÍTULO V: Conclusões e Recomendações ....................................................................................... 28 5. Conclusões ....................................................................................................................................... 28 5.1. Recomendaçoes ............................................................................................................................ 28 6. Referências Bibliográficas .............................................................................................................. 29 1 Capítulo I. Introdução 1. Contextualização "Os ciclones, ou sistemas de área de baixa pressão, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, são uma área que apresenta pressão atmosférica inferior à das áreas vizinhas e possuem centro de circulação fechada, cujos ventos sopram para dentro, no entorno desse centro. A circulação dos ciclones difere-se nos dois hemisférios: no Hemisfério Norte, giram no sentido anti-horário, e no Hemisfério Sul, no sentido horário. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos, os ciclones surgem normalmente nos oceanos, podendo durar vários dias e percorrer um longo caminho, com bastante intensidade." De acordo com INGD, (2022) e DNGH, (2017) Moçambique é um país propenso a eventos extremos que, com as alterações climáticas, passaram a ser cada vez mais frequentes e intensos e que não podem ser ignorados no processo de planificação estratégica de desenvolvimento pelos impactos negativos que têm criado na vida das populações e nas infra-estruturas sociais e económicas. O país tem experimentado períodos cíclicos de cheias, secas e ciclones que estão a tornar-se cada vez mais frequentes e intensos e atendendo e considerando que existem muitos assentamentos populacionais e infraestruturas sociais e económicas vulneráveis a cheias, inundações e secas, há uma necessidade de abordar esta questão em ambas vertentes, medidas estruturais e não estruturais, (DNGH, 2017). A temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais uma consequência directa de mais de um século de queima de combustíveis fósseis, bem como do uso desordenado e insustentável de energia e do solo, (IPCC, 2023). A elevação da temperatura aumenta tanto a frequência quanto a intensidade dos eventos climáticos extremos, que causam impactos cada vez mais perigosos às pessoas e à natureza em todas as regiões do mundo (IPCC, 2023). É neste contexto que o presente trabalho tem como objectivo de avaliar os impactos caudados pela passagem de ciclone tropica Freddy em Moçambique com enfoque nas províncias da Zambézia e Sofala. 2 1.1.Justificativa da Investigação A região da África Austral e Oceano Índico é extremamente vulnerável no que respeita a ciclones, cheias, secas e tempestades tropicais. Estes choques recorrentes relacionados com o clima afectam negativamente os meios de subsistência e economias altamente sensíveis da região e desgastam a capacidade de recuperação total por parte das comunidades, o que, por sua vez, aumenta ainda mais a fragilidade e vulnerabilidade face a calamidades subsequentes (Cowan, .Brien, & Rakotomalala, 2014). A natureza e tipo de desastres climáticos estão a mudar e a tornar-se mais imprevisíveis, aumentando em frequência, intensidade e magnitude em consequência da mudança climática. A vulnerabilidade na região é ainda agravada por factores socioeconómicos negativos prevalecentes tais como a elevada taxa de HIV, a pobreza extrema, a insegurança crescente e o crescimento e tendências demográficos (incluindo a migração intra-regional e a crescente urbanização), (Cowan, .Brien, & Rakotomalala, 2014). Todos os anos há um número cada vez maior de pessoas que enfrentam estas crises crónicas e muitas delas encontram-se nas mesmas populações. Apesar de serem essenciais para atender às necessidades mais prementes associadas ao salvamento de vidas há pouca indicação de que as mais recentes respostas humanitárias possam a curto prazo quebrar este ciclo vicioso de crise e de cada vez maior vulnerabilidade. 1.2.Problematização Nas últimas décadas a frequência e intensidade dos desastres naturais tem assumido proporções fortemente crescente à escala mundial. Durante um intervalo de cerca de 30 anos (desde os anos de 1970 ao ano 2000),o número de desastres naturais passou de 1.280 para 3.435 a nível mundial, afectando tanto países desenvolvidos como países em desenvolvimento (Alves, 2011). De acordo com IPCC, (2007b), alguns países são mais vulneráveis que os outros, verificando-se uma maior fragilidade dos países em vias de desenvolvimento em enfrentar e conviver com este fenómeno natural. Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, alguns países são mais vulneráveis do que outros aos efeitos negativos das mudanças climáticas, sendo que os mais afectados serão sobretudo os países em desenvolvimento, como Moçambique, devido à sua localização geográfica e clima, sua elevada dependência aos recursos naturais e a importância económica de sectores sensíveis à 3 variabilidade climática como agricultura, pescas e ainda a sua limitada capacidade de adaptação, (MPCAA, 2005). Moçambique é um país da costa oriental da África Austral que tem como limites: a norte, a Tanzânia; a noroeste, o Malawi e a Zâmbia; a oeste, o Zimbábwe, a África do Sul e a Suazilândia; a sul, a África do O presente trabalho visa a responder a seguinte questão. Quais são os impactos causados pelo ciclone tropical Freddy em Moçambique? 1.3.Objetivos 1.3.1. Objetivo Geral Avaliar impactos causado pela passagem do ciclone tropical FREDDY em Moçambique 1.3.2. Objetivos específicos Estimar o número de população e infraestruturas em risco face ao ciclone tropical FREDDY; Identificar as regiões que foram afectadas pelo ciclone Freddy em Moçambique; Recomendar algumas medidas de adaptação aos ciclones 4 Capitulo II. Revisão da Literatura 2. Ciclone Tropical Um ciclone tropical é um sistema meteorológico associado com áreas de baixa pressão na superfície) que se desenvolve sobre os oceanos tropicais ou subtropicais (Souza & Reboita, 2020) Segundo o National Hurricane Center esses sistemas são classificados em depressão tropical quando a velocidade dos ventos sustentada é inferior a 61 km/h, em tempestade tropical quando a velocidade do vento está entre 61 a 118 km/h e para a velocidade igual ou superior a 119 km/h o ciclone passa a receber diferentes nominações que dependerão da região de formação (Souza & Reboita, 2020). Será chamado de ciclone tropical na região sudoeste do Índico, furacão no Atlântico Norte e no Pacífico Leste e de tufão no Pacífico Oeste. Também existe uma escala que relaciona a intensidade dos ventos sustentados dos ciclones com seu grau de destruição. Essa escala é chamada de Saffir-Simpson e varia de 1 a 5 . Furacões classificados na escala 1 apresentam menos potencial destruidor do que aqueles com escala maior (Souza & Reboita, 2020). Entre as características dos ciclones tropicais têm-se o núcleo quente e estendido por toda a troposfera e que os ventos mais intensos ocorrem próximo à superfície (Souza & Reboita, 2020) Os ciclones tropicais estão entre os sistemas atmosféricos mais severos, não apenas pelos ventos fortes, mas pelas ondas que são capazes de gerar e pelo aumento do nível do mar em áreas costeiras que acabam causando inundações. Entre os vários ciclones tropicais registrados no globo, podem se destacar o tufão Haiyan e Haima. (Souza & Reboita, 2020). 5 Figura 1. Formação de ciclone tropical . Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fintegritymagazine.co.mz%2Farquivos%2F9233&psig =AOvVaw0yuzN1omReAwB_hyoZb3z7&ust=1683735109727000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxq FwoTCJjTjpfQ6P4CFQAAAAAdAAAAABAE 2.1.Ocorrência de Ciclones em Moçambique Moçambique tem uma longa costa que constitui limite ocidental da zona activa em ciclones e tempestades tropicais. Deste modo, o País, é em média assolado por um ciclone tropical por ano, pondo em causa os esforços desenvolvidos para a erradicação da pobreza absoluta, (MICOA., 2007). Ou seja Moçambique é um país bastante exposto a este fenómeno, uma vez que a sua costa forma a fronteira ocidental duma das mais activas bacias dos ciclones tropicais, o Sudoeste do Oceano Índico. Todos os anos, esta bacia sozinha produz cerca de 10% de todos os ciclones do mundo. Os ciclones tropicais que se formam nesta zona atingem Moçambique em média uma vez por ano, enquanto que as depressões de menor intensidade ocorrem três a quatro vezes por ano, (.MICOA, 2005). A época ciclónica em Moçambique inicia em Novembro e termina em Abril de cada ano. Durante o período ciclónico, através da Plataforma Electrónica Integrada de Disseminação de Fluxo de Informação de Aviso Prévio de Cheias e Ciclones, o Ministério que superintende a área de meteorologia deve https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fintegritymagazine.co.mz%2Farquivos%2F9233&psig=AOvVaw0yuzN1omReAwB_hyoZb3z7&ust=1683735109727000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxqFwoTCJjTjpfQ6P4CFQAAAAAdAAAAABAE https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fintegritymagazine.co.mz%2Farquivos%2F9233&psig=AOvVaw0yuzN1omReAwB_hyoZb3z7&ust=1683735109727000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxqFwoTCJjTjpfQ6P4CFQAAAAAdAAAAABAE https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fintegritymagazine.co.mz%2Farquivos%2F9233&psig=AOvVaw0yuzN1omReAwB_hyoZb3z7&ust=1683735109727000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxqFwoTCJjTjpfQ6P4CFQAAAAAdAAAAABAE 6 disponibilizar e actualizar duas vezes por dia, em horários distintos, em função da evolução do evento, (BR, 2022). De entre 1984 a Abril de 2023, cerca de 25 sistemas de tropicas atingiram directamente a costa de Mozambique. Figura 2. Diagrama que representa os ciclones que atingiram a costa Moçambicana no intervalo de 1984-2023. Fonte: Autor Cada ano os ciclones tropicais causam vítimas mortais, imensos danos em propriedades e uma ameaça séria às embarcações, devido aos efeitos combinados de ventos fortes, marés altas e inundações, resultado da forte precipitação e de fenómenos de sobre elevação marítima com mais de 10 metros. 2.2.Escalas de Severidade de Ciclones O INAM utiliza um sistema baseado numa escala de 5 categorias de severidade dos ciclones conforme a figura abaixo, de acordo com o Pano Operacional para a o Sudoeste do Oceano Índico, que é seguido por todos os países da África Oriental, membros do Comité de Ciclones Tropicais para o Sudoeste do Oceano Índico. 0 50 100 150 200 250 300 Velocidade (km\h) 7 Tabela 1. Classificação de Ciclones. Fonte: INAM 2.3.Fases de emissão de Aviso de Ciclone Sempre que se detectar um Ciclone Tropical ou uma Tempestade Tropical com alta probabilidade de se intensificar com possibilidade de afectar a costa moçambicana, o Ministério que superintende a área de meteorologia deve enviar com urgência, em menos de 2 horas, alertas ou avisos ao Ministério que superintende a área de gestão de recursos hídricos e ao sector de gestão e redução do risco de desastres, através de meios oficiais e plataformas electrónicas acreditadas com indicação da localização e deslocação da ameaça de ciclone, precipitação e vento previstos. É responsabilidade do Ministério que superintende a área de meteorologia iniciar a comunicação logo que haja pelo menos 40% de probabilidade de ocorrência de um Ciclone ou Tempestade Tropical afectar directamente o território Moçambicano 8 1. A elaboração de comunicados, alertas e avisos baseia-se na matriz decisória para alertas de ciclones sendo que os critérios usados são definidos em função da velocidade dos ventos e da intensidade de precipitação previstos. 2. Os valores previstos para a velocidade das rajadas de vento e intensidade da precipitação, a serem considerados pelos especialistas do sector que superintende a área de meteorologia, devem resultar da combinação das melhores fontes globais, regionais e nacionais. O sistema de aviso prévio de Ciclones inclui três fases, nomeadamente: a) Ffase de vigilância do Ciclone inicia imediatamente a seguira formação de um Ciclone ou de uma Depressão Tropical na Bacia do Sudoeste do Oceano Índico, com tendências de atingir o Canal de Moçambique, com grande probabilidade de se intensificar, sem que afecte o canal de Moçambique dentro de 48 horas; b) Fase de alerta do Ciclone é declarada quando se preveja que um Ciclone ou uma Tempestade Tropical com alta probabilidade de se intensificar e possa afectar o canal de Moçambique no intervalo entre 48 a 72 horas; c) Fase de aviso do Ciclone entra em vigor sempre que existir possibilidade da formação de um Ciclone de uma Tempestade Tropical com alta probabilidade de se intensificar e atingir o canal de Moçambique dentro do período de 24 horas. 2. Durante a aproximação da ocorrência ou ocorrência de cada fase indicada nas alíneas do número anterior do presente artigo, deve elaborar-se informação técnica relevante e correspondente a ser divulgada às populações através de órgãos de comunicação social e outros meios alternativos, mesmo quando o fenómeno reportado não constitua perigo para o Canal de Moçambique. 3. Os avisos sobre Ciclones devem ser emitidos às 10, 14 e 18 horas ou em horário distinto em função da evolução do evento. 4. Com a dissipação do Ciclone Tropical, ou seja, quando este enfraquecer passando a categoria abaixo de Depressão Tropical ou ainda caso se venha a afastar da costa ou do território Moçambicano deve ser emitido um comunicado final à respeito. 9 2.4.Sistema de cores para Alerta de Ciclone Tabela 2.Sistema de Alerta de Cores para Ciclones. Fonte INAM 2.5.Índice do Potencial de Génese (IPG) De acordo com Silva & Reboita, (2021) Emanuel e Nolan em 2004, a fim de indicarem as regiões propícias à gênese de ciclones tropicais, desenvolveram a equação do IPG: 𝐼𝑃𝐺 = |105. 𝜂| 3 2.( 𝐻 50 ) 3 . ( 𝑉𝑝𝑜𝑡 70 ) 3 (1 + 0.1 𝑉𝑠ℎ𝑒𝑎𝑟) −2 Equação 1 Onde: IPG é o índice de potencial de gênese (adimensional); η é a vorticidade absoluta em 850 hPa (𝑠−1) H é a umidade relativa em 700 hPa (%); Vpot é a intensidade potencial do vento (m 𝑠−1) Vshear é a magnitude do cisalhamento vertical do vento; horizontal calculado entre 200 e 850 hPa (m 𝑠−11); A vorticidade absoluta (𝑒2) é uma medida local de rotação; de um fluido e tem grande importância em estudos meteorológicos de escala sinótica. É obtida como: 𝜂 = 𝜁 + 𝑓 Equação 2 em que: η é a vorticidade absoluta em (𝑠−1) ζ é a vorticidade relativa (𝑠−1) 10 f é a vorticidade planetária definida como 𝑓 = 2𝛺𝑠𝑒𝑛𝛷, sendo Ω a velocidade angular da Terra (° 𝑠−1) e Φ a latitude (°) . O Vpot é a máxima velocidade do vento em superfície que ocorreria num ciclone tropical dadas as condições prevalecentes de TSM e perfis verticais de umidade e temperatura do ar. O 𝑉𝑝𝑜t é calculado de acordo com a equação abaixo: 𝑉𝑝𝑜𝑡 = √ 𝐶𝑘.𝑇𝑠 𝐶𝑑.𝑇𝑜 (𝐶𝐴𝑃𝐸∗ − 𝐶𝐴𝑃𝐸) Equação 3 em que: 𝑉𝑝𝑜𝑡 é a intensidade potencial do vento (m.𝑘−1);Ck é o coeficiente de transferência de entalpia (adimensional); TS é a temperatura da superfície do mar (K); To a temperatura média no topo da tempestade (K); CD é o coeficiente de transferência de momento (adimensional);CAPE* é a energia potencial disponível da convecção do ar que é levantado a partir do nível médio do mar (J𝑘𝑔−1);CAPE é a energia potencial disponível para convecção (J 𝑘𝑔−1). Para a obtenção do 𝑉𝑝𝑜𝑡 utilizou-se o código em linguagem MATLAB disponível na página de Kerry Emanuel (ftp://texmex.mit.edu/pub/emanuel/TCMAX/). As variáveis atmosféricas necessárias para a execução do algoritmo são a pressão atmosférica e a TSM, para o nível da superfície, e a temperatura e razão de mistura em níveis verticais. Como a ERA5 não fornece a razão de mistura, esta foi obtida aproximando-se o valor da umidade específica ao da razão de mistura (Silva & Reboita, 2021). O Vshear usado na Equação 1 é calculado pela diferença vetorial do vento em 200 hPa e 850 hPa, conforme Equação (4). 𝑉𝑠ℎ𝑒𝑎𝑟 = √(𝑈200 − 𝑈850 + 𝑣200 − 𝑣850)2 Equação 4 Em que: Vshear é a magnitude do cisalhamento vertical do vento; horizontal calculado entre 200 e 850 hPa (𝑚. 𝑠−1); 𝑈200 é a componente zonal do vento em 200 hPa (𝑚. 𝑠 −1); 𝑈850 é a componente zonal do vento em 850 hPa (𝑚. 𝑠−11); 𝑣200 é a componente meridional do vento em 200 hPa (𝑚. 𝑠 −1𝑣850 é a componente meridional do vento em 850 hPa (m s-1). ftp://texmex.mit.edu/pub/emanuel/TCMAX/ 11 2.6.Monitoria de Ciclone a nível de CENOE O sector de monitoria depende bastante do que provem do sector de informação. Em tempos de emergência, baseado em informações e analisado o nível de gravidade, o sector de monitoria é chamado a deslocar-se aos locais visados a fim de recolher dados mais precisos e fazer avaliação técnica para intervenções. Em períodos fora de emergência e prontidão, este sector está engajado em mapeamento de riscos, verificação dos estado de infra-estruturas e acompanhamento das actividades do INGD e parceiros no âmbito de Redução do Risco de Desastres. O esquema abaixo sintetiza o CENOE e seu funcionamento interno e externo: Figura 3. Funcionamento de CENOE. Fonte: CENOE, (2021). 2.7.Alguns Impactos Caudados pelo Ciclone Freddy em Quelimane O ciclone Freddy, que atingiu vastas regiões no centro de Moçambique, matou, feriu, desalojou e destruiu residências, infraestruturas sociais e económicas https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique- ingd-pede-ajuda-ap%C3%B3s-ciclone-freddy/a-64987825. https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-ingd-pede-ajuda-ap%C3%B3s-ciclone-freddy/a-64987825 https://www.dw.com/pt-002/mo%C3%A7ambique-ingd-pede-ajuda-ap%C3%B3s-ciclone-freddy/a-64987825 12 Figura 4. Destruição de casa na Zambézia. Fonte: Autor Figura 5. Inundações causadas pelo ciclone Freddy. Fonte: Autor Figura 6. Destruição de infra-estrutura privada. Fonte: Autor Figura 7. Destruição de infra-estrutura pública 13 Capítulo III. Metodologia 3. Caracterização da área de estudo Moçambique é um país da costa oriental da África Austral que tem como limites: a norte, a Tanzânia; a noroeste, o Malawi e a Zâmbia; a oeste, o Zimbábwe, a África do Sul e a Suazilândia; a sul, a África do Sul; a leste, a secção do Oceano Índico designada por Canal de Moçambique ( https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Geografia-de-Mocambique), veja a figura abaixo. No Canal de Moçambique, os vizinhos são Madagáscar e as Comores (incluindo a possessão francesa de Mayotte). No Oceano Índico, para leste da grande ilha de Madagáscar, situam-se as dependências de Reunião, Juan de Nova e Ilha Europa. No Canal de Moçambique, sensivelmente a meia distância entre o continente e Madagáscar, o atol de Bassas da Índia, igualmente possessão francesa. A metade norte (a norte do rio Zambeze) é um grande planalto, com uma pequena planície costeira bordejada de recifes de coral, limitando no interior com maciços montanhosos pertencentes ao sistema do Grande Vale do Rift. A metade sul é caracterizada por uma larga planície costeira de aluvião, coberta por savanas e cortada pelos vales de vários rios, o mais importante dos quais é o rio Limpopo. O país é dividido em três regiões topográficas através do rio Zambeze e do rio Save. A região norte localizada a norte do rio Zambeze, compreende a linha costeira estreita que vai entre as colinas e o litoral, até as montanhas do Niassa, Namúli e o planalto dos Macondes (Manjoro et al., 2020). https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Mocambique/Geografia-de-Mocambique 14 Figura 8. A localização de geográfica de Moçambique.Fonte : https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Fpublication%2F2424875 2 3.1.A precipitação e a temperatura média em Moçambique A temperatura mais quente registrada desde 1949 até janeiro de 2023 foi relatada pela estação meteorológica de Massangena. Em outubro de 2019, a temperatura recorde de 46,7 °C foi medida aqui. O verão mais quente de julho a setembro, baseado em todas as 30 estações meteorológicas de Moçambique abaixo de 1370 metros de altitude, foi registrado em 2001 a uma média de 23,3 °C.Esta temperatura média é geralmente registrada a cada 4 a 6 horas, portanto, inclui também as noites. Normalmente, este valor é de 22,1 graus Celsius. (https://www.dadosmundiais.com/africa/mocambique/clima.php) O dia mais frio desses 74 anos foi relatado pela estação meteorológica de Maputo. Aqui a temperatura caiu para -2,2 °C em maio de 2007. Maputo está localizada a uma altitude de 44 metros acima do nível do mar. O inverno mais frio (janeiro a março) foi em 1994, com uma média de apenas 25,8 °C. A norma em Moçambique é de cerca de 0,9 graus a mais com 26,7 °C para este período de três meses. A maior parte da precipitação caiu em janeiro de 2016. Com 45,1 mm por dia, a estação meteorológica de Montepuez registrou os valores mais altos dos últimos 74 anos. A propósito, a região com maior precipitação durante todo o ano está na estação meteorológica de Beira. A região mais seca é próxima a https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Fpublication%2F242487524%2Ffigure%2Ffig1%2FAS%3A393104772354048%401470734889186%2FFigura-1-Mapa-de-localizacao-de-Mocambique-O-clima-dum-modo-geral-e-tropical-humido.png&tbnid=uafQ2Umt5ojHWM&vet=12ahUKEwj-9oPmi-T-AhVPpycCHeZtCq4QMygGegUIARCjAQ..i&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-1-Mapa-de-localizacao-de-Mocambique-O-clima-dum-modo-geral-e-tropical-humido_fig1_242487524&docid=735C0ZJNm--lDM&w=651&h=788&q=localiza%C3%A7%C3%A3o%20geogr%C3%A1fica%20de%20mo%C3%A7ambique%20pdf&ved=2ahUKEwj-9oPmi-T-AhVPpycCHeZtCq4QMygGegUIARCjAQ https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Fpublication%2F242487524%2Ffigure%2Ffig1%2FAS%3A393104772354048%401470734889186%2FFigura-1-Mapa-de-localizacao-de-Mocambique-O-clima-dum-modo-geral-e-tropical-humido.png&tbnid=uafQ2Umt5ojHWM&vet=12ahUKEwj-9oPmi-T-AhVPpycCHeZtCq4QMygGegUIARCjAQ..i&imgrefurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Ffigure%2FFigura-1-Mapa-de-localizacao-de-Mocambique-O-clima-dum-modo-geral-e-tropical-humido_fig1_242487524&docid=735C0ZJNm--lDM&w=651&h=788&q=localiza%C3%A7%C3%A3o%20geogr%C3%A1fica%20de%20mo%C3%A7ambique%20pdf&ved=2ahUKEwj-9oPmi-T-AhVPpycCHeZtCq4QMygGegUIARCjAQ https://www.dadosmundiais.com/africa/mocambique/clima.php 15 Tete.(https://www.dadosmundiais.com/africa/mocambique/clima.php). As figuras abaixo representam o comportamento da temperatura e precipitação a nível nacional. Figura 9. Analise da precipitação média em Moçambique. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F% Figura 10. Variação da temperatura média em Moçambique em função da precipitação. Fonte: https://www.destinoseviagens.com/wp- content/uploads/2015/02/clima-mocambique-quando- ir.png O país apresenta temperaturas mais quentes (entre 25 a 27ºC no verão e 20 a 23ºC no inverno) ao longo da zona costeira relativamente ao continente que apresenta temperaturas mais frias. As temperaturas médias na região sul são 24 a 26°C no verão e 20 a 22°C no inverno , de acordo com a figura abaixo https://www.dadosmundiais.com/africa/mocambique/clima.php https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ffscluster.org%2Fsites%2Fdefault%2Ffiles%2Fdocuments%2Fmozclimateanalysisl_pt.pdf&psig=AOvVaw1pEravUWEVpEHQVbB4bCrM&ust=1683580191085000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxqFwoTCIj91ImP5P4CFQAAAAAdAAAAABBe https://www.destinoseviagens.com/wp-content/uploads/2015/02/clima-mocambique-quando-ir.png https://www.destinoseviagens.com/wp-content/uploads/2015/02/clima-mocambique-quando-ir.png https://www.destinoseviagens.com/wp-content/uploads/2015/02/clima-mocambique-quando-ir.png 16 Figura 11. Temperaturas médias em Moçambique. Fonte: Patrão & Raposo,(2012) 3.2.Descrição do Relevo Moçambique apresenta zonas baixas ao longo da faixa costeira, aumentando a altitude da costa em direcção ao interior, onde encontram-se diferentes formações montanhosas, designadamente, a cadeia da Maniamba-Amaramba, na província do Niassa, a de Serra Jéci a que apresenta maior altitude com 1836 metros; as formações de Chire-Namúli, na província da Zambézia, cujo ponto mais elevado é o Monte Namúli com 2.419 metros; a cadeia de Manica, com o ponto mais alto de Moçambique com 2436 m e a cadeia dos Libombos, na zona ocidental sul do país de acordo com a figura abaixo. 17 Figura 12. Relevo de Moçambique. Fonte: https://media.licdn.com/dms/image/C4D22AQHmY9vj1Wc53w/feedshare- shrink_800/0/1628866380715?e=2147483647&v=beta&t=EfHYgSXwbP87S3egoZ3IhL6yxpLdrAGY0vSCbf3Vgv0 3.3.Uso e Cobertura de terra De acordo com MICOA (2009), cobertura vegetal de Moçambique é caracterizada desde a floresta alta e de baixa altitude, matagal, pradarias arborizadas e mangais assim como florestas exóticas. Regionalmente, distinguem-se: as florestas montanhosas de altitude (Zambézia, Manica, Niassa e Tete); as florestas de altitude (planaltos do Centro e Norte); Matagal (Centro e Sul do país, em zonas de pastoreio); Savana (interior da zona Sul e Tete); Pradaria (planícies da zona sul, facilmente alagáveis) e Mangais (na zona costeira, principalmente nos estuários das águas salgadas), veja a figura abaixo. https://media.licdn.com/dms/image/C4D22AQHmY9vj1Wc53w/feedshare-shrink_800/0/1628866380715?e=2147483647&v=beta&t=EfHYgSXwbP87S3egoZ3IhL6yxpLdrAGY0vSCbf3Vgv0 https://media.licdn.com/dms/image/C4D22AQHmY9vj1Wc53w/feedshare-shrink_800/0/1628866380715?e=2147483647&v=beta&t=EfHYgSXwbP87S3egoZ3IhL6yxpLdrAGY0vSCbf3Vgv0 18 Figura 13. Uso e cobertura da terra. Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ffnds.gov.mz 3.4.Recursos hídricos acordo com Carlo & Martorano, (2022) em Moçambique é um país a jusante, partilhando nove (9) das quinze (15) bacias hidrográficas internacionais da região da (Comunidade para o Desenvolvimento da Afica Austral (SADC). Segundo ENDRH, (2007) cite em Carlo & Martorano, (2022)Os rios são os maiores transportadores dos principais recursos hídricos do país, dos quais mais de 50% são originados nos países a montante. São de notar as diferenças que se verificam entre regiões no que se refere à variação da precipitação, período húmido e seco e de ano para ano com cheias e secas. De acordo com dados disponíveis, o escoamento superficial total é de cerca 216 km³/ano, dos quais cerca de 100 km³ (46%) são gerados no país. Moçambique é vulnerável aos desastres causados pelas irregularidades climáticas, com uma forte https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ffnds.gov.mz%2Fmrv%2Findex.php%2Fdocumentos%2Foutros-documentos%2F53-apresentacao-da-unidade-mrv-no-evento-da-dinab%3Fformat%3Dhtml&psig=AOvVaw3bY0luJImETnniT5wOk0xL&ust=1683583097968000&source=images&cd=vfe&ved=0CBEQjRxqFwoTCOiJz_OZ5P4CFQAAAAAdAAAAABAQ 19 incidência de fenómenos como secas, cheias e ciclones causando impacto negativo no desenvolvimento social e económico. Os desafios em Moçambique na gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos incluem o gerenciamento da água potável e melhorias no saneamento, água para segurança alimentar e desenvolvimento rural, prevenção da poluição da água, e conservação dos ecossistemas, mitigação dos desastres e gestão dos riscos, gestão dos recursos hídricos transfronteiriços e partilhas dos benefícios. Torna-se importante a contribuição deste trabalho para monitoramento e diagnóstico das bacias hidrográficas nas áreas estudadas, podendo ser uma ferramenta de planejamento e contribuiçãona tomada de decisão sobre o desenvolvimento de atividades conservando os recursos hídricos (Carlo & Martorano, 2022). Figura 14. Hidrográfica de Moçambique. Fonte: Autor 20 3.5. Demografia de Moçambique Moçambique é um país que possui cerca de 27.909.798 habitantes, sendo Nampula e Zambézia as que apresentam maior número de habitantes de acordo com a figura abaixo do Censo de 2017. Figura 15. População Moçambicana do Censo de 2017. Fonte: Autor 3.6.Bacia de Licungo Divisão de Gestão da Bacia Hidrográfica do Licungo e Bacias Costeiras – UGBLIC, com sede em Mocuba, província de Zambézia, a cerca de 400 𝑘𝑚 da cidade de Nampula, é responsável pela gestão operacional dos recursos hídricos de 3 principais bacias hidrográficas . A bacia do rio Licungo tem uma área de cerca de 22.800 𝑘𝑚2, fazendo fronteira sul com as bacias do rio Zambeze e do rio Namacurra e a Norte e Este com as bacias dos rios Raraga e Melela. A forma desta 21 bacia é aberta na cabeceira e com a saída estreita, a partir da confluência com o rio Lugela. Fica localizada entre os paralelos 15 e 18º S, (Carlo & Martorano, 2022). O rio Licungo tem a sua nascente nos montes Namúli, perto de Gurué, a 2000 𝑚 de altitude, e tem a sua foz no Oceano Índico a 50 𝑘𝑚 a Norte da Cidade de Quelimane. Este rio é também alimentado por dois afluentes principais, o rio Lugela e o rio Luo, ambos na margem direita, para além de outros pequenos afluentes. Esta bacia tem um factor de forma de 0.34, que indica que a bacia tem pouca propensão a cheias. As cheias que ocorrem afectam apenas a parte final da bacia a jusante de Malei. A bacia tem um escoamento médio de 6 533,80 M𝑚3/ano e um consumo para as diversas utilizações de 2 775,90 Mm3/ano cerca de 42% do escoamento total da bacia o que significa que a mesma possui quantidade suficiente de água, prevendo- se que até ao ano 2015, as necessidades de água para os diversos fins seja de 3 600,90 M𝑚3/ano cerca de 55%, e em termos de qualidade de água, verifica-se que há uma alteração significativa dos padrões de qualidade de água (Carlo & Martorano, 2022). Figura 16. Bacia de Licungo. Fonte: Autor 22 3.7.Província da Zambézia A Província da Zambézia fica situada na região Centro de Moçambique entre os paralelos 14º e 59' e 18º 54’ 40" latitude Sul e entre os meridianos 35º 17’ 53" e 39º de longitude Este. Limita-se a Norte pelas províncias de Nampula e Niassa, a Sul Sofala, a Este pelo Oceano Índico, a Oeste pela província de Tete e faz fronteira com a República do Malawi, através do rio Chire. Figura 17. Mapa da Provincial de Zambézia . Fonte: Autor 23 3.8.Mapa dos Distritos da Província da Zambézia O mapa abaixo, ilustra os distritos da Província da Zambézia Figura 18. Distritos da Província da Zambézia. Fonte: https://www.zambezia.gov.mz/var/ezdemo_site/storage/images/media/images/mapa/39586-1-por- MZ/Mapa_galleryfull.jpg 3.9.Materiais e Métodos 3.9.1. Materiais 3.9.1.1.Divisão administrativa Para fazer a avaliação do impacto do ciclone tropical FREDDY, foram usados dados em shapefile do Centro Nacional de Cartografia e Teledeteção (CENACARTA), que são os dados de divisão administrativa. https://www.zambezia.gov.mz/var/ezdemo_site/storage/images/media/images/mapa/39586-1-por-MZ/Mapa_galleryfull.jpg https://www.zambezia.gov.mz/var/ezdemo_site/storage/images/media/images/mapa/39586-1-por-MZ/Mapa_galleryfull.jpg 24 3.9.1.2.População Os dados da população foram obtidos no Instituto Nacional de Estatística (INE). Os dados são dos últimos CENSO geral da população de 2017. 3.9.2. Dados da trajectória do ciclone tropical FREDDY Os dados da trajectória do ciclone tropical FREDDY foram usados para ajudar na avaliação de risco nas áreas potencialmente afectadas e disponíveis no seguinte site http://www.meteo.fr/temps/domtom/La_Reunion/webcmrs9.0/anglais/index.html. 3.9.3. Método A metodologia usada para realização deste trabalho consistiu no uso software ArcSIG versão 10.5 para o processamento e projecção dos cenários possíveis face a aproximação de ciclone Tropical Freddy. Recorreu-se ao método cartográfico para o desenho da área de risco e foi usado a ferramenta Clip para fazer o corte e saber do número de infra-estruturas, aldeias e população em risco na área de abrangência. Figura 19. Arc SIG 10.5 Fonte: Autor http://www.meteo.fr/temps/domtom/La_Reunion/webcmrs9.0/anglais/index.html 25 Capitulo IV. Resultados e Análise O Ciclone Tropical FREDDY que entrou para a costa Moçambicana no dia 11 de Março pela província da Zambézia no Posto Administrativo de Macuze, distrito de Namacurra com ventos de 148km/h e rajadas até 213km/ h com chuvas intensas, causou os seguintes impactos nas provincias de Niassa, Zambezia, Tete, Manica e Sofala. As figuras abaixo ilustram alguns dados causado pelo ciclone e o número da população em riscos Figura 20. Hospitais em Riscos. Fonte: Autor Figura 21. População em Risco. Fonte: Autor 4. Impactos causados População Afectada Principais danos Pessoas Famílias Feridos Óbitos Hospitais Casas inundadas Furos de água Postes de energia 𝟏 𝟎𝟎𝟓 𝟎𝟕𝟏 234 357 688 169 98 54382 122 595 Tabela 3. Avaliação dos impactos causado pelo ciclone Freddy. Adaptado por Autor 26 Figura 22. Impactos por Província. Fonte: Autor 4.1.Distritos afectados por província De acordo com as figuras abaixo, nota-se que a província da Zambézia foi a mais afectada, quase em todos distritos em seguida a província de Sofala nos seguintes distritos Marromeu, Caia, Chemba, Chiringoma, Marigue, Gorongosa, Muanza, Nhamatanda, Dondo e Cidade da Beira e a província de Tete nos distritos de Tsangano, Moatize, Doa e Mutarara e com menos intensidade para as províncias de Niassa e Manica, afectando os distritos de Cuamba, Mecanhelas, Metarica e Mandimba e Gondola, Vanduzi, Manica, Barue, Macossa, Guro e Tambara. Zambezia 74% Sofala 14% Tete 10% Niassa 2% Manica 0% Impacto por provincia Zambezia Sofala Tete Niassa Manica 27 Figura 23. Distrito afectados por ciclone Freddy. Fonte: INGD ,(2023) Figura 24. Distritos afectdos por ciclone Freddy. Fonte: Autor 28 CAPÍTULO V: Conclusões e Recomendações 5. Conclusões Em termo de número de população e infraestruturas em riscos foi estimado a cerca de 1 005 071 de pessoas afectadas nas províncias da Zambézia, Manica, Sofala, Niassa e Tete e cerca de 57630 incluindo escolas, hospitais, postes de energia, fontenárias, pontes, barcos etc. A província da Zambézia foi a mais afectada, quase em todos distritos em seguida as províncias de Sofala, Niassa, Manica e Tete. 5.1. Recomendaçoes Para maior gestão dos eventos extremos, que actualmente são mais frequentes em Moçambique, recomenda-se: Reforçar os mecanismos de aviso prévio aos ciclones; Tradução das informações disseminadas por INAM, INGD, DNGRH e mais identidades competentes em línguas locais; Envolvimento dos lideres comunitários no órgão de gestão de risco de desastres, visto que, esse órgão tem maior valor na comunidade; Aumento de mais estações meteorológicas na zona centro do pais, principalmente nas províncias da Zambézia que até hoje conta com duas estações meteorológicas, e província de Sofala; Introdução dos conteúdos relacionados com mudanças climáticas e formas de mitigação, prevenção e adaptação aos eventos extremos nos currículos do ensino geral. 29 6. Referências Bibliográficas .MICOA, M. P. (2005). Avaliação da Vulnerabilidade às Mudanças Climaticas e Estratégias de Adaptação. Maputo. Alves, A. A. (2011). 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Climate Change. França. MICOA., M. P. (2007). Programa de Acção NAciona para Adaptação Às Mudanças Climaticas ( NAPA). Maputo. MPCAA. (2005). Avaliação das capacidades de gestão do risco de desastre. Silva, B. A., & Reboita, M. S. (2021). Climatologia do Índice do Potencial de Gênese de Ciclones Tropicais nos Oceanos Adjacentes à América do Sul. Anuário do Instituto de Geociências. Souza, C. A., & Reboita, M. S. (2020). Intensidade do vento de dois ciclones tropicais obtida por diferentes conjuntos de dados. Revista Brasileira de Geografia Física . 30
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