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Cw1 + Ta1: Fundamentos da Educação Educação é o processo com objetivo de ensinar algo que contribuirá para a formação da pessoa, na educação escolar, participam desse processo: Professor (que provoca), e Aluno (aquele que é provocado, sujeitos do aprendizado. Para a filosofia o conhecimento é um problema, não se sabe ao certo como ele funciona, temos como exemplo o impasse de duas concepções de teoria do conhecimento: Racionalismo (razão como única forma de alcançar o verdadeiro conhecimento), e Empirismo (o conhecimento advém da prática/experiências). A educação deve ser libertadora, levar o aluno a criticidade, para que ele não seja mero espectador da ciência, mas que saiba questionar e perceber os interesses por trás do fazer científico, já que a produção da ciência nunca é neutra. Antropologia Filosófica Pode ser considerada uma área da filosofia que ajuda a pensar e refletir a respeito das questões educacionais, a maneira de se relacionar com os conteúdos científicos produzidos e como podem ser trabalhados, para isso, deve-se pensar nas diferentes concepções desenvolvidas ao longo do tempo e como elas influenciam a produção de conhecimento, e como ela é determinante no desenvolvimento dos conteúdos. A concepção seria uma maneira de entender o objeto, veja abaixo: 1. Essencialista: ligada a essência, para Platão, o ser humano em sua perfeição é ideal, a ideia de homem que traz todas as possibilidades de ser é a sua essência, o homem se realiza somente quando realiza o que é próprio da sua essência. Já para Tomás de Aquino, a essência do homem está projetada em Deus, sua essência é encontrada quando suas ações estão direcionadas para o projeto de Deus, objetivando a vida eterna. 2. Naturalista: perspectiva atrelada ao desenvolvimento da ciência moderna, no fim da Idade Média, com a perda de poder da igreja, a forma de conceber conhecimento mudou. Com tentativa de adequar o método das ciências humanas ao das ciências da natureza. Francis Bacon dizia que o homem é produto das condições naturais em que está inserido, não de uma ideia preconcebida, de que saber é poder, e quanto mais o homem tivesse conhecimento de mundo, mais chances teria e dominar este. Já para René Descartes, defende que é necessário entender o funcionamento das partes para que se possa entender o funcionamento do todo. Por fim, na prática deve-se considerar as vivencias do aluno, ter consciência ativa para que o aluno se posicione diante do conteúdo apresentado, levando-o a conhecer e experimentar o mundo. Fundamentos filosóficos da educação A filosofia se origina por volta do séc. VII a.C., e auxilia a entender a realidade. Os filósofos desenvolveram argumentação lógica para explicar o mundo com seus diversos problemas, sendo o homem ao mesmo tempo sujeito e objeto do processo educativo. A filosofia problematiza o homem e a produção de conhecimento, educa-se com a crença de que o conhecimento é possível de ser construído e ensinado. Conhecimento e Educação Conhecimento e educação são duas questões intimamente ligadas, o conhecimento aprendido e produzido, também pode ser ensinado, o ser humano produz conhecimento a partir das diferentes influencias pertinentes ao contexto vivido. Conhecimento é a relação estabelecida entra sujeito e objeto, a maneira como o sujeito revelará o objeto dará origem a diferentes tipos de conhecimento (senso comum, conhecimento religioso, filosófico, científico), esses conhecimentos são diferentes formas de interpretar um mesmo fenômeno. O conhecimento é construído ao longo da história a partir de diferentes perspectivas de acordo com o tempo histórico e com as diferentes regiões do planeta. A filosofia diz que o conhecimento traz segurança ao ser humano, ainda que não tenha uma ação sobre ele. A racionalidade cria o desejo natural de conhecer, pois conhecer traz satisfação, o conhecimento traz segurança ao ser humano, mesmo que não se tenha uma ação sobre ele. A filosofia é dividida em áreas, uma delas se dedica a refletir o conhecimento, e pode ser dividida em duas perspectivas: 1. Racionalistas: acreditam que o conhecimento é inato, nasce conosco e vem da razão 2. Empiristas: nascemos sem conhecimento, e adquirimos a partir da experiência. Pode-se pensar também na relação ciência e educação, são dois âmbitos que se relacionam numa mesma realidade, não é possível pensa-los separados. A ciência moderna tem origem na modernidade, se desenvolve a partir do método experimental, busca conhecer a realidade observando fenômenos, analisa elementos que se repetem para estabelecer um padrão e elaborar suas teorias construídas por um conjunto de leis sobre um determinado âmbito da realidade. A educação lida com os conhecimentos produzidos pela ciência, seu objetivo é formar um cidadão autônomo, livre em seu contexto. A educação formal aproxima o mundo dos alunos, e deve formar um sujeito crítico diante da ciência. O papel da história na formação do sujeito Quando pensamos na formação dos indivíduos, é essencial pensar também na história da humanidade, o que foi construído ao longo do tempo/espaço é determinante para pensarmos a organização da humanidade atualmente. O tempo é um problema filosófico antigo, o ser humano o vivencia e realiza experiências nele, essas experiências devem ser pensadas dentro de um contexto. Ao longo da história, temos vários contextos, cada um com características próprias em relação a ação do homem no mundo e as reações que se seguiram. Existem três elementos diferentes nessa questão: 1. Elemento processual: a realidade é algo que vai se construindo, o homem não está pronto, é fruto de um processo que não termina, a construção é constante. 2. Elemento contraditório: o processo não ocorre de forma única, se apresenta por meio de um embate entre concepções e situações diferentes, por vezes contraditórias. 3. Elemento social: o homem não vive só, partilha sua realidade com outros seres, e um influencia na vivencia do outro. O ser humano é resultado do tempo e contexto histórico que vive, molda a realidade e em contrapartida é moldado por ela, o ser humano é construído por essa relação com a realidade. Hegel traz a perspectiva da dialética, a história sendo compreendida como uma sucessão de momentos que se contrapõem, a realidade não é estática. O homem como parte da realidade, desenvolve uma consciência histórica, que constrói um modo de ser humano específico em cada época, cada momento histórico determina uma consciência, não há uma única ao longo do tempo. A contradição nesse processo é essencial, pois nenhuma realidade é plena, e sempre há margem para questionamentos. Um exemplo de movimento da dialética é que: em um primeiro momento tem-se uma Tese, porém com elementos contraditórias, e nisso tem-se uma Antítese, há uma relação entre ambas, debate-se a respeito disso, nessa interação, tem-se a Síntese, que se torna uma nova Tese, essa também terá suas contradições, pois nenhuma realidade é plena, então o ciclo se repete. Rousseau e Sartre Cada experiência deve ser pensada dentro de um contexto, sendo contexto um modo de organizar a vida de acordo com a realidade. Ao longo da história, houveram vários contextos, cada um tem como característica tudo que o homem dispões, o que fez dele e o que foi devolvido como reações. A concepção histórico-social se preocupa com o processo, com a contradição e com o caráter social da formação humana, nada é estático e linear. Rousseau traz a Teoria Contratualista, uma perspectiva de contrato firmado para manutenção da vida em sociedade, considerando que o homem é bom e a sociedade o corrompe a partir do estabelecimento da propriedade privada. Em sua perspectiva a sociedade civil surge quando o homem decide viver no coletivo, cedendo as suas vontades, objetivando viver melhor, como que aceitando um contratoao fundar a sociedade, garantindo sua liberdade mesmo que sujeito a algo mais amplo, que seria o respeito as regras comuns. Sua filosofia lança um novo olhar ao ser humano, de buscar na educação os elementos de transformação. Se o homem é bom naturalmente, é a educação que deve resgatar sua bondade. Hegel entende que a realidade se dá no modo dialético, a história pode ser vista como um movimento de sucessão de momentos que se contrapõem, então o homem é diferente em cada contexto e sua consciência muda em cada situação. Já Sartre parte da perspectiva de um Homem Singular, entendendo que cada indivíduo constrói sua existência a partir das escolhas que toma, sendo livre para toma-las e sempre responsável pelo que escolhe e pelas consequências. Pensa também que o homem se constrói a cada decisão tomada, então está sempre se construindo e mudando enquanto toma decisões, por isso, não se pode pensar no homem como um sujeito pronto. Dentro disso, deve-se pensar o ato educativo dentro dessa mudança constante, o educando não é fixo. Cw2 + Ta2: Educação e Ideologia Ideologia é um conjunto de ideias que sustenta uma visão de mundo, seja essa visão política, religiosa, científica, literária, etc. Cada classe social tem sua própria ideologia, pois vêm o mundo de formas diferentes. Na sociedade capitalista, a classe dominante possui uma ideologia de meritocracia, dando a falsa esperança para as classes mais baixas de que basta trabalhar para enriquecer, basta fazer para merecer. A mudança dessa ideologia de meritocracia deve vir da base da sociedade, sustentada pelo homem comum de classe média/baixa que vende a força de trabalho em troca e salário, quando essa proposta de mudar faz sentido para o homem comum, se torna capaz mudar essa estrutura. A responsável por essa conscientização é a escola, que deve conscientizar os alunos no sentido de mudança e crítica ao sistema. A educação deve ser um processo de formação para libertar o homem das condições que o restringem, o dando mais condições de ultrapassar barreiras. Se a sociedade fosse homogênea, seria possível adotar um único projeto educativo para toda a sociedade, porém a falta de homogeneidade causa diferentes modelos de escola, que reproduzem os interesses sociais das classes sociais. A escola privada oferece formação completa, estimula criticidade. Enquanto a escola pública educaria para trabalhos comuns. O papel da escola e dos profissionais da educação não é apenas de ensinar conteúdos, mas também de ajudar na emancipação e propiciar acesso aos bens culturais. Educação e cultura Cultura se define no modo de ser do homem, sua produção de mundo, na transmissão de conhecimentos absorvidos ao longo do tempo, em vestígios materiais e imateriais deixados na modificação do meio natural e na forma como essa modificação foi/é feita. Todos têm cultura e diferentes classes terão culturas diferentes, porém nem todas as manifestações culturais estão disponíveis para todos, pois no sistema capitalista há a separação entre as classes dominante e dominada, um dos benefícios da classe dominante é participar de uma cultura diferente, pelo qual pode pagar. Dentro da teoria de que uma cultura serviria de modelo para as demais, existem duas visões distintas: o Etnocentrismo se considera o centro do entendimento do mundo, entende seus valores como os que expressam verdade, enquanto o Relativismo entende que não há uma cultura que deve ser considerada “modelo”. Indústria Cultural O conceito de Indústria Cultural foi desenvolvido pelos teóricos de Frankfurt, autores com influência do pensamento marxista. Marx entenderá que a Economia determina a organização da sociedade e suas relações, já os pensadores de Frankfurt dirão que não apenas a economia, mas também questões de gênero, raça e cultura determinariam a organização da sociedade e suas relações. A cultura é dinâmica e contínua, está se modificando constantemente, a relação do homem com a cultura é possibilitada pela educação. A sociedade impões valores e regras e o indivíduo assimila pois não tem condições racionais e maturidade psicológica desenvolvidas para ser crítico. A sociedade é geral e o indivíduo é particular, ambos estão intimamente ligados. Cada indivíduo tem maneiras individuais de lidar com o mundo ao redor a partir do conteúdo que recebe, seja pelos meios de comunicação ou por opiniões pessoais, a comunicação de massa é realizada por meio de TV, rádio, jornal, internet, etc., a divulgação é feita sem preocupar- se com o nível de veracidade que transmite. A Indústria cultural se aproveita dos meios de comunicação para transmitir valores e ideias úteis para o sistema, mensagens prontas e simplificadas ao extremo para que o público receba e absorva informações sem pensar sobre elas, assim a cultura deixa de ser a manifestação humana em diversos âmbitos para ser a produção em série de algo que serve para um fim. O estudante não é só o que mostra no convívio escolar, ele tem uma bagagem cultural latente, por isso não se deve ter uma postura Etnocentrica e considerar os valores de seu grupo social como verdadeiros, é preciso pensar em um Relativismo, pois não há uma cultura modelo, todas são relativas a um contexto. Fundamentos sociológicos na educação A escola não pode ser pensada desvinculada da sociedade, pois está inserida nela, a constituição da escola e o fazer educativo são influenciados pela sociedade. A sociologia tem origem a partir das Revoluções Burguesas (Revolução Francesa e Revolução Industrial), a Revolução Francesa muda a forma de administrar a sociedade com a queda da monarquia e a ascensão do estado moderno burguês, e a Revolução Industrial muda a maneira de produzir, abandonando o modelo agrário e adotando o modelo de produção industrial, influenciados pelo Iluminismo, com perspectiva de racionalidade para a sociedade, a sociologia surge para explicar essas transformações. A sociologia é uma ciência voltada para o entendimento humano e ajuda a pensar o fenômeno educativo, a relação escola e sociedade, sendo a escola um lugar de transferência de conhecimentos e reprodução social e cultural. A sociedade para Karl Marx Karl Marx (1818-1883) tem pensamento influenciado pelas transformações decorrente das Revoluções Burguesas, analisando o processo de industrialização tardia da Alemanha quando comparada ao restante da Europa, desenvolverá análises a respeito do modo de produção capitalista com uma perspectiva crítica, chegando a propor um novo modelo econômico para substituir o capitalismo e acabar com as desigualdades que em sua teoria, seriam próprias desse sistema. Em sua visão a sociedade é marcada pelo antagonismo de classes: Burguesia X Proletariado (Dominante X Dominado), e os interesses delas não podem ser conciliados pois os que dominam não desejam sair dessa posição, então os dominados precisam promover uma revolução para sair da situação de exploração que se encontram. O objetivo do capitalismo é lucrar, nesse sistema nem todos possuem capital, o que causa desigualdade no acesso aos bens. A premissa básica do capitalismo é a desigualdade, se todos estiverem na mesma situação, o capital não gira, é preciso que alguém tenha a necessidade de vender sua força de trabalho a um baixo custo, para que os detentores dos meios de produção obtenham lucro. Ao analisar um sistema de sociedade, deve-se conseguir ver nele pontos negativos e também positivos, o avanço do capitalismo tem dois lados: Positivo: avanço científico e tecnológico Negativo: degradação ambiental, dificuldade de acesso e bens de serviço para todos, concentração de renda, intensa desigualdade social, exploração de mão de obra barata, trabalho análogo a escravidão, etc. As classes sociais são frutos das relações estabelecidas pelo homem no processo de produção, a classe de cada indivíduoé marcada por sua posição no processo produtivo. Segundo Marx, as classes sempre existiram, apenas a aparência da sociedade se modificou, mas a essência é a mesma e o capitalismo evidencia cada vez mais as diferenças entre as classes, a luta entre classes é o que faz a transformação na história. Quanto as relações de produção, Marx entende que a visão do processo de produção aliena indivíduos, os separa da consciência da produção, com o próprio indivíduo uma mercadoria ao vender sua força de trabalho para garantir sua subsistência. A ideologia da classe dominante é um conjunto de ideias que visa ocultar sua origem nos interesses sociais de um grupo específico da sociedade, sua função é ocultar a existência do conflito de classes, a classe dominante quando toma o poder visa disseminar seus interesses como os interesses comuns a sociedade. Ideologia e Educação para Marx Apesar de não ter uma obra específica sobre educação, os escritos Marxistas são fundamentais para pensar a educação e a estruturação da educação, lembrando que não se pode pensar a educação desarticulada das outras questões da vida social. Marx analisará as dimensões da educação de forma integrada com o modo de produção que rege uma determinada sociedade em um dado momento histórico. No feudo, apenas filhos de senhores feudais e o clero tinham acesso à educação. Educação totalizante diz respeito a ensinar um indivíduo um afazer de um trabalho. Até a Era Industrial, as escolas tinham uma educação totalizante capaz de articular conteúdos e conhecimentos com a realidade do aluno, a partir da Era Industrial, quando a burguesia promove uma revolução e as escolas com ideais burgueses passam funcionar, a perspectiva de divisão do trabalho entra na escola, com o fortalecimento de um modelo pedagógico que presava a fragmentação de disciplinas, tirava de professores e aluno a liberdade de pensar e experimentar, imprescindível para movimentar as consciências, tudo isso foi feito pois não era interessante formar um cidadão crítico e reflexivo, que se posiciona ativamente. A educação fragmentada oferecida pela burguesia era uma crítica de Marx. Segundo Marx, a venda da força de trabalho por um salário e a especialização das atividades tiram a capacidade criativa-reflexiva dos indivíduos, o sistema de ensino no capitalismo seria uma consequência e um instrumento da burguesia para intensificar e naturalizar a exploração no cotidiano, em sua perspectiva a escola estaria permeada pela ideologia da classe dominante, acabaria a escola se configurando como instrumento que perpetua a classe dominante no poder, e não desenvolve liberdade crítica do aluno. Uma educação diferente é ofertada para cada classe, e Marx defende que a educação ofertada deve ser igual a todos, a educação deixa de ser ideológica quando permite libertação do ser humano lutando pela igualdade social e melhores condições de vida, a educação liberta o aluno quando ajuda a pensar criticamente a realidade. Marx pensará em uma educação capaz de emancipar, com objetivo de superar a alienação imposta por um modo de produção desigual, visando plenitude da condição humana sem limites econômicos de caráter mercantil, a educação ideal seria pública (estatal), gratuita, laica, obrigatória, universal e assegurar a abolição do monopólio burguês da cultura e do conhecimento, uma educação crítica que proporciona possibilidade de mudar a realidade em que se está inserido (contrariando um projeto educacional que se interessa apenas em formar mão de obra), capaz de formar o indivíduo no todo e desenvolver todas as suas potencialidades. A concepção Gramsciana de Educação Antonio Gramsci (1891-1937) foi um autor italiano importante para pensar questões ligadas ao capitalismo com críticas ao sistema educacional, com forte influência de Marx, foi perseguido pelo fascismo e passou grande parte da vida preso. Gramsci traz o conceito de Hegemonia Social, que seria a capacidade de dirigir e criar consensos de acordo com sua visão de mundo. Uma classe é hegemônica quando é capaz de elaborar sua visão de mundo, um sistema convincente de ideias que conquistará a classe dominada. Ambas as classes desejam ser dominadoras, a dominação é a força política que uma classe exerce quanto ao Estado, a direção é o poder ideológico e a formação de pensamento rege a sociedade, uma classe só é dominante de fato quando seu pensamento dirige a sociedade. Gramsci fala a respeito dos intelectuais da burguesia, que tinham o papel de sedimentar os interesses da sua classe (garantindo sua dominação), então sugere que o proletariado também tenha seus intelectuais pois nesse cenário político as direções da classe dominante poderiam ser combatidas desvelando contradições e desigualdades do sistema capitalista. Cada grupo social quando em disputa num dado momento histórico tem um perfil de intelectualidade que corresponde as suas conveniências (seja no campo econômico, político ou social). Os trabalhadores não têm acesso aos conhecimentos científicos e filosóficos e por isso permanecem dominados, Gramsci entenderá que todo indivíduo é intelectual, mas nem todos exercem isso na sociedade, quem exerce precisam difundir conhecimento dessas questões até o proletariado, para que se emancipem, com isso haveria formação de uma nova cultura diferente da intelectualidade burguesa. O autor via a educação como uma instituição do campo das superestruturas necessária na superação do capitalismo pois tem capacidade de clarificar a consciência dos indivíduos, todos têm capacidade de compreender e mudar o mundo, mas é preciso que a educação se dê de forma efetiva, é necessário ampliar as oportunidades aos sujeitos para que adentrem os espaços de aprendizado e reflexão. A concepção de educação é vinculada ao exercício livre e consciente das reflexões a respeito da totalidade histórica em que se está inserido, essa consciência seria importante para as massas que sofrem exploração e miséria causada pela estrutura capitalista, Gramsci pontua que a escola daria oportunidade aos sujeitos e os tornaria capazes de romper a vassalagem. Cw3 + Ta3 Fundamentos histórico da educação brasileira A educação brasileira passa por muitas transformações ao longo da história, até 1930, o desenvolvimento econômico do país é marcado pela exportação de produtos primários (café, minérios, cana-de-açúcar), após esse período, ocorre investimento na indústria nacional. Desde 1549 a educação brasileira era jesuítica, até que em 1759 os católicos tinham o monopólio do ensino, comandando as principais instituições privadas de ensino do país e influenciando diretamente na educação pública. A partir de 1920 com influência de John Dewey e das Pedagogias renovadoras europeias, surgem críticas a educação tradicional e defesa às reformas educacionais baseadas numa nova perspectiva pedagógica. Acompanhe abaixo uma linha do tempo dos fundamentos históricos da educação brasileira, de 1930 até 2015: 1930-1964 O governo vigente nessa época era de Getúlio Vargas, considerado um ditador, porém com um forte populismo, chegando a ser considerado Pai dos pobres, andando em corda bamba, ora atendendo interesses da elite, ora satisfazendo os interesses do povo, com essa estratégia se manteve no poder. Ocorre ne Era Vargas uma intensa industrialização, porém a estrutura agrária do país não se altera significativamente. Logo após a chegada de Vargas ao poder, ocorre a criação do Ministério da Educação e da Saúde (1930), pela primeira vez um Ministério olhou especificamente para a Educação, apesar de ser um órgão compartilhado. As políticas educacionais deste período são marcadas pela disputa de projetos entre católicos e reformadores da Educação Nova, influenciados por inúmeros pensadores na educacional nacional, sendo um deles John Dewey. Acompanhe abaixo, marcos na educação desteperíodo: 1932: é escrito o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, que defendia educação pública, gratuita, obrigatória e laica, que preparasse os alunos para as mudanças que estavam em curso no país, sendo então responsabilidade do Estado ter políticas públicas que contemplassem essa educação. Os católicos reagem se retirando da Associação Brasileira de Educação (ABE) 1934: um movimento contrário surge, originado da parcela conservadora da população, os católicos fundam a Confederação Católica Brasileira, reunindo educadores católicos contra a educação laica, gratuita e obrigatória. Defendendo o direito da família de escolher a melhor forma de educar seus filhos, pois ações dos reformadores eram atentados a hierarquia divina. 1942-1945: com as Leis Orgânicas do Ensino, foi estabelecido o ensino supletivo, colaborando para a diminuição do alfabetismo. Por pressão dos reformadores, o governo pela primeira vez destinou recursos orçamentários para a reforma da educação. A instituição do planejamento escolar e a organização da estrutura da carreira e dos salários docentes regulamentou os cursos de formação de professores, as escolas de formação de professores se tornaram escolas para a classe média, e a profissão predominantemente feminina. 1956-1961: no poder, Juscelino Kubitschek se equilibrou entre o nacionalismo de Vargas e o desenvolvimentismo ancorado no capital privado estrangeiro, inicia a abertura da economia. 1961: um debate entre Conservadores e Reformadores faz prevalecer que os recursos públicos sejam destinados também a escola privada, o que dificultou a democratização da educação. A educação popular não era bem quista pela elite, pois objetivava conscientizar o povo dos interesses sociais. 1961-1964: João Goulart assume o governo, partindo de um modelo nacional desenvolvimentista de industrialização, com crescimento econômico baseado no capital externo. Sua proximidade da classe trabalhadora incomodava a elite, defendia reformas de base (Reforma Agrária, Reforma Tributária, Reforma Trabalhista e Reforma Habitacional), nesse período ocorre a criação do Plano Nacional de Alfabetização. O isolamento do governo das elites capitalistas acarretou reação dos conservadores (comandados por militares) que odiava o populismo. A expansão da educação pública ocorrida por meio da luta dos reformadores, incomodava profundamente as elites nacionais. 1964: o descontentamento das elites com o governo desde a saída de Vargas, culmina no Golpe Militar. No período de ditadura, as experiências pedagógicas foram interrompidas, a repressão a professores, alunos e profissionais da educação seguia a mesma que no restante da sociedade, com perseguições, cassações, torturas e assassinatos. 1964-1988: Educação no Período Militar O Período Militar foi o maior golpe na Democracia do país, ainda na atualidade vemos tentativas de desestabilizá-la novamente. Ao analisar o governo de João Goulart, percebemos o descontentamento da elite devido à proximidade do líder com o povo, isso e o cenário externo político influenciaram de maneira determinante no desenvolvimento da política nacional, é nesse contexto que o Golpe acontece em 01/04/1964. Veja abaixo características dessa ditadura: Associação do capital nacional ao estrangeiro: grande abertura da economia nacional para o capital estrangeiro. Diversificação do parque industrial: tornou-se necessário formar mão de obra qualificada para atuar nas fábricas e industrias implantadas. Tornando a educação tecnicista para que os estudantes rapidamente se inserissem no mercado de trabalho para suprir a demanda. Implantação da chamada “Paz Social”, que se deu por meio do aniquilamento dos canais de participação popular. Existia um forte aparato repressivo, o DOPS perseguia, verificava e punia intensamente. Censura à imprensa: somente o que passava pelo crivo da ditadura era publicado. Estudante figuram uma vanguarda de oposição, a União Nacional dos Estudantes (UNE), compõe oposição ferrenha ao governo ditador. Os estudantes eram claramente perseguidos, bem como artistas e até mesmo uma parcela progressista da igreja. Queda dos salários, principalmente dos professores. Oposição cassada e exilada. É possível perceber os reflexos da ditadura na educação e as alterações legais ocorridas, acompanhe alguns marcos desse período: 1964: já no início do regime militar, professores contrários a ele são presos, exilados, ou aposentados compulsoriamente. Anísio Teixeira é deposto do cargo de reitor da UNB, e encontrado morto em 1971, pois era contrário à ditadura. 1969: visando aumentar a repressão, a partir do AI-5, em fevereiro, o Decreto de Lei nº 477, proibiu o debate político nas universidades. Em setembro o Decreto-Lei nº 869 inclui disciplinas acríticas obrigatórias para a educação básica (Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira) e para o ensino superior (Estudo de Problemas Brasileiros). 1968: Lei 5540/68 voltada para o Ensino Superior – faculdades unificadas em universidades, cursos de longa e curta duração, matriculas por disciplinas com sistema de créditos, que permanece ainda hoje. Passa a ser permitida a nomeação de diretores e reitores que não fossem professores. A falta de recursos e expansão da rede privada causa um dualismo e acarreta em falta de vagas. 1970: tem-se a criação do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) que visava alfabetizar os indivíduos, porém foi pouco efetivo, formou muitos analfabetos funcionais, sabem ler, escrever e contar, mas não refletem o que leem, escrevem e não conseguem interpretar. 1971: Lei 5692/71 para a Educação Básica – redução de investimentos, retirada de exames de admissão, obrigatoriedade de 8 anos de estudo, implantação de profissionalizantes. Obrigatoriedade das disciplinas de Educação Física, Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira. Extinção das disciplinas de Filosofia e Sociologia, unificação de História e Geografia com a matéria de Estudos Sociais. A Educação Tecnicista atendia as necessidades da sociedade capitalista e industrial, voltada ao trabalho e não ao conhecimento crítico e amplo. 1970-1980: período de expansão do ensino privado no nível superior, o estado gradativamente se descomprometeu de financiar a educação pública. 1980-1988: dentro deste período foram realizadas 5 Conferências Brasileiras de Educação ao mesmo tempo que proliferavam estudos e artigos sobre o tema. 1982: a lei nº 7.044 desobrigou as escolas da prática da profissionalização. 1983: aprovou-se a Emenda Constitucional nº 24, que alterou o art. 176 da Constituição, que obrigava a União a aplicar no mínimo 13% da receita resultante dos impostos em educação, e os estados e municípios a dedicar ao menos 25%, o governo não cumpriu. 1985: é aprovada a Lei nº 7.348, que regulamentou a Emenda de 1983, para que o investimento mínimo fosse assegurado. 1988: com pressão popular, direitos foram adquiridos e Constituição Cidadã segue vigente ainda hoje e sendo alvo de grupos reacionários. 1990-2001 1989: Collor se reelege com o discurso liberal do fim dos marajás, redução do estado, privatização das estatais, prioridade ao mercado e combate à inflação. 1992: Impeachment de Collor. 1994: conclusão do mandato de Itamar Franco, que lança o Plano Real. Fernando Henrique Cardoso é eleito pelo PSDB. 1995: com o PSDB na presidência, e PFL vice, ocorre privatização de estatais, redução dos direitos previdenciários e aumento da liberdade ao capital e dos juros, aumentando a dívida externa. 1996: ocorre discussão e aprovação da LDB, o governo propõe e aprova a Emenda Constitucional nº 14, que priorizava investimentos no Ensino Fundamental através da criação do Fundef. 2001: Criação do Primeiro Plano Nacionalde Educação (PNE), previsto pela Constituição, que durou até 2010. Educação nos Governos Lula e Dilma (2002-2015) 2002 e assume em 2003, depois se reelege para um segundo mandato em 2006, ocorre ampliação no investimento em educação no país, nunca havia se investido tanto em educação, na infraestrutura das escolas e universidades. Para comparar os governos, pode-se analisar o PIB: entre 1989 e 2002 o crescimento do PIB cresceu 27,9% (cerca de 2,1% ao ano), já entre 2002 e 2015 o PIB cresce 44,3% (em média 3,4% ao ano), aumentando questões econômicas e sociais em todos os âmbitos em função da mudança de concepção político, que influenciou o desenvolvimento da sociedade, houve ampliação do mercado consumidor, gerando mais renda, mais emprego e maiores salários, se traduzindo em melhor distribuição de renda, beneficiando toda a sociedade. O PNE (2001-2010) assinado por Fernando Henrique prometia destinar 10% do PIB para a educação, foi aprovado em debate 7%, porém vetado pelo então presidente, por fim, o valor acaba por ficar em 5,5% do PIB. FHC também derruba outras metas importantes que propunham ampliação das vagas em instituições públicas, derrubou a proposta de ampliar crédito educativo, derrubou a ampliação de verbas para pesquisas científicas e tecnológicas, entre outras questões que ampliariam a qualidade do ensino. Apesar do veto do governo anterior, no governo Lula outros investimentos foram feitos, com isso percebeu-se elevação da escolaridade da população, melhoria da qualidade do ensino, redução de desigualdades sociais quanto ao acesso e permanência na educação, democratização da gestão escolar, elaboração do Projeto Pedagógico. 2007: o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) entra em vigor, priorizando toda a Educação básica e não apenas o Ensino fundamental, diferente do Fundef, que era válido anteriormente e valorizava apenas a educação infantil e ensino fundamental, sem suporte ao Ensino Médio 2010: Dilma se elege e em 2014 é reeleita. Nesse período houve melhoria na qualidade dos livros didáticos, aperfeiçoamento de professores, estabelecimento de diretrizes e parâmetros curriculares nacionais, transferência de verbas diretamente às escolas e aos programas de avaliação escolar, evitando desvio de verba para que seja implantando no que é necessário de fato. A Constituição de 88 previa progressiva obrigatoriedade do Ensino Médio, no governo Dilma, a Emenda Constitucional 59 torna a educação obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, composta por educação infantil, ensino fundamental e médio. 2013: A Lei nº 12.858/2013 dos Royalties do Petróleo representou grande volume de recursos (estimado em 112bi em 10 anos) destinados à educação. 2014: aprovação do novo PNE com proposta de 7% do PIB até 2019 e posteriormente 10% até 2024.Pela primeira vez o valor de investimento para a educação estava relacionado ao PIB, com esse investimento o orçamento do MEC passa de R$ 43bi em 2003 para R$104bi em 2013, esse aumento significativo pode ser percebido nos resultados de provas realizadas por alunos que medem a qualidade do ensino (ex.: SAEB, IDEB). As metas estabelecidas no PNE, são constantemente verificadas através do IDEB, por exemplo, caso não tenham sido atingidas, deve mudar as estratégias utilizadas para então atingidas. Ainda no Governo Dilma, ocorre ampliação dos Institutos Federais de Educação, mais investimentos na Ciência e Tecnologia e no Pronatec para formação técnica. São implantados PROUNI e FIES para ingressão de alunos em universidades públicas. O ensino superior federal que antes atendia 560 mil alunos em 2002, passou a atender quase um milhão e quatrocentos mil alunos em 2014. Constituição Federal de 88, Governos Neoliberais e LDB A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, devolve à população inúmeros direitos cerceados pela Ditadura Militar (1964-1985), principalmente por meio dos AIS (Atos Inconstitucionais). A constituição traz novas perspectivas quanto ao investimento obrigatório na educação, que antes era 14% e passou a ser no mínimo 18% dos impostos da União, mantendo em 25% para Estados e municípios. Nossa Constituição é ampla e contempla muitos aspectos da vida social do país, trazendo direito de moradia, acesso à saúde, segurança, e questões educacionais. Veja abaixo artigos que dizem sobre educação: O Artigo 206 prevê igualdade de condições de acesso e permanência na escola, gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, valorização dos profissionais de ensino com plano de carreira, piso salarial e contratação por concursos. O Artigo 207 determinou autonomia universitária. O Artigo 208 determina ensino fundamental obrigatório e gratuito, devendo se estender progressivamente ao ensino médio, com atendimento preferencial para PCD na rede regular de ensino se possível. O Artigo 214 determinou obrigatoriedade do plano nacional de educação de duração plurianual. Em 1996 é aprovada a Lei naº 9.394, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) que rege a educação nacional até hoje. Em 2011, se finda o PNE aprovado 10 anos antes, sendo o próximo aprovado somente em 2014, esse intervalo acontece devido a divergência entre projetos políticos e projetos educacionais que visavam a aprovação de outro plano, um deles é a aprovação do orçamento do PIB destinado a educação (os conservadores defendiam 7%e os progressistas 10%), o plano foi aprovado em 2014 com vencimento em 2024. Após a redemocratização, Fernando Collor de Melo se elege (1990 a 1992 pelo PTB) nas primeiras eleições diretas, com um governo liberal e redução do estado na regulação econômica, seus discursos eram de fim dos marajás, privatização de estatais, prioridade ao mercado e combate à inflação. Tinha política econômico com abertura de capital estrangeiro na tentativa de combater a inflação, além do congelamento e bloqueio de valores, o que elevou o desemprego e a recessão. A educação não era pensada para desenvolvimento da população, mas para desenvolvimento econômico e atender ao mercado. O PSDB no poder a partir de 1995, privatizou estatais, reduziu direitos previdenciários, deu liberdade ao capital e aumento os juros, permanecendo no governo até 2002, fez a dívida externa aumentar de 159bi para 210bi. A ampliação do modelo neoliberal estabeleceu como normal a compra de direitos garantidos pela constituição. A LDB n° 9.934-96 demora a ser estabelecida devido a divergência de ideias entre progressistas e reformadores, podemos elencar pontos negativos e positivos nela, sendo negativo: Redução da exigência de mestres e doutores nas universidades. Não obrigatoriedade de filosofia e sociologia no ensino básico. Bolsas de estudos em instituições privadas devido ao investimento no setor público (a educação para os liberais não é investimento e sim um gasto). Como pontos positivos podemos citar: Definição do que não pode ser visto como despesa na manutenção do ensino, o que é obrigatório deve ser mantido. Valorização do educador, estabelecendo piso salarial e ingresso por concurso e prova de títulos. Exigência de formação universitária e não apenas magistério. Cw4: Fundamentos Teóricos da Educação Teoria Crítica O existir deve ser pensado com cuidado, tendo em mente que mesmo vivendo em sociedade, a experiência de cada um é individual. A Teoria Crítica, desenvolvida pelos teóricos de Frankfurt, reflete sobre como devemos pensar o mundo sendo a experiência ao mesmo tempo individual e coletiva, pensa a realidade como ela é em contraposição de como ela poderia ser. A realidade que vivemos se apresenta de uma maneira, foi constituída ao longo do tempo por vários projetos de sociedade que ao longo do tempo foram desaparecendo e sendo substituídos poroutros, porém restam desses projetos resquícios que se entrelaçam com os projetos novos, a teoria crítica estuda esses resquícios e o modo de organização da sociedade tecendo críticas e apontando para o que impede a realização de novas possibilidades. O conceito de Emancipação busca encontrar meios de libertar o homem de forças sociais que o fazem ser menos do que poderia ser caso fosse livre, essa emancipação demanda diagnóstico da realidade e precisa ocorrer para eliminar a opressão, que é uma força concreta, que por ser coletiva e assumida socialmente, parece ser dotada de verdade. Condições Emancipatórias são as possibilidades que a sociedade tem de libertar o homem da força opressora criada por ele mesmo e pelo seu modo de viver. É necessário dar condições ao homem para libertá-lo de situações que o levem a um único entendimento da realidade, levando-o a pensar a realidade a partir de outra perspectiva. Uma dualidade importante de ser pensada nesse contexto é a de Emancipação X Barbárie. O conceito de Barbárie é uma ideia na qual ao invés de prosseguir para a evolução do pensamento, considerando o outro como importante e considerando suas ações, as pessoas vêm apenas o que é de seu interesse próprio como dignos de defesa, agindo com agressividade e ódio, vendo o outro como alguém que deve ser combatido e não aproximado para agregar nas vivências. Portanto, civilizado não é quem propaga valores de determinada sociedade, mas sim aquele que compreende a vivencia comum como parte de si, e que deve ser preservada na defesa de valores individuais. A educação deve criar possibilidades ao homem, sendo um processo de inclusão aberta do indivíduo na sociedade a partir de interesses coletivos e que levem a humanização. Apesar de não ser o único responsável, o professor é o principal guia do aluno à emancipação, com instrumentos de abertura e renovação do pensamento. Esse “emancipar” para os frankfurtianos vai além do dito por Kant, esse ato torna visível que a condição anterior a emancipação não era resultado da covardia ou preguiça do homem, mas da inconsciência provocada por diferentes meios que isso objetiva. O homem só se torna culpado quando depois de liberto, lança a liberdade de lado, então o professor deve criar o desejo maior de liberdade e abrir portas para um pensamento emancipado. Para Marx a emancipação deveria vir do trabalho e das relações constituídas por ele e olhará a sociedade através das condições econômicas. Os pensadores de Frankfurt sofrem influência de Marx, mas vão além, considerando que a possibilidade de dominação social vem também através de outras relações (raça, sexo, cor, etc.) e não apenas de classes socioeconômicas. Esse viés pode ser entendido se pensarmos o contexto da época dos pensadores, que viviam o período da Segunda Guerra Mundial, onde o tratamento nazista para alguns grupos (judeus, negros, gays, socialistas, comunistas, testemunhas de Jeová) saltava aos olhos, nesse contexto o outro era um inimigo a ser eliminado. A vivência social marcada pela guerra se tornou objeto de reflexão por conta de valores impostos à sociedade. Os pressupostos sociológicos e a Educação Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um pensador sociólogo que contribuiu no entendimento da educação, com pensamento crítico ao analisar a educação na sociedade. Muitas teorias vêm a educação como salvação mas falta compreender a educação como instrumento possível para diversas finalidades. Nesse sentido, Bourdieu abarca de modo mais completo o fenômeno educacional, com condições para tratar de forma mais efetiva o problema das desigualdades escolares. A educação para o século XXI René Descartes (1596-1650) adota em sua proposta, a dúvida como caminho para a verdade, que pode ser encontrada por meio das ideias claras e distintas, conheça as regras abaixo: 1. Só podemos aceitar ideias evidentes. 2. Caso não seja evidente, devemos analisar em partes menores. 3. Em partes menores, reconstituímos o problema. 4. Revisões devem ser feitas sempre que necessário para que não restem dúvidas. Esse caminho foi usado para inúmeras escolas filosóficas e científicas, o pensamento passou a dividir a realidade para entende-la: analisar é dividir em partes menores, objetivando conhecer tudo que constitui a realidade. Edgar Morin (2003) criou a Teoria da Complexidade, vindo do termo do latim Complexus, que significa “tecido”, no sentido de um complexo que abrange muitos elementos, essa teoria distingue perspectivas restritas e limitadas das amplas e generalizantes da complexidade. Morin pensará a respeito de como a educação está posta na sociedade, dizendo que o retalhamento de disciplinas torna impossível aprender o que é “tecido junto”. Pensando que a escola não ensina apenas o conhecimento, mas também a forma de ver o mundo, ou seja, ensina disciplinas separadas como em caixas e o aluno tentará ver a realidade dessa maneira, sem entender e juntar os retalhos do tecido. Para Morin realidade é complexa e não é possível compreendê-la em partes, a tentativa de reduzir a realidade como um elemento simplificador faz perder muito do que ela é, é necessário que o homem enxergue o mundo de outro modo, como um emaranhado de relações que se influenciam mutuamente. A complexidade enxerga a realidade como um tecido emaranhado de fios, sendo que um não pode se mover sem que os outros se movam juntos, nada pode ser visto de forma isolado, por esse motivo não é eficaz dividir o ensino em áreas de conhecimento. Morin propõe que o conhecimento seja mudado, fazendo uma rearticulação das esferas que o homem separou ao longo do tempo, pois é necessário ver o mundo como um emaranhado de relações que se influenciam mutuamente. No contexto atual, a escola se mostra inadequada pois trabalha conteúdos como se eles acontecessem de forma isolado na prática, com alunos aprendendo a pensar de forma isolada sem ligar uma coisa à outra. A escola necessária para este século é uma escola plural, rica em manifestações humanas, aberta ao mostrar-se do mundo, que ensina a enfrentar necessidades, e permite um novo pensamento sobre o qual é possível um novo estar do homem junto ao mundo Educação, capital cultural e dominação Pierre Bourdieu entenderá a escola como reprodutora da realidade social vigente, ao invés de promotora de autonomia. Pensando como o capitalismo está inserido no sistema educacional, influenciando e determinando questões educacionais. Os valores vigentes da sociedade, são sempre os valores da classe dominante, que busca fazer com que seu valores e entendimento de mundo vigorem na sociedade. Bourdieu desenvolve o conceito de capital cultural, entendendo-o como algo que é valorizado na sociedade capitalista e consequentemente na escola. Indivíduos com determinado capital cultural estão mais prontos para participar de camadas mais altas da sociedade. A produção cultural da classe está ligada ao capital cultural transmitido. Não podemos dizer que existem pessoas sem cultura, visto que cultura é a produção individual de cada grupo, temos diferentes aspectos e construções culturais nas diferentes sociedades. Porém, alguns saberes de determinadas culturas não são valorizados na sociedade capitalista como outros são, ainda que um indivíduo não possa ser considerado sem cultura, alguns saberes de seu contexto cultural não são valorizados em ambiente escolar. Grande parte da população não tem acesso aos bens culturais disponíveis na sociedade capitalista, porém essa questão de acessibilidade não é questão apenas de ter ou não riqueza, nesse aspecto Bourdieu traz o conceito de herança, que diz respeito não apenas a coisas materiais (do âmbito financeiro) e imateriais (relacionadas a cultura e interpretação de mundo), e ambas dependem diretamente da classe de origem. O indivíduo ao nascer recebe heranças de acordo com suaclasse social, a partir do que recebe enxerga possibilidades para a vida, e a escola reproduz essa divisão social, favorecendo a cultura legítima, do capital cultural dominante. O primeiro círculo social da criança é a família, a criança ao perceber as condições de sua família entende quais caminhos de vida são possíveis para ela, nesse contexto, a escola ao invés de libertar a criança desse pensamento, propaga valores sociais já vigentes que determinam o conteúdo a ser ensinado, reproduzindo o que é determinado pela classe dominante. Nesse sentido, a escola violenta o aluno com a proposta de que todo devem seguir a cultura legítima, exigindo dos alunos de classe baixa uma herança que estes não herdaram, aprofundando a cisão que favorece os “bem-nascidos”. A escola e a não neutralidade Bourdieu entende que a escola no sistema capitalista não é neutra, pois está a serviço do capital e da classe dominante, sendo gerida com métodos pedagógicos que atendem a vontade desse sistema, sendo permeada pela lógica da classe dominante que não tem intuito de mudar a realidade social. Apesar de ter potencial transformador da realidade social vigente, essa potencialidade da escola só será alcançada a depender da maneira que o ensino é ofertado na sociedade. Para Bourdieu, a escola é uma instituição socializadora da sociedade capitalista, determinando qual capital cultural deve ser desenvolvido e valorizado, entende ainda que não existe escola neutra que apenas transmite conhecimento, e uma escola neutra serviria aos anseios do sistema, sendo alheia ao contexto social, o que na prática não é possível, pois a escola está inserida no contexto social vigente. Dominação e desigualdade Bourdieu reconhece na escola um instrumento da classe dominante que deseja manter sua posição social. Ao escrever a obra “A Reprodução” (1970), pensa os aspectos da escola e do sistema educacional como reprodutor dessa lógica, sua consequência é reproduzir a cultura dominante para ampliar as relações de força de determinados grupos que desejam se manter nas camadas mais altas da sociedade, a partir da reprodução das desigualdades sociais e culturais. O termo Violência Simbólica extrapola a materialidade da realidade, podendo ser definida como todo poder que impõe significações como legítimas, dissimulando relações de força. Um exemplo de Poder Simbólico, pode ser visto na relação Professor/Aluno, onde há poder simbólico no diploma do professor, afinal além da dimensão técnica que se encerra na materialidade de um papel impresso, o diploma representa o saber acumulado numa instituição de ensino que valida o discurso do professor e o coloca como detentor de uma força legitimada, o papel em si não afere conhecimento. O conceito de habitus é um processo de incorporação da estrutura pelo indivíduo que ocorre por meio do pensamento racional, a escola nesse sentido acaba legitimando o projeto de desigualdade social sendo um lugar que orça a estrutura sobre o indivíduo e se mostra dotada de poder. Bourdieu entende que existe então essa estruturação de dominação e as ações individuais a reproduzem, a produção simbólica (arte, religião, cultura, dança, literatura) tem papel de instituir o que é superior na sociedade. A participação nos meios superiores possibilita ao indivíduo uma nova aquisição cultural. A escola em meio essa discrepância de acesso aos bem culturais deveria trabalhar de acordo com as realidades de cada indivíduo e partindo de seu conhecimento prévio, porém apenas propaga valores sociais vigente e ensina o que é valor para a classe dominante.
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