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Gabriella Comerlatto – T3 • A escolha adequada dos fármacos antiepiléticos é baseado nas informações colhidas sobre o tipo de crise e ou síndrome epilética, idade, tolerabilidade, segurança e eficácia • O controle completo das crises é o principal objetivo da terapia farmacológica, no entanto, existe uma parcela de pacientes que não consegue controle total, em torno de 20% a 30%. Esses pacientes podem até apresentar um controle parcial, mas não obtêm remissão completa das crises • O objetivo do tratamento da epilepsia é propiciar a melhor qualidade de vida possível para o paciente, pelo alcance de um adequado controle de crises, com um mínimo de efeitos adversos, buscando, idealmente, uma remissão total das crises Os principais mecanismos de ação dos fármacos antiepilépticos são: bloqueio dos canais de sódio, aumento da inibição GABAérgica, bloqueio dos canais de cálcio e ligação à proteína SV2A da vesícula sináptica (inibe degradação/receptação do GABA) • Bloqueio de canais de Na ou potencializar respostas GABérgica: mais indicado para convulsões generalizadas • Bloqueio de canais de Ca: mais indicado para convulsões focais ou parciais • Os fármacos antiepilépticos de 1ª linha/geração (ditos tradicionais), 2ª linha (ditos recentes) e 3ª linha (ditos novos) têm eficácia equivalente, porém o perfil de efeitos adversos e de interações medicamentosas é mais favorável aos fármacos antiepilépticos mais recentes. Por outro lado, por serem recentes, não se conhecem os eventuais efeitos adversos do uso destes fármacos a longo prazo • A seleção do fármaco deverá levar em consideração outros fatores além da eficácia, tais como efeitos adversos, especialmente para alguns grupos de pacientes (crianças, gestantes e idosos), tolerabilidade individual e facilidade de administração. • Especificamente para crises de ausência: eficácia semelhante para o ácido valproico e a etossuximida, e inferior para a lamotrigina. Tradicionalmente, se utiliza: • Adultos com epilepsia focal – carbamazepina, fenitoína e ácido valproico; • Crianças com epilepsia focal - carbamazepina • Idosos com epilepsia focal – lamotrigina e gabapentina Tratamentos para Epilepsia • Valproato de sódioAnti Convulsivantes • Adultos com epilepsia focal – carbamazepina, fenitoína e ácido valproico; Fenitoína MA: Bloqueia os canais de Na+ e inibe a geração de potenciais de ação rapidamente repetitivos • Acredita-se que o maior efeito antiepiléptico da fenitoína venha de sua capacidade em bloquear o recrutamento de células neuronais vizinhas do foco epiléptico, evitando a propagação das descargas • O registro de potenciais excitatórios e inibitórios pós-sinápticos mostra que a fenitoína diminui a liberação de glutamato e aumenta a liberação de GABA • Ela altera a condutância de Na+, K+ e Ca2+, os potenciais de membrana e as concentrações de aminoácidos, bem como os neurotransmissores norepinefrina, acetilcolina e (GABA) Atuação • SNC - córtex motor Indicações • Crises convulsivas durante ou após neurocirurgia • Crises convulsivas, crises tônico-clônicas • Estado de mal epiléptico • Parenteral: mesmas indicações, porém deve ser usada apenas quando não for possível administrar o fármaco por via oral • Suspensão oral: Tratamento da enxaqueca, dores do nervo trigêmeo, delírios e alucinações, alterações do ritmo do coração, intoxicação por digitálicos e no tratamento pós-infarto do miocárdio • Síndrome de Lennox-Gastaut Dose Apresentação: Fenitoína Sódica 50mg/ml (ampola 5ml) e embalagens contendo 200 comprimidos de 100 mg Posologia - Uso adulto: Via Oral: 300 – 400 mg/dia (dose máxima de 600 mg/dia) EV: Estado de mal epiléptico: dose de ataque de 10 – 15 mg/kg IV (não exceder 50 mg/min), seguido por dose de manutenção de 100 mg por via oral ou intravenosa a cada 6 a 8 horas. Infundir 1ml por minuto. • Dose máxima EV: 1000mg/dia OBS: Quando for necessário efeito imediato, como nos controles de uma crise aguda e no estado de mal epiléptico, recomenda-se a forma injetável, preferencialmente pela via intravenosa. As doses orais devem ser tomadas preferencialmente durante ou após as refeições. A interrupção do tratamento deve ser feita deforma gradual. C.I • Solução injetável é contraindicado em pacientes que apresentam síndrome de Adam-Stokes, bloqueio AV de 2º e 3º graus, bloqueio sino-atrial e bradicardia sinusal • Insuficiência renal e hepática, pode haver um aumento da concentração de fenitoína livre; a análise das concentrações de fenitoína livre pode ser útil nestes pacientes • Categoria de risco na gravidez: D Cuidados • Deve ser utilizado com cautela em pacientes com hipotensão, insuficiência cardíaca ou infarto do miocárdio • Linfadenopatia • Pode aumentar as concentrações séricas de glicose em pacientes diabéticos • A osteomalácia -> interferência da fenitoína no metabolismo da Vitamina D • Alergia cruzada com outras hidantoínas • Administrado com cautela em casos de função tireoidiana comprometida • Não devem ser abruptamente descontinuados - possível aumento na frequência de crises • Uma boa higiene dentária deve ser enfatizada, a fim de minimizar o desenvolvimento de hiperplasia gengival Efeitos Adversos • Tontura, prurido, formigamento, cefaleia ou falta de coordenação e de equilíbrio, incoordenação, sonolência, hiperplasia e sangramento das gengivas, hirsutismo, alteração do paladar, náuseas e vômitos Suspender a medicação • Se sinais da Síndrome de Stevens-Johnson ou necrólise epidérmica tóxica • Pacientes com hepatotoxicidade aguda • Falha do tratamento ou por remissão completa das crises Interações danosas • Ligação às proteínas ou com o metabolismo. Potente indutor P450 • Fenilbutazona e as sulfonamidas (fármacos de alta ligação às proteínas) → pode causar um aumento transitório do fármaco livre • Redução na ligação às proteínas (EX: hipoalbuminemia) → redução da concentração plasmática total do fármaco, mas não da concentração livre. • Fenitoína tem afinidade pela globulina de ligação dos hormônios tireoidianos → alteração em algumas provas de função da tireoide → a prova de triagem mais confiável é o TSH • A fenitoína pode levar à redução da exposição a contraceptivos, albendazol, mebendazol, ivabradina, tiagabina, lamotrigina, eslicarbazepina, topiramato, ciclosporinas e drogas antineoplásicas que são metabolizadas via CYP • Eslicarbazepina, topiramato, cimetidina, omeprazol, estiripentol e fluoxetina podem levar a uma exposição elevada de fenitoína. Prescrição Diluir num soro de 100ml 1. fenitoina sodica 50mg\ml - Fr (5 ml) ----- 17 ml (4 fr) ---- EV ---- agora -----agora ----- 1 ----- infusao rápida sem exceder 117 gotas\min ou 39 ml\hora 2. soro fisiologico 0,9% 100ml ------- 83 ml ----- EV -----agora ----- agora ----- 1 ---- x Velocidade: (precisa ser em gota\minuto ou ml\hora) -> velocidade max 50 mg\min precisa de 17 ml (17min) 850 mg - 17 min 50 mg - 1 min 100 ml - 17 min 100 = 2000 gotas 17 min = 100 ml -17 min 2000 gotas Canabidiol THC: responsável pelos efeitos psicoativos da planta Canabidiol (CBD): o principal composto não psicotrópico da Cannabis ativa Esses dois compostos funcionam como antagônicos altamente competitivos • Enquanto o THC atua gerando um estado de euforia, o CBD atua bloqueando e inibindo o senso de humor Mecanismo de ação • Sistema endocanabinoide: composto por receptores de canabinoides, CB1 e CB2, que estão em diferentes partes do corpo • CB1 – Atuação central. CB2 – atuação TGI • CBD vai modular a atividade dos receptores CB1 e CB2 aumentando ou diminuindo sua sensibilidade à ação dos canabinoides endógenos produzidos pelo corpo (anandamida e 2-AG). A ação desses endocanabinoides é se ligar aos receptores na fibra pré-sináptica, a qual estão acoplados à proteína G inibitória, diminuindo a liberação de glutamato • Inibe a inflamação, antagoniza CB1 (neuroinflamação) • CBD terá ação inibitória sobre o mecanismo de recaptação e degradação da anandamida, diminuindo a excitabilidade • Cannabidiol tem diferentes ações, não se sabe ao certo todos os mecanismos e quais preponderam Atuação• Inibição mediada pelo GABA • Modulação do cálcio intracelular por vários canais de potencial receptor transitório (TRP) • Receptor acoplado à proteína G ou canal 1 de ânions dependente de voltagem • Modulação da liberação de TNFa ou inibição da recaptação de adenosina • Receptores CB1 e CB2 quando ativados por agonistas, acoplados a proteínas G inibitórias, causam a inibição da atividade da adenilato ciclase, o fechamento dos canais de cálcio dependentes de voltagem, a abertura dos canais de potássio e a estimulação de proteínas quinases ativadas por mitógenos, como quinases reguladas por sinal extracelular (ERKs) e quinases de adesão focal → relaxamento, calma Alvo farmacológico • Receptores canabinoides no cérebro • Diversos efeitos farmacológicos do CBD resultam de sua ação inibitória sobre o mecanismo de recaptação e degradação da anandamida • CBD apresenta caráter agonístico nos receptores serotonérgicos do tipo 5-HT1A • O CBD é capaz de ativar os receptores vaniloides do tipo 1 (TRPV1), canais iônicos que integram vários estímulos nociceptivos, incluindo a dor e reflexos protetores • Tanto o CBD quanto o THC apresentam propriedades neuroprotetoras e antioxidantes, e atuam inibindo a excitotoxicidade mediada por NMDA em situações de trauma causado por lesão da cabeça, acidente vascular cerebral (AVC) e doenças neurodegenerativa Indicações • Epilepsia Refratária • Esclerose Múltipla • Dores Crônicas • Quimioterapia – efeitos colaterais náuseas • Melhora do sono Dose Apresentações: 20, 50 e 200mg/mL • Solução oral em frasco de 30mL acompanhado de seringas dosadoras para uso oral • Doses entre 2,5 e 25 mg/Kg/dia, sendo a dose aumentada gradualmente Cuidados • Durante o uso do produto, o paciente não deve dirigir veículos ou operar máquinas ou realizar atividades que impliquem em riscos para si e para terceiros • Atenção: Risco para Mulheres Grávidas e Lactantes • Cautela em pacientes com uso de contraceptivos orais • Idosos: recomenda-se o aumento de dose mais lento e uma dose máxima menor Riscos • O CBD pode ter efeitos colaterais, como boca seca, pressão arterial baixa, diarreia, diminuição do apetite, alterações de humor, tontura e sonolência • Os efeitos colaterais sérios são raros • Infecções em geral, reações de hipersensibilidade na pele e alteração nos níveis de enzimas hepáticas. • Cautela em pacientes com comprometimento da função hepática, distúrbio cerebral, tumor cerebral, doença metabólica ou neurodegenerativa com progressão rápida, hipotensão ou hipertensão e anormalidades significativas em eletrocardiograma Suspender a medicação • Gestantes, lactantes e pessoas com doença hepática, doença de Parkinson e homens que querem ter filhos • Usuários de drogas de abuso Interações danosas • Fármacos metabolizados pelo fígado, especificamente pela via do CYP P450, indutores de CYP3A4 e CYP2C19 (como carbamazepina, fenitoína, rifampicina). • Sedativos, como benzodiazepínicos, fenobarbital e morfina, bem como álcool • Contraceptivos orais • Fenitoína e rifampicina: podem diminuir a concentração de CBD • Levotiroxina, varfarina e alguns medicamentos anticonvulsivantes: o CBD pode aumentar as concentrações séricas desses medicamentos e, com isso, potencializando e intensificando seus efeitos. • Ácido valproico: Tanto o ácido valproico quanto o CBD podem causar lesão hepática Valproato de Sódio M.A • Seu mecanismo inibe os canais de NA+ dependentes de voltagem e os canais de Ca+ • Aumenta a síntese de gaba, diminuindo sua degradação • Esse mecanismo é capaz de reduzir a neurotransmissão glutamatérgica por meio do bloqueio dos receptores NMDA ao inibir a proteinoquinase C Alvo farmacológico • Atua nos receptores GABAa, por meio da ativação da enzima glutâmica descarboxilase e da inibição das enzimas que degradam o GABA Indicação • Crise epiléptica parcial complexa • Estado de mal epiléptico • Monoterapia e terapia adjuvante de pacientes com mais de 10 anos de idade e com qualquer forma de epilepsia • Profilaxia de enxaqueca • Neuropatia diabética • Bipolaridade tipo I em mania Dose • Crise epiléptica parcial complexa 10 - 15 mg/kg/dia • A dose deve ser aumentada de 5 a 10 mg/kg/semana até a obtenção da resposta desejada, administrados em doses diárias divididas (2 a 3 vezes ao dia) (máx 60mg/kg/dia) Cuidados → Recomenda-se a contagem de plaquetas e realização de testes de coagulação antes de iniciar o tratamento e depois, periodicamente → Evitar a gravidez: teratogênico → Evitar atividades que exijam alerta mental → Álcool: potencializa os efeitos sedativos de drogas que afetam o SNC; → Retirada deve ser gradual → Não mastigar cápsula para evitar irritação do TGI Contraindicado • Doença hepática • Distúrbio do ciclo da ureia (DCU) • Pacientes com porfiria Riscos • Hepatotoxicidade • Pancreatite Efeitos adversos • Trombocitopenia • Aumento ou perda de peso • Amnésia, ataxia, tontura, disgeusia, cefaleia, nistagmo, parestesia, alteração da fala • Zumbido no ouvido • Náuseas, vômitos • Constipação ou diarreia, flatulência • Rash cutâneo, alopécia, prurido • Astenia • Sonhos anormais, labilidade emocional, estado de confusão, insônia Suspender a medicação • Hiperamonemia • Encefalopatia hiperamonêmica (mais comum é a encefalopatia hepática) • Hipotermia • Hematológico: Trombocitopenia, mielodisplasia e coagulação anormal • Imunológico: Foram relatadas reações de hipersensibilidade multiorgânicas com risco de vida ou fatal com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS) • Pode dosar o valproato para saber se está na faixa terapêutica Interações danosas → Antibióticos carbapenêmicos: (ertapenem, imipenem, meropenem) podem levar à perda do controle das convulsões; → AAS: Diminui a excreção do valproato → Contraceptivos Hormonais contendo Estrogênio: Podem aumentar o clearance do ácido valpróico o que pode diminuir a concentração de valproato e aumentar a frequência de crises epiléticas. → Colestiramina: Diminuição dos níveis plasmáticos de valproato → Clonazepam: O uso concomitante de ácido valproico e de clonazepam pode induzir estado de ausência em pacientes com história desse tipo de crises convulsivas. → Topiramato e acetazolamida: Administração concomitante do ácido valproico e do topiramato ou acetazolamida foi associada com hiperamonemia, e/ou encefalopatia. → Quetiapina: A coadministração de valproato e quetiapina pode aumentar o risco de neutropenia/leucopenia. Outras interações: • Calcifediol, Oxibato de Cálcio, canabidiol, carvedilol, cisplatina, doripenem, ertapeném, estradiol, etinilestradiol, imipenem • Lamotrigina, oxibato de Magnésio, meropenem, mestranol, orlistate, pexidartinibe, oxibato de Potássio • Primidona, propofol, oxibato de Sódio, vorinostat • Varfarina Interações medicamentosas que reduzem concentração de valproato: • Antibióticos carbapenêmicos • Contraceptivos hormonais com estrogênio • Rifampicina • Inibidores da protease • Colestiramina Medicamentos que aumentam a concentração de valproato • Ácido acetilsalicílico • Felbamato Prescrição Casos da aula Crise convulsiva - Teoria medicamentosa: → Imipenem + Cilastatina → Podem causar efeitos de taquicardia, convulsões e taquipneia. Principalmente em pacientes com epilepsia. Imipenem diminui o limiar convulsivo e predispõe a crises convulsivas Caso 02 Paciente teve • Sindrome de west que foi desencadeada pela Toxoplasmose • A síndrome de West é uma das encefalopatias epilépticas que surgem na lactância. Essa doença geneticamente determinada costuma aparecer entre os 3 meses e um ano de idade e faz com que haja uma regressão no desenvolvimento neuropsicomotor da criança. Ela é marcada por uma tríade de achados: Os espasmos infantis, a interrupção ou regressão no desenvolvimento neuropsicomotor e a hipsarritmia • Os espasmos podem ser confundidos com sustos ou com reflexos primitivos pois eles se apresentam com movimentos súbitos dos membros superiores em flexão ou em extensão dos braços e tendo rápida evolução, com movimentos velozes e repetitivos, e podendo dezenas de vezes ao diaCaso 03 Epilepsia do lobo temporal (ELT) • É a forma mais comum de epilepsia focal em adultos • Na epilepsia do lobo temporal, o foco epileptogênico localiza-se, na maioria das vezes, nas estruturas do lobo temporal medial (hipocampo, amígdala e giro para-hipocampal). Por esse motivo, percebe-se que sejam frequentes alterações do conteúdo do pensamento e memória (déjà vu e jamais vu), bem como a experiência de fortes vivências afetivas, sejam elas medo, raiva, culpa ou sentimentos de bem-aventurança e êxtase. • A maioria desse tipo de epilepsia focal não tem convulsões e manifesta-se por auras complexas que mimetizam sintomas psiquiátricos primários Tratamentos para epilepsia 2023.01
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