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7-PROPEDEUTICA ABDOMINAL-1

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URGÊNCIA E EMÊRGENCIA I – Aula teórica: Dra Alessandra 
PROPEDEUTICA DA DOR ABDOMINA: É uma queixa frequente no pronto-socorro. Envolve desde doenças 
benignas até causas potencialmente fatais. 
• Benignas: dispesia, diarreia aguda 
• Potencialmente grave: úlcera péptica perfurada, gravidez ectópica rota, apendicite, diverticulite, pancreatite 
aguda, trombose mesentérica 
ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA, Há três grandes grupos de dor abdominal: 
I. Dor visceral: está relacionada à inervação de fibras aferentes na parede de órgãos intra-abdominais, tanto 
de vísceras ocas como da cápsula de órgãos sólidos. Essas fibras, não mielinizadas, são estimuladas por 
estiramento, distensão ou contração excessiva da musculatura lisa. Isso resulta na fraca correlação entre a 
dor e a víscera afetada. 
II. Dor somática: resulta da irritação do peritônio parietal. Essas fibras são mielinizadas e trafegam por locais 
específicos na medula óssea, traduzindo-se numa melhor correlação entre o local da dor e o segmento 
abdominal envolvido. A dor costuma ser de forte intensidade, piora à palpação e pode gerar uma 
descompressão brusca positiva. 
III. Dor referida: resulta da sensação de dor em um local diferente da sua origem. Isso pode acontecer de duas 
maneiras: 
• Dor sentida no abdome cuja origem, porém, é extra-abdominal (p. ex.: isquemia miocárdica com 
acometimento de parede inferior ou pneumonia em bases pulmonares). 
• Dor sentida em local extra-abdominal, embora a origem seja abdominal (p. ex.: dor em ombros 
em razão de irritação do diafragma por abscesso intra-abdominal). 
 
Comprometimento dos sinais vitais: peritonite grave ou 
hemorragia 
Conceito: Quadro abdominal de inicio agudo (<1 semana) ou rapidamente progressivo, geralmente doloroso e com 
anormalidade na peristalse que demanda diagnóstico e conta em caráter de urgência. Diante de um caso de abdome 
agudo é mais importante definir a conduta (cirúrgica ou não?) do que propriamente a sua causa.Em grande número 
de casos há necessidade de tratamento cirúrgico. 
Os pacientes idosos e imunossuprimidos podem não ter um quadro clínico tão intenso e ainda sim correrem risco 
iminente de vida. Paciente com comprometimento de sinais vitais (taquicardia, hipotensão, perfusão lentificada...): 
ou ele está tendo uma peritonite grave ou um sangramento importante 
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Exemplo de Abdome Agudo não cirúrgico: cetoacidose diabética. 
CLASSIFICAÇÃO: 
1. Inflamatório 
2. Perfurativo 
3. Obstrutivo 
4. Vascular 
5. Hemorrágico 
ASPECTOS CLÍNICOS – ANAMNESE: Dor abdominal (início (súbito ou gradual?), localização, intensidade, 
característica, tempo e evolução/irradiação). 
SINTOMAS ASSOCIADOS (RELACIONAR COM INÍCIO DA DOR): 
• Náuseas e vômitos (bilioso? fecalóide? ) 
• Febre? 
• Anorexia/Hiporexia? 
• Alterações intestinais? 
• Distensão abdominal? 
• Alterações urinárias? 
• Icterícia? 
• Presença de sangue nas fezes? 
• Ciclo menstrual? Corrimento genital? 
ANTECEDENTES: 
• Cirurgias prévias? Doenças associadas? 
Tabagismo/Etilismo? 
• Exames previamente realizados podem 
auxiliar. 
ANAMNESE 
• Início da dor: início súbito de dor abdominal deve apontar para uma causa cirúrgica, como dissecção ou 
ruptura de aorta, perfuração de vísceras, torção ou ruptura de cisto de ovário. Entretanto, algumas 
condições clínicas podem causar dor abdomjnal aguda, como litíase renal, porfiria, síndrome coronariana 
aguda (SCA) etc. Uma dor que se inicia após exercido físico pode indicar laceração ou hematoma de reto 
abdominal. Dor que se inicia após alimentação pode indicar colecistopatia calculosa, doença ulcerosa 
péptica ou isquemia mesentérica. 
• Progressão da dor: deve-se questionar se a dor é constante ou intermitente e se ela está aumentando em 
intensidade ou não. Assim, uma dor constante que não está piorando fala contra uma causa cirúrgica. Por 
sua vez, uma dor constante, que piora progressivamente, deve apontar para um processo inflamatório 
(apendicite, salpingite, diverticulüe etc.). 
• Localização: Em geral, dores viscerais se localizam na região mediana, podendo afetar principalmente o 
andar superior do abdome, a região mesogástrica ou hipogástrica. 
• Característica e intensidade: Dor difusa com pobre localização aponta para uma dor visceral. Dor 
intermitente, em cólica, que está piorando, aponta para obstrução intestinal. Forte dor abdominal com 
irradiação para o dorso aponta para dissecção de aorta. 
• Fatores de alívio (vômitos, posição) ou de piora (exercício, alimentação). 
• Sintomas associados: questionar a presença ou ausência de febre, diarreia, constipação, hemorragia 
digestiva, hematúria, sintomas urinários etc. Em homens, é importante questionar acerca de queixas em 
testículos ou pênis. Em mulheres, sobre a última menstruação, uso de contraceptivos, sintomas vaginais 
(sangramento, corrimento). 
• Náusea ou vômitos: Em geral, nas doenças cirúrgicas, a dor abdominal é precedida de vômitos. Na SCA, 
gastroenterite e em doenças abdominais inespecíficas, náusea e vômitos costumam preceder a dor 
abdominal. 
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• Episódios prévios de dor abdominal: dor abdominal crônica e recorrente envolve uma imensa gama de 
causas, na maioria não cirúrgicas. Devem-se avaliar exames prévios e, eventualmente, pesquisar causas não 
usuais (p. ex.: porfiria). 
• História patológica prévia: presença de doença cardiovascular, fibrilação atrial ou valvopatia pode indicar 
embolia para vasos abdominais. Da mesma forma, cirurgia abdominal prévia pode apontar para obstrução 
intestinal. Todas as medicações usadas recentemente devem ser detalhadas. Assim, algumas vezes a dor 
abdominal pode dever-se a doença ulcerosa péptica (anti-inflamatórios), colite pseudomembranosa (uso de 
antibióticos). Hepatite ou pancreatite aguda. Presença de outras doenças pode apontar para causas 
especificas (p. ex.: doença falciforme com episódio hemolítico ou álgico; diabete melito com cetoacidose 
etc.). 
• História social: uso de drogas ilícitas e abuso de álcool devem ser questionados. 
• Outras: trauma abdominal recente, viagens, exposição a chumbo, questionar familiares sobre intoxicação 
aguda etc. 
EXAME FÍSICO 
EXAME FÍSICO GERAL: Sinais vitais (palidez, taquicardia, taquipnéia, sudosere fria) – peritonite grave ou hemorragia 
ABDOME 
• Inspeção 
• Ausculta 
• Percussão 
• Palpação – Sinais de irritação peritonial 
Alguns sinais relevantes: 
• Sinal de Murphy: Posiciona-se o paciente em decúbito dorsal para que o examinador possa repousar sua 
mão sobre o seu hipocôndrio direito, no ponto cístico (situa-se no ângulo formado pelo rebordo costal 
direito com a borda externa do músculo reto abdominal, na interseção da linha hemi clavicular com o 
rebordo costal direito);Depois que a mão do examinador estiver corretamente posicionada, pede-se para o 
paciente respirar fundo e na segunda inspiração, comprime-se bem forte a região.Se o paciente não 
conseguir realizar a segunda inspiração na mesma intensidade que a primeira, considera-se esse fenômeno 
como: sinal de murphy +. 
• Sinal de blumberg: Considera-se sinal de blumberg +, a dor à descompressão brusca no ponto de McBurney 
(situado entre o umbigo e a espinha ilíaca ântero-superior). 
• Sinal de Jobert:É positivo mediante ausência de macicez hepática e presença de som timpânico ou 
hipertimpânico, indicando ar livre na cavidade peritoneal → abdome agudo perfurativo. 
Pesquisa de hérnias 
Toque retal / vaginal 
• Sinais vitais: taquicardia e hipotensão podem indicar desidratação (vômitos, diarreia), perda de volume para 
terceiro espaço (pancreatite, obstrução intestinal), sangramento digestivo, ruptura de aneurisma, sepse ou 
choque cardiogênico. Febre pode sugerir infecção, embora a sua ausência não possa descartála. Taquipneia 
pode ocorrer por dor, hipoxemia, sepse, anemia ou acidose metabólica. 
• Aparência do paciente: paciente com peritonite costuma ficar parado, pois a movimentação pode piorara 
dor. Já aquele com cólica renal fica inquieto e não encontra uma posição de alívio. 
• Pele e mucosas: sudorese fria, transpiração intensa pode indicar hipoperfusão, dor intensa ou SCA. 
• Icterícia pode apontar para uma doença biliar (colecistite., colangite, obstrução), pancreática, hepática 
(abscesso, hepatite) ou hemólise. Achados de telangiectasias, icterícia, ginecomastia apontam para cirrose 
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hepática com possível complicação (p. ex.: peritonite bacteriana espontânea). O achado de candidíase oral é 
de grande importância, podendo sugerir imunossupressão ou infecção pelo vírus HIV. 
• Exame cardíaco e pulmonar: crepitações em base pulmonar ou redução do murmúrio podem apontar para 
causa pulmonar (pneumonia, pleurite, embolia pulmonar). Taquicardia, arritmia, sopros podem indicar 
embolização arterial para vasos mesentéricos. 
• Inspeção, percussão e ausculta: avaliar se há aumento de volume abdominal (distensão, ascite, 
hemoperitônio etc.), presença de cicatrizes cirúrgicas (obstrução intestinal ou recidiva da doença operada), 
circulação colateral (hepatopatia), presença de hematoma periumbilical ou em flancos (pancreatite 
necrohemorrágica). Sons intestinais exaltados podem indicar gastroenterite ou obstrução intestinal. Já 
ausência de ruídos hidroaéreos pode indicar peritonite ou íleo paralitico. 
• Palpação: o médico emergencista deve buscar a localização da dor, se há rigidez muscular (voluntária ou 
involuntária) e se há sinais de irritação peritoneal (descompressão brusca positiva). Deve-se iniciar a 
palpação pelas regiões não dolorosas para depois examinar os locais mais dolorosos. Em algumas situações, 
a palpação de um segmento do abdome pode gerar dor em outro local, como no sinal de Rovsing visto na 
apendicite aguda (o exame do flanco esquerdo pode gerar dor na fossa iliaca direita pela movimentação do 
ar nas vísceras gerada pela palpação). Dor no terço distal da linha entre o umbigo e a crista ilíaca 
anterossuperior pode apontar para apendicite (ponto de McBurney), embora possa ser doloroso em outras 
afecções de íleo distal (tuberculose, linfoma, diverticulite de ceco etc.). Se não houver dor intensa, devese 
buscar a palpação profunda, na busca de massas, organomegalias, sinais de aneurisma de aorta (massa 
pulsátil, sobretudo infraumbilical). O sinal de Murphy é a presença de dor e interrupção brusca e 
involuntária da respiração ao palpar-se o hipocôndrio direito e pode sugerir colecistite aguda. 
• Rigidez abdominal involuntária: em geral, aponta para causa cirúrgica, apesar de várias situações clinicas 
também poderem simular um abdome cirúrgico. Rigidez da musculatura abdominal e peritonismo podem 
ser discretos ou ausentes em idosos, imunossuprimidos ou usuários de corticoides em altas doses. 
• Exame da região dorsal: buscar se há sinal de Giordano (dor e retirada involuntária a punhopercussão 
dorsal), o que pode sugerir litíase renal ou pielonefrite, embora possa ocorrer em abscesso hepático, 
esplênico, apendicite etc . 
Mulheres: muito cuidado com a possibilidade de gravidez ectópica rota. Em geral, pode ser necessário um detalhado 
exame ginecológico. Mulheres com apendicite podem ter dor à palpação de anexos, com atribuição equivocada a 
anexite. A ausência de corrimento cervical deve sugerir apendicite. 
Homens: deve-se realizar exame urológico com palpação de testículos (torção, epididimite). 
Exame retal: importante na busca de hematoquezia ou de melena. Pode ajudar no diagnóstico de prostatite, 
abscesso perirretal ou presença de corpos estranhos. 
EXAMES LABORATORIAIS 
• Hemograma 
• Amilase 
• Urina tipo I 
• Teste de gravidez 
CUIDADO: PACIENTES QUE JÁ CHEGAM COM DIAGNÓSTICO “FEITO”, com história clínica e exames incompatíveis 
com o quadro atual. CONDUTA é REINICIAR “DO ZERO”. Nova anamnese e exame físico. Lembrar que a clínica é 
soberana e que exames são complementares apenas. Exames solicitados sem critério podem induzir a erro. Em 
geral, mulheres em idade fértil com dor abdominal não esclarecida devem ser submetidas a teste de gravidez. Um 
teste positivo deve apontar para gravidez ectópica. 
▪ Hemograma: anemia pode sugerir perdas ocultas. O número de leucócitos não deve ser usado para 
descartar apendicite aguda. Leucocitose com desvio à esquerda pode ocorrer no contexto de infecções 
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(diverticulite, apendicite, doença inflamatória pélvica etc.), de resposta inflamatória sistêmica (p. ex.: 
pancreatite aguda) ou em pacientes com grande perda de sangue (hemorragia). * 
▪ Exame de urina: sempre deve ser interpretada com cautela. Leucocitúria pode ocorrer em doenças 
prostáticas, infecção urinária, mas também em doenças não urinárias adjacentes ao ureter, como 
apendicite. Hematúria pode ocorrer em doenças do trato urinário (prostatite, infecção, litiase, tumores) e, 
eventualmente, na dissecção aguda de aorta. * 
▪ Eletrólitos: podem ser úteis na avaliação global do paciente, mostrar sinais de desidratação, indicar doença 
renal prévia e, eventualmente, sugerir a causa (p. ex.: hiponatremia na porfiria). Além disso, como o 
paciente pode necessitar de cirurgia ou de exames contrastados, uma função renal é essencial. 
▪ Glicemia: pode apontar para uma cetoacidose diabética (glicemia acima de 250 mg/dL). 
▪ Amilase e lipase: devem ser solicitadas na suspeita de pancreatite. Deve-se ressaltar que a lipase é mais 
específica para inflamação pancreática. Níveis de lipase acima de três vezes o limite superior da normalidade 
é altamente indicativo de pancreatite. Amilase pode se elevar na pancreatite, mas também em úlcera 
péptica perfurada, gravidez ectópica rota, obstrução intestinal, isquemia mesentérica, cálculo em colédoco, 
doença renal, parotidite e em abuso de álcool. * 
▪ Enzimas cardíacas e D-dímeros: poderão indicar isquemia cardíaca e embolia pulmonar, respectivamente. 
▪ Teste de gravidez * 
EXAMES DE IMAGEM 
▪ Radiografia: RX de abdome {ortostase, decúbito e cúpulas) pode confirmar uma perfuração de vísceras 
(pneumoperitônio), obstrução intestinal ou indicar a presença de um corpo estranho. Eventualmente, 
cálculos renais podem ser visibilizados. Uma radiografia de tórax pode confirmar pneumonia, doença pleural 
e, raramente, sugerir embolia pulmonar. 
- RX de abdome PA em posição ortostática; 
- RX de abdome em decúbito dorsal; 
- RX de tórax com cúpulas diafragmáticas – pedido para verificar a existência de ar livre na cavidade 
peritoneal – indicativo de abdome agudo perfurativo. 
▪ Ultrassom de beira de leito: Ultrassom (US) de beira de leito (point of care/POC) é uma poderosa 
ferramenta complementar ao exame físico, podendo fornecer rapidamente o diagnóstico de várias 
condições, especialmente no paciente grave, ou estreitar significativamente o diagnóstico diferencial. O US 
POC pode demonstrar liquido livre na cavidade abdominal (exame FAST), aneurisma de aorta e/ou sua 
ruptura, patologias do trato urinário (hidronefrose, litíase), gravidez ectópica, patologias de anexos, 
apendicite aguda, colecistite/colangite ou pneumoperitônio, entre outras. 
▪ Ultrassom (US) abdominal: Exame sem contra-indicações importantes. Bastante útil em doença de abdome 
superior, sobretudo de hipocôndrio direito. Da mesma forma, é o exame inicial de escolha na suspeita de 
doença renal ou de anexos. Neste último, o US transvaginal pode confirmar, com excelente acurácia, 
gravidez ectópica e doenças ovarianas. 
▪ Tomografia computadorizada (TC): a TC multidetector pode diagnosticar muitas doenças abdominais, 
embora possa necessitar de contraste e seja bastante onerosa. Tem excelente acurácia para: litíase renal, 
dissecção de aorta, apendicite, diverticulite, laceração esplênica ou hepática, detectar ar livre e abscessos 
intra-abdominais. 
▪ Eletrocardiograma (ECG): é prudente solicitar um ECG em pacientes com risco cardiovascular apresentando 
dor em andar superior do abdome. Eventualmente, isquemia miocárdica pode se manifestar com dor 
referidaem abdome. 
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LAPAROSCOPIA: Uma vez decidido que o paciente necessita de abordagem cirúrgica, é necessário decidir entre 
LAPAROTOMIA x VIDEOLAPAROSCOPIA. A Videolaparoscopia DIAGNÓSTICA apresenta acurácia de cerca de 93% no 
diagnóstico dos pacientes com abdome agudo. As técnicas Videolaparoscópicas permitem o TRATAMENTO definitivo 
em 44% a 73% dos casos. Evita uma laparotomia desnecessária em 20% a 38% dos casos. 
 
 
1. INFLAMATÓRIO: Apendicite aguda; Colecistite aguda; Pancreatite aguda; Diverticulite aguda; Doença 
inflamatória pélvica 
a. APENDICITE AGUDA 
DIAGNÓSTICO: 
• Dor epigástrica / periumbilical 
• Náuseas e vômitos 
• Anorexia 
• Febre baixa 
• Dor e sinais de peritonismo na fossa ilíaca D 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Hemograma 
• Urina Rotina 
• Rx de abdome 
• US de abdome (> 7 mm) 
O diagnóstico é essencialmente clínico! 
Valores entre 1 – 4 pontos: probabilidade de apendicite 
<5% – paciente pode ser liberado com orientações de 
retornar se piora; 
Valores ≥5 pontos: não confirmam apendicite mas 
aumentam a probabilidade de haver alguma patologia 
abdominal mais séria (não é específico para apendicite). 
Isso não significa que o paciente deverá ser operado mas 
que a atenção deverá ser maior, incluindo realização de 
exames de imagem como ultrassom ou TC. 
RAIO X: 
 
 
 
 
APAGAMENTO DA BORDA DO 
PSOAS, ALÇA SENTINELA NA FID. 
** Alça sentinela: alça do 
intestino delgado paralisada e 
distendida, indicando processo 
inflamatório. 
 
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Tratamento: CIRURGIA 
- Antibióticos (profilático x terapêutico) 
- Fase flegmonosa -24h – Cefazolina/ Cefalotina 
- Fase gangrenosa – 7 a 14 dias – Metronidazol 
+ Gentamicina, Ciprofloxacino ou Ceftriaxona 
b. COLECISTITE AGUDA 
QUADRO CLÍNICO: 
• Dor no quadrante superior D do abdome, com 
sinais de peritonismo (sinal de Murphy) 
• Náuseas e vômitos 
• Febre 
• Icterícia (Colangite?) 
• Massa palpável (Neoplasia?) 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Hemograma 
• Bilirrubinas 
• Enzimas hepáticas 
• Rx simples de abdome 
• US de abdome (espessamento da parede da 
vesícula > 4 mm / cálculo impactado no 
infundíbulo / sinal de Murphy 
ultrassonográfico) – até 94% (Valor 
preditivo+)
TRATAMENTO: Clínico (48h) + Cirúrgico. É cirúrgico. O médico pode optar por fazer, quando o paciente está 
estável, um tratamento clínico por 48h e somente depois a cirurgia. 
• Jejum 
• Hidratação EV 
• Anti-inflamatórios 
• Anti-espasmódicos 
• Antibióticos (ex: Ciprofloxacino + 
Metronidazol) 
c. PANCREATITE AGUDA 
QUADRO CLÍNICO: 
• Dor epigástrica e/ou periumbilical com 
irradiação para hipocôndrios e dorso (em 
faixa) 
• Náuseas e vômitos profusos e biliosos 
• Anorexia 
• Diminuição da eliminação de gases e fezes 
• Febre baixa 
Exame físico: 
• Dor à palpação do andar superior do abdome 
com peritonismo localizado 
• Distensão abdominal leve 
• Diminuição de ruídos hidroaéreos 
CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA: 
Pancreatite aguda leve (edematosa) 
X 
Pancreatite aguda grave (necro-hemorrágica) – APACHE II acima de 8 
EXAMES LABORATORIAIS: 
• Amilase (> 5x: diagnóstico / > 3x: muito 
sugestivo) 
• Hemograma 
• Glicemia 
• Eletrólitos 
• Uréia / Creatinina 
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• Gasometria arterial 
OBS: o valor da amilase NÃO se correlaciona com a gravidade 
TRATAMENTO CONSERVADOR: 
• Jejum 
• Hidratação parenteral 
• Analgesia 
• Medidas de suporte 
• Correção de distúrbios hidroeletrolíticos e 
ácido-básicos 
• Drogas vasoativas 
• Nutrição parenteral total 
• Antibióticos (suspeita de infecção ou necrose 
>30%) 
• Ventilação mecânica 
• Hemodiálise 
2. PERFURATIVO 
ETIOLOGIAS: 
• Úlcera péptica perfurada* 
• Neoplasias do tubo digestivo com perfuração 
• Diverticulite aguda perfurada 
• Perfuração por corpos estranhos 
QUADRO CLÍNICO: Dor epigástrica súbita, intensa, tipo “facada”, que pode rapidamente migrar para o quadrante 
inferior D e generalizar-se por todo abdome 
EXAME FÍSICO: 
• Fácies angustiada, sudorese e imobilidade no 
leito devido à intensidade da dor 
• Taquicardia 
• Dor abdominal à palpação e descompressão 
brusca dolorosa 
• Rigidez da parede abdominal (“abdome em 
tábua”) 
• Sinal de Jobert 
• Ausência de ruídos hidroaéreos 
EXAMES COMPLEMENTARES: 
• Hemograma 
• Amilase 
• Rx de tórax (com cúpulas frênicas) 
• Rx de abdome ortostático 
TRATAMENTO: Medidas clínicas de suporte iniciais - estabilização 
CIRURGIA: Tratamento definitivo para a grande maioria dos casos. O objetivo primário é salvar a vida do paciente e 
secundariamente curar a doença ulcerosa 
3. VASCULAR 
ETIOLOGIA: Isquemia mesentérica aguda 
QUADRO CLÍNICO:Dor abdominal difusa, súbita e de forte intensidade, que se apresenta de início desproporcional 
aos achados de exame físico, que são inespecíficos 
TRATAMENTO: 
CIRÚRGICO: 
• Segmentos intestinais isquêmicos ainda viáveis - Revascularização mesentérica (cateter de Fogarty, 
trombolíticos) 
• Segmentos intestinais necróticos - Ressecção - Síndrome do intestino curto 
4. HEMORRÁGICO 
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ETIOLOGIA: 
• Gravidez ectópica rota 
• Rotura espontânea de aneurismas intra-abdominais 
• Rotura espontânea de vísceras parenquimatosas 
a. GRAVIDEZ ECTÓPICA ROTA 
QUADRO CLÍNICO: Dor abdominal no andar inferior ou difusa, que costuma ser insidiosa. Sinais de choque 
hemorrágico -comprometimento dos sinais vitais com rápida progressão, afebril (palidez, taquicardia, taquipnéia, 
sudosere fria). Distensão abdominal. Acomete mulher na idade fértil (B-hcg). 
Tratamento =* Cirurgia: 
Gravidez tubárea: salpingotomia linear ou salpingectomia 
5. OBSTRUTIVO: Qualquer condição que promova interrupção do trânsito do conteúdo intestinal 
QUADRO CLÍNICO: 
• Parada de eliminação de gazes e fezes 
• Vômitos 
• Distensão abdominal 
PODE SER: 
• Funcional • Mecânico (obstrutivo, adinâminco ou 
dinâmico) 
OU: 
• Delgado • Cólon 
HISTÓRIA CLÍNICA: 
• Dor abdominal (cólicas) 
• Náuseas e vômitos 
• Parada de eliminação de gases e fezes 
• Distensão abdominal 
• Cirurgias abdominais prévias (cicatrizes) 
Devemos avaliar ainda a região inguinal e realizar o toque retal. 
TRATAMENTO: 
Medidas clínicas: 
• Reposição volêmica 
• Controle eletrolítico e ácido-base 
• Sonda nasogástrica 
• Monitorização: Sonda vesical; Catéter venoso 
central 
I. OBSTRUÇÕES INTESTINO DELGADO: 
- Cirurgia abdominal prévia >>> Bridas 
- Conduta: medidas clínicas iniciais (48h) - (jejum, SNG, hidratação venosa, correção de distúrbios 
hidroeletrolíticos) 
- Tratamento cirúrgico: Obstrução por bridas que não se resolve em 48 horas de tratamento clínico; Dúvida 
quanto à causa da obstrução 
OBSTRUÇÃO DO CÓLON: Lembrando as causas: 60% Neoplasia colorretal – CIRÚRGICO; 20% Volvo ; 10% Fecaloma e 
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