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Tratamento de anemias carenciais

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Maria Vitória Videira São João 
 
→ a medula óssea é responsável pela produção dos 
elementos figurados do sangue (eritrócitos e 
leucócitos) a partir de um progenitor (célula tronco 
pluripotente) 
→ as hemácias são produzidas a partir de um 
progenitor de linha mieloide ou linfoide 
→ a célula-tronco pluripotente vai receber estímulos 
de diferentes fatores de crescimento, se 
diferenciando de uma célula tronco de linhagem 
linfoide ou mieloide (que posteriormente vai se 
diferenciar em pró-eritroblasto – 1º célula da 
linhagem de células vermelhas) 
→ as de origem linfoide vão dar origem aos linfócitos, 
já as de origem mieloide vai dar origem ao resto 
(principalmente as hemácias) 
 
→ com a formação do pró-eritroblasto, há o seu 
amadurecimento, se tornando um eritroblasto 
basófilo 
→ o pró-eritroblasto possui núcleo já o reticulócito 
(somente apresenta um RNA residual no citoplasma) 
e eritrócito apresentam a falta de núcleo e organela 
citoplasmática, ou seja, não conseguem sintetizar 
proteína 
→ os reticulócitos e eritrócitos (hemácias) são 
encontrados na medula óssea e na circulação 
também 
→ são discos bicôncavos anucleados e sem organelas 
citoplasmáticas 
→ tem como função realizar o transporte de O2, 
embora possa transportar uma pequena 
porcentagem de CO2 (23% do total, o restante está 
dissolvido no plasma, sendo carreado na forma de 
íons bicarbonato) 
→ há uma célula localizada no rim (no córtex renal) 
chamada de célula intersticial peritubular, que 
percebe a quantidade de O2, presente no sangue 
através do seu sensor 
→ quando há uma baixa concentração de oxigênio, o 
sensor faz com que a célula produza eritropoetina, 
que vai ser liberada para a circulação e vai fazer com 
que ocorra a diferenciação das células na medula 
óssea – estimulando a diferenciação da célula tronco 
em proeritoblasto 
 
 
Dessa forma, em situações que é necessária uma maior 
quantidade de oxigênio, há um maior estimulo dessas 
células, e mais eritropoetina é produzida 
 
→ composta por uma bicamada lipídica à qual estão 
associadas várias proteínas interconectadas por 
vários filamentos fibrilares, formando uma complexa 
rede citoesquelética – mantém seu formato e fornece 
elasticidade e força para que consigam atravessar 
pelos menores capilares sanguíneos sem se 
romperem 
→ composta pela proteína globina (4 cadeias 
polipeptídicas) e um pigmento chamado de “heme”, 
formado por um largo anel orgânico heterocíclico, a 
protoporfirina, que possui uma molécula de Fe2+ em 
seu interior, ao qual se liga o O2 
→ a globina é uma proteínas, dessa forma, é um RNA 
que está sendo traduzido pelos ribossomos e formam 
as cadeias globinas nos citoplasmas das células 
→ já o heme, ele é formado entre a mitocôndria e o 
citoplasma 
→ há uma reação química que resulta na protoporfiria 
que vai se associar há um átomo de ferro, formando o 
heme, que vai se juntar a 4 cadeias globinas 
formando a hemoglobina 
→ hemoglobina A – corresponde de 96 a 98% de 
toda a hemoglobina e suas 4 cadeias globinas, são 2 
alfas e 2 betas 
Farmacologia 
“O cansaço de Guilherme” 
 
Maria Vitória Videira São João 
 
→ hemoglobina F (fetal) – apresenta 2 cadeias 
globinas alfas e 2 gamas 
→ hemoglobina A2 – apresenta 2 cadeias globinas 
alfa e 2 deltas – possui maior afinidade com o 
oxigênio 
→ é produzida na medula óssea, liberada na 
circulação periférica onde fica em torno de 120 dias, 
onde acaba envelhecendo, perdendo a sua 
capacidade de se adequar aos diferentes tamanhos 
de vasos sanguíneos e passam a ser fagocitadas por 
macrófagos (do sistema reticuloendotelial) 
→ esses macrófagos promovem a degradação por 
meio da separação da globina e do grupo heme 
→ a globina que era proteína vai ser degradada em 
aminoácidos, que vão ser utilizados para síntese 
proteica, já o grupo heme, o ferro é reabsorvido e a 
protoporfirina é degradada, formando biliverdina, 
depois bilirrubina e essa vai ser excretada tanto por 
via renal (urobilina) ou por via hepatobiliar 
(cropobilina) 
→ uma hemácia normal é um disco redondo com 
uma região pálida no centro, tendo a hemoglobina na 
periferia 
→ existe situações em que a hemácia vai ficar menor 
e quase sem hemoglobina dentro recendo o nome de 
micrócito, ocorrendo nas deficiências de ferro – sendo 
de chamada de anemia microcítica hipocrônica. 
→ em casos de anemias megalobláticas (deficiência 
de vitamina B12 e ácido fólico) a hemácia aumenta de 
tamanho, e a quantidade de hemoglonina aumenta 
também (proporcionalmente) – sendo chamada de 
anemia macrocítica 
→ há também outros tipos de anemia que não 
alteram o tamanho da hemácia, sendo chamada de 
anemia normocítica normocrônica 
 Definição 
→ diminuição na concentração plasmática de 
hemoglobina, abaixo dos valores de referência 
determinados para idade e sexo (homens: 13,5 a 17,5 
g/dL, mulheres: 11,5 a 15,5 g/dL) 
 Causas 
→ perda de sangue (aguda ou crônica) 
→ produção insuficiente de hemácias pela medula 
óssea 
→ outros fatores que comprometem a produção de 
hemácias 
→ destruição acelerada de hemácias 
 Sintomas 
→ dispneia, fraqueza, letargia, palpitações, cefaleia, 
insuficiência cardíaca, angina, claudicação, confusão 
mental, distúrbios visuais 
 Sintomático 
→ expansão volêmica 
→ transfusão de concentrado de hemácias 
 Tratamento da causa 
→ eritropoetina 
→ ferro 
→ ácido fólico 
→ vitamina B12 
 Usos clínicos 
→ tratamento de anemias por insuficiência renal 
aguda, quimioterapia, infecção pelo HIV e na 
prevenção de anemias em prematuros – 
normocíticas e normocrômicas 
 Preparações 
→ eritropoetina humana recombinante (alfaepoetina) 
→outras eritropoetinas recombinantes 
(betaepoetina, omegaepoetina ou zetaepoetina – 
diferem na composição de carboidratos) 
 Farmacocinética 
→ absorção – administração por via parenteral (E.V. 
ou S.C.) 
→ distribuição – baixa afinidade pelos tecidos 
→ metabolização – não sofre metabolização 
→ excreção – renal (t1/2 = 4 a 8 h) – efeito sobre as 
células progenitoras é duradouro, de modo que pode 
ser administrada 1x/semana 
Efeitos adversos 
→ cefaleia, taquicardia, edema, dispneia, náuseas, 
vômitos, diarreia, artralgia e mialgia 
 Fonte 
→ dieta (sobretudo carnes, mas também alguns 
vegetais e cereais, como feijão, espinafre, banana) e 
ferro hêmico (reciclado) 
 Absorção diária – 5 a 10% da ingesta, em 
indivíduos saudáveis 
→ homens – 0,5 a 1 mg/dia 
→ mulheres – 1 a 2 mg/dia (devido a perda fisiológica 
de sangue na menstruação) 
→ gestantes – 3 a 4 mg/dia (necessidade de mãe e 
feto) 
 Local de absorção 
→intestino delgado (duodeno e parte superior do 
jejuno) 
 Metabolismo do ferro 
→ com o ferro (Fe3+) ingerido, para ser absorvido 
precisa estar em forma Fe2+, por isso o organismo 
possui uma enzima chamada ferroredutase 
→ com isso, o Fe2+ entra no enterócito através de um 
transportador de metais divalentes 1. Podendo 
ocorrer 2 acontecimentos: o ferro pode ser 
armazenado no enterócito ou pode ir para circulação 
→ quando é armazenado, se combina com uma 
proteína chamada ferritina e precipita no enterócito. 
Já quando vai para circulação, para chegar o Fe2+ que 
 
Maria Vitória Videira São João 
 
foi absorvido vai ter que ser retransformado em Fe3+ 
feito por uma enzima chamada ferroxidase. Com isso, 
o Fe3+ passa por um outro transportador de 
membrana a ferroportina chegando na circulação 
→ na circulação, o ferro não está livre, se ligando a 
uma proteína plasmática transportadora chamado de 
tranferrina, que leva para medula óssea (para 
sintetizar a hemoglobina), hepatócito (sendo 
armazenada em forma de ferritina) 
→ existe uma molécula no organismo que controla a 
ferroportina, chamada de epsidina 
 Causas da deficiência 
 
 Usos clínicos 
→ tratamento de anemias por deficiência de ferro – 
microcíticas e hipocrômicas 
 Preparações 
→ o ferro em sua forma reduzida, também chamado 
de ferro ferroso – Fe2+, é cerca de 3x mais absorvido 
do que o ferro em sua forma oxidada,também 
chamado de ferro férrico – Fe3+ 
→diferentes formas de disponibilizar o ferro 
elementar: sulfato ferroso, gluconato ferroso, 
fumarato ferroso, ferripolimaltose... 
 Farmacocinética 
→ absorção – administrada por via oral e parenteral 
(I.M. ou E.V. – quando a reposição oral não foi efetiva 
-síndrome de má absorção - ou intolerância grave ao 
ferro) 
→ excreção – pequena (descamação de células 
intestinais) 
Efeitos adversos 
→ náuseas, cólicas abdominais, diarreia, intoxicação 
aguda (vômitos, gastrite necrosante, hemorragia) 
 Fonte 
→ dieta (carnes, ovos, laticínios, vegetais de folhas 
verdes, como espinafre, brócolis, e frutas cítricas) 
 Necessidade diária 
→ normal – 100 a 150 µg/dia 
→ gestantes – > 200 µg/dia (necessidade de mãe e 
feto) 
 Local de absorção 
→ intestino delgado (duodeno e jejuno) 
 Função 
→ necessário em diversas reações bioquímicas 
envolvendo transferência de um átomo de carbono, 
como na conversão de homocisteína em metionina e 
de serina em glicina, bem como na síntese de 
precursores de DNA 
 Metabolismo do ácido fólico 
→ quando são obtidos na dieta são encontrados em 
forma de folato poliglutamato que sofre ação de uma 
enzima chamada γ-glutamil hidrolase formando 
folato monoglutamato sendo absorvido por um 
transportador localizado na membrana do enterócito 
→ no enterócito o folato monoglutamato vai sofrer 
ação de uma enzima di-hidrofolato redutase, 
formando di-hidrofolato, que vai sofrer a ação da 
mesma enzima formando tetrahidrofolato, com isso, 
vai haver mais algumas tranformções até chegar no 5-
metil-tetrahidrofolato que é conduzido à circulação 
periférica e passa a atuar como aceptor de várias 
unidades de carbono 
 Causas da deficiência 
 
 Farmacocinética 
→ absorção – administração por V.O. (ácido fólico ou 
1-metilfolato) ou E.V. (ácido folínico) 
→ distribuição – boa para a maioria dos tecidos 
(baixa ligação a proteínas plasmáticas) 
→ metabolização – hepática (reações de redução e 
metilação) 
→ excreção – renal 
Efeitos adversos 
→ raríssimos (prurido, exantema, desconforto 
abdominal e manifestações centrais) 
 Usos clínicos 
→ tratamento de anemias megaloblásticas – 
macrocíticas e normocrômicas, e prevenção de má 
formações congênitas 
 Fonte 
→ dieta (alimentos de origem animal, como carnes e 
laticínios) 
 Necessidade diária 
→ 1 a 2 µg/dia 
 Local de absorção 
→ intestino delgado (íleo) 
 Função 
→ importante coenzima de reações bioquímicas, 
sendo fundamental na síntese de precursores de DNA 
 Metabolismo da vitamina B12 
→ quando ingerimos vitamina B12, vai passar por 
todo TGI, e sozinha não consegue ser absorvida, por 
isso, se liga a uma outra molécula chamada de fator 
intrínseco (que é produzido pela célula parietal do 
estomago) 
→ quando chega no intestino delgado vai interagir 
com um receptor de membrana chamado cubilina. 
Esse receptor não absorve a vitamina B12, e sim o 
 
Maria Vitória Videira São João 
 
fator intrínseco, mas como estão juntos acaba sendo 
absorvida também (absorvendo o complexo) 
→ no enterócito, esse o complexo é destruído, o fator 
intrínseco é degradado e a vitamina B12 vai para 
circulação que é transportada e ligada em uma 
proteína chamada transcobalamina, que a leva para 
todo o organismo 
 Causas da deficiência 
 
 Farmacocinética 
→ absorção – administração por V.O. ou I.M. 
(associação com FI na formulação não melhora sua 
absorção) 
→ distribuição – boa para a maioria dos tecidos 
(ligada a proteína transcobalamina II no plasma) 
→ metabolização – hepática 
→ excreção – hepatobiliar (em doses elevadas, pode 
ser encontrada na urina) 
Efeitos adversos 
→ prurido e erupções cutâneas 
 Usos clínicos 
→ tratamento de anemias megaloblásticas – 
macrocíticas e normocrômicas

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