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SANGUE: COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO O sangue apresenta: Glóbulos Vermelhos: composto pelas Hemácias ou Eritrócitos, que são os glóbulos vermelhos circulantes. Glóbulos Brancos ou Leucócitos: composição extensa. Existem glóbulos brancos circulantes e os glóbulos brancos presentes nos tecidos. Iremos abordar os glóbulos brancos circulantes, que são os Linfócitos (T e B – não é possível fazer essa diferenciação pelo hemograma), Neutrófilos, Eosinófilos, Monócitos e Basófilos. Temos proporções diferentes dos leucócitos. Os neutrófilos estão em maior quantidade, em 2º lugar temos os linfócitos, em 3º lugar temos os eosinófilos e por último temos os basófilos. Os monócitos, quando migram para os tecidos, diferenciam-se em macrófagos e vão atuar na resposta imune inata. Plaquetas: papel importante na hemostasia da coagulação, contribuindo para formação do coágulo sanguíneo. É a primeira a ser acionada para tamponar a região lesionada do vaso sanguíneo. As plaquetas são pedaços de uma célula muito maior, chamada de Megacariócito (presente apenas na medula). O megacariócito se fragmenta em pequenos pedaços que são as plaquetas. Plasma: onde todas essas células estão imersas. Plasma ocupa cerca de 52 – 57% do volume sanguíneo. Glóbulos brancos + plaquetas ocupam cerca de 1% do volume sanguíneo. Glóbulos vermelhos ocupam cerca de 42 – 47 % do volume sanguíneo. Caso, na amostra, tenha sido utilizado anticoagulante, com a presença dos fatores de coagulação preservados, chamo de PLASMA. Caso não tenha sido utilizado anticoagulante, assim, os fatores de coagulação foram consumidos, chamo de SORO. Volume sanguíneo: Homem adulto normal com peso de 75 kg 62,4mL/ kg de peso = 4.680mL Eritrócitos temos 28,2 mL/kg (2.115mL) Plasma temos 34,3mL/kg (2.572mL) Mulheres adultas normais com peso de 55 kg 61,9mL/kg de peso = 3.404mL Eritrócitos temos 25,3mL/kg (1.391mL) Plasma temos 36,6mL/kg (2.013mL) A volemia pode reduzir (hemorragia, por exemplo) ou aumentar (retenção de líquido, por exemplo). Caso a volemia caia muito, o indivíduo pode entrar em um choque hipovolêmico e ir a óbito. Componentes do Sangue: possui os componentes celulares (série vermelha e série branca), plaquetas e também possui componentes bioquímicos, que estão dissolvidos no plasma. São milhares de componentes bioquímicos, sendo a água o principal e mais abundante componente. Além da água temos os eletrólitos (sódio, potássio, cloro...) que possuem papel importante na manutenção do equilíbrio osmótico, gases, proteínas (enzimas, anticorpos, proteínas de transporte...), carboidratos (glicose...), transportadores lipídicos (LDL, HDL, VLDL...) e etc. HEMATOPOESE: PERÍODOS Período Embrionário: 1º ao 2º mês: saco vitelino – surgimento de células que irão dar origem às nossas células sanguíneas. Inicialmente formam os Angioblastos que irão formar o endotélio dos vasos sanguíneos. Na imagem ao lado, em amarelo é o saco vitelino e em rosa mais claro temos os angioblastos. Os angioblastos, com o passar dos dias, diferenciam-se em Hemocitoblastos que vão se transformar em células, as quais vão se diferenciar, vão amadurecer e será formado as diversas células sanguíneas (hemácias, leucócitos, macrófagos...). OBS: O sufixo –blasto se refere a uma célula jovem, ainda está indiferenciada. Angioblastos: formam os vasos sanguíneos Hemocitoblastos: formam as células sanguíneas Período Hepatoesplênico: 2º ao 7º mês: fígado e baço Período Medular: A partir do 5º mês: porção esponjosa dos ossos (medula óssea vermelha). Praticamente todos os ossos do feto estarão realizando hematopoese, em especial temos a região proximal do fêmur, as vértebras, as costelas, ossos do braço, do crânio, ossos da pelve (crista ilíaca – grande centro hematopoiético que permanece nos adultos). Nos adolescentes e adultos, a hematopoese é realizada em ossos (vértebras, costelas, crânio, esterno, sacro e pelve, extremidades proximais dos fêmures). À medida que o indivíduo vai envelhecendo, a medula óssea vermelha de muito dos ossos citados é convertida em medula óssea gordurosa ou medula óssea amarela. Assim, a hematopoese, principalmente no idoso, passa a ficar restrita a pelve e as extremidades proximais dos fêmures (cabeça do fêmur). OBS: É possível que o fígado e baço retornem ao seu papel hematopoiético fetal (Hematopoese Extramedular). Do mesmo modo que também é possível a medula óssea gordurosa ser convertida novamente para medula óssea vermelha e fazer hematopoese. Isso ocorre devido ao estímulo e necessidade do organismo. Quando o indivíduo está necessitando de mais hematopoese (ex: anemia grave, déficit na produção de hemácias, leucemias, mieloma), o fígado e baço podem retornar ao seu papel hematopoiético e a medula óssea gordurosa se tornar medula óssea vermelha. Por isso que indivíduos com Leucemia Mieloide Aguda, por exemplo, desenvolvem hepatoesplênomegalia, pois há hematopoese extramedular, logo, esses órgãos estão com uma intensa atividade. Dentro do saco vitelino temos os hemocitoblastos, que são células indiferenciadas e pluripotentes, elas são as STEM-CELLS HEMATOPOIÉTICAS. As stem-cells (são indiferenciadas e pluripotentes) podem se transformar em qualquer célula, basta fornecer o estímulo para que ela se diferencie em uma linhagem específica. Como também, as stem-cells possuem alta capacidade de renovação, sempre mantendo níveis desejáveis na medula óssea vermelha. No caso da stem-cell hematopoiética, ao receber estímulos, ela pode se diferenciar em uma Linhagem Mielóide e uma Linhagem Linfóide. A Célula Indiferenciada Mielóide vai dar origem a: CFU-GM (Unidade formadora de colônia para formação de granulócitos e monócitos) CFU-Eos (Unidade formadora de colônia para formação de eosinófilos) CFU-Bas (Unidade formadora de colônia para formação de basófilos) CFU-Meg (Unidade formadora de colônia para formação de megacariócitos) BFU-E e CFU-E (Unidade formadora de colônia para formação de eritrócitos) A Célula Indiferenciada Linfóide vai dar origem a: Pré-T (vai dar origem aos linfócitos T) Pré-B (vai dar origem aos linfócitos B) Temos várias substâncias que são chamadas de FATORES ESTIMULADORES DE COLÔNIAS, sendo que cada uma vai estimular 1 ou mais CFU, a depender da necessidade. Quando estamos em um processo inflamatório, a nossa resposta imunológica produz algumas citocinas como a IL-6 e IL-8. Essas citocinas possuem um papel local, mas também possuem um papel sistêmico. Um desses papeis sistêmicos é estimular a medula óssea a produzir linfócito T, fagócitos e etc. OBS: existe a Leucemia Mielóide e Leucemia Linfóide, sendo que o que vai determinar esse subtipo de leucemia é a linhagem afetada, que vai sofrer uma mutação e se proliferar desordenadamente. Desse modo, as células finais (neutrófilos, macrófagos, eosinófilos ...) não são produzidas. Na leucemia, há uma redução das células que deveriam estar sendo produzidas pois o precursor começa a se proliferar desordenadamente e não realizam a maturação. Por exemplo, pode afetar a linhagem BFU-E e CFU-E, assim, não produzirá eritrócitos e o paciente pode cursar com anemia. Corte histológico de uma medula óssea vermelha. Circulada de vermelho temos os blastos, as células indiferenciadas. Um paciente com leucemia apresenta a medula rica em blastos. ERITROPOESE Na imagem temos os precursores das hemácias. Tudo começa com BFU e CFU, que são as unidades formadoras de colônia da linhagem eritróide. BFU e CFU recebem estímulo da eritropoietina para se diferenciarem em Proeritroblasto (núcleo grande devido a intensa atividade mitótica), depois ele vai sofrer efeito de vários fatores que vão estimular sua expressão gênica, sua proliferação e a sua diferenciação em vários Eritroblastos iniciais. Esses eritroblastos iniciais possuem alta atividadena produção de uma proteína presente na hemácia chamada de hemoglobina, então inicia-se essa alta síntese das cadeias de hemoglobina e à medida que ela vai produzindo hemoglobina, ela vai perdendo seu núcleo. Seu núcleo vai atrofiando, vai sendo eliminado para dar espaço à hemoglobina. OBS: proeritroblasto possui uma proporção muito grande de núcleo para o citoplasma e, com a diferenciação, essa proporção vai sendo perdida. O núcleo vai ficando pequeno e o citoplasma vai ganhando espaço. Quem está preenchendo esse citoplasma é a hemoglobina. Os proeritroblastos e os eritroblastos iniciais possuem alta capacidade mitótica, sendo que os eritroblastos iniciais possuem a capacidade de sintetizar proteínas, em especial a hemoglobina. Os eritroblastos iniciais se diferenciam em Eritroblastos Intermediários (policromáticos), os quais vão se diferenciar em Eritroblastos desenvolvidos (picnóticos/ ortocromáticos). Ao perder o núcleo, essa célula vai se diferenciar em Reticulócitos que ainda possuem resquício de material genético (núcleo). Os reticulócitos são encontrados no sangue e após algumas horas perdem completamente o resquício de material genético e se transformam em Eritrócitos Maduros. A Contagem dos Reticulócitos é muito importante para identificar se a anemia é hiperproliferativa ou hipoproliferativa. Caso tenha aumento na contagem dos reticulócitos significa que as células estão trabalhando muito para suprir a necessidade do organismo, ou seja, aumento na contagem do reticulócitos=anemia hiperproliferativa (anemia hemolítica, anemia hemorrágica). Caso tenha redução na contagem de reticulócitos é indicativo que o paciente está anemia hipoproliferativa, ou seja, algo interrompeu o processo. Algum fármaco, toxina, vírus está impedindo a diferenciação e a produção de reticulócitos e, logo, de eritrócitos. Redução na contagem dos reticulócitos=anemia hipoproliferativa. Eritroblastose fetal é um exemplo de anemia hiperproliferativa! A hemólise nessa situação é tão grave que, além do aumento de reticulócitos, é possível observar a presença de eritroblastos. A medula fica desesperada tentando suprir a necessidade, então não espera nem o eritroblasto amadurecer para liberar na corrente sanguínea. Exemplos de anemia hiperproliferativa: Anemia falciforme, que é uma anemia hemolítica e anemias autoimunes (geram hemólise). FATORES RELACIONADOS A ERITROPOESE A Eritropoetina é um hormônio produzido nos rins, mais especificamente nas células intersticiais peritubulares do córtex. Essas células presentes no córtex funcionam como SENSORES DE O2 (HF-α e β). De modo que, quando essas células detectam redução na saturação de O2, elas imediatamente produzem a eritropoetina. A eritropoetina vai estimular as unidades formadoras de colônias, em especial a CFUe, incentivando a diferenciação em proeritroblasto e iniciar a produção das hemácias. Consequentemente, terá aumento das hemácias circulantes e vai ocorrer aumento no transporte de oxigênio. Situações que vão estimular aumento na produção de eritropoetina: Redução do O2 atmosférico. Caso você vá para um local de elevada altitude (Cordilheira dos Andes, por exemplo), a entrega de oxigênio para os tecidos vai estar reduzida. Logo, o organismo vai aumentar a produção de eritropoetina. Em, no máximo, 24h você vai atingir picos máximos de eritropoetina na corrente sanguínea. Mas isso não quer dizer que você vai ter hemácias novas imediatamente, você só terá hemácias novas em média 5 dias após esse pico de eritropoetina. A eritropoetina é considerada dopping! Pois vai elevar o número de hemácias maior demanda de oxigênio menor fadiga muscular. Hipovolemia: se há quantidade menor de sangue, há quantidade menor de oxigênio Hipotensão Anemia Doenças pulmonares: em especial o Enfisema pulmonar, pois a troca gasosa não é satisfatória. Logo, a saturação de oxigênio será baixa. Fumantes: troca gasosa comprometida, oferta de oxigênio é menor. Logo, os fumantes geralmente têm eritropoetina elevada. Existem situações em que há redução da quantidade de eritropoetina: Insuficiência renal crônica: na IRC há destruição das células renais, entre elas estão as células peritubulares que são responsáveis pela produção da eritropoetina. Dessa forma, o paciente pode cursar com anemia. ANEMIA DA DOENÇA RENAL CRÔNICA. Dessa forma, o tratamento será feito com a reposição da Eritropoetina. O Ferro também é importante na eritropoese, para a formação das hemácias. Temos a hemoglobina e nela temos um grupo prostético chamado de GRUPO HEME e nesse grupo Heme há o ferro. O oxigênio vai se ligar nesse ferro do grupo heme. Por isso que quando há deficiência de ferro, o paciente cursa com anemia, pois o oxigênio não tem onde se ligar na hemoglobina. Grande parte do ferro está armazenado na hemoglobina, cerca de 67% do ferro total. 27% está nas reservas de ferro de hemossiderina e ferritina. A hemossiderina possui uma disponibilidade mais difícil, é uma reserva de longo prazo. Enquanto a ferritina é uma reserva de curto prazo, é liberada imediatamente de acordo com a necessidade do organismo. As células hepáticas são uma grande reserva de ferro, há grandes quantidades de hemossiderina e ferritina nos hepatócitos. Mioglobina possui um grupo prostético que tem o ferro, assim, auxilia no transporte de oxigênio das células musculares. Algumas enzimas que participam da cadeia de transporte de elétrons (catalase, peroxidase, triptofano pirrolase, prostaglandina sintase, guanilato ciclase, NO sintase, citocromos microssomais e mitocondriais) também terão a presença do ferro. Dessa forma, mioglobina e enzimas armazenam 5,5% do ferro total. Ferro sérico (livre) armazena apenas 0,08% de ferro pois FERRO LIVRE É TÓXICO, ele tem papel oxidante em nosso corpo. Ele pode gerar espécies reativas de oxigeno e gerar lesão ao nível celular. Quando o indivíduo está com ANEMIA FERROPRIVA é comum ter redução dos níveis de ferritina e aumenta os níveis de transferrina. A redução dos níveis de ferritina ocorre para poupar ferro e aumenta a transferrina (transportador) para captar mais ferro e levar para medula. Em indivíduos pós-bariátricos pode ocorrer uma má absorção, incluindo uma má absorção de ferro. Mas nesses pacientes é mais comum uma anemia por deficiência de B12. Uma vez que há uma redução do fator intrínseco ao nível do intestino. O fator intrínseco é uma molécula que permite absorção a vitamina B12. Assim, eles desenvolvem Anemia Megaloblástica que é uma característica da deficiência da B1 e do ácido fólico. A absorção comprometida do ferro também pode causar uma anemia ferropriva. OBS: Além do ferro sérico ser tóxico, ele também é perigoso pois as bactérias (em especial a Streptococcus) são loucas por ferro. Visto que as bactérias precisam de ferro para o seu metabolismo, enzimas bacterianas necessitam de ferro para realizarem suas funções. Elas se proliferam mais na presença de ferro. Contudo, essa situação é perigosa em pacientes diabéticos! Visto que diabéticos descompensados possuem um quadro de acidose. A acidose faz com que a transferrina, que transporta o ferro, libere o ferro para o meio. Dessa forma, mais ferro sérico é mais tóxico e favorece a proliferação e o metabolismo das bactérias (mais infecções oportunistas). Essa situação contribui para infecção recorrente e retardo na cicatrização em paciente diabéticos. A transferrina tem maior afinidade com o ferro em meio básico! ABSORÇÃO DO FERRO A absorção de ferro ocorre no intestino. Em média, nosso corpo absorve 1-3 g de ferro por dia, o restante é eliminado nas fezes. Temos duas maneiras de absorção de ferro: Ligado ao grupo Heme: Esse fero do grupo heme vem da carne ingerida. Quando você ingere, a mioglobina da carne é quebrada e o grupo Heme é liberado, contendoferro. Temos um transportador específico o HCP-1 (Proteína Transportadora do grupo Heme) que transportada especificamente o ferro+heme, permitindo a absorção do grupo heme. Assim, o ferro é liberado e ligado na trasnferrina para ser transportado para os depósitos de ferro (fígado ou medula óssea). Ferro Não-Heme: Esse ferro vem dos vegetais, é o ferro livre. Quando você ingere o vegetal. Vai chegar no seu intestino o Fe+3, porém o Fe+3 não é absorvido. Por isso você tem um Ferroredutase que é o Citocromo B intestinal que vai converter o Fe+3 em Fe+2. Assim, o Fe+2 consegue ser absorvido pelo DMT-1 que é o Transportador de metal Divalente. Assim, esse ferro entra e é conjugado com a transferrina, depois cai na corrente sanguínea para ser transportado por tecidos de depósito. DMT-1 não transporta só ferro! Transporta cálcio também. Algumas substâncias contribuem para absorção do ferro: Vitamina C, Ácido Clorídrico e Solubilizantes. Eles facilitam o trabalho da ferroredutase. Existem substâncias que dificultam a absorção do ferro: Leite, pois é rico em Ca2+. Dessa forma, caso uma pessoa tome muito leite ou coma muitos derivados do leite, o Ca2+ vai estar em excesso. Assim, o DMT-1, que também transporta Ca2+, vai priorizar a absorção dele ao invés do Fe+2.Portanto, o Fe+2 não absorvido vai ser eliminado nas fezes. Vai existir uma competição entre Fe+2 e Ca2+ . OBS: Por isso que vegetarianos devem reduzir a ingestão de leite, visto que os vegetarianos terão a presença apenas do Ferro Não-Heme que não vai conseguir ser absorvido caso tenha Ca2+ em excesso. TRANSPORTE DO FERRO TRANSFERRINA + FERRO + CARBONATO – A transferrina transporta o ferro em conjunto com o carbonato, pois o carbonato vai tamponar, ou seja, tornar o meio básico para que a transferrina e o ferro permaneçam ligados. Quando há aumento da transferrina, não há ferro livre. A transferrina é capa de se ligar em até 4 moléculas de ferro. Normalmente ela anda com 2 e deixa 2 ferros livres. No meio ácido, a capacidade de tamponamento do carbonato é saturada! Transferrina insaturada protege contra infecções. DESTRUIÇÃO DAS HEMÁCIAS As hemácias possuem uma meia-vida de 120 dias. À medida que as hemácias vão envelhecendo, elas vão ficando mais rígidas, vai perdendo sua flexibilidade. No baço há capilares sinusoidais que são vasos bem tortuosos e quando essas hemácias velhas passam por esses capilares, elas apresentam dificuldade. Assim, os macrófagos sinusoidais identificam as hemácias velhas devido a essa dificuldade de atravessarem e devido a rigidez. Dessa forma, os macrófagos fagocitam, tirando ela de circulação. Essa hemácia no interior do macrófago vai ser degradada em aminoácidos. No interior do macrófago: membranas, globina e outras estruturas da hemácia vão ser degradadas em aminoácidos. Porém, o grupo Heme é extremamente hidrofóbico, ele não pode ser jogado na corrente sanguínea. Então esse grupo heme vai ser aberto, a molécula de ferro vai ser removida. O ferro vai ser transportado pela transferrina para medula óssea. Enquanto o grupo Heme vai ser transformado em Bilirrubina. Mas essa bilirrubina é não conjugada ou indireta. Ou seja, a bilirrubina não conjugada é hidrofóbica, e ela precisa ser transportada para o fígado para ser eliminada no intestino. Logo, a albumina vai se ligar a essa bilirrubina indireta, assim, vai transportá-la até o fígado. No fígado, essa bilirrubina não conjugada será conjugada a uma molécula chamada de ácido glicurônico, tornando a bilirrubina mais hidrofílica. Esse processo de tornar a bilirrubina mais hidrofílica vai ser possível devido a enzima Glicuronil Transferase, que vai transferir esse grupo glicuronil do ácido glicurônico para a bilirrubina não conjugada, formando a bilirrubina conjugada. Agora a bilirrubina conjugada ou direta é eliminada junto com o líquido biliar, que serão eliminados no intestino delgado. No intestino delgado, a bilirrubina conjugada vai ser transformada em Urobilinogênio. Posteriormente, o urobilinogênio vai ser convertido em Estercobilinogênio que confere a coloração amarronzada das fezes. Quando o indivíduo tem Hemólise, a hemácia lisa e vai aumentar a liberação do grupo Heme. Assim, vai aumentar a produção e liberação de bilirrubina indireta. Portanto, o indivíduo fica ictérico, já que todo o processo a partir da ligação albumina + bilirrubina indireta não vai ocorrer. ANEMIAS Panmielopatia: Indivíduo pode desenvolver anemia quando a Stem-Cell possui um defeito na diferenciação. Esse defeito pode ser genético ou proveniente de fármacos que irão impedir a diferenciação. Essa situação é mais complicada, pois o paciente não vai desenvolver apenas anemia, vai ocorrer uma redução em todas as suas células hematopoiéticas. Anemia Aplásica: Vai ocorrer uma aplasia medular, ou seja, uma parada na produção de uma determinada linhagem celular pela medula (pode ser uma ou mais linhagens). Observa-se essa anemia aplásica em infecções virais e reações autoimunes contra o precursor eritrocítico. Algumas infecções virais são a infecção pelo Epstein- Barr, pelo vírus da Imunodeficiência Adquirida, pelas Arboviroses, HIV, Hepatite. Existem também substâncias que podem causar essa anemia aplásica, como antibióticos (estreptomicina, tetraciclina, ampicilina), alguns anti-histamínicos, agentes tóxicos (benzeno e seus derivados), radiação ionizante. Doenças genéticas com reações autoimunes também podem causar, como a anemia de Fanconi OBS: Dengue gera queda de plaquetas, é um tipo de aplasia medular Redução na produção de eritrócitosAnemia aplásica (anemia hipoproliferativa) Anemia Renal: Causado pela redução de eritropoetina, pois o indivíduo com IRC vai ter destruição de células renais, inclusive as células que produzem a eritropoetina. Anemia Megaloblástica: Está associada a uma deficiência de B12, deficiência de Ácido Fólico e por defeitos genéticos (talassemias). A vitamina B12 e o ácido fólico são essenciais para formação da timina, que é um nucleotídeo presente no DNA, ou seja, é essencial. O proeritroblasto é uma célula que precisa da B12 e do ácido fólico para produzir material genético. Então, quando há deficiência, o proeritroblasto começa a aumentar seu tamanho, a se preparar para diferenciação. Mas não chega vitamina B12 e nem ácido fólico, então o proeritroblasto “cansa” dessa espera para se diferenciar. Então o proeritroblasto se diferencia do jeito que ele está (grande, com núcleo). Dessa forma, o eritrócito que chega na corrente sanguínea está grande, chamamos de CÉLULAS MACROCÍTICAS, com presença de ovalócitos, o valor de VCM está elevado. Anemia Microcítica Hipocrômica: Muito comum quando se tem uma deficiência de ferro, deficiência na síntese de globina e deficiência na síntese do grupo Heme. Pela falta de ferro, não é produzida uma quantidade adequada de hemoglobina. Assim, a hemácia é liberada pequena (MICROCÍTICA) e com pouca hemoglobina (HIPOCRÔMICA). A anemia falciforme se enquadra nesse tipo, caracterizada pela presença de hemácias em foice e hemácias microcíticas. A anemia falciforme tem causa genética com deficiência na síntese de hemoglobina. OBS: indivíduos com anemia falciforme são grupo de risco total para COVID-19! Esses indivíduos caso desenvolvam uma forma grave do COVID, com comprometimento pulmonar, vai ter a saturação de oxigênio reduzida. Contudo, um dos principais fatores para que eritrócitos normais se tornem falcêmicos é a hipóxia. Anemia Hemolítica: causada por defeitos na membrana, metabolismo, por danos mecânicos, danos imunológicos, danos por substâncias tóxicas e por parasitas (malária, etc). A anemia falciforme também é um tipo de anemia hemolítica. HEMOGRAMA Realizado com sangue total colhido com anticoagulante EDTA. Composto de série vermelha, série branca e plaquetária. Técnicade analise citometria de fluxo e bioimpedância. Pouco sensível e pouco específico em relação ao diagnóstico. Ele dá um direcionamento para você investigar mais. Necessita de mais exames e correlacionar com contexto clínico. O hemograma é realizado por um aparelho – hemocitômetro O hemograma é dividido em 3 partes: Eritrograma – avalia a série vermelha; Leucograma – avalia a série branca; Plaquetograma – avalia série plaquetária. A anemia possui como causas: Diminuição da produção de eritrócitos, que pode ocorrer quando falta ferro, anemia B12, ácido fólico, eritropoetina, quando tem alguma aplasia medular de origem viral, pelo uso contínuo de antibiótico, pela presença de alguma substância tóxica. Outra causa é o aumento da destruição dos eritrócitos, que ocorre em uma anemia hemolítica, anemia falciforme. Esse aumento da destruição vai causar uma anemia hiperproliferativa. Quando há perda sanguínea aguda ou crônica também causa anemia Os efeitos da anemia podem se desenvolver ao nível laboratorial (morfológico): Apresentando anemias normocíticas normocrômicas – situações de perda sanguínea aguda nas primeiras horas, o paciente apresenta os sintomas, mas ainda não é identificado laboratorialmente. Anemias microcíticas hipocrômicas – hemácias pequenas e com pouca coloração, comum na anemia ferropriva. Anemias macrocíticas – muito relacionado com a anemia megaloblástica e nas talassemias Os efeitos da anemia podem se desenvolver com sintomas (clínica): Palidez cutâneo-mucosa Fraqueza Cansaço Palpitações a esforços Icterícia (devido à alta hemólise), hemoglobinúria, etc A velocidade de instalação dos sintomas pode ser: Rápida e repentina (agudas) De longa duração (crônicas) SÉRIE VERMELHA (ERITROGRAMA) Os Eritrócitos fornecem a informação da produção medular, se a medula está ou não produzindo os eritrócitos. É uma análise quantitativa. A Hemoglobina verifica a quantidade de hemoglobina nas hemácias. A anemia é indicada quando a hemoglobina está menor que 12,0. “A anemia é definida pela OMS como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for a causa dessa deficiência” Volume Corpuscular Médio (VCM/ VGM) vai te fornecer a informação do tamanho das hemácias, é possível identificar se é normocítica, macrocítica (> 98) ou microcítica (< 82) Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) indica a quantidade de hemoglobina presente em cada uma das hemácias. Vai interferir diretamente na cor das hemácias, é possível inferir se é hipercrômica ou hipocrômica. VCM/ VGM = tamanho das hemácias CHCM = cor das hemácias Volume Eritrocitário (RDW) avalia o tamanho de cada hemácia em porcentagem. VCM diz uma média no tamanho das hemácias totais, RDW diz o tamanho de cada hemácia. RDW elevado = variação elevada em relação ao tamanho de uma hemácia e outra (ANISOCITOSE). Comum a elevação na presença de anemia. Pode estar alterado antes mesmo do VCM e CHCM. RDW reduzido = pouca variação no tamanho de uma hemácia e outra. Hematócrito avalia a concentração das hemácias em porcentagem. Mas ele nem sempre reflete a real situação, pois varia muito em relação ao nível de hidratação do paciente. O paciente desidratado aumenta o hematócrito, enquanto o paciente bem hidratado reduz o hematócrito. Portanto, ele não diz realmente sobre a produção medular. Hemogl0bina Corpuscular Média (HCM) é uma maneira indireta de avaliar a CHCM, assim, é secundário e não é tão fiel quanto CHCM. IDENTIFICAR CAUSA DA ANEMIA TREINAMENTO DE HABILIDADES I Hemograma 1 – paciente do sexo masculino com 60 anos. 1. Tem anemia? a. SIM, HEMOGLOBINA 2. Como está a produção de hemácias? a. Nº HEMACIAS INFERIOR E HEMATÓCRITO 3. Tem anisocitose? a. SIM, TEMOS UM RDW ALTERADO 4. Como está a forma das hemácias? a. HEMACIAS MACROCITICAS (MACROCITOSE) VCM OU VGC EVIDÊNCIOU ESSA MACROCITOSE 5. Como está a cor das hemácias? a. HEMACIAS NORMOCROMOMICAS, CHCM DENTRO DA NORMALIDADE 6. Qual sua interpretação final sobre a causa? a. Anemia hipoproliferativa evidenciado pelo reticulocito reduzido e além disso temos uma baixa produção das hemácias. b. Nesse caso observamos: anemia hipoproliferativa, macrocitica e normocrômica (suspeita anemia megaloblastica) c. A partir da verificação da serie branca observou redução dos leucócitos isso é uma evidência de deficiência na produção medular, podendo esta associado a falta de folato e B12 d. Mesmo com todas essas evidências não podemos afirmar uma anemia megaloblastica por deficiência de B12 ou folato. 7. Desfecho do caso: pct teve fratura de fêmur e relatou tremores, discinesia e ataxia. Após exames complementares foi diagnósticado doença autoimune que impedia a produção do fator intrínseco, essencial para absorção da B12 o que levou a uma deficiência serica e desenvolvimento de anemia megaloblascita por deficiência de B12. Reticulócitos = 0,3 (Valor de referência 0,5 a 2,0)
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