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Fármacos antiparkinsonianos

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Maria Vitória Videira São 
 
→ são caracterizados por uma perda neuronal em 
determinadas regiões do SNC, e essa perda pode 
resultar em déficits motores e/ou cognitivos 
dependendo da área 
→ essa perda neuronal ocorre, pois os neurônios 
(células principais do SNC) não são renováveis, não 
são substituídos ao morrerem ou sofrerem algum 
dano que afeta sua atividade 
→ são progressivos e incuráveis, e o nosso 
tratamento farmacológico vai ter um caráter 
paliativo, ou seja, procurar controlar os sintomas e 
retarda a solução da doença, resultando em melhoria 
da qualidade de vida dos pacientes 
→ 2ª doença neurodegenerativa mais comum e se 
caracteriza por uma perda neuronal na área dos 
gânglios da base, que comprometem a 
neurotransmissão dopaminérgica (distúrbio do 
controle dos movimentos - déficit motor) 
 Fatores de risco 
→ pode ser iniciada tanto por fatores ambientes 
quanto genéticos (combinação deles), porém o 
envelhecimento é um fator de risco muito importante 
para o desenvolvimento do Parkinson, pois perde a 
capacidade oxidativa das células promovendo o stress 
oxidativo, causando danos ao material genético 
celular e consequentemente apoptose 
 Na fisiopatologia há 2 fatores principais que 
se interrelacionam 
→ formação de agregados proteicos chamados 
“corpúsculos de Lewy”, compostos principalmente 
pela proteína α-sinucleína 
→ degeneração de neurônios dopaminérgicos da 
região da substância negra 
→ bradicinesia (redução da velocidade e amplitude 
dos movimentos – tronco, face e membro) 
→ discinesia (movimentos musculares involuntários e 
sem controle) 
→ desbalanço postural (perda do equilíbrio) 
→ rigidez muscular 
→ tremores em extremidades 
→ dificuldade ao caminhar 
→ desordens de sono 
→ alterações gastrointestinais 
→ alterações no humor 
 
α
→ pequena proteína (140 aminoácidos) presente nas 
fibras neuronais pré-sinápticas (localização próxima 
ao núcleo celular e nas mitocôndrias), não possui 
função fisiológica bem determinada 
→ devido à mutações e alterações do pH e 
temperatura do meio, pode sofrer alterações 
conformacionais, tendendo a se agrupar e precipitar 
(“corpúsculo de Lewy”) 
→ quando a mutações ou mudanças no meio ela 
tende a se agrupar, formando poligômeros, que se 
organizam em fibrilas, se juntando a outras estruturas 
precipitando na forma de corpúsculo de Lewy 
→ o corpúsculo causa morte celular por 2 
mecanismos distintos 
1. capacidade dos oligômeros de interagirem com 
membranas celulares e de organelas 
citoplasmáticas, levando a perfuração das 
membranas e com o extravasamento dos seus 
componentes há a disfunção celular causando a 
apoptose 
2. diminuem a capacidade oxidativa das células a 
partir da interação com o complexo I da cadeia 
transportadora de elétrons da mitocôndria, 
diminuindo a capacidade oxidativa da célula, 
aumentando o stress oxidativo, levando a danos 
ao material genético celular e por fim apoptose 
→ causada por 2 mecanismos 
1. aumento do stress oxidativo (devido a presença 
de agregados proteicos precipitados ou ao 
envelhecimento, levando a danos ao material 
genético celular e por fim apoptose 
2. excitotoxicidade (acúmulo de glutamato na fenda 
sináptica devido à distúrbios metabólicos 
celulares nos terminais présinápticos, havendo 
hiperestimulação dos receptores NMDA) – 
causando um aumento elevado do cálcio 
Farmacologia 
“O medo do tremor” 
 
Maria Vitória Videira São 
 
intracelular, que leva a danos ao material 
genético e por fim apoptose 
Ambos são neurotransmissores aminoácidos e agem em 
receptores ionotrópicos e metabotrópicos 
 Glutamato 
→ o glutamato é o principal neurotransmissor 
excitatório e que vai agir em uma série de receptores 
de canais iônicos ou acoplados a proteína G 
Mecanismo 
→ há o neurônio pré-sináptico que libera glutamato 
na fenda sináptica que ia interagir com receptores 
ligados na célula pós-sinápticas (NMDA e AMDA – 
tipo canal iônico) que prova uma excitação no 
neurônio pós-sináptico (excitatório) 
 GABA 
→ o GABA é o principal neurotransmissor inibitório, e 
vão agir em receptores do tipo canal iônico ou 
acoplados a proteína G 
Mecanismo 
→ há o neurônio pré-sináptico que vai liberar GABA 
na fenda, que vai interagir com os receptores 
localizados na membrana no neurônio pós-sináptico, 
principalmente GABA- A (receptor do tipo canal 
iônico, permeável a cloro). Uma vez que o GABA 
interage com esse receptor, inibe o neurônio pós-
sináptico 
→ o controle dos movimentos (estímulos motores) 
possui uma sequência de fluxo 
 
→ o corpo estriado é formado pelos núcleos caudado 
e putâmen 
→ os gânglios da base incluem o globo pálido (interno 
e externo), o núcleo subtalâmico e a substancia negra 
(parte reticulada e parte compacta) 
 
 Via direta 
→ o córtex cerebral possui o neurônio pré-sináptico 
que vai interagir (estimulando) com neurônios 
póssinápticos do corpo estriado através da liberação 
do glutamato 
→ pela via direta, esse corpo estriado, com a 
liberação do GABA, vai interagir (inibindo) com 
neurônios da substancia negra e no globo pálido 
interno, liberando menos seu neurotransmissor que 
por acaso também é GABA 
→ se diminui a liberação do GABA o tálamo fica mais 
disponível a liberar o glutamato que estimula o 
córtex, favorecendo os movimentos 
 Via indireta 
→ o córtex vai liberar glutamato estimulando o corpo 
estriado, porém, ele vai liberar GABA inibindo os 
neurônios do globo pálido externo 
→ se o globo pálido externo estiver inibido (por ação 
do GABA) libera menos GABA, então o núcleo 
subtalâmico fica mais disponível para liberar 
glutamato 
→ o glutamato age sobre a parte reticulada da 
substancia negra e o globo pálido interno, fazendo 
com que esse libere mais GABA deixando o tálamo 
mais inibido, liberando menos glutamato no córtex, 
dificultando os movimentos 
→ controla se o corpo estriado vai para via direta ou 
indireta 
→ É secretada pela parte compacta da substancia 
negra 
→ Podem agir com 2 receptores: 
-> D1 (neurônio dopaminérgico associado a uma 
proteína G estimulatória) 
-> D2 (neurônio dopaminérgico associado a uma 
proteína G inibitória 
Se a dopamina se ligar com o D1 pega a via direta e 
com a D2, a via indireta 
→ perda de neurônios dopaminérgicos da parte 
compacta da substância negra diminui a quantidade 
de dopamina que chega ao estriado – favorecimento 
da via indireta 
→ projeções de neurônios colinérgicos sobre 
neurônios da via indireta (a Ach interage com 
receptores muscarínicos), promovendo sua 
estimulação 
→ É sintetizada a partir da L-fenillalanina, que é 
convertida a L-tirosina, que é convertida a L-DOPA 
(ou levodopa), que forma a dopamina 
→ A dopamina ainda pode ser convertida em 
noradrenalina 
→ Vai ser degrada por 2 enzimas MAO-B e a COMT 
em metabolitos que não tem atividade 
neurotransmissora 
→ são tratamentos de caráter paliativo, ou seja, não 
impede que a doença avance, mas consegue retardar 
a evolução, controlar os sintomas e melhorar a 
qualidade de vida do paciente 
 
Maria Vitória Videira São 
 
 Classes de fármacos utilizados nesse 
tratamento 
→ levodopa 
→ inibidores da DOPA-descarboxilase 
→ agonistas dopaminérgicos 
→ inibidores da COMT 
→ inibidores da MAO-B 
→ antagonistas muscarínicos 
→ amantadina 
→ precursor estrutural da dopamina, ou seja, a 
levodopa é convertida em dopamina por uma enzima 
chamada dopadescarboxilase 
→ fármaco mais eficaz no tratamento dos sintomas 
motores da doença, pois, vai ser metabolizada pela 
enzima dopadescarboxilase virando dopamina, 
chegando no estriado e se ligando nos receptores D1 
ativando a via direta (que favorece o movimento) 
 Mecanismo de ação 
→ é administrado por via oral, que vai conseguir 
ultrapassar a barreira hematoencefálica através de 
um transportador de aminoácidos aromáticos (de 
membrana), e no SNC vai ser convertida à dopamina 
pela enzima DOPAdescarboxilase, sendo armazenada 
em vesículas nas terminações pré-sinápticas da parte 
compacta da substâncianegra e liberada no estriado 
 A dose que chega no SNC é muito baixa 
→ a dose da levodopa que chega no SNC é muito 
baixa por ser amplamente metabolizada na periferia, 
fazendo com que haja a geração de metabólitos 
tóxicos que causam efeitos adversos (náuseas, 
vômitos, anorexia, hipotensão ortostática, arritmias, 
fadiga e sonolência) 
 Por que não administrar diretamente a 
dopamina? 
→ por que a dopamina é ainda mais metabolizada 
pela periferia do que a levodopa, ou seja, não há 
níveis significativos que chegam ao SNC 
→ também porque não conseguimos administrar 
dopamina por via oral, tendo que ser administrada 
por uma via endovenosa (pela instabilidade química 
da molécula) 
 Farmacocinética 
→ absorção – administrada por via oral (sofre 
interferência do esvaziamento e do pH gástrico) 
→ distribuição – boa para a maioria dos tecidos 
→ metabolização – intensa (enzimas intestinais e 
outras enzimas periféricas como COMT e MAO-B) 
→ excreção – principalmente renal 
 Mecanismo de ação 
→ impedem a conversão da levodopa em dopamina 
na periferia por bloquear a ação da enzima DOPA-
descarboxilase, aumentando a concentração que 
chega ao SNC 
→ Não são capazes de ultrapassar a barreira 
hematoencefálica 
→ são representados por carbidopa e benserazida 
 A dose que chega no SNC é baixa 
→ a quantidade de fármaco que chega no SNC é 
apenas 10% da via estável, porém, já é suficiente para 
ter um controle dos sintomas motores da doença 
 Associação levodopa + carbidopa é a primeira 
escolha para o tratamento da Doença de 
Parkinson 
Contraindicações 
→ pacientes com distúrbios psicóticos e com 
glaucoma de ângulo fechado 
Complicações de uso prolongado 
→ sintomas psicóticos, encurtamento dos efeitos da 
levodopa (“wearing off”) 
→ flutuações rápidas entre ausência de benefícios e 
discinesias 
→ congelamentos (“freezings”) – aumento da dose 
(casos específicos) 
→ associação com um terceiro fármaco 
→ devem ser utilizados em associação à levodopa + 
carbidopa 
→ modificam parâmetros farmacocinéticos da 
associação ou diminuem sua perda de eficácia no 
controle dos sintomas 
→ interagem diretamente com receptores de 
dopamina localizados no estriado, não dependendo 
da capacidade funcional dos neurônios da parte 
compacta da substância negra 
→ é utilizado pois, diminui as doses de levodopa 
tendo menor incidência de flutuações de resposta e 
discinesias ou para potencializar o efeito da levodopa 
 Contraindicações 
→ pacientes com desordens psicóticas, IAM recente 
ou úlceras gástricas ativas 
 Mecanismo de ação 
→ interage com os receptores de dopamina (D1 e D2) 
localizados no estriado, mimetizando sua ação 
 Representantes 
→ bromocriptina (agonista total D2 e parcial D1) 
→ ropirinol (agonista total D2) 
→ pramipexol (agonista total D2) 
→ rotigotina (agonista D3>D2, D4, D5>D1) 
→ quando bloqueadas há o aumento de levodopa e 
dopamina. São bloqueadas pelas tolcapona (age na 
periferia e no SNC) e entacapona (apenas na periferia) 
 Mecanismo de ação 
→ bloqueiam a enzima catecolOmetiltransferase 
(COMT), impedindo a degração da dopamina à 3-O-
metildopa 
→ prolongam o efeito da levodopa em até 1h 
 Contraindicação e reações diversas 
 
Maria Vitória Videira São 
 
→ contraindicações e reações adversas: similares à 
levodopa + carbidopa 
→ diminuem a conversão dopamina no seu 
metabólito, bloqueando a enzima monoamina 
oxidase-B (MAO-B) impedindo a degração da 
dopamina 
→ Prolongam o efeito da levodopa em até 1h 
 Representantes 
→ selegilina 
→ rasaglina 
→ safinamida (ação apenas no SNC) 
 Contraindicações e reações adversas 
→ a selegilina é convertida à anfetaminas – monitorar 
sinais e sintomas 
→ eficazes no tratamento de distúrbios motores 
(rigidez muscular e tremores de extremidades) 
→ introdução e retirada gradual – eventos adversos 
importantes 
 Mecanismo de ação 
→ bloqueiam receptores muscarínicos localizados no 
estriado, impedindo a ativação da via indireta 
 representantes 
→ biperideno 
→ triexifenedil 
 reações adversas 
→ boca seca 
→ visão borrada 
→ constipação 
→ retenção urinária 
→ depressão 
→ ansiedade 
→ dificuldade de memória 
→ sedação – pouco tolerados para idosos 
→ fármaco antiviral com ações centrais 
→ eficaz no tratamento de todos os distúrbios 
motores, porém com eficácia limitada 
→ ação dura poucas semanas – controle das 
flutuações de resposta e discinesia 
 mecanismo de ação 
→ não completamente esclarecido – aumento 
liberação de dopamina no estriado, certo efeito 
antimuscarínico e antagonista de receptores 
glutamatérgicos NMDA 
 reações adversas 
→ desorientação 
→ agitação 
→ irritabilidade 
→ alucinações 
→ confusão 
→ edema periférico

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