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Maria Vitória Videira São João → é o equilíbrio entre fatores que permitem ao sangue circular de forma fluida pelos vasos sanguíneos (fatores anticoagulantes) e fatores que permitem a ele coagular e formar trombos em situações de lesão vascular (fatores pró-coagulantes) → ocorrem quando há desequilíbrio entre fatores anti e pró-coagulantes, associados a complicações cardíacas (IAM), pulmonares (TEP), encefálico (AVE) que aumentam as taxas de morbimortalidade → a formação de trombos ocorre em artérias (geralmente relacionadas a presença de placas ateroscleróticas ativas) e em veias (associada à “tríade Virchow”) ▪ Formação de trombos em artérias → nas artérias os troncos estão mais associados a formação de placas de ateromas → há placas de ateromas que são instáveis, ocorrendo o rompimento da sua camada fibrosa, tendo a exposição seu conteúdo favorecendo a agregação plaquetária ▪ Formação de trombos em veias → nas veias não há a placa de ateroma envolvida, tendo uma associação de fatores pró-coagulantes, tendo por exemplo uma lesão no endotélio vascular, alteração do fluxo sanguíneo e estados de hipercoagulabilidade → esses 3 fatores juntos, em associação promove a agregação plaquetária, deposição de fibrilas sobre estas plaquetas que se agregaram e até mesmo algumas hemácia Tríade de Virchow → lesão vascular – causada por cirurgias, traumas, cateteres de longa permanência, alterações anatômicas vasculares... → estados de hipercoagulabilidade – causada por neoplasias, gestação, doença inflamatória intestinal, sepse, uso de anticoncepcionais orais... → estase vascular – causada por imobilização, insuficiência venosa, fibrilação atrial... ▪ Ativação plaquetária → há o endotélio vascular, que sofreu uma lesão → quando há essa lesão acaba tendo a exposição do colágeno subendotelial (na matriz endotelial) deixando à mostra uma molécula chamada de fator de vonwillebrand que se liga a uma glicoproteína de superfície das plaquetas → ao mesmo tempo, outras glicoproteínas (por ex. a IIIA) vai se ligar na fibrila de colágeno, de modo que as plaquetas vão aderir esse colágeno (se aproximando da lesão endotelial) → com isso a plaqueta secreta o conteúdo dos seus grânulos, que tem como principal molécula é o ADP, que vai interagir com receptores acoplados a proteína G da própria plaqueta fazendo com que ela sofra alterações conformacionais emitindo pseudópodos para facilitar a agregação plaquetária ▪ Agregação plaquetária → há o fibrinogênio que se liga a uma glicoproteína expressa na superfície de uma plaqueta em outra glicoproteína expressa em uma outra plaqueta, ligando-as → seu objetivo é produzir fibrina e pode ser ativada pela via intrínseca e pela via extrínseca ▪ Via intrínseca → é ativada quando o fator 12 entra em contato com superfícies de carga negativa (por exemplo um pedaço de vidro) sendo ativado → isso promove a conversão do fator 11 em sua forma ativada, que vai ativar o fator 9. O fator 9 em contato com o fator 7 vão promover a ativação do fator 10 ▪ Via extrínseca → é ativada quando há uma lesão tecidual, pois, no colágeno da região subendotelial, há um fator tecidual que é exposto e ativa o fator 7 que é convertido em fator 7A e esse converte o fator 10 em fator 10ª Tanto pela via intrínseca quanto extrínseca chega no fator 10 ativado. Esse fator 10 ativado com o fator 5 ativado vão promover a ativação do fator 2 (pró- trombina) → com a trombina formada, vai promover a conversão do fibrinogênio em fibrina. Essa fibrina vai se depositar sobre as plaquetas amarrando o trombo inicial que se formou para que não haja o extravasamento de sangue → ao mesmo tempo que a hemostasia tanto primaria quanto secundaria estão coexistindo, há mecanismos antitrombóticos naturais das células endoteliais que regulam todo o processo ▪ Regulação da cascata da coagulação → inibidor da via do fator tecidual (impede a ligação do fator VII ao fator tecidual;) Farmacologia “A escolha do Nogueira” Maria Vitória Videira São João → antitrombina III (impede a ação dos fatores IIa e Xa, principalmente) → proteína C / proteína S (degradam fatores Va e VIIIa) ▪ Modulação da reatividade de vasos e plaquetas → prostaciclina (PGI2) → óxido nítrico ▪ Remoção do coágulo de fibrina → ocorre por meio da fibrinólise, realizada pela plasmina → há uma outra molécula do plasma chamada de plasminogênio, que é ativado por uma outra molécula chamada de fator de ativação do plasminogênio tendo a conversão de plasminogênio em plasmina. Essa plasmina vai até a trombo degradando a fibrina que está em excesso gerando produtos de degradação da fibrina como o D-dímero. → anticoagulantes – atuam sobre a cascata da coagulação → fibrinolíticos – atuam sobre o mecanismo de fibrinólise → antiplaquetários – atuam sobre a ativação e agregação plaquetária → é uma cadeia de peptídica, sendo uma proteína → são substâncias endógenas – glicosaminoglicanos produzidos e armazenados no interior dos mastócitos -> heparina não-fracionada (15.000 Da) -> heparinas de baixo peso molecular (5.000 Da) – enoxaparina e outras -> fondaparinux (1.500 Da) → ligam-se a antitrombina III, catalisando seu efeito anticoagulante Heparina não-fracionada → vai se ligar na antitrombina III, que vai sofrer uma alteração conformacional fazendo com que ela tenha maior afinidade por 2 fatores de coagulação: fator 10A e o fator 2ª (trombina) → se a ligação de uma molécula nos fatores de coagulação, significa que não estão disponíveis para atual na cascata da coagulação → quando a heparina não-fracionada se liga a trombina, tem uma tendencia a se ligar totalmente a se ligar ao complexo antitrombina III trombina, ou seja, sendo uma ligação muito forte, então seu efeito anticoagulante é maior do que das outras heparinas Heparina de baixo peso molecular → o processo é o mesmo, ou seja, se liga na antitrombina que acaba tendo uma alteração conformacional, porém, como ela não vai conseguir se ligar inteiramente ao complexo antitrombina III faz com que sua ligação com a trombina seja muito fraca, não conseguindo se estabelecer, se ligando principalmente no fator 10 A Fondaparinux → a cadeia peptídica é menor, não sendo capaz de bloquear a ação da trombina ▪ heparina não fracionada → absorção – administradas por via endovenosa ou subcutânea – na via E.V. o início de ação é imediato, enquanto na via S.C. o início da ação leva de 1 a 2 h (absorção variável) → distribuição – boa para a maioria dos tecidos (elevada taxa de ligação a proteínas plasmáticas) → metabolização – células do sistema retículo- endoplasmático → excreção – renal (t1/2 = variável – dose- dependente) OBS: quando administrada, é necessário controlar a coagulação do paciente através de exames laboratoriais (TTPA) ▪ Heparina de baixo peso molecular Maria Vitória Videira São João → absorção – administradas por S.C. (absorção e t1/2 menos variável que para a heparina nãofracionada, com tempo de início de ação próximo de 1h); → distribuição – boa para a maioria dos tecidos → metabolização – hepática → excreção – renal (t1/2 = 4 a 6 h) OBS: quando administrada, não é necessário um controle tão frequente. Somente no começo ▪ Fondaparinux → absorção – administradas por S.C. (absorção e t1/2 mais uniformes, com tempo de início de ação próximo de 1h) → distribuição – boa para a maioria dos tecidos → metabolização – hepática → excreção – renal (t1/2 = 17 h) OBS: não precisa de controle laboratorial pelo exame TTPA e não é tão prescrito Vantagens das heparinas de baixo peso molecular sobre as heparinas não-fracionadas → maior biodisponibilidade (F) por via subcutânea → maior comodidade posológica – administração 2 a 3 vezes / dia → resposta anticoagulante mais previsível – monitorização laboratorial em situações específicas → menor risco de complicaçõesFatores que afetam a absorção (administração por via SC) → local e profundidade da administração → fluxo sanguíneo subcutâneo → atividade do tecido muscular no local da administração → tabagismo Efeitos adversos → sangramentos, geralmente associados a outras situações, como traumatismos, úlceras pépticas, disfunções plaquetárias → trombocitopenia induzida por heparina (diminuição do número de plaquetas na circulação) → osteoporose, hipercalemia (inibição da produção de aldosterona pelas suprarrenais), aumento no TGO/TGP, reações de hipersensibilidade Usos clínicos → trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) – qualquer das três → angina instável e infarto agudo do miocárdio (IAM) – geralmente HBPM → acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) – geralmente HBPM → angioplastia com colocação de stent → cirurgias revascularização cardiopulmonar – geralmente não-fracionada → coagulação intravascular disseminada (CIVD) → coagulação de TVP e TEP – geralmente HBPM Contraindicações → trombocitopenia induzida por heparina prévia → reações de hipersensibilidade → sangramento ativo → hemofilia A ou B → trombocitopenia importante (plaquetas < 100.000 / mm3) → risco elevado de sangramento (crises hipertensivas, por exemplo) → É um anticoagulante oral, derivado cumarínico e é antagonista da vitamina K → ligam-se a enzima vitamina K epóxido redutase, fundamental no metabolismo da vitamina K, envolvida na formação de fatores de coagulação em sua forma biologicamente ativa. São ativados em um processo dependente da vitamina K → a vitamina K, se encontra no nosso organismo de uma forma reduzida e por ação de uma enzima chamada gama glutamilcarboxilase é oxidada. No processo de oxidorredução, os fatores não funcionais e biologicamente inativos são convertidos em ativos e funcionais → a vitamina K oxidada é reaproveitada, sendo um processo continuo (oxida e reduz). É reduzida por ação de outra enzima chamada vitamina K redutase, em que pode ser bloqueada pela varfarina não conseguindo continuar o processo ▪ observações importantes → há outra enzima que também oxida e reduz vitamina K, chamada DT-diaforase, porém é muito menos importante → o início de ação da varfarina é bem mais lento do que as heparinas → o controle/monitorização é necessário, porem a partir de outro exame chamado de TAP (avaliação da via extrínseca, que é iniciada pelo fator VII, cujo t1/2 é menor que o t1/2 do fator IX, envolvido com a via intrínseca) Maria Vitória Videira São João → absorção – administradas por via oral, com tempo de ação de 1 hora → distribuição – boa para a maioria dos tecidos (taxa de ligação a proteínas plasmáticas - 99%) → metabolização – hepática (CYP 2C9) – fármacos que aumentem (barbitúricos, rifampicina, carbamazepina) ou diminuam (amiodarona, isoniazida, metronidazol) a expressão dessas enzimas afeta o efeito anticoagulante → excreção – renal e hepatobiliar (t1/2 - 40 h) OBS: consumo excessivo de vitamina K ou síntese hepática prejudicada dos fatores de coagulação afetam o efeito anticoagulante Efeitos adversos → sangramentos (acompanhar o INR) → trombose disseminada da microcirculação (defeitos genéticos relacionados à deficiência das proteínas C e S, presença de anticoagulante lúpico) → potencial fetopático → alopecia, dermatite, febre, náuseas, diarreia, reações de hipersensibilidade Usos clínicos → trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP) – prevenir recidiva e progressão da doença → tromboembolia venosa pós-cirúrgica → prevenção de embolização por próteses e stents → fibrilação atrial → são fármacos que atuam sobre o mecanismo da fibrinólise → são representados pelo estreptocinase, alteplase e tenecteplase → promove a ativação do PAF tecidual, aumentando a exposição do sítio ativo do plasminogênio, elevando a produção de plasmina, o que aumenta a degradação da fibrina → o plasminogênio presente na circulação sofre ação do fator de ativação do plasminogênio formando plasmina que vai degradar a fibrina. Com o aumento da afinidade de plasminogênio e PAF há o aumento de plasmina que degrada ainda mais a fibrina sendo um fibrinolítico, aumenta a fibrinólise → existem ainda mecanismos intrínsecos de regulação da atividade do sistema fibrinolítico, por meio do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1) ou α2-antiplasmina → absorção – administradas por via endovenosa (paciente precisa estar monitorizado) → distribuição – boa para a maioria dos tecidos (precisa se ligar à fibrina para se tornar ativa) → metabolização – hepática → excreção – renal (t1/2 = 4 a 5 minutos) Efeitos adversos → toxicidade hemorrágica, hipotensão arterial, reações de hipersensibilidade Usos clínicos → infarto agudo do miocárdio (IAM) com supradesnivelamento do segmento ST – revascularização da área cardíaca isquemiada (tempo máximo de uso = 12 h, tempo ideal de uso = 3 h) → acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) – revascularização da área cardíaca isquemiada (tempo máximo de uso = 4 h, tempo ideal de uso = 3 h) → tromboembolismo pulmonar (TEP) com instabilidade hemodinâmica Contraindicações → numerosas – associadas principalmente com riscos elevados de sangramento, hipertensão arterial grave sem controle, nefro e hepatopatias OBS: a associação com anticoagulantes ou antiplaquetários aumenta muito o risco de sangramento → são fármacos que atuam sobre ativação e agregação plaquetária → o mecanismo de ação é individual para cada representante → os representantes são ácido acetilsalicílico (AAS), dipiridamol, ticlopidina, clopidogrel → apresentam importância clínica grande – alteram a mortalidade em eventos tromboembólicos (IAM e AVEi) → quando há uma inflamação, fosfolipídios da membrana sofrem ação de uma enzima chamada fosfolipase A2 que gera ácido araquidônico → o ácido sofre ação de 2 tipos de enzimas: lipoxigenase (LOX) que forma leucotrienos e cicloxigenase (COX) que gera prostaglandinas e tromboxano → quando a COX age sobre o ácido araquidônico, gera uma prostaglandina intermediária, a prostaglandina G2 que sofra ação de outra enzima chamada peroxidase formando a prostaglandina H2 (que também é intermediária) → essa H2 vai sofrer a ação de uma serie de enzimas formando as prostaglandinas ativas que são as D2, E2, F2alfa e I2 – essas, possuem ações fisiológicas (acontecem também quando tem não inflamação), porem quando há a inflamação estão estimuladas e podem ter efeitos pró-inflamatórios, podendo causar Maria Vitória Videira São João a vasodilatação, condução da transdução de sinal de dor, aumento de temperatura corporal → além das prostaglandinas, há a formação do tromboxano A2, no organismo promove a agregação plaquetária O AAS age bloqueando a COX, fazendo com que haja a diminuição da formação das prostaglandinas (diminuindo a proteção gástrica) e tromboxano (diminuindo a agregação plaquetária → absorção – administração oral, com absorção rápida pelo TGI – parte pelo estômago e parte pelo intestino delgado (a presença de alimentos retarda sua absorção) → distribuição – boa para a maioria dos tecidos, ligam-se extensamente à proteínas plasmáticas (80 à 90%) → metabolização – intestinal, por hemácias e hepática, gerando alguns metabólitos ativos (ácido salicílico e, deste, ácido salicilúrico) → excreção – renal (t1/2 = 20 min para o AAS e 12 h para os salicilatos em doses anti-inflamatórias; em doses antiagregantes, t1/2 = 2 à 3 h) → o AAS age promovendo a ação plaquetária. Uma das principais moléculas que são secretadas pela plaqueta é o ADP, que vai promover uma alteração conformacional, porém existe fármacos que bloqueiam a ação do ADP na plaqueta. Então para que o ADP consiga agir na plaqueta se ligam em 2 receptores simultaneamente que são o P2Y (acoplado a Gi) e o P2Y1 (acoplado a Gq) → a ticlopidina e o clopidogrel atuambloqueando o receptor P2Y12 – inibição da agregação plaquetária → absorção – administração V.O., com absorção rápida pelo TGI, sofre importante efeito de primeira passagem – tem início de ação lento (fazer dose de ataque e depois descalonar a dose) → distribuição – boa para a maioria dos tecidos → metabolização – hepática (é um pró-fármaco) → excreção – renal e hepatobiliar (t1/2 = 8 h) Usos clínicos → prevenção de eventos isquêmicos (IAM e AVEi) Efeitos adversos → sangramentos
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