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PROTOCOLOS-E-TECNICAS-ESPECIAIS-DE-RESSONÂNCIA-MAGNETICA

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1 
 
 
PROTOCOLOS E TÉCNICAS ESPECIAIS DE RESSONÂNCIA 
MAGNÉTICA 
1 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2 
2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ............................................................................. 2 
2.1 Técnica ........................................................................................................... 4 
3. ANATOMIA CARDÍACA (SEQUÊNCIAS BLACKBLOOD) .................................... 7 
4. CINERRESSONÂNCIA MAGNÉTICA (SEQUÊNCIAS DINÂMICAS 
BRIGHTBLOOD) ......................................................................................................... 8 
5. PERFUSÃO MIOCÁRDICA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ........................ 9 
6. CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR ............ 10 
7. AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL ................................................... 11 
8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA CARDIOPATIA ISQUÊMICA ....................... 13 
8.1 Detecção de Isquemia Miocárdica ............................................................... 13 
8.2 Avaliação da Contratilidade Segmentar/Reserva Contrátil ........................... 13 
8.3 Angiorressonância das Artérias Coronária .................................................. 17 
9. PERSPECTIVAS EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ......................................... 18 
9.1 Curto Prazo .................................................................................................. 18 
9.2 Médio Prazo ................................................................................................. 18 
9.3 Longo Prazo ................................................................................................. 19 
10. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 23 
11. RESULTADOS ................................................................................................... 25 
11.1 Teste 1: Observação Física.......................................................................... 25 
11.2 Teste 2: Verificação da Blindagem de Radiofrequência (RF) ................... 26 
11.3 Teste 3: Consumo do Criogênio (Taxa de Evaporação) ........................... 27 
11.4 Teste 4: Homogeneidade do Campo Magnético Principal (B0) ................. 28 
11.5 Teste 5: Exatidão da Espessura de Corte ................................................. 30 
11.6 Teste 6: Exatidão do Posicionamento e do Espaçamento de Corte ......... 32 
11.7 Teste 7: Resolução Espacial de Alto Contraste ........................................ 33 
11.8 Teste 8: Uniformidade da Imagem ............................................................ 34 
11.9 Teste 9: Linearidade Espacial ou Distorção Geométrica .......................... 35 
11.10 Teste 10: Análise de Artefatos na Imagem ............................................... 36 
11.11 Teste 11: Estabilidade do Campo Magnético ou Frequência Central ....... 38 
11.12 Teste 12: Ganho de Transmissão ou Atenuação ...................................... 38 
11.13 Teste 13: Checagem das Bobinas de RF ................................................. 39 
11.14 Teste 14: Interferência de RF Entre os Cortes .......................................... 42 
11.15 Teste 15: Verificação da Espectroscopia .................................................. 44 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 
 
2 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A RM é um excelente método diagnóstico, por não utilizar radiação ionizante e 
nem meio de contraste com maior potencial de nefro toxicidade. Ela permite a 
avaliação da anatomia cardíaca e vascular, da função ventricular e da perfusão 
miocárdica, além de caracterização tecidual de forma acurada, reprodutível e em um 
único exame (one-stop shop). 
Sua versatilidade e acurácia diagnóstica a tornam um método altamente 
atraente para a avaliação de uma enorme gama de cardiopatias adquiridas ou 
congênitas, além das doenças da aorta, vasos pulmonares e outros leitos vasculares. 
A técnica do realce tardio, que possibilita a detecção do infarto e fibrose, é, 
hoje, uma ferramenta indispensável na avaliação da viabilidade miocárdica (sendo 
considerada o padrão-ouro nessa avaliação), assim como para a avaliação 
diagnóstica e prognóstica das cardiomiopatias não isquêmicas. 
 
2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
 
O fenômeno de ressonância nuclear magnética foi descrito por Bloch e Purcell 
em 1946. Tal princípio pode ser aplicado em várias áreas da ciência, inclusive na 
biologia e na análise de composição de seres vivos, pela espectroscopia por RM. 
A imagem por RM teve seu desenvolvimento possível por meio da contribuição 
dos Drs. Lauterbur e Mansfield, vencedores prêmio Nobel de medicina em 2003 por 
seus trabalhos pioneiros e independentes na área. 
Outro pesquisador que merece menção é o Dr. Damadian, que também 
contribuiu de forma significativa para esse processo. 
A utilização da RM para avaliação do coração e vasos teve início mais tardio, 
em função do desafio que o movimento dessas estruturas impunha à aquisição das 
imagens, e contou com a contribuição de vários talentosos profissionais. 
A criação de um grupo dedicado ao estudo e desenvolvimento da ressonância 
para avaliação do aparelho cardiovascular em 1994 levou à criação da Society for 
Cardiovascular MagneticResonance (SCMR). 
Convencionou-se, naquele momento, usar o termo "ressonância magnética 
cardiovascular", ou RMC, para as técnicas de ressonância usadas nas aplicações 
3 
 
 
cardíacas e vasculares. Procura-se, dessa forma, evitar o uso do termo "ressonância 
nuclear magnética", ou RNM, quando nos referimos à imagem por RM do aparelho 
cardiovascular, com o intuito de evitar a inferência de que essa técnica use radiação 
ionizante e também a confusão com a técnica de medicina nuclear. 
É importante ressaltar que a RMC não envolve qualquer radiação ionizante, o 
que confere segurança ao paciente em relação aos fenômenos físicos envolvidos na 
aquisição de imagem. 
Dentre outros avanços históricos do desenvolvimento da RMC podemos citar: 
medida de fluxo por contraste de fase, aquisição do 
tipo SteadyStateFreePrecession (SSFP), cine com tagging perfusão de primeira 
passagem, RMC de estresse com dipiridamole RMC de estresse com dobutamina. 
Um dos mais importantes marcos em RMC é a detecção de infarto miocárdico 
e avaliação da viabilidade miocárdica. 
Os primeiros relatos de uso de contraste à base de Gadolínio (Gd) para a 
detecção de infarto ocorreram em 1983, e a avaliação de viabilidade foi vislumbrada 
já em 1988; porém o entendimento dos mecanismos de realce da área infartada após 
injeção de contraste endovenoso foi descrito pelo Dr. João Lima em 1995. 
O uso da técnica de realce tardio na avaliação do infarto pelos Drs. Raymond 
J. Kim, Robert M. Judd e Enn-ling Chen ocorreu em 1999 e sua aplicação na 
viabilidade miocárdica em humanos aconteceu em 2000 (a descrição detalhada da 
sequência de pulso foi publicada posteriormente por Simonetti e cols.). 
A partir desse ponto, a detecção de infarto e viabilidade miocárdica pela RM se 
tornou útil clinicamente, sendo hoje considerada uma de suas aplicações de maior 
utilidade. Digno de nota também foi a demonstração, já em 1998, da capacidade da 
RMC de detectar e quantificar a área de obstrução microvascular (no-
reflow) associada ao infarto miocárdico agudo. 
Desde então, o avanço tecnológico na área continuou ocorrendo, permitindo, 
hoje, a aquisição de imagens do coração com alta qualidade e de forma rápida. Assim, 
as imagens por ressonância são capazes de contribuir para as avaliações 
diagnósticas e prognósticas de várias doenças cardiovasculares, além de serem um 
poderoso instrumento de pesquisa clínica e experimental. Alguns aspectos básicos e 
técnicos da RMCsão brevemente apresentados a seguir. No entanto, uma revisão 
detalhada foge ao escopo deste documento e pode ser encontrada nas referências 
citadas no texto. 
4 
 
 
 
2.1 Técnica 
 
Os núcleos dos átomos são partículas que apresentam carga e estão em 
constante movimento giratório (spin), de modo que elas acabam por se comportar 
como diminutos magnetos, com polo norte e polo sul (dipolos), gerando pequenos 
campos magnéticos orientados ao acaso. Quando esses núcleos são submetidos a 
um campo magnético externo de maior intensidade, seus vetores de magnetização se 
alinham ao mesmo (mesma direção). Nessa situação, os núcleos continuam em 
movimento giratório alinhado com o campo magnético externo, o que é chamado 
de precessão. 
A frequência desse movimento rotatório (frequência de Larmour) é específica 
de cada núcleo e varia de acordo com a intensidade do campo magnético. A 
frequência de rotação do núcleo do hidrogênio, o mais usado na prática clínica, é de 
63, 86 MHz em um campo magnético de 1,5 Tesla (equivalente a 63,86 milhões de 
rotações por segundo). A aplicação de pulsos de energia ou pulsos de 
Radiofrequência (RF), na exata frequência de Larmour de um dado núcleo, faz com 
que o mesmo absorva a energia e desvie seu vetor de magnetização da posição 
inicial. A energia absorvida é liberada pelo núcleo na forma de RF, assim que o pulso 
de RF é desligado, quando seu vetor volta à sua angulação de repouso, alinhada com 
o campo magnético externo de maior intensidade. 
O retorno do vetor de magnetização apresenta dois componentes. Um deles é 
paralelo ao campo magnético gerado pelo magneto e retorna ao equilíbrio pela 
interação com moléculas ao redor, processo conhecido como relaxação T1. O outro 
componente tem orientação transversa ao campo magnético principal, e o seu retorno 
é mais rápido, resultando da interação dos prótons; é denominado relaxação T2. 
As imagens de RM podem ser ponderadas de forma a demonstrar a distribuição 
predominante de T1, T2 ou apenas a densidade de prótons dos diferentes tecidos. 
Essa energia liberada na forma de onda de RF pode ser captada por antenas ou 
bobinas e decodificada por meio de um processo matemático chamado transformada 
rápida de Fourier, gerando a imagem que obtemos nos estudos clínicos. Em virtude 
de suas características físicas eletromagnéticas e abundância, o núcleo do hidrogênio 
é o mais explorado para a geração da imagem de RM. 
5 
 
 
De modo simplificado, os pulsos de RF podem ser organizados e repetidos de 
diversas formas, sendo chamados de sequências de pulso. Cada uma das delas 
permite a obtenção de imagens com diferentes tipos de contraste entre as estruturas, 
o que permite a caracterização dos tecidos biológicos independentemente de janelas 
acústicas ou mesmo do biotipo do paciente. 
A localização tridimensional da origem do sinal da RM é obtida com o uso de 
três outros pequenos campos magnéticos. Esses são chamados gradientes e estão 
arranjados em posições ortogonais em relação aos eixos do corpo. A combinação 
desses gradientes permite a localização das coordenadas de qualquer ponto e 
também a obtenção de cortes oblíquos em qualquer angulação. 
Um equipamento de RMC é, portanto, composto do magneto (que produz o 
campo magnético que deve ser estável e homogêneo, medido em Tesla); bobinas dos 
gradientes, com seus amplificadores; antena acoplada ao amplificador de RF, para 
estimular o paciente com os pulsos de RF; e o receptor, para captar o sinal emanado 
pelo paciente. É necessário um computador para controlar o equipamento e gerar as 
imagens, que podem ser exibidas de forma estática, dinâmica ou em reconstruções 
multiplanares. A aquisição das imagens é realizada em múltiplas apneias expiratórias, 
geralmente bem toleradas pelos pacientes. Também se encontram disponíveis 
sequências rápidas de aquisição de imagem, em geral com menor resolução espacial, 
porém adequadas para o diagnóstico. 
Claustrofobia pode ser um problema para uma pequena parcela dos pacientes, 
mas, usualmente, pode ser contornada com orientações pré-procedimento ou 
medidas simples, como a utilização de ansiolíticos. 
Caso a claustrofobia seja realmente limitante, o estudo pode ser realizado sob 
anestesia. É importante que o paciente ou o responsável legal preencha um 
questionário de segurança antes de entrar na sala de exames, incluindo-se aí a 
averiguação de materiais que possam ter sido implantados. 
Outro tópico que merece atenção é o uso da RM em pacientes com marca-
passo ou Cardiodesfibriladores Implantáveis (CDIs). 
Sempre houve o temor de que a realização desse exame pudesse danificar o 
dispositivo, inibir sua função, deflagrar ritmos acelerados ou liberar choques 
inapropriados nos CDIs. No entanto, alguns centros passaram a oferecer esse exame 
para esta população, principalmente após o desenvolvimento de marca-passos de 
6 
 
 
nova geração. Há sempre a avaliação conjunta da equipe de eletrofisiologia, apesar 
de algumas associações e centros reguladores não respaldarem essa conduta. 
O American CollegeofRadiology (ACR) reconhece que a utilização da RM em 
pacientes com marca-passo e CDI não deve ser realizada rotineiramente, sendo 
reservada apenas para situações em que é estritamente necessária e quando não 
houverem outras alternativas diagnósticas. Além disso, deve estar presente uma 
equipe de eletrofisiologistas e recomenda-se, ainda, que apenas pacientes que não 
sejam totalmente dependentes do marca-passo sejam considerados para realização 
do exame. 
 
 
 
 
 
Tabela 1: Contraindicações e dúvidas comuns em Cardiologia para exames de ressonância 
magnética cardiovascular (RMC) 
 
Não podem realizar exames Podem realizar exames 
Portadores de marca-passos não 
compatíveis com RM 
Pacientes com stents coronários 
(mesmo logo após o implante) 
Portadores de cardiodesfibriladores 
implantáveis não compatíveis com RM 
Portadores de próteses valvares 
(biológicas ou metálicas) 
Pacientes com clipes cerebrais 
Pacientes com sutura metálica 
no esterno 
Pacientes com implantes cocleares Pacientes com próteses de aorta 
Pacientes com fragmentos metálicos 
nos olhos 
Próteses ortopédicas (por 
exemplo: prótese de quadril) 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
3. ANATOMIA CARDÍACA (SEQUÊNCIAS BLACKBLOOD) 
 
Para a avaliação da anatomia cardíaca e de grandes vasos, a sequência de 
pulso mais utilizada é a de spin-echo rápido, com duplo pulso de inversão-
recuperação, conhecida como FSE-Double IR (Fast Spin-echo-Duplo Pulso de 
Inversão-Recuperação) ou somente double-IR. Ela se baseia na aquisição de FSE 
associada a duplo pulso preparatório de inversão, sendo o primeiro direcionado a todo 
o tecido (não seletivo) e o segundo direcionado somente ao corte selecionado 
(seletivo). 
Tem como característica alta resolução espacial e, nas imagens, o sangue 
aparece escuro (sem sinal), por isso também é conhecida por blackblood. Esse 
fenômeno ocorre porque os tecidos que se movimentam rapidamente, como o sangue, 
ao se moverem para fora do plano de corte não geram sinal, ao passo que os tecidos 
estacionários ou que se movem lentamente, como o miocárdio, geram alto sinal. 
Dessa forma, temos definição precisa das bordas endocárdicas (entre sangue 
e miocárdio). Trata-se de uma sequência de aquisição segmentada, que é realizada 
em apneia expiratória final e adquirida sincronizada ao eletrocardiograma (ECG). Uma 
variação possível, conhecida como triple-IR, é o acréscimo de um terceiro pulso de 
saturação, para eliminar todo o sinal de tecido adiposo (saturação de gordura) da 
imagem, o que pode auxiliar no diagnóstico de algumas situações clínicas como, por 
exemplo, caracterização de tumores cardíacos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
4. CINERRESSONÂNCIA MAGNÉTICA (SEQUÊNCIAS DINÂMICAS 
BRIGHTBLOOD) 
 
Para avaliação da função ventricular, a sequência mais utilizada é ade 
Gradiente-ECO (GRE) rápido, com aquisição em estado de equilíbrio (SSFP), 
usualmente com aquisição das informações acoplada ao traçado eletrocardiográfico, 
de forma fracionada (segmentação do espaço K), eliminando os artefatos de 
movimento. Tal sequência recebe diferentes nomes, de acordo com o fabricante do 
equipamento (FIESTA®, True-FISP®, Balanced-FFE®, entre outros). 
Essa técnica permite obter múltiplos quadros ao longo do ciclo cardíaco em um 
plano de corte. Tais quadros, de todas as fases, expostos em continuidade, permitem 
a visualização do coração durante todo seu ciclo, de forma dinâmica e em movimento. 
As características mais marcantes dessa técnica são sua ótima resolução temporal, o 
nítido delineamento das bordas endocárdicas e epicárdicas e o fato de que, em suas 
imagens, o sangue é branco (brightblood). As imagens podem ser adquiridas em 
qualquer plano geométrico. 
Um subtipo dessa técnica é aquela com marcação do miocárdio, também 
conhecida como tagging miocárdico, que consiste em uma sequência de fastgradient-
echo com linhas de saturação formando uma grade sobre a imagem, a qual se 
deforma com o movimento, permitindo a quantificação objetiva da contração do 
miocárdio durante o ciclo cardíaco (strain miocárdico). 
De forma semelhante, imagens GRE, antigamente utilizadas para avaliação da 
função, oferecem a vantagem de serem mais sensíveis a fluxos turbulentos, o que 
pode ser útil na avaliação de estenoses e insuficiências valvares, porém acarretar pior 
diferenciação entre o miocárdio e o sangue no interior das cavidades cardíacas, 
quando comparadas com as sequências SSFP. 
Para os pacientes com arritmias ou com dificuldade em manter apneia, novas 
sequências, conhecidas como tempo real (real time) são uma alternativa e podem ser 
utilizadas com qualidade diagnóstica. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
5. PERFUSÃO MIOCÁRDICA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
 
A visualização da perfusão miocárdica pela RMC é realizada pela primeira 
passagem do contraste (Gd) pelas cavidades ventriculares e, em seguida, pelo 
miocárdio. Uma das técnicas mais utilizadas consiste em uma sequência híbrida de 
GRE rápido com leitura eco planar ultrarrápida, precedida por um pulso de saturação 
do sinal tecidual. Com isso, podem ser obtidas imagens em múltiplos cortes, a cada 
um ou dois batimentos cardíacos, e repetidas múltiplas vezes ao longo do tempo, 
durante aproximadamente 60 segundos, acompanhando-se, assim, a passagem do 
contraste. 
A perfusão miocárdica pode ser realizada em repouso e sob estresse 
farmacológico, com dipiridamol, adenosina ou regadenoson - este é considerado um 
método robusto para detecção de isquemia miocárdica. A técnica de perfusão também 
é bastante utilizada na avaliação de tumores cardíacos. Nos equipamentos mais 
recentes, houve evolução na velocidade de aquisição de dados, permitindo imagens 
de perfusão com resolução espacial e temporal elevadas e métodos de correção de 
movimento que também auxiliam na qualidade dos dados obtidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
6. CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR 
 
Gd é um elemento químico raro, cujo número atômico é 64. Devido às suas 
propriedades paramagnéticas, pode ser utilizado como meio de contraste endovenoso 
nos estudos de RM. No entanto, no estado livre, o Gd é tóxico, devendo, então, passar 
por um processo de quelação com moléculas maiores, formando um complexo mais 
estável, devendo ser eliminado antes do íon livre ser lançado aos tecidos do corpo. 
Sua excreção preferencial é renal, cerca de 90% em 24 horas para a quase totalidade 
das formulações. Em indivíduos com insuficiência renal avançada (com depuração de 
creatinina < 30mL/minuto ou dialíticos), a farmacocinética é alterada, tornando mais 
lenta sua excreção, porém sem causar nefrotoxicidade. 
Os meios de contraste à base de Gd encurtam o tempo de relaxamento T1 nos 
tecidos em que eles se encontram, aumentando o sinal nessas regiões nas imagens 
ponderadas em T1. Como eles tendem a se acumular em tecidos anormais (com 
necrose, fibrose ou inflamação), ajudam na detecção de lesões. Também é possível 
a realização de estudos de perfusão tecidual - por exemplo, do miocárdio. O contraste 
a base de Gd também é utilizado para os estudos vasculares (angio-RM). 
Em relação às reações adversas, sua frequência é consideravelmente menor 
que a observada com os contrastes iodados. Os estudos demonstram reações 
adversas com frequência de cerca de 0,07 a 2,4%, sendo de característica alérgica 
em torno de 0,004 a 0,7% e, em geral, leves. Dados atuais advindos do Registro 
Europeu de Ressonância Magnética Cardiovascular baseados em 17.767 pacientes, 
avaliando exames com doses de Gd de até 0,3 mmol/kg revelaram frequência de 
reações moderadas (náuseas, rash e ansiedade) entre 0,06 e 0,47%. 
Foram identificados grupos de maior risco para o desenvolvimento de reações 
adversas, como pacientes com reações prévias ao Gd (risco até oito vezes maior) e 
em pacientes com asma, alergias múltiplas a medicações e alimentos e/ou com 
histórico prévio de reações ao contraste iodado (3,7% de risco). 
A relação com o tipo de meio de contraste baseado em Gd e a ocorrência de 
FSN é variável, sendo que a gadodiamida (70%), o gadopentato dimeglumina (15%) 
e a gadoversetamida detêm a maior parte dos registros. Apesar de a fisiopatologia da 
doença não ser ainda bem esclarecida, a principal hipótese é a separação do Gd de 
sua molécula quelante devido à disfunção renal, liberando Gd livre tóxico, que, por 
sua vez, liga-se a ânions, como o fosfato, e se precipita nos tecidos, deflagrando uma 
11 
 
 
reação fibrosante. Além da insuficiência renal, alguns outros fatores apresentam 
associação com a doença, como acidose metabólica ou outras condições que levam 
a acidose, níveis elevados de ferro, cálcio e fosfatos séricos, terapia com eritropoietina 
em altas doses, imunossupressão, vasculopatias, infecção e eventos pró-
inflamatórios agudos. 
 
 
7. AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL 
 
A RM permite a avaliação morfológica e funcional do coração sem a 
necessidade do uso de radiação ionizante e nem contraste endovenoso. Para 
avaliação anatômica, usualmente são utilizadas as sequências FSE (sigla do 
inglês Fast Spin-Echo), nas quais o interior das câmaras cardíacas apresenta-se sem 
sinal de ressonância (também conhecidas como "sangue-preto" ou "black-blood"). É 
possível caracterizar a composição dos tecidos adquirindo-se imagens ponderadas 
de diferentes formas, com o intuito de explorar propriedades diferentes de 
relaxamento dos prótons de hidrogênio que compõem os mesmos. 
Em geral, com as imagens ponderadas em T1, avaliamos a anatomia dos 
diversos órgãos, a presença de gordura no interior das lesões (podendo inclusive 
lançar mão de técnicas de saturação da gordura) e padrões de 
perfusão/vascularização após a injeção endovenosa do meio de contraste 
paramagnético endovenoso. Com imagens ponderadas em T2, usualmente 
procuramos aumento na quantidade de água nos tecidos, o que ocorre em grande 
parte das lesões. 
Os planos clássicos do coração são o eixo curto e os eixos longo do coração 
(quatro câmaras, duas câmaras e Via de Saída do Ventrículo Esquerdo - VSVE, que 
avaliam os Ventrículos Esquerdo - VE e Direito - VD, câmaras atriais, valvas 
atrioventriculares e aórtica). Outros planos de cortes específicos ainda podem ser 
utilizados: duas câmaras do VD, via de entrada e saída do VD etc. Em geral, os cortes 
de eixo curto do VE são obtidos com 8mm de espessura e 2mm de espaçamento, o 
que gera uma distância entre o centro de cada corte de 10mm e permite uma 
varredura completa do coração com oito a dez cortes, em média, desde seu ápice até 
a base. 
12 
 
 
Por outro lado, para medidas de dimensões e volumes, geralmente são 
utilizadas sequências SSFP, nas quais o sangue aparece com alto sinal(branco), 
porém facilmente distinguível do miocárdio, em múltiplos quadros ao longo do ciclo 
cardíaco, fornecendo uma avaliação dinâmica semelhante à ecocardiografia . Para o 
cálculo da massa miocárdica, multiplica-se o volume total da parede do miocárdio no 
fim da diástole pela gravidade específica do miocárdio (1,05g/mm3). Os volumes 
ventriculares e a massa miocárdica podem ser ajustados de acordo com a superfície 
corpórea (valores indexados). 
Devido à sua alta acurácia e à sua reprodutibilidade para a avaliação da massa 
e dos volumes ventriculares, a RMC é particularmente interessante no 
acompanhamento do remodelamento ventricular ao longo do tempo, tanto em 
pacientes na rotina clínica como em ensaios clínicos que utilizam desfechos baseados 
em medidas geométricas do coração. 
A avaliação da função ventricular com sequências SSFP pode também ser 
utilizada durante a infusão de dobutamina, à semelhança da ecocardiografia de 
estresse com dobutamina, permitindo a detecção de alteração de contração regional, 
indicativa de isquemia miocárdica e Doença Arterial Coronariana (DAC) obstrutiva. 
A RMC também é uma ferramenta de grande valia na avaliação das estruturas 
vasculares como a aorta, as artérias carótidas, as artérias renais, as artérias dos 
membros superiores e inferiores. Para tanto, são utilizadas técnicas que permitem a 
avaliação tanto da parede arterial quanto da luz vascular, com e sem a utilização de 
meio de contraste baseado em Gd. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA CARDIOPATIA ISQUÊMICA 
 
Nos últimos anos, a RMC vem sendo cada vez mais empregada na abordagem 
diagnóstica e prognóstica da cardiopatia isquêmica. A avaliação de DAC pela RMC 
abrange, de maneira geral, a análise da função ventricular regional e global, a 
identificação de isquemia miocárdica, a caracterização da área de necrose/fibrose 
resultante de infarto agudo/crônico do miocárdio e a determinação da viabilidade 
miocárdica. 
A RMC é um método com elevada acurácia e reprodutibilidade para análise das 
funções global e segmentar de ambos os ventrículos, mesmo em pacientes com 
alterações significativas da geometria ventricular. Na avaliação de pacientes com 
aneurismas ventriculares, a RMC pode fornecer dados mais precisos dos volumes e 
geometria das câmaras cardíacas (além da área infartada), sendo importante na 
avaliação da melhora da função cardíaca e anatomia ventricular, após procedimentos 
de revascularização miocárdica. Para análise da contratilidade regional, a ressonância 
também se mostrou eficaz e superior em comparação com outros métodos. Assim, o 
método é apropriado para a avaliação da contratilidade e função ventriculares global 
e segmentar, sendo considerado, por muitos, o método padrão-ouro para essa 
finalidade. 
 
8.1 Detecção de Isquemia Miocárdica 
 
As técnicas mais frequentemente utilizadas para a avaliação de DAC pela RMC 
envolvem a visualização direta dos efeitos da isquemia induzida por estresse 
farmacológico sobre a contratilidade segmentar e a perfusão miocárdica - a primeira 
apresentando maior especificidade e a segunda maior sensibilidade diagnóstica. 
 
8.2 Avaliação da Contratilidade Segmentar/Reserva Contrátil 
 
Em virtude dos empecilhos práticos e técnicos para a realização do exercício 
físico no interior do aparelho de ressonância, o estresse farmacológico é o método 
14 
 
 
mais empregado para avaliação de isquemia. Para a análise da contratilidade 
segmentar/reserva contrátil miocárdica, geralmente se usa o agente inotrópico 
positivo dobutamina. Nesse cenário, a isquemia miocárdica durante o exame de 
estresse pode ser definida como um déficit de contratilidade segmentar novo 
decorrente da infusão de dobutamina ou a ocorrência de resposta bifásica, isto é, o 
aumento da contratilidade miocárdica em baixas doses e disfunção segmentar em 
altas doses de dobutamina. 
A RMC de estresse com dobutamina é uma técnica bem estabelecida, 
caracterizada principalmente pela alta qualidade de imagem e reprodutibilidade dos 
resultados em comparação com os outros métodos. 
A administração da dobutamina segue o mesmo protocolo utilizado nos exames 
de ecocardiografia sob estresse, com doses crescentes da droga (10, 20, 30, 40 
mcg/kg por 3 minutos cada uma delas), podendo ou não ser adicionado até 2 mg de 
atropina, com o objetivo de atingir a frequência cardíaca submáxima. A taxa de 
complicações maiores nesse exame é < 0,1%, semelhante a de estudos com 
ecocardiografia de estresse. 
O protocolo de aquisição de imagens envolve sequências para avaliação 
dinâmica da função (cine), em diferentes planos de corte, abrangendo os 17 
segmentos miocárdicos. A análise na prática clínica é comumente realizada de forma 
qualitativa, entretanto técnicas de avaliação quantitativa têm sido utilizadas em 
estudos clínicos. A técnica de tagging miocárdico foi avaliada em diversos estudos e 
demonstrou facilitar a identificação de isquemia, tanto na forma qualitativa como 
quantitativa, podendo também ser ferramenta útil na análise de parâmetros 
diastólicos. No entanto, a análise quantitativa requer o uso de programas para análise, 
sendo ainda limitado sua utilização na rotina clínica. 
Os primeiros estudos de RMC de estresse com dobutamina já demonstravam, 
desde a década de 1990, a alta acurácia do método para diagnóstico de estenoses 
luminais coronárias ≥ 50%, com sensibilidade de 81 a 84%. Posteriormente, estudos 
envolvendo maior número de pacientes confirmaram a utilidade do método. 
Nagel e cols., comparando RMC e ecocardiografia de estresse em pacientes 
com suspeita ou DAC estabelecida (sem Infarto Agudo do Miocárdio - IAM prévio), 
demonstraram a superioridade da ressonância (acurácia diagnóstica de 86% vs. 70%; 
p < 0,005). 
15 
 
 
A RMC de estresse com dobutamina se mostrou muito efetiva para o 
diagnóstico de DAC no grupo de pacientes inadequados para a avaliação pela 
ecocardiografia, devido à janela acústica subótima. 
A avaliação quantitativa da função regional pela RMC tem o potencial de 
melhorar ainda mais a acurácia diagnóstica do método, especialmente nos casos de 
DAC uni arterial. 
Metanálise de Nadalur e cols.sumarizou os resultados dos principais estudos 
envolvendo RMC de estresse com dobutamina, demonstrando sensibilidade de 83% 
e especificidade de 86% para diagnóstico de lesões coronárias significativas em 
pacientes de alto risco para DAC. 
A RMC de estresse com dobutamina também pode ser utilizada para estimar 
risco cardiovascular em pacientes que serão submetidos a cirurgia não cardíaca. No 
grupo de pacientes de risco intermediário, RMC de estresse positiva para isquemia 
mostrou ser preditora independente de eventos cardíacos maiores, durante ou após o 
procedimento cirúrgico. 
Além de valor diagnóstico, a avaliação da isquemia miocárdica pela RMC 
também tem importante valor prognóstico. Quando a RMC de estresse com 
dobutamina é normal, os pacientes apresentam uma baixa taxa de eventos, ao 
contrário do que ocorre quando há detecção de isquemia. 
Pacientes com RMC com estresse normal e fração de ejeção > 40% 
apresentam baixa taxa de eventos cardíacos - aproximadamente 2% ao longo de 2 
anos. A presença de disfunção segmentar identifica pacientes de risco para IAM e 
morte de causa cardíaca. O diagnóstico de isquemia determinado pela alteração de 
motilidade na RMC de estresse com dobutamina é preditora independente de eventos 
cardíacos (HR = 5,42 em 3 anos; p < 0,001) em pacientes de ambos os sexos. 
As principais limitações dessa técnica são a dificuldade na monitorização 
contínua do ECG e dos dados vitais do paciente durante o exame, além das 
contraindicações próprias da infusão da dobutamina. 
A RMC de perfusão miocárdica permite a cobertura do VE utilizando uma 
aquisição simultânea de múltiplos cortes do eixo-curto ventricular, ou uma combinação 
de eixos-curtose longos dessa câmara. Uma injeção intravenosa do contraste 
baseado em Gd (na dose de 0,025 a 0,1 mmol/kg) é habitualmente administrada pela 
fossa antecubital, utilizando uma bomba injetora para garantir que a injeção seja 
efetuada de forma rápida e uniforme (em geral com fluxo de 5 mL/s). 
16 
 
 
Idealmente, a aquisição das imagens de todos os cortes deve ser executada a 
cada ciclo cardíaco, ou seja, o intervalo entre as imagens sequenciais deve ser de um 
intervalo RR. Em alguns casos, o intervalo de dois RRs também pode ser considerado 
adequado. A análise da perfusão miocárdica pode ser realizada de forma visual 
(avaliação subjetiva/qualitativa), semiquantitativa ou quantitativa. Apesar de as 
técnicas quantitativas já serem bastante validadas, em geral, na prática clínica, a 
avaliação da presença de isquemia miocárdica é realizada de forma qualitativa. 
No protocolo de RMC de perfusão, podemos adquirir, além das imagens 
durante a infusão do vasodilatador (fase de estresse), outras imagens após a reversão 
do mesmo pela injeção endovenosa de aminofilina (fase de repouso). 
A comparação das imagens de perfusão nas duas fases permite a avaliação da 
reversibilidade da hipoperfusão miocárdica, o que facilita a interpretação do exame. 
Para a avaliação de DAC, é importante comparar as áreas de hipoperfusão às 
imagens de realce tardio obtidas posteriormente, as quais definem as regiões de 
necrose/fibrose (sem viabilidade) e que também se apresentarão como áreas de 
hipoperfusão nas imagens de perfusão em repouso e durante o estresse (fixas). A 
possibilidade de visualização direta da fibrose miocárdica pela técnica do realce tardio 
torna a aquisição das imagens de perfusão ao repouso não obrigatória. 
Amplo estudo prospectivo e multicêntrico publicado recentemente por Bodi e 
cols.ressaltou a importância da RMC de perfusão com dipiridamol na avaliação 
prognóstica de pacientes com suspeita de angina. Tanto a avaliação de perfusão 
como a indução de disfunção segmentar, durante infusão de dipiridamol, foram fatores 
independentes na determinação de eventos adversos cardíacos ao longo de 308 dias. 
Pacientes com disfunção segmentar induzida por dipiridamol apresentam alto risco 
para eventos adversos maiores e parecem ter maior benefício ao serem 
revascularizados. Já o papel da perfusão por RMC nas síndromes isquêmicas 
miocárdicas agudas foi avaliado por Husser e cols.. Nesses pacientes, a presença de 
alterações na perfusão miocárdica foi capaz de predizer queda na fração de ejeção 
ou eventos cardíacos combinados no seguimento de 6 meses. 
A utilização da RM para a pesquisa de isquemia miocárdica já encontra 
respaldo em diversas diretrizes clínicas e de métodos de imagem nacionais e 
internacionais, sendo uma ferramenta importante para o estabelecimento diagnóstico 
e prognóstico de pacientes com doenças isquêmicas instáveis e estáveis. 
 
17 
 
 
8.3 Angiorressonância das Artérias Coronária 
 
A RM é um excelente exame para a avaliação dos vasos sistêmicos. A 
visualização das artérias coronárias, no entanto, é dificultada por vários fatores: 
movimentação cardíaca e respiratória, fino calibre dos vasos e complexidade 
anatômica. Além disso, tecidos de sinal bastante diferentes (como a gordura 
epicárdica, o miocárdio, o sangue e, ocasionalmente, stents) encontram-se muito 
próximos, aumentando o desafio técnico para a realização desse tipo de estudo. 
Diversas técnicas têm sido desenvolvidas para superar essas dificuldades, desde as 
sequências de aquisição bidimensional de primeira geração até as mais recentes 
aquisições tridimensionais, utilizando pausa respiratória ou navegador, com ou sem 
administração de contraste. 
Em comparação com a angiografia invasiva, em situação de pesquisa clínica, 
os estudos utilizando avaliação do coração inteiro com sequências SSFP apresentam 
sensibilidade de cerca de 80% e especificidade de 90% para a detecção de estenose 
luminal coronária ≥ 50%. 
Apesar dos grandes avanços na última década, a angio-RM coronária ainda 
possui indicações clínicas restritas, devido à dificuldade técnica em se obterem 
imagens diagnósticas. Seu uso clínico atualmente se concentra na avaliação de 
anomalias congênitas de origem e trajeto das artérias coronárias, diagnóstico e 
acompanhamento de aneurismas de artérias coronárias causada pela doença de 
Kawasaki, e confirmação de patência de enxertos vasculares pós-revascularização do 
miocárdio. 
A RMC permite avaliar não apenas os pacientes com infarto do miocárdio na 
fase aguda, mas também aqueles nas fases subaguda e crônica. 
Nos últimos anos, também tem havido grande interesse nas técnicas de 
aquisição de imagens ponderadas em T2, que tem como finalidade detectar áreas de 
edema. Utilizando essa técnica, alguns autores têm demonstrado ser possível 
diferenciar infartos agudos de crônicos, assim como determinar o tamanho da área de 
risco e o grau de salvamento miocárdico no contexto do IAM reperfundido. 
A capacidade de identificação da presença e da extensão das regiões de 
infarto, da presença ou não de obstrução microvascular, da área peri-infarto e da 
contratilidade regionalfaz da RMC uma ferramenta cada vez mais importante não 
18 
 
 
apenas na avaliação diagnóstica, mas também na avaliação prognóstica dos 
pacientes. 
 
 
 
9. PERSPECTIVAS EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 
 
A RMC vem demonstrando superlativo dinamismo nos últimos anos, com 
avanços significativos tanto em relação ao equipamento quanto ao desenvolvimento 
de sequências e contrastes. Isso, associado ao fato de que esse método não emprega 
radiação ionizante, torna suas perspectivas amplas. 
 
9.1 Curto Prazo 
 
O avanço de magnetos mais potentes faz com que máquinas de 3,0 Tesla 
estejam cada vez mais disponíveis, trazendo consigo novos desafios e também 
melhoras significativas nas sequências de perfusão e angiografia coronária. Para 
explorar os ganhos dos aparelhos de superalto campo, o aprimoramento das bobinas 
de transmissão e de aquisição também vem ganhando espaço, com a transmissão 
multicanal permitindo ainda maior redução da inomogeneidade do campo magnético, 
com redução dos tempos de aquisição. 
No aprimoramento das sequências utilizadas em RMC, métodos quantitativos 
de medição do sinal vêm ganhando espaço rapidamente, com mapas de T1, T2 e T2* 
sendo incorporados na rotina clínica com valor diagnóstico e prognóstico. 
Além disso, novas sequências, que permitem a visualização de fluxo e a 
perfusão sem necessidade de contraste, vêm sendo desenvolvidas, sendo a técnica 
de Arterial Spin Labeling (ASL) a mais promissora, permitindo, inclusive, a avaliação 
de perfusão sob estresse sem o contraste exógeno. 
 
9.2 Médio Prazo 
 
Numa perspectiva um pouco mais longa, os avanços da RMC, nas sequências 
de angiografia coronária, continuam avançando, embora resoluções espaciais < 0,5 
19 
 
 
mm, necessárias para se terem resultados clinicamente aplicáveis, ainda não estejam 
disponíveis. Apesar disso, técnicas com cobertura de todo o coração realizadas com 
respiração livre em tempos < 10 minutos têm demonstrado significativa melhora de 
acurácia, mesmo em equipamentos de 1,5 T, embora em centros especializados. 
Outro campo com desenvolvimento bastante promissor, mas ainda numa fase 
de aplicabilidade clínica limitada, é o uso da espectroscopia por RMC, utilizando 
contrastes hiperpolarizados, como o C (Carbono 13) Devido ao forte ganho de sinal-
ruído na ordem de 10 mil vezes, em comparação com o sinal convencional, contrastes 
hiperpolarizados já permitem a investigação do metabolismo miocárdico em diversas 
doenças. 
 
9.3 Longo Prazo 
 
Para um prazo mais longo e sem um uso clínico imediato, é importante citar 
que novos magnetos com ainda maior campo (por exemplo 7,0 Tesla) já estão sendo 
testados em humanos na área cardiovascular, mas a exploração desses ganhos ainda 
é limitada. Outraperspectiva de maior prazo de maturação é a utilização de novos 
contrastes, sejam eles de novas substâncias (como as partículas de óxido de ferro 
superparamagnético) ou com novas características, como retenção maior no 
compartimento intravascular. 
O poder das técnicas de imagem em medicina aumenta a cada dia, sublinhando 
nossa capacidade como humanos de confiar e agir com base no que vemos. Várias 
áreas da medicina dependem diretamente da nossa capacidade de representar não 
só a morfologia e função de sistemas de órgãos do corpo humano, como também a 
estrutura de seus tecidos e, mesmo, a composição bioquímica de seus componentes. 
 A medicina cardiovascular, por exemplo, tem o histórico de seu progresso 
ligado diretamente ao desenvolvimento de métodos de imagem que propiciaram o 
advento de revascularização com base no desenvolvimento de angiografia 
coronariana por raios X para orientar a conexão de artérias e o posicionamento de 
balões e stents no caso de intervenção por cateter. Neurologia, ortopedia, 
pneumologia e gastrenterologia têm seus processos clínicos centrados no diagnóstico 
feito por imagem, que é identificado por médicos norte-americanos como um dos 
progressos tecnológicos mais importantes desde a década de 1990. 
20 
 
 
 Entre todas as modalidades de imagem, a ressonância magnética ocupa um 
lugar único. Além de não requerer uso de radiação ionizante, dispõe da versatilidade 
necessária para a exploração diagnóstica completa de órgãos do corpo humano, 
inclusive os sistemas cardiovascular e nervoso, com seus desafios próprios em termos 
de estrutura, morfologia e função. A combinação de métodos de imagem e 
espectroscopia cria a possibilidade de visualização de processos extremamente 
complexos para a detecção de neoplasia e de medidas do fluxo de sangue e do 
movimento do coração. 
A ressonância magnética funcional habilita a caracterização das fibras que 
conectam diferentes partes do cérebro e, em um futuro não tão distante, poderá ser 
utilizada para avaliar mecanismos intrínsecos da mente humana, não apenas para fins 
de investigação científica como é aplicada no momento, mas para o diagnóstico clínico 
e o acompanhamento de pacientes com processos mentais patológicos. 
Marcelo Nacif e Fernanda Meireles Ferreira organizaram um livro pioneiro, mas, 
sobretudo, oportuno para o preenchimento de um vácuo atual de informação 
importante. O radiologista que usa a ressonância magnética para o diagnóstico de 
uma miríade de situações clínicas encontrará neste manual um guia lógico de 
métodos, técnicas e princípios físicos necessários para a compreensão do que 
constitui e de como esse exame deve ser utilizado na prática médica contemporânea. 
Além de radiologistas, médicos que requerem o exame e dependem dos seus 
resultados para o manejo clínico dos seus pacientes terão aqui uma abordagem 
compreensível e, mesmo sem um treinamento mais profundo de técnicas radiológicas, 
poderão utilizá-la para a compreensão maior das técnicas e dos princípios envolvidos 
na aquisição de imagens por ressonância magnética. Muito importante também, este 
manual serve não apenas como referência para aqueles já estabelecidos 
profissionalmente, mas é de particular valor para o estudante que deseja um 
conhecimento maior sobre métodos de imagem e para o residente em radiologia ou 
outras especialidades que dependem da ressonância magnética. O fato de ter sido 
concebido pela associação de uma física e de um radiologista, ambos brasileiros, com 
dedicação ao ensino, ao conhecimento técnico e à capacidade científica já 
amplamente documentados em tantos outros trabalhos anteriores adiciona uma 
dimensão nova e interessante ao livro, que aborda uma tecnologia de ponta, da 
maneira como deve ser usada em nossa realidade. 
21 
 
 
Desde 1982, o uso da imagem por ressonância magnética (RM) cresce de 
maneira exponencial e migra rapidamente de um contexto de pesquisa para um 
contexto clínico, superando a rapidez de evolução de qualquer outra técnica de 
aquisição de imagens. 
Em 1997, o American CollegeofRadiology (ACR) introduziu a cerficação para 
as instalações de serviços de RM nos EUA com base nas exigências contadas em 
suas publicações e, somente em 2001, criou um documento de orientação para 
práticas seguras em RM. Este documento foi revisado, modificado e atualizado em 
2007 em decorrência de relatos detalhados de incidentes adversos envolvendo 
pacientes, equipamentos e funcionários de diversos serviços de RM. 
No Brasil, não há normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas 
Técnicas (ABNT) ou pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial (INMETRO) acerca de assuntos permanentes à qualidade 
da imagem e à segurança em RM. No entanto, de acordo com o Programa NormaƟvo 
Brasileiro, na ausência de normas nacionais publicadas são válidas as normas 
internacionalmente reconhecidas. 
Não há critério estabelecido em relação a testes para avaliação do 
equipamento de RM nem regulamento para segurança, não somente do paciente, mas 
igualmente dos acompanhantes e dos profissionais do serviço, mesmo aqueles que, 
ocasional ou raramente, se encontram sobre os efeitos do campo magnético. 
Assim, observando a importância atribuída à segurança no cenário 
internacional e a insipiência desta preocupação na realidade brasileira, fica evidente 
a necessidade de sistematizar procedimentos de segurança em nosso país. 
O mais antigo experimento biológico em RM de que se tem notícia foi realizado 
na Universidade de Stanford (EUA), logo após a descoberta do fenômeno, quando 
Bloch obteve um forte sinal de RM ao inserir o dedo na bobina de radiofrequência de 
seu espectrômetro. 
No período entre 1950 e 1970, a RM foi desenvolvida e utilizada para análises 
moleculares físicas e químicas. 
Uma grande quantidade de equipamentos de imagem por ressonância 
magnética (IRM) vem sendo instalada no Brasil, principalmente nos últimos cinco 
anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 
1999 havia 289 equipamentos de ressonância magnética (RM) instalados no Brasil, 
sendo a região Sudeste a detentora da maior quantidade (176), seguida pelas regiões 
22 
 
 
Sul (42) e Nordeste (42), Centro-Oeste (23) e Norte (6). Estima-se que estes números 
cresceram cerca de 30% nos últimos três anos, o que representa a instalação de 
aproximadamente 86 novos equipamentos. 
Uma série de condições referentes ao funcionamento do equipamento e de 
seus acessórios deve ser observada, tais como, intensidade do campo magnético 
principal, homogeneidade do campo magnético, amplitude e tempo de subida dos 
gradientes, razão sinal-ruído e uniformidade de sinal das bobinas, para que se possa 
obter imagens com qualidade e tempo de exame adequados para o diagnóstico. 
A normatização e recomendação sobre testes de aceitação em equipamentos 
de IRM se restringe a trabalhos feitos pela Associação Americana de Físicos em 
Medicina (AAPM) Associação dos Fabricantes de Equipamentos dos Estados Unidos 
(NEMA) Colégio Americano de Radiologia (ACR)e Instituto de Físicos em Medicina do 
Reino Unido (IPEM). Não existe nenhuma publicação, recomendação ou 
normatização nacional sobre testes de aceitação ou controle de qualidade para esta 
técnica de diagnóstico por imagem. O ACR, em especial, criou o programa de 
Acreditação em Imagem por Ressonância Magnética, baseado nas exigências 
contidas em sua publicação e nas publicações da AAPM. 
Este trabalho tem como objetivo criar um protocolo de testes de aceitação para 
equipamentos de IRM e demonstrar como e quais tipos de dispositivos de teste podem 
ser usados para a coleta de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
10. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
Para cada teste foi elaborada uma definição, o procedimento, a forma de 
análise e o critério de aceitação. O critério de aceitaçãofoi especificado em termos de 
limites de ação que definem a faixa de valores aceitáveis, fora dos quais ações 
corretivas são necessárias. 
Com a finalidade de verificar a forma de análise e aplicabilidade, todos os testes 
foram realizados em dois equipamentos de IRM de 1,5 tesla que possuem magneto 
supercondutor, de um hospital privado de grande porte. 
Testes que necessitavam de licença ou equipamento específico, fornecido pelo 
fabricante somente para os seus engenheiros de campo, não fizeram parte deste 
protocolo. 
Para a realização dos testes de aceitação podem ser utilizados dispositivos 
comerciais e dispositivos do próprio fabricante do equipamento. Foram utilizados, 
neste estudo, os dispositivos de teste UAL ("uniformityandlinearity") (Nuclear 
Associates, Inc., Hicksville, NY), 3DRAS ("3D resolutionandslice") (Nuclear 
Associates, Inc., Hicksville, NY), conforme mostra a Figura 1, e dispositivos do próprio 
fabricante dos equipamentos da instituição à qual um dos autores pertence. Podem 
ser utilizados outros tipos de dispositivos de teste e também construídos conforme 
sugerido pela literatura. 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig1
24 
 
 
 
 
O Quadro 1 mostra a relação dos dispositivos utilizados e o teste associado. 
 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#quadro1
25 
 
 
 
11. RESULTADOS 
 
Um total de 15 testes foi selecionado, conforme mostra o Quadro 2. 
 
 
 
Para todos os testes que necessitam obtenção de imagens dos dispositivos, 
devem ser adquiridas imagens spin eco com ponderação em T1, com espessura de 
corte e intervalo compatíveis com os protocolos clínicos utilizados na rotina do serviço 
ou especificados de acordo com o tipo de teste. 
A descrição dos testes foi elaborada sob a forma de um protocolo, para facilitar 
sua execução e entendimento. 
 
11.1 Teste 1: Observação Física 
 
Definição 
A observação física envolve uma vistoria de todos os itens contidos na proposta 
de venda e especificados pelo fabricante. 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#quadro2
26 
 
 
 
 
Procedimento e análise 
Fazer um inventário para determinar todos os itens identificados na proposta 
de venda. Determinar se equipamentos como sistema de impressão, 
intercomunicação com paciente, botões de alarme e movimentação da mesa do 
paciente estão funcionando corretamente. Uma inspeção de itens relacionados à 
segurança deve ser avaliada. 
Critério de aceitação 
Qualquer item fora de especificação, com defeito, ou faltando, deve ser 
comunicado por escrito ao engenheiro responsável pela instalação do equipamento, 
assim como para a direção da instituição. 
 
11.2 Teste 2: Verificação da Blindagem de Radiofrequência (RF) 
 
Definição 
A blindagem de RF serve para garantir que existe um isolamento 
eletromagnético do ambiente externo à sala de exames. A blindagem é geralmente 
testada por uma empresa independente ou pelo próprio fabricante do equipamento. 
Este teste é realizado colocando-se uma antena do lado externo e transmitindo sinais 
de várias frequências através da blindagem. A atenuação do sinal é determinada por 
comparação com valores de referência obtidos em pontos onde não há blindagem. 
Procedimento e análise 
Se o serviço possuir, ou puder obter, o equipamento necessário para testar a 
blindagem da RF, os testes podem ser feitos em várias etapas durante a instalação. 
O equipamento deve incluir: 
a) um gerador capaz de produzir sinais na faixa apropriada de frequência. Se o 
gerador não for capaz de produzir sinais de amplitude suficiente, considerando uma 
atenuação esperada de 100 dB, um amplificador será necessário; 
b) duas antenas calibradas para as devidas frequências; 
c) um receptor, como um analisador de espectros, cobrindo toda a faixa de 
frequências com sensibilidade adequada, de modo que a combinação de ganho e 
sensibilidade permitam medidas de atenuação dentro dos limites necessários. 
27 
 
 
O primeiro teste deve ser realizado na finalização da colocação da blindagem. 
Este teste é necessário para confirmar que a blindagem está de acordo com as 
necessidades de atenuação especificadas pelo fabricante do equipamento de IRM. 
Outro teste deve ser realizado após o fabricante instalar o magneto. 
Testes adicionais podem ser feitos após a completa instalação do equipamento. 
Empresas independentes podem ser contratadas para realizar os testes, e os 
resultados devem ser repassados para o físico responsável na forma de um relatório. 
Critério de aceitação 
Qualquer medida fora dos valores de atenuação especificados pelo fabricante 
deve ser comunicada ao responsável pela instalação da blindagem e ao responsável 
da instituição, para que sejam tomadas as medidas corretivas necessárias. 
 
11.3 Teste 3: Consumo do Criogênio (Taxa de Evaporação) 
 
Definição 
A taxa na qual o criogênio é consumido deve ser especificada pelo fabricante 
do equipamento de IRM na proposta de venda. Diferentes magnetos possuem taxas 
de consumo dos criogênios variáveis e o gasto com a reposição periódica pode 
representar um custo adicional bastante considerável, principalmente se a taxa de 
consumo estiver acima dos valores especificados pelo fabricante. 
Procedimento e análise 
Determinar o consumo, em litros, do criogênio utilizado (nitrogênio líquido ou 
hélio) para um dado período de tempo, sendo que, quanto mais longo for o período 
de tempo, melhor. Alguns fabricantes medem o consumo em valores porcentuais (%) 
da capacidade total do magneto, que devem ser convertidos para litros através de 
tabelas previamente fornecidas pelo próprio fabricante. A taxa de consumo calculada 
é obtida dividindo-se o total de litros utilizado pelo período de tempo em horas 
correspondente. Desta forma, o consumo ficará expresso em litros por hora. 
Critério de aceitação 
Se o valor estiver acima de 30% do valor especificado, deve-se entrar em 
contato imediatamente com o fabricante e verificar possíveis falhas no abastecimento 
de energia dos sistemas que controlam as bombas de circulação do "coldhead" do 
magneto. 
28 
 
 
 
11.4 Teste 4: Homogeneidade do Campo Magnético Principal (B0) 
 
Definição 
A homogeneidade do campo magnético principal (B0) se refere à uniformidade 
da intensidade do campo magnético principal em um determinado volume. Esta é 
usualmente especificada em partes por milhão da intensidade do campo magnético 
principal, em um dado diâmetro de volume esférico (dsv). 
A homogeneidade é influenciada por vários fatores, incluindo inomogeneidades 
no campo B0 produzidas por imperfeições nas espiras das bobinas. Inomogeneidades 
podem contribuir para distorção geométrica das imagens, influenciando de forma 
negativa a uniformidade da imagem e comprometendo a razão sinal-ruído (RSR) em 
algumas sequênciasrápidas. 
 
Procedimento e análise 
Método 1 – Sonda de campo magnético. O engenheiro de instalação mede a 
homogeneidade do campo magnético com dados de uma sonda de RF, na qual 
pequenas amostras de água são precisamente posicionadas em vários pontos dentro 
do magneto e dados são coletados. 
Método 2 – Picos espectrais. Posicionar um dispositivo de teste esférico e 
uniforme no isocentro do magneto. O simulador esférico deve possuir diâmetro similar 
ao valor de diâmetro do volume sensível (dsv) especificado pelo fabricante. Produzir 
um espectro da amostra. Ter certeza de que a resolução em frequência é muito menor 
que a largura do pico esperado. Medir a largura máxima à meia altura (FWHM) do pico 
espectral. Converter a FHWM de hertz (Hz) para partes por milhão (ppm) da 
intensidade do campo magnético B0, usando a equação de Larmor modificada, para 
que o resultado apareça com a unidade ppm, como mostrado abaixo: 
 
A FWHM (ppm) define a inomogeneidade sobre o volume do simuladorutilizado. 
Método 3 – Mapa de diferença de fase. Este teste oferece uma medida precisa 
da homogeneidade do B0 usando um dispositivo de teste uniforme. Entretanto, o teste 
29 
 
 
necessita de certas habilitações do sistema (isto é, mostrar imagens de fase) que 
geralmente não estão disponíveis em todas as unidades de IRM para o operador. 
Os efeitos de não-linearidade nos gradientes e inomogeneidade podem ser 
separados através do mapeamento da intensidade do campo B0. Se o sistema de IRM 
pode realizar subtração e mostrar imagens de fase, uma medida pixel a pixel das 
inomogeneidades pode ser obtida. 
O procedimento inclui posicionar o simulador no centro da bobina de corpo. O 
simulador deve incluir, no mínimo, um diâmetro circular de 10 cm, ou 85% da área 
especificada na proposta de venda, qualquer que seja o maior. Empregar uma 
sequência de pulso com gradiente arrasador. O uso de uma sequência spin eco irá 
resultar em uma refasagem das diferenças de fase devido a inomogeneidades do 
campo magnético. Adquirir uma imagem usando um tempo de eco entre 30 e 40 ms 
(TE1) e mostrar esta imagem como um mapa de fase. Adquirir outra imagem usando 
um TE de alguns milissegundos maior (TE2). Subtrair a segunda imagem da primeira 
e obter uma imagem na qual cada intensidade de pixel represente a diferença de fase 
entre duas aquisições, uma vez que o tempo T2 da solução foi sempre o mesmo. 
A diferença (DB0) entre o campo magnético B0 em um dado voxel e o valor de 
referência no centro do campo de visão (CDV) é: 
 
Onde: DB0 é dado em mT; df é a diferença de fase expressa em radianos; g é 
a razão giromagnética para o hidrogênio (42,576 Hz/mT); TE é expresso em 
milissegundos. Este procedimento pode ser repetido para que sejam obtidos dados 
nos três principais planos (axial, sagital e coronal). 
Determinar a maior diferença em qualquer plano entre os valores de DB0 dentro 
de regiões de interesse (ROI) circulares que possuam o valor especificado de 
diâmetro (dsv). Este valor dividido pelo B0 do magneto irá fornecer a homogeneidade 
(em ppm) para o dado diâmetro do volume esférico (dsv). 
Critério de aceitação 
Valores típicos estão em torno de 2 ppm para um dsv de 30 a 40 cm em 
magnetos supercondutores. Imagens de fase podem mostrar deformações nas 
regiões onde a fase excede ± 180° em relação ao valor de referência. Algoritmos 
antideformação podem ser empregados para eliminar este fator. A cooperação do 
engenheiro de serviço do fabricante pode ser necessária para que se obtenha acesso 
a rotinas de pós-processamento no equipamento. 
30 
 
 
Uma falta de homogeneidade de campo magnético pode estar relacionada a 
pequenos objetos ferromagnéticos atraídos para o interior do magneto, como grampos 
de papel e moedas. Mudanças na localização de grandes objetos ferromagnéticos no 
ambiente em torno da sala de exames também podem causar inomogeneidades do 
campo magnético. 
 
11.5 Teste 5: Exatidão da Espessura de Corte 
 
Definição 
A espessura de corte é definida como a FWHM de um perfil de corte. O perfil 
de corte é definido como a resposta de um sistema de IRM a uma fonte puntiforme, à 
medida que essa se move através do plano de reconstrução deste ponto . 
Procedimento e análise 
Os conjuntos de rampas cruzadas produtoras de sinal do dispositivo de teste 
3DRAS (Figura 2) permitem que a espessura de corte possa ser medida mediante 
obtenção de imagens com uma típica aquisição multicortes com ponderação T1. 
Imagens em cortes axial, sagital e coronal devem ser obtidas de forma que cada uma 
delas corte as rampas cruzadas, como mostra a Figura 3. 
 
 
 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig2
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig3
31 
 
 
 
 
Na imagem resultante (Figura 4), a intensidade de sinal é medida pixel a pixel, 
atravessando a rampa com uma linha de interesse (linhas A e B) orientada 
ortogonalmente à direção de largura da rampa. Um "software" de domínio público 
pode ser usado para realizar esta etapa. 
 
 
 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig4
32 
 
 
De posse dos dois perfis de intensidades de sinal da imagem das duas rampas, 
como mostra a Figura 5, é possível medir a FWHM. A FWHM das rampas opostas, 
orientadas a um ângulo de 45° em relação ao plano de imagem, é igual à raiz 
quadrada do produto de a e b, onde a e b são as FWHM das rampas 1 e 2. 
 
 
 
Critério de aceitação 
A espessura de corte pode variar de acordo com a distância ao centro do 
magneto em aquisições multicortes. Assegurando uma precisão adequada na medida, 
o valor da espessura de corte deve coincidir com o valor selecionado dentro de um 
intervalo de ± 1 mm, para espessuras de corte selecionadas com mais de 5 mm. 
 
11.6 Teste 6: Exatidão do Posicionamento e do Espaçamento de Corte 
 
Definição 
A posição de corte é a localização absoluta do ponto médio da FWHM de um 
perfil de corte. A separação ou espaçamento entre cortes é a distância entre quaisquer 
duas posições de corte. As localizações de corte são indicadas por dispositivos de 
posicionamento externos ou pelo espaçamento entre os cortes selecionados. 
Procedimento e análise 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig5
33 
 
 
Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste 3DRAS deve ser utilizada. 
A imagem central de cada plano não deve ser utilizada para as medidas mas sim para 
verificar se o dispositivo se encontra corretamente posicionado no centro do magneto 
(isocentro). 
O ponto médio da FWHM do perfil de corte da imagem de interesse deve ser 
determinado. A distância do ponto médio do primeiro perfil até o ponto médio do 
segundo perfil (D), dividido por dois, representa a localização, ou posição do corte, 
uma vez que as rampas possuem inclinação de 45° com o plano de imagem. É 
importante notar a necessidade do corte central cruzar exatamente o ponto de 
interseção das duas rampas. A distância entre o final do perfil da rampa 1 e o início 
do perfil de corte da rampa 2 (S), na altura da FWHM, representa o espaçamento entre 
os cortes. 
 
Critério de aceitação 
O cálculo do valor obtido deve coincidir com o valor da posição em ± 2 mm. 
Para o valor da separação, a diferença deve ser menor que 20% do espaçamento 
entre os cortes ou ± 1 mm, o que for maior. 
 
11.7 Teste 7: Resolução Espacial de Alto Contraste 
 
Definição 
A resolução espacial de alto contraste é a medida da capacidade de um sistema 
de imagens em mostrar a separação entre objetos quando não existe uma 
contribuição significativa do ruído 
Uma falha neste teste significa que, para um dado campo de visão (CDV) e 
uma dada matriz de aquisição, o equipamento não está diferenciando pequenos 
detalhes como deveria. Como consequência, pequenas lesões ou a definição das 
bordas de pequenas estruturas não aparecerão nas imagens produzidas por este 
aparelho. 
 
Procedimento e análise 
Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste 3DRAS deve ser utilizada. 
A imagem será analisada visualmente para determinar o menor conjunto de furos mais 
resolvido, podendo utilizar a ferramenta de magnificação, conforme mostra a Figura 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig6
34 
 
 
6. Para considerar que um conjunto está resolvido, ou seja, diferenciado dos demais, 
todos os furos e espaços devem estar aparecendo separados. O nível e a largura da 
janela devem ser ajustados para proporcionar uma ótima visualização. O 3DRAS 
possui dois conjuntos para cada plano, orientados ortogonalmente entre si. 
 
 
 
Critério de aceitação 
A resolução espacial de alto contraste deve permanecer constante para 
repetidas medidas feitas sob as mesmas condições de aquisição e deve ser igual ao 
tamanho do pixel.Por exemplo, para um campo de visão de 25 cm com uma matriz 
de 256 × 256, a resolução deve ser de 1 mm. 
 
11.8 Teste 8: Uniformidade da Imagem 
 
Definição 
A uniformidade da imagem reflete a habilidade de um equipamento de IRM em 
representar regiões similares com a mesma intensidade em um volume homogêneo. 
Uma não-uniformidade pode ser resultado de inomogeneidades do campo magnético 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig6
35 
 
 
ou RF, correntes de "eddy", penetração e geometria da bobina de RF, calibração 
inadequada dos gradientes de pulso e processamento da imagem. 
Procedimento e análise 
Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. A 
imagem de cada plano deve ser da região preenchida somente pelo líquido produtor 
de sinal (CuSO4). Uma ROI deve estar centrada no volume produtor de sinal, de forma 
que encubra 75% da imagem, excluindo, porém, regiões próximas às bordas que 
possam conter artefatos. 
Determinar o mínimo (Smín) e o máximo (Smáx) valor de intensidade de pixel 
dentro da ROI. Calcular o porcentual de uniformidade integral (U) através da seguinte 
fórmula para cada plano de imagem: 
 
Critério de aceitação 
Para um campo de visão de 20 cm ou menos, a uniformidade integral deve ser 
de 80% ou mais. É conveniente lembrar que, para grandes campos de visão, a 
uniformidade pode sofrer deterioração devido aos efeitos de atenuação da RF. Esta 
metodologia para teste de uniformidade não deve ser utilizada para bobinas de 
superfície. 
 
11.9 Teste 9: Linearidade Espacial ou Distorção Geométrica 
 
Definição 
Linearidade espacial é o termo utilizado para descrever o grau de distorção 
geométrica presente nas imagens produzidas por um sistema de IRM. A distorção 
geométrica pode se referir tanto ao deslocamento de pontos dentro de uma imagem 
em relação à sua localização real como à calibração da escala de distância entre 
quaisquer pontos dentro da imagem. 
Procedimento e análise 
Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. A 
imagem de cada plano escolhida deve ser ortogonal à grade de acrílico. As variações 
geométricas são melhor observadas quando é utilizado o maior campo de visão 
36 
 
 
possível, devendo o dispositivo de teste UAL ocupar pelo menos 60% deste campo 
de visão. 
Uma consideração a ser feita é a de utilizar uma aquisição com o maior 
tamanho de matriz (por exemplo, 512 × 512) para maximizar a resolução espacial. As 
medidas devem ser feitas entre quaisquer dois pontos da grade. É recomendável que 
as distâncias sejam sempre maiores que dez pixels. Para cada medida em cada plano 
de imagem deve ser calculado o porcentual de distorção geométrica (DG) através da 
fórmula: 
 
Onde: dV é a distância verdadeira ou real; dM é a distância medida. 
Critério de aceitação 
O porcentual de distorção da linearidade é aceitável se for inferior a 5%. 
 
11.10 Teste 10: Análise de Artefatos na Imagem 
 
Definição 
Erros relacionados à fase são definidos em termos de intensidade de sinal na 
imagem (tanto aumentada como diminuída) em localizações específicas. Geralmente, 
estes artefatos são caracterizados por áreas de intensidade de sinal aumentado onde 
não deveria haver tal sinal. Assim sendo, foram apelidados de "fantasmas". 
Uma série de erros pode ser detectada através das imagens obtidas: 
a) Erros de codificação de fase: fantasmas por codificação de fase irão 
aparecer como múltiplas imagens (possivelmente espalhadas em uma coluna) 
originárias de um objeto produtor de sinal real na direção do gradiente de codificação 
de fase da imagem. A presença destas imagens fantasmas características irá 
geralmente identificar os dois eixos. 
b) Erros de DC-"offset": aparecem geralmente como pixels brilhantes (ou 
algumas vezes escuros) no centro da matriz da imagem. 
c) Erros do receptor de quadratura: aparecem do lado oposto e abaixo em 
relação ao objeto produtor de sinal. Se o objeto estiver no lado esquerdo e acima, a 
imagem fantasma irá aparecer abaixo e à esquerda. 
d) Erros do transmissor de quadratura: a imagem fantasma aparece num corte 
localizado na direção oposta ao deslocamento do dispositivo de teste do centro do 
37 
 
 
magneto e a uma distância igual a este deslocamento. A imagem fantasma e o objeto 
produtor de sinal estarão localizados na mesma posição relativa nas imagens. Por 
exemplo, se o objeto real está localizado no canto superior esquerdo a uma distância 
de +5,0 cm do isocentro, a imagem fantasma estará no canto superior esquerdo de 
uma imagem a –5,0 cm. 
Procedimento e análise 
Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. 
Estas devem mostrar a imagem do pequeno cilindro produtor de sinal preso à parede 
do dispositivo de teste. 
Para avaliar o erro de codificação de fase, DC-"offset" e transmissor de 
quadratura, o dispositivo de teste UAL deve ser posicionado no isocentro do 
equipamento. Para a verificação do erro do receptor de quadratura, o cilindro produtor 
de sinal preso à parede do dispositivo de teste UAL é que deve estar no isocentro do 
equipamento. 
A avaliação das imagens geradas em cada plano é feita da seguinte forma: 
a) Erros de codificação de fase: deve ser posicionada uma ROI sobre a imagem 
verdadeira do cilindro produtor de sinal e uma ROI sobre a imagem fantasma mais 
brilhante. O valor de cada ROI deve ser registrado para que a magnitude do erro (E) 
seja expressa pelo valor da ROI da imagem fantasma (G) como um porcentual do 
valor da ROI da imagem real (T), da seguinte forma: 
 
b) erros de DC-"offset": a presença das imagens fantasmas deve ser registrada 
após uma inspeção visual; 
c) erros do receptor de quadratura: os valores da ROI, tanto da imagem 
verdadeira como da imagem fantasma, devem ser registrados. O erro do receptor de 
quadratura (E) é quantificado usando-se a equação 5.; 
d) erro do transmissor de quadratura: os valores da ROI, tanto da imagem 
verdadeira como da imagem fantasma, devem ser registrados. O erro do transmissor 
de quadratura (E) é quantificado usando-se a equação 5. 
Critério de aceitação 
O valor de E deve ser inferior a 5%, sendo que o erro de DC-"offset" não deve 
ser encontrado em sistemas de IRM que estejam funcionando adequadamente. 
38 
 
 
11.11 Teste 11: Estabilidade do Campo Magnético ou Frequência Central 
 
Definição 
A freqüência de ressonância é definida como a freqüência (w) que coincide com 
o valor do campo magnético principal (B0) de acordo com a equação de Larmor. Antes 
da aplicação de qualquer protocolo de imagem, é essencial saber se o equipamento 
de IRM está "em ressonância". Muitos fabricantes dos equipamentos fornecem 
protocolos específicos para ajustes da freqüência de ressonância. Atualmente, a 
maioria dos equipamentos realiza o ajuste da freqüência central de forma 
completamente automática antes da aquisição das imagens. 
Procedimento e análise 
É utilizado dispositivo de teste de RSR de crânio (GE Medical Systems). O 
dispositivo é posicionado no centro do magneto dentro da bobina de crânio. Durante 
os ajustes automáticos de pré-aquisição, o equipamento fornece o valor da frequência 
central f0 e os valores de ganho de transmissão e ajuste dos receptores de RF. Todos 
estes valores devem ser anotados. 
Critério de aceitação 
Valores típicos de frequência de ressonância não devem sofrer desvio superior 
a 1,5 ppm num período de 24 horas. Se o valor exceder a 1,5 ppm, deve-se repetir o 
teste. Se o resultado voltar a exceder 1,5 ppm, o fabricante ou o responsável pela 
manutenção devem ser notificados. 
 
11.12 Teste 12: Ganho de Transmissão ou Atenuação 
 
Definição 
Mudanças no ganho de transmissão (GT) estão diretamente relacionadas a 
mudanças na RSR. Uma medida do ganho de transmissão é útil como primeira 
avaliação do sistema e não necessita de tempo extra, uma vez que ovalor é medido 
automaticamente durante a pré-aquisição. 
Procedimento e análise 
Durante a aquisição que avalia o valor da freqüência central, usando o 
dispositivo de teste para RSR do crânio, o valor do GT e os valores dos receptores 
(R1 e R2) são anotados. 
Critério de aceitação 
39 
 
 
Alterações superiores a 30% do valor esperado do GT devem ser comunicadas 
ao fabricante. É importante relacionar o GT com aumento de ruído nas imagens e 
diminuição da RSR. 
 
11.13 Teste 13: Checagem das Bobinas de RF 
 
Definição 
A fabricação e o desenho das bobinas de RF sempre representam uma 
negociação entre maximizar a uniformidade da imagem e aumentar a RSR. As 
bobinas que são desenvolvidas para coletar sinal de partes do corpo colocadas dentro 
do seu volume (bobinas de crânio e corpo, por exemplo) irão produzir uma excitação 
e uma recepção do sinal de RM bastante uniforme. Estas bobinas são chamadas de 
bobinas de volume. 
Outros exames são realizados usando as chamadas bobinas de superfície, que 
aumentam a RSR através da combinação das seguintes estratégias: 
a) Posicionar a bobina o mais próximo possível do volume de interesse; 
b) excluir o sinal e o ruído de regiões que não estão sob investigação; 
c) maximizar o sinal do volume de interesse na região sensível da bobina. 
Tipicamente, estas bobinas de superfície geram imagem com baixa 
uniformidade. Contudo, se o radiologista está consciente destas características, a 
percepção da imagem pode ser condicionada no momento da interpretação. 
Recentemente, uma nova classe de bobinas de RF, chamadas de conjunto de fase, 
tem sido empregada para melhorar a uniformidade da imagem. 
Para as bobinas de volume, três parâmetros serão avaliados: uniformidade da 
imagem (U), RSR e o porcentual de artefato fantasma (PAF). Juntos, estes três 
parâmetros podem ser usados para caracterizar o desempenho de uma bobina e 
rastrear alterações ao longo dos anos. 
Para as bobinas de superfície, somente o valor máximo da RSR será medido. 
Os outros parâmetros serão verificados visualmente, para observar se não existem 
artefatos de imagens fantasmas ou grande redução de uniformidade dentro do volume 
de interesse. 
Procedimento e análise 
40 
 
 
A aquisição das imagens necessárias para avaliar os parâmetros descritos 
acima, para cada tipo de bobina, segue o mesmo procedimento: 
a) Posicionar a bobina no magneto e dentro de seu volume sensível, colocar o 
dispositivo de teste apropriado. O dispositivo deve abranger pelo menos 80% do 
campo de visão e o material de preenchimento deve estar de acordo com as 
especificações; 
b) utilizar sequência de pulso e parâmetros técnicos típicos para o tipo de 
exame utilizado com a dada bobina; 
c) duas aquisições consecutivas (duas imagens) da região central dos 
dispositivos de teste em cada bobina devem ser obtidas. Observar o plano de corte 
(axial, sagital ou coronal). 
a) Teste de uniformidade das bobinas de volume 
Definição – Como já definido, a uniformidade da imagem reflete a capacidade 
de um equipamento de IRM em representar regiões similares com a mesma 
intensidade em um volume homogêneo. 
Procedimento e análise – Após escolher uma das duas imagens obtidas, uma 
ROI deve ser centrada no volume produtor de sinal de modo que encubra 75% da 
imagem, porém exclua regiões próximas às bordas. Determinar o mínimo (Smín) e o 
máximo (Smáx) valor de pixel dentro da ROI. Calcular o porcentual de uniformidade 
integral (U) pela equação 3. 
Critério de aceitação – Para um campo de visão de 20 cm ou menos, a 
uniformidade integral deve ser de 80% ou mais. É conveniente lembrar que, para 
grandes campos de visão, a uniformidade pode sofrer deterioração devida a efeitos 
de atenuação da RF. 
b) Razão sinal-ruído 
Definição – A imagem da RSR é um parâmetro relacionado à utilidade clínica 
de IRM e, também, é uma medida sensível do desempenho do equipamento. 
O sinal é definido como o valor médio do pixel dentro de uma ROI. O ruído é 
definido como variações randômicas na intensidade de sinal desta mesma ROI. 
Imagens que contenham artefatos óbvios não devem ser utilizadas para realizar o 
teste de sinal-ruído. 
Procedimento e análise – Uma ROI deve ser posicionada na imagem 1 e na 
imagem 2. Cada uma das regiões deve incluir 75% da imagem. A média entre os dois 
41 
 
 
valores de intensidade de sinal dentro das regiões deve ser calculada. Este valor é 
denominado de sinal (S). 
Através de um programa instalado nos dois equipamentos de IRM, uma terceira 
imagem deve ser gerada da subtração da imagem 1 pela imagem 2. Uma nova ROI 
que também inclua 75% da imagem 3 deve ser posicionada. O desvio-padrão (DP) 
medido e fornecido pelo equipamento é chamado de ruído (R). 
A RSR pode ser calculada através da seguinte equação: 
 
O fator é necessário, pois o ruído é derivado de uma imagem subtraída e 
não de uma imagem original. 
Critério de aceitação – As medidas da RSR obtidas com o dispositivo de teste 
fornecido pelo fabricante podem ser comparadas com valores padrões do próprio 
fabricante, se estes estiverem disponíveis. 
c) Porcentual de artefato fantasma 
Definição – Assim como para a análise de artefatos nas imagens produzidas 
pelo dispositivo de teste UAL, para cada bobina verificada devem ser procurados 
artefatos tipo fantasma. As imagens de magnitude reconstruídas são usadas como 
imagens clínicas de RM por serem relativamente imunes a erros de fase no sinal de 
RM. Quando estes erros se tornam maiores, eles podem resultar em imagens 
fantasmas mesmo nas imagens de magnitude. Artefatos tipo fantasma também 
podem ser gerados por movimento ou vibração do dispositivo de teste durante a 
aquisição. É preciso ter total atenção com a estabilidade do dispositivo de teste dentro 
da bobina. 
Inconsistências periódicas da amplitude podem resultar em tipos de artefatos 
facilmente identificáveis. O artefato fantasma tipo "metade do CDV" ou "fantasma N/2" 
é bastante comum em imagens eco planares (EPI), e é também muito difícil de ser 
eliminado por completo. 
Procedimento e análise – O PAF é obtido através dos seguintes passos: 
1) Criar uma ROI que cubra 75% da área da imagem do dispositivo de teste e 
registrar o valor médio das intensidades de pixel como sinal médio (SM); 
2) colocar uma ROI numa posição fora dos limites da imagem do dispositivo de 
teste na direção de codificação de frequência para não incluir possíveis artefatos tipo 
fantasma. Uma boa localização é no canto superior direito da imagem; 
42 
 
 
3) determinar o sinal de fundo (SFU) como o valor médio das intensidades de 
pixel contidas na ROI; 
4) mover a ROI para uma posição também fora da imagem do dispositivo de 
teste, porém na direção de fase. Este será chamado de sinal fantasma (SFA). A Figura 
7 fornece um exemplo de posicionamento das ROI; 
 
 
 
5) o PAF é calculado usando-se a seguinte equação: 
 
Critério de aceitação – O valor do PAF deve ser inferior a 5%, sendo que o erro 
de DC-"offset" não deve ser registrado em sistemas de IRM que estejam funcionando 
adequadamente. 
 
11.14 Teste 14: Interferência de RF Entre os Cortes 
 
Definição 
Em aquisições multicortes, a excitação dos prótons de hidrogênio e a aquisição 
dos dados a partir de múltiplos cortes são efetuadas dentro de um tempo de repetição 
(TR). Se existir pequeno espaço entre os cortes, há risco muito grande de ocorrer 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig7
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig7
43 
 
 
interferência entre eles ("crosstalk"), uma vez que os perfis de excitação de um corte 
não são perfeitos. O que podemos esperar é uma redução na RSR, pois os prótons 
de um corte podem ser parcialmente excitados por um pulso de RF criado para excitar 
os prótons de outro corte. 
Os diferentes fabricantes de equipamentos de IRM têm desenvolvido

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