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1 PROTOCOLOS E TÉCNICAS ESPECIAIS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2 2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ............................................................................. 2 2.1 Técnica ........................................................................................................... 4 3. ANATOMIA CARDÍACA (SEQUÊNCIAS BLACKBLOOD) .................................... 7 4. CINERRESSONÂNCIA MAGNÉTICA (SEQUÊNCIAS DINÂMICAS BRIGHTBLOOD) ......................................................................................................... 8 5. PERFUSÃO MIOCÁRDICA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ........................ 9 6. CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR ............ 10 7. AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL ................................................... 11 8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA CARDIOPATIA ISQUÊMICA ....................... 13 8.1 Detecção de Isquemia Miocárdica ............................................................... 13 8.2 Avaliação da Contratilidade Segmentar/Reserva Contrátil ........................... 13 8.3 Angiorressonância das Artérias Coronária .................................................. 17 9. PERSPECTIVAS EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ......................................... 18 9.1 Curto Prazo .................................................................................................. 18 9.2 Médio Prazo ................................................................................................. 18 9.3 Longo Prazo ................................................................................................. 19 10. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 23 11. RESULTADOS ................................................................................................... 25 11.1 Teste 1: Observação Física.......................................................................... 25 11.2 Teste 2: Verificação da Blindagem de Radiofrequência (RF) ................... 26 11.3 Teste 3: Consumo do Criogênio (Taxa de Evaporação) ........................... 27 11.4 Teste 4: Homogeneidade do Campo Magnético Principal (B0) ................. 28 11.5 Teste 5: Exatidão da Espessura de Corte ................................................. 30 11.6 Teste 6: Exatidão do Posicionamento e do Espaçamento de Corte ......... 32 11.7 Teste 7: Resolução Espacial de Alto Contraste ........................................ 33 11.8 Teste 8: Uniformidade da Imagem ............................................................ 34 11.9 Teste 9: Linearidade Espacial ou Distorção Geométrica .......................... 35 11.10 Teste 10: Análise de Artefatos na Imagem ............................................... 36 11.11 Teste 11: Estabilidade do Campo Magnético ou Frequência Central ....... 38 11.12 Teste 12: Ganho de Transmissão ou Atenuação ...................................... 38 11.13 Teste 13: Checagem das Bobinas de RF ................................................. 39 11.14 Teste 14: Interferência de RF Entre os Cortes .......................................... 42 11.15 Teste 15: Verificação da Espectroscopia .................................................. 44 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 2 1. INTRODUÇÃO A RM é um excelente método diagnóstico, por não utilizar radiação ionizante e nem meio de contraste com maior potencial de nefro toxicidade. Ela permite a avaliação da anatomia cardíaca e vascular, da função ventricular e da perfusão miocárdica, além de caracterização tecidual de forma acurada, reprodutível e em um único exame (one-stop shop). Sua versatilidade e acurácia diagnóstica a tornam um método altamente atraente para a avaliação de uma enorme gama de cardiopatias adquiridas ou congênitas, além das doenças da aorta, vasos pulmonares e outros leitos vasculares. A técnica do realce tardio, que possibilita a detecção do infarto e fibrose, é, hoje, uma ferramenta indispensável na avaliação da viabilidade miocárdica (sendo considerada o padrão-ouro nessa avaliação), assim como para a avaliação diagnóstica e prognóstica das cardiomiopatias não isquêmicas. 2. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA O fenômeno de ressonância nuclear magnética foi descrito por Bloch e Purcell em 1946. Tal princípio pode ser aplicado em várias áreas da ciência, inclusive na biologia e na análise de composição de seres vivos, pela espectroscopia por RM. A imagem por RM teve seu desenvolvimento possível por meio da contribuição dos Drs. Lauterbur e Mansfield, vencedores prêmio Nobel de medicina em 2003 por seus trabalhos pioneiros e independentes na área. Outro pesquisador que merece menção é o Dr. Damadian, que também contribuiu de forma significativa para esse processo. A utilização da RM para avaliação do coração e vasos teve início mais tardio, em função do desafio que o movimento dessas estruturas impunha à aquisição das imagens, e contou com a contribuição de vários talentosos profissionais. A criação de um grupo dedicado ao estudo e desenvolvimento da ressonância para avaliação do aparelho cardiovascular em 1994 levou à criação da Society for Cardiovascular MagneticResonance (SCMR). Convencionou-se, naquele momento, usar o termo "ressonância magnética cardiovascular", ou RMC, para as técnicas de ressonância usadas nas aplicações 3 cardíacas e vasculares. Procura-se, dessa forma, evitar o uso do termo "ressonância nuclear magnética", ou RNM, quando nos referimos à imagem por RM do aparelho cardiovascular, com o intuito de evitar a inferência de que essa técnica use radiação ionizante e também a confusão com a técnica de medicina nuclear. É importante ressaltar que a RMC não envolve qualquer radiação ionizante, o que confere segurança ao paciente em relação aos fenômenos físicos envolvidos na aquisição de imagem. Dentre outros avanços históricos do desenvolvimento da RMC podemos citar: medida de fluxo por contraste de fase, aquisição do tipo SteadyStateFreePrecession (SSFP), cine com tagging perfusão de primeira passagem, RMC de estresse com dipiridamole RMC de estresse com dobutamina. Um dos mais importantes marcos em RMC é a detecção de infarto miocárdico e avaliação da viabilidade miocárdica. Os primeiros relatos de uso de contraste à base de Gadolínio (Gd) para a detecção de infarto ocorreram em 1983, e a avaliação de viabilidade foi vislumbrada já em 1988; porém o entendimento dos mecanismos de realce da área infartada após injeção de contraste endovenoso foi descrito pelo Dr. João Lima em 1995. O uso da técnica de realce tardio na avaliação do infarto pelos Drs. Raymond J. Kim, Robert M. Judd e Enn-ling Chen ocorreu em 1999 e sua aplicação na viabilidade miocárdica em humanos aconteceu em 2000 (a descrição detalhada da sequência de pulso foi publicada posteriormente por Simonetti e cols.). A partir desse ponto, a detecção de infarto e viabilidade miocárdica pela RM se tornou útil clinicamente, sendo hoje considerada uma de suas aplicações de maior utilidade. Digno de nota também foi a demonstração, já em 1998, da capacidade da RMC de detectar e quantificar a área de obstrução microvascular (no- reflow) associada ao infarto miocárdico agudo. Desde então, o avanço tecnológico na área continuou ocorrendo, permitindo, hoje, a aquisição de imagens do coração com alta qualidade e de forma rápida. Assim, as imagens por ressonância são capazes de contribuir para as avaliações diagnósticas e prognósticas de várias doenças cardiovasculares, além de serem um poderoso instrumento de pesquisa clínica e experimental. Alguns aspectos básicos e técnicos da RMCsão brevemente apresentados a seguir. No entanto, uma revisão detalhada foge ao escopo deste documento e pode ser encontrada nas referências citadas no texto. 4 2.1 Técnica Os núcleos dos átomos são partículas que apresentam carga e estão em constante movimento giratório (spin), de modo que elas acabam por se comportar como diminutos magnetos, com polo norte e polo sul (dipolos), gerando pequenos campos magnéticos orientados ao acaso. Quando esses núcleos são submetidos a um campo magnético externo de maior intensidade, seus vetores de magnetização se alinham ao mesmo (mesma direção). Nessa situação, os núcleos continuam em movimento giratório alinhado com o campo magnético externo, o que é chamado de precessão. A frequência desse movimento rotatório (frequência de Larmour) é específica de cada núcleo e varia de acordo com a intensidade do campo magnético. A frequência de rotação do núcleo do hidrogênio, o mais usado na prática clínica, é de 63, 86 MHz em um campo magnético de 1,5 Tesla (equivalente a 63,86 milhões de rotações por segundo). A aplicação de pulsos de energia ou pulsos de Radiofrequência (RF), na exata frequência de Larmour de um dado núcleo, faz com que o mesmo absorva a energia e desvie seu vetor de magnetização da posição inicial. A energia absorvida é liberada pelo núcleo na forma de RF, assim que o pulso de RF é desligado, quando seu vetor volta à sua angulação de repouso, alinhada com o campo magnético externo de maior intensidade. O retorno do vetor de magnetização apresenta dois componentes. Um deles é paralelo ao campo magnético gerado pelo magneto e retorna ao equilíbrio pela interação com moléculas ao redor, processo conhecido como relaxação T1. O outro componente tem orientação transversa ao campo magnético principal, e o seu retorno é mais rápido, resultando da interação dos prótons; é denominado relaxação T2. As imagens de RM podem ser ponderadas de forma a demonstrar a distribuição predominante de T1, T2 ou apenas a densidade de prótons dos diferentes tecidos. Essa energia liberada na forma de onda de RF pode ser captada por antenas ou bobinas e decodificada por meio de um processo matemático chamado transformada rápida de Fourier, gerando a imagem que obtemos nos estudos clínicos. Em virtude de suas características físicas eletromagnéticas e abundância, o núcleo do hidrogênio é o mais explorado para a geração da imagem de RM. 5 De modo simplificado, os pulsos de RF podem ser organizados e repetidos de diversas formas, sendo chamados de sequências de pulso. Cada uma das delas permite a obtenção de imagens com diferentes tipos de contraste entre as estruturas, o que permite a caracterização dos tecidos biológicos independentemente de janelas acústicas ou mesmo do biotipo do paciente. A localização tridimensional da origem do sinal da RM é obtida com o uso de três outros pequenos campos magnéticos. Esses são chamados gradientes e estão arranjados em posições ortogonais em relação aos eixos do corpo. A combinação desses gradientes permite a localização das coordenadas de qualquer ponto e também a obtenção de cortes oblíquos em qualquer angulação. Um equipamento de RMC é, portanto, composto do magneto (que produz o campo magnético que deve ser estável e homogêneo, medido em Tesla); bobinas dos gradientes, com seus amplificadores; antena acoplada ao amplificador de RF, para estimular o paciente com os pulsos de RF; e o receptor, para captar o sinal emanado pelo paciente. É necessário um computador para controlar o equipamento e gerar as imagens, que podem ser exibidas de forma estática, dinâmica ou em reconstruções multiplanares. A aquisição das imagens é realizada em múltiplas apneias expiratórias, geralmente bem toleradas pelos pacientes. Também se encontram disponíveis sequências rápidas de aquisição de imagem, em geral com menor resolução espacial, porém adequadas para o diagnóstico. Claustrofobia pode ser um problema para uma pequena parcela dos pacientes, mas, usualmente, pode ser contornada com orientações pré-procedimento ou medidas simples, como a utilização de ansiolíticos. Caso a claustrofobia seja realmente limitante, o estudo pode ser realizado sob anestesia. É importante que o paciente ou o responsável legal preencha um questionário de segurança antes de entrar na sala de exames, incluindo-se aí a averiguação de materiais que possam ter sido implantados. Outro tópico que merece atenção é o uso da RM em pacientes com marca- passo ou Cardiodesfibriladores Implantáveis (CDIs). Sempre houve o temor de que a realização desse exame pudesse danificar o dispositivo, inibir sua função, deflagrar ritmos acelerados ou liberar choques inapropriados nos CDIs. No entanto, alguns centros passaram a oferecer esse exame para esta população, principalmente após o desenvolvimento de marca-passos de 6 nova geração. Há sempre a avaliação conjunta da equipe de eletrofisiologia, apesar de algumas associações e centros reguladores não respaldarem essa conduta. O American CollegeofRadiology (ACR) reconhece que a utilização da RM em pacientes com marca-passo e CDI não deve ser realizada rotineiramente, sendo reservada apenas para situações em que é estritamente necessária e quando não houverem outras alternativas diagnósticas. Além disso, deve estar presente uma equipe de eletrofisiologistas e recomenda-se, ainda, que apenas pacientes que não sejam totalmente dependentes do marca-passo sejam considerados para realização do exame. Tabela 1: Contraindicações e dúvidas comuns em Cardiologia para exames de ressonância magnética cardiovascular (RMC) Não podem realizar exames Podem realizar exames Portadores de marca-passos não compatíveis com RM Pacientes com stents coronários (mesmo logo após o implante) Portadores de cardiodesfibriladores implantáveis não compatíveis com RM Portadores de próteses valvares (biológicas ou metálicas) Pacientes com clipes cerebrais Pacientes com sutura metálica no esterno Pacientes com implantes cocleares Pacientes com próteses de aorta Pacientes com fragmentos metálicos nos olhos Próteses ortopédicas (por exemplo: prótese de quadril) 7 3. ANATOMIA CARDÍACA (SEQUÊNCIAS BLACKBLOOD) Para a avaliação da anatomia cardíaca e de grandes vasos, a sequência de pulso mais utilizada é a de spin-echo rápido, com duplo pulso de inversão- recuperação, conhecida como FSE-Double IR (Fast Spin-echo-Duplo Pulso de Inversão-Recuperação) ou somente double-IR. Ela se baseia na aquisição de FSE associada a duplo pulso preparatório de inversão, sendo o primeiro direcionado a todo o tecido (não seletivo) e o segundo direcionado somente ao corte selecionado (seletivo). Tem como característica alta resolução espacial e, nas imagens, o sangue aparece escuro (sem sinal), por isso também é conhecida por blackblood. Esse fenômeno ocorre porque os tecidos que se movimentam rapidamente, como o sangue, ao se moverem para fora do plano de corte não geram sinal, ao passo que os tecidos estacionários ou que se movem lentamente, como o miocárdio, geram alto sinal. Dessa forma, temos definição precisa das bordas endocárdicas (entre sangue e miocárdio). Trata-se de uma sequência de aquisição segmentada, que é realizada em apneia expiratória final e adquirida sincronizada ao eletrocardiograma (ECG). Uma variação possível, conhecida como triple-IR, é o acréscimo de um terceiro pulso de saturação, para eliminar todo o sinal de tecido adiposo (saturação de gordura) da imagem, o que pode auxiliar no diagnóstico de algumas situações clínicas como, por exemplo, caracterização de tumores cardíacos. 8 4. CINERRESSONÂNCIA MAGNÉTICA (SEQUÊNCIAS DINÂMICAS BRIGHTBLOOD) Para avaliação da função ventricular, a sequência mais utilizada é ade Gradiente-ECO (GRE) rápido, com aquisição em estado de equilíbrio (SSFP), usualmente com aquisição das informações acoplada ao traçado eletrocardiográfico, de forma fracionada (segmentação do espaço K), eliminando os artefatos de movimento. Tal sequência recebe diferentes nomes, de acordo com o fabricante do equipamento (FIESTA®, True-FISP®, Balanced-FFE®, entre outros). Essa técnica permite obter múltiplos quadros ao longo do ciclo cardíaco em um plano de corte. Tais quadros, de todas as fases, expostos em continuidade, permitem a visualização do coração durante todo seu ciclo, de forma dinâmica e em movimento. As características mais marcantes dessa técnica são sua ótima resolução temporal, o nítido delineamento das bordas endocárdicas e epicárdicas e o fato de que, em suas imagens, o sangue é branco (brightblood). As imagens podem ser adquiridas em qualquer plano geométrico. Um subtipo dessa técnica é aquela com marcação do miocárdio, também conhecida como tagging miocárdico, que consiste em uma sequência de fastgradient- echo com linhas de saturação formando uma grade sobre a imagem, a qual se deforma com o movimento, permitindo a quantificação objetiva da contração do miocárdio durante o ciclo cardíaco (strain miocárdico). De forma semelhante, imagens GRE, antigamente utilizadas para avaliação da função, oferecem a vantagem de serem mais sensíveis a fluxos turbulentos, o que pode ser útil na avaliação de estenoses e insuficiências valvares, porém acarretar pior diferenciação entre o miocárdio e o sangue no interior das cavidades cardíacas, quando comparadas com as sequências SSFP. Para os pacientes com arritmias ou com dificuldade em manter apneia, novas sequências, conhecidas como tempo real (real time) são uma alternativa e podem ser utilizadas com qualidade diagnóstica. 9 5. PERFUSÃO MIOCÁRDICA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A visualização da perfusão miocárdica pela RMC é realizada pela primeira passagem do contraste (Gd) pelas cavidades ventriculares e, em seguida, pelo miocárdio. Uma das técnicas mais utilizadas consiste em uma sequência híbrida de GRE rápido com leitura eco planar ultrarrápida, precedida por um pulso de saturação do sinal tecidual. Com isso, podem ser obtidas imagens em múltiplos cortes, a cada um ou dois batimentos cardíacos, e repetidas múltiplas vezes ao longo do tempo, durante aproximadamente 60 segundos, acompanhando-se, assim, a passagem do contraste. A perfusão miocárdica pode ser realizada em repouso e sob estresse farmacológico, com dipiridamol, adenosina ou regadenoson - este é considerado um método robusto para detecção de isquemia miocárdica. A técnica de perfusão também é bastante utilizada na avaliação de tumores cardíacos. Nos equipamentos mais recentes, houve evolução na velocidade de aquisição de dados, permitindo imagens de perfusão com resolução espacial e temporal elevadas e métodos de correção de movimento que também auxiliam na qualidade dos dados obtidos. 10 6. CONTRASTE EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA CARDIOVASCULAR Gd é um elemento químico raro, cujo número atômico é 64. Devido às suas propriedades paramagnéticas, pode ser utilizado como meio de contraste endovenoso nos estudos de RM. No entanto, no estado livre, o Gd é tóxico, devendo, então, passar por um processo de quelação com moléculas maiores, formando um complexo mais estável, devendo ser eliminado antes do íon livre ser lançado aos tecidos do corpo. Sua excreção preferencial é renal, cerca de 90% em 24 horas para a quase totalidade das formulações. Em indivíduos com insuficiência renal avançada (com depuração de creatinina < 30mL/minuto ou dialíticos), a farmacocinética é alterada, tornando mais lenta sua excreção, porém sem causar nefrotoxicidade. Os meios de contraste à base de Gd encurtam o tempo de relaxamento T1 nos tecidos em que eles se encontram, aumentando o sinal nessas regiões nas imagens ponderadas em T1. Como eles tendem a se acumular em tecidos anormais (com necrose, fibrose ou inflamação), ajudam na detecção de lesões. Também é possível a realização de estudos de perfusão tecidual - por exemplo, do miocárdio. O contraste a base de Gd também é utilizado para os estudos vasculares (angio-RM). Em relação às reações adversas, sua frequência é consideravelmente menor que a observada com os contrastes iodados. Os estudos demonstram reações adversas com frequência de cerca de 0,07 a 2,4%, sendo de característica alérgica em torno de 0,004 a 0,7% e, em geral, leves. Dados atuais advindos do Registro Europeu de Ressonância Magnética Cardiovascular baseados em 17.767 pacientes, avaliando exames com doses de Gd de até 0,3 mmol/kg revelaram frequência de reações moderadas (náuseas, rash e ansiedade) entre 0,06 e 0,47%. Foram identificados grupos de maior risco para o desenvolvimento de reações adversas, como pacientes com reações prévias ao Gd (risco até oito vezes maior) e em pacientes com asma, alergias múltiplas a medicações e alimentos e/ou com histórico prévio de reações ao contraste iodado (3,7% de risco). A relação com o tipo de meio de contraste baseado em Gd e a ocorrência de FSN é variável, sendo que a gadodiamida (70%), o gadopentato dimeglumina (15%) e a gadoversetamida detêm a maior parte dos registros. Apesar de a fisiopatologia da doença não ser ainda bem esclarecida, a principal hipótese é a separação do Gd de sua molécula quelante devido à disfunção renal, liberando Gd livre tóxico, que, por sua vez, liga-se a ânions, como o fosfato, e se precipita nos tecidos, deflagrando uma 11 reação fibrosante. Além da insuficiência renal, alguns outros fatores apresentam associação com a doença, como acidose metabólica ou outras condições que levam a acidose, níveis elevados de ferro, cálcio e fosfatos séricos, terapia com eritropoietina em altas doses, imunossupressão, vasculopatias, infecção e eventos pró- inflamatórios agudos. 7. AVALIAÇÃO MORFOLÓGICA E FUNCIONAL A RM permite a avaliação morfológica e funcional do coração sem a necessidade do uso de radiação ionizante e nem contraste endovenoso. Para avaliação anatômica, usualmente são utilizadas as sequências FSE (sigla do inglês Fast Spin-Echo), nas quais o interior das câmaras cardíacas apresenta-se sem sinal de ressonância (também conhecidas como "sangue-preto" ou "black-blood"). É possível caracterizar a composição dos tecidos adquirindo-se imagens ponderadas de diferentes formas, com o intuito de explorar propriedades diferentes de relaxamento dos prótons de hidrogênio que compõem os mesmos. Em geral, com as imagens ponderadas em T1, avaliamos a anatomia dos diversos órgãos, a presença de gordura no interior das lesões (podendo inclusive lançar mão de técnicas de saturação da gordura) e padrões de perfusão/vascularização após a injeção endovenosa do meio de contraste paramagnético endovenoso. Com imagens ponderadas em T2, usualmente procuramos aumento na quantidade de água nos tecidos, o que ocorre em grande parte das lesões. Os planos clássicos do coração são o eixo curto e os eixos longo do coração (quatro câmaras, duas câmaras e Via de Saída do Ventrículo Esquerdo - VSVE, que avaliam os Ventrículos Esquerdo - VE e Direito - VD, câmaras atriais, valvas atrioventriculares e aórtica). Outros planos de cortes específicos ainda podem ser utilizados: duas câmaras do VD, via de entrada e saída do VD etc. Em geral, os cortes de eixo curto do VE são obtidos com 8mm de espessura e 2mm de espaçamento, o que gera uma distância entre o centro de cada corte de 10mm e permite uma varredura completa do coração com oito a dez cortes, em média, desde seu ápice até a base. 12 Por outro lado, para medidas de dimensões e volumes, geralmente são utilizadas sequências SSFP, nas quais o sangue aparece com alto sinal(branco), porém facilmente distinguível do miocárdio, em múltiplos quadros ao longo do ciclo cardíaco, fornecendo uma avaliação dinâmica semelhante à ecocardiografia . Para o cálculo da massa miocárdica, multiplica-se o volume total da parede do miocárdio no fim da diástole pela gravidade específica do miocárdio (1,05g/mm3). Os volumes ventriculares e a massa miocárdica podem ser ajustados de acordo com a superfície corpórea (valores indexados). Devido à sua alta acurácia e à sua reprodutibilidade para a avaliação da massa e dos volumes ventriculares, a RMC é particularmente interessante no acompanhamento do remodelamento ventricular ao longo do tempo, tanto em pacientes na rotina clínica como em ensaios clínicos que utilizam desfechos baseados em medidas geométricas do coração. A avaliação da função ventricular com sequências SSFP pode também ser utilizada durante a infusão de dobutamina, à semelhança da ecocardiografia de estresse com dobutamina, permitindo a detecção de alteração de contração regional, indicativa de isquemia miocárdica e Doença Arterial Coronariana (DAC) obstrutiva. A RMC também é uma ferramenta de grande valia na avaliação das estruturas vasculares como a aorta, as artérias carótidas, as artérias renais, as artérias dos membros superiores e inferiores. Para tanto, são utilizadas técnicas que permitem a avaliação tanto da parede arterial quanto da luz vascular, com e sem a utilização de meio de contraste baseado em Gd. 13 8. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA CARDIOPATIA ISQUÊMICA Nos últimos anos, a RMC vem sendo cada vez mais empregada na abordagem diagnóstica e prognóstica da cardiopatia isquêmica. A avaliação de DAC pela RMC abrange, de maneira geral, a análise da função ventricular regional e global, a identificação de isquemia miocárdica, a caracterização da área de necrose/fibrose resultante de infarto agudo/crônico do miocárdio e a determinação da viabilidade miocárdica. A RMC é um método com elevada acurácia e reprodutibilidade para análise das funções global e segmentar de ambos os ventrículos, mesmo em pacientes com alterações significativas da geometria ventricular. Na avaliação de pacientes com aneurismas ventriculares, a RMC pode fornecer dados mais precisos dos volumes e geometria das câmaras cardíacas (além da área infartada), sendo importante na avaliação da melhora da função cardíaca e anatomia ventricular, após procedimentos de revascularização miocárdica. Para análise da contratilidade regional, a ressonância também se mostrou eficaz e superior em comparação com outros métodos. Assim, o método é apropriado para a avaliação da contratilidade e função ventriculares global e segmentar, sendo considerado, por muitos, o método padrão-ouro para essa finalidade. 8.1 Detecção de Isquemia Miocárdica As técnicas mais frequentemente utilizadas para a avaliação de DAC pela RMC envolvem a visualização direta dos efeitos da isquemia induzida por estresse farmacológico sobre a contratilidade segmentar e a perfusão miocárdica - a primeira apresentando maior especificidade e a segunda maior sensibilidade diagnóstica. 8.2 Avaliação da Contratilidade Segmentar/Reserva Contrátil Em virtude dos empecilhos práticos e técnicos para a realização do exercício físico no interior do aparelho de ressonância, o estresse farmacológico é o método 14 mais empregado para avaliação de isquemia. Para a análise da contratilidade segmentar/reserva contrátil miocárdica, geralmente se usa o agente inotrópico positivo dobutamina. Nesse cenário, a isquemia miocárdica durante o exame de estresse pode ser definida como um déficit de contratilidade segmentar novo decorrente da infusão de dobutamina ou a ocorrência de resposta bifásica, isto é, o aumento da contratilidade miocárdica em baixas doses e disfunção segmentar em altas doses de dobutamina. A RMC de estresse com dobutamina é uma técnica bem estabelecida, caracterizada principalmente pela alta qualidade de imagem e reprodutibilidade dos resultados em comparação com os outros métodos. A administração da dobutamina segue o mesmo protocolo utilizado nos exames de ecocardiografia sob estresse, com doses crescentes da droga (10, 20, 30, 40 mcg/kg por 3 minutos cada uma delas), podendo ou não ser adicionado até 2 mg de atropina, com o objetivo de atingir a frequência cardíaca submáxima. A taxa de complicações maiores nesse exame é < 0,1%, semelhante a de estudos com ecocardiografia de estresse. O protocolo de aquisição de imagens envolve sequências para avaliação dinâmica da função (cine), em diferentes planos de corte, abrangendo os 17 segmentos miocárdicos. A análise na prática clínica é comumente realizada de forma qualitativa, entretanto técnicas de avaliação quantitativa têm sido utilizadas em estudos clínicos. A técnica de tagging miocárdico foi avaliada em diversos estudos e demonstrou facilitar a identificação de isquemia, tanto na forma qualitativa como quantitativa, podendo também ser ferramenta útil na análise de parâmetros diastólicos. No entanto, a análise quantitativa requer o uso de programas para análise, sendo ainda limitado sua utilização na rotina clínica. Os primeiros estudos de RMC de estresse com dobutamina já demonstravam, desde a década de 1990, a alta acurácia do método para diagnóstico de estenoses luminais coronárias ≥ 50%, com sensibilidade de 81 a 84%. Posteriormente, estudos envolvendo maior número de pacientes confirmaram a utilidade do método. Nagel e cols., comparando RMC e ecocardiografia de estresse em pacientes com suspeita ou DAC estabelecida (sem Infarto Agudo do Miocárdio - IAM prévio), demonstraram a superioridade da ressonância (acurácia diagnóstica de 86% vs. 70%; p < 0,005). 15 A RMC de estresse com dobutamina se mostrou muito efetiva para o diagnóstico de DAC no grupo de pacientes inadequados para a avaliação pela ecocardiografia, devido à janela acústica subótima. A avaliação quantitativa da função regional pela RMC tem o potencial de melhorar ainda mais a acurácia diagnóstica do método, especialmente nos casos de DAC uni arterial. Metanálise de Nadalur e cols.sumarizou os resultados dos principais estudos envolvendo RMC de estresse com dobutamina, demonstrando sensibilidade de 83% e especificidade de 86% para diagnóstico de lesões coronárias significativas em pacientes de alto risco para DAC. A RMC de estresse com dobutamina também pode ser utilizada para estimar risco cardiovascular em pacientes que serão submetidos a cirurgia não cardíaca. No grupo de pacientes de risco intermediário, RMC de estresse positiva para isquemia mostrou ser preditora independente de eventos cardíacos maiores, durante ou após o procedimento cirúrgico. Além de valor diagnóstico, a avaliação da isquemia miocárdica pela RMC também tem importante valor prognóstico. Quando a RMC de estresse com dobutamina é normal, os pacientes apresentam uma baixa taxa de eventos, ao contrário do que ocorre quando há detecção de isquemia. Pacientes com RMC com estresse normal e fração de ejeção > 40% apresentam baixa taxa de eventos cardíacos - aproximadamente 2% ao longo de 2 anos. A presença de disfunção segmentar identifica pacientes de risco para IAM e morte de causa cardíaca. O diagnóstico de isquemia determinado pela alteração de motilidade na RMC de estresse com dobutamina é preditora independente de eventos cardíacos (HR = 5,42 em 3 anos; p < 0,001) em pacientes de ambos os sexos. As principais limitações dessa técnica são a dificuldade na monitorização contínua do ECG e dos dados vitais do paciente durante o exame, além das contraindicações próprias da infusão da dobutamina. A RMC de perfusão miocárdica permite a cobertura do VE utilizando uma aquisição simultânea de múltiplos cortes do eixo-curto ventricular, ou uma combinação de eixos-curtose longos dessa câmara. Uma injeção intravenosa do contraste baseado em Gd (na dose de 0,025 a 0,1 mmol/kg) é habitualmente administrada pela fossa antecubital, utilizando uma bomba injetora para garantir que a injeção seja efetuada de forma rápida e uniforme (em geral com fluxo de 5 mL/s). 16 Idealmente, a aquisição das imagens de todos os cortes deve ser executada a cada ciclo cardíaco, ou seja, o intervalo entre as imagens sequenciais deve ser de um intervalo RR. Em alguns casos, o intervalo de dois RRs também pode ser considerado adequado. A análise da perfusão miocárdica pode ser realizada de forma visual (avaliação subjetiva/qualitativa), semiquantitativa ou quantitativa. Apesar de as técnicas quantitativas já serem bastante validadas, em geral, na prática clínica, a avaliação da presença de isquemia miocárdica é realizada de forma qualitativa. No protocolo de RMC de perfusão, podemos adquirir, além das imagens durante a infusão do vasodilatador (fase de estresse), outras imagens após a reversão do mesmo pela injeção endovenosa de aminofilina (fase de repouso). A comparação das imagens de perfusão nas duas fases permite a avaliação da reversibilidade da hipoperfusão miocárdica, o que facilita a interpretação do exame. Para a avaliação de DAC, é importante comparar as áreas de hipoperfusão às imagens de realce tardio obtidas posteriormente, as quais definem as regiões de necrose/fibrose (sem viabilidade) e que também se apresentarão como áreas de hipoperfusão nas imagens de perfusão em repouso e durante o estresse (fixas). A possibilidade de visualização direta da fibrose miocárdica pela técnica do realce tardio torna a aquisição das imagens de perfusão ao repouso não obrigatória. Amplo estudo prospectivo e multicêntrico publicado recentemente por Bodi e cols.ressaltou a importância da RMC de perfusão com dipiridamol na avaliação prognóstica de pacientes com suspeita de angina. Tanto a avaliação de perfusão como a indução de disfunção segmentar, durante infusão de dipiridamol, foram fatores independentes na determinação de eventos adversos cardíacos ao longo de 308 dias. Pacientes com disfunção segmentar induzida por dipiridamol apresentam alto risco para eventos adversos maiores e parecem ter maior benefício ao serem revascularizados. Já o papel da perfusão por RMC nas síndromes isquêmicas miocárdicas agudas foi avaliado por Husser e cols.. Nesses pacientes, a presença de alterações na perfusão miocárdica foi capaz de predizer queda na fração de ejeção ou eventos cardíacos combinados no seguimento de 6 meses. A utilização da RM para a pesquisa de isquemia miocárdica já encontra respaldo em diversas diretrizes clínicas e de métodos de imagem nacionais e internacionais, sendo uma ferramenta importante para o estabelecimento diagnóstico e prognóstico de pacientes com doenças isquêmicas instáveis e estáveis. 17 8.3 Angiorressonância das Artérias Coronária A RM é um excelente exame para a avaliação dos vasos sistêmicos. A visualização das artérias coronárias, no entanto, é dificultada por vários fatores: movimentação cardíaca e respiratória, fino calibre dos vasos e complexidade anatômica. Além disso, tecidos de sinal bastante diferentes (como a gordura epicárdica, o miocárdio, o sangue e, ocasionalmente, stents) encontram-se muito próximos, aumentando o desafio técnico para a realização desse tipo de estudo. Diversas técnicas têm sido desenvolvidas para superar essas dificuldades, desde as sequências de aquisição bidimensional de primeira geração até as mais recentes aquisições tridimensionais, utilizando pausa respiratória ou navegador, com ou sem administração de contraste. Em comparação com a angiografia invasiva, em situação de pesquisa clínica, os estudos utilizando avaliação do coração inteiro com sequências SSFP apresentam sensibilidade de cerca de 80% e especificidade de 90% para a detecção de estenose luminal coronária ≥ 50%. Apesar dos grandes avanços na última década, a angio-RM coronária ainda possui indicações clínicas restritas, devido à dificuldade técnica em se obterem imagens diagnósticas. Seu uso clínico atualmente se concentra na avaliação de anomalias congênitas de origem e trajeto das artérias coronárias, diagnóstico e acompanhamento de aneurismas de artérias coronárias causada pela doença de Kawasaki, e confirmação de patência de enxertos vasculares pós-revascularização do miocárdio. A RMC permite avaliar não apenas os pacientes com infarto do miocárdio na fase aguda, mas também aqueles nas fases subaguda e crônica. Nos últimos anos, também tem havido grande interesse nas técnicas de aquisição de imagens ponderadas em T2, que tem como finalidade detectar áreas de edema. Utilizando essa técnica, alguns autores têm demonstrado ser possível diferenciar infartos agudos de crônicos, assim como determinar o tamanho da área de risco e o grau de salvamento miocárdico no contexto do IAM reperfundido. A capacidade de identificação da presença e da extensão das regiões de infarto, da presença ou não de obstrução microvascular, da área peri-infarto e da contratilidade regionalfaz da RMC uma ferramenta cada vez mais importante não 18 apenas na avaliação diagnóstica, mas também na avaliação prognóstica dos pacientes. 9. PERSPECTIVAS EM RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A RMC vem demonstrando superlativo dinamismo nos últimos anos, com avanços significativos tanto em relação ao equipamento quanto ao desenvolvimento de sequências e contrastes. Isso, associado ao fato de que esse método não emprega radiação ionizante, torna suas perspectivas amplas. 9.1 Curto Prazo O avanço de magnetos mais potentes faz com que máquinas de 3,0 Tesla estejam cada vez mais disponíveis, trazendo consigo novos desafios e também melhoras significativas nas sequências de perfusão e angiografia coronária. Para explorar os ganhos dos aparelhos de superalto campo, o aprimoramento das bobinas de transmissão e de aquisição também vem ganhando espaço, com a transmissão multicanal permitindo ainda maior redução da inomogeneidade do campo magnético, com redução dos tempos de aquisição. No aprimoramento das sequências utilizadas em RMC, métodos quantitativos de medição do sinal vêm ganhando espaço rapidamente, com mapas de T1, T2 e T2* sendo incorporados na rotina clínica com valor diagnóstico e prognóstico. Além disso, novas sequências, que permitem a visualização de fluxo e a perfusão sem necessidade de contraste, vêm sendo desenvolvidas, sendo a técnica de Arterial Spin Labeling (ASL) a mais promissora, permitindo, inclusive, a avaliação de perfusão sob estresse sem o contraste exógeno. 9.2 Médio Prazo Numa perspectiva um pouco mais longa, os avanços da RMC, nas sequências de angiografia coronária, continuam avançando, embora resoluções espaciais < 0,5 19 mm, necessárias para se terem resultados clinicamente aplicáveis, ainda não estejam disponíveis. Apesar disso, técnicas com cobertura de todo o coração realizadas com respiração livre em tempos < 10 minutos têm demonstrado significativa melhora de acurácia, mesmo em equipamentos de 1,5 T, embora em centros especializados. Outro campo com desenvolvimento bastante promissor, mas ainda numa fase de aplicabilidade clínica limitada, é o uso da espectroscopia por RMC, utilizando contrastes hiperpolarizados, como o C (Carbono 13) Devido ao forte ganho de sinal- ruído na ordem de 10 mil vezes, em comparação com o sinal convencional, contrastes hiperpolarizados já permitem a investigação do metabolismo miocárdico em diversas doenças. 9.3 Longo Prazo Para um prazo mais longo e sem um uso clínico imediato, é importante citar que novos magnetos com ainda maior campo (por exemplo 7,0 Tesla) já estão sendo testados em humanos na área cardiovascular, mas a exploração desses ganhos ainda é limitada. Outraperspectiva de maior prazo de maturação é a utilização de novos contrastes, sejam eles de novas substâncias (como as partículas de óxido de ferro superparamagnético) ou com novas características, como retenção maior no compartimento intravascular. O poder das técnicas de imagem em medicina aumenta a cada dia, sublinhando nossa capacidade como humanos de confiar e agir com base no que vemos. Várias áreas da medicina dependem diretamente da nossa capacidade de representar não só a morfologia e função de sistemas de órgãos do corpo humano, como também a estrutura de seus tecidos e, mesmo, a composição bioquímica de seus componentes. A medicina cardiovascular, por exemplo, tem o histórico de seu progresso ligado diretamente ao desenvolvimento de métodos de imagem que propiciaram o advento de revascularização com base no desenvolvimento de angiografia coronariana por raios X para orientar a conexão de artérias e o posicionamento de balões e stents no caso de intervenção por cateter. Neurologia, ortopedia, pneumologia e gastrenterologia têm seus processos clínicos centrados no diagnóstico feito por imagem, que é identificado por médicos norte-americanos como um dos progressos tecnológicos mais importantes desde a década de 1990. 20 Entre todas as modalidades de imagem, a ressonância magnética ocupa um lugar único. Além de não requerer uso de radiação ionizante, dispõe da versatilidade necessária para a exploração diagnóstica completa de órgãos do corpo humano, inclusive os sistemas cardiovascular e nervoso, com seus desafios próprios em termos de estrutura, morfologia e função. A combinação de métodos de imagem e espectroscopia cria a possibilidade de visualização de processos extremamente complexos para a detecção de neoplasia e de medidas do fluxo de sangue e do movimento do coração. A ressonância magnética funcional habilita a caracterização das fibras que conectam diferentes partes do cérebro e, em um futuro não tão distante, poderá ser utilizada para avaliar mecanismos intrínsecos da mente humana, não apenas para fins de investigação científica como é aplicada no momento, mas para o diagnóstico clínico e o acompanhamento de pacientes com processos mentais patológicos. Marcelo Nacif e Fernanda Meireles Ferreira organizaram um livro pioneiro, mas, sobretudo, oportuno para o preenchimento de um vácuo atual de informação importante. O radiologista que usa a ressonância magnética para o diagnóstico de uma miríade de situações clínicas encontrará neste manual um guia lógico de métodos, técnicas e princípios físicos necessários para a compreensão do que constitui e de como esse exame deve ser utilizado na prática médica contemporânea. Além de radiologistas, médicos que requerem o exame e dependem dos seus resultados para o manejo clínico dos seus pacientes terão aqui uma abordagem compreensível e, mesmo sem um treinamento mais profundo de técnicas radiológicas, poderão utilizá-la para a compreensão maior das técnicas e dos princípios envolvidos na aquisição de imagens por ressonância magnética. Muito importante também, este manual serve não apenas como referência para aqueles já estabelecidos profissionalmente, mas é de particular valor para o estudante que deseja um conhecimento maior sobre métodos de imagem e para o residente em radiologia ou outras especialidades que dependem da ressonância magnética. O fato de ter sido concebido pela associação de uma física e de um radiologista, ambos brasileiros, com dedicação ao ensino, ao conhecimento técnico e à capacidade científica já amplamente documentados em tantos outros trabalhos anteriores adiciona uma dimensão nova e interessante ao livro, que aborda uma tecnologia de ponta, da maneira como deve ser usada em nossa realidade. 21 Desde 1982, o uso da imagem por ressonância magnética (RM) cresce de maneira exponencial e migra rapidamente de um contexto de pesquisa para um contexto clínico, superando a rapidez de evolução de qualquer outra técnica de aquisição de imagens. Em 1997, o American CollegeofRadiology (ACR) introduziu a cerficação para as instalações de serviços de RM nos EUA com base nas exigências contadas em suas publicações e, somente em 2001, criou um documento de orientação para práticas seguras em RM. Este documento foi revisado, modificado e atualizado em 2007 em decorrência de relatos detalhados de incidentes adversos envolvendo pacientes, equipamentos e funcionários de diversos serviços de RM. No Brasil, não há normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) acerca de assuntos permanentes à qualidade da imagem e à segurança em RM. No entanto, de acordo com o Programa NormaƟvo Brasileiro, na ausência de normas nacionais publicadas são válidas as normas internacionalmente reconhecidas. Não há critério estabelecido em relação a testes para avaliação do equipamento de RM nem regulamento para segurança, não somente do paciente, mas igualmente dos acompanhantes e dos profissionais do serviço, mesmo aqueles que, ocasional ou raramente, se encontram sobre os efeitos do campo magnético. Assim, observando a importância atribuída à segurança no cenário internacional e a insipiência desta preocupação na realidade brasileira, fica evidente a necessidade de sistematizar procedimentos de segurança em nosso país. O mais antigo experimento biológico em RM de que se tem notícia foi realizado na Universidade de Stanford (EUA), logo após a descoberta do fenômeno, quando Bloch obteve um forte sinal de RM ao inserir o dedo na bobina de radiofrequência de seu espectrômetro. No período entre 1950 e 1970, a RM foi desenvolvida e utilizada para análises moleculares físicas e químicas. Uma grande quantidade de equipamentos de imagem por ressonância magnética (IRM) vem sendo instalada no Brasil, principalmente nos últimos cinco anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1999 havia 289 equipamentos de ressonância magnética (RM) instalados no Brasil, sendo a região Sudeste a detentora da maior quantidade (176), seguida pelas regiões 22 Sul (42) e Nordeste (42), Centro-Oeste (23) e Norte (6). Estima-se que estes números cresceram cerca de 30% nos últimos três anos, o que representa a instalação de aproximadamente 86 novos equipamentos. Uma série de condições referentes ao funcionamento do equipamento e de seus acessórios deve ser observada, tais como, intensidade do campo magnético principal, homogeneidade do campo magnético, amplitude e tempo de subida dos gradientes, razão sinal-ruído e uniformidade de sinal das bobinas, para que se possa obter imagens com qualidade e tempo de exame adequados para o diagnóstico. A normatização e recomendação sobre testes de aceitação em equipamentos de IRM se restringe a trabalhos feitos pela Associação Americana de Físicos em Medicina (AAPM) Associação dos Fabricantes de Equipamentos dos Estados Unidos (NEMA) Colégio Americano de Radiologia (ACR)e Instituto de Físicos em Medicina do Reino Unido (IPEM). Não existe nenhuma publicação, recomendação ou normatização nacional sobre testes de aceitação ou controle de qualidade para esta técnica de diagnóstico por imagem. O ACR, em especial, criou o programa de Acreditação em Imagem por Ressonância Magnética, baseado nas exigências contidas em sua publicação e nas publicações da AAPM. Este trabalho tem como objetivo criar um protocolo de testes de aceitação para equipamentos de IRM e demonstrar como e quais tipos de dispositivos de teste podem ser usados para a coleta de dados. 23 10. MATERIAIS E MÉTODOS Para cada teste foi elaborada uma definição, o procedimento, a forma de análise e o critério de aceitação. O critério de aceitaçãofoi especificado em termos de limites de ação que definem a faixa de valores aceitáveis, fora dos quais ações corretivas são necessárias. Com a finalidade de verificar a forma de análise e aplicabilidade, todos os testes foram realizados em dois equipamentos de IRM de 1,5 tesla que possuem magneto supercondutor, de um hospital privado de grande porte. Testes que necessitavam de licença ou equipamento específico, fornecido pelo fabricante somente para os seus engenheiros de campo, não fizeram parte deste protocolo. Para a realização dos testes de aceitação podem ser utilizados dispositivos comerciais e dispositivos do próprio fabricante do equipamento. Foram utilizados, neste estudo, os dispositivos de teste UAL ("uniformityandlinearity") (Nuclear Associates, Inc., Hicksville, NY), 3DRAS ("3D resolutionandslice") (Nuclear Associates, Inc., Hicksville, NY), conforme mostra a Figura 1, e dispositivos do próprio fabricante dos equipamentos da instituição à qual um dos autores pertence. Podem ser utilizados outros tipos de dispositivos de teste e também construídos conforme sugerido pela literatura. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig1 24 O Quadro 1 mostra a relação dos dispositivos utilizados e o teste associado. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#quadro1 25 11. RESULTADOS Um total de 15 testes foi selecionado, conforme mostra o Quadro 2. Para todos os testes que necessitam obtenção de imagens dos dispositivos, devem ser adquiridas imagens spin eco com ponderação em T1, com espessura de corte e intervalo compatíveis com os protocolos clínicos utilizados na rotina do serviço ou especificados de acordo com o tipo de teste. A descrição dos testes foi elaborada sob a forma de um protocolo, para facilitar sua execução e entendimento. 11.1 Teste 1: Observação Física Definição A observação física envolve uma vistoria de todos os itens contidos na proposta de venda e especificados pelo fabricante. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#quadro2 26 Procedimento e análise Fazer um inventário para determinar todos os itens identificados na proposta de venda. Determinar se equipamentos como sistema de impressão, intercomunicação com paciente, botões de alarme e movimentação da mesa do paciente estão funcionando corretamente. Uma inspeção de itens relacionados à segurança deve ser avaliada. Critério de aceitação Qualquer item fora de especificação, com defeito, ou faltando, deve ser comunicado por escrito ao engenheiro responsável pela instalação do equipamento, assim como para a direção da instituição. 11.2 Teste 2: Verificação da Blindagem de Radiofrequência (RF) Definição A blindagem de RF serve para garantir que existe um isolamento eletromagnético do ambiente externo à sala de exames. A blindagem é geralmente testada por uma empresa independente ou pelo próprio fabricante do equipamento. Este teste é realizado colocando-se uma antena do lado externo e transmitindo sinais de várias frequências através da blindagem. A atenuação do sinal é determinada por comparação com valores de referência obtidos em pontos onde não há blindagem. Procedimento e análise Se o serviço possuir, ou puder obter, o equipamento necessário para testar a blindagem da RF, os testes podem ser feitos em várias etapas durante a instalação. O equipamento deve incluir: a) um gerador capaz de produzir sinais na faixa apropriada de frequência. Se o gerador não for capaz de produzir sinais de amplitude suficiente, considerando uma atenuação esperada de 100 dB, um amplificador será necessário; b) duas antenas calibradas para as devidas frequências; c) um receptor, como um analisador de espectros, cobrindo toda a faixa de frequências com sensibilidade adequada, de modo que a combinação de ganho e sensibilidade permitam medidas de atenuação dentro dos limites necessários. 27 O primeiro teste deve ser realizado na finalização da colocação da blindagem. Este teste é necessário para confirmar que a blindagem está de acordo com as necessidades de atenuação especificadas pelo fabricante do equipamento de IRM. Outro teste deve ser realizado após o fabricante instalar o magneto. Testes adicionais podem ser feitos após a completa instalação do equipamento. Empresas independentes podem ser contratadas para realizar os testes, e os resultados devem ser repassados para o físico responsável na forma de um relatório. Critério de aceitação Qualquer medida fora dos valores de atenuação especificados pelo fabricante deve ser comunicada ao responsável pela instalação da blindagem e ao responsável da instituição, para que sejam tomadas as medidas corretivas necessárias. 11.3 Teste 3: Consumo do Criogênio (Taxa de Evaporação) Definição A taxa na qual o criogênio é consumido deve ser especificada pelo fabricante do equipamento de IRM na proposta de venda. Diferentes magnetos possuem taxas de consumo dos criogênios variáveis e o gasto com a reposição periódica pode representar um custo adicional bastante considerável, principalmente se a taxa de consumo estiver acima dos valores especificados pelo fabricante. Procedimento e análise Determinar o consumo, em litros, do criogênio utilizado (nitrogênio líquido ou hélio) para um dado período de tempo, sendo que, quanto mais longo for o período de tempo, melhor. Alguns fabricantes medem o consumo em valores porcentuais (%) da capacidade total do magneto, que devem ser convertidos para litros através de tabelas previamente fornecidas pelo próprio fabricante. A taxa de consumo calculada é obtida dividindo-se o total de litros utilizado pelo período de tempo em horas correspondente. Desta forma, o consumo ficará expresso em litros por hora. Critério de aceitação Se o valor estiver acima de 30% do valor especificado, deve-se entrar em contato imediatamente com o fabricante e verificar possíveis falhas no abastecimento de energia dos sistemas que controlam as bombas de circulação do "coldhead" do magneto. 28 11.4 Teste 4: Homogeneidade do Campo Magnético Principal (B0) Definição A homogeneidade do campo magnético principal (B0) se refere à uniformidade da intensidade do campo magnético principal em um determinado volume. Esta é usualmente especificada em partes por milhão da intensidade do campo magnético principal, em um dado diâmetro de volume esférico (dsv). A homogeneidade é influenciada por vários fatores, incluindo inomogeneidades no campo B0 produzidas por imperfeições nas espiras das bobinas. Inomogeneidades podem contribuir para distorção geométrica das imagens, influenciando de forma negativa a uniformidade da imagem e comprometendo a razão sinal-ruído (RSR) em algumas sequênciasrápidas. Procedimento e análise Método 1 – Sonda de campo magnético. O engenheiro de instalação mede a homogeneidade do campo magnético com dados de uma sonda de RF, na qual pequenas amostras de água são precisamente posicionadas em vários pontos dentro do magneto e dados são coletados. Método 2 – Picos espectrais. Posicionar um dispositivo de teste esférico e uniforme no isocentro do magneto. O simulador esférico deve possuir diâmetro similar ao valor de diâmetro do volume sensível (dsv) especificado pelo fabricante. Produzir um espectro da amostra. Ter certeza de que a resolução em frequência é muito menor que a largura do pico esperado. Medir a largura máxima à meia altura (FWHM) do pico espectral. Converter a FHWM de hertz (Hz) para partes por milhão (ppm) da intensidade do campo magnético B0, usando a equação de Larmor modificada, para que o resultado apareça com a unidade ppm, como mostrado abaixo: A FWHM (ppm) define a inomogeneidade sobre o volume do simuladorutilizado. Método 3 – Mapa de diferença de fase. Este teste oferece uma medida precisa da homogeneidade do B0 usando um dispositivo de teste uniforme. Entretanto, o teste 29 necessita de certas habilitações do sistema (isto é, mostrar imagens de fase) que geralmente não estão disponíveis em todas as unidades de IRM para o operador. Os efeitos de não-linearidade nos gradientes e inomogeneidade podem ser separados através do mapeamento da intensidade do campo B0. Se o sistema de IRM pode realizar subtração e mostrar imagens de fase, uma medida pixel a pixel das inomogeneidades pode ser obtida. O procedimento inclui posicionar o simulador no centro da bobina de corpo. O simulador deve incluir, no mínimo, um diâmetro circular de 10 cm, ou 85% da área especificada na proposta de venda, qualquer que seja o maior. Empregar uma sequência de pulso com gradiente arrasador. O uso de uma sequência spin eco irá resultar em uma refasagem das diferenças de fase devido a inomogeneidades do campo magnético. Adquirir uma imagem usando um tempo de eco entre 30 e 40 ms (TE1) e mostrar esta imagem como um mapa de fase. Adquirir outra imagem usando um TE de alguns milissegundos maior (TE2). Subtrair a segunda imagem da primeira e obter uma imagem na qual cada intensidade de pixel represente a diferença de fase entre duas aquisições, uma vez que o tempo T2 da solução foi sempre o mesmo. A diferença (DB0) entre o campo magnético B0 em um dado voxel e o valor de referência no centro do campo de visão (CDV) é: Onde: DB0 é dado em mT; df é a diferença de fase expressa em radianos; g é a razão giromagnética para o hidrogênio (42,576 Hz/mT); TE é expresso em milissegundos. Este procedimento pode ser repetido para que sejam obtidos dados nos três principais planos (axial, sagital e coronal). Determinar a maior diferença em qualquer plano entre os valores de DB0 dentro de regiões de interesse (ROI) circulares que possuam o valor especificado de diâmetro (dsv). Este valor dividido pelo B0 do magneto irá fornecer a homogeneidade (em ppm) para o dado diâmetro do volume esférico (dsv). Critério de aceitação Valores típicos estão em torno de 2 ppm para um dsv de 30 a 40 cm em magnetos supercondutores. Imagens de fase podem mostrar deformações nas regiões onde a fase excede ± 180° em relação ao valor de referência. Algoritmos antideformação podem ser empregados para eliminar este fator. A cooperação do engenheiro de serviço do fabricante pode ser necessária para que se obtenha acesso a rotinas de pós-processamento no equipamento. 30 Uma falta de homogeneidade de campo magnético pode estar relacionada a pequenos objetos ferromagnéticos atraídos para o interior do magneto, como grampos de papel e moedas. Mudanças na localização de grandes objetos ferromagnéticos no ambiente em torno da sala de exames também podem causar inomogeneidades do campo magnético. 11.5 Teste 5: Exatidão da Espessura de Corte Definição A espessura de corte é definida como a FWHM de um perfil de corte. O perfil de corte é definido como a resposta de um sistema de IRM a uma fonte puntiforme, à medida que essa se move através do plano de reconstrução deste ponto . Procedimento e análise Os conjuntos de rampas cruzadas produtoras de sinal do dispositivo de teste 3DRAS (Figura 2) permitem que a espessura de corte possa ser medida mediante obtenção de imagens com uma típica aquisição multicortes com ponderação T1. Imagens em cortes axial, sagital e coronal devem ser obtidas de forma que cada uma delas corte as rampas cruzadas, como mostra a Figura 3. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig2 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig3 31 Na imagem resultante (Figura 4), a intensidade de sinal é medida pixel a pixel, atravessando a rampa com uma linha de interesse (linhas A e B) orientada ortogonalmente à direção de largura da rampa. Um "software" de domínio público pode ser usado para realizar esta etapa. https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig4 32 De posse dos dois perfis de intensidades de sinal da imagem das duas rampas, como mostra a Figura 5, é possível medir a FWHM. A FWHM das rampas opostas, orientadas a um ângulo de 45° em relação ao plano de imagem, é igual à raiz quadrada do produto de a e b, onde a e b são as FWHM das rampas 1 e 2. Critério de aceitação A espessura de corte pode variar de acordo com a distância ao centro do magneto em aquisições multicortes. Assegurando uma precisão adequada na medida, o valor da espessura de corte deve coincidir com o valor selecionado dentro de um intervalo de ± 1 mm, para espessuras de corte selecionadas com mais de 5 mm. 11.6 Teste 6: Exatidão do Posicionamento e do Espaçamento de Corte Definição A posição de corte é a localização absoluta do ponto médio da FWHM de um perfil de corte. A separação ou espaçamento entre cortes é a distância entre quaisquer duas posições de corte. As localizações de corte são indicadas por dispositivos de posicionamento externos ou pelo espaçamento entre os cortes selecionados. Procedimento e análise https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig5 33 Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste 3DRAS deve ser utilizada. A imagem central de cada plano não deve ser utilizada para as medidas mas sim para verificar se o dispositivo se encontra corretamente posicionado no centro do magneto (isocentro). O ponto médio da FWHM do perfil de corte da imagem de interesse deve ser determinado. A distância do ponto médio do primeiro perfil até o ponto médio do segundo perfil (D), dividido por dois, representa a localização, ou posição do corte, uma vez que as rampas possuem inclinação de 45° com o plano de imagem. É importante notar a necessidade do corte central cruzar exatamente o ponto de interseção das duas rampas. A distância entre o final do perfil da rampa 1 e o início do perfil de corte da rampa 2 (S), na altura da FWHM, representa o espaçamento entre os cortes. Critério de aceitação O cálculo do valor obtido deve coincidir com o valor da posição em ± 2 mm. Para o valor da separação, a diferença deve ser menor que 20% do espaçamento entre os cortes ou ± 1 mm, o que for maior. 11.7 Teste 7: Resolução Espacial de Alto Contraste Definição A resolução espacial de alto contraste é a medida da capacidade de um sistema de imagens em mostrar a separação entre objetos quando não existe uma contribuição significativa do ruído Uma falha neste teste significa que, para um dado campo de visão (CDV) e uma dada matriz de aquisição, o equipamento não está diferenciando pequenos detalhes como deveria. Como consequência, pequenas lesões ou a definição das bordas de pequenas estruturas não aparecerão nas imagens produzidas por este aparelho. Procedimento e análise Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste 3DRAS deve ser utilizada. A imagem será analisada visualmente para determinar o menor conjunto de furos mais resolvido, podendo utilizar a ferramenta de magnificação, conforme mostra a Figura https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig6 34 6. Para considerar que um conjunto está resolvido, ou seja, diferenciado dos demais, todos os furos e espaços devem estar aparecendo separados. O nível e a largura da janela devem ser ajustados para proporcionar uma ótima visualização. O 3DRAS possui dois conjuntos para cada plano, orientados ortogonalmente entre si. Critério de aceitação A resolução espacial de alto contraste deve permanecer constante para repetidas medidas feitas sob as mesmas condições de aquisição e deve ser igual ao tamanho do pixel.Por exemplo, para um campo de visão de 25 cm com uma matriz de 256 × 256, a resolução deve ser de 1 mm. 11.8 Teste 8: Uniformidade da Imagem Definição A uniformidade da imagem reflete a habilidade de um equipamento de IRM em representar regiões similares com a mesma intensidade em um volume homogêneo. Uma não-uniformidade pode ser resultado de inomogeneidades do campo magnético https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig6 35 ou RF, correntes de "eddy", penetração e geometria da bobina de RF, calibração inadequada dos gradientes de pulso e processamento da imagem. Procedimento e análise Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. A imagem de cada plano deve ser da região preenchida somente pelo líquido produtor de sinal (CuSO4). Uma ROI deve estar centrada no volume produtor de sinal, de forma que encubra 75% da imagem, excluindo, porém, regiões próximas às bordas que possam conter artefatos. Determinar o mínimo (Smín) e o máximo (Smáx) valor de intensidade de pixel dentro da ROI. Calcular o porcentual de uniformidade integral (U) através da seguinte fórmula para cada plano de imagem: Critério de aceitação Para um campo de visão de 20 cm ou menos, a uniformidade integral deve ser de 80% ou mais. É conveniente lembrar que, para grandes campos de visão, a uniformidade pode sofrer deterioração devido aos efeitos de atenuação da RF. Esta metodologia para teste de uniformidade não deve ser utilizada para bobinas de superfície. 11.9 Teste 9: Linearidade Espacial ou Distorção Geométrica Definição Linearidade espacial é o termo utilizado para descrever o grau de distorção geométrica presente nas imagens produzidas por um sistema de IRM. A distorção geométrica pode se referir tanto ao deslocamento de pontos dentro de uma imagem em relação à sua localização real como à calibração da escala de distância entre quaisquer pontos dentro da imagem. Procedimento e análise Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. A imagem de cada plano escolhida deve ser ortogonal à grade de acrílico. As variações geométricas são melhor observadas quando é utilizado o maior campo de visão 36 possível, devendo o dispositivo de teste UAL ocupar pelo menos 60% deste campo de visão. Uma consideração a ser feita é a de utilizar uma aquisição com o maior tamanho de matriz (por exemplo, 512 × 512) para maximizar a resolução espacial. As medidas devem ser feitas entre quaisquer dois pontos da grade. É recomendável que as distâncias sejam sempre maiores que dez pixels. Para cada medida em cada plano de imagem deve ser calculado o porcentual de distorção geométrica (DG) através da fórmula: Onde: dV é a distância verdadeira ou real; dM é a distância medida. Critério de aceitação O porcentual de distorção da linearidade é aceitável se for inferior a 5%. 11.10 Teste 10: Análise de Artefatos na Imagem Definição Erros relacionados à fase são definidos em termos de intensidade de sinal na imagem (tanto aumentada como diminuída) em localizações específicas. Geralmente, estes artefatos são caracterizados por áreas de intensidade de sinal aumentado onde não deveria haver tal sinal. Assim sendo, foram apelidados de "fantasmas". Uma série de erros pode ser detectada através das imagens obtidas: a) Erros de codificação de fase: fantasmas por codificação de fase irão aparecer como múltiplas imagens (possivelmente espalhadas em uma coluna) originárias de um objeto produtor de sinal real na direção do gradiente de codificação de fase da imagem. A presença destas imagens fantasmas características irá geralmente identificar os dois eixos. b) Erros de DC-"offset": aparecem geralmente como pixels brilhantes (ou algumas vezes escuros) no centro da matriz da imagem. c) Erros do receptor de quadratura: aparecem do lado oposto e abaixo em relação ao objeto produtor de sinal. Se o objeto estiver no lado esquerdo e acima, a imagem fantasma irá aparecer abaixo e à esquerda. d) Erros do transmissor de quadratura: a imagem fantasma aparece num corte localizado na direção oposta ao deslocamento do dispositivo de teste do centro do 37 magneto e a uma distância igual a este deslocamento. A imagem fantasma e o objeto produtor de sinal estarão localizados na mesma posição relativa nas imagens. Por exemplo, se o objeto real está localizado no canto superior esquerdo a uma distância de +5,0 cm do isocentro, a imagem fantasma estará no canto superior esquerdo de uma imagem a –5,0 cm. Procedimento e análise Uma imagem de cada plano do dispositivo de teste UAL deve ser utilizada. Estas devem mostrar a imagem do pequeno cilindro produtor de sinal preso à parede do dispositivo de teste. Para avaliar o erro de codificação de fase, DC-"offset" e transmissor de quadratura, o dispositivo de teste UAL deve ser posicionado no isocentro do equipamento. Para a verificação do erro do receptor de quadratura, o cilindro produtor de sinal preso à parede do dispositivo de teste UAL é que deve estar no isocentro do equipamento. A avaliação das imagens geradas em cada plano é feita da seguinte forma: a) Erros de codificação de fase: deve ser posicionada uma ROI sobre a imagem verdadeira do cilindro produtor de sinal e uma ROI sobre a imagem fantasma mais brilhante. O valor de cada ROI deve ser registrado para que a magnitude do erro (E) seja expressa pelo valor da ROI da imagem fantasma (G) como um porcentual do valor da ROI da imagem real (T), da seguinte forma: b) erros de DC-"offset": a presença das imagens fantasmas deve ser registrada após uma inspeção visual; c) erros do receptor de quadratura: os valores da ROI, tanto da imagem verdadeira como da imagem fantasma, devem ser registrados. O erro do receptor de quadratura (E) é quantificado usando-se a equação 5.; d) erro do transmissor de quadratura: os valores da ROI, tanto da imagem verdadeira como da imagem fantasma, devem ser registrados. O erro do transmissor de quadratura (E) é quantificado usando-se a equação 5. Critério de aceitação O valor de E deve ser inferior a 5%, sendo que o erro de DC-"offset" não deve ser encontrado em sistemas de IRM que estejam funcionando adequadamente. 38 11.11 Teste 11: Estabilidade do Campo Magnético ou Frequência Central Definição A freqüência de ressonância é definida como a freqüência (w) que coincide com o valor do campo magnético principal (B0) de acordo com a equação de Larmor. Antes da aplicação de qualquer protocolo de imagem, é essencial saber se o equipamento de IRM está "em ressonância". Muitos fabricantes dos equipamentos fornecem protocolos específicos para ajustes da freqüência de ressonância. Atualmente, a maioria dos equipamentos realiza o ajuste da freqüência central de forma completamente automática antes da aquisição das imagens. Procedimento e análise É utilizado dispositivo de teste de RSR de crânio (GE Medical Systems). O dispositivo é posicionado no centro do magneto dentro da bobina de crânio. Durante os ajustes automáticos de pré-aquisição, o equipamento fornece o valor da frequência central f0 e os valores de ganho de transmissão e ajuste dos receptores de RF. Todos estes valores devem ser anotados. Critério de aceitação Valores típicos de frequência de ressonância não devem sofrer desvio superior a 1,5 ppm num período de 24 horas. Se o valor exceder a 1,5 ppm, deve-se repetir o teste. Se o resultado voltar a exceder 1,5 ppm, o fabricante ou o responsável pela manutenção devem ser notificados. 11.12 Teste 12: Ganho de Transmissão ou Atenuação Definição Mudanças no ganho de transmissão (GT) estão diretamente relacionadas a mudanças na RSR. Uma medida do ganho de transmissão é útil como primeira avaliação do sistema e não necessita de tempo extra, uma vez que ovalor é medido automaticamente durante a pré-aquisição. Procedimento e análise Durante a aquisição que avalia o valor da freqüência central, usando o dispositivo de teste para RSR do crânio, o valor do GT e os valores dos receptores (R1 e R2) são anotados. Critério de aceitação 39 Alterações superiores a 30% do valor esperado do GT devem ser comunicadas ao fabricante. É importante relacionar o GT com aumento de ruído nas imagens e diminuição da RSR. 11.13 Teste 13: Checagem das Bobinas de RF Definição A fabricação e o desenho das bobinas de RF sempre representam uma negociação entre maximizar a uniformidade da imagem e aumentar a RSR. As bobinas que são desenvolvidas para coletar sinal de partes do corpo colocadas dentro do seu volume (bobinas de crânio e corpo, por exemplo) irão produzir uma excitação e uma recepção do sinal de RM bastante uniforme. Estas bobinas são chamadas de bobinas de volume. Outros exames são realizados usando as chamadas bobinas de superfície, que aumentam a RSR através da combinação das seguintes estratégias: a) Posicionar a bobina o mais próximo possível do volume de interesse; b) excluir o sinal e o ruído de regiões que não estão sob investigação; c) maximizar o sinal do volume de interesse na região sensível da bobina. Tipicamente, estas bobinas de superfície geram imagem com baixa uniformidade. Contudo, se o radiologista está consciente destas características, a percepção da imagem pode ser condicionada no momento da interpretação. Recentemente, uma nova classe de bobinas de RF, chamadas de conjunto de fase, tem sido empregada para melhorar a uniformidade da imagem. Para as bobinas de volume, três parâmetros serão avaliados: uniformidade da imagem (U), RSR e o porcentual de artefato fantasma (PAF). Juntos, estes três parâmetros podem ser usados para caracterizar o desempenho de uma bobina e rastrear alterações ao longo dos anos. Para as bobinas de superfície, somente o valor máximo da RSR será medido. Os outros parâmetros serão verificados visualmente, para observar se não existem artefatos de imagens fantasmas ou grande redução de uniformidade dentro do volume de interesse. Procedimento e análise 40 A aquisição das imagens necessárias para avaliar os parâmetros descritos acima, para cada tipo de bobina, segue o mesmo procedimento: a) Posicionar a bobina no magneto e dentro de seu volume sensível, colocar o dispositivo de teste apropriado. O dispositivo deve abranger pelo menos 80% do campo de visão e o material de preenchimento deve estar de acordo com as especificações; b) utilizar sequência de pulso e parâmetros técnicos típicos para o tipo de exame utilizado com a dada bobina; c) duas aquisições consecutivas (duas imagens) da região central dos dispositivos de teste em cada bobina devem ser obtidas. Observar o plano de corte (axial, sagital ou coronal). a) Teste de uniformidade das bobinas de volume Definição – Como já definido, a uniformidade da imagem reflete a capacidade de um equipamento de IRM em representar regiões similares com a mesma intensidade em um volume homogêneo. Procedimento e análise – Após escolher uma das duas imagens obtidas, uma ROI deve ser centrada no volume produtor de sinal de modo que encubra 75% da imagem, porém exclua regiões próximas às bordas. Determinar o mínimo (Smín) e o máximo (Smáx) valor de pixel dentro da ROI. Calcular o porcentual de uniformidade integral (U) pela equação 3. Critério de aceitação – Para um campo de visão de 20 cm ou menos, a uniformidade integral deve ser de 80% ou mais. É conveniente lembrar que, para grandes campos de visão, a uniformidade pode sofrer deterioração devida a efeitos de atenuação da RF. b) Razão sinal-ruído Definição – A imagem da RSR é um parâmetro relacionado à utilidade clínica de IRM e, também, é uma medida sensível do desempenho do equipamento. O sinal é definido como o valor médio do pixel dentro de uma ROI. O ruído é definido como variações randômicas na intensidade de sinal desta mesma ROI. Imagens que contenham artefatos óbvios não devem ser utilizadas para realizar o teste de sinal-ruído. Procedimento e análise – Uma ROI deve ser posicionada na imagem 1 e na imagem 2. Cada uma das regiões deve incluir 75% da imagem. A média entre os dois 41 valores de intensidade de sinal dentro das regiões deve ser calculada. Este valor é denominado de sinal (S). Através de um programa instalado nos dois equipamentos de IRM, uma terceira imagem deve ser gerada da subtração da imagem 1 pela imagem 2. Uma nova ROI que também inclua 75% da imagem 3 deve ser posicionada. O desvio-padrão (DP) medido e fornecido pelo equipamento é chamado de ruído (R). A RSR pode ser calculada através da seguinte equação: O fator é necessário, pois o ruído é derivado de uma imagem subtraída e não de uma imagem original. Critério de aceitação – As medidas da RSR obtidas com o dispositivo de teste fornecido pelo fabricante podem ser comparadas com valores padrões do próprio fabricante, se estes estiverem disponíveis. c) Porcentual de artefato fantasma Definição – Assim como para a análise de artefatos nas imagens produzidas pelo dispositivo de teste UAL, para cada bobina verificada devem ser procurados artefatos tipo fantasma. As imagens de magnitude reconstruídas são usadas como imagens clínicas de RM por serem relativamente imunes a erros de fase no sinal de RM. Quando estes erros se tornam maiores, eles podem resultar em imagens fantasmas mesmo nas imagens de magnitude. Artefatos tipo fantasma também podem ser gerados por movimento ou vibração do dispositivo de teste durante a aquisição. É preciso ter total atenção com a estabilidade do dispositivo de teste dentro da bobina. Inconsistências periódicas da amplitude podem resultar em tipos de artefatos facilmente identificáveis. O artefato fantasma tipo "metade do CDV" ou "fantasma N/2" é bastante comum em imagens eco planares (EPI), e é também muito difícil de ser eliminado por completo. Procedimento e análise – O PAF é obtido através dos seguintes passos: 1) Criar uma ROI que cubra 75% da área da imagem do dispositivo de teste e registrar o valor médio das intensidades de pixel como sinal médio (SM); 2) colocar uma ROI numa posição fora dos limites da imagem do dispositivo de teste na direção de codificação de frequência para não incluir possíveis artefatos tipo fantasma. Uma boa localização é no canto superior direito da imagem; 42 3) determinar o sinal de fundo (SFU) como o valor médio das intensidades de pixel contidas na ROI; 4) mover a ROI para uma posição também fora da imagem do dispositivo de teste, porém na direção de fase. Este será chamado de sinal fantasma (SFA). A Figura 7 fornece um exemplo de posicionamento das ROI; 5) o PAF é calculado usando-se a seguinte equação: Critério de aceitação – O valor do PAF deve ser inferior a 5%, sendo que o erro de DC-"offset" não deve ser registrado em sistemas de IRM que estejam funcionando adequadamente. 11.14 Teste 14: Interferência de RF Entre os Cortes Definição Em aquisições multicortes, a excitação dos prótons de hidrogênio e a aquisição dos dados a partir de múltiplos cortes são efetuadas dentro de um tempo de repetição (TR). Se existir pequeno espaço entre os cortes, há risco muito grande de ocorrer https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig7 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-39842005000300008&script=sci_arttext#fig7 43 interferência entre eles ("crosstalk"), uma vez que os perfis de excitação de um corte não são perfeitos. O que podemos esperar é uma redução na RSR, pois os prótons de um corte podem ser parcialmente excitados por um pulso de RF criado para excitar os prótons de outro corte. Os diferentes fabricantes de equipamentos de IRM têm desenvolvido
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