Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Introdução: - Os órgãos urinários incluem os rins, os ureteres, a vesícula urinaria e a uretra. - Os rins produzem a urina que, por meio dos ureteres, chega à bexiga, onde é temporariamente armazenada e segue para a uretra. Rins: Função: Produção de urina: filtram o plasma, extraindo grande quantidade de um liquido chamado ultrafiltrado, que é, então, processado para reabsorção de substâncias úteis e concentração dos rejeitos a serem eliminados. Localização: repouso sob os músculos sub lombares localização retroperitoneal, com a superfície dorsal em contato com os músculos sub lombares. Equino: − Rim direito tem formato de triângulo equilátero e mede de 13 a 15 cm − Localiza-se entre a 15º costela e a apófise transversa da 1º vertebra lombar − Rim esquerdo formato de feijão − Mede de 15 a 20 cm − Tem variação na sua localização Ruminante: − Nos bovinos, os rins são lobulados − Direito varia de 18 a 24 cm e esquerdo entre 19 e 24 cm − Os ovinos e os caprinos têm os rins muito semelhantes aos cães (formato de feijão) com comprimento variando entre 5,5 e 7 cm − Localização variável Cães e gatos: − Os rins de cães e gatos têm o formato típico de feijão − No cão, o rim direito é localizado entre a 13/] vértebra torácica e a 1 vértebra lombar, enquanto o rim esquerdo, cuja posição pode variar mais, está localizado no espaço correspondente ao intervalo entre as 2º e 4º vértebras lombares. − Nos gatos, o rim esquerdo ocupa posição ligeiramente pendulosa, o que facilita ainda mais a palpação. O rim direito ocupa o espaço compreendido entre as 1º e a 4º vértebra lombar. Ureteres: Função: − Transportam urina dos rins para a bexiga − Chegam aos rins através do hilo, onde se conectam à pelve renal ou a uma estrutura equivalente. Rim com formato de feijão de carnívoros e ruminantes. Rim direito com formato de coração em equinos. 2 Caminho: aderência a bexiga obliquamente, percorrendo um trajeto entre a camada muscular da parede vesical e, finalmente, abrem-se para o lúmen. Composição: composto por três camadas adventícia externa, muscular média, e mucosa interna. Vesícula urinária: Função: reservatória temporário da urina produzida pelos rins. Composição: colo que se conecta com a uretra, o corpo e a vértice cranial. Ruminantes: a bexiga projeta-se cranialmente e, quando cheia, fica em contato com a parede ventral do abdômen. Equinos: Contraída: periforme, 8 a 10 cm de diâmetro e repousa inteiramente sobre a porção ventral da cavidade pélvica. Cheia: pende sobre a rima pélvica. Capacidade de 2,8 a 3,8 L. Cães e gatos: − O tamanho e a posição da bexiga variam de acordo com a quantidade de urina nela contida, cabem de 100 a 120 ml. No cão e localiza-se quase inteiramente pélvica. − No gato, entretanto, esse órgão estende-se amplamente para a cavidade abdominal, mesmo quando vazia. Uretra: - A uretra do macho leva urina, sêmen e secreções seminais para o orifício uretral externo, na extremidade distal do pênis. - A uretra feminina origina-se na bexiga e segue em sentido caudo dorsal, e adentra o trato genital caudalmente à junção vaginovestibular na linha média superfície ventral da vagina. Cães e gatos: − Cão adulto: 25 cm mas pode variar na micção e na ejaculação. − Na cadela, a uretra tem 0,5 cm de diâmetro por 6 a 10 cm. − Os gatos machos, por sua vez, apresentam afunilamento da uretra em direção à extremidade do pênis. Ruminantes: − Bovinos machos: de 2 a 3 cm encaixado no sulco localizado do lado direito da extremidade peniana. − 10 a 13 cm na vaca, 4 a 5 cm na ovelha e 5 a 6 cm na cabra. Equinos: − A uretra dos machos é bastante longa, mas a uretra pélvica mede apenas de 10 a 12 cm. − Nas fêmeas, a uretra mede de 5 a 7,5 cm, e o lúmen é suficientemente largo para permitir a introdução de um dedo. Controle da micção: A micção compreende o processo fisiológico de armazenagem e eliminação da urina. A bexiga urinaria e a uretra, em ação conjunta formam a fase de armazenamento e fase de eliminação de urina. É uma ação integrada de vias parassimpáticas, simpáticas e somáticas. Controle voluntário da micção. Exame do paciente: Identificação, anamnese e exame físico geral. 3 Anamnese: Exames específicos e complementares do trato urinário: Exame físico: Geral: − Peso corporal, temperatura, frequência de pulso e respiratória, mucosas (coloração e estado dos vasos), grau de hidratação. − Boca (úlceras, alterações da língua, inserção dos dentes, aumento maxilar, hálito urêmico) − Exame geral dos demais órgãos e sistemas Específicos: Rins: − Ambos são palpáveis? − Tamanho, simetria e posição? − Forma, contorno e consistência? − Dor? Bexiga: − Posição? − Tamanho, formato, consistência? − Cálculos ou massas palpáveis? − Espessura da parede? − Dor? Próstata (importante em cães): − Posição, tamanho, simetria, consistência? − Dor? Uretra dos machos: − Meato urinário − Secreção uretral ou prepucial? − Tamanho, formato e consistência das porções palpáveis? − Anormalidades periuretrais? Micção: − Frequência? − Disúria? − Retenção? − Incontinência? Exame dos rins: - Exame físico de ambos os órgãos, sempre que possível 4 - Produto mais acessível, é a urina - Possibilidades: a de existência de origem de alguma doença renal em curso, sem comprometimento importante da função e de haver déficit da função renal. - No caso de déficit funcional com comprometimento da função de depuração (redução grave da filtração glomerular). - Azotemia, uremia e glomerulonefrite. Palpação: A palpação dos rins é difícil no cão e mais simples no gato, pode-se descobrir alterações no tamanho, superfície, consistência e posição. A palpação externa dos rins é feito com as gemas dos dedos, posicionados um junto ao outro e ligeiramente flexionados. Tamanho: − Aumentado: nefrite, hidronefrose, pielonefrite, tumor − Diminuído: muito difícil de descobrir (IRC, esclerose renal). − Superfície: difícil de descobrir (tumor, hidronefrose...) − Consistência: difícil de descobrir (duro, flutuante) − Posição: distopia renal Exame dos ureteres: - A palpação externa da bexiga pode ser feita seguindo a mesma orientação das manobras já descritas para a palpação renal. - Durante a palpação vesical, verificam-se localização, volume, forma, consistência (cistite, neoplasia, cálculos), tensão e sensibilidade (à palpação no caso de irritação). - Nos equinos e bovinos, a bexiga pode ser examinada por palpação retal; nas fêmeas é possível examinar a bexiga por palpação vaginal. Avaliação da micção: − As alterações da micção podem estar relacionadas com vários problemas que incluem tanto afecções do trato urinário como afecções extra urinárias. − Disúria − Micção dolorosa − Estranguria − Tenesmo vesical Frequência: − A frequência de micção indicada pelo número de vezes que o animal urina em 24h, deve ser proporcional ao volume de urina produzida no mesmo período. − Polaquiuria ou polociúria − Oligosúria − Iscúria ou retenção de urina − Incontinência urinária Volume: − Poliúria, oligúria (pouca ou pouquíssima urina) ou anúria (quantidade desprezível ou nenhuma urina) − Acompanhamento por 24h com mensuração de todos os volumes eliminados − Número de vezes que o animal está urinando por dia e os tamanhos das “peças” de urina formadas. Aspecto: − Hematúria − Hemoglobinúria: hemoglobina na urina − Mioglobinúria: mioglobina na urina 5 Postura durante a micção: − Disúria − Estranguria − Tenesmo vesical Urinálise: Indicações básicas para a solicitação de um exame de urina: − Sinais clínicos de problemas urinários ou renais; − Suspeita de doenças generalizadas envolvendo outros órgãos; − Exame de triagem paracirurgias e internações; − Complementação de diagnóstico. Informações importantes sobre o animal: − Aumento recente na ingestão de água comum em indivíduos com problemas renais; − Estado do animal durante a colheita da urina, se estava em jejum ou medicado, ou ainda se faz uso de medicamentos; − Método de armazenamento utilizado; − A quantidade diária de urina eliminada pelo animal; − Se há dificuldade para urinar; − Momento da colheita, primeiro jato ou não, hora do dia.... − Os frascos para a colheita devem ser limpos Métodos de colheita: 1) Micção espontânea É o melhor método de colheita, porém é o mais difícil para o proprietário. Pode-se fazer uma leve massagem na bexiga para indução da micção, mas deve-se ter cuidado para que não haja a ruptura desta. 2) Cateterismo É o método mais indicado, porém causa desconforto para o animal. O cateter deve ser estéril, deve se ter cuidado para não causar lesões durante sua introdução e este deve ter calibre adequado. Deve-se ter atenção com a existência do osso peniano em cães. 3) Cistocentese A punção direta da bexiga ou cistocentese é cada vez mais utilizada, mas exige cuidado para que não haja ruptura ou extravasamento de liquido para a cavidade peritoneal. − Para a obtenção da amostra deve-se ter cuidado na manipulação, uma vez que a urina é um material biológico. O frasco deve estar limpo, seco e à prova de vazamentos. O exame deve ser feito o mais rápido possível, devido à possibilidade de alterações químicas, físicas e de sedimento. Algumas consequências da demora na realização do exame: − Multiplicação bacteriana com a produção de amônia; − Alcalinização do pH; − Alteração na coloração e aumento na turbidez; − Corpos cetônicos são voláteis e podem sumir da amostra; − Aumento do nitrato devido à multiplicação bacteriana; − Redução de bilirrubina e urobilinogênio; − Dissolução de cilindros e hemácias eventualmente presente; − Diminuição da glicosúria (glicose na urina), devido à utilização desta por bactérias presentes na amostra. Em caso de impossibilidade de se realizar o exame com rapidez, pode-se acrescentar à amostra algum conservante, como a Formalina, Tonueno, Timo, entre outros. Lembrar que todo conservante leva a alterações na amostra. Também pode-se armazenar a amostra. Também pode-se armazenar a amostra na geladeira, mas a amostra deve ser reconduzida a 6 temperatura ambiente para a realizações na densidade do liquido. Outro cuidado é a proteção da amostra à luz, devido a instabilidade dos pigmentos biliares. A temperatura de armazenamento é de 2 a 8C. Exame físico da urina: Itens pesquisados no exame físico da urina: 1. Cor / odor 2. Aspecto 3. Densidade 4. Formação de sedimento Tipos de amostra de urina: 1. Primeira amostra da manhã (ideal para a triagem de urina) 2. Aleatória 3. Cateterizada Poliúria X Oligúria: Podem ser tanto fisiológicas quanto patológicas. A condição fisiológica é consequência de fatores externos, não relacionados à problemas renais ou outras doenças. Já a condição patológica pode ser por problemas renais e/ou urinários ou problemas em outros órgãos. Poliúria fisiológica: Causas: − Aumento da ingestão de líquidos; − Administração de diuréticos; − Fluidoterapia; − Frio. Poliúria patológica: Tipos e causas: − Disfunção renal; − Nefrose nefrotóxica; − Nefrite generalizada; − Pielonefrite; − Amiloidose; − Hipoplasia renal cortical. Outros problemas: − Diabetes; − Doença hepática; − Empiema uterino em cadelas; − Hipoadrenocorticismo. Oligúria fisiológica: Causas: − Diminuição da ingestão de líquidos; − Após exercício físico intenso Oligúria patológica: Causas: − Nefrite aguda generalizada; − Fase terminal de qualquer doença renal; − Outras doenças extra renais. Aspectos físicos analisados: Cor da urina: A cor da urina amarelada se dá pela presença dos urocromos (pigmentos biliares: Urobilinogênio / Urobilina/ Bilirrubina conjugada). Mudanças se dão devido à eliminação de substancias (drogas ou produtos metabólicos orgânicos) com propriedades tintoriais. 1. Amarelo citrino/ claro: Há variações. Lembra suco de limão. Em poliúria pode variar para incolor. 2. Amarelo âmbar/ escuro: Lembra a cor de mel, típico em casos de Oligúria 3. Amarelo avermelhado/ castanho escuro: Ocorre em hematúria, hemoglobinúria, pela ingestão de algumas drogas e até beterraba. Poliúria – urina com cor pálida e densidade mais baixa. Oligúria – urina com cor mais escura e densidade elevada. 7 4. Amarelo esverdeado/ castanho claro: Ocorre devido ao aumento de pigmentos biliares (bilirrubina ou urobilinogênio). 5. Marrom escuro: Ocorre na mioglobinúria, metahemoglobinúria, casos de acúmulo de melanina. 6. Azul esverdeado: Produzida pelo azul de metileno, utilizado em vários antissépticos. 7. Branco leitoso: É vista na porção final da micção de cavalos velhos com retenção urinária devido à precipitação de carbonatos na bexiga. Aspecto da urina: Límpida: aspecto normal para as espécies com exceção dos equídeos. Turva: − Amostra em repouso por muito tempo; − Baixa temperatura; − Presença de células epiteliais, leucócitos e eritrócitos; − Presença de muco e cristais; − Presença de bactérias. Odor da urina: − Suis generis (normal) − Frutado, doce (corpos cetônicos, comum em diabéticos) − Amoniacal − Putrefeito − Outros Densidade (ou gravidade) especifica da urina (DEU): - Mede grau de solutos existentes na amostra e indiretamente a capacidade renal de concentração da urina. - Aponta o grau de hidratação do indivíduo. Densidade elevada = urinas concentradas ou hipertônicas (oligúrias). Densidade diminuída = urinas diluídas ou hipotônicas (poliúria). - O aumento da densidade indica diminuição da filtração glomerular e/ou aumento da reabsorção de água. - A densidade é obtida usando-se o sobrenadante da amostra que foi centrifugada para obter o sedimento. Deve-se medir a DEU de animais antes da aplicação de qualquer medicação, principalmente líquidos parenterais. Partículas em suspensão como muco, cristais e células não afetam a DEU, pois não se dissolvem. Contudo, podem causar à dificuldade na leitura no refratômetro devido à sua turbidez. Métodos de determinação da densidade urinária: 1. Via urodensímetro: Caiu em desuso devido a maior quantidade necessária de amostras. 2. Via refretômetro: Deve ser calibrado com água destilada antes de usar. 3. Via tiras reagentes: É, no entanto, um método químico. Fatores que levam a diminuição da densidade: − Nefrite intersticial crônica; − Uremia; − Diabetes insípidus; − Empiema (piometra); − Isostenúria (alteração renal que indica perda da capacidade de concentração ou diluição renal. A isostenúria deve ser diferenciada de outras causas de diminuição da DEU. Fatores que levam ao aumento da densidade: − Nefrite intersticial aguda; − Nefrite generalizada aguda; − Desidratação; − Febre; − Edema; − Choque. 8 Exame químico da urina: É o tipo qualitativo e semi-quantitativo e é feito na rotina com uso de tiras reagentes. A leitura pode ser manual ou automatizada. Itens pesquisados no exame químico: − PH − Proteína − Sangue − Glicose − Corpos cetônicos − Bilirrubina − Urobilinogênio − Nitrito As tiras não fornecem um valor muito preciso e não são sensíveis a alterações da densidade pela presença de glicose ou ureia, além de estarem suscetíveis a um falso positivo em amostras alcalinas. Cuidados a serem tomados com o uso de tiras reagentes: − Estocar com dessecante em um recipiente opaco e bem fechado; − Manter as tiras abaixo de 30 C, mas não congelar; − Não as usar após a data de vencimento; − Não usar as tiras reagentes que tiverem perdido a cor; − Não cortar as tiras;− Estar alerta para a presença de substancias interferentes. PH urinário: Os rins são um dos componentes do organismo responsáveis pela manutenção do pH sanguíneo, seja pela excreção ou manutenção de ácidos ou bases no organismo. Para manter o pH sanguíneo constante entre 7,35-7,45, haverá alteração do pH urinário As alterações do pH urinário geralmente indicam mais uma alteração sistêmica do que um processo localizado o nível de sistema urinário. Proteína na urina: Em condições fisiológicas, as proteínas são 100% mantidas no sangue durante a filtração glomerular e a reabsorção tubular, não estando presentes na urina ou presentes em traços, não sendo detectadas pelas tiras reagentes. Porém, em casos de urina muito concentrada, tipo de coleta, categoria do animal (cães machos), pode-se encontrar uma leve proteinúria, que é a eliminação de proteínas na urina. Para que não haja dúvida em relação ao motivo da proteinúria (trato urinário baixo como bexiga e uretra ou problemas renais), deve-se buscar a origem desse achado. A presença de proteínas na urina deve ser avaliada levando-se em conta a densidade especifica da urina, o sedimento e achados clínicos. A proteinúria geralmente é transitaria e mais comum na primeira urina. Pode ser fisiológica ou patológica. As tiras reagentes são mais sensíveis à albumina. Causas fisiológicas: − Exercício muscular excessivo − Convulsões − Ingestão excessiva de proteínas − Função renal alterada nos primeiros dias de vida − Proestro − Estresse Causas patológicas: Proteinúria pré-renal: Decorrente de alterações não renais como febre, convulsões ou exercício muscular intenso. A hipertensão glomerular pode levar a proteinúria branda, como ocorre no hiperadrenocorticismo canino. Também pode estar associada à perda glomerular de proteínas de baixo peso molecular, como as produzidas nos plasmócitos (síndrome nefrótica). Proteinúria renal: É quando os rins perdem a capacidade de filtração por sofrerem uma alteração de permeabilidade capilar, como ocorre em algumas doenças com deposição de imunocomplexos nas microvasculaturas, causando lesão endotelial. − Exemplos: glomerulonefrite e amiloidose renal. 9 A proteinúria renal glomerular, indica um aumento na permeabilidade vascular, enquanto a proteinúria tubular revela uma diminuição da reabsorção. Os achados comuns da condição são: cilindros, células renais no sedimento, densidade urinaria baixa e azotemia. Proteinúria pós-renal: Ocorre em doenças do trato urinário inferior, como cistites e uretrites. Geralmente está acompanhada de eritrócitos, leucócitos e células epiteliais do trato urinário baixo e ausência de cilindros. A densidade é normal. Geralmente há disúria, polaquiúria e estrangúria. Em geral a proteína presente na urina é a albumina. Existem ocasiões, no entanto, em que há suspeita da existência de globulinas ou de outras substâncias que podem dar reação positiva. A diferenciação nesses casos, é feita através do Eletroforese ou por alguns métodos específicos para detecção da albumina. Glicose na urina: Em condições normais a glicose está ausente na urina, devido ao fato desta ser totalmente reabsorvida nos túbulos proximais renais. A glicosúria, a eliminação de glicose na urina, pode ser fisiológica ou patológica. As provas de glicose na urina baseiam-se no poder redutor dos açucares, que podem ser mascarados por outras substancias também redutoras. A presença de corpos cetônicos, por outro lado, pode mascarar o resultado do exame. Glicosúria fisiológica: A glicosúria fisiológica é transitória, pode ocorrer num momento pós-prandial ou em casos de estresse, como que ocorre em felinos, com a liberação de adrenalina. Glicosúria patológica: 1- Glicosúria + normoglicemia: pode ser adquirida ou congênita (síndrome de Fanconi) 2- Glicosúria + hiperglicemia: distúrbio metabólico. Principais distúrbios metabólicos que levam à glicosúria: − Diabetes Mellitus − Hipertireoidismo − Pancreatite aguda − Glicocorticóides − Fluidoterapia − Injuria tubular − Choque pós anestesia geral − Síndrome de Fanconi − Doença hepática crônica A glicosúria é comum em bovinos devido ao seu baixo limiar renal à glicose e também porque esses animais podem desenvolver facilmente hiperglicemia por estresse. Corpos cetônicos na urina: Corpos cetônicos são intermediários do metabolismo. Principais causas de cetonuria: − Diabetes Mellitus − Hipertireoidismo − Inanição, anorexia − Toxemia e prenhez − Cetose em bovinos − Vômitos e diarreias prolongadas − Baixa ingestão de carboidratos Sangue na urina: Em um resultado normal não há presença de sangue na urina. A presença de sangue pode ser devido a uma hematúria, que é a presença de eritrócitos na urina. Hemoglobinúria, presença de hemoglobina na urina; ou ainda Mioglobinúria, muito diluídas (< 1.007) e/ou alcalinas, provavelmente causarão a lise de células sanguíneas, podendo mascarar a hematúria. Na hematúria e hemoglobinúria há eritrócitos na urina, mas na mioglobinúria não há eritrócitos na urina. Hematúria: - Pode ser fisiológica ou patológica. Pode se dar devido à uma hemorragia no trato urogenital ou até devido a forma de colheita, no caso de cateterização. - Outras causas de origem patológicas são: − Glomerulonefrite 10 − Vasculite − Infarto renal − Traumatismos Hemoglobinúria: - Geralmente é resultado de hemólise intravascular, mas também pode se dar pela ruptura de eritrócitos, em caso de demora na realização da analise ou manipulação imprópria da amostra, que é chamada também de hematúria mascarada de hemoglobinúria. - Outras causas de fundo patológicos são: − Hemólise intravascular disseminada − Incompatibilidade de transfusões − Doença hemolítica do recém-nascido − Veneno ofídico − Plantas tóxicas − Toxemia por cobre, mercúrio Diferença entre hematúria e hemoglobinúria na urina: Hematúria: turvo/ depósito após a centrifugação. Hemoglobinúria: aspecto translucido / igual após a centrifugação. Mioglobinúira: ocorre em distúrbios musculares graves, como lesão muscular, rabdomiólise, traumas... sendo detectada com o aumento da atividade serica da enzima CK. Bilirrubina e urobilinogênio na urina: Fisiologicamente não há presença de bilirrubina na urina, com a exceção de cães machos com urina concentrada, pois eles apresentam baixo limiar para a excreção da bilirrubina. A bilirrubina provém da degradação de eritrócitos, enquanto que o urbilinogênio é a forma reduzida de bilirrubina conjugada. A bilirrubinúria deve ser sempre interpretada em associação à densidade especifica. A eliminação de uma pequena parte do urbilinogênio pela urina é normal, sendo ele o principal pigmento que dá cor amarelada ou diminuído na urina. Caso exista suspeita de interferência com substancias, é interessante utilizar o Ictotest. A bilirrubinúria indica a possibilidade de doenças hepáticas ou hemólise e em geral está mais associada à colestase. Qualquer possibilidade do teste em gatos é considerada anormal e requer futuras investigações. A bilirrubinúria precede a bilirrubinemia e a icterícia, podendo ser utilizada como indicador precoce de doenças hepáticas. Causas patológicas de bilirrubinúria e/ou urobilinogenúria: 1) Problemas pré-hepáticas (hemólise): − Entravascular = bilirrubinúria + urobilinogenúria − Extravascular = urobilinogenúria 2) Problemas hepáticos: − Bilirrubinúria + urobilinogenúria − O fígado incapacitado de remover urobilinogênio pela circulação porta/ fígado lesado, incapacidade de conjugar a bilirrubina adequadamente e/ou excrerá-la adequadamente, levando a um aumento sérico da bilirrubina. 3) Problemas pós-hepáticos: − Bilirrubinúria − Obstrução dos ductos biliares ou canal biliar, impedindo a chegada da bile ao intestino e a sua conversão para urobilinogênio, ocorrendorefluxo (aumento da taxa de bilirrubina conjugada plasmática) para o sangue e excreção de bilirrubina. Nitrito na urina: O exame de urina normal não é positivo para nitrito. Os nitritos podem ser produzidos por bactérias eventualmente presentes na urina, principalmente quando estas estão aumentadas em número. A presença de nitritúria pode ser, portanto, indicativa de infecção urinária. Bactérias gram-negativas. Leucócitos na urina: As causas de leucócitos na urina podem ser inflamações renais como: − Nefrite − Glomerulonefrite − Pielonefrite 11 Inflamação do trato urinário inferior, como: − Uretrite − Cistite Inflamações do trato genital, como: − Vaginite − Prostatite − Metrite A PIÚRIA é a presença de leucócitos degenerados na urina. Análise do sedimento em urinálise: O sedimento urinário é composto pelos elementos sólidos existentes na urina. São eles: − Tipos celulares diversos − Eritrócitos e/ou leucócitos − Bactérias − Cilindros − Cristais − Outros Realização da análise do sedimento: 1. Colheita da amostra de urina 2. Centrifugação 3. Despreza-se o sobre nadante 4. Fixação da gota do sedimento em lâminas 5. Análise microscópica Tipos celulares encontrados: - Células epiteliais Em pequeno número são normais no sedimento urinário, principalmente em fêmeas, devido ao epitélio vaginal. Podem ser dos tipos: Células epiteliais transicionais: revestem a mucosa da pelve renal até a uretra. Em condições normais encontram-se em número reduzido. Seu aumento relaciona-se com inflamações, irritações ou neoplasias. Células epiteliais tubulares renais: em condições normais não devem aparecer. Degeneram-se com rapidez, melhor identificadas no interior de cilindros. Indicam lesão tubular. Células epiteliais descamativas ou escamosas: oriundas da camada superficial da uretra (terço final) e vagina, são as maiores células que aprecem no sedimento. Podem estar aumentadas devido ao cio. Leucócito e eritrócitos: Leucócitos são comuns em amostras anormais e seu número varia conforme o método de colheita. Piúria: exame de sedimento corado e de cultura Piúria + cilindros leucócitos: inflamação renal Obs: o tratamento prolongado com corticoides pode levar a inflamação, porém sem reação leucocitária relevante. Eritrócitos são comuns em exame de urina normal de acordo com o método de colheita, aparecendo em maior ou menor número, como os leucócitos. Quando em maior número, indicam hematúria. Em amostras não tão frescas, podem ficar incolores devido à dissolução da hemoglobina. Cilindros: - São constituídos de proteína e mucoproteína, que se aderem ou não a outras estruturas. - É normal que estejam ausentes - O baixo fluxo urinário e a alta concentração de sais favorecem a formação de cilindros. Quando os cilindros aparecem de forma repetida na urina, eles indicam uma doença renal e têm importante valor diagnóstico. - A identificação do tipo de cilindro ajuda na identificação da doença. → De modo geral, os cilindros de menor diâmetro são provenientes do néfron e indicadores de uma alteração aguda. Já os cilindros de maior diâmetro são provenientes dos túbulos coletores e indicam uma lesão mais avançada e importante para o prognostico, que neste caso geralmente é desfavorável. Outros achados na urina: 12 − Ovos de parasitas (contaminação/ presença de parasitas no aparelho urinário) − Espermatozoides − Gotículas de gordura (comumente encontradas na urina de gatos. Raramente têm importância clínica em gatos) Cristais: − São produtos finais da alimentação do indivíduo e dependem do pH urinário para sua formação. Raramente significantes − O pH é o grande regulador da formação dos cristais. Fatores que levam a formação de cristais in vivo (na bexiga): − pH urinário − Concentração e solubilidade de substancias cristalogênicas − presença de promotores e inibidores − Excreção de agentes terapêuticos ou contrastes − Fatores individuais de espécie e raça Fatores que levam a formação de cristais in vitro: − Temperatura − Evaporação − pH urinário − Técnica de preparo da amostra UROLITÍASE: É uma formação de sedimento ou precipitado, constituído de um ou mais cristaloides, pouco solúveis no trato urinário, chamados de cálculos urinários ou cálculos renais. Estes cálculos se formam nos rins a partir de sais minerais presentes na urina. Os cálculos do sistema urinário são classificados de acordo com a sua localização e composição. Perfil renal: Azotemia: é uma alteração bioquímica caracterizada pela elevação plasmática dos noveis de compostos nitrogenados no sangue, ureia e creatinina, que são normalmente excretados pela urina. Isso se deve a diminuição da taxa de filtração glomerular e consequentemente redução na excreção urinaria desses compostos. Fatores pré-renais: Diminuição do fluxo sanguíneo, desidratação, hipotensão, insuficiência cardíaca, hemorragias. Fatores renais: Doença renal aguda ou crônica, Glomerulonefrite, constrição de arteríolas aferentes. Fatores pós-renais: Obstruções renais, uroterais, uretrais, tumores. Azotemia X Uremia: O paciente sem sinais clínicos, mas com elevação na concentração sanguínea de compostos nitrogenados não proteicos é considerado Azotêmico e não Urêmico. Uremia: É a manifestação clinica severa da azotemia, ou seja, quando ocorrem os sinais cínicos da insuficiência renal em um paciente azotêmico. Tais sinais incluem anorexia, vômito, diarreia, hemorragia gastrointestinal, estomatites ulcerativas, letargia, tremores musculares, hálito amoniacal, etc. Insuficiência renal X Falência renal: A insuficiência renal designa quadros em que há perda irreversível de função renal, mas que ainda há a tentativa de compensação por meio reserva funcional dos rins. Na falência renal há disfunção do órgão. Rins → Nefrolitíase Ureter → Uroterolitíase Uretra → Utrolitíase Bexiga → Cistolitíase 13 Indicativos de doença renal observados na urinálise: 1- Exame físico: Atenção à baixas densidades (isostenúria) 2- Exame químico: Atenção a proteinúria − Em animais sadios não há perda de proteínas = glomérulos normais − Animais com nefropatias = há perda de proteína, 60% dos glomérulos lesionados − Animais com falência renal = 80% dos glomérulos destruídos 3- Exame de sedimento: Atenção à presença de cilindros e células tubulares. Enzimas urinárias: As enzimas encontradas na urina podem ter duas origens: filtradas pelo glomérulo ou produzidas pelo epitélio tubular. Existem enzimas que são muito grandes para serem filtradas pelo glomérulo e, nesses casos, o dano ao epitélio tubular promove a sua liberação, sendo uteis para detectar lesão tubular aguda antes do desenvolvimento da azotemia. As duas enzimas que têm essas características são a gamaglutamil transferase (GGT) e a N-acetil- glucosaminidase (NAG). A GGT é ligada à membrana e a NAG é uma enzima lisossomal. Embora as duas enzimas sejam produzidas em outros tecidos, nenhuma é filtrada pelo glomérulo e, portanto, qualquer quantidade encontrada na urina reflete a liberação tubular. Exames laboratoriais para diagnósticos: Hemograma: − Anemia normocítica normocrômica Urinálise: − Cilindrúria/ proteinúria / isostenúria Bioquímica: − Azotemia / hiperfosfatemia / hipocalcemia Adicionais: − USG e RX / diagnóstico por imagem Síndrome nefrótica: Definida pelos achados de: − Proteinúria − Hipoproteinemia − Hipoalbuminemia − Ascite − Hipercolesterolemia − Com ou sem azotemia A combinação de proteinúria, hipoproteinemia, hipoalbuminemia, ascite e hipercolesterolemia é característica clássica da síndrome nefrótica, mas nem sempre está presente em todos os casos. A ascite e o edema podem não estar presentes, mas, mesmo assim, se todas as outras alteraçõesestiverem presentes, o termo síndrome nefrótica pode ser utilizado. A síndrome nefrótica implica que a lesão esteja no glomérulo, tanto por amiloidose quanto por glomerulonefrite. Se a lesão for grave e crônica, poderá existir edema periférico e algum desenvolvimento de trombos pela diminuição da antitrombina III em cães.
Compartilhar