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TCC - Patologia Clínica Veterinária

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA 
Patologia Clínica Veterinária GMV 024. 
 
 
 
 
 
MORFOFISIOLOGIA RENAL E INTERPRETAÇÃO DO EXAME 
DE URINA 
 
 Prof. Dr. Antonio Vicente Mundim. 
 
 
Uberlândia - MG 
2010 
 
 
 1 
I MORFOFISIOLOGIA RENAL 
 
Os rins são os principais órgãos responsáveis pela regulação do meio interno do 
corpo, sendo a urina o produto final desta atividade reguladora. 
Os rins são responsáveis pela: 
1) Eliminação do excesso de água formada no corpo ou nele introduzida; 
2) Eliminação dos elementos inorgânicos, de acordo com as necessidades do 
organismo; 
3) Eliminação de subprodutos terminais não voláteis decorrentes da atividade 
metabólica; 
4) Retenção no interior do corpo, das substâncias necessárias às funções vitais como 
aminoácidos, hormônios, vitaminas, proteínas, glicose e outros; 
5) Eliminação de substâncias tóxicas exógenas; 
6) Formação e excreção de substâncias como ions hidrogênio e amônia; 
7) Eliminação de medicamentos e drogas ingeridas. 
Os rins desempenham um significativo papel na homeostase corporal, ajudando 
a manter a integridade fisiológica do volume de líquido extracelular, na remoção dos 
produtos resultantes do catabolismo e de certas substâncias tóxicas. 
Normalmente a morte ocorre, uma semana após cessadas as funções renais, 
quando as perdas são parciais, ocorrem desvios variados na fisiologia normal, 
dependendo da quantidade de tecido funcional remanescente. 
Importantes substâncias endócrinas são secretadas pelos rins, entre elas a 
eritropoietina, uma glicoproteina produzida pelas células intersticiais e/ou endoteliais 
dos capilares peritubulares, importante na regulação da hematopoiese normal. Sendo 
também produzida no fígado em outras espécies animais que não a canina. 
Outra glicoproteina, a renina, é produzida pelas células do aparelho 
justaglomerular, a qual está envolvida na regulação da pressão sanguínea a nível 
glomerular, e na secreção de aldosterona pelo córtex da adrenal, responsável pela 
reabsorção de sódio e consequentemente água. 
Responsável pela hidroxilação da vitamina D para sua forma ativa, convertendo 
o 25-hidroxicolecalciferol de origem hepática em 1,25-diidroxicolecalciferol, importante 
na absorção intestinal de cálcio. 
Secreção de prostaglandinas pelas células do interstício dos ductos coletores e 
da parede das artérias renais, importante nos períodos de hipotensão. 
Os rins respondem também pela ativação e inativação de vários hormônios, 
incluindo o hormônio antidiurético (ADH), paratormônio (PTH), aldosterona e 
hormônios do crescimento, prolactina, gastrina, calcitonina e tireotrofinas. Esta função 
torna-se importante, uma vez que em casos de insuficiência renal, a retenção 
hormonal pode ocasionar ou exacerbar crises urêmicas. A integração das funções 
renais endócrinas e excretoras se dá através da inter-relação com o sistema nervoso 
central e endócrino. 
Os rins dos animais têm a forma de feijão, possuindo uma depressão na 
margem côncava, que é o hilo renal, onde penetram vasos e nervos e saem os 
ureteres, linfáticos e vasos. 
 2 
1) NÉFRON 
Unidade morfo-funcional do rim, sendo formado pelo glomérulo, cápsula 
glomerular, túbulos contorcidos, alça de Henle e ductos coletores ou de Bellini que 
levam a urina já formada até a pelve renal, interstício e vasos. 
Os rins dos mamíferos possuem dois tipos de néfrons: 
 
1. Néfrons de alça longa - originam nas camadas justamedular e médio cortical, suas 
alças atingem a camada medular interna e externa. 
2. Néfrons de alça curta - originam-se na camada cortical superficial, suas alças não 
atingem a camada medular, são portanto curtos. 
Os néfrons originários da camada médio-cortical podem ser de alça longa ou curta. 
A maioria das espécies animais tem os dois tipos de néfrons. O castor e o rato 
possuem somente néfrons curtos, já o cão e o gato possuem apenas néfrons longos. 
 
 
1.1) PRINCIPAIS COMPONENTES DO NÉFRON 
 
1.1.1 - Glomérulo 
Unidade filtrante, composto de uma rede de capilares enovelados, 
localizados na terminação da arteríola aferente e que se acha envolta pela cápsula 
glomerular, de onde se originam os túbulos contorcidos proximais. Sua função é a de 
filtração de parte do plasma que passa pelos rins (aproximadamente 1/5 do plasma 
que chega ao glomérulo). Como resultado da filtração surge-se um ultrafiltrado com 
composição, osmolaridade, semelhante a do plasma. Todos os glomérulos se originam 
na camada cortical. 
 
1.1.2 - Cápsula glomerular 
Também denominada cápsula de Bowman, é um fundo cego distendido do 
túbulo proximal que se evagina ao redor do glomérulo, quase o circundando por inteiro. 
Ele tem a função de armazenar o filtrado glomerular e encaminhá-lo aos túbulos 
contorcidos proximais. 
 
1.1.3 - Aparelho justaglomerular 
É um grupo de células mioepiteliais com algumas características de músculo 
liso que circundam as arteríolas. Responsável pela produção de renina, a qual é 
secretada na circulação quando a pressão sanguínea na arteríola aferente cai. No 
sangue, ela atua na globulina angiotensinogênica, produzindo angiotensina que atua 
como vasoconstrictor, aumentando a pressão sanguínea a nível glomerular. Estimula a 
secreção de aldosterona, pelo córtex da adrenal que atuará na reabsorção de água e 
sódio e na secreção do potássio nos túbulos renais. 
 
 
 
 
 3 
1.1.4 - Túbulos renais 
Os túbulos renais são responsáveis pela reabsorção de substâncias necessárias ao 
organismo, filtradas a nível glomerular, e pela excreção das substâncias indesejáveis, 
em excesso ou não necessárias fisiologicamente. 
Os túbulos renais são divididos nos seguintes segmentos: 
 
a) Túbulos contorcidos proximais 
 
 É a mais longa e sinuosa porção do néfron. As células que o revestem são 
colunares e cúbicas, apresentando uma zona estriada “borda de escova” na sua 
superfície lisa, elevado metabolismo, exibindo grande número de mitocondrias. Sua 
função é coletar o ultrafiltrado glomerular da cápsula de Bowman, promovendo a 
reabsorção passiva das substâncias úteis ao organismo como a água (75%), 
eletrólitos, aminoácidos, vitaminas e glicose. O sódio, potássio e magnésio são 
absorvidos ativamente. Quando estas substâncias existem em concentrações elevadas 
no plasma, não serão reabsorvidas tubularmente, sendo eliminadas na urina, devido 
ao limiar renal para sua reabsorção. 
 
 
b) Alça de Henle 
É a parte interposta entre os túbulos proximais e os distais. Tubo em forma de 
U, apresentando a porção descendente e a ascendente. A porção descendente é 
delgada e revestida por células epiteliais escamosas simples, já a porção ascendente é 
espessa revestida por células cubóides com bordas em escova bem desenvolvidas. A 
urina encontrada na alça de Henle é a mais concentrada, sendo a concentração maior 
na parte mais baixa da alça, devido ao mecanismo de contracorrente. 
A parte descendente é altamente permeável a água e moderadamente 
permeável para a uréia, sódio e a maioria de outros ions. Comparativamente a porção 
ascendente é impermeável à água e solutos como a uréia e ions. 
 
 
c) Túbulos contorcidos distais 
São menores, menos retorcidos que os proximais. Eles se estendem desde a 
terminação da porção ascendente da alça de Henle até os ductos coletores. O papel 
dos túbulos distais é principalmente o de reabsorção de sódio, potássio, cloro e ions 
divalentes. A permeabilidade à água somente é possível na presença do hormônio 
antidiurético (ADH). 
 
 
d) Ductos coletores 
O curso dos ductos coletores vai desde o córtex através da medular e 
desembocam na pelve renal. Além de conduzir o fluído de vários néfrons até a pelve, 
exerce um papel vital no controle do equilíbrio ácido-básico e na homeostase 
potássica, sendo o local primário de ação do hormônio ADH. Seu epitélio é 
 4 
ligeiramente permeável à uréia. Tem uma grande capacidade de secretar ions 
hidrogênio. 
 
 
2) FILTRAÇÃO GLOMERULARFase inicial de formação da urina consiste na produção de grandes quantidades 
de ultrafiltrado plasmático, contendo pequena quantidade de proteínas, sendo acelular. 
Chegando ao glomérulo pela arteríola aferente, o plasma atravessa a parede 
dos capilares glomerulares através de seus poros, cai no espaço envolto pela cápsula 
glomerular formando o filtrado glomerular, o qual tem praticamente a mesma 
composição química do plasma sanguíneo, exceto pela ausência de proteínas e 
células. A arteríola eferente oferece considerável resistência ao fluxo sanguíneo. 
Devido à alta pressão no glomérulo, ocorre passagem constante de plasma para o 
interior da cápsula glomerular, fenômeno conhecido como filtração glomerular. A 
velocidade de filtração glomerular, ou índice de filtração glomerular (IFG) depende do 
fluxo sanguíneo a nivel renal. 
Apesar da filtração glomerular ter a função de reter substâncias vitais, algumas 
delas podem ser eliminadas no filtrado, sendo posteriormente reabsorvidas nos túbulos 
proximais. 
 
 
3) REABSORÇÃO TUBULAR 
Mecanismo selecionador das substâncias que escaparam no filtrado glomerular, 
aproveitáveis ou não pelo organismo. Logo que o filtrado passa para o túbulo 
contorcido proximal, as substâncias úteis ao organismo como a água, os eletrólitos, a 
glicose, vitaminas, aminoácidos, deixam o espaço tubular, atravessam o endotélio 
tubular e caem na circulação peritubular. Este retorno é chamado reabsorção tubular. 
A reabsorção vai depender da concentração plasmática da substância, por isso, 
quando elas excedem a quantidade normal no plasma apenas a fração normal é 
reabsorvida, com o restante sendo excretado na urina. As substâncias não 
reabsorvidas ou reabsorvidas em pequenas quantidades são chamadas substâncias 
de baixo limiar (ex. uréia, creatinina). As substâncias necessárias ao organismo são 
reabsorvidas em grandes quantidades e são denominadas substâncias de elevado 
limiar (ex. água, aminoácidos e glicose). 
 
 
4) SECREÇÃO TUBULAR 
O néfron dispõe de outro mecanismo para eliminar do plasma substâncias e 
ions. Consiste na passagem destes elementos, presentes no sangue, dos vasos 
peritubulares para o interior dos túbulos, para serem carreadas pelo fluxo, sendo muito 
importante na manutenção do equilíbrio ácido-básico, uma vez que controla a secreção 
de ions de hidrogênio e participa da reabsorção seletiva de cátions e ânions. 
 
 5 
II. INTERPRETAÇÃO DO EXAME DE URINA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
O exame de urina de rotina é um procedimento diagnóstico importante na 
Medicina Veterinária. Embora não seja tão utilizado na clínica de grandes animais 
como o é em pequenos animais, ele é de grande valor no diagnóstico de afecções no 
trato urinário, distúrbios metabólicos e afecções em outros órgãos. 
Como a urina é um fluído de fácil obtenção na maioria das espécies animais, a 
urinálise pode ser facilmente executada como método auxiliar no diagnóstico. 
Embora seja de grande valor, seu uso indiscriminadamente na clínica, sem 
referência ao problema encarado, com interpretações incorretas, tem levado a uma 
depreciação no seu real valor. 
Por ser a urina o produto final de um complicado processo fisiológico e 
delicadamente equilibrado, muitos mecanismos normais e patológicos podem 
influenciar nos resultados. Além de que, inúmeras substâncias tóxicas e hormônios 
possam ser detectados na urina através de exames específicos. 
 
Quando pedir um exame de urina: 
a) Na presença de sinais clínicos de doença renal ou doença em órgãos urinários; 
b) Na suspeita de doenças generalizadas com envolvimento de outros órgãos ou 
sistemas; 
c) Como exame de triagem nos internamentos, principalmente pós-cirúrgicos; 
d) Para acompanhamento clínico do paciente, para estabelecer um prognóstico e para 
avaliação de terapias. 
 
 
1) COLHEITA 
Uma colheita adequada é um dos fatores importantes a ser considerado na 
interpretação dos resultados finais, bem como o processo de conservação e o período 
entre a colheita e a realização do exame, visto que inúmeras alterações ocorrem na 
urina com o passar do tempo. O material utilizado para a colheita deve estar limpo, 
seco, sem resíduos de detergentes e os catéteres devem estar esterilizados. O volume 
de urina necessário para o exame de rotina completo deve ser no mínimo 10 mL. A 
colheita deve ser executada pelo menos três vezes ao dia (manhã, meio dia e à tarde), 
como isto é difícil, devemos dar preferência para as amostras colhidas pela manhã, por 
ser uma amostra mais significativa. 
Os principais métodos de colheita utilizados nos animais domésticos são: 
 
a) Durante a micção normal: de fácil execução em bovinos estabulados ou semi-
estabulados. Procurar desprezar os primeiros jatos, visto que estes podem apresentar 
maior número de contaminantes. 
 
b) Cateterismo da bexiga: um dos métodos mais utilizados. Usar sondas de material 
flexível para os machos e metálica para as fêmeas, de número 4 a 8 de acordo com o 
porte do animal. Para equídeos machos com uma sonda flexível mais comprida, tipo 
nasogástrica humana, para o cão macho sondas mais finas devido à presença do osso 
 6 
peniano. Na vaca, porca, ovelha e cabra estar atento com o divertículo sub-uretral. 
Nos ruminantes machos e varrão o cateterismo é impraticável. Deve desprezar os 
primeiros jatos, pois estes contêm um grande número de células de debris e 
contaminantes da uretra. 
 
c) Massagem na região pré-pubiana e óstio prepucial: utilizada nos grandes 
animais, devendo ser desprezado também os primeiros jatos, por serem muito 
contaminado. 
 
d) Cistocentese: a punção direta da bexiga é o melhor método para a colheita de 
urina em cães e gatos, obtendo assim uma amostra sem contaminação e sem 
interferência de fatores externos. Método ideal para colheita de amostras para 
urocultura. Utilizar seringas e agulhas normais, estéreis. A punção deve ser 
executada após certificar-se de que a bexiga contenha um bom volume de urina 
armazenado. Introduzir a agulha mais próximo ao colo da bexiga. 
 
e) Compressão manual da bexiga: utilizado em animais de pequeno porte (cães de 
raça pequena e gatos). Aplicamos uma pressão firme e constante com os dedos sobre 
a bexiga até que o esfíncter da bexiga se relaxe e a urina seja liberada. Ter cuidado 
para evitar ruptura de bexigas muito distendidas e nos casos de obstrução. Obtêm-se 
melhores resultados com esta técnica de colheita nas fêmeas, devido à facilidade de 
superarmos a resistência e a tensão abdominal do animal. 
 
f) Colheita de urina de 24 horas: este tipo de colheita é utilizado quando 
necessitamos de exames mais específicos como a dosagem de determinas 
substâncias, ou para avaliar a função renal, como o clearance da uréia, creatinina e 
testes de concentração urinária. Nestes casos devem ser utilizadas caixas de colheita 
nos pequenos animais e bolsas amarradas ao corpo nos grandes animais, alternativa 
são as gaiolas metabólicas. Não esquecer de colocar um conservante adequado no 
recipiente de colheita. 
Sempre antes da colheita por qualquer método deve ser realizada assepsia 
adequada dos órgãos genitais, o material deve ser coletado em frasco limpo e seco, 
sem resíduos de detergente e os catéteres devem estar esterilizados. 
 
 
2) CONSERVAÇÃO 
 
O exame de urina deve ser realizado o mais rapidamente após a colheita, 
visto que alterações físicas, químicas e na sedimentoscopia podem ocorrer com o 
passar do tempo, principalmente se a amostra for mantida a temperatura ambiente. 
Existem algumas determinações que só são fidedignas em amostras de urina recém 
colhidas, como a glicose e urobilinogênio. Caso não seja possível a execução do 
exame no máximo 30 minutos após a colheita, optar por um dos métodos de 
conservação abaixo. 
 7 
2.1) Refrigeração (0 a 4º C) é um bom conservante, embora possa causar um ligeiro 
aumento da densidade urinária. O congelamento altera totalmente a sedimentoscopia. 
A amostra deve ser refrigerada até 30’ após a colheitae pode permanecer na geladeira 
até 6 horas. A amostra só deve ser processada após retornar à temperatura ambiente, 
pois os aparelhos são calibrados para esta temperatura e a fita reagente demora 
desenvolver a coloração em urinas em baixas temperaturas. 
 
2.2) Toluol (tolueno): bom conservante, porém pode interferir nos elementos 
anormais. 
 
2.3) Cristais de timol: altera quimicamente a amostra e pode dar albuminúria falso 
positivo quando utilizadas técnicas com o ácido nítrico nitroso. 
 
2.4) Formol a 40%: usar l gota/ 25 mL de urina. Ele preserva bem os elementos do 
sedimento, embora altere a composição química da amostra, além de interferir com o 
resultado de alguns elementos anormais (ex: a glicose). 
 
 
2.5) INCONVENIENTES DO ARMAZENAMENTO 
 O armazenamento da urina com ou sem conservantes, pode causar as 
seguintes alterações na amostra de urina: 
a) Alterações químicas e citológicas; 
b) Precipitação dos solutos e sais em suspensão com formação de cristais 
(cristalúria); 
c) Acelerada multiplicação bacteriana, uma vez que esta é um bom meio de cultura; 
d) Alcalinização da urina, quando presentes na urina bactérias produtoras de urease; 
e) Autólise de algumas células; 
f) Desaparecimento dos cilindros quando a urina estiver alcalina; 
g) Desaparecimento da glicose e oxidação do urobilinogênio. 
 
 
3) URINÁLISE (Uroanálise) 
 
O exame de urina é dividido em três etapas: 
a) Exame físico 
b) Exame químico qualitativo ou elementos anormais 
c) Exame microscópico do sedimento (sedimentoscopia). 
 
 
3.1) EXAME FÍSICO 
 
1) Volume: o volume varia com a alimentação, clima, ingestão de água, 
suplementação de sal, exercício, moléstias sistêmicas e administração de 
medicamentos. O volume só tem valor clínico quando colhida durante o período de 
 8 
24 horas, como na rotina isto não é fácil, o volume de urina não tem valor 
diagnóstico. 
 
Tabela 1 – Volume de urina de 24 nas principais espécies animais (litros/dia) 
Espécie animal Oscilação normal Média 
Equídeos 2,0 - 11,0 4,7 
Bovinos 8,8 - 22,6 14,2 
Ovinos e caprinos 0,5 - 2,0 1,0 
Suínos 2,0 - 6,0 4,0 
Caninos 0,5 - 2,0 1,0 
Felinos 0,1 - 0,2 0,15 
 
 
Causas de poliúria 
• Fisiológicas ou transitórias: => terapia diurética; 
 => aumento da ingestão de fluídos ou líquidos; 
 => após administração de corticóides ou ACTH. 
 
• Patológicas : => nefrite aguda ou crônica; 
 => diabetes mellitus, diabete insípidus; 
 => fase diurética da nefrose tóxica; 
 => glicosúria renal primária, 
 => piometra, amiloidose renal avançada; 
 => hiperadrenocorticismo, pielonefrite generalizada; 
 => hepatopatias graves com polidipsia; 
 => Síndrome de Fanconi e feocromocitoma. 
 
Causas de oligúria: 
• Fisiológicas: => reduzi da ingestão de líquidos, 
 => exercícios físicos intensos, com sudorese intensa, 
 => temperatura ambiente elevada; 
 => hiperventilação pulmonar (cão). 
 
• Patológicas: => associada a desidratações nos episódios de vômitos, diarréia; 
 => nefrites agudas (queda acentuada da pressão sanguínea no 
 glomérulo); 
 => febres prolongadas, disfunção circulatória, edemas; 
 => nas enfermidades renais terminais (prognóstico desfavorável); 
 => cólica equina, sudorese intensa. 
 
Causas de anúria: bloqueio renal agudo e obstrução da uretra. 
 
 
 9 
2) Cor: a cor da urina depende da concentração de urocromos, geralmente varia da 
amarela claro ao amarelo âmbar. Normalmente é amarela ao ser eliminada, mas nos 
herbívoros ela tende a escurecer com o passar do tempo após a colheita, 
principalmente nos equídeos, sendo este escurecimento devido à oxidação da 
pirocatequina. Equídeos velhos com retenção urinária apresentam a urina de cor 
branca leitosa, devido à precipitação de sais de carbonato de cálcio na bexiga e nos 
casos de presença de melanina na urina a sua cor pode variar do marron escuro ao 
preto. 
As principais variações na cor da urina são: 
� amarelo claro ou incolor visto nas poliúrias; 
� amarelo escuro ou amarelo âmbar ocorre nas oligúrias; 
� marron escuro ou castanho visto nas hemoglobinúrias e mioglobinúrias; 
� amarelo acastanhado ou esverdeada devido à presença de pigmentos biliares 
(bilirrubina ou biliverdina), indicando colestase; 
� vermelho claro indicativo de hemorragias no trato genito urinário; 
� vermelho escuro ou vermelho vinho indicativo de hematúria; 
� rosa com fluorescência alaranjada ocorre na porfiria congênita. 
 
 Existem alguns medicamentos que quando administrados ao animal, transferem 
sua cor para a urina, como o azul de metileno que torna a urina azul-esverdeada e os 
fenotiazínicos avermelhada. 
 
 
3) Odor: o odor da urina se deve à presença dos ácidos orgânicos voláteis nela 
presentes, normalmente o odor da urina normal é suigeneris (característico, peculiar). 
Nos herbívoros apresenta um odor aromático, nos carnívoros picante. pronunciado e 
característico nos machos das espécies caprina, suína e felina. 
 Odor de acetona é observado na acetonemia, toxemia gravídica e diabetes 
mellitus. 
 Odor amoniacal ocorre nos casos de fermentação patológica na bexiga. 
 Odor pútrido quando há decomposição ou necrose tecidual no trato genito 
urinário. 
 Alguns medicamentos administrados ao animal transferem seu odor para a 
urina. 
 
 
4) Aspecto: pode ser límpido, turvo ou floculento. 
Nos casos normais ela é límpida ou transparente logo após a micção, exceto nos 
equídeos onde ela apresenta-se turva devido à grande quantidade de sais de 
carbonato de cálcio, podendo inclusive Ter uma consistência viscosa, devido à grande 
quantidade de mucina secretada pelas glândulas mucosas da pelve renal e parte 
superior dos ureteres, principalmente nas fêmeas. Nos caninos e bovinos ela é límpida 
quando eliminada, podendo tornar-se turva com o passar do tempo pela precipitação 
dos sais em suspensão. 
 10 
Causas de turbidez: aumento das células epiteliais, hemácias, leucócitos, bactérias, 
muco, gorduras, cristais e cilindros na urina. 
 
 
5) Densidade: é definida como sendo o peso da urina em relação à água destilada. 
Ela nos irá informar sobre a capacidade dos túbulos renais em concentrar a urina. A 
faixa normal de variação da densidade da urina nas espécies animais encontra-se na 
Tabela 2. 
 
Isostenúria: urina com densidade entre 1007 a 1015, onde a concentração de solutos 
é igual à do filtrado glomerular (< de 300 mOsm/kg). 
Hipostenúria: urina com densidade inferior a1007. 
Barúria ou normostenúria: urina com densidade superior a 1015 (>300 mOsm/kg). 
 
Causas de aumento da densidade: nefrite aguda, cistite (restos celulares), diabetes 
mellitus, redução da ingestão de líquidos, desidratação, vômitos e diarréia prolongada, 
processos febris, choque hipovolêmico, queimaduras, insuficiências cardíacas 
congestivas e isquemia renal. 
 
 
Causas de diminuição da densidade: nefrite intersticial crônica, fase diurética da 
nefrose tóxica, diabete insípidus, uremia avançada, piometra com polidipsia, ingestão 
excessiva de líquidos, fluidoterapia, corticoterapia e uso de diuréticos. 
 
 
3.2) EXAME QUÍMICO QUALITATIVO OU ELEMENTOS ANORMAIS 
No exame químico da urina avaliam-se os elementos abaixo relacionados. 
 
1. Reação (pH): o pH urinário está relacionado com a alimentação e com a capacidade 
dos rins em eliminar álcalis e ácidos não voláteis. Nos carnívoros, nos animais 
lactentes ou naqueles com dieta rica em grãos de cereais, a urina tem pH ácido devido 
à presença de fosfatos ácidos de cálcio e sódio. Nas dietas ricas em carbohidratos, 
nos herbívoros a urina é normalmente alcalina devido à presença de carbonato de 
cálcio solúvel.11 
Tabela 2. Faixa normal de variação do pH e densidade específica da urina nas 
principais espécies animais. 
 Espécie animal Reação (pH) Densidade específica 
 Equina 7,0 - 8,0 1020 a 1050 
 Bovina 7,4 - 8,4 1025 a 1045 
 Ovina e caprina 7,0 - 8,0 1015 a 1045 
 Suína 5,5 - 8,5 1010 a 1030 
 Canina 5,5 - 7,5 1014 a 1045 
 Felina 6,0 - 7,5 1020 a 1040 
 Homem 4,8 - 7,5 1010 a 1030 
 
 
Urina ácida: normal nos carnívoros, bezerros e potros lactentes, jejuns prolongados, 
dieta com excesso de proteínas, inanição, febre, cetose bovina, acidose metabólica e 
respiratória, atividade muscular intensa, doenças caquetizantes, enterites infecciosas, 
nefrites, pielonefrites, terapia acidificante com fosfato ácido de cálcio, cloreto de sódio, 
metionina e cloreto de cálcio. 
 
Urina alcalina: normal nos herbívoros, dietas vegetais, cistites, retenção urinária, 
absorção de transudatos, alcalose respiratória e metabólica, terapia alcalina 
(bicarbonato de sódio, lactato de sódio, citrato de sódio, carbonato de cálcio solúvel). 
 
 
2) Proteínas: as proteínas, principalmente a albumina normalmente não atravessam a 
membrana glomerular. Uma pequena quantidade que atravessa é logo em seguida 
reabsorvida nos túbulos renais. A quantidade que consegue escapar junto com a urina 
é tão pequena que não é detectada pelas provas laboratoriais de rotina. Nos tumores 
como o mieloma das células plasmáticas (ou plasmocitoma), ocorre o escape de uma 
proteína de baixo peso molecular através do glomérulo, denominada proteína de 
Bence Jones (é uma paraproteína). A proteinúria deve ser sempre avaliada com 
relação a outros achados como cilindrúria, piúria e hematúria. Proteinúria com 
cilindrúria sugere perda protéica glomerular como nefropatias, já a proteinúria sem 
cilindrúria com bacteriúria e piúria sugere inflamação pós-renal. 
 
a) Proteinúria fisiológica: devido a um aumento temporário da permeabilidade 
glomerular devido a estresse, convulsões, emoção, atividade muscular intensa, dieta 
com excesso de proteínas, processos febris, durante o estro e nos animais recém-
nascidos. 
 
b) Proteinúria patológica renal: nefrite aguda, nefrite crônica, nefroses, pielonefrites, 
amiloidose renal, estase renal, anemia infecciosa equina, intoxicações por arsênico, 
fósforo, chumbo, mercúrio, éter e sulfas. 
 12 
c) Proteinúria patológica pós-renal: pielites, ureterites, cistites, urolitíases, 
prostatites, abscessos prostáticos, uretrites, vaginites e contaminação da urina por 
descargas uterinas, vaginais e prepuciais. 
 
3) Acetona: a presença de corpos cetônicos na urina é denominada cetonúria. Ela é 
observada nos cães e gatos acometidos por diabetes mellitus, febre, inanição e jejuns 
prolongados, submetidos a dietas ricas em gorduras. Nos bovinos e equínos ocorre 
além das condições citadas acima na atonia rumenal, cetose dos bovinos (bovinos de 
leite), ingestão de pasto com grande quantidade de palha e pobre em carbohidratos 
digeríveis, febre vitular, hipoglicemia (vaca), parto gemelar em ovelhas e toxemia 
gravídica. 
 
4) Glicose: a glicose não é normalmente encontrada na urina dos animais de grande 
porte, a não ser nos casos em que a glicemia ultrapasse o limiar renal, que nos 
ruminantes é de 100 a 140 mg/dL e nos equídeos de 160 a 180 mg/dL e nos caninos e 
felinos 180 mg/dL. A glicosúria pode ser metabólica, quando associada a uma 
hiperglicemia e renal quando associada à normoglicemia. 
 
a) Causas de glicosúria fisiológica ou passageira: dietas ricas em glicides, 
exercícios intensos, excitação, choque, convulsões, anestesia geral, asfixia, terapia 
com corticóides, adrenalina, soluções glicosadas e glicosúria da gravidez. 
 
b) Causas de glicosúria patológica: diabetes mellitus, necrose pancreática, 
hipertireoidismo, afecções crônicas do fígado, hiperadrenocorticismo, 
hiperpituitarismo, raiva, encefalopatias, traumas cranianos, nefrites crônicas com 
lesão tubular e feocromocitoma, glicosúria iatrogênica. 
 
c) Causas de glicosúria falsa ou acidental: devido à presença na urina de drogas 
que reagem com o reativo dando reações falso positivas como: lactose, 
antibióticos, ácido ascórbico, morfina, pentoses, hidrato de coral, formaldeido e 
salicilatos. 
 
5) Sangue oculto: a pesquisa de sangue oculto na urina pode detectar a presença de 
hematúria, mioglobinúria e hemoglobinúria. 
 
a) Causas de hematúria: nefrites hemorrágicas, nefroses, enfartes renais, neoplasias, 
cálculos uretrais, vesicais, pielites, pielonefrites hemorrágicas, traumatismo por 
cateterismo, uretrites, cistites hemorrágicas, hematúria enzootica dos bovinos, 
ação de agentes químicos (Cu, Hg, sulfas), intoxicação por warfarina nos 
equídeos, veneno de cobra, coagulopatias (CID, warfarina, dicumarínicos, 
trombocitopenias) e parasitoses renais. 
 
b) Causas de hemoglobinúria: hemoglobinúria pós-parto nos bovinos, 
hemoglobinúria bacilar, leptospirose, hematozoários, isoeritrólise neonatal, 
 13 
fotossensibilização, intoxicação por cobre, mercúrio, mamona, azevém, 
incompatibilidade sanguínea e veneno de cobra. 
 
c) Causas de mioglobinúria: lesão muscular, exercícios prolongados, rabdomioses e 
azotúria nos equídeos. 
 
As hemácias podem romper-se em urinas muito diluídas, ou em urina mantida à 
temperatura ambiente por um longo período antes da análise dando hemoglobinúria in 
vitro. 
Uma maneira simples de diferenciar laboratorialmente a mioglobinúria da 
hemoglobinúria é através da precipitação da mioglobina em solução saturada de 
sulfato de amônia a 80%, o que não ocorre com a hemoglobina. 
Reações falso positivas para sangue oculto pode ocorrer se presente na urina, 
contaminantes oxidativos ou peroxidases bacterianas que reduzem o reativo. 
 
 
6) Bilirrubina (Pigmentos biliares): formada (os) a partir da hemoglobina, resultante 
da destruição dos eritrócitos. A colibirrubina é eliminada em pequena quantidade via 
renal devido ao limiar renal para a bilirrubina. 
 
 
 HEMOGLOBINA 
 globina���� ���� 
Reutilização HEME 
 ferro ���� ���� ←←←← heme oxigenase 
 BILIVERDINA 
 ���� ←←←← bilirrubina redutase 
 BILIRRUBINA 
 ���� ←←←← glucuronil-transferase 
 DIGLUCURONIL - BILIRRUBINA 
 ���� 
Ciclo ���� BILE 
Entero ���� ���� 
Hepático ���� UROBILINOGÊNIO ���� URINA 
 ���� e 
 ESTERCOBILINOGÊNIO ���� FEZES 
 
Fig. 1. Esquema de metabolismo, formação e excreção da bilirrubina e 
urobilinogênio. 
 
 14 
Causas de bilirrubinúria: doenças hemolíticas causadas por hemoparasitos, tóxicos, 
isoeritrólise neonatal, insuficiência hepática colestática, distúrbios venosos portos 
sistêmicos, colangio-hepatite, colelitíase e obstrução intestinal. 
 
7) Urobilinogênio e urobilina: o urobilinogênio é formado pela ação das bactérias 
intestinais sobre a colibirrubina, sendo parte excretada nas fezes e parte reabsorvida, a 
qual será retirada da circulação porta pelo fígado e excretada na urina. Cães e gatos 
apresentam até 1/32 de urobilinogênio na urina. O urobilinogênio após excretado na 
urina em contato com o ar oxida-se dando origem a urobilina. 
 
a) Causas de aumento do urobilinogênio na urina: hepatites, cirrose hepática, 
doenças hemolíticas, distúrbios venosos porto sistêmico (Shunt venoso porto cava). 
 
b) Causas de diminuição ou ausência do urobilinogênio urinário: obstrução dos 
ductos biliares, redução da hemocaterese, uso de antibióticos principalmente por via 
oral, diarréias e nefrites crônicas. 
 
 
8) Indican: deriva-se do indol que é um produto da putrefação protéica no organismo 
(instestino). O indol origina-se da putrefação e decomposição de proteínas organismo 
(intestinos), é absorvido pela circulação, vai ao fígado ondeé oxidado formando o 
indoxil que após combinar com sulfato de potássio da origem ao indoxil sulfato de 
potássio ou indican que é a forma eliminada na urina. 
 
 A indicanúria tem valor diagnóstico questionável por alguns autores, 
principalmente para herbívoros, onde sua eliminação é maior, enquanto que nos 
carnívoros, sua eliminção ocorre em pequenas quantidades ou mesmo nem ocorre nos 
animais saudáveis. Sua detecção na urina é feita pelo reativo de Obermayer. 
 HCl + INDOL + H2O2 ���� índigo azul (Indican). 
Causas de indicanúria: constipação intestinal, obstrução intestinal, indigestão, 
gastrites, enterites, redução do fluxo biliar (colestases), dieta rica em proteína, 
decomposição protéica em outros locais como nos grandes abscessos, empiemas, 
peritonites e gangrenas. 
 
 
9) Sais biliares: na bile normalmente são excretados sais sódicos dos ácidos 
glicocólico e taurocólico, resultantes da combinação do ácido cólico com a glicina e 
taurina respectivamente. 
 
Condições em que encontramos sais biliares na urina: nas icterícias tanto a 
hemolítica como a obstrutiva, hepatopatias e distúrbios venosos portos sistêmicos. 
 
 
 
 15 
3.2) EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO (SEDIMENTOSCOPIA) 
 
 O sedimento urinário é constituído dos elementos sólidos existentes na amostra 
de urina, que se depositam no fundo do tubo após a centrifugação da amostra. É 
geralmente examinado a fresco, embora possa ser utilizada alguma técnica rápida de 
coloração para facilitar a visualização e identificação das estruturas. A amostra de 
urina para a sedimentoscopia deve ser recente, visto que a demora (mais de duas 
horas) para examiná-la causa fragmentação de certos elementos, principalmente nas 
urinas alcalinas, nas urinas muito diluídas com densidade muito baixa, pode ocorrer 
lise de muitas células presentes na urina. 
Os elementos observados microscopicamente no exame do sedimento urinário 
podem ser divididos em duas categorias: 
• os elementos organizados 
• os elementos inorganizados. 
 
3.3.1) Elementos organizados 
 
3.3.1.1) Células epiteliais 
 
a) Células epiteliais escamosas � são grandes, bordos angulosos e irregulares, 
núcleos pequenos. Originam do epitélio vaginal, mucosa prepucial e uretra distal. 
 
b) Células epiteliais de transição � são menores que as epiteliais escamosas e 
maiores que as do epitélio renal. Tem a forma oval, de fuso, de raquete ou de pêra. 
Originam-se da uretra proximal, bexiga, ureteres, bacinetes e pelve renal. Podem 
apresentar agrupadas em amostras colhidas através de cateterismo, tem pouco valor 
diagnóstico. 
 
c) Células do epitélio dos túbulos renais � são pequenas, arredondadas, 
citoplasma granuloso, pouco maior que os leucócitos. Gealmente apresentam 
degeneradas e são de difícil identificação. Originam-se do epitélio dos túbulos renais, 
indicando uma descamação tubular. Podem ser confundidas com leucócitos. 
 
CAUSAS DA PRESENÇA DE CÉLULAS EPITELIAIS NA URINA 
 ���� renais : degeneração tubular aguda 
intoxicação renal 
isquemia renal 
processo inflamatório 
 ���� pelve � pielite, pielonefrite 
 ���� vesicais � cistite, cateterização agressiva 
 ���� uretrais � uretrite, cateterização agressiva 
 ���� tumorais � diagnóstico por morfologia citológica do sedimento 
 
 
 16 
3.3.1.2) Eritrócitos: são redondos e refrateis internamente, assemelham-se a gotas de 
gorduras. Sua forma no sedimento depende da densidade urinária, e do pH. Nas 
densidades entre 1015 a 1035 aprecem na forma de disco bicôncavo, nas urinas muito 
diluídas (densidade < 1010), podem sofrer lise ou tornar-se vazias e túrgidas (em 
forma de anel), já nas urinas muito concentradas (>1035) podem estar crenadas. Nas 
urinas muito alcalinas elas podem sofrer lise. Mais de 4 a 5 hemácias por c.g.a 
(objetiva de 40) indica hemorragia. 
 
3.3.1.3) Leucócitos: são redondos e com o citoplasma granular, maiores que os 
eritrócitos e menores que as células renais. Degeneram na urina envelhecida e são 
difíceis de serem preservados. Mais de 5 a 8 leucócitos por c.g.a indica piúria e 
inflamação das vias geniturinárias. 
 
CAUSAS DE LEUCOCITÚRIA 
 � Inflamações renais como nefrite, glomérulo-nefrite, pielonefrite 
 � Inflamações do trato urinário baixo como uretrite, cistite 
 � Inflamações do trato genital como vaginite, prostatite, metrite 
 
 
3.3.1.4) Cilindros 
 São moldes protéicos dos túbulos uriníferos, formados a partir da proteína que 
atravessa a membrana glomerular. São constituídos primariamente de uma matriz 
protéica ou mucoprotéica, associada a produtos da degeneração tubular ou celular que 
são incorporados à matriz. Sua presença na urina é indicativa de néfrons inativos, 
embora apenas a presença destes não seja indicativa de enfermidade renal. Sua 
formação é mais frequente nos ramos descendentes da alça de Henle e túbulos 
contorcidos distais, pois nestas porções a urina atinge densidades e acidez máximas, 
favorecendo sua formação. Podem também ser formados nos tubulos coletores, 
indicando neste caso uma lesão mais avançada de prognóstico geralmente 
desfavorável (são os chamados cilindros largos). 
Uma grande quantidade de cilindros é observada na urina de animais que 
tiveram seus rins afuncionais, tão logo suas funções retornarem ao normal, é a 
chamada fase de lavagem dos túbulos. 
 Os principais tipos de cilindros que podemos observar no exame do sedimento 
urinário estão abaixo relacionados. 
 
a) Hialinos: são formados exclusivamente de uma proteína geralmente a albumina e 
de uma mucoproteína, são incolores, homogêneos e semitransparentes, são solúveis 
em urina alcalina, não sendo comum na urina dos herbívoros. Não valor diagnóstico, 
sua presença indica uma irritação renal, podendo ser encontrado em pequeno número 
na urina normal, sendo também encontrados em casos de albuminúria fisiológica, 
irritação renal, nefrites crônicas e processos febris. 
b) Epiteliais: são os cilindros hialinos contendo no seu interior células do epitélio 
tubular íntegras. O número de células no seu interior é variável. Ocorrem nas nefrites 
 17 
agudas, nefroses, nas degenerações do epitélio tubular. A gravidade do processo é 
proporcional ao número de cilindros por campo e ao número de células no seu interior. 
 
c) Granulosos: são cilindros contendo no seu interior grânulos de tamanhos variados. 
Grânulos estes oriundos da desintegração das células epitelias, dos eritrócitos e dos 
leucócitos. Ocorre nas nefrites agudas, nefrites subagudas, nefroses por isquemia ou 
nefrotoxicoses, nas nefrites crônicas são menos abundantes. 
 
d) Céreos ou cerosos: são formações largas, homogêneas, opacas, constituídas de 
substância amorfa, fosca semelhante à cera. Apresentam as extremidades fraturadas 
ou rombas. Sua presença indica cronicidade, estados renais graves, amiloidose renal 
e degeneração renal. São os cilindros granulosos envelhecidos e degenerados. 
 
e) Gordurosos: são cilindros que contêm no seu interior numerosas gotículas de 
gordura altamente refrigentes. Ocorre nas doenças degenerativas do epitélio dos 
túbulos renais como metamorfose gordurosa tubular, envenenamento por fósforo e 
arsênico, lipidose tubular, nefropatias em gatos e diabetes mellitus no cão. 
 
f) Hemáticos (hemorrágicos ou eritrocíticos): são cilindros contendo no seu interior 
grande número de hemácias integras. Ocorre nas nefrites agudas hemorrágicas e nas 
hemorragias nos túbulos renais. 
 
g) Leucocitários ou purulentos: são cilindros contendo no seu interior um grande 
número de leucócitos ou piócitos. Sua presença indica uma nefrite supurada, 
pielonefrite supurada e abscessos renais. 
 Não confundi-los com os chamados cilindróides de pus, que são massas 
alongadas de muco ou proteína com leucócitos aderidos à sua superfície. 
 
h) Cilindros largos: são os cilindros formados nos tubulos coletores maiores, 
indicando um maior número de néfrons afuncionais. Aparecem nos estágios mais 
avançados outerminais das doenças renais, sendo considerados os cilindros da 
falência renal. Eles podem ser hialinos, granulosos, cerosos, etc. 
 
i) Cilindróides: são estruturas que aparecem na urina mimetizando grosseiramente os 
cilindros. Assemelham-se aos cilindros hialinos, porém são mais curtos com uma das 
extremidades terminando em filamento. São formados na maioria das vezes por muco, 
embora possa conter fibrina. Não tem valor diagnóstico. 
 
e(3.3.1.5) Muco 
Pode aparecer na forma de fitas (a mais comum) ou de filamentos estreitos e 
retorcidos de aparência homogênea. È normal na urina dos eqüídeos principalmente 
das fêmeas, nas demais espécies quando em grande quantidade indica irritação na 
uretra, bexiga ou contaminação da urina com secreções dos órgãos do sistema genital. 
 
 18 
3.3.1.6) Espermatozóides 
 Podem ser encontrados normalmente na urina do cão. Nas demais espécies é 
indicativo de espermatorréia. Não tem valor diagnóstico. 
 
3.3.1.7) Bactérias 
 Observadas na forma de pequenos cocos ou bastão, com movimentos próprios 
ou se movimentando pelo movimento browniano. Pode ser devido a uma infecção ou 
mais comumente devido à contaminação. Se devido à infecção ocorre associada a 
uma piúria ou a um grande número de leucócitos no sedimento urinário. 
 
 
3.3.1.8) Leveduras (fungos) 
 São estruturas arredondadas ou ovóides, de paredes duplamente refráteis, 
maiores que as bactérias e menores que os eritrócitos. Quando encontradas são 
devido na maioria das vezes à contaminação, raramente causam infecções. 
 
 
3.3.1.9) Protozoários 
 São raras as infecções urinárias causadas por protozoários. Geralmente são 
contaminantes, oriundas das fezes ou de secreções do trato genital (Trichomonas). 
 
 
3.3.1.10) Parasitas 
 Podemos encontrar no sedimento urinário, ovos de alguns parasitas como: 
 Capillaria plica � parasita da bexiga do cão, gato e raposa; 
 Stephanurus dentatus � parasita renal de suíno; 
 Dioctophyme renale � parasita renal do cão, lobo e visão. 
 Outros ovos podem ser encontrados no sedimento urinário, porém devido 
contaminação da urina com fezes. 
 
 
3.3.2) Elementos inorganizados 
 
3.3.2.1) Cristais 
 
Os cristais são formados pela precipitação dos sais em suspensão na urina. 
Podem ser formados no trato urinário (in vivo) ou no recipiente após a colheita (in 
vitro), geralmente é um achado inespecífico, raramente tendo valor diagnóstico. A 
precipitação dos sais depende do pH urinário e da solubilidade dos cristalóides. A 
identificação microscópica dos cristais às vezes é difícil, porque eles podem Ter 
morfologia semelhante, podem modificar com as alterações no pH urinário e com o 
passar do tempo. Quando da presença de urolitíase os tipos de cristais encontrados na 
urina podem auxiliar na identificação da natureza mineral do cálculo. Alguns 
medicamentos podem causar cristalúria com as sulfas, aspirina e ácido ascórbico. 
 19 
Tabela 3. Tipos de cristais observados com frequência no sedimento urinário 
dos animais domésticos 
Tipo de cristal pH da urina Significado 
Ácido úrico ácido Comum nos dálmatas, urolitíases. 
Ácido hipúrico ácido Envenenamento por etilenoglicol 
Uratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava. 
Biuratos de amônia ácido Hepatopatias, shunt venoso porto-cava. 
Cistina ácido Distúrbio no metabolismo protéico, cistinúria 
congênita e cálculos de cistina no cão. 
Bilirrubina ácido Insuficiência hepática, colestase, distúrbio 
venoso porto-sistêmico. 
Oxalato de cálcio ácido Urolitíases. 
Leucina e tirosina ácido Nefropatias agudas, hepatopatias e intox. por 
fósforo, clorofórmio e tetracloreto de carbono. 
Colesterina ácido Raros, ocorre nas quilúrias. 
Carbonato de 
cálcio 
alcalino Comum nos equídeos, urolitíases. 
Fosfatos amorfos alcalino Urolitíases. 
Fosfatos triplos 
(estruvita) 
alcalino Cistite e retenção urinária. 
3.3.2.2) Gorduras: podem ser observadas no sedimento urinário gotas de gordura, de 
formas arredondadas, de vários tamanhos e altamente refringentes. Coram pelo sudan 
III em vermelho ou laranja. 
 
 Causas de lipúria: � lubrificação do catéter; 
 � metamorfose gordurosa das células dos túbulos renais (gatos); 
 � obesidade; 
 � normal no gato (lipúria fisiológica); 
 � dietas ricas em gorduras, hipotireoidismo; 
 � diabetes mellitus. 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
 
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