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Cristalino e catarata 1 Cristalino e catarata Cristalino Anatomia O cristalino tem origem no ectoderma epidérmico. Com 5-6 dias de formação, já existe um esboço no embrião. As vesículas ópticas irão formar o cristalino - com 1 mês, existe “cristalino”. Localiza-se posteriormente à íris e ao diafragma irido-cristalino. Está no 1/3 anterior do olho, preso pelas zônulas. O cristalino é um meio transparente, uma lente biconvexa avascular, não inervado. Possui ~15-20D. É responsável por 1/3 do poder de convergência do olho adulto. Quanto à coloração normal, é incolor ao nascimento, transparente no adulto, amarelado no idoso e âmbar no idoso. Qualquer opacidade afetará diretamente a entrada de luz nos olhos, piorando a acuidade visual. A cápsula é responsável por modelar o cristalino durante acomodação. É rico em proteínas (35% de sua composição) - se as proteínas ficam desnaturas, desnutridas, desidratadas, escurecidas = opacidade. O diâmetro aumenta durante a vida. É uma estrutura muito fina, com superfície posterior mais convexa que a anterior. Cápsula anterior → 14 micras; na superfície anterior Cápsula posterior → 4 micras; na superfície posterior Além da cápsula, contém córtex e núcleo. obs.: cápsula anterior + espessa = presbiopia Acomodação Cristalino e catarata 2 PONTO DISTANTE → m. ciliar relaxado, zônula tensa e cristalino achatado PONTO PRÓXIMO → m. ciliar contraído, zônula frouxa, cristalino curvo Histologia O cristalino precisa de 2 características básicas para exercer sua função de lente ocular → ser um meio transparente e ter um bom índice de refração. FORMADO POR 4 PARTES: CÁPSULA → composta de fibras colágenas derivadas da membrana basal do epitélio EPITÉLIO SUBCAPSUALAR → presente apenas na face anterior, formado por 1 única camada de células cúbicas, das quais se originam as fibras do cristalino CÓRTEX → contém as principais células estruturais do cristalino, as fibras. Algumas destas células perdem seus núcleos e a maior parte das organelas e contêm proteínas cristalinas que são fundamentais para a função refrativa do cristalino NÚCLEO → contém as fibras do cristalino mais antigas, formadas no período embrionário e ainda impactadas As principais células que compõem o cristalino são formadas no período embrionário e durante a fase de crescimento do olho, envelhecem com o indivíduo, morrem por apoptose e não são renovadas. O cristalino cresce durante a vida por mitoses contínuas do epitélio equatorial. Essas células se maturam nas fibras do cristalino. Novas fibras são constantemente produzidas e migram centralmente a cada nova geração, sendo seus núcleos perdidos e as proteínas compactadas. Não existe divisão das fibras ou catabolismo das proteínas, pois o cristalino deve permanecer transparente. A porção insolúvel das proteínas aumenta com a idade e sua concentração aumenta do córtex para o núcleo, justificando o maior poder refrativo do núcleo. Metabolismo Aa e glicose → maioria vem do humor aquoso Cristalino e catarata 3 Aa entram ativamente (bomba Na/K) Glicose entra passivamente (difusão) → 90% da glicose vem da via das pentoses (glicólise) 10% da energia vem da via do sorbitol. Há um balanço hidroeletrolítico, que garante a transparência. Se há desbalanço, há opacidade. Fisiologia O balanço de água e eletrólitos é responsável pela transparência do cristalino. O cristalino humano normal contém ~65% de água e parte desta é distribuída no meio extracelular (5%). A quebra da homeostase do Ca2+ leva à diminuição do metabolismo da glicose, agregação das proteínas de alto peso molecular e ativação de proteases destrutivas. Os produtos que sobram do metabolismo saem do cristalino por difusão. Devido à baixa concentração de oxigênio no cristalino, somente 3% da glicose do cristalino produz ATP. Na ausência de glicose, o cristalino não mantém suas funções normais e se torna opaco. A via do sorbitol é ativada e acumula sorbitol, que é metabolizado em frutose e acumula sorbitol no cristalino. O aumento do gradiente osmótico no cristalino atrai água, o que resulta na embebição das fibras, disrupção da arquitetura do citoesqueleto e opacificação do cristalino. Danos oxidativos e mecanismos de proteção Radicais livres são produzidos no curso normal do metabolismo celular. Eles podem levar à lesão nas fibras cristalinas. A peroxidação de fibras plasmáticas ou das mbs lipídicas contribuem para a opacificação do cristalino e perda de funções normais O cristalino é equipado com várias enzimas que protegem contra radicais livres → peroxidase, catalase e superoxido desmutase. A vitamina E e C (ácido ascórbico) estão presentes no cristalino e protegem contra oxidação. Biomicroscopia com lâmpada de fenda Deve-se avaliar basicamente 3 tópicos → posição, morfologia e textura. A técnica de iluminação ideal é a iluminação direta em fenda estreita, alternando com iluminação direta em corte óptico. Coloca-se movimentos de varredura com a luz de fenda e analisa-se a transparência e opacidade do cristalino. Biomicroscopia de segmento anterior As fibras mais internas são mais antigas, mais esclerosadas e menos transparentes do que as periféricas. Podemos, assim, diferenciar núcleo central e córtex - a espessura do córtex aumenta com a idade, devido ao aporte permanente de novas fibras à partir do epitélio; já o núcleo aumenta de tamanho, devido à estratificação das fibras corticais que se depositam sobre ele. Alterações congênitas do cristalino Reliquats embrionários → desenvolvimento inadequado de alguma região, restam debris; raramente causam redução da acuidade. Malformações → microesferofacia, coloboma congênito, ectopia lentis, lenticones e lentiglobos; afetam mais a acuidade Cristalino e catarata 4 Opacidades Microesferofacia Geralmente, é decorrente de um defeito no desenvolvimento da zônula. Cristalino esférico e pequeno, bilateral. Associada à homocistinúria, Sd. Marfan, Sd. Alport, Sd. Weill-Marchesani. Sd. Marfan Doença de caráter autossômica dominante. A ectopia lentis está presente em 80% dos casos - “sol poente”. A subluxação do cristalino é mais comum súpero-temporal. Podem cursar com descolamento de retina e miopia. Coloboma Uma falha em uma parte do cristalino (desenvolvimento incompleto). Pode ser isolado ou associado ao desenvolvimento da zônula ou do corpo ciliar. Lenticone Anomalia que provoca saliência na zona axial do cristalino, na cápsula anterior ou posterior. Sd. Alport → geralmente, cápsula anterior Catarata Qualquer opacificação do cristalino que interfere na formação da imagem na retina e leva à alteração visual. Catarata é considerada a causa mais comum de cegueira e perda parcial de visão do mundo. Cristalino e catarata 5 Classificações CLASSIFICAÇÃO EVOLUTIVA DAS CATARATAS ADQUIRIDAS: 1. Incipiente 2. Em evolução 3. Madura 4. Hipermadura → intumescente, leitose e morgiana Classificação etiológica - adquirida ou congênita: ADQUIRIDA → senil; doença sistêmica, traumática, doenças oculares Classificação morfológica → subcapsular, cortical, nuclear branca/nigra, corticonuclear obs.: subcapsular posterior = relacionado ao uso de CE e DM CONGÊNITA → rubéola e toxoplasmo, principalmente Classificação morfológica → polo anterior, polo posterior, nuclear, punctata, sutural, lamelar Cristalino e catarata 6 Fatores de risco Idade avançada Tabagismo Exposição solar DM Uso de corticoides Trauma ocular Catarata congênita Neonato sadio 30% idiopática, 30% hereditária (geralmente, bilateral), 30% associada à doença sistêmica. Outras anormalidades estão presentes em 50% → aniridia (má formação da íris), colobomas, microftalmo. Neonato doente Rubéola congênita, toxoplasmose, CMV, varicela, galactosemia, hipoglicemia, hipocalcemia, sd. Down, sífilis. Tto Sem tto clínico. Facoemulsificação com implante de lente intra-ocular. Inserir substância viscoelástica para evitar colabamento (e SF). Melhor quanto mais incipiente (desde que prejudique a acuidade) - mudao grau refracional (”escolher” a patologia que fica, pois a lente é monofocal; multifocal é melhor, mas depende da esfericidade do olho do paciente). CRITÉRIOS → >60a ou opacidade suficiente (fazer quando prejudicar a acuidade, mas não tão avançado). obs.: quanto mais faz US, mais mata células da córnea; fazer antes de fases maduras Após cirurgias, aumenta o risco de deslocamentos.
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