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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN ORGANIZADORES FERNANDO LUIGI PADOIN FONTANELLA; MARCIA MERLO História da arte e do design GRUPO SER EDUCACIONAL Os movimentos da sociedade e suas consequências transformam todas as áreas do conhecimento, e não é diferente com a arte. Esta obra abrangente e bem ilustrada mostrará as in�uências sofridas pela arte no decorrer dos tempos diante das transformações. Os autores farão uma análise dos períodos históricos e iniciará cada perío- do com uma aproximação ao contexto geral o qual está inserido, aspectos geográ�cos, econômicos e sociais e então serão aprofundados os temas de cada ramo da arte. Obra fundamental para os estudantes de vários cursos que tenham a história da arte e dodesign em seu currículo. HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN E CULTURA BRASILEIRA ORGANIZADORES: FERNANDO LUIGI PADOIN FONTANELLA;MARCIA MERLO; LEONARDO DE LUCCA; ANDREIA JULIANE DRULA. gente criando futuro C M Y CM MY CY CMY K 20/11/2019 17:26:50eBook Completo para Impressao - Fundamentos da Educacao - Aberto.indd 1 LIVRO 1 HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN LIVRO 2 ARTESANATO E CULTURA BRASILEIRA HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN (LIVRO 1) Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Fontanella, Fernando Luigi Padoin. História da arte e do design / Fernando Luigi Padoin Fontanella ; Marcia Merlo. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555580495 1. Arte - história. 2. História da arte. 3. Design - história. 4. Merlo, Marcia. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Fernando Luigi Padoin Fontanella Arquiteto e Urbanista, formado pela Universidade do Vale do Itajaí, Mestre pelo Programa de Pós- Graduação em Turismo e Hotelaria da UNIVALI. Trabalha com Arquitetura e Urbanismo, ênfase em projeto arquitetônico residencial, comercial e restauro do patrimônio. Márcia Merlo Doutora em Ciências Sociais – Antropologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003); mestrado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997); graduada em licenciatura plena em História pela Pontifícia Católica de São Paulo (1992) e bacharelado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1990). Autora de material didático para Educação à Distância - EAD. Idealizadora do Projeto Inquietude no IED-SP (2017-2019). Docente convidada da disciplina de Design & Brasilidade na pós-graduação lato sensu em Design de Mobiliário na UNIGRAN. Dirige o projeto de Museu (Online) da Indumentária e da Moda – MIMo (www.mimo. org.br). Idealizadora e organizadora do Seminário Moda Documenta, e, a partir de 2014, lançou o Congresso Internacional de Memória, Design e Moda (www.modadocumenta.com.br). Atua, desde 2019, como consultora educacional e como professora de ensino superior desde 1998. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Introdução a arte, a arte no mundo antigo e a arte no renascimento ........................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Introdução ao conceito de arte .......................................................................................................... 11 2 Arte no Antigo Egito ........................................................................................................................... 12 3 Arte na Grécia Antiga ......................................................................................................................... 19 4 Arte na Roma Antiga .......................................................................................................................... 27 5 Arte no Renascimento........................................................................................................................ 35 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................42 UNIDADE 2 - Arte, design e modernidade ......................................................................................43 Introdução.............................................................................................................................................44 1 Noções Preliminares .......................................................................................................................... 45 2 Barroco e Rococó ............................................................................................................................... 45 3 Neoclassicismo e Romantismo ........................................................................................................... 55 4 Art Nouveau e Art Déco ..................................................................................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................66 UNIDADE 3 - Vanguardas modernas, Bauhaus e modernismo no brasil ..........................................67 Introdução.............................................................................................................................................68 1 Vanguardas modernas ....................................................................................................................... 69 2 Bauhaus .............................................................................................................................................77 3 Modernismo no Brasil ........................................................................................................................ 81 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................87REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................88 UNIDADE 4 - Arte, design e contemporaneidade ............................................................................89 Introdução.............................................................................................................................................90 1 Noções preliminares .......................................................................................................................... 91 2 Pop arte e arte retrô .......................................................................................................................... 93 3 Arte contemporânea .......................................................................................................................... 97 4 Design e arte: conexões conceituais .................................................................................................. 104 5 Designers de interiores: dois casos brasileiros ................................................................................... 107 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................109 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................110 Esta obra abrange vários aspectos da história da arte e do design, oferecendo conceitos, detalhes dos movimentos da sociedade e como eles influenciam na arte. O conteúdo será apresentado em quatro unidades de forma ampla e didática. Na primeira unidade, faremos uma introdução à arte, à arte no mundo antigo e a arte no renascimento. Discutiremos brevemente sobre as teorias que envolvem o tema, os conceitos e a importância do estudo da história da arte e ampliaremos a discussão para os principais períodos históricos iniciando no Antigo Egito, tratando na sequência da arte clássica Grega e Romana e, por fim, abordaremos o Renascimento. Nosso percurso dentro de cada período iniciará com uma aproximação ao contexto geral o qual está inserido, aspectos geográficos, econômicos e sociais e então serão aprofundados os temas das artes visuais como a pintura, a escultura e a arquitetura. Na segunda unidade, arte, design e modernidade, apresentará a relação intrínseca entre arte e design no período moderno, sobretudo entre o fim da Idade Média e a construção da Era Moderna. A discussão será estendida à história do design como campo criativo e produtivo e como ela está ligada às transformações socioculturais e de mentalidade. A arte está imbricada aos movimentos da sociedade, por ser um forte elemento da cultura e isto também trataremos nesta unidade. Faremos uma visita aos movimentos artísticos do período que revelaram um novo olhar sobre o mundo real e sobrenatural e sobre os indivíduos, que também influenciaram o design. A terceira unidade tratará das vanguardas Modernas, Bauhaus e Modernismo no Brasil. Iniciaremos nosso estudo compreendendo o que originou as grandes mudanças pelas quais a arte passou no início do século XX. Havia um mundo em transformação e a arte respondeu a essas transformações; veja nesta unidade. Vamos aprofundar o conhecimento sobre a Escola Bauhaus, importante momento para o desenvolvimento do design no mundo. Por fim, trataremos sobre o Modernismo no Brasil e a busca por uma identidade própria nas artes. Finalizando este livro, falaremos sobre arte, design e contemporaneidade. Apresentaremos a relação intrínseca entre arte e design na atualidade dos anos pós Segunda Guerra Mundial. Apontaremos como o mundo passa a ser repleto de objetos globalizados e como o design e os designers dialogam com a arte e a cultura em geral para preencherem os “vazios” existenciais ou a busca pela satisfação/insatisfação dos desejos. Qual é o lugar da arte e do design nessa contemporaneidade? Abordaremos os assuntos pertinentes a essa questão nesta unidade. Verificaremos como isso passa a ser engendrado pela Pop arte; como o Retrô reconstitui um passado idílico por meio das memórias afetivas colocadas nas coisas; como o designer de interiores entra na intimidade das pessoas, e, ainda, o que é e em que contexto verificamos o surgimento da arte contemporânea e quais conceitos ela nos oferece para pensarmos a atualidade e novos projetos de design. Conheça a história da arte e do design com este livro. Bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Introdução a arte, a arte no mundo antigo e a arte no renascimento Olá, Você está na unidade Introdução a arte, a arte no mundo antigo e a arte no renascimento. Iniciaremos nosso estudo compreendendo um pouco sobre as teorias que envolvem o tema, os conceitos e a importância do estudo da história da arte. Na sequência abordaremos a arte dentro dos principais períodos históricos: primeiramente no Antigo Egito, na sequência a arte clássica Grega e Romana e, por fim, o Renascimento. Nosso percurso dentro de cada período iniciará com uma aproximação ao contexto geral no qual está inserido, seus aspectos geográficos, econômicos e sociais, e então, aprofundaremos os temas das artes visuais como a pintura, a escultura e a arquitetura. Bons estudos! Introdução 11 1 INTRODUÇÃO AO CONCEITO DE ARTE Para ARGAN (1994) a arte é um tema dificilmente delimitável. Enquanto tempo de duração, a arte se estende desde as manifestações humanas pré-históricas até os dias atuais. De um ponto de vista territorial, engloba todas as áreas onde há ocupação humana. A arte pode abranger uma vasta relação de atividades: as artes visuais, a poesia, a música, a dança, os espetáculos e outras manifestações. Do ponto de vista dimensional, têm-se cidades inteiras, obras de arquitetura, esculturas, gravuras e outros exemplos que podem demonstrar a variedade de dimensões que a arte pode ter. Há ainda uma ampla gama de técnicas que podem ser apropriadas para a produção de obras artísticas. O conceito de arte é ligado ao trabalho humano e a relação entre a atividade operacional e a mental. A razão está presente na fabricação dos objetos artísticos, em uma técnica empregada e na ordenação lógica de ideias para a expressão de um resultado. Mas a obra escapa do domínio puramente racional, há a emoção, o espanto, a intuição e as associações. A arte pode assumir função prática, representativa, ornamental e tantas outras. Um objeto assume valor artístico quando a sua forma, isto é, aquilo que é visível, adquire um significado a uma consciência. 1.1 Valor artístico O conceito de arte não é comum a todas as culturas, cada qual possui uma maneira específica de a conceber e interpretar. Ao julgar um objeto artístico, “gosto” ou “não gosto”, constrói-se uma relação que depende de instrumentos internos do observador, não é dependente somente daquilo que o artista quis expressar através da obra. Assim se percebe que o juízo e o valor artístico não são definitivos, dependem da época, da cultura e de quem a faz e de quem a observa (COLI, 1995). O parâmetro para juízo de valor artístico ao longo do tempo variou. Houve épocas onde se observava a fidelidade na reprodução da natureza, conformidade com regras e formas de composição, havia um significado religioso, narrava-se um fato histórico ou outros parâmetros. Atualmente vivemos em um meio com a valorização da ciência, sendo a história e a ciência que estudam as ações do homem. Um dos atuais parâmetros de juízo de valor artístico é a história. Cada obra é localizada no tempo, no espaço e na situação em que foi produzida, assim pode ser avaliada por sua relevância e consequências dentro de um contexto histórico (ARGAN, 1994). 1.2 História da arte O estudo da história da arte busca a compreensão dos fenômenos artísticos a partir da análise de um conjunto de elementos que são tomados como objeto de pesquisa. Os objetos possuem semelhanças e diferenças que permitem caracterizá-los e agrupá-losem conjuntos que conformam períodos históricos. Os objetos artísticos possuem uma ligação íntima com o contexto 12 cultural em que estão inseridos. Eles promovem a cultura, mas são promovidos por ela também (COLI, 1995). 2 ARTE NO ANTIGO EGITO A civilização do Antigo Egito se desenvolveu ao longo do vale do Rio Nilo, um dos maiores rios do mundo, no norte da África, durante 3000 anos. Pode-se dividir o período da civilização do Antigo Egito em três fases: Reino Antigo (2649 – 2134 a.C.), Reino Médio (2030 – 1640 a.C.) e Reino Novo (1550 – 1070 a.C.). Para compreender o Antigo Egito deve-se considerar o Rio Nilo, pois seus ciclos determinavam a vida dos egípcios. Havia a época de cheias do rio, quando as inundações promoviam terras férteis e então a época de plantio e colheita. O rio também era utilizado para comunicação e navegação entre o alto e o baixo Nilo. O território possuía barreiras naturais como as montanhas, o deserto e o mar mediterrâneo, assim, em um ambiente protegido houveram períodos de paz e prosperidade que permitiram grandes avanços em diversas áreas. No ano de 30 a.C. aconteceu o domínio Romano e o Egito se tornou uma província de Roma. A sociedade no Antigo Egito era hierarquizada e rígida. Com pouca mobilidade social, era formada pelo Faraó, nobreza e sacerdotes, escribas e exército, artesãos e comerciantes, camponeses e escravos. O governo era centrado na figura do Faraó, considerado filho dos deuses. A religião era predominantemente politeísta (crença a vários deuses) estes se manifestavam no mundo de diversas formas. No Egito Antigo havia a crença na vida após a morte que acabou por influenciar no desenvolvimento da arte Egípcia (FARTHING, 2011). 2.1 Características Os temas das artes no Antigo Egito eram predominantemente funerários e religiosos, ligados a vida após a morte e ao culto aos deuses. Junto a estes temas principais apareciam a vida cotidiana, a colheita, criação de animais e temas da natureza. A arte se manifestou de diversas formas geralmente de porte monumental e suntuoso, com a utilização de cores, formas naturais e padrões geométricos (FARTHING, 2011). 2.2 Pintura Pode-se destacar algumas particularidades da pintura egípcia. Uma das principais é a “bidimensionalide”. Como pode ser observado na figura “Detalhe: Pintura Egípcia”, a imagem humana se apresenta distorcida, a cabeça é representada em perfil enquanto os olhos são vistos de frente. O corpo da figura apresenta o tórax visto de frente e os membros inferiores e os pés são vistos de perfil. Não há perspectiva nas representações (BECKET, 2006). 13 Figura 1 - Detalhe de uma pintura egípcia Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a pintura de duas figuras em uma parede. A esquerda um deus com cabeça de ave e a direita uma figura humana. Compõem ainda a pintura pequenos desenhos e símbolos de fundo. Na pintura egípcia a representação de figuras de deuses e de faraós eram sempre maiores que as demais, o que reforçava aspectos de hierarquia e superioridade. As pinturas narravam histórias através de uma sequência de figuras, muitas vezes acompanhadas de hieróglifos (sistema de escrita egípcia) que auxiliava na contextualização e transmissão de mensagens. Além das representações principais com motivos religiosos haviam aquelas com cenas do cotidiano, como na figura “Inspecionando os campos para Nebamun”, pintura encontrada em um túmulo no Antigo Egito (FARTHING, 2011). Figura 2 - Inspecionando os campos para Nebamun Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma placa da parede um túmulo com a pintura de figuras humanas e de animais simulando o trabalho no campo. 14 2.3 Escultura A escultura no Antigo Egito foi explorada em diversas escalas, desde pequenas estátuas em cerâmica, estátuas em tamanho natural até colossos em pedra maciça, como no caso da figura “Templo de Abu Simbel”. Em geral a postura das estátuas eram rígidas, com expressão precisa. Figura 3 - Templo de Abu Simbel, Aswan Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a fachada de um templo escavado na rocha, ao lado de sua entrada quatro grandes estátuas esculpidas em pedra. Outra técnica artística utilizada pelos egípcios era esculpir peças em baixo relevo. Assim como na pintura, predominava a representação das figuras em perfil, com as figuras principais em tamanhos maiores e com os súditos em tamanho reduzido. Neste caso, em geral, havia poucos elementos de fundo, predominavam os hieróglifos contextualizando a cena. Os baixos-relevos eram executados em diversas escalas, desde placas menores em paredes, até em fachadas inteiras como no caso da figura “Templo de Hórus” (FARTHING, 2011; COLE, 2011). Figura 4 - Templo de Hórus, local: Edfu Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a fachada de uma grande edificação em pedra, ao lado do portão de acesso desenhos em baixo relevo de figuras divinas. 15 2.4 Arquitetura As principais estruturas arquitetônicas do Antigo Egito localizavam-se em uma área específica destinada aos ritos funerais e ao culto aos deuses, não dentro da cidade onde ocorria a vida cotidiana. Assim como a arte, a arquitetura mais desenvolvida era aquela ligada aos ritos funerários e à adoração aos deuses, ainda que houvessem arquitetura de palácios, residências e outros (CHING, 2006; COLE, 2011). A seguir, conheceremos alguns exemplos arquitetônicos: a) Mastaba: São os túmulos das primeiras dinastias de faraós, procuravam ser estruturas resistentes e duradouras, pois seriam a morada na vida após a morte. Internamente haviam divisões de ambientes e decorações nas paredes. Na figura “Mastaba: simulação” percebe-se a simplicidade formal. Figura 5 - Mastaba: simulação Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a simulação de uma estrutura trapezoidal em pedra. b) Pirâmide: São os elementos arquitetônicos mais associados ao Antigo Egito. A “pirâmide escalonada” é uma das primeiras versões, formada por 6 degraus, e se assemelha a mastabas empilhadas. Exemplo na figura “Pirâmide Escalonada”. Figura 6 - Pirâmide Escalonada, local: Saqqara Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma grande estrutura de pedra em formato de pirâmide dividida em degraus.s 16 As pirâmides lisas de Gizé (Quéops, Quéren e Miquerinos) marcam o auge deste tipo de construção, o desenvolvimento da matemática, da engenharia e o domínio de técnicas obtiveram uma geometria apurada. Na figura “Pirâmide de Gizé e Esfinge” percebe-se a monumentalidade da pirâmide e também a monumentalidade da Esfinge que faz parte do complexo funerário. Internamente as pirâmides possuíam corredores de circulação que conduziam às câmaras funerárias e outras salas internas que não recebiam luz natural. Figura 7 - Pirâmide de Gizé e Esfinge, local: Gizé Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos no primeiro plano uma grande estátua em pedra, a estátua é uma esfinge: possui corpo de leão e uma cabeça humana. No segundo plano uma grande estrutura em pedra em formato de pirâmide. c) Túmulos cavados na rocha: Com o tempo os faraós adotaram câmaras cavadas em morros como túmulos. Uma série de tuneis e ambientes compunham a estrutura. Internamente eram decorados com pinturas nas paredes como na figura “Interior Túmulo de Ramsés III”. Sistemas de pisos e câmaras falsas protegiam os túmulos de violações. Figura 8 - Interior do túmulo de Ramsés III Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos um corredor central subterrâneo com colunas laterais decoradas em baixo relevo pintado 17 Um exemplo célebre deste tipo de sítio é o “Vale dos Reis” onde se localizam várias tumbas, inclusive a do Faraó Tutancâmon que reinou no Antigo Egito de 1333 – 1323 a.C.). A tumba manteve-se intacta por milênios e preservou alguns um dos mais famosos exemplares de arte egípcia. Na figura “Máscara mortuária de Tutancâmon” pode-se perceber a grandeza da arte funerária, pois é feita em ouro elápis-lazúli com detalhes e simbologias. Figura 9 - Máscara mortuária de Tutancâmon Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma máscara mortuária em outro com a face de um homem que utilizada touca típica dos faraós (nemes). Destaca-se as listras em dourado e azul da touca. d) Templos: Os templos eram estruturas que abrigavam a devoção aos deuses, formados por uma série de espaços que, quanto mais se adentravam ao templo, mais sagrado era o local e mais restrito era o acesso. A entrada era geralmente marcada por grandes estátuas e desenhos em baixo relevo com a representação dos deuses e dos faraós. Na figura “Templo de Karnak” têm-se um exemplo do templo e seu acesso através de uma série de estátuas. 18 Figura 10 - Templo de Karnak, local: Tebas Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos um amplo corredor de acesso, nas duas laterais há uma série de grandes estátuas em pedra. Pode-se destacar ainda outros elementos que compunham a arte e a arquitetura no Antigo Egito: Obelisco: Grande pilar quadrado de pedra maciça com topo piramidal, era utilizado na decoração de templos, como exemplificado na figura “Obelisco no Templo de Karnak”. Muitas vezes possuía inscrições em hieróglifos em suas laterais. Figura 11 - Obelisco no Templo de Karnak, local: Tebas Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos ruínas de edificações em pedra e ao centro se destaca um bloco de pedra monolítico vertical com inscrições em suas laterais. Colunas: Elementos estruturais muitas vezes ornamentados e com capitéis inspirados em vegetações como flor de lótus, palmeiras, papiros e também em motivos humanos. Na figura “Coluna e Capitel do Templo de Karnak” têm-se um exemplo de capitel com motivos vegetais e detalhes de hieróglifos no corpo da coluna. 19 Figura 12 - Coluna e Capitel do Templo de Karnak, local: Tebas Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma série de colunas em pedra com inscrições de hieróglifos e capitel com motivos florais. 3 ARTE NA GRÉCIA ANTIGA A civilização da Grécia Antiga se desenvolveu a partir da península grega, estendendo-se no mar Egeu. Ao leste alcançou a Ásia Menor, ao sul a costa Africana e a oeste a Sicília. A história da Grécia Antiga pode ser compreendida em três grandes fases: Grécia Arcaica (750 - 500 a.C.); Grécia Clássica (500 - 323 a.C.); Período Helenístico (323 – 30 a.C.). Anteriormente têm-se o período pré-clássico formado pela Civilização Minoica (1650 – 1450 a.C.), baseada na Ilha de Creta, e a Civilização Micênica (1600 – 1200 a.C.), uma cidade no continente. Estas civilizações desenvolveram a Arte Egeia que influenciou a formação da civilização Grega. No ano 30 a.C. a Grécia foi anexada ao Império Romano e passou a estar sob o domínio do imperador Augusto. A geografia acidentada da península grega dificultava a circulação e a comunicação entre os povos que ali habitavam, assim, o isolamento destes povos favoreceu o desenvolvimento de cidades-estados, cidades autônomas sem um governo central a todas. A geografia também não favorecia a agricultura e o cultivo em grande escala, por outro lado constituía portos naturais que auxiliavam na navegação. O mar era utilizado para a comunicação FIQUE DE OLHO A arte e arquitetura egípcia influenciaram outros povos ao longo do tempo, suas técnicas, matérias e formas foram exploradas em diferentes períodos. Hoje pode se perceber elementos que remontam ao Antigo Egito no mundo contemporâneo, como por exemplo, as estruturas piramidais de aço e vidro construídas em 1898 no acesso ao museu do Louvre em Paris, França. 20 entre as ilhas, para transporte e comércio de produtos. No período pode-se destacar as cidades- estados de Atenas e Esparta. A sociedade da Grécia Antiga contribuiu para a formação do mundo ocidental com a Democracia, uma forma de governo onde os cidadãos possuíam direito de participar. A religião era politeísta marcada pelo caráter humanista dos deuses, isto é, eles possuíam características humanas. A arte se desenvolveu no culto aos deuses como Zeus (deus dos deuses), Apolo (deus do sol), Artêmis (deusa da caça), Afrodite (deusa do amor) e outros (FARTHING, 2011; COLE, 2011). 3.1 Características A arte na Grécia Antiga, de forma geral, é caracterizada pela busca do equilíbrio entre a beleza, harmonia e proporção. Notadamente ao longo do tempo se percebe maior apuração das técnicas e mudanças na forma de composição. Na Grécia houve grande desenvolvimento da escultura e da pintura, entretanto, muito da pintura se perdeu com o tempo. 3.2 Pintura A pintura era utilizada na decoração de objetos, como nas ânforas e outros itens de cerâmica. Utilizava padrões simples e lineares com influência das culturas precedentes Minoica e Micênica. No período Arcaico, a pintura de vasos cerâmicos também foi explorada e os temas eram variados como cenas mitológicas, aspectos da vida cotidiana, ritos funerários, competições esportivas e feitos heroicos (BECKET, 2006; FARTHING, 2011). Pode-se destacar dois estilos, ou técnicas: a) Estilo figura negra: as figuras se destacavam em negro em um fundo avermelhado. O desenho das figuras pintadas em preto se sobressaem no fundo em argila não esmaltada. Na figura “Vaso com pintura estilo figura negra” percebe-se a representação de uma cena de luta, ornamentos florais e geométricos. b) Estilo figura vermelha: o esquema de cores é invertido, as figuras aparecem em tom avermelhado como a argila não esmaltada e o fundo em preto esmaltado. Com esta técnica era possível maior riqueza de detalhes. 21 Figura 13 - Vaso com pintura estilo figura negra Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos um vaso com duas alças, destaca-se a cor avermelhada do vaso com uma cena de luta pintado na cor preto. 3.3 Escultura O primeiro período (Arcaico) da escultura da Grécia Antiga é marcado pela influência egípcia, um arquétipo simétrico e inicialmente geométrico. Haviam dois tipos de esculturas: o kouros, um nu masculino em pé e a kore, uma jovem vestida. Como pode ser visto na figura “Kouros de Anavissos”, a estátua representava o ideal grego do ser humano: jovem, belo, livre e do sexo masculino. Muitas esculturas se apresentam atualmente monocromáticas, no próprio material (mármore) que foram esculpidas, entretanto eram decorados com pinturas coloridas. Figura 14 - Kouros de Anavissos, local: Ática, ano: 530 a.C Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem uma estátua em mármore de um nu masculino, em pose rígida. 22 O segundo período (Clássico) se desenvolve em um contexto histórico de prosperidade, crescimento da cultura grega na literatura, filosofia e artes. A escultura deste período buscou poses de ação e movimento, como observado no exemplo na figura “Agias”. Detalhes como joelho dobrado, a cabeça inclinada e expressão contemplativa trazem movimento e reflexão, a figura parece mais natural e humanizada. Figura 15 - Agias, local: Farsala, século V a.C. Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem uma estátua em mármore de um nu masculino, os joelhos levemente dobrados sugerem movimento e a cabeça inclinada sugere reflexão. No terceiro período (Helenístico), a arte grega é disseminada em várias partes do mundo antigo pelas conquistas de Alexandre, o Grande. As esculturas se destacavam pelo movimento que transmitiam, expressões e poses contorcidas, como é representado na figura “Laocoonte”. Tensões físicas e psicológicas podiam se evidenciar na face das esculturas. Além das representações de feitos heroicos, deuses e a mitologia, surgem representações de temas relacionados ao humor, retratos e o nu feminino (anteriormente a figura feminina era representada vestida). Nesse período a arte passou também a ser utilizada para embelezar casas e palácios. 23 Figura 16 - Laocoonte, local: Roma Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem uma estátua em mármore. A figura central é um homem, há um jovem no lado esquerdo e um outrono lado direto. A representação de uma cobra os ataca, as figuras se contorcem e possuem expressão de sofrimento. 3.4 Arquitetura A arquitetura da Grécia Antiga refletia os ideais de beleza ligados à matemática e às proporções. Uma medida utilizada para alcançar as ideias era um módulo que correspondia ao diâmetro da base de uma coluna. O sistema mais clássico utilizado na arquitetura era o de colunas e vigas com pouco uso de arcos. Os materiais utilizados comumente para construção eram pedras e mármores, estruturas de telhado em madeira e cobertura com telhas de terracota. Assim como as esculturas, as estruturas arquitetônicas também eram caracterizadas pela policromia, detalhes eram muitas vezes realizados com pinturas (CHING, 2006; COLE, 2011). A cidade grega possuía uma Acrópole, como pode ser visto na figura “Acrópole de Atenas”. Trata-se de uma cidadela localizada na parte mais elevada da cidade, um local sagrado onde se encontravam templos e tesouros. Na porção mais baixa da cidade destaca-se a Ágora, espaço onde ocorriam relações comerciais, ou a praça pública da cidade onde ocorriam reuniões populares e políticas. A Ágora geralmente era circundada por edifícios e pórticos (CHING, 2006). 24 Figura 17 - Acrópole de Atenas Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem uma vista da cidade de Atenas, sobre um monte as ruínas de templos, no entorno na porção mais baixa no terreno o restante da cidade. A busca dos gregos por uma harmonia em suas edificações levou a definição de regras de composição para a edificação. Cada estilo de arquitetura clássica é caracterizado pelo tipo de coluna e entablamento adotados. A coluna é o elemento vertical cilíndrico da estrutura e é composta basicamente por uma base, o fuste e o capitel. Por sua vez, o entablamento é a estrutura horizontal apoiada sobre as colunas (CHING, 2006). a) Ordem Dórica: É a mais antiga e simples dentre as ordens, caracteriza-se por coluna canelada, desprovida de base e capitel sem ornamentos. Representa solidez e traz um caráter masculino. Figura 18 - Representação da Ordem Jônica Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho do detalhe do capitel da ordem Dórica, a coluna com frisos longilíneos na vertical e no topo capitel sem ornamentos. b) Ordem Jônica: Aparece na Grécia da Ásia Menor, possui coluna canelada, base e capitel com volutas. As volutas são ornamentos em espiral que se assemelham a um pergaminho enrolado, como observado na figura “Representação da Ordem Jônica”. Inspiravam leveza, 25 fantasia e elegância. Figura 19 - Representação da Ordem Jônica Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho do detalhe do capitel da ordem Jônica, a coluna com frisos longilíneos na vertical e no topo duas espirais em cada lado da coluna. c) Ordem Coríntia: É a ordem mais ornamentada desenvolvida pelos gregos, entretanto, foi utilizada em maior destaque pelos romanos. Possui características semelhantes ao estilo Jônico, porém com proporções mais delgadas. Capitel decorado com motivos vegetais: folhas de acanto como pode ser visto na figura “Representação da Ordem Coríntia”. Possui caráter feminino e delicado. Figura 20 - Representação da Ordem Coríntia Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho do detalhe do capitel da ordem Coríntia, com elementos que remetem a folhas. d) Cariátide: Coluna constituída pela escultura de figuras femininas utilizada para sustentar o entablamento. Exemplo mais célebre pode-se observar na figura “Cariátides de Erectêion”, onde no pórtico sul do templo é utilizado este estilo. 26 Figura 21 - Cariátides de Erectêion Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem um templo grego em ruínas, destaque para um pórtico (ou tribuna), onde há uma cobertura sustentada por seis pilares em formatos de corpos femininos. Os templos eram estruturas arquitetônicas da Grécia Antiga onde se destacara o uso das regras matemáticas de proporção. Em cada templo era adotado somente uma ordem e, em algumas situações, adotava-se uma ordem internamente e outra externamente. O templo era o santuário da divindade a qual o templo era consagrado, o ingresso não era destinado a todos, somente aos sacerdotes a pessoas específicas (COLE, 2011). Havia uma grande preocupação com o efeito externo. A planta básica era basicamente retangular circundada por uma colunata, estas características podem ser observadas na figura “Templo de Concordia”. Internamente o templo era dividido em três partes: vestíbulo ou pórtico de acesso, santuário com a estátua da divindade e o alpendre posterior (CHING, 2006). Figura 22 - Templo de Concordia, local: Sicília Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem um templo grego em ruínas, destaque a elementos básicos da arquitetura, base em degraus, colunata, entablamento e frontão. 27 Na fachada do templo se destacava a colunata e o frontão. O frontão é a empena triangular da fachada principal, apoiada nas colunas e no entablamento, muitas vezes era decorado com motivos religiosos. Na figura “Reconstrução virtual do Parthenon” pode-se observar o templo em sua completude, destaque para o frontão com as estatuas que representam uma disputa entre deusa Atenas e o deus Poseidon (CHING, 2006). Figura 23 - Reconstrução virtual do Parthenon Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem a reconstrução virtual de um templo grego, um edifício retangular com uma série de colunas no entorno, a cobertura é em formato triangular com esculturas. Outra estrutura que se destaca eram os teatros, locais onde aconteciam uma das formas de expressão mais característicos da arte grega. No teatro grego encenavam-se os gêneros clássicos: a tragédia e a comédia. A estrutura era a céu aberto, normalmente em uma encosta, de forma semicircular onde se localizavam os assentos. 4 ARTE NA ROMA ANTIGA A Roma Antiga se desenvolveu na porção central da península itálica e abrangeu no seu auge territórios que iam desde as ilhas britânicas, passando por toda a Europa e alcançando Grécia, norte da África, Oriente Médio até o Mar Cáspio. A civilização precedente era o povo Etrusco que habitava a península e deixou legados para a arte e a arquitetura romana. Outra grande influência foi a cultura grega da qual Roma se apropriou de muitas características. A história da Roma Antiga FIQUE DE OLHO Estilos arquitetônicos ao longo do templo reviveram elementos da Antiga Grécia, no período Romano, na Renascença e no período Neoclássico. O neoclassicismo foi apropriado em larga escala na Europa e na América do Norte, adotado em muitos edifícios públicos e civis, como sedes governamentais, instituições de ensino e outros. 28 é compreendia em dois principais períodos: República (509 – 27 a.C.) e Império (27 a.C. – 476 d.C.). Roma possuía uma política de expansão de territórios, a forma de governo superou as cidades-estados e unificou diferentes povos sobre um mesmo governo. Assim como a cultura grega, a romana exerceu papel fundamental na formação da sociedade ocidental. As leis e o direito romano que conseguiam ser aplicadas a tantos povos diferentes influenciaram o mundo moderno. Tal dimensão territorial que a Roma Antiga atingiu e o longo período de duração da civilização (aproximadamente mil anos) dificultam até mesmo na definição de uma arte romana (FARTHING, 2011). 4.1 Características A arte romana combinou elementos etruscos e gregos. Muitos aspectos da arte grega eram reproduzidos e inclusive copiados, mas se pode identificar contribuições originais da arte romana principalmente na pintura, escultura, arquitetura e na arte de mosaicos. 4.2 Pintura A pintura romana era executada sobre bases de madeira (as quais não se conservaram com o tempo) e em murais de paredes. As pinturas murais utilizavam a técnica do afresco, onde se pintava sobre uma superfície de argamassa recém aplicada ainda úmida, o que garantiu maior durabilidade. Os registros deste tipo de pinturase preservaram nas cidades de Pompeia e Herculano. Figura 24 - Villa dei Misteri, local: Pompeia Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem pintura realizada em uma parede, são representadas figuras humanas femininas com poses diversas em um ritual, há a representação de elementos arquitetônicos na pintura como se as figuras humanas estivem dentro de um ambiente. 29 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Pode-se identificar temas naturais como plantas, flores, pássaros, paisagens e natureza morta, as pinturas em geral buscavam o realismo (BECKET, 2006). Identifica-se quatro estilos de pintura: Primeiro estilo ou Estilo de alvenaria Relevos pintados sobre o reboco que lembravam mármores coloridos; Segundo estilo Representava elementos arquitetônicos como peitoris e colunas junto a cenas de paisagens, como se fosse a vista a partir de uma janela. Para tal se utilizava efeitos de luz e sombra. Na figura “Villa dei Misteri” têm-se um exemplo preservado deste estilo, a cena retrata um ritual com mulheres e elementos arquitetônicos pintados o que ressalta o aspecto de tridimensionalidade; Terceiro estilo Figuras bidimensionais e paisagens livres em meio a desenhos ornamentais; Quarto estilo Uma combinação do segundo e terceiro estilo, que compunham vários níveis espaciais. 4.3 Escultura As esculturas Romanas eram caracterizadas pela execução de bustos realistas, representações religiosas ou mitológicas e representação de feitos militares que eram utilizados para fins de propaganda política. Estátuas de imperadores em tamanho real e monumentos públicos retratavam o poder e os ideais políticos da época, como exemplo a estátua do Imperador Augusto na figura “Augusto de Prima Porta” e figuras equestres. Também eram produzidas esculturas em 30 baixo e alto relevo com cenas de batalhas, lendas, caça e outros (FARTHING, 2011). Figura 25 - Augusto de Prima Porta, local: Roma Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem a estátua em mármore de um imperador romano, com vestes militares, pés descalços, ele aponta mão para o alto como se pronunciasse um discurso, segura uma túnica e um bastão consular. A baixo a esquerda há a figura do cúpido. 4.4 Mosaico O desenvolvimento do mosaico foi uma das mais importantes contribuições romanas para a área das artes. Os mosaicos eram aplicados em grandes e importantes edificações e até em residências. Os temas eram variados, com a representação humana, natureza, padrões geométricos e outros. Na figura “Cena de Caça em Mosaico” têm-se um exemplo desta arte. Utilizava-se materiais de grande resistência, como mármores, uma vez que eram aplicados também como pavimento. 31 Figura 26 - Cena de caça em mosaico romano, local: Mérida Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos um mosaico com a representação de um homem montado em um cavalo, ele está armado com um escudo e uma lança. O homem aponta a lança para um animal, semelhante a uma pantera, como num ato de caça. Completam a imagem representação de vegetação e uma moldura de faixas entrelaçadas. 4.5 Arquitetura A arquitetura Romana se caracteriza pela fusão de tradições etruscas, gregas e o uso de tecnologias construtivas próprias, como tijolos e concreto. Dos etruscos destaca-se a utilização de arcos e abóbodas, dos gregos as ordens e estilos. Dava-se grande importância ao aspecto funcional das obras, especialmente aquelas de grandes dimensões (CHING, 2006; COLE, 2011). Os arcos eram elementos amplamente utilizados, permitiam maiores vãos entre os pilares (em relação a tradicional arquitrave) e exigiam o domínio de técnica de construção. O arco era utilizado em edificações e em obras de infraestrutura como pontes e aquedutos. Na figura “Aqueduto Romano” tem-se um exemplo de aqueduto formado por arcos de pedra (CHING, 2006; COLE, 2011). Figura 27 - Aqueduto Romano, local: Segóvia Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma estrutura longilínea em pedra formada por uma série de arcos. Possui dois níveis de arcos. 32 A abóboda, como um arco expandido em linha reta, formava um teto curvo para cobertura de uma sala. A cúpula era outro elemento utilizado para cobertura, como um arco que faz um giro de 360º. Na figura “Panteão” o referido templo é um exemplo da utilização da cúpula que possuía um raio de 43 metros e no alto um óculo (abertura circular que permitia a entrada de luz) (CHING, 2006). Figura 28 - Panteão, local: Roma, ano: 128 Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho da sessão transversal de um templo romano, onde se observa a grande cobertura em formato de cúpula, o topo da cúpula aparece aberto o que representa o óculo. Como já enunciado, a arte romana se apropriou de elementos da arte grega. O mesmo ocorreu com as ordens dórica, jônica e coríntia que foram incorporadas e modificadas na arquitetura romana (CHING, 2006). Foram desenvolvidas outras duas ordens: a) Ordem Toscana: tem origem na arquitetura etrusca e no dórico, possui coluna, capitel e entablamento lisos, e também possui uma base. Pode ser observado na “Representação da Ordem Toscana” que a ordem inspira mais rusticidade em relação as demais. Figura 29 - Representação da Ordem Toscana Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho do detalhe do capitel da ordem toscana, uma coluna lisa, com um friso e capitel simples. 33 b) Ordem Compósita: Uma criação romana com união da ordem dórica e de capitel jônico. Na figura “Representação da Ordem Compósita” destaca-se as volutas dispostas diagonalmente e a presença de folhas de acanto. Era um dos estilos mais empregados e associados a Roma. Figura 30 - Representação da Ordem Compósita Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos o desenho do detalhe do capitel da ordem compósita, representam folhas vegetais e espirais. A arquitetura romana construiu grandes obras como os Anfiteatros. Na figura “Vista Aérea do Coliseu” percebe-se o edifício em formato oval (alguns anfiteatros eram circulares) com acentos em seu entorno, no centro se realizavam espetáculos como as lutas de gladiadores. O Coliseu na cidade de Roma é o maior exemplo deste tipo de edificação, comportava até 50 mil pessoas. Na sua fachada tem-se o uso das ordens clássica, no primeiro pavimento a ordem toscana, no segundo pavimento a ordem jônica e no último pavimento a ordem coríntia (COLE, 2011). Figura 31 - Vista Aérea do Coliseu, local: Roma, ano: 80. Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a vista aérea atual das ruínas de um anfiteatro romano, uma grande construção em formato oval. Sua estrutura é composta por uma série de arcos. Destaca-se a sua dimensão em relação do resto da cidade. 34 O teatro romano por sua vez é baseado no formato do teatro grego em semicírculo, entretanto, era erguido a partir do nível do solo (não em uma encosta). Outras edificações se destacavam como: Templos (dedicados aos deuses); Fórum (praça pública, local de reunião popular, vida jurídica e comercial da cidade); Arco do Triunfo e Colunas (monumentos comemorativos); Estádios esportivos; Termas e outras edificações. Na figura “Arco de Tito” observa-se um arco do triunfo executado para homenagear o Imperador Tito pela conquista de Jerusalém, a ordem utilizada é a compósita (CHING, 2006; COLE 2011). Figura 32 - Arco de Tito, local: Roma, ano: 81 Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma estrutura em arco de grande dimensão. Assim como a arte grega, a arte romana foi uma das principais influências de períodos artísticos seguintes como o Renascimento no século XV e o Neoclássico no século VXIII. A arte grega e a arte romana compõem a chamada “Antiguidade Clássica”. FIQUE DE OLHO Além da questão de estilos e ordens, a tipologia dos edifícios romanos foram transmitidas e influenciaram outros períodos da história da arte e da arquitetura. Um exemplo é a Basílica, um edifício longo junto ao fórum romano utilizado para reuniõespúblicas. O edifício era caracterizado por um espaço central de grande altura, uma abside semicircular na extremidade e uma série de colunatas. A basílica romana serviu de modelo para as igrejas cristãs primitivas e inclusive o nome é atualmente empregado dentro do contexto de um templo cristão. 35 5 ARTE NO RENASCIMENTO O Renascimento aconteceu no início do século XV, iniciou na cidade italiana de Florença e depois se expandiu para outras cidades. O período é marcado pela transição entre a Idade Medieval e a Idade Moderna. Neste período há o interesse na “Antiguidade Clássica”, na superação de valores medievais e no aparecimento do humanismo e do antropocentrismo, o homem como centro do universo. Alguns fatores fazem Florença ser o berço do renascimento, era uma cidade em pleno desenvolvimento, possuía um governo em forma de república e havia um período de estabilidade. Na figura “Vista de Florença” têm-se um panorama da cidade com destaque a catedral e sua cúpula. A cúpula foi uma das primeiras obras de arquitetura do Renascimento. Projetada por Brunelleschi foi a maior cúpula erguida desde a antiguidade (COLE, 2011). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Figura 33 - Vista de Florença Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos uma vista aérea de uma cidade, a grande dimensão e os detalhes da catedral se sobressaem. 36 Em Florença destacava-se uma classe social burguesa que passou a ter papel fundamental na sociedade devido ao poder econômico adquirido. O papel se estendia da política até a cultura, naquele ponto não somente a igreja, mas esta classe também passou a apoiar artistas. O mecenato permitiu uma intensificação da atividade artística e a família Médici foi uma das responsáveis (FARTHINF, 2011). A aproximação à cultura clássica, à filosofia, à literatura, mitologia e principalmente a descoberta dos “Códices de Vitruvius” promoveram uma visão mais humanista. O homem e seus feitos passaram a ser o centro do mundo Junto a isso, uma visão mais racional de mundo com valorização das ciências naturais: observação da natureza e a experimentação. Mesmo assim, o conhecimento teológico cristão continuou a ser explorado (FARTHING, 2011). A renascença teve seu início em Florença, e na sequência, ocorre a Alta Renascença ocorrida principalmente na cidade de Roma. Os artistas foram para Roma fomentados pela igreja e pelos papas, lá puderam desenvolver importantes obras e aprofundar in loco suas pesquisas na arte clássica romana. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5.1 Características A arte renascentista trabalhava com temas religiosos, mas também fez a retomada de temas históricos e da mitologia grega e romana. O realismo é uma das características. O mundo é observado para ser compreendido em sua complexidade. Por exemplo, o artista Leonardo da Vinci, fez vários estudos a respeito da anatomia humana e, para representá-la com realismo, buscou proporções que encaixam o homem dentro de proporções matemáticas. Na figura “O homem Vitruviano” podemos visualizar um pouco desta pesquisa, há duas imagens de um homem sobrepostas e suas proporções se encaixam dentro de um círculo e um 37 quadrado, figuras racionais que enunciam o homem como a medida das coisas (BECKET, 2006; FARTHING, 2011). Figura 34 - O Homem Vitruviano. Artista: Leonardo Da Vinci, ano: 1492 Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a reprodução do desenho do artista onde há dois corpos nus masculinos sobrepostos, um em posição ereta e outro com os braços e pernas abertas. Os desenhos são inscritos em um círculo e um quadrado de forma perfeita. 5.2 Pintura Na pintura renascentista destaca-se o desenvolvimento de técnicas como a da perspectiva linear, o sfumato e uso da tinta a óleo. A perspectiva linear dava ao artista a capacidade de criar profundidade em uma superfície plana pois, através de um sistema matemático era possível calcular a proporção das figuras em relação a posição que ocupavam na cena. Junto à perspectiva, os efeitos de luz e sombra davam ainda mais tridimensionalidade e faziam a pintura parecer quase uma escultura. Na figura “Escola de Atenas” tem-se o afresco executado por Rafael, observa-se o uso da perspectiva e o apreço pelo período clássico. Esse apreço se destaca pela ambientação com as ordens clássicas e a representação de filósofos, matemáticos, astrônomos e cientistas da antiguidade (BECKET, 2006; FARTHING, 2011). 38 Figura 35 - Escola de Atenas. Artista: Rafael, local: Vaticano, ano: 1511 Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a pintura de uma basílica, destacam-se os arcos e os tetos em abóbodas, a utilização de elementos clássicos na pintura da arquitetura, uma escadaria e a pintura uma série de homens em poses de reflexão e conversa. Outra técnica apurada na pintura era o sfumato, onde o artista fazia uma suave transição entre as cores diferentes na pintura, criando uma sensação de distanciamento. Uma das obras mais célebres que utiliza a técnica é a Mona Lisa de Leonardo Da Vinci, executada no ano de 1506 (BECKET, 2006; FARTHING, 2011). 5.3 Escultura A escultura na história aparece geralmente junto a uma obra arquitetônica ou ornamentação, no renascimento há um fortalecimento da sua independência enquanto arte. Há uma busca pelo realismo e o interesse pela figura humana, seu corpo e expressões. Na figura “Davi” pode-se perceber o domínio da anatomia para a produção de esculturas. A escultura do Renascimento usou vários tipos de materiais, principalmente o mármore, mas foram produzidas peças em bronze e madeira também. A escultura no renascimento foi explorada através de alto e baixo relevo na composição de painéis que retratavam histórias religiosas. São reconhecidas as concorrências entre artistas para a execução de obras que seriam aplicadas nas portas de templos (BECKET, 2006; FARTHING, 2011). 39 Figura 36 - Davi, Artista: Michelangelo, local: Florença, ano:1504 Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos a escultura de Davi, um homem nu esculpido em mármore, percebe-se sua monumentalidade e o realismo nos detalhes físicos. 5.4 Arquitetura A arquitetura do Renascimento buscava uma linguagem equilibrada, através de simetria, proporção entre as partes e ritmo na sua composição. Apresentavam um efeito de racionalidade e ordem, com a adoção de formas puras, como o círculo e o quadrado, que simbolizavam a harmonia e o equilíbrio (CHING, 2006; COLE, 2011). Duas tipologias de edificações podem ser destacadas: as igrejas e os palácios. As igrejas utilizavam os elementos clássicos da arquitetura grega e romana e buscavam uma simplicidade formal. Pode-se observar ainda um predomínio de linhas horizontais. A racionalidade entre a planta baixa, a elevação e o volume da edificação eram exploradas, isto pode ser observado na figura “Tempietto”, um pequeno templo projetado por Bramante. Os palácios, muitas vezes de famílias burguesas, possuíam geralmente três andares e um pátio central, edifícios que transmitiam poder e riqueza (CHING, 2006; COLE, 2011). 40 Figura 37 - Tempietto, Arquiteto: Bramante, local: Roma, século: XVI Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: Na imagem temos um templo religioso construído com as características do Renascimento, destaca-se a planta centralizada, cúpula e colunata no estilo dórico. 41 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • Entender sobre o conceito geral de arte, a importância de estudar este tema e a relação que a arte tem com o contexto histórico que está inserido; • Compreender que a arte no Egito Antigo era ligada principalmente aos ritos funerários e à religião, aspirava a monumentalidade e suntuosidade; • Estudar que arte grega buscava a beleza através do equilíbrio e proporção entre as partes de uma obra, e que as ordens arquitetônicas estabeleciam padrões a serem seguidos; • Entender como a arte romana foi influenciada pela arte grega e etrusca, e que sua maior expressão foi atravésda arquitetura monumental; • O Renascimento ocorre após o período da Idade Média, quando houve uma retomada dos ideais gregos e romanos. O homem e seus feitos são colocados como o centro do mundo. PARA RESUMIR ARGAN, G. C. Guia de história da arte. 1ª ed. Lisboa: Editorial Estampa, 1992. BECKET, W. História da Pintura. 1ª ed. São Paulo: Ática, 2006. CHING, F. D. K. Dicionário Visual de Arquitetura. 1ªed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. COLI, J. O que é Arte. 15ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. COLE, E. História Ilustrada da Arquitetura. 1ªed. São Paulo: Publifolha: 2011. FARTHING, S. Tudo Sobre Arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 2 Arte, design e modernidade Você está na unidade Arte, Design e Modernidade. Conheça aqui a relação intrínseca entre arte e design no período moderno, sobretudo entre o fim da Idade Média e a construção da Era Moderna. A história do design como campo criativo e produtivo está ligada às transformações socioculturais e de mentalidade. A arte está imbricada aos movimentos da sociedade, por ser um forte elemento da cultura. Nesta Unidade observaremos como alguns movimentos artísticos do período que revelaram um novo olhar sobre o mundo real e sobrenatural e os indivíduos, os quais também influenciaram o design. Bons estudos! Introdução 45 1 NOÇÕES PRELIMINARES No Design, a arte pode ser compreendida como influenciadora de novas linguagens estéticas e propulsora do campo da visualidade, ou seja, na criação de imagens e na construção de signos. A materialidade está carregada de significados e a visualidade a compõe de sentidos. A tecnologia amplia os acessos. Design e arte relacionam-se aos nossos modos de ser e viver, uma vez que o design, da palavra , que, segundo Cardoso (p. 2008, p. 20), carrega dois sentidos: O conceito de arte não define, pois, categorias de coisas, mas um tipo de valor. Este está sempre ligado ao trabalho humano e às suas técnicas e indica o resultado de uma relação entre uma atividade mental e uma atividade operacional. [...] O valor artístico de um objeto é aquele que se evidencia na sua configuração visível ou como vulgarmente se diz, na sua forma, o que está em relação com a maior ou menor importância atribuída à experiência do real, conseguida mediante a percepção e a representação. Nesta unidade faremos um recorte temporal e contextualizaremos movimentos artísticos que construíram o que denominamos de arte moderna, trazendo alguns artistas e obras para exemplificar. Trataremos dos movimentos artísticos: Barroco e Rococó; Neoclassicismo e Romantismo; e , seguindo uma cronologia para apontar estilos, porém, com a atenção para o que se sobrepõe e avança em termos dos movimentos artísticos de cada momento histórico e mostrar, em forma texto e imagem, como a arte influenciou a criação de estilos que foram incorporados pela sociedade e como estes valores foram interiorizados no cotidiano. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 2 BARROCO E ROCOCÓ A arte do Século XVI ao XVIII muda o foco do olhar e dramatiza, de forma espetacular, a existência terrena. O olhar volta-se para o céu, para os tetos, para os excessos. Aqui a arte é 46 um meio de fortalecer e propagar o catolicismo fragilizado pela Reforma Protestante. O Barroco é persuasivo, traz o apelo emocional, a exuberância e a grandiosidade em seu escopo para embasbacar os meros humanos. O cotidiano incorpora a expressão “barroco”. Ele se populariza e a vida vira barroco, sobretudo no Século XVII. A forma, o volume, as linhas e seus contornos, o grandioso e a dramaticidade contemplados nas obras de arte ( seja na pintura, escultura ou arquitetura) revelam o movimento barroco, que marca profundamente a sociedade em expansão colonial e industrial. O Rococó dá continuidade ao Barroco, porém com menos apelo religioso e mais requinte, em um momento que a burguesia tinha mais poder e demonstrava seus interesses estéticos. A arte também foi um meio para essa burguesia se posicionar política e socialmente, uma vez que ninguém duvidava de seu poder econômico. De qualquer modo era preciso lapidar o gosto e adequar ao contexto socioeconômico e cultural da época. Não basta ser artista, é preciso sobreviver, assim como não era suficiente ser rico para ser aceito. 2.1 Barroco A arte aparece como a representação de valores, aos quais orientam comportamentos e pontos de vistam desde que consideremos que para além das técnicas, há também a subjetividade do artista, a elaboração de seu tempo e a de quem a contempla ou estuda. Com o barroco não foi diferente. O barroco foi comparado, por volta do século XVI, ao que havia de mais grotesco, ou seja, aquilo que representava falta de estilo ou de gosto. Isto porque o novo é sedutor, mas assusta. Mudar ou sobrepor-se a um estilo clássico em uma sociedade conservadora, que tinha como parâmetro o modelo de arte e arquitetura greco-romana, foi desafiador. Além disso, havia questões religiosas envolvidas no movimento barroco, já que a contrarreforma redefiniu a forma como alguns artistas trabalharam seus projetos artísticos redesenhando um novo estilo mais robusto e mais marcante em sua variedade e detalhes. 47 Figura 1 - Pintura Madonna de Loretto (1604–1606), de Michelangelo Merisi da Caravaggio Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem apresenta a obra Madonna de Loretto, do pintor Merisi da Caravaggio. A pintura utiliza contrastes de luz e sombra, representando duas pessoas descalças e ajoelhadas perante Virgem Maria que carrega um bebê. Caravaggio foi um artista crítico do seu tempo. Para ele a beleza não era privilégio da aristocracia e por isso pintava temas religiosos usando pessoas do povo como modelo. Uso de contrastes: luz e sombra e pontuais focais de luz, conforme podemos observar na obra acima. A origem desse movimento artístico está ligada a uma época de transformações no continente europeu e influenciará as colônias. O berço do barroco é a Itália, contudo, segundo estudos das obras arquitetônicas e das assinaturas de artistas renomados, irradiará para Holanda, Bélgica, França e Espanha, onde existem peculiaridades em sua contextualização. Notoriamente, tratar- se-á, inicialmente, de arte que pretende propagar e recuperar o catolicismo, deixando bem marcado seu caráter espiritual ou religioso. 48 Figura 2 - Interior de uma igreja barroca em Porto, Portugal. Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem consiste no interior de uma igreja barroca portuguesa que apresenta características marcantes desse estilo: imagens religiosas, teatralidade, excessos visuais, linhas curvas, vestes drapeadas e ostentação: ouro e dourado, madeiras esculpidas com muitos contornos e relevos. A riqueza de detalhes e a robustez arquitetônica, aparecem nas igrejas, fora e dentro, assim como nos palácios e outros monumentos imperiais ou dos homens abastados da época, conforme imagem a seguir. Figura 3 - Interior de um palácio em Viena. Fonte: Shutterstock, 2020. 49 #PraCegoVer: A imagem apresenta o interior de um palácio em Viena. A decoração possui grande carga dramática e teatralidade, composição assimétrica, em diagonal. Alegorias e simbolismos presentes na pintura do teto, com efeitos ilusionistas - céu no teto. Possui um estilo grandioso, monumental, retorcido. Excesso de elementos decorativos - curvas, contracurvas, colunas retorcidas. Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura. As características mais marcantes do movimento artístico barroco referem-se às seguintes abordagens: • Sobreposição da emoção à razão, observada nas alegorias, simbolismos, contrastes de luz e sombra, assim como nos efeitos causados pelas curvas, contracurvas, colunas retor- cidas e volumes devido à exploração de entrelaçamentos e quantidade de elementos na obra. O excesso é uma marca barroca; • Teatralidade e dramaticidade atingidas pelos temas e estilo grandioso, monumental do barroco; • Observa-se uma composição assimétrica,em diagonal, diferentemente do equilíbrio e geometrização encontrados na arte renascentista. É claro que tais elementos sofreram a intervenção dos artistas e das particularidades históricas e culturais de cada lugar em que foi inserido o estilo, como veremos a seguir. O Barroco foi um movimento que ocorreu na Europa, a partir de elementos renascentistas, gerando novos estilos e influências estéticas que chegaram às colônias, sobretudo na América Latina, no século XVII permanecendo até o final do século XVIII. Os principais centros propagadores de arte barroca no continente foram: Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, México e Brasil. Apesar da influência dos artistas europeus que migraram para as Américas, podemos afirmar que o barroco criado em territórios americanos teve seus próprios elementos e marcaram uma arte colonial multiforme e com características populares, desenvolvendo feições únicas. Vale reiterar a presença de escravos-artesãos na constituição das obras barrocas e a forte propagação do catolicismo nas colônias portuguesas e espanholas. Desse modo, temos elementos do barroco europeu hibridizado com elementos das colônias. Assim, a sociedade colonial com seus artistas, artesãos, escravos e povo criou um ambiente propicio, uma vida barroca, que interferiu nas obras. Uma viagem a Ouro Preto, Salvador ou outros municípios brasileiros que preservam a memória histórica fornecerá elementos suficientes para compreender como o Barroco brasileiro se fez presente nas igrejas, espaços públicos, monumentos, assim como nas residências. 50 Figura 4 - Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, Minas Gerais, Brasil Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura apresenta o exterior de uma igreja barroca. Obra de Aleijadinho onde há as esculturas dos 12 apóstolos de Cristo. Figura 5 - Interior da igreja São Francisco de Assis em São João del Rei, Minas Gerais, Brasil Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura apresenta o interior de uma igreja barroca, com decoração rica em detalhes característicos do Barroco. Inicialmente, igrejas mais simples por fora e muito ricas e elaboradas por dentro. As estatuas tinham expressividade acentuada, olhar penetrante e proporção quase real. A riqueza interior seguia os padrões barrocos e representava a excentricidade e o valor do ouro como símbolo do poder e ostentação tanto nas colônias quanto nas metrópoles europeias. Era evidente a disputa religiosa entre o protestantismo e o catolicismo. O que é bonito de se ver gera atração e devoção. Essa era uma grande aposta do apelo religioso barroco. 2.2 Rococó O Rococó é considerado um movimento artístico surgido na França, no século XVIII, durante o 51 reinado de Luís XIV (1643-1715), oriundo de um desdobramento do Barroco ou Classicismo Barroco. Por esse motivo passou a ser o estilo oficial da corte francesa. Difundiu-se em países que possuíam uma vertente católica, como uma parte da Alemanha, Prússia e Portugal. Uma vez que se irradia da França para outros territórios, inclusive o Brasil. Derivado da palavra francesa rocaille, passa a ser compreendido como um estilo que utiliza linhas em formato de concha, muito utilizado para decoração de interiores. Foi um movimento que se iniciou, portanto, sob o signo do Barroco, sofreu críticas durante a Revolução Francesa e declinou ao ressurgir o Neoclássico nas artes. O Rococó foi uma tendência artística que sai da aristocracia conservadora e autoritária e entra nas casas e salões dos burgueses. Esses homens de negócio possuíam poder econômico, mas eram considerados “sem classe” e “sem gosto”, por não pertencerem à aristocracia. Havia uma evidente disputa de poder, também, refletida nas artes. No entanto, esses homens ricos do século XVIII passaram a financiar e proteger os artistas, de modo que, aos poucos, começam a ser aceitos entre os aristocratas. Em uma cultura das aparências, a arte passa a ser um convite e um cartão de visita à burguesia industrial e aos banqueiros dessa sociedade capitalista emergente. A arte passa a atuar como um forte elemento identitário para os homens do poder e “as coisas” significam esse lugar. Dito de outra forma, a morada burguesa passa a ser um lugar propício para contemplar a riqueza e quanto mais obras de arte se possui e mais as mobílias encenassem sofisticação e requinte, mais seus proprietários teriam prestígio social. Por outro lado, passa a representar menos a aristocracia clássica e mais a aristocracia decadente e outras situações mundanas, o que pode ser observado no intimismo das obras, na leveza dos tecidos, na sensualidade ou cenas eróticas, no apelo naturalista ou mitológico. Assim, as cores e as linhas ganham fluidez, elegância, delicadeza e, ao mesmo tempo, exuberância. Figura 6 - Veneza: O Dogana e San Giorgio Maggiore, obra de Joseph Mallord William Turner, 1834, óleo sobre tela Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A figura apresenta uma pintura de uma paisagem veneziana, do autor Joseph Mallord William Turner. Na obra observa-se os efeitos de luz na paisagem criando uma atmosfera em tons alaranjados, brilho dourado e um toque de realidade. Sutileza e riqueza em detalhes, movimentos próprios do estilo rococó. 52 O estilo rococó abre-se para temas fugidios de uma realidade dura e nem tão leve. A felicidade era um lema, mas só parte dessa sociedade a prestigiava. As tensões começam a pontuar a arte, e a arte a escamotear a realidade, mas ainda assim a representa. Para alguns, uma ludicidade necessária, para outros uma frivolidade inaceitável, principalmente quando começam a florescer as ideias iluministas e uma burguesia que reincorpora os ideais clássicos, e sobretudo, durante e após a Revolução Francesa, quando passa a ser considerada superficial e meramente decorativa. De qualquer modo, no século XIX, o rococó será reconhecido como uma estética que marcou a geração de uma arte moderna, reiterando um hedonismo nascente em uma sociedade que introjetou uma teatralidade espetacular. O rococó traz um forte apelo cênico. Figura 7 - Hall de entrada de uma residência imperial na Alemanha pintada por Melchior Seidl (1657-1727). Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem apresenta uma pintura no interior de uma residência imperial alemã. Na pintura, alguns tons de verde representam um jardim, onde mulheres de vestes vermelhas e amarelas sentam-se perto de uma fonte de água. A pintura rococó comparada a barroca mostra elementos simplificados, contornos em forma de conchas, muitos preenchimentos deixando os cantos indefinidos, as cores são mais claras com o uso do branco e tons amarelados, alaranjados e com detalhes em dourado. 53 Figura 8 - Interior de uma igreja germânica. Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem apresenta uma pintura no teto de uma igreja germânica, que consiste na representação de um céu com anjos e santos. Na pintura, tons de azul e vermelho são utilizados para destacar os mantos e santos. A decoração exterior concentra-se nas portas e janelas, nas mísulas (peça arquitetônica saliente para a utilização de estatuetas, vasos ou para salientar/ ornamentar, simplesmente). O estilo rococó cria um estilo bastante particular ligado as miniaturas e aos objetos que se tem em casa, inserindo tanto no exterior quanto no interior um elemento de requinte e poder. Pode-se afirmar que a há um forte elemento de reificação da cultura com a introdução dessa estetização. Em suma, o estilo rococó foi marcante, durante o século XVIII, em Paris, Alemanha, Itália e, com suas particularidades, se espalhou em outros territórios. Relaciona-se a fachadas mais alinhadas e alisadas, com simplificação das colunas, frontões e esculturas, suavizando os ângulos retos com a utilização de curvas e no requinte do interior das casas e palácios. Entre os elementos mais comuns, externos e internos, encontram-se: • Portas e janelas ficaram maiores e ganharam arcos de volta-perfeita, trazendo leveza e suavidade; • A proporçãoganhou novas medidas e os edifícios ficaram com menos andares. O mesmo ocorreu nos telhados, que passaram a ter duas águas; • O uso de ferro forjado é amplificado em grades para jardins, lagos, portas e varandas. Isto porque os jardins, tal como no período barroco, compõem-se de grandes relvados com arvoredos, esculturas, rampas e lagos, pavilhões de caça, pequenos apartamentos, pagodes chineses e quiosques turcos. Locais apropriados para reuniões e festas, íntimas e públicas; • A decoração ganha diferentes tipos de móveis bastante estilizados com os elementos do 54 pós-barroco: espelhos, lustres, candeeiros, escadarias, cômodos principais e secundários divididos com mobília em madeira encrustadas e desenhadas, ornamentadas; lustres e bibelôs em prata e porcelana, mármores ou imitação desses por meio de pinturas; gran- des relógios, pinturas nas paredes e tetos, muito tecidos, tapeçarias, molduras, relevos, misturando-se, a tudo isso, cores claras com dourado e prateado; A utilização dos sofitos (superfícies curvas) denotam uma continuidade e grandiosidade aos ambientes e no mobiliário. Figura 9 - Sofá real e paredes ornamentadas em estilo rococó Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem apresenta um sofá bege estilo real e paredes ornamentadas com alto relevo em estilo rococó, hoje mais conhecido como vintage. Os elementos do rococó servem de referência para o design de interiores e mobiliário, sejam no estilo, tapeçaria, estampas formas e ambientação. Ainda hoje, muito presente dentro das moradas, independente de estrato social. FIQUE DE OLHO O filme A moça com brinco de pérola se passa em pleno século XVII vive Griet (Scarlett Johansson). A jovem camponesa holandesa é obrigada, por motivos financeiros, a trabalhar na casa de Johannes Vermeer (Colin Firth), um renomado pintor de sua época. Com o tempo, Johannes começa a prestar atenção na jovem de apenas 17 anos, que se torna sua musa inspiradora para um de seus mais famosos trabalhos: a tela “Girl with a Pearl Earring”. O filme mostra como os artistas do período começam a buscar inspiração no povo e seu cotidiano para retratar a existência mundana na obra de arte. 55 3 NEOCLASSICISMO E ROMANTISMO Nas artes, predominava valores da razão, valores clássicos da forma e apreço pela ciência. Ausência de emoção, precisão da forma e presença da razão também eram preocupações no campo das artes durante o neoclassicismo. O período neoclássico iniciou-se como medida de sobrevivência, pois todos aqueles que se vestiam ao estilo Rococó, quando identificados, eram perseguidos e mortos por serem os que gastavam todo o dinheiro do povo com futilidades. Uma nova historiografia e a arte no período, sobretudo a literatura e a pintura evidenciaram o interesse na retomada de um espírito heroico, hedonista, narcisista e mesmo de padrões decorativos da Antiguidade clássica. Prova disso são as obras dos pintores Anton Raphael Mengs (1728 - 1779) e Jacques-Louis David (1748-1825), a edição de Ruínas dos Mais Belos Monumentos da Grécia (1758) de J.-D. Le Roy e A Antigüidade de Atenas(1762), dos ingleses James Stuart e Nicholas Revett, entre outros. 3.1 Neoclassicismo O Neoclassicismo foi um movimento artístico iniciado na Europa dos séculos XVIII e XIX. Seus criadores e defensores retomaram elementos da antiguidade clássica, em especial a arte greco- romana para sobreporem valores que julgaram perdidos ou pervertidos com o barroco e o rococó. Tais valores estavam ligados as noções de proporção, equilíbrio, clareza e proporção, mas sobretudo porque para esses adeptos da mudança, os estilos supracitados eram excessivamente ornamentais e fúteis, principalmente por não possuírem, aparentemente, um rigor formal e técnico necessários para uma arte em tempos modernos e de apelo racionalista. A arte neoclássica passa a defender a supremacia técnica e uma cultura do projeto, que recai na arte como o rigor formal do desenho, seja nas artes ou nas engenharias. Volta-se aqui ao dualismo encontrado no designar e no desenhar. As transformações sociais provenientes do aumento da produção manufatureira e do mercado consumidor fizeram com que uma nova questão aparecesse à sociedade da época. Dito de outro modo, a retomada de padrões e ideários clássicos passa a ser uma bandeira para a constituição de uma nova subjetividade. Tanto que se começa a defender a formalização do ensino da arte. O que isso quer dizer, enfim? Que a posição da arte e do artista muda e passa a responder e elaborar sobre as questões sociais e econômicas. Aquilo que Argan (1994, p. 34) vai explicitar como o método sociológico na historiografia crítica da arte: A obra de arte produz-se no interior de uma sociedade e de uma sua situação histórica especifica: dessa sociedade, o próprio artista é parte activa; a sua obra é requestada, promovida, avaliada, utilizada. Como qualquer outro produto, é fruída; e no ciclo econômico em que se insere, a fruição influi na produção. 56 Esse é o olhar do historiador ou crítico da arte, que está em um outro tempo e distanciado retoma o passado com o olhar seletivo do presente. De qualquer modo, compreender a arte é uma tarefa complexa e exige muitas leituras e reflexão. Que temos uma tradição ocidental na arte e na vida não há dúvida e os movimentos neoclássico e romântico são a exacerbação disso. A modernidade é um valor e o que fazemos ao olhar para o passado, e aqui inclui a arte, é o exercício de juízos de gosto e de valor. 3.2 Características do neoclassicismo Segundo o historiador de arte Agra (2004, pp. 11-12), a partir do século XVIII algumas manifestações no campo da cultura viriam a apontar uma transformação na face da arte ocidental. Ele escreve: Uma transformação que trouxe uma nova percepção do que era ou deveria ser dali por diante, o tal do Moderno. Como várias outras dessas mudanças, foi na literatura que alguns artistas começaram a se cansar de uma receita artística que era a mesma há pelo menos 400 anos. Esta receita, inaugurada a partir do Renascimento, suspensa durante algum tempo pelos períodos Maneirista e Barroco (arrastados à decadência pelo Rococó) e posta de novo em circulação, requentada, pelo Neoclassicismo, consistia em dar valor absoluto aos ditames a arte chamada “clássica”. Esta, por sua vez, era um legado dos fundadores da cultura ocidental (gregos e latinos) e, por esse motivo, via-se como “universal”, perene, imutável. Continha regras rígidas para o fazer artístico, de tal modo que a excelência de um pintor, músico ou poeta estava na forma como ele melhor se adequava a esses parâmetros. Ao artista cabia apenas acrescentar-lhes um novo sabor que, no entanto, jamais deveria suplantá-los, mas glorificá-los ainda mais. A palavra de ordem desta arte era a “tradição”, tida como valor inquestionável e como supremo degrau de evolução da ate humana [...]. O neoclassicismo teve como premissa temas da antiguidade clássica e o academicismo nas artes. A pintura de Jacques-Louis David (1748-1825), abaixo, traz uma representação da retomada do tema clássico, apresentando um despojamento dos trajes e o retorno de ideias de justiça, moral e ética, e saberes. Ao mesmo tempo que demonstra um domínio técnico e um equilíbrio das formas e cores. Figura 10 - A morte de Sócrates, por Jacques Louis David, 1787, óleo sobre tela Fonte: Shutterstock, 2020. #PraCegoVer: A imagem corresponde a uma intura neoclássica francesa que retrata a morte do filósofo grego Sócrates um pouco antes dele beber cicuta venenosa. Na pintura, observa-se o equilíbrio e a precisão das formas. 57 Esse mesmo artista pintou Napoleão e mostrou-se fiel ao novo modelo político adotado na França. Foi um pintor da Revolução Francesa. Aqui a arte revela a história. As transformações ocorridas em função das revoluções burguesas e da revolução industrial, tendo como palco a Inglaterra e a França e suas reverberações no resto do Mundo (Velho e Novo), corroboram com essa nova posição da arte e
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