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Milena Marques 145 Neuro - Acidente Vascular Encefálico hemorrágico Introdução – Objetivos de aprendizado • Avaliar o paciente com déficit neurológico focal agudo, considerando fatores de risco e a indicação de neuroimagem • Analisar os sinais neuro-radiológicos sugestivos de AVCh • Compreender os tipos de AVCh (HIP, HSAa) como entidades distintas considerando a fisiopatologia, tratamento e prognóstico • Montar planos diagnósticos e terapêuticos iniciais • Estabelecer os princípios do cuidado com o paciente neurocrítico. O AVC é uma das principais causas de morte no mundo, e o AVC hemorrágico corresponde a 10-20% dos casos. • Maior letalidade – 1/3 em 7 dias e 2/3 em 1 ano • Maior dependência funcional – 2/3 dos sobreviventes Fatores de risco para Acidente Vascular encefálico hemorrágico: ➢ Baixa escolaridade ➢ HAS ➢ ACO ➢ Álcool ➢ Histórico familiar ➢ AVCi prévio Hemorragia parenquimatosa (HIP) A hemorragia parenquimatosa pode ser primária ou secundária. A primária representa cerca de 78-88% dos casos e é muito relacionado com a ruptura espontânea de pequenos vasos devido a hipertensão crônica e angiopatia amiloide. A forma secundária está relacionado com ruptura dos casos devido a anormalidades arteriovenosas, cavernomas ou aneurismas. Etiologia do HIP: • Hipertensão – 2/3 dos casos • Angiopatia amiloide – 15% dos casos • Coagulopatia • Outras causas secundárias: Fisiopatologia: A hipertensão crônica induz a lipo-hialinose de pequenas artérias perfurantes promovendo a fragilidade da parede vascular e formação de pequenos aneurismas (Aneurismas de Charcot-Bouchard). O rompimento desses micros aneurismas (durante um pico hipertensivo) provoca o AVCh intraparenquimatoso. Os locais mais acometidos são: • Putâmen 30-50% dos casos • Tálamo 15-20% dos casos • Cerebelo 10-30% dos casos • Ponte 10-15% dos casos. Se ocorrer hemorragia nessas regiões + história positiva de HAS = temos o diagnóstico de AVC hipertensivo. Milena Marques 145 Já a angiopatia amiloide é mais comum em pacientes > 70 anos com hemorragia lobar (substância branca subcortical em lobo frontal, parietal, temporal ou occiptal) onde ocorre rotura de pequenos vasos subcorticais cuja a parede encontra-se infiltrada de depósitos amiloides. Professor comentou uma dica prática dos 4 P que são o: P putamen, P pulvinar do tálamo, P ponte, P lobo parietal e P cerebelo. Apresentação clínica • Qualquer déficit focal súbito. o Obs – lembrar que cefaleia e rebaixamento do nível de consciência não são considerados deficts focais) • Pela apresentação clínica NÃO é possível diferenciar um AVC isquêmico de um hemorrágico. → deve ser feito exame de imagem. • Sintomas associados o Cefaleia o Náuseas e vômitos o Hipertensão o Taquicardia/ bradicardia o Avaliação pupilar o Rebaixamento do nível de consciência (ocorre pelo aumento da pressão intracraniano com a expansão do hematoma) o Cerca de 2/3 perdem pontos na escala de Glasgow. Professor não comentou isso na aula mas: Hemorragia do putâmen entre o putâmen e o tálamo está justamente a cápsula interna. Portanto, a hemorragia putaminal cursa com um quadro súbito de hemiplegia fasciobra quiocrural contralateral. Pode haver desvio do olhar conjugado contrário à hemiplegia, pelo comprometimento das fbras do lobo frontal. A hemorragia pode se estender para os ventrí culos laterais (hemoventrículo). Hemorragia talâmica pelo mesmo motivo acima descrito, há também hemiplegia fas ciobraquiocrural contralateral, associada neste caso à hemianestesia para todas as sen sibilidades, acompanhando a hemiplegia. Pela extensão da hemorragia para o hipotála mo (núcleos do sistema nervoso simpático) e teto do mesencéfalo (controla o desvio dos olhos para cima), são comuns alterações ocu lares e pupilares: desvio dos olhos para baixo e para dentro (ambos olhando para o nariz) ou para o lado da hemiplegia (wrong way eyes: olhando para o lado errado, já que lesões supratentoriais deveriam desviar o olhar para o lado contrário ao da hemiplegia...), pupilas mióticas, anisocoria, com pupila menor do lado da hemorragia (síndrome Horner). Ain da pode haver a chamada afasia talâmica, se a hemorragia for no hemisfério dominante (tálamo esquerdo). Hemorragia do cerebelo: a hemorragia ce rebelar dá um quadro idêntico ao do infarto cerebelar – vertigem, náuseas, vômitos e ata xia cerebelar aguda, que pode ser uni ou bi lateral. O grande risco do AVE hemorrágico de cerebelo é seu efeito expansivo, que pode comprimir o IV ventrículo e levar à hidroce falia obstrutiva, HIC e estado comatoso. Hemorragia da ponte hemorragia de pon te cursa com um quadro muito característico... O paciente desenvolve quadriplegia súbita, coma e pupilas puntiformes e fotorreagentes. A descerebração, a hiperpneia e a hiperidrose são achados comuns. Os refexos oculocefá lico e oculovestibular são perdidos, e a leta lidade beira os 90%... Voltando... Milena Marques 145 Medidas iniciais Diagnóstico: • Exame de imagem – TC não contrastada ou pela RNM. • AVCh primário → marcadores de hipertensão: idade maior que 50 anos, medida da PA, localização lobar, evidencia de hipertensão pelo ECG • AVCh secundário → tumores intracranianos, localização periventricular, coagulopatia.. • Avaliar sinais de expansão de hematoma o Sinal da mistura – sangue com densidades diferentes (mistura de sinais hipoatenuantes com hiperatenuantes) o Black spot – sinal de sangue em movimento Tratamento: • Prevenção da expansão • Correção da causa base • Descompressão • Cuidados do neurocrítico • Prevenção de complicações • Reabilitação 1. Prevenção da expansão: • Controle pressórico o Alvo PAS entre 130-150 mmHg (somente pode fazer isso quando tiver certeza que se trata de umm AVCh, ou seja depois da TC) o Não existe consenso ainda sobre por quanto tempo e nem com o que. 2. Correção da causa base • Se for ocasionado por um problema de coagulopatia deve-se corrigir o INR o Heparina → administrar protamina o Antagonista da vitamina K → vitamina K Atenção não está indicado: Transfusão de plaquetas e nem ácido tranexâmico. A transfusão de plaquetas somente pode ser feita se o paciente for entrar em cirurgia. 3. Descompressão • Derivação ventricular • Evacuação do hematoma o Supra x infratentorial o MIS x convencional → a cirurgia convencional vai promover danos, então normalmente prefere-se a microcirurgia por ser menos invasivo. Milena Marques 145 4. Tratamento do neurocrítico • Cabeça em posição neutra • Evitar soluções hipotônicas • Evitar febre – manter eutermia • Controle glicêmico • Reconhecer e tratar infecções precocemente Prognóstico: • O escore mais utilizado é o ICH • Estratifica o risco de mortalidade em 30 dias • Pontuação vai de 0-6. Reabilitação: sempre e precoce! Anotações: Milena Marques 145 Hemorragia Subaracnóide Corresponde a cerca de 3-6% dos AVCs, sendo considerada a doença mais grave dentro dos AVCs. • Afeta pacientes mais jovens • Grande morbimortalidade Etiologia: • Espontâneos → 80% são causados por ruptura de aneurismas intracranians • Não aneurismático Uma pequena parte por malformações vasculares (MAV), PMNAH, RCVS, cocaína, fístula dural, discrasia... Aneurismas intracranianos: • São geralmente formados em pontos de bifurcações de artérias, onde o fluxo sanguíneo costuma ser mais turbulento. • O risco de aneurisma intracraniano aumenta em pessoas com: o Histpória familiar o Distúrbios do tecidoconjuntivo Fatores de Risco para aneurismas intracranianos: • Modificaveis o Hipertensão o Tabagismo o Uso de álcool o Drogas simpaticomiméticas • Não modificáveis o Aumento da idade o Sexo feminino o Historia passada de hemorragia subaracnoide o Historia familiar positiva o Doença autossômica dominante policística o Síndrome de Ehlers-Danlos (tipo IV) o Aneurismas maiores que > 7 mm. Risco de sangramento para aneurismas não rotos: • Maior tamanho e posterior (quanto maior e mais posterior, maior é o risco) • > 7 mm Existe uma tabela que calcula o risco de ruptura em 5 anos – PHASES Fisiopatologia: • Ocorre um estresse de cisalhamento que promove a ruptura de um aneurisma (normalmente é a artéria comunicante anterior) que vai gerar o acumulo de sangue no espaço subaracnoide. Ao atingir esse espaço o sangue em volta do cérebro causa edema cerebral e meningite química (pela liberação da cascata inflamatória). A partir do 4 dia surge a complicação do vasoespasmo, pelo contato com o sangue e permitindo o defict neurológico focal e as sequelas da HSA. Milena Marques 145 Neuroimagem: TC de crânio sem contraste • Presença de material hiperdenso nas cisternas da base ou sylviana, inter-hemisférica e interpeduncular. Apresentação clínica • Pior cefaleia da vida (70% relatam esse sintoma) o Inicio da dor de cabeça é súbito e atinge o máximo em segundos • Pode ocorrer durante atividades da vida diária ou momentos de estresse psicológico ou levantamento de peso. • Náuseas e vômitos/ rigidez/ dor nuclar/ convulsão • Breve perda da consciência • Sinais focais são raros • Hipertensão intracraniano e hidrocefalia OTTAWA RULE: (Professor comentou em sala) • Possui uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 15% Escala de Hunt Hess • É uma escala utilizada junto a outras escalas para determinação da conduta adequada e para avaliar o prognóstico em casos de hemorragia subaracnóide. Agora com o diagnóstico fechado de HSA.. O que fazer? Diagnóstico de HSA: • TC sem contraste → tem alta sensibilidade principalmente nos primeiros 3 dias após o inicio dos sintomas o Porém diminui para 50% em 5-7 dias o Inicialmente < 2 horas também pode apresentar baixa sensibilidade • TC sem contraste negativa, mas alta suspeita clinica → Coleta do LCR. o Procurar no LCR xantocromia (prova de 3 ou 4 tubos) • Angio TC → detecção de aneurismas rotos • Angiografia → padrão ouro para diagnostico de aneurisma e pode ser utilizado como tratamento. Milena Marques 145 Após a visualização da HSA, pode-se utilizar a classificação de FISHER que analisa a quantidade de sangue visto na TC. A escala de Fisher prevê o risco de vasoespasmo em pacientes com hemorragia subaracnóidea aneurismática com base na distribuição radiográfica da hemorragia. Manejo do paciente com HSA: • Abcd – SEMPRE • Prevençao de complicações e reparo do aneurisma Tratamento específico: • Fazer < 72h • Idade, SP, doenças de base, tamanho, local do aneurisma, morfologia o Se for um Hunte Hess HH = 5 sem hematomas → tratamento apenas de suporte (provável morte encefálica) e paliação. Clipagem ou Coiling • Coiling: o Coliling é melhor que clipagem em termor prognósticos e ocorrência de crises e DCI o Mas pode não fechar todo o aneurisma com risco maior de re-sangramento. • Clipagem (cirurgia aberta) o É feita quando a embolização não está indicada. Complicações HSA: 1) Ressangramento • Principal complicação no primeiro dia pós- operatório (primeiras horas) • A melhor forma de prevenção do ressangramento é o tratamento especifico (fechamento do aneurisma) mais precoce possível. • Fatores de risco para ressangramento: o Pior Hunt-Hess o Pior FISHER o HAS o Aneurisma grande o DVE o AAS • Letalidade de 20-75% • Deve-se realizar o monitoramento da pressão arterial mantendo o PAS < 160-140 mmHg mirando PPC = 50-70 Milena Marques 145 • Evitar hipotensão o PAI o Labetalol, nitroprussinato, nitroglicerina o Opioide e dexa • Transamin/ épsilon o Evitar ressangramento em paciente que não tiveram correção do aneurisma o Definir abordagem do aneurisma 2) Vasoespasmo / isquemia cerebral tardia • Piora neurológica aguda e persistente não explicável por outro fator • Ocorre em média de 7 dias • Provoca isquemia e infarto cerebral (defict focal permanente ou flutuante + rebaixamento do nível de consciência) • Cerca de 70% tem vasoespasmo angiográfico e apenas 1/3 tem Vasoespasmo clínico. • Começa no 3-4 dia, com pico entre 6 e 8, com resolução 12-14 dias • Indica pior prognóstico. 3) Isquemia cerebral tardia • Profilaxia – nimodipina 60 MG 4/4HRS POR 21 DIAS, INICIAR APÓS O 4 DIA • MANTER HIPERTENSAO E EUVOLEMIA • ATENÇÃO TERAPIA DOS 3H (hemodiluição, hipervolemia e hipertensão) NÃO DEVEM SER REALIZADAS. • TRATAMENTO o Aumento pressórico o Angiografia com injeção vasodilatadora ou balonamento.