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Alice, Caroline, Francielly, Gabriela e Maria Antonia Diarreia em potros Universidade de Cruz Alta Centro de Ciências da Saúde e Agrárias Curso de Medicina Veterinária Disciplina de Clínica de Equinos Diarreias não infecciosas Diarreias bacterianas Diarreias parasitárias Diarreias virais Tópicos 01 03 02 04 Introdução As diarreias são um grave problema em potros até seis meses de vida, acarretando em prejuízos econômicos na equideocultura. Estão associadas a uma série de mecanismos fisiopatológicos e muitas etiologias, dificultando o diagnóstico e o manejo. Os sinais clínicos variam dependendo do agente causador e idade do potro, sendo as manifestações mais comuns a presença de diarreia, desidratação, anorexia, perda de peso, crescimento reduzido e cólicas. Origem infecciosa Origem não infecciosa Vírus Bactérias Parasitas Dieta Antimicrobianos Mudanças na microbiota intestinal Diarreias não infecciosas 01 DIARREIA DO CIO DO POTRO ● Assim denominada por coincidir com o primeiro cio pós-parto da égua ● Ocorre entre o 5º e o 15º dias de vida ● Transitória e branda ● Estabelecimento e a maturação da microflora, no momento em que o equino passa a consumir alimentos diferentes do leite ● Precedida de coprofagia DIARREIA DO CIO DO POTRO ● Diagnóstico baseado em sinais clínicos; ● Nenhum tratamento específico está indicado; ● 15 ml de Culin na forma de pasta, por 3 dias consecutivos desde o 1º dia (PIESZKA et al., 2016); ● Subsalicilato de bismuto DIARREIA NUTRICIONAL Pode desenvolver-se pela ingestão de quantidades excessivas de leite, intolerância à lactose, alterações dietéticas súbitas, ingestão de material fibroso ou estranho, intolerância a carboidratos, consumo excessivo de substituto lácteo As fezes podem variar de macias a acentuadamente aquosas e outros aspectos clínicos são geralmente normais, o potro pode manter atitude e apetite normais Diagnóstico baseado nos sinais clínicos e histórico. Tratamento de suporte, corrigir alimentação… DIARREIA RELACIONADA A ANTIBIÓTICOS DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Antibióticos orais, como aminoglicosídeos, podem matar a flora intestinal normal e predispor os potros à diarreia. Antibióticos sistêmicos com circulação enterohepática (oxitetraciclina, lincomicina, eritromicina) têm sido demonstrados como indutores de diarreia. A diarreia pode variar de fezes macias a eliminação aquosa. O aspecto do potro pode variar de sistematicamente normal a significativamente desidratado com colapso circulatório O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, no histórico e na resposta à terapia Interromper a antibioticoterapia A administração oral de uma pasta fluida de fezes frescas de um cavalo mais velho pode ajudar na recuperação da flora intestinal, mas não tem eficácia comprovada SINAIS CLÍNICOSSOBRE Diarreias parasitárias 02 ● ⇧ frequência ● Ocorre pela ingestão de larvas infectantes no leite ● ⇧ eliminação 2-3 semanas pós parto ● Infecção de potros entre o 9º e 13º dia de vida ● Larvas causam dano na mucosa intestinal e supressão da produção de dissacarídeos ou de polipeptideos Strongyloides westeri Diagnóstico e tratamento: ● Presença de larvas no leite da mãe ou ovos embrionados nas fezes; ● Histórico do uso de vermífugos na mãe previne a incidência. ● ⇩ frequência ● 5d - 6 semanas ● Transmissão oro-fecal ● Zoonose ● Intensidade variável e é autolimitante ● O protozoário C. parvum faz sua maturação dentro das células da porção distal do intestino delgado, ceco e cólon, atrofiando as vilosidades Criptosporidiose Diagnóstico: ● Através da identificação dos oocistos nas fezes através de esfregaços de fezes, flutuação fecal ou imunofluorescência. 03 Diarreias bacterianas Clostridium perfringens ● Observada em animais com menos de 5 dias de idade ● Potros com enterotoxemia associada associada ao C. perfringens tipo B ou C apresentam depressão acentuada, pronunciada toxemia, intensa dor abdominal, fezes sanguinolentas, FR e pulso acelerado ● Curso clínico muito curto e a diarreia pode não ser observada ● Fatores que levam ao desenvolvimento da doença: mudança na dieta, antibioticoterapia, estresse, infecções concomitantes ● Fatores ligados ao hospedeiro: idade, estado imune e presença ou ausência de receptores para as toxinas DIAGNÓSTICO Exames laboratoriais: acidose, azotemia e ocasional hipoglicemia; leucopenia com desvio à esquerda regenerativo Difícil diagnóstico (facilmente encontrado nas fezes) Detecção de toxinas específicas (PCR) nas fezes Hemocultura em potros neonatos (bacteremia) Clostridium difficile ● Produz ao menos 5 toxinas, mas compreende-se os efeitos da A e B ● Toxina A - enterotoxina com rápida atividade citotóxica ● Toxina B - 100x mais citotoxicidade que a A, mas não altera a permeabilidade intestinal DIAGNÓSTICO Meios de cultura seletivos ELISA Boa sensibilidade e especificidade Produção da toxina “in vitro” Diferenciação de estirpes toxigênicas e não toxigênicas PCR Identifica presença de genes que regulam a produção de toxinas Variam de enterite leve a colite fulminante com hemorragia e necrose do epitélio intestinal Diarreia aquosa e profusa, cólica, fraqueza e desidratação Aumento da FC e FR e acidemia atribuída à acidose metabólica SINAIS CLÍNICOS Tratamento Clostridium Antibiótico de amplo espectro Metronidazol 10mg/kg VO BID (neonatos) Depois dessa idade 15mg/kg oral a cada 8 horas Terapias adicionais: Adsorventes via entérica Escherichia coli ● Provoca diarreia aquosa e profusa ● Potros com menos de 1 mês de vida ● Desidratação grave e desequilíbrio eletrolítico DIAGNÓSTICO Histórico + sinais clínicos Presença da bactéria isolada nas fezes após cultivo Por ser comumente isolada em diarreias, existem técnicas diagnósticas que comprovam a patogenicidade e identifique fatores de virulência Alta mortalidade! Rhodococcus equi ● Potros até 6 meses de idade, com maior frequência nos potros com 40-60 dias devido período de transição das imunidades ● Vias inalatória e/ou digestiva são as principais vias de infecção, embora a maioria dos animais torna-se imune ao longo da vida ● Principal causador de afecções respiratórias ● Geralmente ocorre concomitantemente com a pneumonia, mas não é via de regra DIAGNÓSTICO Dados clínico-epidemiológicos associados a exames complementares (RX, US, citologia e cultivo a partir de lavado traqueobrônquico) Prognóstico da forma entérica é de ruim a desfavorável Diarreia, desidratração, cólica, perda de peso e retardo no crescimento decorrentes de grave colite e linfadenite mesentérica SINAIS ENTÉRICOS (isolados ou em conjunto com os respiratórios) Manifestações menos comuns Uveíte séptica, osteomielite, artrite e fisite séptica Salmonella sp. ● Pode ser identificada na microbiota entérica com e sem sinais entéricos ● Quando associada a doença clínica pode afetar potros entre 12h a 4 meses ● Contaminação fecal-oral pelo consumo de alimento contaminado, coprofagia, ambientes com alta carga de contaminação e contato com animais doentes ● Fatores estressantes como desmame precoce, privação de água ou alimento e cirurgias de grande porte contribuem para a infecção DIAGNÓSTICO Isolamento bacteriano a partir das fezes por meios de cultura convencionais e seletivos Cultura sanguínea em amostras de potros com menos de 1 mês de idade (bacteremia) PCR (altamente sensível) Diarreia severa, febre, cólica, anorexia e hipertermia Sepse pode acontecer simultaneamente com a diarreia SINAIS CLÍNICOS Diarreias virais 04 Coronavirus ● Coronavírus Equino (CoVE) família coronaviridade ● Causador de enterocolite patógeno primário em potros jovens e imunocomprometidos ● Dano vilosidades da mucosa intestinal → baixa capacidade de absorção → alteração transporte eletrolítico e secreção de enzimas intestinais → secundária ao dano no epitélio → má absorção de nutrientes agravandoo quadro ● Curso clínico infecção: inicia com redução na ingesta de leite, apatia → rapidamente diarréia aquosa profusa. ● Transmissão via fecal-oral Demonstração direta antígeno viral ou RNA amostras biológicas Histórico e sinais clínicos ELISA de captura fecal RT-PCR de amostras fecais maior sensibilidade e especificidade Necropsia SINAIS CLÍNICOS Inespecíficos, como prostração, hipertermia, diarreia, desidratação, pode durar de 1 a 12 dias DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO Rotavirus DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO Achados epidemiológicos e exame físico Microscopia eletrônica ELISA Aglutinação em látex Evitar situações de má higiene, aglomerações e estresse ● Idade média: 75 dias ● Transmissão via fecal-oral por fezes/fômites ● Atrofia vilosidades → má absorção ● Diarreia por 1 a 9 dias (isolada ou surtos) ● Achados clínicos dependem da idade, estado imune, virulência e quantidade inoculada Após 18-24h da ingestão do material infectado → letargia, ↓ reflexo de sucção e diarreia (pastosa a aquosa) Febre pode ou não estar presente Diarreia aquosa profunda que pode levar a desidratação, depressão e anorexia (dura dias ou semanas) e pode levar à morte SINAIS CLÍNICOS Considerações finais Sabe-se da importância econômica dos potros na equideocultura e o quanto é decisivo manter a boa saúde do animal nos primeiros meses de vida para bom desempenho genético quando adulto. Torna-se imprescindível conhecer as diferentes causas de diarréias para que seja diagnosticado o mais rápido possível e se institua a terapêutica mais adequada a fim de salvar o animal e prevenir episodios de diarreia nos outros potros. A conduta rápida e assertiva vai fazer com que o prognóstico seja favorável e a saúde do animal se restabeleça sem maiores danos. Referências ● DE MELO, U.P.; FERREIRA, C.; PALHARES, M.S. Doenças gastrintestinais em potros: etiologia e tratamento. Ciência Animal Brasileira, v. 8, n. 4, p. 733-744, 2007. ● HARRIS, R., SANKAR, K., SMALL, J., SUEPAUL, R., STEWART-JOHNSON, A., ADESIYUN, A. Prevalence and characteristics of enteric pathogens detected in diarrhoeic and non-diarrhoeic foals in Trinidad. Veterinary Medicine International, v. 2012, 2012. ● HINES, Melissa T. Abordagem clínica a problemas comuns. ● OGILVIE, T.H. Medicina interna de grandes animais. Artmed, 2000. ● OLIVO, G. Estudo clínico e etiológico da diarreia em potros. 2013. 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Screening of Rhodococcus equi Pneumonia. In: Sprayberry, K.A; Robinson, N.E. Robinson’s Current Therapy in Equine Medicine. 7ed, cap. 176, p. 737-740, 2015. CREDITS: This presentation template was created by Slidesgo, including icons by Flaticon, infographics & images by FreepikObrigada! http://bit.ly/2Tynxth http://bit.ly/2TyoMsr http://bit.ly/2TtBDfr ● Reposição de fluídos: ○ Fluidoterapia IV ou Vo ● Protetor e adsorventes intestinais; ○ Carvão ativado; ○ Caolin; ○ Pectina; ● Antibioticoterapia; ○ Origem bacteriana: ■ trimetoprim-sulfonamidas, cloranfenicol, cefalosporinas, penicilina, metronidazol ou aminoglicosídeos ○ Origem Parasitária: ■ Especifica para o parasita identificado: ● piperazina, ivermectina, tiabendazol, cambendazol ou oxibendazole ● Caso apresentação de dor; ○ Dipirona ou ⇩ dose de Flunixin Neglumine
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