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Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 1 Núcleos da base ANATOMIA DOS NÚCLEOS DA BASE Os núcleos da base são formados por um acumulo de neurônios no interior da substância branca do SNC, na porção basal dos hemisférios cerebrais. Função: modular as atividades dos neurônios motores superiores (movimento e ajuste postural). I. Núcleo caudado : massa alongada, relacionada com os ventrículos laterais, dividida em cabeça, corpo e cauda. Relacionado com a motricidade. II. Núcleo lentiforme: dividido em globo pálido (GP) e uma fina lâmina de substância branca. Medialmente ele se relaciona com a cápsula interna e lateralmente com o claustrum. Globo pálido: GPe (via indireta – inibitória) e em GPi (via direta – excitatória). III. Claustrum: é uma delgada calota de substância cinzenta entre córtex da insula e nucleo lentiforme. IV. Corpo amigdalóide: uma massa com funções relacionada as emoções (sistema límbico), principalmente com o medo (luta e fuga), comportamento sexual agressivo e com o aprendizado emocional (prazer e aversão). Nucleo basal de Meynert: localizado entre o globo pálido e a superfície ventral do hemisfério cerebral. - Atua na memoria e funções psíquicas superiores através de conexões com o sistema límbico e córtex cerebral (tem neurônio noradrenérgicos que ativam o córtex o tempo todo). - Uma degeneração nesse núcleo gera Alzheimer. V. Núcleo subtalâmico: apresenta 3 regiões. Límbica (parte ventromedial): recebe informações do córtex do giro do cíngulo. Associativa (parte ventrolateral): recebe informações do córtex pré-frontal e campos oculares frontais. Motora (parte dorsal): recebe informações do córtex motor primário. AGRUPAMENTO DE NÚCLEOS Corpo estriado dorsal: formado pelo núcleo caudado + putamên + globo pálido. - Ele faz conexão com o córtex motor, somático e áreas cognitivas, emocionais e motivacionais. Núcleo Accumbens: parte anterior da cabeça do núcleo caudado + núcleo lentiforme (globo pálido). - Atua na via dopaminérgica (prazer) e é o núcleo acionado na via de recompensa. Corpo estriado ventral: núcleo Accumbens + núcleo basal de Meynert. - Faz conexões com o córtex límbico e controla o comportamento emocional. IRRIGAÇÃO DOS NÚCLEOS São irrigados pela artéria cerebral média, a qual é proveniente da artéria carótida interna (é a mais acometida no AVE). Elas originam varias arteríolas, chamadas de artérias lenticuloestriadas, responsáveis pela irrigação dos núcleos lentiforme e caudado (principais) Obstrução nessas artéria resulta em alterações motoras. Núcleos separados pela cápsula interna e medula. 1. Cápsula interna (separa o caudado e o tálamo do núcleo lentiforme). 2. Lâmina medular medial. 3. Lâmina medial lateral. 4. Cápsula externa (entre o claustrum e putamên) 5. Cápsula extrema (entre o claustrum e o córtex da insula) Cápsula extrema é a medula Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 2 Antes de chegar na área pré-motora, o comando tem que passar pelos núcleos da base, pois são eles que vão dar o comando para começar o movimento, “dizer” qual musculo vai usar e comparar os movimentos já aprendidos. Córtex → NB (núcleos da base) → tálamo → córtex. OBS: no Parkinson, a SN perde sua coloração devido degeneração dos neurônios (ressonância). CIRCUITOS CEREBRAIS As conexões e circuitos das alças corticoestriado- talamocorticais atuam em vários circuitos e ações. - Funções motoras: circuito motor (área motora e somestésica) e circuito oculomotor (campo ocular motor). - Funções psíquicas: circuito pré-frontal dorsolateral e circuito pré-frontal orbitofrontal. - Funções emocionais: circuito límbico. CIRCUITO MOTOR Córtex é a principal aferência dos núcleos da base. Quase todas as áreas do neocórtex se projetam para os núcleos da base, exceto o córtex auditivo primário e córtex visual primário. - Primeiro o córtex envia eferências glutamaérgicas para o caudado e putamên (corpo estriado dorsal), o qual distribui essas informações. 1. Além da aferencia do córtex, eles também recebem aferência da substância negra (dopamina é essencial para o movimento). - Após isso, a informação é “devolvida” para o tálamo pelo globo pálido interno. 1. Áreas que se projetam para o estriado: córtex, SN compacta e núcleo subtalâmico. 2. Núcleos de saída: globo pálido interno. Os neurônios espinhosos médio tem projeções (GABAérgicas) que são estimuladas pelo glutamato cortical e pela dopamina da SN que posteriormente, envia informações para o globo pálido interno ou externo e SN reticulada. - Quando a informação chega do córtex para o tálamo (caudado e putamên – área com muitos neurônios espinhosos médio), o glutamato excita esses neurônios a liberarem GABA. Esses neurônios não são glutamaérgicos e sim GABAérgicos! Apenas recebem aferencia do glutamato ou dopamina. VIA DIRETA Via direta (circuito básico): cortico-estriado- tálamo-cortical, ela vai a favor do movimento, bloqueando a ação do GPI. As projeções dos neurônios espinhosos médio (NEM) do caudado e putamên para o GPI (globo pálido interno) formam essa via. GLUTAMATO: neurotransmissor (NT) excitatório. DOPAMINA: neurotransmissor (NT) inibitório ou excitatória, depende do receptor. 1. D1 é excitatório e D2 é inibitório. O córtex envia aferência glutamaérgicas para o putamên e caudado, o qual estimula os NEM no estriado a produzirem GABA e enviarem aferências GABAérgicas inibitórias para o GPI (se torna inativo), o qual envia fibras aferentes GABAérgicas para o núcleo ventral anterior e ventral lateral do tálamo (núcleos motores do tálamo) para inibir a inibição que o GPI estava fazendo com o tálamo. - Os neurônios dos núcleos talâmicos liberam glutamato (excitatório) para o córtex. Ao mesmo tempo, ocorre o circuito subsidiário da via direta, a qual libera dopamina que age e receptores D1 (excitatório). Esses neurônios dopaminérgicos excitatórios se projetam para o estriado e excitam os neurônios inibitórios, os quais se projetam para o GPI, causando o aumento da excitação no córtex. Essa via vai ativar os músculos antagonistas do movimento pretendido. • A comunicação da via direta com o núcleo lentiforme (corpo estriado dorsal → putamên + GP) é através do glutamato e da dopamina. As projeções excitatórias córtex para o estriado fazem sinapse com os neurônios inibitórios → Os neurônios inibitórios se projetam para o GPI → Do GPI eles se projetam para o tálamo → A inibição da inibição causa a inibição tônica do tálamo, resultando em um aumento da excitação → Tálamo envia fibras excitatórias para o córtex. VIA INDIRETA A função dessa via é suavizar ou até parar o movimento, através da inibição dos antagonistas do movimento desejado. - As projeções excitatórias do córtex para o estriado fazem conexão com os NEM (inibitórios), os quais se projetam para o GPE, o qual envia informações para o núcleo subtalâmico e GPI. O núcleo subtalâmico envia projeções excitatórias para o GPI. Do GPI, neurônios excitatórios se Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 3 projetam para o tálamo, inibindo-o (excitação da inibição). O tálamo, envia fibras excitatórias para o córtex. - Ao mesmo tempo, o estriado é influenciado pela substância negra (libera neurônios dopaminérgicos que se ligam em receptores D2 – Inibitórios). Esses neurônios inibem interneurônios colinérgicos excitatórios do estriado, que por sua vez, projeta as fibras inibitórias para o GPE. VIA HIPERDIRETA Nessa via, o GPI e a SN reticulada recebem fortes sinais excitatórios do córtex diretamente através do núcleo subtalâmico (NST) em um tempo de condução menor quando comparado com a via direta e a via indireta. - Nessa via, os neurônios se projetam do córtex direto para o núcleo subtalâmico (pulando o corpo estriado), porém os neurônios excitatórios glutamaérgicos do núcleo subtalâmico (NST) excitam o GPI e a SN reticulada, assimsuprimindo a atividade talâmica do córtex cerebral e aumentando as influências inibitórias nos neurônios motores superiores. - Considerando a via de condução e o tempo, podemos dizer que as vias hiperdireta e indireta tornam claro o inicio e o término do movimento planejado, ao mesmo tempo em que suspendem outros movimentos concorrentes. QUADROS PATOLÓGICOS As síndromes (distúrbios do movimento), podem ser divididas em hipercinéticas ou hipocinéticas. DOENÇA DE PARKINSON (HIPOCINÉTICA) Transtorno neurodegenerativo extra-piramidal de caráter progressivo que se apresenta em fases. • Pobreza motora e rápida fatigabilidade. 2º doença neurodegenerativa mais comum e acomete pessoa acima de 50 anos. SINAIS MOTORES (SÍNDROME PARKINSONIANA) Inicio assimétrico: maioria é unilateral (característica da doença) e com o passar do tempo, acomete o outro membro, mas sempre será assimétrico. Acinesia: dificuldade de iniciar o movimento. Bradicinesia (hipertonia muscular): movimento se assemelha a uma roda denteada e canivete. Tremor de repouso: baixa frequência e grande amplitude. (não é patognomônico). Modificações na postura e equilíbrio: perda do reflexo postural (postura semiflexionada) e dos movimentos oculares. Hipomimia facial: redução das expressões faciais. SINAIS NÃO MOTORES Disautonomia: constipação intestinal, incontinência urinária e disfunção erétil. Hiposmia: perda do olfato. Alterações cognitivas: a demência ocorre devido a perda da função mental por depósitos arredondados anormais de proteínas (corpos de LEWY), os quais induzem a morte da célula nervosa ao degenerarem a melanina e impedirem a célula de trabalhar corretamente. A morte dos neurônios dopaminérgicos da SN compacta causa desequilíbrio nas vias direta e indireta, ou seja, abaixa os níveis de dopamina no corpo estriado, levando a uma fraca inibição do GIP e SN reticulada. Ao mesmo tempo, o GPE é fortemente inibido, resultando em uma fraca inibição sobre o NST, que é capaz de excitar fortemente o complexo GPI-SN reticulada. Isso resulta em uma forte inibição do tálamo motor e consequentemente uma fraca conexão com o córtex motor. SÍNDROMES HIPERCINÉTICAS BALISMO E HEMIBALISMO O balismo ou Hemibalismo (acomete somente o lado contralateral) não é uma doença, e sim um sintoma. É caracterizado pela ocorrência de movimentos involuntários de grande amplitude e forte intensidade dos membros do lado oposto (parece que está arremessando algo). Causas: causado por quadros metabólicos (hiper e hipoglicemia) e AVCs acometendo o subtálamo, o que gera uma perda do NST contralateral, resultando em uma perda das fibras excitatórias (se projetam para o GPI), resultando em uma menor estimulação do GPI para o tálamo. Filipe Libano – Universidade Nove de Julho 4 COREIA DE SYDENHAM Sinal clínico de acometimento de vários núcleos, sendo eles: núcleo estriado (caudado + putamên), NST (núcleo subtalâmico) e tálamo. Acomete principalmente criança de 5-15 anos. - É caracterizada por movimentos que acometem preferencialmente a face e membros inferiores, causando movimentos irregulares, constantes e imprevisíveis semelhante a uma dança (odalisca). Não tem anormalidade nos exames de imagem Causas: doença autoimune onde os anticorpos contra estreptococo ß-hemolítico do grupo A (febre reumática) causam disfunções nos núcleos da base. É possível observar a presença de anticorpos no núcleo estriado. COREIA DE HUNTINGTON Doença hereditária (autossômica dominante) degenerativa progressiva. - Sintomas motores: movimentos espasmódicos (coreiformes), rápidos e sem propósito. - Sintomas não motores: declínio cognitivo e distúrbios psiquiátricos. Causa: uma degeneração acentuada do estriado resulta em atrofia desses núcleos e atrofia frontal e temporal. - A perda desses neurônios do estriado leva a uma perda da projeção inibitória para o GPE, resultando em mais inibição no NST, diminuindo os outputs excitatórios do NST para o GPI, oque conduz uma menor inibição do GPI para o tálamo. - Os outputs do tálamo são desinibidos, causando uma maior excitação do tálamo para o córtex, levando ao movimento excessivo da síndrome. DISTONIA Distúrbio neurológico hereditário caracterizado por contrações involuntárias (movimento estereotipado). Essas contrações forçam certas partes do corpo a executar movimentos repetitivos ou a permanecer em posições dolorosas. - Principalmente hereditário, mas podem ser secundárias as lesões do SNC, doenças neurodegenerativas, genéticas e medicamentosa (no intervalo de medicações antiparkinsonianas). Distonia focais: espasmos afetando uma pequena parte do corpo (olho, pescoço ou mão). Distonias segmentares: duas partes vizinhas (pescoço e braço). Hemidistonia: um lado inteiro do corpo. Distonia generalizada: todo o corpo, mais comum em crianças. TREMOR Sinal clínico comum, caracterizado por movimentos rítmicos, rápidos e de baixa amplitude que podem surgir em repouso, em determinadas posturas ou ainda podem ser “de intenção”. Tremor essencial e tremor de intenção. Bilateral e geralmente simétrico e distal dos mm. superiores (condição hereditária). Pode ter uma piora progressiva bilateral e em geral é simétrico. MIOCLONIA É um sinal clínico abrupto como se a pessoa estivesse tomando um choque (espasmos rápidos e repentinos). - Mioclonia negativa: Asteríxis (flapping) é um tremor que ocorre quando o punho é estendido (dorsiflexão), que parece com o “bater de asas de um pássaro”. É comum nas neuropatias hepáticas e na doença renal crônica (DRC). - Mioclonia positiva: é a contração muscular, isto é, movimentos involuntários, súbitos e de curta duração, causados por contração de um músculo ou grupo muscular. (EX: soluço). ATETOSE É um sinal clínico causado por uma lesão no núcleo lentiforme, normalmente lesões anóxicas do SNC. - Distúrbios motores: movimento lento e contorcido, preferencialmente nas mãos.
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