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Fisiologia do ciclo menstrual 1 Fisiologia do ciclo menstrual Prof. José Augusto Ciclo menstrual Variação de 21 a 35 dias, com média de 28 dias 1º fase: proliferativa ou folicular (maior variação de dias) 2º fase: lútea ou secretora (mais regular, entre 12 a 14 dias) Ciclos anovulatórios: considerados ciclos irregulares muito curtos ou muito longos Desenvolvimento folicular Coordenada por eventos hipotalâmicos-hipofisários (HH) e ovarianos Folículo dominante: responsável por modular a função HH durante o ciclo por retrocontroles mediante a produção de hormônios → estradiol, progesterona, inibina, fatores de crescimento e outros peptídeos Hipotálamo, hipófise e gônada Neuro-hormônios produzidos nos núcleos hipotalâmicos → circulação porta-hipofisária → adeno-hipófise Circulação ocorre no sentido SNC → hipófose ou, ainda, existe um fluxo retrógrado hipófise → hipotálamo para um retrocontrole Esses neuro-hormônios produzidos pelo hipotálamo são fatores liberadores de hormônios hipofisários Hormônios ESTIMULADORES da produção de neuro- hormônios: noradrenalina Fisiologia do ciclo menstrual 2 Hormônios INIBIDORES da produção de neuro- hormônios: dopamina, endorfina Atrofia das gônadas acontecem quando há interrupção da circulação porta-hipofisária GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina): Responsável pela secreção hipofisária de hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH) Durante o ciclo menstrual o GnRH é secretado de forma pulsátil moduladores pelo sistema supra-hipotâlamo noradrenalina-dopamina Meia vida curta de 2 a 4 min e é necessário uma faixa crítica de amplitude e frequêcia da sua secreção Maior parte da secreção de GnRH é na fase proliferativa/folicular LH e FSH: São gonadotrofinas produzidas pelo gonadotrofo na andeno-hipófise A secreção, síntese e armazenamento de gonadotrofinas sofrem alterações no decorrer do ciclo menstrual, conforme as concentrações de estradiol, progesterona, inibinas e outras substâncias produzidas pelo folículo dominante Crescimento folicular Atresia é predominante no ovário, ou seja, a degeneração de folículos ováricos antes da maturação e ocorre em vários estágios Folículos promordiais têm apenas uma camada de CÉLULAS DA GRANULOSA e estão em repouso Folículo primário: em crescimento folicular, chega a 0,1 mm Folículo secundário 0,2 mm Folículo antral inicial 2mm Esse crescimento é independente das gonadotrofinas O crescimento até o folículo antral é permanente durante a vida até a menopausa (fase de depleção folicular) e em situações em que a liberação de gonadotrofinas diminui, como na infânica, gestação e uso de ACO Hormônio antimülleriano (AMH): Secretado pelas células da granulosa de folículos primáros e secundários É um regulador negativo do desenvolvimento folicular inicial e sua presença inibe o crescimento folicular inicial e a ação do FSH � Reserva ovariana: Intra-útero: 7 milhões ovócitos Nascimento: 1 milhão de ovócitos Menarca → 250mil ovócitos 35-37 anos → 25 mil ovócitos Menopausa → perda folicular acelerada Fisiologia do ciclo menstrual 3 Não é secretado no folículo antral Usado como marcador de reserva ovariana O estímulo com LH e FSH é o pré-requisito para o desenvolvimento dos folículos antrais iniciais até os folículos pré-ovulatórios Os últimos 5 dias do crescimento folicular dependem do aumento cíclico de FSH O número de células da granulosa aumentam (2mm no antral e 18mm no pré-ovulatório) Teoria das duas células Nos folículos antrais há mais receptores de LH na célula da teca e os receptores de FSH estão mais presentes nas células da granulosa Células da teca sintetizam androstenediona e testosterona sobre influência do LH Células da granulosa mediante atividade da enzima aromatase dependente de FSH converte os androgênios em estradiol e estrona À medida que o folículo se desenvolve, as células da teca expressam genes para a síntese de mais receptores de LH e as células da grnaulosa, com o crescimento e proliferação, aumentam os receptores de FSH e a expressão da enzima aromarase, elevando o nível estrogênico na circulação e no líquido folicular Fisiologia do ciclo menstrual 4 Folículo dominante: O folículo selecionado, chamado de folículo dominante, será ovulado no 5º ou 6º dia do ciclo, enquanto os outros folículos sofrerão atresia Possui maor atividade da enzima atomatase, que lhe permite maior produção de estradiol, maior número de receptores de FSH e, paralelamente, estimula a expressão de receptores de LH também nas células da granulosa Estradiol: Regulador da secreção de gonadotrofinas No início da fase folicular e ele inibe a secreção de FSH (retrocontrole negativo) Fatores de crescimeno locais: Alguns parecem permitir ao folículo dominante que permaneça sensível a baixas concentrações de FSH Fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGFs) Fator de transformação do crescimento β (TGF- β) Fator de crescimento de fibroblastos (FGF) Ativina Outros inibem as ações do FSH, estando relacionados à atresia: Inibina Fisiologia do ciclo menstrual 5 Fator de crescimento epidérmico (EGF) Fator de transformação do crescimento α (TGF- α) Proteínas de ligação do IGF (IGF-BPs) As células da teca do folículo dominante são bem vascularizadas, enquanto as cél. da granulosa expressão receptores tanto de FSH como de LH e produzem quantidades cada vez maiores de estradiol, atingindo um platô aproximadamente 24 a 36 horas antes da ovulação Os altos níveis de estradiol secretados pelo folículo dominante desencadeiam o pico de LH → reassume a meiose, a síntese de PGs e as células da granulosa são luteinizadas, passando a sintetizar progesterona e estradiol Provavelmente, a progesterona em níveis baixos produzida pelo folículo dominante antes da ruptua é o sinal para que ocorra a descarga de FSH no meio do ciclo Corpo lúteo ou amarelo: Após a liberação do ovócito (ovulação), o folículo reorganiza-se para formar o corpo lúteo ou amarelo Vasos sanguíneos penetram na membrana basal do folículo e suprem-no com níveis adequados de lipoproteína de baixa densidade (LDL), fração do colesterol que serve de substrato para a síntese de progesterona e estradiol A função lútea é controlada pela secreção hipofisária de LH As concentrações elevadas de progesterona da segunda fase do ciclo reduzem a frequência e a amplitude dos pulsos de GnRH, provavelmente pelo aumento dos opioides endógenos Se a fertilização do ovócito e/ou a implantação não ocorrer, o corpo lúteo entra em remissão 12 a 14 dias após a ovulação Quando ocorre gestação, a gonadotrofina coriônica humana (hCG) produzida pelo embrião evita a regressão lútea, e a hCG mantém a esteroidogênese ovariana até a placenta assumir a produção hormonal da gestação Ao fim da fase lútea do ciclo anterior, com o decréscimo do estradiol, da progesterona e da inibina A, ocorre o aumento do FSH nos primeiros dias da fase folicular → esse é o sinal para que os folículos antrais, capazes de responder ao estímulo do FSH, iniciem o crescimento e para que comece um novo ciclo Controle ovariano da secreção de gonadotrofinas (REVISAR) Estradiol e Inibina A e B: Principais hormônios ovarianos reguladores da secreção de gonadotrofinas O estradiol exerce retrocontrole negativo sobre a hipófise durante quase todo o ciclo. Quando o estradiol, secretado pelo folículo pré-ovulatório, mantém-se elevado por 48 horas, ocorre o pico de LH ou retrocontrole positivo de estradiol sobre a hipófise Pico de LH: Uma série de eventos, principalmente hipofisários, culmina no pico de LH: Aumento da resposta do gonadotrofo ao GnRH é observado após níveis elevados de estradiol Fisiologia do ciclo menstrual 6 O gonadotrofo, nessas condições, expressa maior número de receptores de GnRH e, no hipotálamo, aumenta a secreção de GnRH no meio do ciclo A progesterona, secretada em níveis baixos ao fim da fase folicular, é facilitadora do pico de LH e parece ser responsávelpelo pico de FSH no meio do ciclo. Os peptídeos ovarianos inibinas A e B também atuam no controle da secreção de gonadotrofinas O FSH estimula a secreção de inibina B pelas células da granulosa, enquanto a inibina A é secretada pelo corpo lúteo, sob controle de LH A concentração da inibina A, secretada pelas células da granulosa luteinizadas, diminui paralelamente ao estradiol e à progesterona, mantendo-se baixa na fase folicular Juntamente com o estradiol, a inibina A controla a secreção de FSH na fase de transição luteofolicular A inibina B parece ser um bom marcador da função das células da granulosa sob controle de FSH, enquanto a inibina A espelha a função lútea sob controle do LH GnSAF (do inglês ovarian gonadotrophin surge-attenuating factor): Substância não esteroide de peso molecular de 12,5 kDa isolada no líquido folicular, que, muito provavelmente, participa do controle da resposta do LH ao GnRH, sendo um mecanismo que facilitaria a plenitude do pico de LH no meio do ciclo Ciclo endometrial O ciclo ovulatório é acompanhado por alterações endometriais visando à implantação de um embrião Quando não acontece a gestação, o corpo lúteo regride e, paralelamente, ocorre a descamação endometrial (menstruação) e a alterações morfológicas do endométrio espelham a atividade do estradiol e da progesterona Fase proliferativa: Morfologicamente existe uma intensa atividade mitótica nas glândulas e no estroma endometrial O endométrio, que no início da fase folicular tem aproximadamente 2 mm de espessura, atinge 10 mm no período pré-ovulatório As alterações endometriais fisiológicas têm aspecto característico à ultrassonografia transvaginal Fisiologia do ciclo menstrual 7 Fase lútea: As alterações predominantes são secreção glandular e edema do estroma Não ocorrendo a gestação, o endométrio pré-menstrual apresenta infiltração leucocitária e reação decidual do estroma A expressão dos receptores de estrogênio e de progesterona no endométrio também varia durante o ciclo ovulatório A concentração dos receptores de estrogênio é alta na fase proliferativa, diminuindo após a ovulação, refletindo a ação supressiva da progesterona sobre os receptores de estrogênio A concentração máxima dos receptores de progesterona no endométrio ocorre na fase ovulatória espelhando a indução desses receptores pelo estradiol Na fase lútea, os receptores de progesterona diminuem muito nas glândulas e continuam presentes no estroma Diversos outros fatores autócrinos e parácrinos são expressos no endométrio durante o ciclo menstrual Métodos de diagnóstico da ovulação 1. Temperatura Basal Técnica correta: elevação de 0,5 a 0,6 ºC caracteriza o início da fase progesterônica e sua queda o final desta fase(bifásica) Anovulação é monofásica Insuficiência lútea: ascenção lenta ou queda precoce 2ª fase ≤ 10 dias (bifásica curta) 20% falha na detecção do dia ovulatório e na presença de ovulação nas curvas monofásicas 2. Muco Cervical Orifício cervical externo aberto Grande quantidade Aspecto hialino Filância ≥ 10 cm Cristalização terciária se aquecido ( aspecto de “samambaia”) Fisiologia do ciclo menstrual 8 Teste de Ferrari: branco 3. Citohormonal (vaginal ou urocitograma) Citologia vaginal ou urocitograma seriados Predomínio de células superficiais - ação estrogênica Predomínio de células intermediárias - ação progesterônica 30-50% de falha no diagnóstico da ovulação 4. Biópsia de Endométrio Monitorização do ciclo 24º ao 26º dia do ciclo Cureta de Novak (sonda retal nº12 ou cânula de Frydman) com vácuo Anovulação: endométrio proliferativo Insuf. lútea: defasagem > 2 dias; assincronia de desenvolvimento endometrial Falhas: insuf. material, local inadequado, canal cervical fechado, interpretação inadequada 5. Dosagem de Progesterona Correto fazer entre o 22ª e 26ª dia, onde a progesterona atinge seu pico Colheita única: 22º -26º dia do ciclo ovulação e fase lútea adequada: > 10 ng/ml anovulação ou insuf. lútea: < 5 ng/ml Três colheitas - 18º, 22º, 26º dia do ciclo anovulação ou insuf. lútea: < 15 ng/ml 6. Ultra-sonografia Sinais de Ovulação Iminente: tamanho folicular cumulus oophorus(15-20%) descolamento da granulosa(10%) Sinais de Ovulação: ausência do folículo líquido livre corpo lúteo � Diagnóstico da causa de anovulação: FSH LH Prolactina TSH, T3, T4 Testosterona, Androstenediona, SDHEA