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Prof. Marcelo Soares Aula 18 1 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Aula 18 Gestão por Competências Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Prof. Marcelo Soares 2022 Prof. Marcelo Soares Aula 18 2 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Sumário SUMÁRIO ..................................................................................................................................................2 APRESENTAÇÃO DA AULA ........................................................................................................................ 3 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS .................................................................................................................. 5 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 5 CONCEITO DE COMPETÊNCIA AO LONGO DO TEMPO ..................................................................................................... 8 DIMENSÕES DO CONCEITO DE COMPETÊNCIA ............................................................................................................ 13 CARACTERÍSTICAS DA COMPETÊNCIA ....................................................................................................................... 16 CLASSIFICAÇÕES DE COMPETÊNCIA ......................................................................................................................... 18 Tipologia quanto ao nível ............................................................................................................................... 18 Tipologia quanto à relevância ......................................................................................................................... 21 Tipologia quanto à amplitude da população .................................................................................................... 22 Tipologia quanto ao papel organizacional ....................................................................................................... 23 Tipologia quanto à natureza do desempenho individual................................................................................... 23 GESTÃO POR COMPETÊNCIA ................................................................................................................................... 27 MODELOS DE GESTÃO DE COMPETÊNCIAS EM CINCO ETAPAS ....................................................................................... 30 MAPEAMENTO DE COMPETÊNCIAS .......................................................................................................................... 32 A GESTÃO POR COMPETÊNCIAS NOS DIFERENTES SUBSISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS ................................................. 33 QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR ......................................................................................... 35 LISTA DE QUESTÕES.............................................................................................................................. 69 GABARITO .............................................................................................................................................. 83 RESUMO DIRECIONADO .........................................................................................................................84 JURISPRUDÊNCIA DA FGV ....................................................................................................................... 90 LEITURAS COMPLEMENTARES ............................................................................................................... 93 TIPOLOGIA DE COMPETÊNCIAS, SEGUNDO GRAMIGNA ................................................................................................ 93 TIPOLOGIA DE COMPETÊNCIAS, SEGUNDO IDALBERTO CHIAVENATO............................................................................. 93 TIPOLOGIA DE COMPETÊNCIAS, SEGUNDO MILLS ...................................................................................................... 94 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 96 Prof. Marcelo Soares Aula 18 3 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Apresentação da Aula Na aula de hoje, estudaremos Gestão por competências. Trata-se de um assunto bem simples de entender. Entretanto, em virtude das divergências doutrinárias, as questões de gestão por competência que tratam sobre tipologias de competências costumam ser bem polêmicas. Essa dificuldade na hora de resolver questões ocorre porque existem mais de vinte classificações doutrinárias diferentes e contraditórias acerca das tipologias de competência. Para facilitar o estudo, mapeamos os autores utilizados pela Fundação Getúlio Vargas- FGV e aprenderemos apenas as classificações que importam para essa banca. Afinal, nesse momento, o que importa é acertar questões dessa banca. Além dos típicos rolês aleatórios da FGV (questões retiradas de um artigo desconhecido que foi publicado há uns 20 anos por um professor desconhecido da FGV), a banca gosta de contextualizar as questões e de relacionar o conteúdo de gestão por competência com outros assuntos, tais como: gestão estratégica, recrutamento e seleção. Assim, é importante compreender os conceitos que serão apresentados para que você consiga analisar o contexto proposto nos enunciados das questões. Nas questões que exploram temas alheios à gestão por competências, inclui no comentário a exposição da teoria necessária para você entender também esse assunto correlato. No pós-edital, conteúdo demais é tão nocivo quanto conteúdo de menos, então minha proposta é aumentar ao máximo nossa assertividade em relação ao perfil da banca organizadora. Pensando nisso, mantivemos o modelo de aula com direcionamento de estudos, jurisprudência da FGV, checkpoints dos aspectos teóricos centrais, comentários mais robustos em questões polêmicas e um resumo direcionado caprichado. A Fundação Getúlio Vargas – FGV tem peculiaridades interessantes ao elaborar questões dessa parte do conteúdo: • A FGV elabora questões contextualizadas. Não basta decorar os conceitos e suas palavras-chave, você terá que ter uma compreensão maior. Muita atenção com os conceitos de conhecimento, habilidade e atitude. A banca costuma descrever situações para que você identifique qual desses conceitos a situação melhor se refere. • A FGV explora em muitas provas o conceito de competência essencial. • A FGV descreve as dimensões da competência individual em capacidades e entregas, de acordo com o que propõe Joel Dutra. Trata-se de um detalhamento que outras bancas organizadoras não fazem Podemos dizer, de maneira mais geral, que essa aula tem uma importância alta para o seu concurso. Importância da aula Legenda: : Importância mínima : Importância baixa : Importância média Prof. Marcelo Soares Aula 18 4 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital : Importância alta : Importância muito alta (Vai cair uma questão daqui!!!) Direcionando os estudos: assuntos mais importantes da aula, segundo a FGV • Conceito de Competência • Dimensões da Competência (Conhecimento, Habilidades e Atitudes) • Tipologia quanto ao nível Prof. Marcelo Soares Aula 18 5 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Gestão por Competências Introdução Antes de estudarmos gestão por competências, devemoscompreender a evolução da gestão de pessoas. Essa compreensão evolutiva é útil para entendermos melhor o contexto no qual a gestão por competências se insere. “Quando tudo era mato”, um grupo de engenheiros iniciou um esforço para ordenar as rotinas de trabalho dos operários e para dotar as recém-criadas indústrias de maior racionalidade. Ao constatarem que seus esforços produziram resultados significativos para as empresas e operários, esses engenheiros publicaram uma série de artigos relatando suas experiências e prescrevendo práticas para que outros gerentes fabris também pudessem aumentar a produção de suas indústrias. Esse é o começo da Administração e esses relatos feitos por engenheiros franceses e americanos compõem as primeiras teorias de Administração (Administração científica e Teoria Clássica). Para se ter ideia do impacto dessas teorias na gestão das indústrias é interessante analisar os resultados de 1898 da Bethlehem Steel, empresa onde Frederick Winslow Taylor, um dos maiores exponentes da Administração científica, trabalhava. Antes da aplicação dos princípios de Taylor, cada operário da Bethlehem Steel era capaz de carregar, em média, 12,5 toneladas de aço nos vagões da companhia e recebia US$ 0,70 por dia. Após treinamento e utilização de uma sequência de ferramentas e movimentos corretos definidos por Taylor, cada operário passou a carregar por dia 47,5 toneladas de aço e passou a receber US$ 1,85 por dia. O aumento tão significativo da produtividade da Bethlehem Steel foi responsável pela rápida disseminação das ideias e princípios defendidos por Taylor. Embora relevante para o momento em que foi concebida, a Administração Científica, assim como a Teoria Clássica, possui uma visão reducionista do ser humano. “Como assim, Marcelo?” Tanto a Administração Científica, quanto a Teoria Clássica, tratam os empregados como espécies de engrenagens de uma máquina, ou seja, objetos sem vontade própria, sem sonhos, sem desejos, sem objetivos. Na avaliação dessas teorias, enquanto simples engrenagens, os indivíduos só estariam dispostos a trabalharem mais se recebessem mais. Diz-se, portanto, que essas teorias seguem a perspectiva do homem econômico, isto é, adotam a crença de que os indivíduos só podem ser motivados por meio de estímulos financeiros. Em resumo, embora tenham possibilitado o pagamento de salários um pouco melhores, essas teorias ainda não valorizavam, de fato, os empregados. Nessa época, as jornadas de trabalho eram extenuantes (superando 12 horas em muitos casos), os níveis de acidente de trabalho eram altíssimos, e os salários, apesar do aumento, eram baixíssimos. Não é exagero afirmar que, nessa época, as máquinas de produção recebiam maiores cuidados da gestão do que os operários, os quais eram substituídos rapidamente a cada novo acidente. Prof. Marcelo Soares Aula 18 6 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Era Período Características Atuação da Gestão de Pessoas Departamentos de Pessoal e Relações Industriais 1900 a 1950 (Industrial Clássica) Conceito de homem econômico. Estrutura Organizacional em formato piramidal. Departamentalização funcional. Estabelecimento de regras e regulamentos para disciplinar e padronizar Homem considerado um apêndice da máquina Atividades predominantemente operacionais Foco na relação entre a indústria e os sindicatos. Fonte: Chiavenato (2006), Ribas e Salim (2006) - Adaptado Ao longo do tempo, a visão reducionista do ser humano como uma simples engrenagem foi sendo contestada. Aos poucos, percebeu-se que pessoas diferentes respondem aos estímulos de forma diferente. Em outras palavras, algumas pessoas são mais suscetíveis a incentivos financeiros, outras a incentivos sociais, outras a incentivos de poder etc. Dentro da evolução da gestão de pessoas, temos dois marcos importantes: a Experiência de Hawthorne e a Teoria das Relações Humanas de Elton Mayo. Esses dois eventos mudaram de forma muito significativa a compreensão dos pesquisadores acerca do comportamento humano. Segundo diversos doutrinadores, a Experiência de Hawthorne é o marco inicial de um novo ramo na ciência da Administração, ramo que à época foi denominado de Administração de Recursos Humanos – ARH. A Administração de Recursos Humanos representa o esforço da ciência da Administração em estudar o elemento humano nas organizações e a influência desse elemento nos resultados obtidos. Nesse período, criam-se os primeiros departamentos de pessoal. Nesse ponto, os gestores passam a conferir às pessoas a mesma relevância que conferem a outros recursos (máquinas, equipamentos, instalações etc.). Nos livros de Administração, diz-se que no início da Administração de Recursos Humanos os empregados são tratados como recursos da organização. Era Período Características Atuação da Gestão de Pessoas Administração de Recursos Humanos 1950-1990 (Industrial Neoclássica) Início com o final da Segunda Guerra Mundial Estrutura mais flexível e propícia a mudanças Busca pela inovação Começa a desenvolver atividades táticas Desenvolvimento de subsistemas de RH (recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, remuneração, higiene e segurança) Pessoas vistas como recursos vivos Fonte: Chiavenato (2006), Ribas e Salim (2006) - Adaptado A partir da década de 1990, temos um novo salto evolutivo na Administração. Com o advento da chamada Era da Informação, as teorias e práticas gerenciais voltam-se para o elemento humano. As pessoas tornam-se o centro das organizações. Pense por um instante: o que seria do Direção Concursos sem os professores e demais empregados? O que seria do Tribunal de Contas da União – TCU sem o conhecimento dos seus servidores? Provavelmente, não seriam o que são hoje. O TCU é um órgão de referência, dentre outros motivos, graças a sua capacidade de atrair e reter pessoas talentosas. Nesse contexto, a área de pessoas torna-se, então, um fator estratégico de sucesso. Em outras palavras, as organizações percebem que para serem bem-sucedidas Prof. Marcelo Soares Aula 18 7 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital necessitam de pessoas competentes. E este é, meus amigos, o cenário de nascimento da moderna Gestão de Pessoas e da Gestão de Pessoas por competências. Podemos esquematizar os mais de 100 anos de evolução da Gestão de Pessoas nas três grandes fases que descrevemos. A tabela a seguir esquematiza cada uma dessas fases e suas principais características: Era Período Características Atuação da Gestão de Pessoas Departamentos de Pessoal e Relações Industriais 1900 a 1950 (Industrial Clássica) Conceito de homem econômico. Estrutura Organizacional em formato piramidal. Departamentalização funcional. Estabelecimento de regras e regulamentos para disciplinar e padronizar Homem considerado um apêndice da máquina Atividades predominantemente operacionais Foco na relação entre a indústria e os sindicatos. Administração de Recursos Humanos 1950-1990 (Industrial Neoclássica) Início com o final da Segunda Guerra Mundial Estrutura mais flexível e propícia a mudanças Busca pela inovação Começa a desenvolver atividades táticas Desenvolvimento de subsistemas de RH (recrutamento, seleção, treinamento, avaliação, remuneração, higiene e segurança) Pessoas vistas como recursos vivos Gestão de Pessoas A partir de 1990 (Era da informação) Mudanças ainda mais rápidas, imprevistas e inesperadas. Intensificação da competitividade. Conhecimento tornou-se o recurso mais importante Migração do emprego do setor industrial para o setor de serviços Trabalho manual substituído pelo trabalho mental. Terceirização das tarefas operacionais. Atuação estratégica. Pessoas vistas como fornecedorasde conhecimento. As equipes de gestão de pessoas atuam como consultorias internas orientadas para atividades estratégicas. Fonte: Chiavenato (2006), Ribas e Salim (2006) - Adaptado DICA DE PROVA De modo geral, as questões de concurso e editais tratam Administração de Recursos Humanos como sinônimo de Gestão de Pessoas. Aceite isso. Apenas considere as peculiaridades de cada um dos termos caso a questão seja sobre a evolução da gestão de pessoas. Essa breve introdução é apenas para que entenda que tudo o que iremos estudar dentro do conteúdo de gestão por competências está contextualizado dentro dessa visão contemporânea da gestão de pessoas de que as pessoas são um fator estratégico e que, portanto, devem ser gerenciadas com prioridade. Prof. Marcelo Soares Aula 18 8 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Conceito de competência ao longo do tempo Para começar nossos estudos de gestão por competência, devemos partir do conceito fundamental. Afinal, o que é competência? No senso comum, utilizamos esse termo para indicar uma pessoa qualificada para realizar alguma coisa. No âmbito jurídico, a competência diz respeito à responsabilidade delegada a uma pessoa ou instituição para apreciar, decidir ou julgar determinadas questões. Em administração, por sua vez, o conceito de competência está presente desde as primeiras teorias, tendo evoluído muito ao longo do tempo. Nos primórdios da ciência da Administração (período denominado de Taylorismo-fordismo, que vai de 1910- 1920), o conceito de competência era descrito como um conjunto de atributos necessários para a ocupação de um cargo restrito, vinculado à linha de produção. 1 Após vários anos esquecido, o conceito de competência é revitalizado nos anos de 70 em razão dos trabalhos de McClelland, Gilbert e Boyatzis. Esses pesquisadores são os principais representantes da chama abordagem americana (ou corrente americana) da competência, que ainda hoje é a mais popular. Segundo a abordagem americana, a competência corresponde a um conjunto de capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes) que permitem à pessoa realizar determinado trabalho ou lidar com uma dada situação, expressos por comportamentos que identificam desempenhos esperados. 2 Na obra dos professores Joel Souza Dutra e Maria Tereza Fleury (2013), detalha-se a evolução do conceito de competência, a partir da abordagem americana: Para alguns autores, a maioria de origem norte-americana, que desenvolveram seus trabalhos nos anos 70, 80 e 90, competência é o conjunto de qualificações (underlying characteristics) que permite à pessoa uma performance superior em um trabalho ou situação. [...]. Com essa abordagem, Parry (1996, p. 50) resume o conceito de competência como sendo “um cluster de conhecimentos, skills e atitudes relacionadas que afetam a maior parte de um job (papel ou responsabilidade), que se correlaciona com a performance do job, que possa ser medido contra parâmetros bem aceitos, e que pode ser melhorada através de treinamento e desenvolvimento”. Essa abordagem foi disseminada no Brasil nos anos 80 e início dos anos 90 associada à ideia de perfil de conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) necessário para que determinada pessoa pudesse ter uma boa performance em seu cargo (DUTRA, 2004). (Dutra, Fleury, 2013, p.34)3 Prof. Marcelo Soares Aula 18 9 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Em linha com a abordagem norte-americana, na obra de Idalberto Chiavenato (2018), apresentam-se conceituações de competência como um conjunto de características que integram o repertório de um indivíduo (novamente, fala-se em conhecimentos, habilidades e atitudes), vejamos: Competência é a qualidade que uma pessoa possui e é percebida pelos outros. [...]. Elas são dinâmicas, mudam, evoluem, são adquiridas ou perdidas. Nisenbaum alega que competência é a integração de habilidades, conhecimento e comportamento que se manifesta com o desempenho das pessoas. [...] . Bloog tenta uma abordagem holística. Para ele, competência é o produto da multiplicação de três fatores: saber fazer (conjunto de informações, conhecimento e experiências), querer fazer (motivação, vontade e comprometimento) e poder fazer (ferramentas, equipamento e local de trabalho adequados). As competências surgem na medida em que esses três fatores são atendidos. (Chiavenato, 2018)4 A abordagem norte-americana, apesar de ser a mais popular, não é a única que aparece em provas de concursos. Temos histórico de cobrança também da abordagem francesa, que é uma corrente doutrinária que se torna popular na década de 90 em razão dos artigos publicados pelo sociólogo francês Guy Le Boterf. Segundo a abordagem francesa, competência é o cruzamento da formação pessoal, educacional e da experiência profissional, capaz de orientar um “saber agir” responsável. Inteligência prática apoiada em conhecimentos, útil para produzir resultados e ser vinculada a um sistema de avaliações decorrentes da experiência pessoal e profissional que excede as exigências de um cargo ou função específica. 5 . Sobre tema, vejamos: Para Le Boterf (1994, 2000 e 2001), por exemplo, a competência não é um estado ou um conhecimento que se tem, nem é resultado de treinamento, na verdade, competência é mobilizar conhecimentos e experiências para atender as demandas e exigências de determinado contexto, marcado geralmente pelas relações de trabalho, cultura da empresa, imprevistos, limitações de tempo e de recursos etc. Nessa abordagem, portanto, podemos falar de competência apenas quando há competência em ação, traduzindo-se em saber ser e saber mobilizar o repertório individual em diferentes contextos. (Dutra, Fleury, 2013, p.34)6 Prof. Marcelo Soares Aula 18 10 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Perceba que, enquanto na abordagem americana, a competência é vista a partir de uma visão intrínseca (indivíduo competente é aquele que possui um conjunto sinérgico de conhecimentos, habilidades e atitudes), na abordagem francesa/inglesa, a competência é vista a partir de uma visão extrínseca (competência é a capacidade de entrega do indivíduo, ou seja, a capacidade de gerar resultados e de assumir responsabilidades frente a situações de trabalho complexas). A partir dos anos 2000, emerge a corrente doutrinária mais contemporânea do conceito de competência. Trata- se de uma abordagem integrada que congrega as duas anteriores. Segundo a abordagem integrada (ou modelo integrado), competências são combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes – expressas pelo desempenho profissional dentro de determinado contexto organizacional –, que adicionam valor a pessoas e organizações na medida em que contribuem para a consecução de objetivos organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade das pessoas. 7 Nas palavras de Fleury (2002), competência é um saber de agir responsável e reconhecido que agrega valor econômico para à organização e valor social ao indivíduo. Assim, de acordo com o modelo integrado, poderíamos esquematizar o conceito de competência da seguinte forma: O interessante desse esquema da abordagem integrada é que ele aglutina as duas abordagens (americana e francesa) e acrescenta a capacidade que a competência deve ter de gerar valor econômico e social. Já percorremos todas as abordagens do conceito de competência, mas que tal tiramos um pouco do administrês e colocarmos as perspectivas da abordagem americana e francesa de uma forma mais prática? Para tanto, vamos utilizar um exemplo simplificado. Imagine que eu e você devemos avaliar se o João, novo vendedor da nossa empresa,é ou não é competente. Para essa análise, inicialmente, vamos utilizar a abordagem americana. Na abordagem americana, a ênfase recai nas características que integram o repertório do João. Em outras palavras, devemos verificar se o João tem conhecimentos, habilidades e atitude. Verificamos que João é formado em Marketing e Vendas, ou seja, ele detém conhecimento (primeiro requisito atendido). Em seguida, para avaliar a habilidade (capacidade de transformar conhecimento teórico em prática), pedimos para o João elaborar uma previsão de vendas e um relatório de visita a um cliente. João realiza essas atividades sem qualquer tipo de dificuldade. Opa! Ele detém habilidade (segundo requisito atendido). Por fim, devemos avaliar se João possui atitude, isto é, devemos avaliar se João está comprometido e com vontade de trabalhar. Para tanto, conversamos com os colegas de trabalho de João e supervisor imediato. Todos afirmam que João sempre se mostra solícito quanto aos pedidos dos colegas e chega todo dia feliz e disposto para trabalhar. Não há Prof. Marcelo Soares Aula 18 11 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital dúvidas, João tem atitude (terceiro requisito atendido). Assim, a partir da abordagem americana, podemos concluir que João é competente, isto é, tem conhecimento, habilidade e atitude. Caso utilizássemos a abordagem francesa, de outro modo, avaliaríamos simplesmente o comportamento e os resultados obtidos por João depois dos primeiros meses de trabalho. Não importa o diploma que o João possui ou as suas habilidades. O que nos interessa saber é simplesmente: João vendeu muito ou não? Se vendeu muito, trata-se de um vendedor competente. Do contrário, trata-se de um vendedor incompetente. Por fim, vejamos como a Fundação Getúlio Vargas – FGV já conceituou competência em concursos anteriores: As competências podem ser definidas como um conjunto de conhecimentos que o indivíduo mobiliza e aplica, de forma reiterada, dentro de um contexto organizacional, agregando valor à organização e a si mesmo (FGV, IBGE, Coordenador Censitário, 2019) Competências representam uma combinação de características pessoais e de conhecimentos e habilidades profissionais (FGV, TJ/RO, Pedagogo, 2015) Competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (FGV, DPE/MT, Administrador, 2015) Perceba que a FGV conceitua competência a partir das abordagens que já aprendemos. Agora, é hora da dupla campeã (esquema + questões) para fixar esse conteúdo! Prof. Marcelo Soares Aula 18 12 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital CESPE – IPHAN – Analista – 2018 Um dos desafios da gestão de pessoas é o gerenciamento do capital humano, o qual enfatiza o valor social que as competências e as capacidades humanas conferem às organizações. COMENTÁRIO: Segundo Fleury (2001), as competências conferem valor econômico às organizações e valor social as indivíduos. O enunciado misturou as coisas, por isso está errado. Gabarito: ERRADO FGV – CM Salvador – Analista – 2019 Muitos gestores e colaboradores de organizações de vários tipos e tamanhos consideram a avaliação de desempenho praticada por suas organizações como uma ação contaminada por fatores subjetivos e por vieses que distorcem seu propósito. Modelos tradicionais vêm sendo substituídos por modalidades que estimulam a busca de informações atualizadas sobre as competências dos colaboradores, conceituadas como um conjunto de: a) responsabilidades; atribuições; autoridade; b) técnicas; vocações; crenças; c) conhecimentos; habilidades; atitudes; d) motivações; características de personalidade; aspirações; e) metas; objetivos; resultado. COMENTÁRIO: Prof. Marcelo Soares Aula 18 13 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital O enunciado pede para assinalarmos a alternativa que melhor descreve o conceito de competência. Ora, sabemos que não existe uma única forma de conceituar competência e, assim, devemos procurar pela alternativa que descreve o conceito de competência, segundo abordagem americana (mais popular em provas), abordagem francesa ou abordagem integrada. A única alternativa que atende ao solicitado é a alternativa C, a qual descreve competência de acordo com a abordagem americana. Gabarito: C Dimensões do conceito de competência Já aprendemos que, segundo a abordagem americana, competência é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes. Ora, mas o que significa cada uma dessas dimensões do conceito de competência? Em linhas gerais, podemos definir as dimensões do conceito de competência da seguinte forma: Conhecimento: trata-se do conhecimento técnico, do saber teórico de uma pessoa. São as informações adquiridas por meio da educação formal, programas de treinamento e experiência profissional. Habilidade: envolve a capacidade de transformar os conhecimentos em uma ação prática/resultados. É a dimensão do “Saber como” (Know-how). Atitude: elemento do “quer fazer” ou do “saber ser”. Representa a disposição, engajamento, determinação do profissional para realizar uma atividade. Além da compreensão, em provas, é oportuno conhecer as lições de autores prestigiados pelas bancas organizadoras. Na tabela a seguir, consolidamos as lições doutrinárias de Idalberto Chiavenato (2018) e Antônio Maximiano (2017): Dimensão Idalberto Chiavenato (2018) Antônio César Maximiano (2017) Pedro Paulo Carbone (2016) Conhecimento (Saber) Aprender a aprender Aprender continuamente Aumentar o conhecimento Aumentar o capital intelectual O conhecimento é feito de dados que fazem sentido – que têm significado, para cada pessoa. Assim, o conhecimento é atributo pessoal, diferente da informação e dos dados, que são eventos ou entidades externas. Refere-se ao “saber” que a pessoa acumulou ao longo de sua vida, algo relacionado à lembrança de conceitos, ideias ou fenômenos ou, em outras palavras, diz respeito ao saber o que e por que fazer (know-what e know-why), o que envolve a compreensão do princípio teórico que rege aquele processo e seu propósito Habilidade (Saber fazer) Aplicar o conhecimento Saber pensar e agregar valor Transformar o conhecimento em As aptidões compõem o potencial para a realização de tarefas ou atividades. Desenvolvidas por meio de treinamento e experiência, Capacidade de fazer uso produtivo do conhecimento que possui, promovendo a articulação entre os conhecimentos que detêm e uma ação. Durand (2000) Prof. Marcelo Soares Aula 18 14 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital algo concreto e produtivo transformam-se em habilidades. explica que essa dimensão refere-se ao saber como fazer algo em determinado processo (know-how). Atitude (Querer fazer) Aplicar a habilidade Alcançar metas e objetivos Transformar a habilidade em resultado Atitudes são estados mentais de predisposição ou prontidão que influenciam a avaliação dos estímulos que as pessoas recebem. Dependendo das atitudes, a avaliação pode ser positiva ou negativa. A mudança de atitudes depende da mudança de crenças e sentimentos a respeito dos estímulos (outras pessoas, objetos, grupos, a própria pessoa). Refere-se aos aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho (Durand, 2000). Esse componente da competência está relacionado a um sentimento ou ao grau de aceitação ou rejeição da pessoa em relação aos outros, a objetos ou a situações. O efeito da atitude é justamente ampliar a reação positiva ou negativa de uma pessoa, ou seja, sua predisposição ou intenção em relação à adoção de uma ação específica. Percebaque o conceito de competência envolve três dimensões. Assim, uma pessoa competente é aquela que congrega de maneira sinérgica: conhecimento, habilidade e atitude. A ausência de qualquer um desses elementos retira a competência daquele contexto. De maneira mais prática, imagine, por exemplo, um empregado que tenha doutorado em Engenharia de Produção. Será que ele é competente? Depende. Ele consegue transformar esse conhecimento em resultados para a organização? Ou seja, ele sabe como (habilidade) utilizar o conhecimento de engenharia para gerar maior valor (maior rentabilidade, produtos de mais qualidade, redução de custos, etc) para a empresa? Se ele não conseguir ou não quiser (atitude) transformar esse conhecimento em resultados, ele não será um profissional competente. Em resumo, não basta ter apenas conhecimento, ou apenas habilidade, ou apenas atitude. A competência pressupõe a presença das três dimensões, tudo bem? Para nunca mais esquecer, lembre-se que as dimensões da competência são CHA: conhecimento, habilidade e atitude. Prof. Marcelo Soares Aula 18 15 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital CHÁ de JILÓ Na obra de Idalberto Chiavenato (2014), além do tradicional CHA (conhecimento, habilidade e atitude), o autor propõe a inclusão de uma nova dimensão ao conceito de competência, qual seja: o julgamento. Nas palavras do autor, O julgamento corresponderia à capacidade do indivíduo de analisar a situação e contexto, ou seja, ter a capacidade de ponderar prioridades e julgar fatos antes de tomar a atitude. Teríamos, segundo esse autor, uma sequência de construção de competência: Conhecimento ----> Habilidade -----> Julgamento ---- > Atitude A moda ainda não pegou nos concursos públicos. Contudo, considerando que Idalberto Chiavenato é aclamado pelas bancas organizadoras, é questão de tempo até esse conteúdo aparecer em provas. Assim, nosso mnemônico será Chá de Jiló. Rsrs CESPE – TRE/BA – Analista Judiciário – 2010) Sob a perspectiva do desempenho humano no trabalho, competência individual é o conjunto de conhecimentos profissionais expressos em determinado contexto organizacional. COMENTÁRIO: Sob o ponto de vista individual, a competência é o conjunto de conhecimento, habilidade e atitude (CHÁ). Gabarito: ERRADO. Prof. Marcelo Soares Aula 18 16 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital CESPE – Técnico – MPU – 2018 Os conhecimentos e as habilidades dos empregados são elementos essenciais para evidenciar competências, ao passo que as atitudes são fundamentais para materializar os resultados. COMENTÁRIO Enunciado interessante. De fato, os conhecimentos e as habilidades são elementos mais tangíveis (visíveis). É relativamente fácil identificar se uma pessoa possui conhecimento, bem como se sabe transformar esses conhecimentos em ações práticas. Imagine que João conhece uma receita de bolo e que em diversas ocasiões foi capaz de utilizar essa receita para fazer bolos. Nesse caso, conseguimos perceber (evidenciar) que João tem conhecimento e habilidade nessa seara. Contudo, não é tão visível se João vai querer fazer bolo no futuro. O elemento da atitude é menos visível e é fundamental para materializar os resultados. Gabarito: CORRETO Características da Competência A partir dos diferentes conceitos e abordagens que estudamos, podemos extrair algumas características fundamentais da competência, vamos analisá-las por partes: A competência existe dentro de um contexto A competência está presente dentro de um contexto. Funciona assim: uma pessoa pode ser muito competente em determinada área ou atividade e ser totalmente incompetente em outra. Em resumo: a competência não é um valor absoluto. Nesse sentido, não é tecnicamente apropriado afirmarmos simplesmente que João é competente. O mais adequado seria afirmar, por exemplo, que João é competente em elaborar projetos arquitetônicos. De maneira mais prática, eu tenho um nível de competência maior em Auditoria (por ter conhecimento, saber como fazer auditoria e gostar dessa área) do que em Culinária. Embora eu ame comida e goste de cozinhar (tenho atitude), falta conhecimento e habilidade nessa área. Em resumo, eu motivado em uma cozinha é certeza que o resultado será ruim..Rsrsrsrs. “Marcelo, mas você não poderia aprender um pouco?” SIM. E aí está outro ponto importantíssimo: as competências podem ser desenvolvidas. As competências podem ser desenvolvidas Sabe aquela história de complexo de Gabriela? “Eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim.” Então, é uma grande besteira. Todos nós vamos evoluindo ao longo do tempo e desenvolvendo novas competências e isso é absolutamente essencial em um mundo cada vez mais dinâmico. Imagine como estaria Prof. Marcelo Soares Aula 18 17 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital a vida de um datilógrafo hoje em dia se ele não desenvolvesse novas competências. Provavelmente, ele estaria fora do mercado de trabalho. O concurseiro experimenta o desenvolvimento de competências de uma forma bastante vívida em sua jornada. Certamente, hoje, o seu nível de conhecimento sobre diversos assuntos é sensivelmente maior do que era quando começou sua jornada. Competência é percebida pelos outros Segundo Chiavenato (2012), competência é a qualidade que uma pessoa possui e é percebida pelos outros. Não basta ser arrogante e achar que é bom em alguma coisa para ser competente. Isso só é feio. É preciso que outras pessoas reconheçam em você determinada competência. Estamos tratando em um nível individual, mas isso também vale para as empresas. No âmbito organizacional, uma empresa competente é aquela que consegue transmitir valor para os seus consumidores. Por que muitas pessoas aceitam pagar R$10.000 ou mais em uma bolsa da marca Prada, por exemplo, mas não aceitam pagar R$1.000 em uma bolsa de uma loja de departamentos? Isso se deve, em grande parte, a essa competência que algumas organizações possuem de transmitir valor por meio de seus produtos. Uma marca torna-se competente quando é percebida pelos seus clientes como uma marca de confiança, de qualidade, de prestígio etc. Competência gera valor econômico e social Existem diversos conceitos de competência, contudo, um ponto central desses conceitos é que a competência deve gerar valor. Vamos entender isso melhor. Na gestão por competência, o aspecto central não é o diploma, não é a lábia, não é só a vontade de fazer. O ponto central é o quanto o indivíduo entrega de resultado/valor para organização. A competência está fortemente ligada aos resultados produzidos. Assim, saber, saber fazer e querer fazer algo irrelevante não torna uma pessoa competente. De maneira mais prática, imagine que João é auditor do TCU e que ele adora correr. Para a organização (TCU), a possível competência de João nessa área de corrida não é relevante. Ele pode se tornar um mega corredor e isso não afetará diretamente o desempenho dele como auditor. Assim, dentro de uma avaliação da instituição, isso não é uma competência. Se, por outro lado, João busca certificações internacionais em Auditoria e com esse novo patamar de conhecimento consegue produzir relatórios mais assertivos e completos, bingo! Temos uma competência. Em linha com essa preocupação com os resultados, temos a conceituação de competência segundo Fleury (2002). Segundo a autora, competência é um saber de agir responsável e reconhecido que agrega valor econômico para à organização e valor social ao indivíduo. Prof. Marcelo Soares Aula 18 18 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital CESPE – STM – AnalistaJudiciário – 2011) As competências individuais e organizacionais agregam valor econômico e social a indivíduos e organizações, pois contribuem para a consecução de objetivos organizacionais e expressam o reconhecimento social sobre a capacidade de pessoas, equipes e organizações. COMENTÁRIO: Veja que o enunciado fala simplesmente que as competências são capazes de gerar valor econômico e social para indivíduos e organizações, ou seja, não traz o detalhamento (valor econômico para organização e valor social para o indivíduo). Aceite isso como correto. GABARITO: CORRETO CHECKPOINT Nesse momento, você deve ser capaz de: 1) Descrever o contexto de surgimento da gestão por competências 2) Conceituar competência, a partir da abordagem americana 3) Conceituar competência, a partir da abordagem francesa 4) Conceituar competência, a partir da abordagem integrada 5) Descrever cada uma das dimensões do conceito de competência (Conhecimento, Habilidade e Atitude) Classificações de Competência É hora estudarmos as principais classificações doutrinárias que existem acerca das competências. Não vou mentir, a tipologia de competência é um dos assuntos mais controversos que existem em toda a disciplina de Administração. Temos, pelo menos, 22 classificações doutrinárias diferentes (e contraditórias entre si) que já foram exploradas em concursos anteriores, o que torna o estudo desse tópico bastante desafiador. Para mitigar o seu esforço e possível dificuldade em conciliar tantas classificações diferentes, enfatizaremos apenas as classificações já exploradas pela Fundação Getúlio Vargas – FGV. Em outras palavras, mapeamos os autores utilizados pela Tenho convicção que, nesse tópico, essa é a melhor estratégia de estudo. Tipologia quanto ao nível Utilizando-se como critério de classificação o nível no qual a competência é exercida, podemos classificar as competências em cinco tipos: competência individual, competência profissional, competência em equipe, Prof. Marcelo Soares Aula 18 19 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital competência organizacional essencial (também chamada de core competences), competência organizacional básica.8 Essa é a classificação mais cobrada em provas, por isso preste atenção. Na tabela a seguir, apresentam-se cada um desses tipos de competência, bem como suas respectivas definições e funções. Tipo de competência Definição Função Competência individual Repertório de conhecimentos, habilidades e atitudes detidos pelo indivíduo. Identifica o capital humano do indivíduo. Competência profissional Repertório de conhecimentos, habilidades e atitudes desejados para a ocupação de cargos, funções, papéis ou espaços ocupacionais. Tipo de competência que, na organização, identifica-se com o nível micro- organizacional. Compõe o capital humano organizacional desejável, e como tal, é o objeto a ser trabalho através dos processos de RH para produção dos resultados organizacionais. Equipe Conjunto interdependente de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para a realização de tarefas da equipe, oriundos de competências individuais (diferentes ou semelhantes) e de articulações coletivas, que produzem benefícios pela sinergia e pelo compartilhamento. Tipo de competência que, na organização, identifica-se com o nível meso-organizacional. Fornece auxílio para o desdobramento “em cascata” dos elementos de desempenho esperado: da organização às unidades; das unidades aos indivíduos. Organizacional Essencial (core compentences) Conjunto de estratégias, procedimentos, normas e tecnologias que catalisam a energia produtiva dos funcionários, que possibilitam satisfazer expectativas e necessidades de clientes ou usuários, e manter a sustentabilidade da organização, na medida em que são competências de domínio organizacional. Tipo de competência que, na organização, identifica-se com o nível macro-organizacional. Diferencia a organização, estabelecendo identidade própria, e fornece os elementos necessários para a identificação das competências individuais universais, isto é, que devem ser comuns a todos os funcionários. Organizacional básica São necessárias para o funcionamento da organização. Podem ser comuns e transversais a várias organizações, na medida em que são competências de domínio social. Associada a processos clássicos de trabalho. A ausência dessa competência compromete as operações da organização, dificultando ou mesmo impedindo seu funcionamento. Perceba que essa é uma classificação bem intuitiva. Competências que o João possui, por exemplo, são competências individuais. As competências necessárias para ocupar o cargo de auditor são competências profissionais. As competências que uma equipe deve possuir para trabalhar coletivamente são competências Prof. Marcelo Soares Aula 18 20 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital de equipe. No nível organizacional, temos as competências que distinguem uma organização de seus concorrentes, que são denominadas de competências organizacionais essenciais. Por fim, também no nível organizacional, temos as competências organizacionais básicas que estão relacionadas a atividades comuns de todas as empresas (compras, almoxarifado, operações, vendas, folha de pagamento etc). Vale pontuar que a FGV, inspirada na doutrina de Joel Dutra, gosta de ressaltar que a competência individual possui duas dimensões: a) capacidades; b) entregas. Ora, o que Joel Dutra propõe nada mais é que a abordagem integrada para conceituar a competência. As capacidades correspondem ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que cada indivíduo possui (competência, segundo abordagem americana) e as entregas correspondem à agregação de valor que o indivíduo fornece para organização e para si (competência, segundo abordagem francesa). Vejamos um trecho da obra desse autor: Figura 1.1 – Conceitos de Competência. Fonte: Dutra (2002) Há grande diversidade de conceitos sobre competências que podem ser complementares. Estruturamos esses vários conceitos na Figura 1.1, na qual temos, de um lado, as competências entendidas como o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para a pessoa exercer seu trabalho; e de outro lado, temos as competências entendidas como a entrega da pessoa para a organização. FGV – IBGE – Coordenador Censitário – 2019 As competências podem ser definidas como um conjunto de conhecimentos que o indivíduo mobiliza e aplica, de forma reiterada, dentro de um contexto organizacional, agregando valor à organização e a si mesmo. Esse conceito destaca que a competência individual tem duas dimensões, a saber: a) capacidades e entregas; b) atitudes e desempenho; c) conhecimentos e atitudes; Prof. Marcelo Soares Aula 18 21 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital d) metas e desempenho; e) expectativas e entregas. COMENTÁRIO: Nessa questão, a FGV utiliza o conceito de Dutra para conceituar as duas dimensões da competência individual. Segundo o autor, a competência pode ser compreendida como a capacidade de entrega de uma pessoa, que, associada às suas capacidades, agregam valor ao negócio ou à empresa onde atua e a ele mesmo. Trata-se de um conceito de competência inspirado no modelo integrado, o qual reúne a preocupação com as capacidades do indivíduo (conhecimentos, habilidades e atitudes), típica da abordagem americana, com a preocupação com os resultados, típica da abordagem francesa. Portanto, alternativa A está correta. Gabarito: A Tipologia quanto à relevância Outro critério que pode ser utilizado para classificarmos as competências é o de relevância (ou importância)da competência. Nessa classificação, existem quatro possibilidades: emergente, declinante, estável (ou fundamental) e transitória. Tipo de competência Definição Função Emergente Competências a serem enfatizadas na organização, em função de uma nova orientação estratégica, do desenvolvimento tecnológico, ou de mudanças na natureza do trabalho. Tipologia que permite direcionar os esforços e recursos da organização prioritariamente para a manutenção das competências que são consideradas necessárias ao desenvolvimento da organização. Permite, assim, o estabelecimento de planos de desenvolvimento de competências convergentes com os planos estratégicos da organização. Declinante Competências que se constituíram parte importante da empresa num passado recente, mas se tornarão cada vez menos importantes devido a mudanças na estratégia organizacional, na natureza do trabalho ou na tecnologia vigente. Essas competências estão perdendo suas funções com o passar do tempo, seja em razão de uma mudança estratégica, seja em razão do trabalho ou da tecnologia utilizada. Prof. Marcelo Soares Aula 18 22 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Estável (ou fundamental) Competências necessárias para o funcionamento da organização, que tendem a permanecer estáveis ao longo do tempo. Competências que permanecerão úteis para os próximos anos da organização. Transitória Competências importantes apenas em momentos de crise ou de mudança, que podem ser essenciais em situações críticas e de transição, sem estar diretamente relacionadas ao negócio da organização. Competências úteis para contornar situações temporárias. Novamente, temos uma classificação bastante intuitiva. Para classificar corretamente as competências, basta analisar o que ocorrerá com a relevância da competência nos próximos anos. Se a relevância da competência tende a aumentar, trata-se de uma competência emergente. Se a relevância da competência tende a permanecer estável, trata-se de uma competência estável. Se a relevância da competência tende a diminuir, trata-se de uma competência declinante. Por fim, temos ainda as competências transitórias que são úteis apenas em circunstâncias de transição. A ideia central dessa classificação é estimular que a organização busque fortalecer as competências que tendem a se mostrar mais relevantes no futuro ou ao menos tendem a manter o nível de importância. Moleza, né? Tipologia quanto à amplitude da população Nessa tipologia, adota-se como critério de classificação a amplitude da população que se espera desenvolva a competência. Nesse caso, teremos dois tipos de competência: competências genéricas (úteis para todos os cargos da organização) e competências específicas (úteis para atividades específicas). Tipo de competência Definição Função Genéricas Descrevem comportamentos desejados em diferentes ocupações, representam requisitos comuns ou atributos básicos para a ocupação de diferentes cargos em uma organização. Ajudam a conferir unidade e estabilidade às equipes. Prof. Marcelo Soares Aula 18 23 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Específicas Indicam certo grau de especialização próprio de um papel ocupacional, linguagem específica ou função produtiva. Contribuem para a diferenciação de perfis de competências. Além desses dois tipos, alguns autores propõem ainda um nível intermediário denominado de competências funcionais, as quais indicariam as competências necessárias para um grupo de indivíduos que atuam em uma mesma unidade administrativa (setor). Em resumo, caso a competência seja útil para diversos os cargos, trata-se de uma competência genérica (habilidade de trabalhar em equipe ou de se comunicar bem, por exemplo). Caso se trate de uma competência útil para um setor específico (competência para realizar vendas para clientes externos, por exemplo), trata-se de uma competência funcional. Por fim, caso seja uma competência útil apenas para um cargo específico ou para uma atividade específica, trata-se de uma competência específica. Tipologia quanto ao papel organizacional Também é possível distinguir as competências de acordo com sua aplicabilidade ou não para um cargo de gestão. Nessa classificação, teremos dois tipos de competências: competências gerenciais e não gerenciais. Tipo de competência Definição Função Gerenciais Comportamentos esperados dos profissionais que exercem função de supervisão, coordenação ou liderança. Orientação do comportamento gerencial através da especificação do perfil de competências do líder. Não Gerenciais Comportamentos relevantes em profissionais que desempenhem atividades de caráter técnico, de assessoramento ou operacional, sem exercício formal da liderança. Especificação do perfil de competências dos ocupantes de cargos técnicos ou de assessoramento. Tipologia quanto à natureza do desempenho individual É possível ainda classificar as competências de acordo a sua influência no desempenho individual. Nessa classificação, temos três tipos de competência: universais, comportamentais e técnicas. Vejamos as definições e funções de cada uma dessas competências: Prof. Marcelo Soares Aula 18 24 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Tipo de competência Definição Função Universais (ou estratégicas) Indicam os elementos comuns a todos os funcionários da organização, ancorados e derivados da competência organizacional, resguardando- lhes vinculação com a promoção de vantagem competitiva. Promovem identidade organizacional no nível das competências orientadas para os resultados relevantes para a estratégia da organização. Comportamentais (ou relacionais) Representam o modelo de comportamento da organização, traduzindo seu sistema de valores em referenciais de comportamento. Têm foco em habilidades relacionais e exigem o controle emocional. Diferenciam, segundo o papel ocupacional, funcionários e gestores. Orientam o modelo de comportamento que estabelece e normaliza as relações internas e favorece o alcance dos resultados desejados pela organização. Técnicas Associadas ao desempenho de atividades técnicas, de assessoramento ou operacionais. Têm foco cognitivo e operacional, exigindo o controle restrito de conhecimentos. Diferenciam, segundo o papel ocupacional, funcionários e gestores. Dirigem os processos de trabalho e seus resultados, conferindo objetividade ao sistema de avaliação e acompanhamento. Embora existam muitas outras classificações doutrinárias, essas classificações são aquelas que costumeiramente são exploradas pela FGV. Como de costume, resta-nos esquematizar e praticar com algumas questões para fixarmos o conteúdo: Prof. Marcelo Soares Aula 18 25 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital FGV – IMBEL – Analista – 2021 As competências coletivas, que geram a diferenciação de uma organização e o valor percebido pelos clientes, são conhecidas como a) básicas. b) essenciais. c) superiores. d) declinantes. e) transitórias. COMENTÁRIO: Prof. Marcelo Soares Aula 18 26 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Alternativa A. Errado. As competências básicas são aquelas necessárias para o funcionamento da organização. Podem ser comuns e transversais a várias organizações, na medida em que são competências de domínio social Alternativa B. Certo. As competências essenciais correspondem ao conjuntode estratégias, procedimentos, normas e tecnologias que catalisam a energia produtiva dos funcionários, que possibilitam satisfazer expectativas e necessidades de clientes ou usuários, e manter a sustentabilidade da organização. As competências essenciais diferenciam a organização, estabelecendo a identidade própria. Alternativa C. Errado. Essa classificação não faz uma referência clara a algum tipo de competência. Alternativa D. Errado. As competências declinantes são competências que tendem a ser tornar pouco relevantes no futuro. Alternativa E. Errado. As competências transitórias são competências necessárias por uma organização apenas em circunstâncias temporárias, tais como crises ou fusões de empresas. Gabarito: B FGV – CODEBA – Analista Portuário – 2016 Um administrador deve ser capaz de reconhecer uma competência essencial de sua organização, a fim de utilizá-la adequadamente na elaboração do planejamento estratégico. A identificação de uma competência essencial é um processo complexo que demanda atenção, pois pode definir todo o planejamento. Assinale a opção que apresenta características de uma competência essencial. a) É um diferencial entre a empresa e os competidores e é sustentável no longo prazo. b) Permite o domínio de mercado no curto prazo, mas não é sustentável no longo prazo. c) Não é o centro do propósito organizacional, mas apoia o desenvolvimento da organização. d) É apoiada pelas vantagens competitivas para se tornar sustentável no médio prazo. e) É um diferencial entre a empresa e os competidores e é sustentável no curto prazo. COMENTÁRIO: A questão pede para assinalarmos o conceito de competência essencial. Vale relembrar que as competências essenciais correspondem ao conjunto de estratégias, procedimentos, normas e tecnologias que catalisam a energia produtiva dos funcionários, que possibilitam satisfazer expectativas e necessidades de clientes ou usuários, e manter a sustentabilidade da organização. As competências essenciais diferenciam a organização, estabelecendo a identidade própria. Nas palavras de Idalberto Chiavenato, as competências essenciais são as competências básicas e fundamentais para o sucesso de uma organização em relação aos clientes, à sociedade e aos concorrentes. Correspondem àquilo que cada organização sabe fazer melhor que ninguém. Cada organização precisa identificar e localizar as competências essenciais capazes de levá-la ao sucesso. Elas são fundamentais para a eficácia organizacional. Alternativa A. Certo. A alternativa descreve corretamente uma característica das competências essenciais. Alternativa B. Errado. A competência essencial é sustentável no longo prazo. Prof. Marcelo Soares Aula 18 27 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Alternativa C. Errado. As competências essenciais são o centro do propósito organizacional. Alternativa D. Errado. A competência essencial é sustentável no longo prazo Alternativa E. Errado. A competência essencial é sustentável no longo prazo. CHECKPOINT Nesse momento, você deve ser capaz de: 1) Descrever os tipos de competência, quanto ao nível 2) Descrever os tipos de competência, quanto à relevância 3) Descrever os tipos de competência, quanto à amplitude da população 4) Descrever os tipos de competência, quanto ao papel organizacional 5) Descrever os tipos de competência, quanto à natureza do desempenho Gestão por competência Não adianta desenvolver conceitos e classificações doutrinárias, se isso não puder ser aplicado para melhorar os resultados das organizações. A gestão por competências busca exatamente utilizar todos os conhecimentos desenvolvidos pela psicologia, pedagogia, sociologia e administração acerca das competências para auxiliar as organizações a atingirem os seus objetivos. A gestão por competências, em regra, preocupa-se com os processos de planejamento, captação, desenvolvimento e avaliação de competências. A gestão por competências propõe-se a orientar esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização – individual, grupal e organizacional –, as competências necessárias à consecução de seus objetivos. (Brandão e Bahry, 2005)9 Para estruturar todos os processos de gestão por competências de maneira organizada e racional, utilizam-se modelos de gestão por competência. Em outras palavras,os modelos de gestão por competência têm papel fundamental, pois é por meio desses modelos que colocamos em prática todo o conhecimento desenvolvido acerca de competências. Sobre a finalidade dos modelos de gestão por competência, vejamos o que o professor da FGV Pedro Carbone ensina: Prof. Marcelo Soares Aula 18 28 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital A proposta essencial de um modelo de gestão por competências consiste em compreender quais são as competências organizacionais essenciais para o sucesso corporativo, desdobrá-las em termos de competências profissionais, e desenvolvê-las com os seus funcionários (Carbone, 2016, p.50) O trecho transcrito é fundamental para a compreensão de toda lógica subjacente dos diferentes modelos de gestão por competência. Todos eles, em essência, parte da lógica de identificar as competências organizacionais essenciais (lembra delas? As competências essenciais são aquelas que diferenciam a organização de seus concorrentes, são competências capazes de satisfazer as expectativas dos clientes e que são sustentáveis no longo prazo). Uma vez identificadas as competências organizacionais (competências de toda a organização), verifica-se o papel de cada cargo, isto é, verifica-se as competências profissionais necessárias. Por fim, compara-se as competências profissionais (competências necessárias para o exercício do cargo) com as competências que cada indivíduo da organização possui (competência individual). Assim, embora existam diferentes modelos de gestão por competências, a lógica deles pode ser esquematizada da seguinte forma: Entendendo a lógica desse esquema, fica muito fácil compreender os diferentes procedimentos e conceitos que permeiam a gestão por competências. Portanto, vamos entender bem cada uma das partes: 1- Competências que a organização precisa (competências essenciais e básicas) Para que haja gestão por competências, precisa-se identificar todas as competências que a organização como um todo precisa possuir para alcançar os seus objetivos. Essas competências costumam ser retiradas da estratégia da empresa. Prof. Marcelo Soares Aula 18 29 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital De maneira mais prática, imagine que o supermercado Pão de Adoçante definiu como objetivo aumentar o ticket médio por cada cliente. Para alcançar esse objetivo, o supermercado escolheu a estratégia de utilizar ofertas relâmpagos anunciadas para clientes que estão no supermercado. Assim, no nível organizacional, para implantar essa estratégia o supermercado precisará de competências para formular ofertas relâmpago atrativas e economicamente viáveis, bem como competência para comunicar essas ofertas de maneira atrativa para os clientes. 2- Competências que os cargos necessitam (competências profissionais) Uma vez que as competências da organização foram definidas, olha-se para a estrutura organizacional e se verifica quais os cargos que possuem ou devem possuir essas competências. Em alguns casos, é preciso até mesmo criar novos cargos na estrutura organizacional ou reformular as atribuições dos cargos. No exemplo do supermercado Pão de Adoçante, verificou-se que o cargo de analista de marketing já possui, dentre suas atribuições, a formulação de ofertas. Além disso, a divulgação e comunicação de ofertaspode ser feita pelo cargo de repositor, seja por meio de placas de preço, seja por meio de divulgação no sistema de som do supermercado. 3- Competências que os indivíduos possuem (competências individuais) Nesse ponto, já sabemos as competências que cada cargo deve possuir. Assim, resta verificar se as pessoas que ocupam esses cargos já possuem as competências necessárias. Esse processo de comparação de competências necessárias com competências disponíveis é denominado de mapeamento de competências. Após verificar o mapeamento de competências, fica fácil definir quais são os gaps de competência (diferença entre competências necessárias e competências disponíveis) e, assim, estabelecer uma forma de suprir essas lacunas. Existem três formas básicas de suprimir as gaps/lacunas de competências: recrutando pessoas externas, desenvolvendo as competências internamente por meio de treinamento e seleção – T&D e realizando parcerias e alianças estratégicas (transfere a execução das atividades para outra organização). Cada uma dessas medidas possui vantagens e desvantagens cabendo ao gestor ter a sensibilidade para ponderá-las e escolher o melhor caminho a depender da situação. No exemplo do supermercado Pão de Adoçante, durante o mapeamento de competências, verificou-se que o Pedro, analista de marketing, não tem conhecimento suficiente sobre a estrutura de custos dos produtos do supermercado para formular ofertas relâmpagos adequadas. Ao identificar esse gap de competência, definiu- se que o Pedro irá participar de um treinamento específico de contabilidade de custos antes de formular as ofertas. Quanto à divulgação dessas ofertas, verificou-se que o Zacarias, um dos repositores do supermercado, elabora excelentes placas de preços e é bastante desinibido ao falar no microfone do sistema de. Assim, no caso do Zacarias, não há gap de competências, sendo que o empregado pode ser designado para realizar a atividade de divulgação das ofertas relâmpago. A depender do autor, o número de etapas e nome de cada etapa modifica-se de modelo para modelo, porém os diferentes modelos de gestão por competências seguem essa lógica simples e intuitiva de partir das competências necessárias para organização até chegar na identificação das competências que precisam ser desenvolvidas por cada indivíduo. Prof. Marcelo Soares Aula 18 30 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital CESPE – STM – Analista Judiciário – 2011) O mapeamento de competências consiste na definição dos objetivos estratégicos e na identificação de competências individuais e organizacionais. COMENTÁRIO: A definição dos objetivos estratégicos é feito no planejamento estratégico. O objetivo do mapeamento de competências é identificar as competências (individuais e organizacionais) necessárias e as competências existentes. Gabarito: Errado Modelos de gestão de competências em cinco etapas Uma das metodologias mais disseminadas em provas de concursos públicos para implantação da gestão por competências baseia-se em uma sequência de cinco etapas. Essa metodologia é descrita pelos professores Hugo Pena Brandão e Carla Patrícia Bahry10. N. Etapa Descrição 1 Formulação Estratégica Oportunidade em que são definidos sua missão, sua visão de futuro e seus objetivos estratégicos. Em seguida, são definidos os indicadores de desempenho e as metas, com base nos objetivos estratégicos estabelecidos. 2 Mapeamento de competências Diagnóstico das competências. Identifica-se a lacuna de competência existente entre as competências necessárias para o alcance dos objetivos e as competências disponíveis na organização. 3 Captação de competências Seja por meio de ações de capacitação, seja por meio de ações de seleção, desenvolvem-se as competências necessárias para que a organização minimize os gaps de competências 4 Acompanhamento e avaliação Avaliação de desempenho para apurar os resultados obtidos. Além disso, comparam-se os resultados alcançados com os resultados esperados 5 Retribuição Atividade reconhecer e premiar o bom desempenho, adoção de um sistema remuneratório baseado em competências FGV - IBGE - Analista - Educação Corporativa - 2016 Antônio foi convidado a apresentar um projeto para a sistematização da gestão por competências em sua empresa. Para apresentar um projeto adequado, Antônio estudou várias referências distintas e fez visitas a empresas que se destacavam na área. Ao término do processo, Antônio concluiu que a gestão por competências é um processo que possui um conjunto de etapas, incluindo: Prof. Marcelo Soares Aula 18 31 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital a) identificação das estratégias organizacionais e elaboração de planos de capacitação; b) redefinição das estratégias organizacionais e foco na lucratividade; c) reposicionamento estratégico e elaboração de planos de capacitação; d) foco na lucratividade e identificação das competências genéricas; e) diagnóstico das lacunas de competências e reposicionamento estratégico. COMENTÁRIO: Alternativa A. Certo. A alternativa apresenta duas etapas da gestão de competências. Alternativa B. Errado. A primeira etapa é a formulação da estratégia, e não a redefinição. Foco na lucratividade não é etapa da gestão por competências. Alternativa C. Errado. A elaboração de planos de capacitação é a terceira etapa da gestão por competência. Reposicionamento estratégico não faz parte das etapas da gestão por competências. Alternativa D. Errado. A identificação de competências ocorre durante o mapeamento de competências, que é a segunda etapa. No entanto, foco na lucratividade não é uma das etapas da gestão por competências. Alternativa E. Errado. Reposicionamento estratégico não faz partes das etapas da gestão por competências. Quer lembrar as etapas da gestão por competências, veja: Dentro dessa nova perspectiva sobre os subsistemas de gestão de pessoas, Brandão e Guimarães (2001) propõe um seguinte processo contínuo de alinhamento das práticas de gestão de pessoas com o modelo integrado de gestão por competências. Seguindo esses autores, esse alinhamento ocorreria por meio de um processo desenvolvido nas seguintes etapas: 1. Formulação estratégica: formulação da estratégia da organização. Elaboram-se missão, visão, valores e objetivos estratégicos. 2. Mapeamento de competências: diagnóstico das competências. Identifica-se a lacuna de competência existente entre as competências necessárias para o alcance dos objetivos e as competências disponíveis na organização. 3. Captação de competências: Seja por meio de ações de capacitação, seja por meio de ações de seleção, desenvolvem-se as competências necessárias para que a organização minimize os gaps de competências. 4. Acompanhamento e avaliação: avaliação de desempenho para apurar os resultados obtidos. 5. Retribuição: atividade reconhecer e premiar o bom desempenho, adoção de um sistema remuneratório baseado em competências. Gabarito: A Prof. Marcelo Soares Aula 18 32 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Mapeamento de competências O mapeamento de competências, uma das etapas da gestão de competências, tem como objetivo identificar o gap ou lacuna de competências, ou seja, a diferença entre as competências já existentes e aquelas necessárias para que a organização cumpra com sucesso a sua estratégia de atuação. Podem ser utilizados diversos instrumentos/ferramentas para que a organização identifique as competências necessárias para atingir seus objetivos. Ribas e Salim (2013) destacam as seguintes: Análise documental: análise dos documentos que compõem o planejamento estratégico da organização (missão, visão defuturo, objetivos organizacionais etc.). Entrevista: analisa-se a percepção dos entrevistados com os dados apurados na análise documental, visando identificar as competências relevantes à organização. Grupo focal: quando nem o pesquisador nem os profissionais, objetos do estudo, dispõem de tempo para entrevistas individuais, alternativa é realizar uma entrevista coletiva, também denominada grupo focal (o entrevistador atua como moderador, estimulando e coordenando a discussão dos participantes). Observação: constitui um exame detalhado das competências relevantes ao trabalho de indivíduos e equipes. Questionário: formulários com diversas questões. As fontes mais adotadas para identificar as competências disponíveis de uma organização são as avaliações de desempenho. Existem uma multiplicidade de tipos de avaliação de desempenho que combinam entrevistas, dados quantitativos e qualitativos CESPE – DPU –Psicólogo – 2016 Em gestão de pessoas, a pesquisa documental, considerada um método de baixa eficiência, é pouco adotada para a identificação das competências organizacionais. COMENTÁRIO: A análise documental é um dos instrumentos utilizados para identificação e mapeamento das competências necessárias e das competências disponíveis. Gabarito: ERRADO CESPE – STJ – Analista Judiciário – 2018 O mapeamento de competências se propõe a identificar as lacunas de aprendizagem e os recursos para a concretização da estratégia organizacional. COMENTÁRIO: Questão capciosa. O papel do mapeamento de competências é identificar as lacunas de aprendizagem e fornecer insumos para a construção dos subsistemas de gestão de pessoas (seleção, avaliação de desempenho, remuneração, treinamento e desenvolvimento, descrição e análise de cargos). Prof. Marcelo Soares Aula 18 33 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Contudo, não podemos afirmar que o mapeamento de competências se propõe a identificar os recursos para a concretização da estratégia organizacional. Esse papel é feito pelo planejamento estratégico, que é muito mais amplo. O mapeamento de competências tem aplicação restrita ao elemento humano (pessoas) não cabendo a essa ferramenta identificar, por exemplo, os recursos tecnológicos necessários para que a organização aumente a produção de veículos da indústria. Em resumo: o enunciado extrapola a função do mapeamento de competências que é restrita à área de gestão de pessoas para confundir essa ferramenta com o planejamento estratégico. Gabarito: ERRADO A Gestão por Competências nos diferentes subsistemas de gestão de pessoas A gestão por competência traz uma nova perspectiva sobre os subsistemas tradicionais de gestão de pessoas. Existe uma revisão na forma de realizar desde a seleção até a retribuição(remuneração) dos empregados. ▪ Descrição e análise de cargos: realizada de acordo com as competências necessárias na organização, seja em nível individual, seja em nível coletivo. ▪ Seleção: o recrutamento e a seleção de pessoas são realizados por meio de técnicas baseadas em competências. O ideal é identificar os candidatos que possuam as competências necessárias para o exercício do cargo, bem como as demandas futuras da organização. Existe uma grande orientação para a carreira do candidato, e não apenas para determinada posição. Gestão por competências Descrição e análise de cargos Avaliação RemuneraçãoT&D Seleção Prof. Marcelo Soares Aula 18 34 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital ▪ Avaliação por competências: A avaliação de competências é um formato que auxilia o empregado e a organização a identificar as competências que precisam ser desenvolvidas. A avaliação de desempenho por competências é uma forma de identificar os potenciais dos funcionários e melhorar o desempenho da equipe e o ambiente de trabalho. ▪ Treinamento e desenvolvimento por competências: Utilizando-se as informações coletadas por meio da avaliação por competências, cria-se um plano de desenvolvimento para os colaboradores com o objetivo de aperfeiçoar e potencializar o perfil de cada indivíduo e estimulá-lo a desenvolver um número cada vez maior de competências, seja por meio de programas formais de aprendizagem (cursos, treinamentos formais, etc), seja por meio informais (troca de experiências, conversas). Fomenta também o compromisso do empregado com a própria qualificação (autoaperfeiçoamento). ▪ Remuneração por competências: o sistema de remuneração deve refletir as competências almejadas pela organização. Os critérios de remuneração devem ser amplamente divulgados para servir como orientação das ações individuais. O indivíduo que desenvolva competência alinhada com a estratégia da organização e que produza resultados deve ser recompensado de maneira justa. CESPE – TCE/PA – Auditor de Controle Externo – 2016) A gestão por competências orienta a realização do planejamento, da captação, do desenvolvimento e da avaliação das competências nos diferentes níveis organizacionais, visando à utilização e ao fortalecimento das competências da organização. COMENTÁRIO: A gestão por competência influencia todos os subsistemas de gestão de pessoas. O objetivo, de fato, é fortalecer as competências da organização para que se atinja o nível desejado de competências e, por consequência, os objetivos estratégicos. Gabarito: CORRETO Terminamos a parte teórica da aula de hoje. Bem tranquilo, né? Chegou a hora de praticarmos com questões. Forte Abraço Marcelo Soares Prof. Marcelo Soares Aula 18 35 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital Questões comentadas pelo professor 1. FGV - Analista Especializado (IMBEL)/Analista de Recursos Humanos/2021 A Síndrome do burnout, doença cada vez mais comum, caracteriza-se pelo desinteresse e desmotivação para o trabalho e pode acarretar forte impacto negativo na produtividade dos colaboradores de uma organização. Analisando a Síndrome de burnout à luz da gestão por competências, percebe-se que essa doença afeta diretamente a) os conhecimentos. b) as informações. c) as experiências. d) as habilidades. e) as atitudes. COMENTÁRIO: A síndrome de Burnout ou síndrome do esgotamento profissional é um distúrbio psicológico causado pelo excesso de trabalho, podendo causar exaustão, esgotamento e estresse físico, dentre outros sintomas. Essa síndrome afeta diretamente a motivação do colaborador, ou seja, a vontade de querer fazer as atividades. Na gestão por competências, sabemos que na definição clássica (conhecimento, habilidade e atitude) o querer fazer corresponde as atitudes. A atitude representa a disposição, engajamento, determinação do profissional para realizar uma atividade. Portanto, a alternativa correta é a letra E. Gabarito: E 2. FGV - Analista Especializado (IMBEL)/Analista de Recursos Humanos/2021 As competências coletivas, que geram a diferenciação de uma organização e o valor percebido pelos clientes, são conhecidas como a) básicas. b) essenciais. c) superiores. d) declinantes. e) transitórias. COMENTÁRIO: Alternativa A. Errado. As competências básicas são aquelas necessárias para o funcionamento da organização. Podem ser comuns e transversais a várias organizações, na medida em que são competências de domínio social Alternativa B. Certo. As competências essenciais correspondem ao conjunto de estratégias, procedimentos, normas e tecnologias que catalisam a energia produtiva dos funcionários, que possibilitam satisfazer Prof. Marcelo Soares Aula 18 36 de 96| www.direcaoconcursos.com.br Receita Federal (RFB) - Curso Completo para Auditor - Pós-Edital expectativas e necessidades de clientes ou usuários, e manter