Buscar

TEMA 3- Atividade física e doenças cardiovasculares

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Atividade física e doenças cardiovasculares
Mauro Mediano
Descrição
A importância da atividade física (AF) na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e de doenças cardiovasculares (DCV),
incluindo a doença arterial coronariana (DAC) e o acidente vascular encefálico (AVE).
Propósito
Compreender os aspectos relacionados ao treinamento físico e às doenças cardiovasculares é de fundamental importância para os profissionais de
educação física, uma vez que tais doenças são a principal causa de morte em todo o mundo e que a atividade física tem sido uma importante
estratégia de prevenção e tratamento para combatê-las.
Objetivos
Módulo 1
Atividade física na hipertensão arterial sistêmica
Identificar os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física na hipertensão arterial sistêmica.
Módulo 2
Atividade física na doença arterial coronariana
Reconhecer os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física na doença arterial coronariana.
Módulo 3
Atividade física no acidente vascular encefálico
Identificar os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física no acidente vascular encefálico.
Introdução
As doenças cardiovasculares (DCVs) constituem a principal causa de morte em todo o mundo, sendo responsáveis por aproximadamente 18
milhões de mortes anuais. Dessas, 400 mil ocorrem no Brasil, gerando elevadas taxas de hospitalização e custos de saúde, com importante impacto
na redução da qualidade de vida (SBC, 2021).
Muitos casos de DCVs poderiam ser evitados por meio de modificações no estilo de vida, como o cessar do tabagismo, a melhora no consumo de
alimentos, a redução no consumo de álcool, o aumento dos níveis de atividade física (AF) e a diminuição do sedentarismo.
Baixos níveis de atividade física e elevados períodos em atividades sedentárias são considerados os mais importantes fatores de risco para as
doenças cardiovasculares. A atividade física (AF) pode ser dividida em diferentes domínios, sendo os principais: trabalho, doméstico, transporte e
lazer.
O exercício físico é um componente da atividade física de lazer, que é planejado e estruturado com a intenção de manter ou aprimorar a aptidão
física e a saúde. Por outro lado, o sedentarismo é conceituado como o tempo gasto em atividades de baixo gasto energético, que normalmente
ocorrem na posição sentada ou deitada.
Neste conteúdo, entenderemos a importância da atividade física na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e de
algumas doenças cardiovasculares (DCVs), principalmente a doença arterial coronariana (DAC) e o acidente vascular encefálico (AVE). Discutiremos
também alguns aspectos relacionados à prescrição de exercícios físicos, com foco nas informações de quantas vezes, quão intenso, quanto tempo
e quais atividades devem ser realizadas, segundo o princípio FITT (Frequência, Intensidade, Tempo e Tipo de atividade). Por fim, serão apresentados
os principais mecanismos relacionados ao efeito protetor da atividade física nessas populações.

1 - Atividade física na hipertensão arterial sistêmica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física na
hipertensão arterial sistêmica.
Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
Vamos começar este módulo com uma questão: você sabe o que é hipertensão arterial sistêmica?
A HAS é uma condição clínica multifatorial na qual a pressão sanguínea encontra-se cronicamente elevada acima de níveis considerados normais,
aumentando o risco de doenças cardiovasculares (DVCs) e de morte.
No Brasil, considera-se elevado o nível pressórico de pressão arterial sistólica (PAS) maior ou igual a 140mmHg e/ou pressão arterial diastólica
(PAD) maior ou igual a 90mmHg — medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-
hipertensiva.
Os valores pressóricos utilizados para classificação de pressão arterial encontram-se descritos na tabela a seguir. Acompanhe.
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
PA ótima <120 e <80
PA normal 120-129 e/ou 80-84
Pré-hipertensão 130-139 e/ou 85-89
HA estágio 1 140-159 e/ou 90-99
HA estágio 2 160-179 e/ou 100-109
HA estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110
Tabela: Classificação dos níveis pressóricos.
Barroso et al., 2021.
Estima-se que cerca de 1,4 bilhão de pessoas tenham hipertensão arterial sistêmica (HAS) no mundo todo, sendo 70 milhões no Brasil. A relação
entre pressão arterial elevada e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCVs) é contínua, consistente e independente de outros
fatores de risco.
Altos níveis de pressão arterial estão associados a maiores riscos de desenvolvimento de ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, acidente vascular
encefálico (AVE) e doenças renais. Além disso, indivíduos com HAS comumente apresentam outros fatores de risco para DCVs, tais como
obesidade e diabetes, o que aumenta ainda mais o risco de um evento cardiovascular e de morte.
O risco de doenças cardiovasculares (DCVs) dobra para cada aumento de 20mmHg para PAS, e de 10mmHg para PAD para valores de pressão
arterial entre 115/75 e 185/115mmHg.
Atenção!
Mesmo para níveis de pressão arterial considerados normais, um aumento nos níveis pressóricos está correlacionado a um risco aumentado de
desenvolvimento de DCVs, reforçando a necessidade de um controle mais intenso dos níveis pressóricos para redução do risco cardiovascular.
Atividade física como fator de proteção para hipertensão arterial sistêmica
A atividade física (AF) tem sido comumente recomendada como uma importante estratégia baseada na modificação do estilo de vida para a
prevenção da hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Estudos sobre o assunto trazem algumas constatações sobre a relação atividade física e hipertensão. Veja a seguir:

Um estudo pioneiro sobre o assunto, realizado no final da década de 1960, demonstrou que indivíduos que realizavam mais de 5 horas semanais de
AF tinham uma incidência de HAS em torno de 20% menor após duas a três décadas de acompanhamento, quando comparados àqueles que
realizavam menos de 5 horas de AF por semana.

Trabalhos observacionais e estudos de intervenção posteriores confirmaram tais achados, demonstrando que indivíduos com maiores níveis de AF
tinham um risco 60 a 70% menor de apresentar níveis pressóricos elevados, quando comparados a indivíduos fisicamente inativos (DIAZ; SHIMBO,
2013).
Para além dos níveis de atividade física (AF), o tempo despendido em atividades sedentárias, principalmente o tempo de tela que é caracterizado
como tempo gasto em atividades de baixo gasto energético, utilizando algum aparelho eletrônico como computador, tablet, celular, TV ou
videogame, também parece ser um importante fator associado ao risco aumentado de desenvolver hipertensão arterial sistêmica (HAS).
Estudos recentes demonstram que o risco de HAS aumenta em 10 a 12% para cada uma hora assistindo TV.
Dessa forma, estratégias de saúde pública que estimulem a prática de atividade física (AF) e a diminuição do tempo em atividades sedentárias são
de fundamental importância na prevenção da hipertensão arterial e na consequente redução do risco de doenças cardiovasculares.
Recomendação
Indivíduos fisicamente inativos devem aumentar gradualmente seus níveis de AF, objetivando atingir as recomendações da Organização Mundial da
Saúde (OMS) de pelo menos 150 minutos de AF de intensidade moderada ou 75 minutos de AF vigorosa por semana (BULL et al., 2020).
Benefícios adicionais podem ser observados com maiores volumes de AF em uma relação dose-resposta, podendo chegar a 300 minutos de AF
moderada e 150 minutos de AF intensa por semana.
Entretanto, benefícios de saúde também são observados para volumes de AF menores do que os recomendados, sendo a realização de qualquer
tipo de AF (inclusive atividades leves) melhor do que não realizar nada. Portanto, a prática de todos os tipos de AF devem ser estimuladas, sejamelas relacionadas ao período de lazer, de transporte, de trabalho ou doméstico.
As atividades a serem realizadas devem ser preferencialmente aquelas pelas quais o indivíduo tenha maior
interesse e que proporcionem maior prazer durante sua realização, com o intuito de aumentar a adesão a curto,
médio e longo prazo.
A diminuição do tempo em atividades sedentárias pode ser estimulada pela sua substituição por outras atividades que despendam maior gasto
energético, mesmo que em baixas intensidades (AF leves).
Exemplo
A interrupção de um prolongado período sentado com a alternância de períodos em pé ou mesmo com uma leve caminhada por períodos curtos (5
a 10 minutos de AF leves a cada 60 minutos de atividades sedentárias) pode trazer benefícios importantes na prevenção de doenças crônicas,
incluindo hipertensão.
Quanto menor o tempo gasto em atividades sedentárias, maior a diminuição do risco de doenças crônicas.
Atividade física no tratamento de hipertensão arterial sistêmica
Inúmeros estudos têm demonstrado que a prática de atividade física (AF) pode levar à redução dos níveis pressóricos não apenas em indivíduos
hipertensos, mas também naqueles com valores pressóricos dentro da normalidade, sendo mais pronunciada em hipertensos.
A redução da pressão arterial e a melhora da aptidão cardiorrespiratória com a AF também têm sido observadas em indivíduos com hipertensão de
difícil controle (hipertensos resistentes), tendo a AF se mostrado como uma estratégia segura e eficaz no tratamento desses indivíduos.
Instituições científicas de todo o mundo têm recomendado a AF como uma das principais estratégias para o
tratamento da hipertensão, com reduções dos valores pressóricos que podem chegar a 10mmHg para pressão
arterial sistólica (PAS) e 8mmHg para pressão arterial diastólica (PAD).
(PESCATELLO et al., 2015)
Entretanto, não existe um comportamento padrão para a redução dos níveis de pressão arterial provocada pela atividade física (AF), podendo essa
variação ser influenciada por diversos fatores. Veja a seguir:
Aspectos relacionados a atributos individuais
Idade
Sexo
Fatores genéticos
Aspectos inerentes às características da AF realizada
Aspectos do princípio FITT
Em todos os casos, os benefícios da AF no controle da pressão arterial têm sido irrefutáveis, tanto por seus efeitos diretos quanto por seus efeitos
indiretos, auxiliando no manejo da obesidade e do diabetes, condições frequentemente associadas à hipertensão, levando a uma redução de 20 a
30% no risco de doenças cardiovasculares.
A diminuição do tempo em atividades sedentárias como estratégia de intervenção também tem demonstrado significativo efeito no controle da
pressão arterial e na diminuição do risco cardiovascular, com reduções que podem variar de 2 a 16mmHg para PAS e PAD, com maiores valores em
indivíduos hipertensos.
Curiosidade
Atividades simples como ficar de pé, pequenas caminhadas ou pequenos movimentos de membros superiores e inferiores que interrompam o
tempo gasto em atividades sedentárias podem trazer benefícios importantes para a saúde e melhora no controle dos níveis pressóricos.
Frequência da atividade física no tratamento da hipertensão
A maioria das instituições científicas recomenda a prática diária de exercícios físicos para controle dos níveis pressóricos. Tal recomendação é
baseada no fato de que os níveis pressóricos são normalmente mais baixos nos dias em que as pessoas se exercitam, em comparação aos dias em
que não praticam exercícios. Essa resposta fisiológica é denominada hipotensão pós-exercício (HPE).
ipotensão pós-exercício
Consiste na redução imediata da pressão arterial em torno de 5 a10 mmHg após uma única sessão de exercício, podendo durar até 24 horas,
dependendo da duração e da intensidade da atividade realizada.
A HPE é usualmente mais pronunciada em indivíduos hipertensos, porém também é observada em indivíduos com
valores pressóricos normais.
Mas será que apenas indivíduos que têm alta frequência de exercícios apresentam benefícios?
Resposta
Importante ressaltar que, apesar de maiores reduções da pressão arterial terem sido observadas com maiores frequências de exercício físico
semanais, menores frequências de treinamento também promovem significativas reduções da pressão arterial, com estudos demonstrando que
exercícios realizados uma única vez por semana podem trazer benefícios no controle dos níveis tensionais e redução da mortalidade.
Quanto maior o número de sessões, maiores os efeitos na redução da pressão arterial.
Intensidade da atividade física no tratamento da hipertensão

A maioria das instituições científicas recomenda a prática de atividade física (AF) moderada para controle dos níveis pressóricos, correspondendo
entre 40% e 60% do VO2max ou frequência cardíaca de reserva. A escala de esforço percebido de Borg adaptada também pode ser utilizada como
ferramenta para controle da intensidade do exercício, com valores entre 3 e 4 correspondendo à intensidade moderada.
A AF vigorosa tem sido recentemente investigada como estratégia para redução dos valores de pressão arterial, com resultados promissores.
Alguns estudos sugerem maiores reduções da pressão arterial como resultado de exercícios vigorosos, principalmente quando realizados de forma
intervalada (HIIT), com a alternância entre curtos períodos de estímulos de intensidade vigorosa separados por períodos de recuperação a uma
intensidade leve.
IIT
HIIT, do inglês High Intensity Interval Training, é o Treino Intervalado de Alta Intensidade, em que se intercalam exercícios de alta intensidade com um
período de recuperação.
Por outro lado, as respostas agudas — durante a atividade — da pressão arterial tendem a ser mais exacerbadas, com maiores intensidades de
esforço, sendo necessário maior monitoramento da resposta pressórica durante o exercício vigoroso, de forma a evitar eventos adversos
relacionados à prática da AF.
A AF leve também tem demonstrado efeito na redução dos níveis pressóricos, embora em menor magnitude
quando comparada à AF moderada e vigorosa.
Entretanto, pode ser uma boa opção para iniciar um programa de AF e para os indivíduos que têm dificuldade em realizar atividades mais intensas,
seja por limitações clínicas, como lesões osteomioarticulares, ou mesmo por questões pessoais, como menor identificação com atividades
intensas.
Tempo da atividade física no tratamento da hipertensão
Recomenda-se a realização de pelo menos 150 minutos de atividade física (AF) moderada ou 75 minutos de AF vigorosa por semana para pessoas
com hipertensão. Estudos recentes mostram que esse volume de AF pode ser obtido de forma contínua (em uma única sessão de 30 minutos) ou
acumulada em episódios ao longo do dia (três períodos de 10 minutos cada), com benefícios semelhantes para a redução da pressão arterial em
indivíduos hipertensos.
Saiba mais
Não existe mínimo de tempo para os períodos de AF. Qualquer duração de AF está associada a benefícios de saúde, com redução da mortalidade.
Além disso, o acúmulo de pequenos períodos de AF ao longo do dia pode ser uma importante estratégia para aumentar os níveis de AF em
indivíduos hipertensos, uma vez que a falta de tempo para se exercitar é muitas vezes um grande impedimento para iniciar e se manter em um
programa regular de exercícios.
Tipo da atividade física no tratamento da hipertensão
Apesar de os exercícios aeróbios serem os mais recomendados, em função dos seus potenciais efeitos para redução da pressão arterial (PA) em
indivíduos hipertensos, o treinamento de força tem sido cada vez mais utilizado. Apesar de alguns estudos mostrarem efeitos mais modestos sobre
a redução da PA, estudos mais recentes demonstram que os efeitos podem ser equivalentes aos do treino aeróbio.
Para além do controle pressórico, os benefícios do treinamento de força em hipertensos estão relacionados à melhora da capacidade funcional
promovida por aumento da força, levando a uma menor sobrecarga cardiovascular, com menor respostapressórica para a realização das atividades
diárias.
Recomendação
Em linhas gerais, o treinamento de força pode ser realizado de 1 a 3 séries de 8 a 15 repetições para cada exercício com carga moderada por
sensação subjetiva de esforço, totalizando 6 a 12 exercícios de fortalecimento para os principais grupos musculares. A prescrição varia de acordo
com a condição clínica e os objetivos do indivíduo.
As respostas pressóricas durante o treinamento de força tendem a ser maiores quando comparadas às do treinamento aeróbio, devendo ser
monitoradas quando do início da realização do programa de exercícios.
Atenção!
Indivíduos com valores de PAS ≥ 160mmHg e PAD ≥ 100mmHg em repouso devem aguardar um melhor ajuste dos valores pressóricos para iniciar a
sessão de exercícios, principalmente o treinamento de força. Durante o exercício, é recomendado que a pressão arterial se mantenha inferior a
220/105mmHg.
Poucos estudos avaliaram os efeitos de exercícios de flexibilidade na redução dos níveis pressóricos, porém um recente trabalho indicou benefícios
desse tipo de atividade na redução da pressão arterial (PA). Exercícios de equilíbrio podem ser úteis na manutenção da autonomia e na redução do
risco de quedas, principalmente em idosos cujo níveis de PA tendem a ser mais elevados.
Dessa forma, um programa de treinamento incluindo exercícios aeróbios, de fortalecimento muscular, de flexibilidade e de equilíbrio é fundamental
para otimizar os níveis pressóricos e a capacidade funcional de indivíduos hipertensos.
Será que existem mecanismos que, associados aos efeitos da atividade física, podem reduzir a hipertensão?
Uma variedade de mecanismos tem sido proposta para explicar a redução da PA com o aumento dos níveis de AF. Esses incluem:
Prescrição de exercícios para hipertensos
O especialista Mauro Mediano aborda a seguir os principais aspectos relacionados à caracterização e epidemiologia da hipertensão, com destaque
para a prescrição de exercícios para hipertensos.
Menor atividade do sistema nervoso simpático.
Aumento da sensibilidade barorre�exa.
Diminuição da resistência vascular periférica.
Aumento da sensibilidade à insulina.
Melhora da função endotelial.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando a influência dos níveis de atividade física na prevenção da hipertensão arterial sistêmica, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A apenas elevados volumes de atividade física estão associados à redução do risco de hipertensão arterial sistêmica.
B qualquer elevação nos níveis de atividade física está associada à redução do risco de hipertensão arterial sistêmica.
C o aumento dos níveis de atividade física e sedentarismo estão associados à redução do risco de hipertensão arterial sistêmica.
D o tempo em atividade sedentária não influencia no risco de hipertensão arterial sistêmica.
E apenas atividades físicas vigorosas estão associadas à redução do risco de hipertensão arterial sistêmica.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20atividade%20f%C3%ADsica%20tem%20sido%20extensamente%20recomendada%20como%20estrat%C3%A9gia%20para%20prev
resposta%2C%20com%20maiores%20volumes%20de%20atividade%20f%C3%ADsica%20promovendo%20maiores%20redu%C3%A7%C3%B5es%20no%
Questão 2
Em relação aos princípios de frequência, intensidade, tempo e tipo de treinamento físico a serem realizados em indivíduos hipertensos, é
correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EUma%20maior%20frequ%C3%AAncia%20semanal%20de%20treinamento%20tem%20sido%20indicada%20com%20intuito%20de%20pro
2 - Atividade física na doença arterial coronariana
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física na
doença arterial coronariana.
A o treinamento de força é contraindicado no tratamento da hipertensão.
B altos volumes de treinamento são obrigatórios para a redução da pressão arterial.
C maior frequência semanal de exercícios é indicada para a redução da pressão arterial.
D exercícios de equilíbrio são fundamentais para a redução da pressão arterial.
E programas de treinamento físico em hipertensos devem ser fundamentalmente intensos.
Doença arterial coronariana
A doença arterial coronariana (DAC) é uma condição clínica na qual o suprimento de sangue para o coração encontra-se comprometido parcial ou
completamente, como resultado de obstrução nas artérias coronárias (vasos sanguíneos que irrigam o músculo cardíaco miocárdio), o que
ocasiona uma isquemia.
squemia
Entende-se como isquemia miocárdica uma condição de inadequada irrigação do músculo cardíaco, decorrente de obstrução da circulação
coronariana, tornando o suprimento de oxigênio e nutrientes insuficiente para suprir as necessidades fisiológicas do miocárdio.
O principal mecanismo de obstrução das artérias coronárias ocorre por acúmulo de lipídeos no interior, levando a um estreitamento da luz do vaso
num processo denominado aterosclerose.
A aterosclerose é uma doença oriunda da disfunção endotelial associada a um processo inflamatório, com a formação de placas de gordura, cálcio
e outros elementos na parede das artérias.
O processo de aterosclerose demora anos para se desenvolver e está associado a fatores de risco como tabagismo, sedentarismo, inatividade
física, alimentação inapropriada, obesidade, hipertensão, diabetes dislipidemia e histórico familiar de DAC.
A doença arterial coronariana (DAC) é a mais frequente doença cardiovascular, atingindo aproximadamente 126 milhões de indivíduos no mundo
todo, ocasionando cerca de 9 milhões de mortes por ano, sendo uma das principais causas de óbito geral. No Brasil, a prevalência de DAC vem
aumentando ao longo das últimas décadas, provavelmente em função do envelhecimento da população, com prevalência estimada de 1,75% para a
população acima de 20 anos em 2017.
A DAC foi a principal causa de morte na última década para homens e mulheres, responsável por aproximadamente 175 mil óbitos por ano. É
também responsável por elevada carga de doença, com altas taxas de anos de vida ajustados por incapacidade, que traduzem o tempo de vida
saudável perdido.
Gráfico: Prevalência de doença arterial coronariana no Brasil de 1990 a 2017, total e estratificado por sexo.
Atividade física como fator de proteção para a doença arterial coronariana
A atividade física (AF) é um dos fatores mais importantes na prevenção do desenvolvimento da doença arterial coronariana (DAC). Veja alguns
estudos que mostram isso:
Um trabalho pioneiro observou que cobradores de ônibus ingleses, cuja profissão demandava maiores níveis de AF em função de deslocamento
para cobrança da tarifa de transporte, apresentavam redução de 50% no risco de DAC quando comparados aos seus pares motoristas, cuja
atividade laboral exigia baixos níveis de AF.
Um estudo realizado em 52 países de todos os continentes, envolvendo 15.152 casos de DAC e 14.820 controles sem DAC, revelou que baixos
níveis de AF são responsáveis por 12,2% dos casos de DAC (YUSUF et al., 2004).
Além de seus efeitos diretos na redução do risco de DAC, a AF tem demonstrado efeitos benéficos sobre outros importantes fatores de risco para
DAC, tais como melhora do perfil lipídico, do controle ponderal, dos níveis pressóricos e da aptidão cardiorrespiratória. Em conjunto, tais benefícios
têm sido considerados de extrema relevância na prevenção da DAC.
O tempo gasto em atividades sedentárias é outro importante fator associado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, incluindo a doença
arterial coronariana, sendo seu impacto negativo ainda maior nos indivíduos com baixos níveis de atividade física.
Um estudo recente de meta-análise demonstrou que indivíduos com mais de 12,5 horas despendidas em atividades
sedentárias por dia apresentavam risco de doençascardiovasculares 14% maior do que aqueles que despendiam
tempo menor do que 2,5 horas por dia.
Quais seriam as principais estratégias a serem adotadas para prevenir a DAC?
Estratégias que aumentem os níveis de atividade física (AF) e diminuam o tempo de atividade sedentária devem ser estimuladas como as principais
formas de prevenção primária da doença arterial coronariana (DAC).
Um estudo de meta-análise demonstrou que os níveis de AF estavam relacionados à redução do risco de DAC de forma linear, com pequenos
aumentos nos níveis de AF associados à redução do risco de DAC. O risco de DAC foi 14% menor para aqueles que realizavam 150 minutos de AF
moderada e 20% menor para aqueles que realizavam 300 minutos de AF vigorosa por semana.
Estudos que avaliem os efeitos da diminuição do tempo de atividade sedentária na incidência de doença arterial coronariana (DAC) ainda são
escassos na literatura. Entretanto, alguns trabalhos têm demonstrado o potencial efeito dessa estratégia de intervenção na modificação dos fatores
de risco para doença cardiovascular, como a melhora no perfil lipídico, na sensibilidade insulínica, na circunferência de cintura e na pressão arterial.
Comentário
Sendo assim, é possível especular que a redução no tempo de atividades sedentárias também possa estar associada à redução no risco de DAC.
Atividade física no tratamento da doença arterial coronariana
A atividade física (AF) tem sido utilizada como importante estratégia de intervenção no tratamento da doença arterial coronariana (DAC),
principalmente por meio de programas de reabilitação cardiovascular (RCV).
eabilitação cardiovascular
De acordo com a SBC (2020), a RCV é definida como um conjunto de atividades necessárias para assegurar às pessoas com doenças cardiovasculares
(DCVs) condições físicas, mentais e sociais que lhes permitam ocupar seu lugar na sociedade.
Apesar da RCV ter como principal estratégia de intervenção a prática de exercícios físicos, programas de RCV são normalmente constituídos por
uma equipe multidisciplinar.
Qual é o objetivo dessa equipe?
Resposta
Tal equipe tem como objetivo avaliar melhor os indivíduos em relação às suas condições clínicas e à sua capacidade funcional, oferecer maior
controle dos fatores de risco pra DCVs, promover hábitos alimentares saudáveis e a adoção de um estilo de vida fisicamente ativo, além de oferecer
programa de treinamento físico individualizado, apoio psicológico e orientação quanto ao retorno às atividades profissionais, quando possível.
Os efeitos de programas de RCV têm sido frequentemente documentados com significativas reduções das taxas de hospitalização e de mortalidade
por todas as causas e por DCVs, além da melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, justificando a sua ampla recomendação por
sociedades científicas em todo o mundo.
Curiosidade
Em indivíduos com doença arterial coronariana (DAC), programas de RCV têm promovido uma redução de 31% nas hospitalizações, com diminuição
de 13% na mortalidade por todas as causas e 26% na mortalidade por doenças cardiovasculares (DCVs).
Em alguns casos, os benefícios da AF têm sido superiores aos obtidos em alguns procedimentos cardiológicos invasivos. Um estudo incluindo
pacientes com DAC (HAMBRECHT et al., 2004) observou taxas de eventos adversos 18% menores e modificação da capacidade funcional (VO2
máximo) 16% maior após 12 meses de acompanhamento naqueles que realizaram um programa de exercícios físicos, quando comparados com
pacientes que realizaram procedimento coronariano percutâneo.
Mesmo para os indivíduos cujo procedimento cardiológico invasivo seja considerado a primeira opção terapêutica, um programa de treinamento
físico após a intervenção coronariana tem demonstrado bons resultados:
Melhora de 26% do VO2 máximo;
Melhora de 27% da qualidade de vida;
Redução de 20% nos eventos cardiovasculares e hospitalizações.
Dessa forma, os efeitos benéficos de um programa de RCV com exercícios físicos encontram-se bem estabelecidos, sendo uma estratégia segura e
eficaz indicada para a grande maioria dos indivíduos com doença cardiovascular, incluindo a doença arterial coronariana.
É indicado que indivíduos com doença arterial coronariana (DAC) preestabelecida realizem avaliação clínica e da capacidade funcional antes de
iniciar a prática de exercícios físicos, objetivando estratificar o risco para participação no programa de reabilitação cardiovascular (RCV),
minimizando a chance de eventos adversos durante as sessões de treinamento e otimizando os resultados.
A tabela a seguir apresenta as características dos pacientes com indicação de RCV de acordo com a estratificação de risco. Normalmente, a
avaliação pré-participação consiste em anamnese e exame físico, eletrocardiograma de repouso de 12 derivações e um teste de exercício, seja teste
ergométrico convencional ou teste cardiopulmonar de esforço, dependendo da disponibilidade de cada serviço e das necessidades de cada
paciente.
Característica
Estratificação de Risco
Alto Intermediário Baixo
Evento cardiovascular, intervenção
cardiovascular ou descompensação
clínica
Inferior a 12 semanas
Superior a 12 semanas e
inferior a 6 meses
Superior a 6 meses
Capacidade funcional
< 5 METs (TE)
Weber C/D
VO2max < 60% predito
5 a 7 METs (TE)
Weber B
VO2max 60% a 85%
predito
> 7 METs (TE)
Weber A
VO2max > 85% predito
Sinais e sintomas de isquemia
miocárdica
< 6 METs
VO2 < 15ml.kg-1.min-1
> 6 METs
VO2 > 15ml.kg-1.min-1
Ausente
Sintomatologia
Classe funcional III e IV (IC e
angina)
Classe funcional I e II (IC e
angina)
Ausente
Outras características clínicas
Diálise, queda saturação de O2
intraesforço, arritmia ventricular
complexa
De acordo com avaliação
clínica
De acordo com
avaliação clínica
Tabela: TE (Teste de Esforço); IC (Insuficiência Cardíaca). Estratificação de risco de pacientes com indicação de RCV.
Carvalho et al., 2020.
Além de identificar possíveis alterações clínicas, eletrocardiográficas e hemodinâmicas durante o esforço físico, o teste de exercício fornece
importantes parâmetros para a prescrição do exercício, tais como a frequência cardíaca máxima e em esforços submáximos.
Saiba mais
A identificação da frequência cardíaca em caso de alterações eletrocardiográficas ou hemodinâmicas durante o teste de esforço máximo deve ser
considerada como parâmetro de prescrição do exercício em indivíduos com doença arterial coronariana, cuja intensidade não deve exceder a
frequência cardíaca em que ocorreu tal alteração.
Frequência da atividade física no tratamento da doença arterial coronariana
O treinamento físico como estratégia de prevenção secundária da doença arterial coronariana (DAC) deve ser realizado ao menos três vezes por
semana, preferencialmente todos os dias. Em algumas situações, um menor número de sessões semanais de exercício pode ser realizado.
A frequência semanal de treinamento depende de inúmeros fatores, incluindo:
Alguns trabalhos sugerem que a frequência semanal de treinamento por si só não é o principal fator determinante na melhora da capacidade
funcional e da sobrevida de indivíduos com DAC, sendo o volume total de atividade a variável mais importante.
Intensidade da atividade física no tratamento da doença arterial coronariana
Em linhas gerais, recomenda-se que indivíduos com doença arterial coronariana (DAC) realizem inicialmente exercícios de intensidade moderada,
correspondendo a uma taxa entre 40% e 60% do VO2max ou frequência cardíaca de reserva.
Dois métodos podem ser usados para medir a intensidade do exercício. Acompanhe a seguir:
Tolerância ao exercício;
Capacidade funcional de cada indivíduo;
Intensidade e o volume de exercício a ser realizado;
Condição clínica do paciente;
Disponibilidade para realizar as sessões de treinamento.
A escala de esforço percebido de Borg adaptada também pode ser utilizada como ferramenta para controle da intensidade do exercício, com
valores entre 3 e 4 correspondendo à intensidademoderada.
Outro método que pode ser utilizado para se manter uma intensidade moderada durante o exercício é o teste de fala (talk test), no qual o
participante é instruído a se exercitar na maior intensidade possível enquanto mantém uma conversa com outra pessoa de forma
confortável.
A intensidade do exercício deve ser preferencialmente controlada pela frequência cardíaca, caso sejam encontradas alterações isquêmicas no teste
de esforço pré-participação, devendo ser limitada na frequência cardíaca na qual foram observadas tais alterações.
Alguns estudos demonstraram bons resultados com treinamentos de alta intensidade compostos por curtos estímulos de atividade vigorosa,
separados por períodos de recuperação a uma intensidade leve (treinamento HIIT), na melhora da capacidade funcional de pacientes com doença
arterial coronariana (DAC).
Comentário
Entretanto, estudos clínicos com maior número de participantes e estudos de meta-análise não têm confirmado tais benefícios, com resultados
semelhantes entre o HIIT e o treinamento contínuo de moderada intensidade para a melhora da capacidade funcional, da função endotelial e da
qualidade de vida (WINZER et al., 2018).
Adicionalmente, apesar do risco de evento adverso durante a realização das sessões de exercício físico ser bastante baixo, esse é ligeiramente
superior em atividades de maior intensidade quando comparado à intensidade moderada. Considerando que em muitas situações o treinamento de
alta intensidade é difícil de ser atingido (principalmente em indivíduos previamente inativos e com baixa capacidade funcional), a prescrição de
exercícios a uma intensidade moderada deve ser recomendada, principalmente para iniciantes.
Recomendação
Gradualmente, exercícios vigorosos podem ser realizados em pacientes com DAC, sendo uma alternativa indicada para pacientes que não tenham
restrições clínicas e com interesse em realizar essa intensidade de treinamento.
Atividades leves devem ser estimuladas em substituição a comportamentos sedentários, como forma de aumentar os níveis totais de AF e diminuir
o tempo de sedentarismo.
Tempo da atividade física no tratamento da doença arterial coronariana
Efeitos benéficos em indivíduos com doença arterial coronariana (DAC) são observados com qualquer incremento nos níveis de atividade física (AF),
com aparente relação dose-resposta.
Indivíduos com DAC podem iniciar a prática de AF com pequenas quantidades de exercícios, aumentando gradualmente a frequência e a duração ao
longo do tempo. Recomenda-se 150 minutos de exercícios físicos por semana como estratégia de prevenção secundária em pessoas com DAC. De
acordo com as condições clínicas, tolerância e preferenciais individuais, o volume de exercício poderá aumentar para 300 minutos por semana.
Volumes muito elevados de AF por semana (maiores do que 300 minutos) têm sido associados a um platô ou até
mesmo a um aumento do risco de morte em indivíduos com DAC.
Escala de esforço percebido de borg 
Teste de fala 
Esses achados sugerem que o aumento dos níveis de AF pode ser favorável até determinado volume, a partir do qual os benefícios passam a ser
menores. Entretanto, estudos que confirmem tais achados e identifiquem o volume máximo de AF a ser realizado ainda são necessários.
Tipo da atividade física no tratamento da doença arterial coronariana
Os exercícios aeróbios são tradicionalmente indicados como o principal componente de um programa de reabilitação cardiovascular (RCV). De fato,
diversos trabalhos têm demonstrado um importante efeito dos exercícios aeróbios na melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida e na
redução da mortalidade em indivíduos com doença arterial coronariana (DAC).
A realização do treinamento de força tem sido recomendada pelo menos duas vezes por semana em adição aos exercícios aeróbios. Importantes
benefícios cardiovasculares e musculoesqueléticos são observados com a inclusão de exercícios de força:
Sua realização tem se demonstrado segura em pacientes cardiopatas, com menor sobrecarga cardiovascular avaliada por meio do duplo-produto
durante a realização dos exercícios.
uplo-produto
O duplo-produto é uma medida estimada de esforço cardíaco e de consumo de oxigênio pelo miocárdio, sendo obtido pela multiplicação da frequência
cardíaca (medida em batimentos por minuto) pela pressão arterial sistólica (medida em mmHg).
Os exercícios de força devem ser realizados com a prescrição variando entre 6 e 12 exercícios para os principais grupamentos musculares, com 1 a
3 séries de 8 a 15 repetições com intensidade moderada por sensação subjetiva de esforço, de acordo com os objetivos estipulados e as condições
clínicas de cada pessoa.
Exercícios de flexibilidade, de equilíbrio e de coordenação devem ser incluídos em todo programa de RCV, promovendo ganho e/ou manutenção da
amplitude de movimento e maior autonomia para a realização das atividades da vida diária. Com a melhora da flexibilidade, também ocorre a
redução da sobrecarga cardiovascular em movimentos que exijam maior amplitude.
Aumento na força muscular;
Maior independência funcional;
Menor sobrecarga cardiovascular para a realização de atividades da vida diária;
Melhora da qualidade de vida.
Dessa forma, programas de RCV devem incluir exercícios aeróbios e treinamento de força, além de exercícios de flexibilidade, de equilíbrio e de
coordenação. Em conjunto com outras atividades multidisciplinares, os programas de reabilitação cardiovascular com base na prática de exercícios
físicos são de fundamental importância para melhora da capacidade funcional, controle de fatores de risco, maior independência para as atividades
do dia a dia, melhora da qualidade de vida e aumento da longevidade de indivíduos com DAC.
Mecanismos associados aos efeitos da atividade física na doença arterial
coronariana
Diversos mecanismos têm sido propostos para explicar os benefícios da AF em pessoas com DAC. Entre eles, temos:
Melhora da função endotelial com aumento da perfusão miocárdica.
Atenuação e/ou regressão da placa aterosclerótica com remodelação externa.
Estabilização de placas ateroscleróticas vulneráveis com diminuição do risco de rupturas.
Melhoria da capacidade oxidativa do miocárdio e da função autonômica.
Redução da demanda de oxigênio do miocárdio.
Diminuição de mecanismos trombogênicos.
Melhora da circulação colateral do miocárdio.
Prescrição de exercícios para indivíduos com doença arterial coronariana
O especialista Mauro Mediano aborda a seguir os principais aspectos relacionados à caracterização e epidemiologia da doença arterial coronariana,
com destaque para a prescrição de exercícios para esses indivíduos.
Diminuição da liberação de mediadores in�amatórios pelo músculo esquelético e pelo tecido adiposo.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Programas de reabilitação cardiovascular têm sido amplamente indicados para prevenção secundária de pessoas com doença arterial
coronariana, tendo como principal foco a prática de exercícios físicos. Dentre os principais objetivos de um programa de reabilitação
cardiovascular, podemos citar:
Parabéns! A alternativa C está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EProgramas%20de%20reabilita%C3%A7%C3%A3o%20cardiovascular%20devem%20oferecer%20treinamento%20f%C3%ADsico%20indivi
Questão 2
Em relação à realização do treinamento de força em indivíduos com doença arterial coronariana, é correto afirmar que:
A Oferecer menor controle dos fatores de risco para doenças cardiovasculares.
B Promover hábitos alimentares saudáveis sem estimular um estilo de vida fisicamente ativo.
C Oferecer um programa de treinamento físico individualizado.
D Fornecer apoio psicológico restrito aos pacientes mais graves.
E Orientar quanto à realização de atividades de lazer, sem preocupações quanto ao retorno das atividades laborais.
A promove maior sobrecarga cardiovascular duranteo exercício.
B não é indicado para indivíduos com DAC.
C promove aumento da força muscular, com maior independência funcional e piora da qualidade de vida.
D deve ser realizado apenas com baixa intensidade e número grande de repetições (>20 repetições).
Parabéns! A alternativa E está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20treinamento%20de%20for%C3%A7a%20tem%20sido%20recomendado%20como%20parte%20dos%20exerc%C3%ADcios%20a%20
3 - Atividade física no acidente vascular encefálico
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os benefícios e principais aspectos relacionados à atividade física no
acidente vascular encefálico.
Acidente vascular encefálico
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição clínica caracterizada pela interrupção do suprimento de sangue para o encéfalo, privando as
cédulas de oxigênio e de nutrientes necessários para a realização de suas funções.
Interrupção do fluxo sanguíneo encefálico ocasionando acidente vascular encefálico.
O AVE pode ser classificado como isquêmico, hemorrágico ou ataque isquêmico transitório (AIT). Veja a seguir:
E promove aumento na força muscular e maior independência funcional, com menor sobrecarga cardiovascular.
Ave isquêmico
Ocorre quando uma artéria que fornece sangue ao encéfalo é obstruída, levando à isquemia de determinada região. É responsável por
cerca de 85% de todos os AVE. O AVE isquêmico pode ser aterotrombótico ou cardioembólico.
O AVE é a terceira maior causa de morte no mundo, precedida apenas pelas cardiopatias em geral e pelo câncer, sendo responsável por
aproximadamente 6 milhões de mortes por ano (11% do total). Estima-se uma prevalência de AVE no mundo de 100 milhões de pessoas, sendo
cerca de 2,2 milhões dos casos no Brasil (OLIVEIRA et al., 2020).
É a principal causa de incapacidade a longo prazo, com a maioria dos sobreviventes apresentando diferentes graus de deficiência crônica que
limitam suas capacidades funcionais e cognitivas, afetando a capacidade de realizar as atividades da vida diária (AVDs) e diminuindo a qualidade de
vida.
Aterotrombótico
O AVE isquêmico do tipo aterotrombótico é caracterizado pela formação de placas de ateroma nos vasos sanguíneos no encéfalo,
provocando a oclusão do vaso ou a formação de um trombo (coágulo de sangue) que se desenvolve na placa de ateroma.
Cardioembólico
O AVE isquêmico do tipo cardioembólico é ocasionado por um coágulo sanguíneo que se forma em outro local do sistema circulatório,
geralmente no coração ou nas grandes artérias da parte superior do tórax e do pescoço. Parte do coágulo de sangue se solta, entra na
corrente sanguínea e se desloca através dos vasos sanguíneos até atingir pequenas artérias no encéfalo, causando a sua obstrução.
Uma importante causa de embolia é a fibrilação atrial.
Ave hemorrágico
É causado pela ruptura de uma artéria enfraquecida no encéfalo, em que o sangue se acumula e comprime o tecido encefálico
circundante. É responsável por aproximadamente 15% dos casos de AVE. Os dois principais tipos de acidente vascular cerebral (AVC)
hemorrágico são a hemorragia subaracnoide e a hemorragia intracerebral.
Hemorragia subaracnoide
A hemorragia subaracnoide ocorre quando um vaso sanguíneo na superfície do cérebro se rompe e sangra no espaço compreendido
entre a camada interna (pia-máter) e a camada intermediária (aracnoide) dos tecidos que envolvem o cérebro (meninges), denominado
espaço subaracnoideo.
Hemorragia intracerebral
A hemorragia intracerebral (ICH) ocorre quando um vaso sanguíneo sangra no interior do parênquima cerebral. Dois tipos de vasos
sanguíneos enfraquecidos geralmente causam AVE hemorrágico: aneurismas e malformações arteriovenosas (conhecidas como MAVs).
Ataque isquêmico transitório
É causado por uma interrupção temporária no suprimento de sangue a uma parte do encéfalo que resulta em falta de oxigênio. Pode
causar sintomas repentinos semelhantes a um AVE, como distúrbios da fala e da visão e dormência ou fraqueza no rosto e nos
braços e pernas. Os efeitos do AIT duram de alguns minutos a algumas horas e desaparecem totalmente em 24 horas. O AIT deve ser
visto como um sinal de alerta de maior risco de desenvolver AVE futuro.
Os principais fatores de risco para AVE incluem:
hipertensão arterial sistêmica;
diabetes;
dislipidemia;
obesidade;
tabagismo;
uso excessivo de álcool;
idade;
inatividade física e sedentarismo;
histórico familiar;
ser do sexo masculino.
Atividade física como fator de proteção para o acidente vascular encefálico
A atividade física (AF) tem sido inversamente relacionada ao risco de AVE, com maiores níveis de AF promovendo maior redução do risco. Um
trabalho pioneiro de meta-análise sobre o assunto publicado em 2003 demonstrou que indivíduos moderadamente ativos apresentavam uma
redução de 20% no risco de AVE. Naqueles com maiores níveis de AF a redução foi de 27% quando comparados com indivíduos que apresentavam
baixos níveis de AF (LEE et al., 2003).
O efeito protetor da AF foi observado tanto para casos de AVE isquêmico quanto para casos de AVE hemorrágico. Trabalhos posteriores
confirmaram tais resultados para diferentes domínios de AF (lazer, transporte e trabalho), apresentando uma redução de 20% a 40% no risco total de
AVE, com aparente relação dose-resposta, na qual maiores níveis de AF estiveram associados a maiores efeitos protetores.
Os benefícios da AF na prevenção do AVE podem ser diretos ou mediados por seus efeitos sobre outros importantes fatores de risco para AVE,
principalmente por diminuição dos níveis de pressão arterial, melhora do perfil lipídico e redução do peso corporal. Em conjunto, tais benefícios têm
sido considerados de extrema relevância na prevenção do AVE (GALLANAGH et al., 2011).
Além de seu efeito protetor na redução da incidência de novos casos de AVE, a atividade física (AF) parece atuar como promotora de um pré-
condicionamento isquêmico que pode atenuar a injúria tecidual, exercendo um efeito neuroprotetor quando da ocorrência de um AVE.
Estudos têm demonstrado que os níveis de AF anteriores ao AVE têm sido associados à menor severidade, menor
área de infarto e melhor recuperação funcional quando da ocorrência do AVE, que podem ser explicados por
mecanismos angiogênicos e neurogênicos.
Recentemente, os níveis de AF anteriores ao AVE também têm sido associados à menor incidência de morte por doenças cardiovasculares e por
todas as causas por um longo período posterior ao AVE, levando a crer que qualquer AF realizada ao longo da vida do indivíduo possa trazer algum
efeito protetor na saúde a longo prazo.
O tempo gasto em atividades sedentárias também tem sido associado a uma maior incidência de AVE. Indivíduos com um tempo maior que 8 horas
por dia despendido em atividades sedentárias têm um risco 20% maior de AVE, quando comparados com aqueles que despendem menos de 4
horas.
Apesar de pouco investigadas na literatura, estratégias que diminuam o tempo em atividades sedentárias podem trazer significativas reduções do
risco de AVE e até mesmo estarem associadas a uma menor severidade e a uma melhor recuperação funcional naqueles que sobreviveram ao AVE.
Atividade física no tratamento acidente vascular encefálico
A prática de atividade física (AF) tem sido recomendada como importante ferramenta terapêutica em indivíduos que tiveram acidente vascular
encefálico (AVE), usualmente como parte de um programa de reabilitação, com significativo efeito neuroreparador.
Indivíduos com AVE podem apresentar sequelas diversas, motoras ou cognitivas, que podem trazer importantes repercussões negativas, como a
redução da capacidade funcional máxima e a alteração no controle motor, com diminuição de eficiência mecânica e da força muscular e aumento
no gasto energético para realização de alguns movimentos, levando a uma redução na capacidade funcional de reserva e a uma maior dependência
para a realização das atividades da vida cotidiana.
Normalmente,pessoas que tiveram AVE apresentam níveis mais baixos de AF e despendem elevados períodos em atividades sedentárias em
função de suas limitações motoras, que dificultam a realização de inúmeras tarefas, até mesmo as mais simples. Encontram-se, na sua maioria,
afastadas da prática de AF para a manutenção da sua saúde ou da sua condição funcional, o que leva a um ciclo vicioso de piora da funcionalidade
e da qualidade de vida.
Recomendação
Nesse sentido, torna-se imperativa a orientação quanto à prática de exercícios físicos, ao aumento dos níveis de AF durante as atividades da vida
diária e à diminuição do tempo em atividades sedentárias.
Estudos com uma variedade de protocolos de intervenção com exercícios físicos têm demonstrado uma significativa melhora da capacidade
funcional máxima, avaliada pelo VO2max, que variou em torno de 10% a 30% após período de 2 a 6 meses de treinamento.
Entretanto, a maioria dos estudos utilizou indivíduos com limitações motoras leves, sendo o aumento dos níveis de
AF uma estratégia bastante promissora para esse grupo de pessoas.
Estudos com indivíduos que apresentam sequelas mais graves da função motora são necessários. Benefícios relacionados a ganho de força,
diminuição da espasticidade, melhora da mobilidade, da funcionalidade e da qualidade de vida também têm sido reportados em alguns trabalhos.
Considerando que até 75% dos sobreviventes de AVE apresentam doença cardíaca coexistente, torna-se necessária a realização de uma avaliação
pré-participação, incluindo avaliação clínica e da capacidade funcional.
Recomendação
A avaliação clínica deve incluir anamnese e um exame físico tendo em vista a identificação de alterações clínicas e as comorbidades que exijam
consideração especial ou que sejam uma contraindicação para a prática de exercícios físicos. Também deve incluir a avaliação de complicações
neurológicas e outras condições e problemas específicos relacionados ao AVE, como fraqueza ou diminuição do equilíbrio, problemas cognitivos ou
comportamentais e problemas de comunicação.
Também é recomendada a realização de um teste de exercício, seja teste ergométrico convencional ou teste cardiopulmonar de esforço, com
objetivo de avaliar a capacidade funcional máxima e identificar possíveis alterações clínicas, hemodinâmicas ou eletrocardiográficas que afetem a
segurança para realização dos exercícios.
Além disso, o teste de exercício fornece informações importantes quanto aos parâmetros de prescrição do treinamento físico, tais como a
frequência cardíaca máxima e em esforços submáximos.
Por várias razões, para alguns indivíduos sobreviventes de AVE pode não ser possível a realização de um teste de exercício antes de iniciar um
programa de exercícios. Para os indivíduos com alterações motoras ou cognitivas graves que impeçam a realização do teste de exercício, o teste de
estresse farmacológico pode ser uma opção.
Para aqueles cujo teste de exercício não for realizado, o treinamento físico deve ser feito a uma menor intensidade, que pode ser compensada com
o aumento da frequência ou da duração de treinamento (BILLINGER et al., 2014).
Frequência da atividade física no tratamento do acidente vascular encefálico
Estudos que avaliem diferentes frequências semanais de treinamento físico em indivíduos com AVE ainda são escassos na literatura. Entretanto,
baseado nas recomendações gerais de AF para doenças cardiovasculares e de programa de reabilitação cardiovascular, recomenda-se um mínimo
de 3 sessões semanais, com maiores frequências semanais podendo trazer maiores benefícios na capacidade funcional.
Dica
Nos casos em que o indivíduo tenha grande dificuldade de deslocamento para o local de prática de exercícios físicos, um menor número de sessões
semanais pode ser realizado.
Intensidade da atividade física no tratamento do acidente vascular
encefálico
O controle da intensidade do exercício em pacientes com AVE é influenciado pelo grau de comprometimento motor e funcional apresentado por
cada indivíduo.
Saiba mais
Indivíduos com sequelas motoras mais graves realizam movimentos com baixa eficiência mecânica em função da lesão do sistema nervoso central
com comprometimento do controle motor, fazendo com que atividades consideradas de baixa intensidade demandem elevado gasto energético.
Normalmente, recomenda-se que indivíduos com AVE iniciem os exercícios com intensidade moderada, correspondendo a uma taxa entre 40% e
60% do VO2max ou da frequência cardíaca de reserva. Também pode ser utilizada a escala de esforço percebido de Borg adaptada, com valores
entre 3 e 4 correspondendo à intensidade moderada.
Exercícios de intensidade moderada têm demonstrado diversos benefícios, como:
Os indivíduos com AVE que apresentam comorbidades devem ficar atentos à frequência cardíaca durante o exercício, respeitando a zona alvo de
treinamento, principalmente quando da presença de alterações isquêmicas ou de elevações exacerbadas da pressão arterial.
Nesses casos, o limite superior da frequência cardíaca de treinamento não deve ultrapassar a frequência cardíaca na qual
foi observada a alteração.
O HIIT tem sido utilizado em alguns estudos com pessoas que tiveram AVE, com resultados mostrando maior proteção cardiovascular e melhora na
função motora (por exemplo, na velocidade da caminhada), quando comparado ao treinamento de baixa e moderada intensidade. Entretanto, devido
ao descondicionamento cardiorrespiratório e às alterações motoras, é difícil atingir e/ou manter uma intensidade vigorosa de treinamento em
pessoas com AVE.
Exercícios de alta intensidade
A indicação do treinamento de alta intensidade deve ser avaliada de forma criteriosa, devendo esse ser prescrito quando bem tolerado em
pacientes clinicamente estáveis.
Aumento na aptidão cardiorrespiratória;
Melhoria no padrão de caminhada;
Controle de fatores de risco cardiovascular;
Maior ativação do cérebro e melhora da cognição.

Exercícios de baixa intensidade
Por outro lado, a literatura sugere que exercícios de baixa intensidade são bem tolerados e podem melhorar desempenho motor, função de
marcha, equilíbrio e fatores de risco cardiovascular. Dessa forma, devem ser indicados como forma de aumentar os níveis de AF e substituir o
comportamento sedentário em indivíduos após AVE.
Tempo da atividade física no tratamento do acidente vascular encefálico
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), pessoas que tiveram acidente vascular encefálico (AVE) devem seguir a recomendação de
realizar 150 minutos de atividade física (AF) moderada e/ou 75 minutos de AF vigorosa por semana. Volumes maiores de AF podem promover
maiores benefícios. Entretanto, por limitações da capacidade funcional, alguns indivíduos podem não conseguir atingir esse volume de AF
inicialmente, devendo ser estimulados a aumentar seus níveis de AF dentro de suas possibilidades.
Nesse sentido, qualquer aumento nos níveis de AF parece trazer benefícios para diversos componentes de saúde.
Em indivíduos com limitações provocadas pelo AVE, períodos curtos de AF (por exemplo, três sessões de exercícios de 10 ou 15 minutos) podem
ser acumulados ao longo do dia, podendo ser mais bem tolerados do que um único período de maior duração. Muitos programas de reabilitação
indicam a intervenção de exercício com duração entre 10 e 20 minutos, progredindo gradualmente para sessões com duração de 40 a 60 minutos,
dependendo da tolerância de cada participante.
Tipo de atividade física no tratamento do acidente vascular encefálico
Com base nas evidências disponíveis, recomenda-se que pessoas que tiveram um AVE realizem exercícios regulares para aumentar a capacidade
aeróbia e melhorar a eficiência da marcha, reduzindo assim o risco de queda e melhorando a independência funcional. A atividade aeróbia também
reduz o risco de eventos cardiovasculares recorrentes.
O treinamento de força é recomendado para levar a uma menor sobrecarga cardiovascular na realização das atividades cotidianas e a uma maiorindependência nas atividades da vida diária, sem evidências de piora da espasticidade ou hipertonia. O treinamento de flexibilidade também deve
ser realizado para aumentar a amplitude de movimento e prevenir deformidades em conjunto com exercícios de equilíbrio e coordenação
(BILLINGER et al., 2015).
Exercícios aeróbios para indivíduos com AVE devem incluir caminhada (em esteira ou em outros terrenos), cicloergômetro de membros inferiores ou
membros superiores, ou exercícios funcionais na forma de circuito.
Recomendação
Nos indivíduos com dificuldade em aumentar a velocidade da caminhada por limitações motoras, a caminhada na esteira ergométrica permite que a
intensidade de treinamento seja aumentada com elevação da inclinação, sendo uma boa alternativa.
De forma similar a outras doenças cardiovasculares, exercícios de força devem ser realizados de 2 a 3 vezes por semana, com um total de 6 a 12
exercícios para os principais grupamentos musculares por sessão. A prescrição pode variar entre 1 e 3 séries de 8 a 15 repetições com intensidade
moderada por sensação subjetiva de esforço, de acordo com os objetivos estipulados e as condições clínicas de cada indivíduo.
Programas de treinamento com exercícios físicos devem ser complementados com estímulos para a realização de atividades diárias, como
caminhadas em intervalos no trabalho, jardinagem e tarefas domésticas, com o intuito de aumentar os níveis totais de AF e diminuir o tempo em
atividades sedentárias, melhorando o condicionamento físico e a funcionalidade.
O uso de realidade virtual e videogames interativos tem sido uma nova estratégia terapêutica em indivíduos com AVE, com alguns estudos
demonstrando melhora na função motora e uma maior autonomia para a realização das atividades da vida cotidiana. Alguns jogos interativos
demandam elevado gasto energético, levando, portanto, a um aumento nos níveis de AF. Estudos que avaliem os efeitos a longo prazo dessas
estratégias de intervenção são necessários.
Mecanismos associados aos efeitos da atividade física no acidente vascular
encefálico
A AF parece atuar como um fator de pré-condicionamento isquêmico que diminui a injúria do sistema nervoso central, exercendo um efeito
neuroprotetor e neuroreparador que contribui para a melhora funcional em pacientes que tiveram AVE. O efeito do pré-condicionamento isquêmico
no encéfalo parece resultar de múltiplos processos, tais como:
manutenção da integridade da barreira hematoencefálica;
efeito anti-inflamatório e antitrombótico;
neovascularização;
melhora da função endotelial;
aumento da neurogênese;
otimização da função neuronal.
A prática de exercícios também facilita a neuroplasticidade, podendo levar à melhora das funções motora e cognitiva. Além disso, uma maior
expressão de fatores angiogênicos e neurogênicos, como o fator de crescimento endotelial vascular (Vascular Endothelial Growth Factor [VEGF]), o
fator estimulador de colônias granulocitárias (Granulocyte Colony-Stimulating Factor [G-CSF]) e o fator neurotrófico derivado do cérebro (Brain-
Derived Neurotrophic Factor [BDNF]), tem sido observada com o treinamento físico, estando esses fatores potencialmente associados à melhora da
função física.
europlasticidade
Entende-se como neuroplasticidade a capacidade das células cerebrais de se reorganizarem e realizarem uma nova função.
Por fim, a prática de atividade física auxilia no controle dos principais fatores de risco para doença cardiovascular, gerando redução da adiposidade
corporal, melhora do metabolismo da glicose e do perfil lipídico e controle da pressão arterial. Em conjunto, todos esses mecanismos atuam como
fatores neuroprotetores e neuroreparadores quando da ocorrência de um insulto isquêmico.
Prescrição de exercícios no acidente vascular encefálico
O especialista Mauro Mediano aborda a seguir os principais aspectos relacionados à caracterização e epidemiologia do acidente vascular
encefálico, com destaque para a prescrição de exercícios para esses indivíduos.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Considerando a influência dos níveis de atividade física na prevenção do acidente vascular encefálico, é correto afirmar que:
Parabéns! A alternativa E está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20aumento%20dos%20n%C3%ADveis%20de%20atividade%20f%C3%ADsica%20e%20a%20diminui%C3%A7%C3%A3o%20do%20tem
Questão 2
Sobre o treinamento de força em indivíduos com acidente vascular encefálico, é correto afirmar que:
A
elevados níveis de atividade física estão associados apenas à diminuição do risco de acidente vascular encefálico isquêmico,
sem proteção para acidente vascular encefálico hemorrágico.
B apenas a atividade física de lazer está associada à redução do risco de acidente vascular encefálico.
C o aumento dos níveis de atividade física e sedentarismo estão associados à redução do risco de acidente vascular encefálico
D o tempo em atividade sedentária não influencia no risco de acidente vascular encefálico.
E elevados níveis de atividade física total estão associados à diminuição do risco de acidente vascular encefálico.
A é contraindicado, pois piora a hipertonia e a espasticidade em indivíduos com acidente vascular encefálico.
B
é indicado, pois aumenta a força muscular, trazendo possível melhora da funcionalidade e do desempenho nas atividades da
vida diária.
C
não deve ser realizado, uma vez que indivíduos com acidente vascular encefálico possuem força muscular aumentada pela
espasticidade.
Parabéns! A alternativa B está correta.
%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20treinamento%20de%20for%C3%A7a%20%C3%A9%20seguro%20e%20indicado%20para%20indiv%C3%ADduos%20com%20aciden
Considerações �nais
Como vimos, o aumento dos níveis de atividade física e a diminuição do tempo em atividades sedentárias têm sido associados a inúmeros
benefícios de saúde, incluindo a redução do risco de inúmeras doenças crônicas, principalmente relacionadas ao sistema cardiovascular.
Em linhas gerais, recomenda-se a realização de 150 minutos de atividades moderadas e/ou 75 minutos de atividades intensas como forma de se
otimizar os benefícios de saúde relacionados à atividade física. Essa recomendação normalmente pode ser aplicada tanto para indivíduos
saudáveis quanto para aqueles com alguma condição crônica de saúde já instalada, podendo ser adaptada em caso de necessidade, por exemplo,
na limitação da capacidade funcional de um indivíduo com acidente vascular encefálico prévio.
O aumento dos níveis de atividade física pode ser atingido de inúmeras formas, sendo a prática de programas de exercício físico a mais tradicional.
Programas de reabilitação com ênfase na prática de exercícios são seguros e indicados para indivíduos com inúmeras doenças cardiovasculares.
Os benefícios dessa estratégia de intervenção são inúmeros, podendo-se ressaltar a melhora da capacidade funcional e da qualidade de vida, além
de um aumento da sobrevida. A atividade física é uma intervenção simples e de baixo custo, que deve ser considerada e implementada como
estratégia prioritária de saúde pública.
Podcast
Para encerrar, o especialista Mauro Mediano fala sobre a prescrição de exercícios para as doenças cardiovasculares.
D deve ser realizado com elevado número de repetições, com enfoque na resistência muscular.
E aumenta a sobrecarga cardiovascular para a realização das atividades cotidianas.

Referências
AMERICAN HEART ASSOCIATION. Types of stroke and treatment. Consultado na Internet em: 22 out. 2021.
BARROSO, W. K. S. et al. Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial – 2020. Arq Bras Cardiol 2021; 116(3):516-658.
BILLINGER, S. A. et al. Does aerobic exercise and the fitt principle fit into stroke recovery? Curr Neurol Neurosci Rep 2015; 15: 519.
BILLINGER, S. A. et al. Physical activity and exercise recommendations for stroke survivors.Stroke 2014; 45: 2532-2553.
BULL, F. C. et al. World Health Organization 2020 guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Br J Sports Med 2020; 54:1451–1462.
CARVALHO, T. et al. Diretriz brasileira de reabilitação cardiovascular – 2020. Arq Bras Cardiol 2020; 114:943-987.
DIAZ, K. M; SHIMBO, D. Physical activity and the prevention of hypertension. Curr Hypertens Rep 2013; 15:659–668.
GALLANAGH, S. et al. Physical activity in the prevention and treatment of stroke. ISRN Neurol 2011; 2011: 953818.
HAMBRECHT, R. et al. Percutaneous coronary angioplasty compared with exercise training in patients with stable coronary artery disease: a
randomized trial. Circulation, v. 109, n. 11, p. 1371-1378, 2004.
LEE, C. D. et al. Physical activity and stroke risk: a meta-analysis. Stroke 2003; 34: 1475-1481.
OLIVEIRA, G. M. M. et al. Estatística cardiovascular – Brasil 2020. Arq Bras Cardiol 2020; 115: 308-439.
PESCATELLO, L. S. et al. Exercise for hypertension: a prescription update integrating existing recommendations with emerging research. Curr
Hypertens Rep 2015; 17:87.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Aumenta o número de mortes por doenças cardiovasculares no primeiro semestre de 2021. Consultado
na Internet em: 22 out. 2021.
WINZER, E. B. et al. Physical activity in the prevention and treatment of coronary artery disease. J Am Heart Assoc 2018; 7: e007725.
YUSUF, S. et al. Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (The INTERHEART study): Case-
Control Study. Lancet 2004; 364:937-952.
Explore +
Pesquise os principais posicionamentos científicos sobre atividade física na prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares.
Leia o Guia de atividade física para a população brasileira, da Secretária de Atenção Primária à Saúde, disponível na internet.
Leia o artigo Secondary prevention through comprehensive cardiovascular rehabilitation (AMBROSETTI, M. et al), disponível na internet.
Para saber mais sobre prevenção de doenças cardíacas, procure pelo artigo 2019 ACC/AHA guideline on the primary prevention of
cardiovascular disease (ARNETT, D. K. et al), disponível na internet.
Procure na internet pelo artigo Routine assessment and promotion of physical activity in healthcare settings (LOBELO, F. et al).

Outros materiais