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ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Prévia do material em texto

Natália Gomes dos Santos 
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO 
PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
A disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil tem como 
objetivo apresentar recursos e caminhos para direcionar sua futura prática com as 
crianças de zero a cinco anos. 
A educação infantil é uma etapa de ensino assegurada pela legislação que tem uma 
função crucial para o desenvolvimento e a aprendizagem dos educandos, visto que se 
configura como a base para a construção dos saberes ao longo da trajetória escolar dos 
indivíduos. Para que o ensino propiciado nesta etapa aconteça com qualidade, os 
professores precisam ter uma preparação adequada para que possam estruturar de forma 
efetiva suas práticas pedagógicas. 
Por meio dos estudos, você compreenderá o impacto do contexto social, histórico e 
educacional da respectiva etapa de ensino analisada e compreenderá também quais são 
as principais políticas educacionais que subsidiam o trabalho desenvolvido na educação 
infantil. 
Os aspectos teóricos apresentados nesta obra te auxiliarão no entendimento da 
concepção de infância ao longo do tempo. Você também vai se apropriar dos aportes 
científicos que dão suporte para a compreensão do desenvolvimento e da aprendizagem 
das crianças e das práticas que devem ser realizadas para que elas tenham sucesso 
nesses campos. 
A partir das discussões deste material, você compreenderá as diversas formas de 
organizar, planejar e estruturar as atividades realizadas na educação infantil e também 
vai refletir sobre a importância da adequação das práticas aos arranjos curriculares, os 
quais favorecem a efetivação dos direitos de aprendizagem. 
Para que você tenha acesso às competências mencionadas anteriormente, o livro está 
organizado em quatro unidades. Na primeira, você realizará uma análise sobre a 
educação infantil no Brasil, a partir de discussões sobre a concepção de infância, 
organização desta etapa de ensino e compreensão sobre o papel da legislação 
educacional para a efetivação da aprendizagem. 
Na segunda unidade, você terá a oportunidade de refletir sobre as concepções e 
finalidades da educação infantil, a partir da articulação entre as infâncias e as tendências 
pedagógicas e dos objetivos e propostas educacionais voltadas ao trabalho com as 
crianças de zero a cinco anos. 
Na terceira unidade, as discussões serão sobre a interface entre a educação infantil e a 
Base Nacional Comum Curricular, para se compreender os eixos estruturantes, os 
direitos de aprendizagem e o modo como deve se estruturar o trabalho pedagógico nesta 
etapa de ensino. 
Por fim, a quarta unidade abordará a avaliação na educação infantil, de modo que serão 
propiciadas reflexões sobre como deve ser feita a avaliação das crianças, a forma de 
registrar e documentar os resultados de aprendizagem e o papel da avaliação no 
processo para os avanços pedagógicos. 
Estudante, este material foi construído para que você reflita sobre o funcionamento da 
educação infantil e compreenda a importância do seu futuro papel para a promoção de 
uma aprendizagem significativa. Será um espaço de muitas experiências e trocas. 
 
NÃO PODE FALTAR 
CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E 
INFÂNCIA NO BRASIL 
Natália Gomes dos Santos 
O QUE SIGNIFICA INFÂNCIA? 
Ao longo deste material, veremos que a percepção sobre a infância vem se alterando ao 
longo do tempo, mediante mudanças históricas, econômicas, sociais e educacionais. 
 
Fonte: Shutterstock. 
CONVITE AO ESTUDO 
A educação infantil é uma etapa de ensino que gera muita curiosidade ao futuro 
pedagogo. É um momento de descobertas e experiências em que o lúdico e a construção 
de saberes se fazem presentes, tanto para as crianças quanto para os professores. Para 
que esse trabalho aconteça de forma adequada, o docente deve ter conhecimentos sobre 
o que antecedeu a configuração da educação infantil que temos atualmente, assunto que 
estudaremos nesta unidade. 
Na primeira seção, a reflexão será sobre como a criança era entendida desde o período 
colonial e como as percepções sobre ela foram se alterando ao longo do tempo. 
Compreenderemos de que forma os contextos social, político e econômico 
influenciaram a maneira como a criança é enxergada e atendida no contexto brasileiro. 
Também teremos inúmeros espaços para uma análise crítica, para que possamos 
problematizar como as desigualdades afetam a vida dos pequenos brasileiros. 
Entenderemos como a educação infantil avançou com o rompimento da perspectiva 
assistencialista e observaremos quais foram as primeiras instituições que atenderam as 
crianças no país. 
Na segunda seção, analisaremos a importância das políticas educacionais para a 
educação infantil, verificando como elas foram se constituindo ao longo dos momentos 
históricos. Traçaremos um panorama dos avanços que as normativas propiciaram para o 
trabalho com as crianças e as lacunas que ainda existem hoje, as quais dificultam a 
universalização da educação infantil. Vamos conhecer como alguns documentos tratam 
do assunto: Constituição Federal de 1988, Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 
1996, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil e Estatuto da Criança e do Adolescente. Também 
vamos analisar quais são as orientações internacionais para o atendimento da educação 
infantil e como elas são implementadas no contexto brasileiro. 
Na última seção, estudaremos as especificidades das diferentes possiblidades de oferta 
na educação infantil, como creche e pré-escola. Compreendemos como ocorre o regime 
de colaboração entre os munícipios, estados e a União, e perceberemos quais são as 
condições fundamentais para que a educação infantil seja ofertada para oportunizar o 
desenvolvimento das crianças. E, por fim, estudaremos as diferentes possibilidades de 
funcionamento da educação infantil no país, analisando como o trabalho pode ser 
desenvolvido em tempo integral, parcial e as diferenças na estruturação de turmas e 
grupos, visando atender às necessidades das diversas faixas etárias do público-alvo 
desta etapa de ensino. 
Por meio deste breve panorama, já é possível observar quantos assuntos fundamentais 
trataremos neste estudo inicial. Será o começo de vários questionamentos e 
aprendizados. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Iniciaremos nossas análises nesta disciplina destacando que ela tem um papel 
fundamental na carreira que você escolheu, pois o pedagogo é o profissional 
habilitado para direcionar as práticas pedagógicas na educação infantil. Na 
primeira seção, faremos um resgate no tempo para compreender como a 
educação infantil se constituiu no Brasil. 
O modo como a criança é entendida, seu papel social e as implicações da realidade em 
que ela está inserida são aspectos importantes para verificar como o sistema de ensino 
organiza os processos de aprendizagem. No entanto, essa preocupação nem sempre fez 
parte da vida de milhares de crianças brasileiras, e a história nos mostra que os direitos 
atuais dessa parcela da população são resultados de inúmeras lutas. 
Para que possamos manter os avanços já conquistados e alcançar novos, é fundamental 
analisar as concepções de infância, o modo como a criança foi entendida ao longo do 
tempo, os diversos contextos que impactaram as decisões e ações sobre a educação dos 
pequenos, a ruptura com uma perspectiva filantrópica e assistencialista e o 
conhecimento sobre as primeiras instituições de educação infantil no Brasil. 
O contexto de aprendizagem desta unidade se refere à realidade da pedagoga 
Rafaela, que trabalha no Centro de Educação Infantil Cecília Meireles. Ela 
organiza o processo de gestão da escola e também auxilia os professores com 
o planejamento das turmas, sempre em busca de articulação entre as práticas 
pedagógicas e o currículo da escola. 
Rafaela começou a ficar intrigada com a fala de alguns docentes, poismuitos desses 
profissionais tinham uma visão de infância equivocada e entendiam que a criança 
deveria realizar atividades que, muitas vezes, não coincidiam com sua faixa etária. Em 
outros casos, os professores compreendiam o trabalho na educação infantil como um 
cuidado assistencial, perdendo, em muitos momentos, o caráter educacional. 
Preocupada com esta situação, a pedagoga conversa com a diretora Helena e, juntas, 
organizam uma formação continuada na escola para que os docentes possam refletir 
sobre a constituição da educação infantil no Brasil. A formação intitulada “Conhecer a 
história para compreender a criança” acontecerá em três momentos, nos quais serão 
resgatados os avanços e desafios da educação infantil em seus aspectos históricos, 
políticos e sociais. 
Nesta primeira seção, a situação-problema vivenciada é o primeiro encontro da 
formação continuada, em que a professora Carolina foi convidada para ministrar os 
estudos sobre a temática do papel da criança na realidade brasileira. A docente relata a 
necessidade de conhecer todo o contexto que impulsionou a educação infantil até os 
dias atuais para compreender como a criança era vista em momentos anteriores e como 
ocorreram as mudanças nessa visão ao longo dos anos. Após sua fala inicial, a 
professora indicou algumas leituras e pediu para os docentes refletirem sobre três 
questões: 
• Quais foram os conceitos de infância ao longo da educação brasileira e o que se 
modificou no processo? 
• Como os contextos sociais, históricos e econômicos impactaram a infância das 
crianças brasileiras? 
• Quais foram as primeiras instituições de educação infantil no país? Elas 
contribuíram para a configuração da educação na atualidade? 
Agora é com você! Se coloque no lugar dos professores e reflita sobre os 
questionamentos apresentados. 
Você realizará discussões novas, instigantes e que vão auxiliá-lo na construção dos 
saberes docentes. Espero que você extraia deste momento conhecimentos, experiências 
e reflexões para que o passado seja ressignificado e o futuro seja aperfeiçoado. 
CONCEITO-CHAVE 
OS ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E ECONÔMICOS QUE 
PERPASSARAM AS CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA NO BRASIL 
Para você, o que significa infância? Quais são as implicações de ser criança e como se 
modificou o entendimento sobre este conceito ao longo do tempo? É importante refletir 
que nem sempre a criança foi compreendida como um sujeito de direitos sociais. A 
percepção sobre a infância vem se alterando constantemente, mediante mudanças 
históricas, econômicas, sociais e educacionais. 
Por meio deste contexto, observa-se a relevância de todos os professores realizarem 
análises sobre como a criança foi sendo compreendida ao longo da história, para que 
nos dias atuais, em todos os espaços sociais, ela tenha condições efetivas de se 
desenvolver e de ser protagonista das suas ações. 
CRIANÇA COMO ADULTO EM MINIATURA 
No que tange a um regaste histórico, verifica-se que a criança no Brasil Colônia era 
compreendida como uma “folha em branco” que deveria incorporar conhecimentos 
religiosos e disciplinares. A concepção de infância como adulto em miniatura ainda se 
fazia presente naquele momento e tais indivíduos não haviam ganhado um espaço de 
centralidade no seu próprio desenvolvimento e aprendizagem (ÁRIES, 1981). 
Encontravam-se diferenças de ensino entre as crianças brancas, filhas de portugueses 
enviados para colonizar as terras brasileiras, e as crianças nativas. 
Para as crianças brancas, o ensino deveria perpetuar os costumes e preservar a classe a 
que pertenciam. Já as crianças indígenas tinham acesso à instrução, doutrinação e 
imposição da cultura europeia, sem qualquer consideração ao conhecimento e às crenças 
dos seus povos, os quais já se encontravam aqui. 
Nesse momento, temos o início da construção da desigualdade no país 
(CHAMBOULEYRON, 2010). 
Outra questão que perpassa o entendimento da realidade da criança na colonização eram 
os altos percentuais de mortalidade infantil. Isso era efeito da realidade precária de 
vida de inúmeras famílias que eram assoladas por enfermidades, tais como: sarna, 
impige, sarampo etc. A eficácia dos medicamentos existentes na época era mínima e as 
enfermidades levavam inúmeras crianças ao óbito. Outro dado sobre este período diz 
respeito aos castigos físicos aos quais as crianças eram submetidas. Tais castigos eram 
fruto das ações jesuítas e foram introduzidas no século XVI. Registros apontam que 
esse ato era repudiado pelos indígenas, os quais entendiam o ato de corrigir como 
afetuoso, e não punitivo. Até mesmo em momentos de ensino, como observado nas 
Aulas Régias, que ocorreram no século XVIII, o modo de corrigir os alunos era a 
palmatória. Essa difícil realidade já vivenciada no Brasil é apresentada para que 
possamos pensar a relevância do direito humano da criança e a necessidade da 
manutenção e preservação desse direito. É preciso refletir sobre o passado para 
ressignificar o presente, considerando que “fome, abandono, instabilidade econômica e 
social deixaram marcas em muitas crianças” (PRIORE, 2010, p. 98). 
Quando analisamos as concepções de infância e os impactos dos diferentes contextos na 
vida das crianças brasileiras ao longo da história, é inevitável a discussão sobre classe 
social. O Brasil tem em suas marcas a divisão da sociedade por grupos que possuem 
interesses e realidades antagônicas. Isso também se reflete na vida das crianças, pois as 
condições econômicas que favorecem o desenvolvimento infantil interferem 
diretamente no modo como a criança se constitui. 
Segundo Mauad (2010), no final do século XVIII as crianças da elite se vestiam como 
os adultos e tinham acesso a brinquedos, livros e instrumentos musicais. Em 
contrapartida, a vida das crianças escravizadas não era igual, pelo contrário. Nessa 
época, muitas não chegavam à vida adulta, por conta de maus tratos e negligência. Os 
estudos de Góes e Fiorentino (2010) apontam que várias crianças não completavam 
cinco anos de idade. Os pequenos que não faleciam eram separados de seus pais e, em 
vários casos, tornavam-se órfãos. 
Diferentemente das crianças ricas, as escravizadas viviam em uma realidade precária, 
com poucos recursos de higiene e alimentação. No lugar dos brinquedos encontravam 
ferramentas para o trabalho nas lavouras e na casa-grande. 
Esses fatores de desigualdade devem fazer parte das nossas análises, pois ainda vivemos 
em uma sociedade com resquícios escravocratas, em que os recursos financeiros 
determinam as condições de vida de várias crianças. 
NECESSIDADE DE DIFERENCIAR A CRIANÇA DO ADULTO 
No Ocidente, em meados dos séculos XVIII e XIX, a noção de infância estava 
vinculada à necessidade de diferenciar a criança do adulto. Nesse processo, a família 
tinha o papel de propiciar as condições básicas de subsistência, e a mulher era a 
principal responsável pelo cuidado dos filhos (ANDRADE, 2010). 
TRABALHO INFANTIL 
Com a modernização do país e o desenvolvimento industrial, a partir da década de 
1930, as crianças da classe trabalhadora não tiveram uma infância fácil. Os pequenos 
encontravam-se nas fábricas, exercendo atividades manuais por várias horas e com uma 
remuneração pequena. Dessas crianças eram retiradas as possibilidades de acolhimento, 
cuidado e educação. Elas eram inseridas neste contexto para atendimento dos interesses 
dominantes. 
Também vale destacar que neste momento histórico as poucas prerrogativas legais 
que asseguravam a proteção dos pequenos brasileiros não se efetivavam na 
realidade. Na zona rural, as crianças também eram submetidas aos trabalhos no campo, 
tanto para o auxílio da agricultura familiar como para o desenvolvimento de produção 
das fazendas no país. A exigência das crianças pobres aos afazeres laborais era uma 
demanda do contexto capitalista, “[...] o qual gera pobreza e cria as condições para a 
reprodução do fenômeno dainserção precoce de crianças no trabalho” (FEITOSA; 
DIMENSTEIN, 2004, p. 62). 
O trabalho infantil é um tema sério que deve ser até hoje problematizado. A construção 
da sociedade que temos foi fruto da participação infantil na indústria, considerando que 
as crianças realizavam atividades laborais em espaços insalubres e com longas jornadas. 
O período marcado pela ditadura militar, de meados de 1960 a 1980, foi outro 
momento difícil para as famílias e crianças pobres. A situação era grave por conta da 
inexistência de recursos, da falta de políticas democráticas, da falta de educação e da 
inserção dos pequenos brasileiros no trabalho. Na atualidade, temos direitos garantidos 
para as crianças brasileiras e o trabalho infantil é proibido por lei. Entretanto, segundo 
os dados demográficos do censo de 2010, registrado pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), mais de três milhões de pessoas entre 10 e 17 anos 
exerciam atividades laborais (BRASIL, 2010). 
NECESSIDADE DE ASSEGURAR A DIGNIDADE HUMANA 
A partir das discussões sobre a necessidade de assegurar a dignidade humana, a infância 
ganhou espaço significativo e o direito às condições básicas de subsistência começou 
a se materializar nas políticas públicas. Todo esse percurso é circunscrito de 
contradições, precariedades e lutas. Assim, as diversas concepções de infância 
encontram-se entrelaçadas com a realidade social. 
DIMENSÕES INDIVIDUAL E COLETIVA DE INFÂNCIA 
A infância é uma condição de ser criança, de modo que ela se constitui a partir da 
realidade objetiva e das relações estabelecidas. “O termo infância apresenta um caráter 
genérico, cujo significado resulta das transformações sociais, o que demonstra que a 
vivência da infância modifica-se conforme os paradigmas do contexto histórico e outras 
variantes sociais como raça, etnia e condição social” (ANDRADE, 2010, p. 55, grifo do 
original). 
De acordo com Júnior e Vasconcellos (2017), a infância pode ser analisada por dois 
vieses: a dimensão individual, que está vinculada a um período da vida do indivíduo, e 
a dimensão coletiva, referindo-se ao conjunto de crianças que vivem em determinado 
contexto. Destaca-se que na própria dimensão coletiva se encontram diferenças, pois, 
como apontado anteriormente, ser uma criança rica no Brasil coloca o indivíduo em 
uma condição de privilégio em comparação com uma criança pobre. 
REFLITA 
Muitas vezes analisamos determinada situação com base em nossas experiências e o que 
já ouvimos falar sobre. No que se refere à infância e ao papel da criança, podemos já ter 
ouvido que se refere ao “melhor momento da vida” ou “é uma fase que não precisa se 
preocupar”. Atualmente, nossas crianças são entendidas como sujeitos de direito e 
devem ter condições para se desenvolver e aprender, entretanto nem sempre foi assim, 
como já vimos. A partir do exposto e considerando sua futura prática, como você 
enxerga a função do professor na luta pelos direitos das crianças? 
Deste modo, devemos analisar a concepção de infância a partir do contexto histórico, 
social, político e econômico para que possamos desconstruir ideais que atribuem a 
responsabilidade da condição de vida da criança a ela ou à sua família. Constatamos que 
as precariedades sociais e estruturais da nossa realidade impactam a vida dos pequenos 
brasileiros ao longo da história, e todo educador deve considerar essa conjuntura para 
que possa lutar por possibilidades educacionais que rompam com essa lógica. 
AS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL E O ROMPIMENTO COM A PERSPECTIVA 
ASSISTENCIALISTA NO PAÍS 
No passado, o cuidar e o educar eram vinculados diretamente à família, em especial, era 
uma função exercida exclusivamente pela mulher. Os serviços da educação infantil 
iniciaram a partir do desenvolvimento industrial, pois homens e mulheres tinham 
extensas jornadas de trabalho e as crianças que ainda não tinham condições de 
acompanhar seus pais nos serviços laborais precisavam de algum local para ficar. Essas 
instituições eram, na maioria dos casos, de caráter filantrópico e tinham a finalidade 
de ofertar aos pequenos cuidados enquanto os pais estavam nas fábricas. 
As instituições confessionais também apresentaram significativa participação. 
Vinculadas à fraternidade e caridade, essas instituições tinham práticas que valorizavam 
a moralidade, obediência e devoção (OLIVEIRA, 2011). 
A ainda era marcada pelo caráter filantrópico dos serviços voltados às crianças, 
entretanto já se encontravam posicionamentos e perspectivas que compreendiam 
o papel da educação e a necessidade de os pequenos brasileiros terem acesso 
aos espaços educativos. Vale ressaltar que vários estudiosos europeus já haviam 
pontuado em séculos anteriores a importância da atenção às necessidades das crianças. 
Entre esses pensadores, podemos analisar as contribuições de Jean-Jacques Rousseau, 
as quais explicitam a valorização que deveria se ter sobre a educação na primeira 
infância, visto que esse era um momento da vida do sujeito que deveria prepará-lo para 
a vida adulta e por isso seu desenvolvimento deveria ser estimulado (OLIVEIRA, 
2011). 
Em meados da década de 1930 foram criados parques infantis que tinham o objetivo de 
atender crianças de três a sete anos dando-lhes o acesso à higiene e alimentação. 
Segundo Brites (2000), os parques infantis eram localizados em São Paulo e se 
configuravam como espaços privilegiados. Vale ressaltar que a educação estava 
vinculada a ensinamentos de moral e bons costumes e não tinha caráter ou perspectiva 
pedagógica. Os profissionais que atuavam nestes parques eram principalmente da área 
da saúde. Na metade desta década, o governo federal toma para si a responsabilidade 
pelos parques e o foco passa a ser na formação de cidadãos que se encaixavam na lógica 
política e econômica do país. Deste modo, os espaços eram destinados para o 
atendimento de crianças da classe trabalhadora e os serviços prestados tinham caráter 
assistencialista. 
ASSIMILE 
Vamos retomar a questão do assistencialismo na educação infantil. Essa perspectiva fez 
parte do atendimento das crianças por muito tempo, em que os cuidados com higiene e 
alimentação eram o foco dos serviços voltados para os pequenos. Não estamos 
questionando a relevância dos cuidados com a criança, pois isso também é um direito 
garantido na legislação e na organização da educação infantil. Entretanto, a assistência 
não pode ser tomada como única via de atendimento. Estudos apontam que o 
desenvolvimento e a aprendizagem ocorrem desde o nascimento, de modo que a criança 
se humaniza ao ter contato com a cultura e com o outro. Sendo assim, um trabalho 
educativo deve acontecer com as crianças de zero a cinco anos de modo planejado e 
sistematizado, subsidiado pelas normativas curriculares. Você deve ter isso sempre em 
mente. Educação é o ponto central, e nossas crianças devem ter todas as condições para 
aprender. 
Houve uma ampliação das necessidades de organizar espaços para o acolhimento das 
crianças, visto o aumento da inserção de muitas brasileiras no mercado de trabalho. 
Desta forma, a década de 1960 é marcada pela expansão de atendimento com novas 
modalidades de serviços. Essas instituições eram públicas, privadas, filantrópicas, com 
diversas denominações (jardins de infância, escolas maternais, parques infantis, 
entre outros), no entanto todas tinham um mesmo viés: o assistencialismo. 
Vale destacar que na década de 1970 se iniciou um momento alicerçado pelas 
pesquisas sobre a infância e o desenvolvimento da criança. Nos estudos era apregoada a 
relevância de se pensar em uma educação de cunho pedagógico, que priorizasse a 
estimulação e construção de habilidades que se tornariam a base para o percurso escolar, 
evitando a elevada evasão na escola. Também estava em pauta o debate sobre 
a educação compensatória, visto que as crianças das classes populares se encontravamem desvantagem em comparação com as crianças da elite brasileira. É fundamental 
ressaltar que essa desvantagem não era derivada de uma falta e/ou culpa da criança 
pobre, mas sim por conta da conjuntura social injusta que não dava oportunidade para 
todos, tampouco o mesmo acesso aos bens materiais e culturais. “Neste momento, 
aumentaram as críticas quanto aos parques infantis, pois se considerava que eles eram 
estritamente assistenciais e que não ajudavam as crianças em suas dificuldades de 
aprendizagem” (SILVA, 2014, p. 19). 
É necessário destacar que a quebra com a perspectiva assistencialista na educação 
infantil e a necessidade de espaços de qualidade para atendimento das crianças foi fruto 
de lutas de inúmeros movimentos sociais. No período da ditadura militar não se tinha a 
preocupação com a educação dos pequenos, algumas iniciativas eram de disponibilizar 
nas escolas primárias classes extras para acolher as crianças, sem estrutura para um 
trabalho efetivo e preocupado com as reais necessidades deste público. A partir da luta 
por garantia de condições tanto para mães trabalhadoras quanto para as crianças, 
começou um embate para se assegurar uma “pré-escola pública, democrática e popular” 
(KUHLMANN JR., 2000, p. 11). 
EXEMPLIFICANDO 
Articulando teoria e prática, podemos resgatar a discussão sobre a ruptura com a 
perspectiva assistencialista para auxiliar o trabalho em sala de aula. Muitas pessoas 
ainda acreditam que o atendimento dos bebês na educação infantil é apenas o de cuidar, 
a partir das ações em relação à alimentação, sono e higiene. Entretanto, a organização 
das práticas deve ser, principalmente, de caráter pedagógico, pois o momento do 
brincar, da contação de histórias e da estimulação são vivências que as crianças têm o 
direito de experimentar. Vale ressaltar que cuidar e educar são realizados de forma 
concomitante e devem possuir objetivos pedagógicos. Muitas atividades são realizadas 
com os bebês e tornam-se experiências educativas fundamentais para o seu 
desenvolvimento e aprendizagem. 
De acordo com Rosemberg (2003), os movimentos de luta pretendiam dar a 
oportunidade de um atendimento de caráter educacional que vislumbrava na educação 
infantil uma possibilidade de combate às desigualdades. As justificativas para a 
expansão da educação infantil em um caráter educativo permeavam a relevância dessa 
etapa de ensino para a minimização da pobreza e melhora dos estudos das crianças no 
ensino fundamental. Vale ressaltar que o poder público implementou um modelo de 
educação infantil próximo ao que temos atualmente e a ampliação dos investimentos foi 
acompanhada pela expansão das políticas sociais. 
O final da década de 1980 foi um marco para a sociedade brasileira. Com o fim da 
ditadura militar e o entendimento social de que os direitos humanos deveriam ser 
assegurados, começou um novo momento no país. Ele foi marcado pela Constituição 
Federal de 1988 que assegura, até a atualidade, os direitos sociais de todos os 
brasileiros. Esse momento é crucial para o rompimento da educação infantil em um viés 
assistencialista, pois ela é apresentada na Carta Magna como “uma extensão do direito 
universal à educação para as crianças de 0 a 6 anos e um direito de homens e mulheres 
trabalhadores a terem seus filhos pequenos cuidados e educados em creches e pré-
escolas” (ROSEMBERG, 2003, p. 183). 
A ampliação de pesquisas sobre a educação infantil gerou avanços no que diz respeito à 
necessidade de desvincular esta etapa de ensino do quadro assistencialista. Os centros 
de pesquisa produziram conhecimentos que trouxeram à tona a relevância de se olhar 
para as infâncias e considerar a criança como sujeito que se apropria e produz cultura e 
conhecimento, devendo ser valorizados os saberes que a ela traz consigo. 
É neste contexto que o caráter educacional da educação infantil ganha espaço e as 
políticas foram construídas para a ampliação de oferta da respectiva etapa de ensino. 
Também se observa a discussão sobre a relevância de formação de professores para a 
atuação com crianças e de se estruturar normativas curriculares para o atendimento 
deste público (KRAMER, 2006). 
A quebra da perspectiva assistencialista, que tem seus requisitos até a atualidade, 
acontece quando se compreende que a educação é um direito prioritário da 
criança para ela se desenvolver e aprender, e não apenas um espaço de cuidado 
enquanto os pais exercem as atividades laborais. Vale destacar o desafio de se entender 
a educação infantil em uma perspectiva educacional por duas questões: a primeira se 
refere à falta de qualificação dos professores para atuarem com os pequenos brasileiros 
e a segunda estava relacionada com o perfil maternal que perpassava a atuação das 
docentes. Esse último ponto era fortemente presente, pois, na história, a docência era 
exercida predominantemente pelas mulheres e se tinha uma ideia de que elas, por conta 
das responsabilidades com a família, tinham maiores condições de atuação e cuidado 
com os pequenos (KUHLMANN JR., 2000). 
A força do debate sobre a necessidade da educação das crianças estava sustentada por 
pesquisas educacionais. De acordo com Kramer (2006), o acesso às creches e pré-
escolas potencializava o desenvolvimento de seu público. Sendo assim, as crianças se 
inseriam no ensino fundamental com uma bagagem de saberes que dava suporte para a 
continuidade de seus estudos de forma efetiva. Entretanto, os desafios para que ela se 
universalizasse foram grandes, e um deles é a falta de investimentos para atender a 
ampliação dos espaços, a formação dos professores e a articulação entre o cuidar e o 
educar, de modo que o primeiro citado não extrapole as práticas do último. 
POR DENTRO DA BNCC 
Você sabia que a BNCC apresenta os direitos de aprendizagem das crianças? 
Eles são: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. 
Esses direitos refletem o modo com a criança é entendida na atualidade, ou 
seja, um indivíduo com potencial que teve ter condições de se desenvolver e 
aprender. Mas, nem sempre foi assim na história da educação. As primeiras 
instituições tinham um caráter de assistência que não atendida às necessidades 
educativas. Sendo assim, os direitos que encontramos na BNCC são reflexos 
de mudanças nos processos sociais, históricos e educacionais do modo de 
compreender a infância, e para que possamos manter e melhorar as condições 
de educação dos nossos pequenos brasileiros é necessário olhar de forma 
crítica para tudo que antecedeu o momento atual. 
Para que seja garantido do acesso à educação infantil e a concretização de práticas 
educacionais, é preciso: 
• Constante diálogo entre os centros de pesquisa que investigam os desafios e as 
possibilidades. 
• Responsabilidade efetiva do poder público no suporte ao acesso, permanência e 
sucesso escolar. 
• Problematização e reivindicação da sociedade sobre os diretos das crianças ao 
ensino gratuito e de qualidade. 
Assim, para que a educação infantil seja ofertada de forma efetiva é necessário: 
• Considerar sua estruturação e articulação com o ensino fundamental, a partir do 
foco de uma transição que favoreça o aprendizado. 
• Consolidar as normativas curriculares e o suporte do Ministério da Educação e 
das secretarias para a efetivação de práticas pedagógicas concretas. 
• Avaliar a implementação de políticas educacionais voltadas para a educação 
infantil, visando realizar um balanço do que se materializou e do que ainda 
precisa acontecer na realidade (KRAMER, 2006). 
Atualmente, os centros de educação infantil podem ser de caráter público e privado. 
Sobre os serviços gratuitos, eles estão sob a atuação prioritária das instâncias municipais 
e recebem recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e 
de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Os serviços ofertados nestes 
espaços devem ser subsidiados pelasnormativas curriculares, tais como a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), que se configura como um documento norteador para a 
elaboração dos currículos escolares. Se examinarmos os atendimentos às crianças no 
passado até os dias atuais vamos nos deparar com inúmeros avanços no que diz respeito 
ao reconhecimento das singularidades e dos direitos desses brasileiros. Entretanto, ainda 
nos deparamos com vários desafios e lacunas que permitem a manutenção de 
desigualdades de atendimento e acesso, causando prejuízos severos para o público que 
compõe a classe popular. Tanto no âmbito das práticas quanto no âmbito das políticas 
nota-se a relevância de análise crítica de todos os sujeitos, pesquisadores, profissionais 
da educação, representantes governamentais e sociedade civil, para que todas as 
crianças, independentemente da classe e condição social em que vivem, tenham o 
direito ao ensino garantido na política e na realidade. 
FOCO NA BNCC 
A BNCC apresenta aprendizagens essenciais que os educandos devem se apropriar, 
sendo assim os direitos de aprendizagem e os campos de experiências foram formulados 
considerando as necessidades das crianças, seu desenvolvimento e faixas etárias. Isso só 
foi possível por conta de um processo histórico de concepções e paradigmas que foram 
desconstruídos e reconstruídos para que hoje possamos considerar as crianças no centro 
do processo. Dentre os direitos de aprendizagem podemos citar o de “expressar” em que 
a criança pode dialogar, descobrir e expor suas dúvidas e opiniões de diversas formas. 
Agora a criança tem o direito de se colocar no mundo como cidadã. É importante 
considerarmos que todos os processos históricos e as concepções de infância 
impulsionaram mudanças e melhorias para se pensar a educação das crianças de zero a 
cinco anos. 
Quantos pontos importantes estudamos juntos, não é verdade? Estudamos aspectos 
históricos para compreender a atualidade. Também analisamos o quanto é fundamental 
problematizar a conjuntura social, sem julgar os sujeitos, pois ainda é preciso caminhar 
mais para que todas as crianças tenham seus direitos de aprendizagem garantidos. 
FAÇA A VALER A PENA 
Questão 1 
Sobre a infância, leia o excerto a seguir: 
“A importância da infância ainda é, de uma forma geral, uma perspectiva pouco 
con¬siderada tanto na produção acadêmica quanto nas decisões políticas e econômicas 
das sociedades em geral. Demonstra, assim, que é possível e necessário conectar a 
infância às análises sociais e econômicas, incluindo-a e compreendendo-a como uma 
categoria coprodutora da realidade social” (JÚNIOR; VASCONCELLOS, 2017, p. 
274). 
Como podemos observar na citação, ainda encontramos inúmeros desafios sobre o 
entendimento da infância. Entretanto, no passado a situação era ainda mais delicada. 
Considerando a criança no período colonial, avalie as afirmativas a seguir: 
I. As crianças eram compreendidas como adulto em miniatura e as instruções 
dadas a elas eram modeladoras e disciplinares. 
II. As crianças tinham o mesmo tratamento e condição de subsistência, 
independentemente de sua classe social. 
III. As crianças eram entendidas como cidadãos em potencial e por isso foram 
inseridas no processo de trabalho industrial para favorecer o desenvolvimento 
social. 
É correto o que se afirma em: 
a. I, apenas. 
b. I e II, apenas. 
c. I, II e III. 
d. II, apenas. 
e. III, apenas. 
Questão 2 
“Como ensinar solidariedade e justiça social, respeitar as diferenças e atuar contra a 
discriminação e a dominação? Estão nossas crianças e jovens aprendendo a rir da dor do 
outro, a humilhar, a serem humilhadas, a não mais se sensibilizar? Perdemos o diálogo? 
Como recuperá-lo? As práticas, desenvolvidas com as crianças, humanizam-nas?” 
(KRAMER, 2006, p. 812). 
Esse excerto se refere à problematização sobre a configuração da educação infantil no 
Brasil. Sabe-se que as mazelas sociais e as diferenças no acesso aos bens materiais e 
imateriais assolam a vida de todos os brasileiros. Nossas crianças se constituem neste 
contexto e por isso uma educação de qualidade deve ser possibilitada para que esse 
cenário se modifique. No que se refere ao papel dos movimentos sociais na luta pela 
educação, avalie as asserções e a relação proposta entre elas: 
I. No período da redemocratização, os movimentos sociais tiveram papel 
preponderante para a garantia dos direitos das crianças 
PORQUE 
II. A luta mobilizada pelos movimentos considerava as necessidades das crianças 
em terem acesso a um ensino que potencialize o desenvolvimento e a 
aprendizagem. 
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: 
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. 
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I. 
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa. 
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. 
e. As asserções I e II são proposições falsas. 
Questão 3 
De acordo com Andrade (2010, p. 131): “As políticas públicas para a infância brasileira 
do século XIX até as primeiras décadas do século XX são marcadas por ações e 
programas de cunho médico-sanitário, alimentar e assistencial, predominando uma 
concepção psicológica e patológica de criança, inexistindo um compromisso com o 
desenvolvimento infantil e com os direitos fundamentais da infância”. 
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Sobre o rompimento da perspectiva assistencialista no Brasil, avalie as afirmativas e 
marque V para verdadeiro e F para falso: 
( ) O assistencialismo perdeu força na realidade brasileira a partir das discussões sobre a 
relevância da ênfase educacional no atendimento das crianças. 
( ) O assistencialismo foi retirado do cenário brasileiro a partir da reivindicação do 
poder público que pretendia assegurar financeiramente todas as necessidades 
educativas. 
( ) O assistencialismo foi problematizado, pois houve o reconhecimento de que o espaço 
educativo deve possibilitar o pleno desenvolvimento da crianças. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a. V-V-F. 
b. V-V-V. 
c. F-F-F. 
d. F-V-F. 
e. V-F-V. 
REFERÊNCIAS 
AGUIAR JÚNIOR, V. S.; VASCONCELLOS, L. C. F. A importância histórica e social 
da infância para a construção do direito da saúde no trabalho. Revista saúde esociedade. São Paulo, v. 26, n.1, p. 71-285, 2017. 
ANDRADE, L. B. P. Tecendo os fios da infância. In: ANDRADE, L. B. P. 
(Org.). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: 
Editora UNESP, 2010, p. 47-77. 
ÁRIES, P. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. 
BRITES, O. Crianças de Revista (1930/1950). Educação e pesquisa. São Paulo, v. 26, 
n. 1, p. 161-176, 2000. 
CHAMBOULEYRON, R. Jesuítas e as crianças no Brasil quinhentista. In: PRIORE, M. 
D. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 55-83. 
FEITOSA, I. C. N.; DIMENSTEIN, M. Trabalho infantil e ideologia nas falas de mães 
de crianças trabalhadoras. Estudos e pesquisa em psicologia. Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, 
p. 58-65, 2004. 
GOÉS, J. R.; FIORENTINO, M. Crianças escravas, crianças dos escravos. PRIORE, M. 
D. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 177-191. 
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KRAMER, S. As crianças de 0 a 6 anos nas políticas educacionais no Brasil: educação 
infantil e/é fundamental. Educação & sociedade. Campinas, v. 27, n. 96, p. 797-818, 
2006. 
KUHLMANN JÚNIOR, M. Histórias da educação infantil brasileira. Revista 
Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, n. 14, p. 5-18, 2000. 
MAUAD, A. M. A vida das crianças de elite durante o Império. In: PRIORE, M. D. 
(Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 137-176. 
OLIVEIRA, Z. R. Educação infantil: fundamentos e métodos. 7 ed. São Paulo: Cortez, 
2011. (Coleção Docência em Formação) 
PRIORE, M. D. O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império. 
PRIORE, M. D. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2010, p. 
84-106. 
ROSEMBERG, F. Sísifo e a educação infantil brasileira. Pró-Posições. Campinas, v. 
14, n. 1, p. 177-194, 2003. 
 
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO 
CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E 
INFÂNCIA NO BRASIL 
Natália Gomes dos Santos 
FORMAÇÃO CONTINUADA 
Você refletirá sobre o papel da criança na realidade brasileira. 
 
Fonte: Shutterstock. 
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SEM MEDO DE ERRAR 
A situação-problema desta seção se refere ao início do curso de formação intitulado 
“Conhecer a história para compreender a criança”. Nele, a professora Carolina aborda o 
contexto que impulsionou a educação infantil até os dias atuais. A proposta para esse 
primeiro encontro foi a realização de algumas leituras e reflexões sobre três questões 
levantadas por Carolina, e agora, após nossos estudos, vamos nos colocar no lugar dos 
docentes para resolver esses desafios. 
O primeiro questionamento se refere à concepção de infância ao longo da educação 
brasileira e o que se modificou ao longo desse processo. Com base na literatura, 
verificamos que no passado as crianças eram compreendidas como adultos em miniatura 
e as instruções voltadas a elas deveriam moldá-las a partir de pressupostos morais, 
doutrinadores e disciplinares. Os professores também devem destacar nas análises que 
as condições de desigualdades entre as crianças acontecem desde o período colonial, em 
que membros da elite tinham possibilidade de manter a condição social em que viviam, 
enquanto os pequenos escravizados sobreviviam em situações precárias e a manutenção 
de suas vidas tinha o objetivo de continuar servindo aos senhores. 
O olhar para a criança passa a ocorrer nas primeiras décadas do século XIX, com 
influência de estudos realizados por teóricos europeus, que apontaram a relevância de 
considerar as especificidades das crianças e o olhar para seu desenvolvimento. A luta 
por direitos e a realização das pesquisas sobre infância foram cruciais para a 
modificação da compreensão dessa etapa da vida humana. A criança não é um sujeito 
inferior ao adulto e não deve ser um depósito de costumes e conhecimentos, mas sim 
um cidadão que deve ter acesso aos saberes para se constituir e atuar de forma 
significativa. 
Outro questionamento realizado por Carolina foi sobre o modo como os contextos 
sociais, históricos e econômicos impactaram a infância das crianças brasileiras. O 
primeiro ponto que deve ser abordado pelos docentes é a influência econômica e a 
estrutural como base na atuação de todos os indivíduos na sociedade. A realidade 
brasileira sempre foi dividida entre os que detinham os recursos materiais, os 
explorados e os que vendiam sua mão de obra para sobreviver. Esse contraste se reflete 
no modo como as pessoas são vistas e nas oportunidades dadas a elas. As crianças 
fazem parte deste contexto e a classe social à qual pertencem também direciona o modo 
como terão (ou não) acesso aos bens econômicos e culturais. 
Os docentes devem problematizar essa realidade para não fazerem análises 
preconceituosas sobre seus alunos. Muitas crianças chegam aos espaços educativos sem 
nunca terem contato com livros antes, letras e outros aspectos ligados ao ensino. Isso 
pode colocá-las em desvantagem em comparação com crianças de classes sociais 
abastadas que possuem tais acessos deste o berço. O exercício que os professores 
precisam ter é o de não culpabilizar a criança e sua família por sua condição, mas 
questionar as injustiças que impossibilitam o acesso para tantos. Esse é o primeiro ponto 
para se avançar nas lutas e melhorias de uma educação infantil efetivamente 
universalizada. 
Por fim, o último questionamento do encontro foi sobre as primeiras instituições de 
educação infantil no país. A partir das leituras, os professores poderão perceber que os 
primeiros serviços eram de caráter assistencialista, propiciando um local para acolher as 
crianças enquanto seus pais trabalhavam nas indústrias. A contribuição foi o 
questionamento sobre esses serviços, pois tanto os pesquisadores sobre a infância 
quanto os movimentos sociais compreendiam que a educação infantil não deveria ser 
um direito apenas dos pais, mas das crianças. 
PESQUISE MAIS 
Para que você amplie ainda mais seus conhecimentos sobre a temática que estamos 
trabalhando, sugerimos a leitura de um trecho do livro denominado Tecendo os fios da 
infância, de Lucimary Bernadé Pedrosa de Andrade. O trecho sugerido é intitulado 
“Infâncias e crianças” (p. 47-55) e retrata o panorama de como as concepções foram se 
modificando. 
ANDRADE, L. B. P. Tecendo os fios da infância. In: ANDRADE, L. B. P. 
(Org). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: 
Editora UNESP, 2010, p. 47-77. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
O FOCO NO TRABALHO PEDAGÓGICO COM OS BEBÊS 
Mariana é estudante de pedagogia e está realizando seu estágio no Centro de Educação 
Infantil Pedro Bandeira. Ela acompanhará as atividades da sala da professora Laura, que 
atua com este público há 35 anos. Laura apresenta para Mariana o planejamento 
pedagógico e como se configura a rotina da turma, visto que os alunos que ela atende 
possuem 1 ano de idade. Mariana agradece a disponibilidade e atenção da professora e 
questiona como ela estrutura as práticas dando o enfoque na perspectiva pedagógica e 
não assistencialista, já que o trabalho com os bebêsrequer cuidados de higiene e 
alimentação. A partir dessa indagação de Mariana, se coloque no lugar de Laura e 
responda para a estagiária quais foram as mudanças e quais são as possíveis 
modificações sobre o trabalho com ênfase no âmbito pedagógico. 
RESOLUÇÃO 
 
 
NÃO PODE FALTAR 
LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
Natália Gomes dos Santos 
OFERTA DE EDUCAÇÃO INFANTIL 
As concepções das propostas pedagógicas devem apresentar a relação entre família e 
escola sobre a educação e o cuidado com as crianças, com promoção de igualdade de 
oportunidade, para que todas as crianças tenham acesso ao saber e à construção de 
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formas de sociabilidade e subjetividade que garantam a democracia e a minimização das 
desigualdades sociais. 
 
Fonte: Shutterstock. 
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PRATICAR PARA APRENDER 
Estudante, estamos iniciando mais um momento de reflexões na disciplina de 
Organização do Trabalho Pedagógico na Educação Infantil. Já discutimos como se 
constituiu a educação infantil na história do país e verificamos que nem sempre a 
criança foi compreendida como um sujeito de direitos. Mas isso se modificou a partir de 
inúmeras reivindicações. As políticas são frutos destas lutas e por isso elas serão nosso 
objeto de análise nesta seção. Sendo assim, vamos conhecer as principais legislações 
educacionais que marcaram o processo de democratização do ensino para as crianças 
brasileiras. Estudaremos o papel da Constituição de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional de 1996, compreendo-as como políticas que subsidiam todas as 
normativas posteriores. 
Também estudaremos as políticas que foram construídas para garantir a organização das 
propostas pedagógicas na educação infantil, as quais consideram o brincar, educar e 
cuidar como aspectos fundamentais para a efetivação de práticas pedagógicas 
significativas. Por fim, vamos problematizar os limites para que essas políticas se 
efetivem e o papel que o professor deve assumir na luta pela construção de uma 
educação de qualidade. 
O contexto de aprendizagem desta unidade se refere à realidade da pedagoga Rafaela, 
que trabalha no Centro de Educação Infantil Cecília Meireles. Ela organiza o processo 
de gestão da escola e também auxilia os professores com o planejamento das turmas, 
sempre em busca de articulação entre as práticas pedagógicas e o currículo da escola. 
Rafaela começou a ficar intrigada com a fala de alguns docentes, pois muitos destes 
profissionais tinham uma visão de infância equivocada e entendiam que a criança 
deveria realizar atividades que, muitas vezes, não coincidiam com sua faixa etária. Em 
outros casos, os professores compreendiam o trabalho na educação infantil como um 
cuidado assistencial, perdendo, em muitos momentos, o caráter educacional. 
Preocupada com esta situação, a pedagoga conversa com a diretora Helena e, juntas, 
organizam uma formação continuada na escola para que os docentes possam refletir 
sobre a constituição da educação infantil no Brasil. A formação intitulada “Conhecer a 
história para compreender a criança” acontecerá em três momentos, nos quais serão 
resgatados os avanços e desafios da educação infantil em seus aspectos históricos, 
políticos e sociais. 
Após o primeiro encontro na formação continuada, verificaram-se novos 
posicionamentos por parte dos professores sobre a necessidade de entender o percurso 
histórico da infância para compreender a criança na atualidade e o papel da escola em 
sua formação. No segundo dia de estudos, a professora Carolina propôs aos docentes 
uma atividade investigativa, em que eles deveriam se organizar em trios e realizar uma 
pesquisa sobre as principais políticas que subsidiam o direito à educação das 
crianças. A ministrante relatou que os professores deveriam buscar as informações na 
fonte, ou seja, nas próprias políticas, e nas discussões da literatura da área da educação 
para se entender os limites e as possibilidades das políticas educacionais. A busca 
deveria ser realizada a partir dos seguintes questionamentos: 
• Quais políticas são fundamentais para a organização da educação infantil no 
Brasil? 
• Quais são os impactos das políticas educacionais na vida escolar do alunado da 
educação infantil? 
• Quais contribuições as políticas educacionais possibilitam para o trabalho 
desenvolvido pelo professor na educação infantil? 
Pense como os professores que estão em formação e reflita sobre esses 
questionamentos. 
EXEMPLIFICANDO 
Para compreender como as políticas se materializam na prática pedagógica, sugerimos 
que você pense a educação infantil como uma construção: antes de se levantar as 
paredes, construir os cômodos de uma casa ou escolher uma decoração é preciso ter 
uma planta, elaborada por um engenheiro. Na planta, temos as medidas, os materiais e 
as projeções, para que a obra seja elaborada de forma segura e sólida. É a mesma coisa 
na escola: quando pensamos as ações e práticas na educação infantil devemos 
considerar que tudo é baseado na planta, ou seja, nas políticas. Desde os aspectos de 
gestão escolar até as práticas desenvolvidas em sala de aula, absolutamente tudo é 
realizado a partir de lei, decreto, emenda e diretriz. Por isso você deve conhecer as 
políticas vinculadas à educação infantil, questionar o que está dando certo e o que ainda 
precisa melhorar nesse contexto. Só assim teremos fundamentos para a realização do 
nosso trabalho na escola. 
Vamos realizar novas descobertas e reflexões sobre o direito e organização da primeira 
etapa de ensino da educação básica. 
CONCEITO-CHAVE 
DIREITO À EDUCAÇÃO BÁSICA 
Atualmente, nossas crianças têm o direito ao acesso à educação básica. No 
entanto, como vimos anteriormente, nem sempre esta realidade fez parte da vida 
de inúmeras delas e lutas aconteceram para que esse cenário se modificasse. As 
lutas sobre os direitos das crianças tiveram início nas discussões internacionais. 
Dentre elas, podemos observar as contribuições da Declaração Universal dos 
Direitos das Crianças de 1959, a qual pontua que: 
A criança gozará de proteção especial e disporá de oportunidade e serviços, a serem 
estabelecidos em lei por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, 
moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições 
de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a 
que se atenderá será o interesse superior da criança. (ONU, 1959, [s.p.]) 
O respectivo documento afirma a necessidade de a criança ser atendida em todos os 
aspectos que garantam seu desenvolvimento e sua sobrevivência, a saber: a saúde, a 
assistência, os cuidados e a educação. No que se refere à educação, é pontuada a 
relevância de um ensino gratuito que permita a construção de saberes que lhe 
preparem para a atuação em sociedade. O lazer também é apresentado na declaração, 
a partir da afirmação de que a criança deve desfrutar de momentos de brincadeiras e 
jogos, os quais devem estar presentes em todos os ambientes sociais dos quais ela faz 
parte (ONU, 1959). 
No Brasil, as mudanças foram expressivas a partir do período de redemocratização. 
Após anos de ditadura militar, os direitos sociais ganharam espaço na conjuntura 
brasileira. Vale destacar o papel das discussões e dos documentos internacionais para 
que esse processo acontecesse também no Brasil. 
A Constituição Federal de 1988 marca esse processo no país. O capítulo três, seção 
um deste documento, é destinado para as ações relacionadas à educação. O artigo 205 
apresenta que a educação é direito de todos os cidadãos e dever do Estado e da família. 
Deste modo, os brasileiros devem ter condições objetivas que possibilitem o acesso e a 
aprendizagem nos espaços escolares. Notexto também são apresentados os princípios 
que devem direcionar os processos educativos, tais como: liberdade de aprender e 
ensinar, garantia do padrão de qualidade, gratuidade do ensino público, pluralismo de 
ideias e concepções pedagógicas. 
Sobre a obrigatoriedade da educação básica, a Emenda Constitucional nº 59 de 2009 
afirma que todas as pessoas de 4 a 17 anos devem estar matriculadas no sistema de 
ensino. Atendimentos, por meio de programas suplementares de transporte, material 
didático-escolar, alimentação e assistência à saúde devem ser possibilitados para os 
educandos (BRASIL, 2009). 
A partir da Constituição novas políticas foram construídas para que o direito universal 
ao ensino se concretizasse. Essa discussão fica evidente na Lei nº 8.069/1990 que 
dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A lei foi elaborada para 
formalizar os direitos humanos deste público e a relevância de atenção às necessidades 
básicas dos indivíduos. O capítulo quatro apresenta dispositivos vinculados ao direto à 
educação, à cultura, ao esporte e ao lazer de crianças e jovens. Segundo a lei, toda 
criança e todo adolescente tem o direito de acesso e permanência no espaço educativo, a 
partir da oferta de um ensino gratuito em instituição próxima de sua residência. No que 
se refere às responsabilidades do Estado, a lei indica no artigo 54 que deve ser ofertado 
“atendimento em creches e pré-escolas às crianças de zero a cinco anos de idade” 
(BRASIL, 1990, p. 18). 
Como pontuado na Constituição, o ECA também apresenta normativas relacionadas aos 
deveres dos pais, de modo que eles são responsáveis por matricular seus filhos na escola 
e, caso não atendam às suas atribuições de tutela e cuidados, a instituição escolar deverá 
acionar o Conselho Tutelar, caso haja sinais de maus tratos e faltas injustificadas que 
levem à evasão. No ECA também é afirmado o compromisso com o respeito aos valores 
culturais, artísticos e históricos da realidade das crianças, propiciando liberdade de 
criação e acesso aos conhecimentos culturais (BRASIL, 1990). 
PESQUISE MAIS 
O momento de estudo é repleto de descobertas. Por esse motivo, segue indicação de 
leitura: 
ANDRADE, L. B. P. Educação infantil: na trilha do direito In: ANDRADE, L. B. P. 
(Org). Educação infantil: discurso, legislação e práticas institucionais. São Paulo: 
Editora UNESP, 2010, p. 127-168. 
O material apresenta uma discussão sobre os impactos das principais políticas no fazer 
pedagógico. 
Boa leitura! 
Neste cenário também podemos observar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional nº 9.394/1996. Ela foi elaborada para direcionar todas as ações da educação 
brasileira, em diversos níveis, etapas e modalidades de ensino. No que tange à educação 
infantil, ela é compreendida como a primeira etapa da educação básica e tem o objetivo 
de propiciar o desenvolvimento integral da criança de zero até cinco anos. Suas ações 
devem favorecer a aquisição de saberes e habilidades que potencializam os aspectos 
psicológico, intelectual, físico e social da criança (BRASIL, 1996). 
Sobre o atendimento, a LDB/1996 pontua que: 
• Crianças de zero a três anos devem estar inseridas em creches ou entidades 
equivalentes. 
• Crianças de quatro a cinco anos devem estar matriculadas nas pré-escolas. 
• A avaliação das crianças nesta etapa de ensino deve acontecer de forma 
processual, por meio de acompanhamento e registro sobre o seu 
desenvolvimento. 
• Há necessidade de cumprimento de carga horária mínima anual, de oitocentas 
horas, distribuídas em duzentos dias letivos (BRASIL, 1996). 
Verificamos que o acesso ao ensino das crianças está garantido. No entanto, para que as 
práticas aconteçam de forma efetiva, é fundamental a organização curricular dos 
sistemas de ensino. 
CURRÍCULO 
O primeiro ponto para essa análise é o entendimento de currículo. De acordo com 
Sacristán (2013), o currículo escolar é uma organização dos conteúdos e saberes que os 
alunos devem aprender, de modo que tais conhecimentos regularão as práticas 
pedagógicas nos espaços educativos. Desse modo, ele deve ser construído na escola, 
respeitando necessidades, etapa de ensino e faixa etária dos alunos, mas, como é 
pontuado tanto na Constituição como na LDB, deve-se ter uma base comum entre os 
conhecimentos sobre os quais as pessoas vão se apropriar, ou seja, a garantia de que 
todos os alunos de determinada etapa de ensino terão acesso aos mesmos conteúdos, 
respeitando as especificidades regionais, culturais e econômicas. Para isso, diretrizes 
curriculares para todas as etapas de ensino foram construídas, visando atender a essas 
normativas previstas nas políticas citadas anteriormente. 
Em relação à educação infantil, em 1998 foi publicado o primeiro volume 
do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. O RCNEI foi 
construído para direcionar a implementação de práticas educativas nos centros de 
educação infantil, atentando às necessidades das crianças. Dentre os princípios 
apresentados no RCNEI, podemos observar o respeito à dignidade das crianças, o 
direito ao brincar como forma de expressão e relação com o mundo, o acesso dos 
educandos aos bens socioculturais, a socialização das crianças e o atendimento aos 
cuidados primordiais (BRASIL, 1998a). 
Os pilares da educação infantil foram explicitados nas discussões apresentadas no 
documento. O primeiro deles é o educar, que significa 
propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma 
integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de 
relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, 
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da 
realidade social e cultural. (BRASIL, 1998a, p. 23) 
Nesta lógica, o ensino tem a finalidade de dar a oportunidade de desenvolvimento da 
capacidade de aquisição de saberes fundamentais para todas as crianças, tais como: 
corporais, afetivos, emocionais, estéticos e éticos. O desenvolvimento da criança é um 
fator essencial para que ela entenda o mundo, estabeleça relações com o outro e adquira 
futuros conhecimentos (BRASIL, 1998a). 
O primeiro volume do RCNEI também apresenta o cuidar como pilar. Ele não é visto 
em uma perspectiva assistencialista, mas antes é entendido como parte integrante da 
educação. O cuidar é compreendido como a forma de valorizar e estimular as 
possibilidades de desenvolvimento das crianças. Assim, o cuidado na educação infantil 
deve envolver a dimensão afetiva e as necessidades biológicas do cidadão, considerando 
a alimentação, a saúde e a higiene. Vale destacar o cuidado que o adulto deve ter no 
processo de interação com a criança e atendimento às suas necessidades, pois ele deve 
estabelecer comunicação e compreender os sinais sobre o que a criança precisa em cada 
faixa etária. Por isso, a responsabilidade do profissional que atua na educação infantil e 
o seu preparo são aspectos fundamentais para a potencialização do desenvolvimento e 
da aprendizagem das crianças (BRASIL, 1998a). 
No mesmo ano foi publicado o segundo volume do RCNEI, que tinha enquanto tema 
a formação social e pessoal da criança. O documento aborda inúmeros aspectos 
fundamentais para a construção dos currículos desta etapa de ensino, dentre eles os 
objetivos destinados às crianças atendidas na educação infantil. O primeiro ponto 
discutido no documento diz respeito às finalidades dos trabalhos realizados com as 
crianças de zero a três anos. 
Segundo o RCNEI, os centros de educação infantil devem propiciar um ambiente 
acolhedor que possibilite ao seu público expressar seus desejos e sentimentos de forma 
autônoma. O aluno também deve conhecer o corpo e aprender a ter cuidado com ele, 
brincar de diversas formas e relacionar-se com seus pares e com os profissionais da 
instituição (BRASIL, 1998b). 
O documentotambém sinaliza os objetivos destinados ao ensino das crianças de quatro 
a seis anos. Destaca-se que as crianças com seis anos no momento histórico em que foi 
construído o referencial faziam parte do público desta etapa de ensino. Assim, as 
finalidades para elas eram construir uma imagem positiva e de autoconfiança de si 
mesmas, identificar e enfrentar situações de conflito, valorizar ações de solidariedade e 
cooperação, brincar e se expressar de diversos modos, adotar ações de autocuidado e 
compreender sua participação nos diversos grupos sociais, visando a compreensão das 
regras de convívio social e da diversidade (BRASIL, 1998b). 
O último volume do RCNEI discute o conhecimento de mundo que a criança deve ter 
nessa etapa de ensino. O documento apresenta objetivos, conteúdos e ações da proposta 
que deve ser trabalhada para que as crianças se apropriem de saberes referentes a 
movimento, artes visuais, linguagem oral e escrita, natureza e sociedade, música e 
matemática. Algo que merece ser destacado é que, em todas as áreas do conhecimento 
denominadas anteriormente, os jogos e as brincadeiras estão presentes como 
instrumento mediador para que os alunos se apropriem dos saberes (BRASIL, 1998c). 
Os três documentos são compreendidos como direcionamentos que possibilitaram para 
o momento histórico a marca desta etapa de ensino como um espaço de educação que 
deve considerar as crianças em seu desenvolvimento integral. Eles foram adotados 
como um guia de reflexão das instituições de ensino de como deviam ser estruturados 
os conteúdos, objetivos e orientações didáticas para os profissionais, com vistas a dar 
aos alunos uma base sólida de conhecimentos que permitissem a construção de novos 
saberes nas demais etapas de ensino. 
Outro aspecto que deve ser considerado é que os volumes do RCNEI são frutos das 
exigências apontadas na LDB/96, as quais visam a qualidade de ensino e a formação 
integral das capacidades das crianças (BRASIL, 1998). 
REFLITA 
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil é composto por três 
volumes. Ele não se refere apenas a benefícios no campo do direito, mas também como 
um instrumento para a organização das propostas e práticas pedagógicas que marcaram 
o início do século XXI no país. Com base nas questões que discutimos sobre o RCNEI 
em relação a educar e cuidar, você observa progressos na concepção de criança e no 
trabalho pedagógico, ao compará-lo com o histórico registrado no passado da educação 
infantil no Brasil? 
Em 2010, foi publicado um importante documento, que se refere às Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, que tem por finalidade estabelecer 
normativas que, vinculadas às Diretrizes Nacionais da Educação Básica, permitissem a 
organização das propostas pedagógicas na respectiva etapa de ensino. O documento 
reúne fundamentos, princípios e procedimentos que propiciam a efetivação das práticas 
na educação infantil. Conforme apresentado na nomenclatura, as DCNEI são um 
direcionamento para a organização pedagógica. Assim, a legislação estadual e 
municipal deve se adequar para atender à normativa nacional, considerando as 
necessidades e peculiaridades de cada realidade. No que tange à orientação pedagógica, 
verifica-se que: 
Proposta pedagógica ou projeto político pedagógico é o plano orientador das ações da 
instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento 
das crianças que nela são educados e cuidados. É elaborado num processo coletivo, com 
a participação da direção, dos professores e da comunidade escolar. 
(BRASIL, 2010, p. 13) 
Essas ações e práticas devem ser realizadas por meio de princípios que considerem a 
autonomia, a responsabilidade e o respeito às diferenças. Também é necessário 
propiciar a efetivação dos direitos de cidadania e do exercício da criticidade. Por meio 
da educação, devem ser ofertadas às crianças a liberdade, a criatividade, a sensibilidade 
e a expressão das diferentes manifestações artísticas e culturais. 
Em relação às concepções das propostas pedagógicas das instituições que ofertam 
educação infantil, elas devem apresentar, tanto no texto como no contexto, a relação 
entre família e escola sobre a educação e cuidado com as crianças, com promoção de 
igualdade de oportunidade, para que todas as crianças tenham acesso ao saber e à 
construção de formas de sociabilidade e subjetividade que garantam a democracia e a 
minimização das desigualdades sociais (BRASIL, 2010). 
Outro aspecto interessante no documento é a necessidade de alinhamento entre a 
proposta pedagógica e as condições de um trabalho colaborativo desenvolvido por 
todos. Nesta perspectiva, a educação e o cuidado devem ser compreendidos como 
aspectos indissociáveis, de modo que as dimensões afetiva, motora, cognitiva, 
linguística, ética, estética e sociocultural sejam trabalhadas concomitantemente. A 
comunicação e escuta das famílias também apresentam benefícios para o fazer 
pedagógico, e ele deve se dar a partir de uma gestão democrática, em que todos os 
envolvidos pensarão as possibilidades de avanços e melhorias na realidade educativa 
(BRASIL, 2010). 
Outro ponto que deve ser atendido no momento de estruturação das ações pedagógicas é 
o respeito às crianças, considerando as singularidades de cada faixa etária. Também é 
pontuada no documento a necessidade de as crianças terem contato com os 
conhecimentos histórico-culturais dos povos indígenas e afrodescendentes, asiáticos, 
europeus e de outros países da América. 
Uma questão relevante que é tratada na DCNEI é a necessidade de acessibilidade e 
adaptação de espaços e práticas para as crianças público-alvo da educação especial, 
como forma de promoção e efetivação da inclusão escolar (BRASIL, 2010). 
Para que todos os indicativos normativos já citados se concretizem na realidade é 
fundamental fazer investimentos em recursos financeiros. Por isso, a educação infantil é 
incluída nos fundos vinculados ao financiamento do ensino. Essa afirmação pode ser 
verificada a partir de 2007 com a implementação do Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da 
Educação (FUNDEB). Este fundo foi criado para atender ao artigo 212 da Constituição 
e seus recursos são derivados de impostos e transferências. Ele é composto por 27 
fundos que representam cada estado brasileiro mais o Distrito Federal, e a distribuição é 
realizada a partir do número de alunos registrados no censo escolar do ano anterior 
(BRASIL, 2007). 
ASSIMILE 
Como podemos observar em nossos estudos, as políticas que antecederam 2005 
apresentavam como faixa etária da educação infantil as crianças de zero a seis anos. Isso 
se modificou a partir da Lei nº 11.114 de 2005 que sancionou a ampliação do ensino 
fundamental em nove anos. Sendo assim, as crianças com seis anos deveriam ser 
inseridas na segunda etapa de ensino da educação básica. Na época, o Ministério da 
Educação argumentou essa mudança colocando a necessidade de universalizar, 
principalmente para as crianças das camadas populares, o acesso ao ensino obrigatório, 
visto que neste momento histórico a Constituição apresentava apenas o ensino 
fundamental como etapa obrigatória. Tanto a ampliação do ensino fundamental de nove 
anos (2005) quanto a expansão do ensino obrigatório para as pessoas de quatro a 
dezessete anos (2009) são avanços no campo das políticas, visto que o Estado deve se 
responsabilizar, impreterivelmente, com a educação. 
Como podemos verificar, a política brasileira é a expressão da relação de necessidades e 
interesses entre o Estado e a sociedade civil. Para que as ações aconteçam de forma 
organizada e sistematizada, textos normativos são construídos, visando ao atendimento 
dos direitos e deveres dos cidadãos. Ao analisarmos as principais políticas mencionadas 
anteriormente verificamos que seus benefícios são evidentese, se aplicadas na 
realidade, propiciam inúmeros avanços para a escolarização das crianças. Entretanto, 
devemos analisar para além do que está colocado no texto, pois nem sempre tais 
dispositivos se concretizam totalmente na realidade. 
De acordo com Saviani (2008) encontram-se no contexto brasileiro algumas 
dificuldades no campo das políticas educacionais, que podem influenciar a realidade. É 
por esse fator que vemos nas normativas políticas, por exemplo, um discurso de 
universalização do ensino e propostas pedagógicas que favorecem a educação, 
entretanto as escolas precisam de mais investimentos, os professores necessitam de 
maiores incentivos financeiros e pedagógicos para aprimorar suas práticas. 
A educação infantil é uma etapa de ensino crucial para o desenvolvimento do indivíduo, 
por isso um trabalho bem elaborado que propicie a transição entre esta etapa e o ensino 
fundamental é necessário para que não se apresentem problemas educacionais futuros 
na vida dos sujeitos, tais como o insucesso e a evasão escolar. Para que isso ocorra, a 
qualidade precisa deixar de ser uma palavra na política e se tornar uma realidade 
educativa. Segundo Dourados (2007, p. 940): 
A busca por melhoria da qualidade da educação exige medidas não só no campo do 
ingresso e da permanência, mas requer ações que possam reverter a situação de baixa 
qualidade da aprendizagem na educação básica, o que pressupõe, por um lado, 
identificar os condicionantes da política de gestão e, por outro, refletir sobre a 
construção de estratégias de mudança do quadro atual. 
Por essas questões é fundamental que você, enquanto futuro educador, problematize as 
políticas educacionais, considerando o momento em que foram elaboradas, suas 
intenções e efetivação (ou não) na realidade. É importante conhecer o projeto de 
educação que está posto, e sabemos que em uma sociedade de classes ele não está a 
serviço das classes trabalhadoras. Isso se reflete nas condições precárias que temos 
observado na educação pública brasileira. Kremer (2006) questiona essa conjuntura 
relatando a dificuldade de ensinar para as crianças solidariedade e justiça, enquanto 
vivemos em um contexto que tem a injustiça e dominação como base. 
Temos de lutar por uma sociedade e educação que não façam distinção das 
possibilidades de acesso ao saber pela condição econômica. As crianças que se 
encontram na creche, por exemplo, não estão incluídas na idade obrigatória, e isso se 
reflete na não universalização deste público no espaço educativo. No entanto, as 
crianças advindas da elite têm condições de estar inseridas desde o nascimento em 
espaços educativos particulares, enquanto muitos bebês e crianças bem pequenas não 
estão nas creches por falta de vaga. Vale ressaltar que essa diferença não é uma questão 
de mérito, mas de desigualdades estruturais. Esse é o abismo social e econômico, e você 
enquanto futuro professor deve questionar essa condição neste momento de formação e 
na sua futura atuação. O direito das crianças foi conquistado por meio de muita luta e as 
únicas coisas que devemos aceitar são avanços, não retrocessos. 
FOCO NA BNCC 
Você sabia que as políticas são elaboradas mediante as demandas educacionais, sociais 
e econômicas de determinado momento histórico? É por meio das dinâmicas e das 
novas necessidades que vão sendo construídas que ocorrem modificações no modo de 
direcionar as práticas pedagógicas. Na atualidade, a Base Nacional Comum Curricular 
se configura como o documento norteador para a construção dos currículos das escolas 
brasileiras, sendo assim 60% do currículo deve atender ao que está posto na base e 40% 
é diversificado, compreendendo as necessidades daquele local. No tocante à educação 
infantil, notamos o papel preponderante dos direitos de aprendizagem e dos campos de 
experiência para o trabalho desenvolvido pelo professor. Eles apresentam benefícios 
para a educação e só obtemos essa organização pelo fato de outras políticas terem sido 
construídas anteriormente. Tanto o RCNEI quanto as DCNEI são compreendidos como 
documentos fundamentais para os avanços que temos atualmente na educação. 
Destacamos que a BNCC não é uma “versão melhorada” destas políticas, mas sim a 
continuidade de normativas que consideram as necessidades das crianças e da educação 
na contemporaneidade. 
Quantos aspectos interessantes estudamos juntos nesta seção! 
Foi possível observar que as políticas educacionais apresentam uma dimensão 
fundamental na realização das práticas pedagógicas, e é por isso que você deve analisá-
las com criticidade e compromisso. 
FAÇA A VALER A PENA 
Questão 1 
Vitória é professora em um centro de educação infantil e está fazendo um estudo no 
curso de formação continuada. As análises da professora se referem à articulação entre 
políticas educacionais e as práticas pedagógicas. Dentre as atividades propostas no 
curso, Vitória terá de refletir sobre as normativas apresentadas na Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional de 1996. Considerando este contexto, analise as 
afirmativas e marque V para verdadeiro e F para falso: 
( ) Vitória constatou na LDB/96 que os alunos de zero a três anos são atendidos na 
creche e os educandos de quatro a cinco anos são matriculados na pré-escola. 
( ) Vitória observou na LDB/96 que a educação infantil é apresentada como primeira 
etapa da educação básica. 
( ) Vitória verificou que, segundo a LDB/96, os aspectos físico, psicológico, intelectual 
e social devem ser desenvolvidos na criança. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a. V-V-V. 
b. F-F-F. 
c. V-F-F. 
d. F-V-V. 
e. V-F-V 
Questão 2 
De acordo com o terceiro volume do Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil: 
“O movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. 
As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez maior controle 
sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação 
com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam 
sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas 
maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento” (BRASIL, 1998c, p. 15). 
No que se refere ao trabalho realizado na escola para permitir experiências em relação 
ao movimento pela criança, avalie as afirmativas a seguir: 
• O trabalho com movimento abrange a multiplicidade de funções e manifestações 
do ato motor. 
• As atividades com o movimento devem ampliar a cultura corporal de cada 
criança. 
• O ambiente deve dar a possibilidade de a criança obter conhecimentos acerca de 
si, dos outros e do meio em que vive. 
É correto o que se afirma em: 
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a. II, apenas. 
b. I e II, apenas. 
c. III, apenas. 
d. I, II e III. 
e. I, apenas. 
Questão 3 
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) a finalidade da 
proposta pedagógica é: “garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação 
e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o 
direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança,

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