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DIREITO PENAL 1

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DIREITO PENAL 1
AULA 10: TIPICIDADE
 Introdução
Tipo é um modelo genérico e abstrato, formulado pela lei penal, descritivo da conduta criminosa ou da conduta permitida.
 Conceito de fato típico
É iniciado por uma conduta humana que é produtora de um resultado naturalístico, aqui há um elo que liga a conduta do agente ao resultado (nexo causal), e por fim, que esta conduta se enquadra perfeitamente ao modelo abstrato de lei penal (tipicidade). Portanto o fato típico é composto de: conduta, resultado, nexo causal, e tipicidade.
Ex: Sujeito A intencionalmente desfere golpes de faca (conduta) em B que vem a falecer (resultado naturalístico), em virtude da conduta de A, a qual se amolda perfeitamente ao modelo em lei art. 121 do Código Penal (tipicidade). O nexo causal ou relação de causalidade é o elo que liga a conduta do agente com o resultado produzido, e, portanto o resultado será imputado ao agente que lhe deu causa, logo A responderá pelo resultado (morte de B).
Conceito de Tipo Penal
Tipo penal é expressão própria da doutrina brasileira, sendo ele o conjunto dos elementos do crime descritos na norma penal. Podemos ainda dizer que o tipo penal é a descrição legal de uma conduta humana proibida.
É o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. O tipo exerce função limitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente relevantes. É uma construção que surge da imaginação do legislador que descreve as ações que considera, em tese, delitivas. Tipo é um modelo que descreve um comportamento proibido
Espécies de Tipo
Tipos Incriminadores ou Legais – parte especial e legislação penal especial
Tipos Permissivos ou justificadores
 Funções do Tipo 
-De Garantia 
-Fundamentadora 
-Indiciária da Ilicitude
-Diferenciadora do Erro
-Seletiva
Garantia: Em decorrência da previsão constitucional do princípio da reserva legal ou da estrita legalidade, somente a lei pode criar um tipo incriminador.
Fundamentadora: A previsão de uma conduta criminosa por um tipo penal fundamenta o direito de punir do estado quando o indivíduo viola a Lei.
Indiciária da Ilicitude: É a previsão das excludentes de ilicitude – art. 23.
Diferenciadora do Erro: O dolo do agente deve alcançar todas as elementares do tipo legal, se por ignorância sobre as elementares afasta-se o dolo – art. 20.
Seletiva: Cabe ao tipo penal selecionar as condutas que deverão ser proibidas (crimes comissivos) ou ordenados (tipo omissivo) pela lei penal.
Estrutura do tipo
 Tipo Penal=
 Núcleo + elementos + Circunstâncias (qualificadoras e privilegiadas)
 -objetivos
 -subjetivos
 -normativos
 Núcleo do Tipo
Todo tipo penal possui, no mínimo, um núcleo, que vem a ser o “verbo” que representa a conduta (ação ou omissão) humana descrita.
Exemplos: matar (homicídio, art. 121 CP), subtrair (furto, art. 155 CP).
Pode ainda haver, no mesmo tipo penal, vários verbos, descrevendo assim, forma múltipla de conduta. Trata-se de tipo de conteúdo variado.
Exemplo: art. 12 da Lei 6.368/76 (Lei de Tóxicos). Neste caso, ainda que o agente pratique todas as condutas descritas nos vários núcleos do tipo (remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, etc.), incidirá em apenas um ilícito.
Elementares
Em torno do núcleo encontramos os elementos ou elementares, que visam proporcionar a perfeita descrição da conduta criminosa.
Existem três espécies:
Objetivos
subjetivos
normativos
Elementares Objetivas
Os elementos objetivos do tipo referem-se ao aspecto material da infração penal, dizendo respeito à forma de execução, tempo, modo, lugar, etc.
Ocorre que muitas vezes, o núcleo do tipo (verbo que representa a conduta proibida), por si só, não representa um fato injusto, necessitando, para que seja reprovada, de outros elementos, conhecidos como objetivos.
Exemplos: art. 155, § 1o CP (repouso noturno – referência ao tempo); art. 233 (lugar público – referência ao lugar), etc.
Elemento Objetivo
Elementos descritivos Elementos normativos
Finalidade de traduzir o tipo penal. Necessário socorrer-se de uma valorização ética ou 
 jurídica. 
Elementares Subjetivas
Os elementos subjetivos do tipo penal, também conhecido na doutrina por elementos subjetivos do injusto, dizem respeito ao estado psicológico do agente, ou seja, à sua intenção.
Assim, encontramos na formação de alguns tipos penais estas informações sobre a intenção do agente, representadas por expressões como:
a) ‘com o fim de’ (art. 134, caput);
b) ‘para si ou para outrem’ (arts. 155, caput; 156, caput; 157, caput);
c) ‘em proveito próprio ou alheio’ (arts. 173; 174, etc.);
d) ‘com o fim de lucro’ (art. 282, par. único; 302, par. único);
c) dentre outros.
Elementares Normativas
Os tipos penais podem conter elementos na sua formação que não são de compreensão imediata, como os elementos objetivos e subjetivos, em razão de necessitar um juízo de valor sobre os mesmos.
Nestes Tipos penais que contém elementos normativos, além de o legislador incluir expressões como matar, subtrair, ofender, etc., inclui ele ainda expressões como sem ‘justa causa’, ‘indevidamente’, ‘fraudulentamente’, etc., que são considerados elementos normativos.
É de se notar que estas expressões, como já se falou, exige do intérprete um juízo de valor, não sendo certo, determinado, quantificado, de plano.
 Elementos normativos Conceitos
conceitos como (art. 140); sem justa causa (153, 154, 244)
-Conceitos
-dignidade e decoro
-Sem justa causa
 Elementares:
 Objetivas: dizem respeito à forma de execução, tempo, modo, lugar, etc.
Subjetivas: dizem respeito ao estado psicológico do agente, ou seja, à sua intenção.
Normativas: Necessitam de um juízo de valor sobre os mesmos.
Classificação das Elementares
Absoluta – quando faltar uma elementar indispensável ao tipo. Ex: subtrair o próprio relógio, supondo ser de outrem, não pratica o delito de furto, pois está ausente a elementar “coisa alheia”.
Relativa – pela ausência de uma elementar ocorre a desclassificação do fato para outra figura típica. Ex: mãe que logo após o parto vier a causar morte do filho sem que esteja sobre a influência de estado puerperal, não vai responder por infanticídio e sim por homicídio.
 Elementos específicos dos tipos penais
Núcleo Objeto material
Sujeito ativo Sujeito passivo
Núcleo : é o verbo que descreve a conduta proibida pela lei.
Objeto Material: É a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta criminosa do agente.
Coisa – furto Pessoa - homicídio
Sujeito Ativo: É aquele que pode praticar a conduta descrita no tipo.
Peculato – funcionário público
Sujeito Passivo: Tanto as pessoas jurídicas quanto as pessoas físicas.
Pessoa Jurídica Pessoa Física
Circunstâncias
As circunstâncias são elementos que ficam ao redor do fato criminoso (circundam o fato), dentre as quais o legislador destacou algumas, a fim de que sejam levadas em consideração para influenciar nas conseqüências do crime ao agente que o praticou, ou seja, na sanção aplicada ao mesmo, a agravando ou atenuando.
As circunstâncias podem ser agravantes e atenuantes, sendo ambas encontradas na Parte Geral do Código Penal brasileiro, mais especificamente nos artigos 61, 62, 65 e 66.
Características do Tipo
-Cria o mandamento proibitivo
-Concretiza a antijuridicidade
-Assinala o injusto
-Limita o injusto
-Limita o inter criminis
-Ajusta a culpabilidade ao crime considerado
-Constituiu uma garantia liberal, pois não há crime sem tipicidade
Adequação Típica
É a perfeita adaptação do fato à norma penal.
 Formas de adequação Típica
-De subordinação imediata: O fato se enquadra na norma penal, imediatamente, sem necessidade deoutra disposição.
-De subordinação mediata, ampliada ou por extensão: O fato não se enquadra imediatamente na norma penal incriminadora, necessitando, para tanto, do concurso de outras disposições.
 Classificação doutrinária do Tipo Legal
Tipo Fechado 
-É o que possui descrição minuciosa da conduta criminosa.
-Furto.
Tipo aberto 
-Não possui descrição minuciosa, logo caberá ao juiz, na análise do caso concreto, completar a tipicidade mediante um juízo de valor
-Tipos culposos
-Exceção: art. 180 § 3 CPB
Tipo normal 
-Possui apenas elementos de ordem objetiva
Tipo anormal
-Prevê elementos de ordem subjetiva ou normativa
Tipo simples 
Abriga em seu interior um único núcleo
Tipo misto
 Possui na sua descrição típica dois ou mais núcleos
Relação entre Tipo Penal, Tipicidade e Adequação Típica 
Tipo Penal: É uma ação ou omissão (conduta) descrita na Lei penal.
Tipicidade: é a previsão legal de um fato definido como crime.
Adequação Típica: é a perfeita incidência de uma conduta humana no tipo penal, ou seja, no fato descrito na lei penal.

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