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J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 341 Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA INTRODUÇÃO A insuficiência respiratória crônica costuma ser a fase final de diversas enfermidades respiratórias como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar, graves deformidades torácicas e bronquiectasias adquiri- das. Os pacientes que vivem com hipoxemia e, muitas vezes, hipercapnia, apresentam importante comprometi- mento físico, psíquico e social com deterioração da quali- dade de vida, freqüentemente de forma importante. Além disso, esses pacientes apresentam repetidas complicações, com numerosas internações hospitalares e conseqüente aumento do custo econômico para todos os sistemas de saúde. A administração de O 2 domiciliar já existe há aproxi- madamente 50 anos, a partir das observações do Dr. J. E. Cotes, na Inglaterra. Entretanto, só a partir dos anos 70 é que se confirmou que a ODP melhorava a qualidade e prolongava a expectativa de vida de pacientes portado- res de DPOC com hipoxemia crônica. Embora seja razoá- vel assumir que a maioria dos benefícios decorrentes des- sa forma terapêutica possa ocorrer em hipoxemia crôni- ca de outras etiologias, isto ainda não está totalmente definido. A partir de então, milhares de pacientes recebem essa forma terapêutica em todo o mundo. No que se refere à prevalência internacional da oxigenoterapia domiciliar, esta varia enormemente, desde 240/100.000 habitan- tes nos EUA, até 20/100.000 na Finlândia. As causas dessa grande variação são inúmeras, não sendo objeto de discussão no momento. Levando em consideração as estatísticas européias que apontam prevalência aproximada de 40 pacientes/ 100.000 habitantes como usuários de O 2 crônicamente, podemos inferir que no Brasil teríamos aproximadamen- te 65.000 pacientes nesta condição. Entretanto, sabe-se que a maioria desses pacientes não está recebendo ODP, o que resulta em gastos elevados com freqüentes interna- ções hospitalares por complicações decorrentes da hipo- xemia crônica não corrigida. Resumidamente, podemos dizer que, com o objetivo de reduzir a hipóxia tecidual durante as atividades cotidia- nas, a ODP aumenta a sobrevida dos pacientes por me- lhorar as variáveis fisiológicas e sintomas clínicos; incre- menta a qualidade de vida pelo aumento da tolerância ao exercício, diminuindo a necessidade de internações hos- pitalares, assim como melhora os sintomas neuropsiquiá- tricos decorrentes da hipoxemia crônica. Do ponto de vista fisiológico, o uso crônico de O 2 me- lhora sua oferta para as células, com redução da policite- mia secundária. De forma semelhante, alivia o estresse miocárdico da hipoxemia, reduzindo arritmias cardíacas, especialmente durante o sono. Ainda mais, a ODP estabi- liza, ou pelo menos atenua e algumas vezes reverte, a progressão da hipertensão pulmonar e, provavelmente, melhora a fração de ejeção do ventrículo direito. Do ponto de vista da função pulmonar, existem alguns estudos sugerindo que a mesma pode estabilizar-se com a ODP . INDICAÇÕES Pelo exposto, aceita-se hoje a existência irrefutável de evidências científicas dos benefícios terapêuticos da ODP em pacientes com hipoxemia crônica decorrente da DPOC. Aceita-se como indicação da necessidade de ODP a pre- sença de PaO 2 < 55mmHg, ou entre 56-59mmHg na presença de sinais sugestivos de cor pulmonale, insufi- ciência cardíaca congestiva ou eritrocitose (hematócrito > 55%). Lembramos que os valores acima só devem ser consi- derados quando: • obtidos em laboratório confiável; • determinações com o paciente estável clinicamente e com abordagem terapêutica otimizada; • com prescrição médica detalhada da necessidade do O 2 ; • com reavaliação dos pacientes após três meses para verificação da real necessidade. Vale recordar que é de responsabilidade do médico determinar a necessidade e a forma de administração do O 2 , sendo que a disponibilidade e o custo dos diferentes sistemas devem ser sempre analisados. Ainda mais, mé- dicos e provedores devem monitorar o uso do O 2 e retirar o equipamento caso o mesmo não esteja sendo utilizado. Salientamos que existe uma questão ética a ser discuti- da no caso de pacientes hipoxêmicos em estágio termi- nal, se devem ou não receber O 2 para aliviar os sintomas. Também, no caso de pacientes que optam por não usá- lo, ou que continuam fumando enquanto usando O 2 . OXIGENOTERAPIA Viegas CAA, Adde FV, Paschoal IA, Godoy I, Machado MCLO 342 J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 INDICAÇÕES E REQUERIMENTOS PARA ODP Oxigenoterapia de forma contínua: a) PaO 2 < 55mmHg ou SaO 2 < 88%, ou b) PaO 2 = 56-59mmHg ou SaO 2 = 89%, associado a: 1) edema por insuficiência cardíaca 2) evidência de cor pulmonale 3) hematócrito > 56%. Requerimentos: a) Gasometria após otimização do manejo clínico; b) Checar no período de três meses, quando a tera- pêutica for iniciada no hospital ou com paciente instável; c) prescrição médica; d) Revisar prescrição periodicamente (a cada seis me- ses). 1) Oxigenoterapia durante exercício: a) SaO 2 < 88% ou PaO 2 < 55mmHg durante ativi- dade física; b) Demonstração do aumento da tolerância ao exercí- cio com O 2 durante programa de reabilitação pulmonar. 2) Oxigenoterapia noturna: a) SaO 2 < 88% ou PaO 2 < 55mmHg durante o sono com evidência de cor pulmonale, eritrocitose, ou outro distúrbio físico ou mental atribuído a hipoxemia; b) Quando a hipoxemia relacionada ao sono é corri- gida ou melhorada pela suplementação de O 2 . 3) Documentação de hipoxemia (SaO 2 < 88% ou PaO 2 < 55mmHg) associada a episódios agudos e recorrentes de broncoespasmo, cor pulmonale, ou outra enfermida- de cardiopulmonar, em pacientes com freqüente desesta- bilização clínica. Finalmente, lembramos que os sistemas de aporte de O 2 devem ser prescritos individualmente objetivando os requerimentos e capacidades de cada paciente. O papel da suplementação durante o sono e exercício, em pa- cientes normóxicos quando despertos e em repouso, ain- da é objeto de investigação. Em outras doenças que não a DPOC, os benefícios da oxigenoterapia domiciliar de lon- ga duração são freqüentemente assumidos mas não con- firmados. SaO 2 = saturação arterial de O 2 na gasometria; SpO 2 = saturação por oximetria de pulso. TEMPO DE UTILIZAÇÃO DA ODP Bases científicas para prescrição da oxigenotera- pia domiciliar contínua (24h/d) MELHORA DA SOBREVIDA Os argumentos científicos para o uso da OPD em porta- dores de hipoxemia crônica grave (pressão arterial de oxigênio ou PaO 2 < 55mmHg), estão baseados em dois trabalhos clássicos: o norte-americano Nocturnal Oxygen Therapy Trial (NOTT) e o britânico Medical Research Council (MRC), publicados no início dos anos 80, os quais mostraram que a oxigenoterapia aumenta a sobrevida dos portadores de DPOC e hipoxemia grave. No estudo do MRC os pacientes que recebiam oxigênio no mínimo 15h/dia foram comparados com os pacientes do grupo controle que não recebiam oxigênio. A diferen- ça de sobrevida entre os dois grupos tornou-se nítida após 500 dias e se manteve após três, quatro e cinco anos do seguimento. Após 500 dias a taxa de mortalidade foi maior no grupo controle sem oxigênio (29%/ano) do que em pacientes com oxigênio (12%/ano). A população total estudada foi de 77 pacientes no estudo MRC e de 203 pacientes no NOTT. No estudo norte-americano um grupo recebeu ODP 24h/dia versus oxigênio somente durante 12 horas no- turnas. A sobrevida dos pacientes que receberam ODP foi melhor quando comparada com a dos indivíduos que re- ceberam oxigênio somente no período noturno. Após um ano o mesmo aconteceu com a taxa de mortalidade, a qual foi de 11,9% para o grupo da oxigenoterapia contí- nua contra 20,6% do grupo da oxigenoterapia por 12 horas. Os pacientes dos dois trabalhos eram similares quanto à gravidade da doença, sendo diferentes quanto à idade, maior no NOTT, e pressão parcial do gás carbônicoarte- rial (PaCO 2 ), maior no MRC. Quando as curvas de sobrevida do NOTT e do MRC fo- ram combinadas, a pior curva observada foi a do grupo controle do MRC sem oxigênio e a melhor foi a do grupo do NOTT com oxigenoterapia contínua (>18h/d). Pode- mos concluir desses dois estudos multicêntricos que qual- quer quantidade de oxigenoterapia é melhor do que a não prescrição, e que o uso contínuo (24h/d) é melhor do que uso por 12 ou 15h/dia com relação à sobrevida. Após cinco anos a sobrevida dos pacientes que recebe- ram ODP (24h/d) foi de 62% versus 16% para o grupo controle sem oxigênio. MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA • Aumento da tolerância ao exercício É notório que indivíduos portadores de DPOC quando usam oxigênio portátil aumentam a distância caminhada. Lilker et al. foram os primeiros a constatar esse fato com trabalho controlado usando oxigênio líquido e comparan- do-o com o ar. • Diminuição do número de internações A necessidade de internações diminui em pacientes portadores de DPOC que recebem OPD, fazendo jus ao custo-benefício da sua prescrição. • Melhora do estado neuropsíquico Distúrbios neuropsíquicos são freqüentes em pacientes com hipoxemia crônica, sendo que o padrão freqüente- mente observado é semelhante ao do indivíduo idoso, J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 343 Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) como: dificuldade para concentração, perda da memória e redução na habilidade de abstração. Existe relação en- tre o grau de hipoxemia e a presença desses distúrbios, como foi demonstrado no estudo de Krop et al. A PaO 2 diurna nem sempre reflete fidedignamente es- sas alterações, mas sim o estudo da PaO 2 noturna, pois a hipoxemia piora durante o sono e particularmente du- rante a fase de movimentos rápidos dos olhos em porta- dores de DPOC grave. A hipoxemia associada à idade avançada e a existência de doenças cardiovasculares são as explicações mais acei- tas quanto à origem desses distúrbios. Krop et al. de- monstraram melhora da função neuropsíquica após o 1º mês de oxigenoterapia e que há reversibilidade das alte- rações eletroencefalográficas da hipoxemia crônica após 15 a 20h/dia de ODP. USO CORRETO DA ODP Sabe-se que a ODP é dispendiosa e sua utilização domi- ciliar é passível de abuso potencial. A maioria dos candi- datos a ODP é portadora de doenças pulmonares graves e seu acompanhamento requer uma série de exames perió- dicos. Portanto, a literatura especializada recomenda a adoção de um protocolo para prescrição otimizada da ODP e seu controle adequado. É essencial que existam linhas mestras preestabelecidas para que as indicações sejam precisas e também que os médicos saibam como prescrevê-las. Devemos aqui enfatizar que os médicos devem estar aptos a prescrever o melhor tipo de oxige- noterapia que se adapte às necessidades de cada pacien- te e que os mesmos saibam de suas responsabilidades quanto a esses procedimentos (Quadro 1). DOCUMENTAÇÃO PARA PRESCRIÇÃO DE ODP É necessário que haja a documentação dos parâmetros de indicação ao se prescrever a ODP para indivíduos com doença pulmonar avançada que cursam com hipoxemia crônica. Tempo de utilização do oxigênio Os benefícios terapêuticos estão diretamente relacio- nados com o número de horas/dia que o paciente utiliza de ODP. Portanto, devemos prescrever a oxigenoterapia idealmente 24h ao dia e estimular o paciente a usá-lo o maior tempo possível. Considera-se como tempo míni- mo aceitável 15h contínuas por dia incluindo sempre as horas de sono. Oximetria de pulso A oximetria de pulso é considerada o melhor método para triagem de pacientes com hipoxemia. O oxímetro posicionado no dedo ou no lóbulo da orelha nos dá, atra- vés da pele e por leitura imediata, a saturação arterial do oxigênio (SpO 2 ) no ato do exame. O oxímetro é bastante sensível e fidedigno, com erro estimado de 1 a 2%, quan- do comparado com o obtido pela gasometria arterial. Existem situações clínicas que alteram sua leitura, a sa- ber: icterícia, metahemoglobinemia, onicomicose, escle- rodermia, perfusão tecidual inadequada, pele com pig- mentação escura e artefato. Apesar desses inconvenien- tes, a oximetria de pulso é considerada método excelente. Além dessa sua indicação, podemos usá-la para titular o fluxo de oxigênio mais preciso em repouso e tanto no exercício como durante o sono. A gasometria arterial está indicada para iniciar a OPD e a comparação da SpO 2 me- dida pela oximetria de pulso com a SaO 2 dosada pela gasometria arterial em ar ambiente corrobora a acurácia desse método. Além disso, podemos utilizar a SpO 2 para ajustarmos os fluxos de oxigênio após algum tempo de uso da OPD, tanto nas exacerbações quanto na melhora da doença. COMO FAZER A INDICAÇÃO E A MONITORAÇÃO DA ODP A dose de oxigênio a ser administrada deve ser estabe- lecida individualmente através da titulação do fluxo de O 2 necessário para obter PaO 2 de pelo menos 60mmHg ou SaO 2 maior a 90%, com o paciente em repouso. A pre- sença de hipercapnia não impede de aumentar a dose de O 2 até os níveis necessários, exceto se houver acidose QUADRO 1 Responsabilidade do médico na prescrição da ODP � Documentação da necessidade de oxigênio; � Seleção da melhor fonte de oxigênio para seu paciente. � Realização de prescrição que inclua: • Fluxo de O 2 a ser usado em repouso, durante o sono e os exercícios. • A fonte de oxigênio deve ser: − Oxigênio líquido portátil: se o paciente tiver mobilidade conservada; − Concentrador ou cilindros: se o paciente tiver pouca ou nenhuma mobilidade; − Prescrever o tipo de cateter a ser usado. Ex.: cânula ou prong nasal. − Incluir o paciente no Programa Nacional de Registro de ODP. � Monitoração freqüente do uso do O 2 e reavaliação médi- ca periódica (intervalo de 90 dias); � Anualmente, reconfirmar a indicação de ODP por meio de gasometria arterial ou oximetria de pulso, no mínimo a cada seis meses, durante doença estável em laboratório ha- bilitado. Viegas CAA, Adde FV, Paschoal IA, Godoy I, Machado MCLO 344 J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 grave ou deterioração do sensório. Nessa situação deve- mos adicionar ventilação não invasiva à prescrição. A titulação do fluxo de O 2 adequado para obter SpO 2 > 90% deve ser feita utilizando-se um oxímetro de pulso conectado ao dedo do paciente, que deverá estar em re- pouso e sentado em posição ereta, sem falar durante 20 minutos. A oximetria durante atividades físicas pode ser realiza- da através do teste de caminhada de seis minutos no pla- no para a maioria dos pacientes, mas naqueles com hipo- xemia grave já em repouso ela poderá ser feita através da simulação de suas atividades domésticas simples. O fluxo de O 2 ideal para a correção da hipoxemia du- rante atividades físicas deverá ser aquele que mantém a � O fluxo mínimo necessário é de l L/min, o que tor- na seu uso praticamente inviável. Os principais problemas são: úlceras de pressão em face e orelhas, risco de aspira- ção, desconforto pelo calor e sensação claustrofóbica. Cateter orofaríngeo O cateter orofaríngeo, por ser desconfortável, tem seu uso cada vez mais infreqüente. Requer FiO 2 menor, uma vez que, na fase expiratória, o O 2 se acumula nas vias aéreas superiores, sendo aproveitado “em pulso” na ins- piração seguinte. Cateter transtraqueal Proposto pela primeira vez em 1982, consiste na ad- ministração de O 2 diretamente na traquéia, através de Cilindro de O 2 Oxigênio líquido Concentrador de oxigênio QUADRO 2 Fontes de oxigênio Desvantagens Custo elevado; São pesados e grandes; São perigosos, não poden- do sofrer quedas; Necessitam de recargas freqüentes. Alto custo Risco de queimaduras du- rante a recarga (armazenado abaixo de zero �C) Fluxo máximo limitado a 5 L/min; Necessitam de energia elétrica para funcionar; Não são portáteis; Há necessidade de um ci- lindro extra na falta de energia elétrica. Tipos Cilindros de gás sob pres- são Oxigênio líquido Concentradores Vantagens Disponíveis em qualquerparte do país; Armazenados por longo tempo sem perdas; Dispostos em pequenos ci- lindros para deambulação. Permite a deambulação; Fornece fluxo de até 6 L/ min; Não consome energia elé- trica. Volume de gás ilimitado; Não ocupam espaço; Custo de manutenção bai- xo; Fácil uso. SpO 2 > 90%. A realização de oximetria noturna per- mite prescrição mais precisa do fluxo adequado de O 2 durante o sono e, não havendo condições de realizá-la, está correto o acréscimo de 1L/min ao flu- xo de O 2 basal. FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE OXIGÊNIO Os sistemas de administração de O 2 podem ser classificados em: � De baixo fluxo ou fluxo variável (prong nasal, máscara facial, etc.) � De alto fluxo ou fluxo fixo (másca- ra de Venturi) Cânula ou prong nasal Método simples, barato, e o mais co- mumente usado. Excelente nos casos de acentuação da dispnéia, durante a ali- mentação, tosse, ocasiões em que seria necessário remover a máscara facial, se esta fosse a forma de administração. Pode ocorrer secura ou sangramento da mucosa nasal após a utilização de flu- xos altos. A umidificação só se faz ne- cessária para fluxos maiores que 4L/ min. Máscara simples As máscaras têm seu uso limitado por dois fatores: � Não existem modelos e tamanhos variáveis que se adaptem a todos os ti- pos de face, ocorrendo grande variação da FiO 2 , conforme o padrão ventilató- rio do paciente. Com isto, há desperdí- cio de 2/3 do O 2 . J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 345 Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) um pequeno cateter (1 a 2mm de diâmetro interno), inse- rido percutaneamente, ao nível do primeiro anel. A maior vantagem desse método é a economia de O 2 , em aproxi- madamente 50% durante o repouso e 30% durante os esforços. Além disso, esteticamente é o melhor método, pois pode ser totalmente camuflado. Esse método de ad- ministração mostra excelentes resultados clínicos, quan- do comparado com os demais, provavelmente porque o paciente recebe realmente O 2 durante as 24h. As des- vantagens são mínimas, como rouquidão passageira, en- fisema subcutâneo autolimitado, hemoptise e formação de bolhas mucosas. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DA FONTE DE OXIGÊNIO Atualmente existem três fontes de oxigênio disponíveis para fornecimento domiciliar: gasoso comprimido em ci- lindros, líquido e concentradores. O Quadro 2 mostra resumidamente as vantagens e desvantagens das mesmas e o Quadro 3, seus critérios de seleção. LIMITAÇÕES DA ODP Não existem contra-indicações para a administração de ODP. Entretanto, algumas enfermidades associadas, ca- racterísticas dos pacientes, aspectos sociais e demográfi- cos, podem limitar a administração e uso de oxigênio, tais como: � enfermidades psiquiátricas graves; � dificuldades do paciente e de familiares para enten- der os riscos associados com o tratamento e em manter as medidas de segurança adequadas; � não aderência ao tratamento farmacológico instituí- do; � residência em locais de difícil acesso e problemas no fornecimento de energia elétrica; � persistência do tabagismo; � dificuldades econômicas extremas. TOXICIDADE E EFEITOS COLATERAIS Existem três categorias de riscos associadas à ODP: � riscos físicos, tais como incêndios e explosões, trau- mas ocasionados pelo cateter ou máscara ou ressecamento de secreções devido a umidificação inadequada; � efeitos funcionais que incluem retenção de CO 2 e atelectasias; � manifestações citotóxicas do oxigênio. Os riscos de incêndios são, na maioria das vezes, oca- sionados pelo hábito de fumar durante o uso do oxigênio; as explosões ocorrem, geralmente, por golpes ou quedas dos cilindros e/ou por manipulação inadequada dos re- dutores de pressão. A retenção de CO 2 pode ser observada, em alguns pa- cientes, durante a administração de oxigênio. Freqüente- mente, é referido que esse fato é ocasionado pela dimi- nuição do estímulo respiratório hipóxico que resulta em diminuição da ventilação minuto e aumento concomitan- te do CO 2 . Entretanto, estudos recentes sugerem que a hipótese mais provável é que o aumento da PaO 2 , resul- tante da administração de oxigênio, pode aumentar o espaço morto devido à reversão da vasoconstrição hipó- QUADRO 3 Critérios de seleção da fonte de oxigênio Concentrador + cilindro de O 2 gasoso portátil de alu- mínio + cilindro de no mí- nimo 4m3 de gás sob pres- são Destina-se a pacientes par- cialmente limitados ao do- micílio, porém com saídas ocasionais Concentrador + cilindro de no mínimo 4m3 de gás sob pressão Destina-se a pacientes li- mitados ao leito ou ao do- micílio O 2 liquido + reservatório matriz domiciliar + mochi- la portátil Destina-se a pacientes com mobilidade conservada e/ ou vida social ativa xica pulmonar. Tal reversão aumenta- ria a perfusão de áreas com pequena ventilação, desviando sangue de áreas bem ventiladas, resultando em altera- ções da relação ventilação/perfusão, aumento do espaço morto e, conse- qüentemente, da PaCO 2 . Entretanto, embora existam evidên- cias de que a respiração com oxigênio a 100% aumenta significativamente o desequilíbrio ventilação/perfusão, a su- plementação com oxigênio na concen- tração de 28 a 40% não modifica a re- lação ventilação/perfusão na maioria dos pacientes portadores de DPOC. De fato, cada litro de O 2 associado ao ar ambiente eleva a FiO 2 total em quatro pontos percentuais, como, por exemplo, com um fluxo de O 2 de 1 L/ min, corresponde a uma FiO 2 de 24%. O efeito da oxigenoterapia sobre a PaCO 2 pode ser monitorado por meio do pH. Mesmo no caso de aumentos Viegas CAA, Adde FV, Paschoal IA, Godoy I, Machado MCLO 346 J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 da PaCO 2 , a oxigenoterapia de baixo fluxo pode ser utili- zada com segurança nos casos em que o pH se mantiver normal. A toxicidade pulmonar por oxigênio pode ocorrer quan- do forem utilizadas frações inspiradas superiores a 50% por longos períodos. De qualquer maneira, o bom senso recomenda que seja utilizado o menor fluxo de O 2 neces- sário para manter a saturação adequada. OXIGENOTERAPIA DURANTE O SONO E O EXERCÍCIO A ODP mobiliza grandes quantidades de recursos. Por- tanto, restrições a sua indicação e controle rigoroso do reembolso devem ser a regra que norteará a implantação e a popularização desta terapêutica no Brasil. Após quatro consensos sobre o tema, ficou definido nos EUA que se garantirá o reembolso da oxigenoterapia nas seguintes situações: � Pressão parcial de oxigênio (PaO 2 ) < 55mmHg ou saturação arterial de oxigênio (SaO 2 ) < 88%; � PaO 2 entre 56 e 59mmHg ou saturação de 89%, nas seguintes condições: • evidência eletrocardiográfica de cor pulmonale ou • edema devido a insuficiência cardíaca congestiva ou • policitemia, com hematócrito > 56%; � PaO 2 < 55mmHg ou saturação < 88% durante ati- vidade física; � PaO 2 < 55mmHg ou saturação < 88% durante o sono; � Diminuição na PaO 2 de mais de 10mmHg ou maior que 5% na saturação, associada a sinais e sintomas rela- cionados à hipoxemia noturna, tais como insônia ou sono não reparador, sonolência diurna e piora das funções cognitivas durante a vigília. Salientamos que todas as medidas de PaO 2 e/ou satu- ração só podem ser realizadas em pacientes com doença estável e com a terapêutica medicamentosa otimizada; as prescrições devem ser reavaliadas após 60 a 90 dias, para eliminar a possibilidade de ter prescrito o oxigênio duran- te uma agudização não detectada ou recuperação da mesma. Durante a atividade física deve-se dar preferência a uma fonte de O 2 portátil. Quando esta não estiver disponível pode-se contornar o problema utilizando uma extensão de até seis metros para os concentradores (tubo com 5mm de diâmetro interno) e até 15 metros para os cilindros. Fica clara, pelos dados expostos acima, a intenção de estabelecer limites precisos para a prescrição de oxigê- nio. Este fato é muito importante quando se considera a indicação de oxigênio durante o sono e durante atividade física, já que não existem evidênciasconclusivas dos be- nefícios da terapêutica nestas condições. Hipoxemia documentada durante o sono ou exercício ainda não constitui justificativa para a prescrição de oxi- gênio de forma contínua, a menos que esta esteja pre- sente também quando o paciente estiver acordado e em repouso. Pacientes com doenças respiratórias crônicas podem apresentar sinais de cor pulmonale e/ou policitemia pelo fato de terem dessaturação noturna, sem evidência de hipoxemia quando acordados. A correção da hipoxemia noturna pelo uso de oxigênio suplementar está plenamen- te indicada nestes casos. Caso exista apnéia do sono e/ ou outras condições de hipoventilação, outras formas de terapêuticas devem ser utilizadas (CPAP, BiPAP), com ou sem oxigênio simultâneo. Estudos do sono de pacientes com DPOC e PaO 2 maior que 60mmHg, quando acordados, e sem evidências de cor pulmonale demonstraram que 25 a 45% deles apre- sentam dessaturações significativas durante o sono. A maioria desses indivíduos tem aumento da pressão na artéria pulmonar que progride quando não tratada com O 2 e um estudo retrospectivo de três anos sugeriu que existe mortalidade maior nesse grupo de pacientes. Portanto, restringe-se a indicação de O 2 durante o sono aos casos que apresentem evidências concretas de dessa- turação, tais como cor pulmonale e policitemia. No que se refere ao uso de oxigênio durante as ativida- des da vida diária e o exercício em indivíduos que não têm hipoxemia em repouso, não existem estudos pros- pectivos que tenham avaliado seus benefícios a longo pra- zo. Além disso, não há correlação entre a necessidade de oxigênio durante teste padrão de exercício, como, por exemplo, a caminhada de seis minutos, e a necessidade de oxigênio durante a realização de atividades rotineiras. Portanto, embora a suplementação de oxigênio reduza a dispnéia e aumente a tolerância ao exercício em pa- cientes portadores de doença pulmonar e/ou cardíaca, durante a realização de testes de exercício, existe clara necessidade de determinar melhores indicadores da ne- cessidade de oxigênio para atividade física. Cabe definir melhor quais os pacientes, dentro do grupo dos portado- res de DPOC, teriam maiores benefícios com utilização de O 2 nesta situação (aumento de sobrevida, melhoria da qualidade de vida). O DIAGNÓSTICO DA HIPOXEMIA O diagnóstico da hipoxemia deve ser feito idealmente pela gasometria arterial. Ajustes de fluxo durante exercí- cio e sono podem ser feitos com oximetria de pulso, as- sim como a triagem dos pacientes e seu acompanhamen- to no domicílio. O nível exato que se objetiva atingir na correção da hipoxemia (valor adequado de PaO 2 ou saturação que deve ser mantido) ainda não foi definido adequadamente. Em J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 347 Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) pacientes com hipoxemia crônica se acredita que valores de PaO 2 de 60 a 65mmHg ou saturação de 92 % mais ou menos 2% sejam apropriados, apesar de não serem to- talmente normais. Nos indivíduos com hipercapnia existe ainda a preocu- pação de que a correção total da hipoxemia possa acen- tuar a retenção de CO 2 . Portanto, não há uma resposta definitiva quanto ao valor ideal de PaO 2 ou saturação a ser obtido com a ODP. FALHA TERAPÊUTICA Na ODP se define como falha terapêutica a persistência ou piora de alguns dos seguintes critérios: � manifestações subjetivas da doença: aumento da dis- pnéia, diminuição do rendimento neuropsicológico, into- lerância ao exercício e má qualidade de vida; � evidências indiretas de hipoxemia persistente: ma- nutenção de hematócrito elevado, sinais clínicos persis- tentes de cor pulmonale descompensado e alterações eletrocardiográficas; � Hipoxemia refratária. Causas da falha terapêutica � falta de programa de ODP adequado; � falta de adesão à ODP em decorrência de: • informações insuficientes pelos médicos que a pres- crevem; • restrição do uso pelo paciente por razões estéticas, sociais, econômicas, principalmente quando não se asso- cia a ODP a equipamentos portáteis, evitando-se a limita- ção muitas vezes imposta por alguns dos sistemas de for- necimento de O 2 ; � interrupção do tratamento farmacológico; � presença de doenças associadas. Na fase terminal da doença pulmonar obstrutiva crôni- ca a hipoxemia e a hipercapnia podem ser refratárias ao uso de oxigênio; nestes casos deve-se investigar a pre- sença de insuficiência ventilatória (PIM, PEM máximas) que, se confirmada, deve-se prescrever suporte pressórico não invasivo com O 2 . Existem algumas estratégias para corrigir as falhas te- rapêuticas mais importantes: � ter um programa nacional estabelecido para a ODP, custeado pelos órgãos governamentais; � instruir melhor os prováveis médicos responsáveis pela prescrição da ODP; � educar adequadamente os pacientes e o seu núcleo familiar, verificando no domicílio o uso correto do oxigê- nio, por meio de sistemas de visita domiciliar; � facilitar e estimular a manutenção do nível habitual de atividades físicas durante o uso da ODP, através da uti- lização de sistemas portáteis e de todos os equipamentos que possibilitem a movimentação do paciente; � otimizar o tratamento global do paciente. VIAJANDO COM OXIGÊNIO Os meios de transporte e os cuidados médicos vêm-se aprimorando cada vez mais nos últimos anos, assim como passageiros usuários de oxigênio estão viajando com fre- qüência cada vez maior. As viagens aéreas comerciais, por apresentar maiores desafios médicos e logísticos para sua implantação, serão objeto de ênfase neste resumo. Alterações fisiológicas relacionadas com exposi- ção à altitude Durante viagens aéreas os passageiros ficam expostos à hipóxia hipobárica porque as cabinas não são pressuri- zadas rotineiramente ao nível do mar, e o fazem habitual- mente como se estivessem entre 1.500 e 2.100 metros de altitude, de tal forma que, para avaliação da maioria dos pacientes antes do vôo, os médicos devem conside- rar uma altitude de 2.500 metros. Em pacientes portado- res de DPOC que estão compensados ao nível do mar a baixa pressão parcial de O 2 nas aeronaves pode produzir grave hipoxemia, sendo, entretanto, desconhecida a pro- porção de pacientes que sofrem problemas cardíacos du- rante viagens aéreas, tendo a DPOC como comorbidade. Habitualmente, se recomenda que a PaO 2 durante via- gem aérea seja mantida acima de 50mmHg. Embora se saiba que de dois a três litros de O 2 por minuto via cânula nasal conseguem compensar a fração inspirada de O 2 perdida a 2.500 metros, em relação ao nível do mar, para a maioria dos pacientes um fluxo incremental de um a dois litros é suficiente para manter a PaO 2 acima do desejado. Os pacientes portadores de DPOC que fazem uso de ODP necessitarão de suplementação durante os vôos. Es- tes pacientes devem receber mais oxigênio que o corres- pondente ao nível do mar, devendo ser considerada tam- bém a altitude do local de destino. Lembramos que as companhias aéreas devem ser contatadas pelo paciente com antecedência ao vôo, para discussão de suas neces- sidades, e que as mesmas não oferecem oxigênio em qual- quer traslado terrestre, incluindo em seu terminal. Não podemos esquecer a otimização do tratamento clí- nico do portador de doença pulmonar e a interação do indivíduo com seu médico, agente de viagens, fornecedor do oxigênio, nem tampouco um planejamento ideal para o dia da viagem. Interação com o médico: o médico assis- tente deve especificar o diagnóstico do paciente, o fluxo de oxigênio necessário para correção da hipoxemia du- rante o vôo e a duração requerida para aplicação do oxi- gênio. Devem ser feitas diversas cópias para apresenta- ção durante todos os vôos. Viegas CAA, Adde FV, Paschoal IA, Godoy I, Machado MCLO 348 J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 Sistema Naciona de Registro da Oxigenoterapia – Ficha inicial Identificação * 1. Nome: ________________________________________________________________________ * 2. RG: ________________________ * 3. Idade: ________anos * 4. Datanasc.: ____/____/____ * 5. Sexo: F ( ) M ( ) * 6. Peso: _____ * 7. Estatura: ______ * 8. Endereço.: ____________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________Tel: _______________________ Dados clínicos * 9. Diagnóstico de base/tempo de duração da doença: _____________________________________________________________________ * 10. Doenças associadas: ______________________________________________________________________________________________ * 11. Medicações em uso: ______________________________________________________________________________________________ * 12. Ex Tabagismo/tempo: _________________________________ Parou há ____________________________________________________ * 13. Sinais de cor pulmonale: __________________________________________________________________________________________ 14. SpO 2 de repouso: ________________________________________________________________________________data ____/____/_____ 15. SpO 2 de esforço: _______________________________________________________________________________ data ____/____/_____ 16. SpO 2 noturna: __________________________________________________________________________________data ____/____/_____ * Gasometria (ar ambiente): 17. pH: ___ 18. PaO 2 :____ 19. PaCO 2 :____ 20. HCO 3 :____ 21. BE:____ 22. SaO 2 :___ data ____/____/_____ ** Espirometria: 23. CVF_____L 24. _____% 25. VEF 1 _____ L 26. _______% 27. VEF 1 /CVF=_______% data ____/____/_____ 28. ECG: _________________________________________________________________________________________ data ____/____/_____ Ecocardiograma : 29. PMAP estimada _________________________________________________________________ data ____/____/_____ 30. Índice de apnéia/hipopnéia: ___________________________ 31. Hb: ________________________ 32. Ht:. ______________________ * Suporte ventilatório não invasivo: 33. Tipo: _____________________________________________ 34. Duração (meses):______________ Prescrição da oxigenoterapia * 35. Início: ______/______/_____ * 36. Fonte: ( ) 1. Concentrador de O 2 2. Cilindro 3. Líquido 4. Cilindro portátil Fluxo de O 2 : * 37. ________________ L/min(dia) * 38. ______________L/min(noite) * 39. _____________L/min(esforços) * 40. Tempo de uso ( ) 1. 24h/dia 2.18h/dia 3.Noturno 4. Intermitente * 41. Via de administração: ( ) 1.Catéter nasal 2.Traqueostomia 3.Transtraqueal * 42. SpO 2 com o fluxo de O 2 prescrito: __________________________________________________________________________________ * 43. Data da alta:_______/_______/_______ * 44. Data do retorno: ______/_______/_______ Médico responsável pela prescrição Nome: _________________________________________________________________________ CRM:_____________________________ 45-Instituição:_____________________________________________________________________________ Data: ______/_______/________ * = obrigatório; * * = obrigatório no primeiro retorno. Sistema Naciona de Registro da Oxigenoterapia – Ficha evolutiva (Doença estável) Nome: _____________________________________________________________________________________ RG: ___________________ * Data * Fonte * Prescrição O 2 (L/min – horas/dia) * Aderência (S/N) * Medicações em uso * Hospitalizações (nº) * Edema mmii (S/N) ECG * Hemoglobina (g/dl) * Hematócrito (%) ä J Pneumol 26(6) – nov-dez de 2000 349 Oxigenoterapia domiciliar prolongada (ODP) * SpO 2 em repouso (ar ambiente) SpO 2 em exercício (ar ambiente) * SpO 2 em repouso (FiO 2 ) SpO 2 em exercício (FiO 2 ) Caminhada 6� (m) SpO 2 noturna/FiO 2 p H PaO 2 /PaCO 2 HCO 3 /BE Sat/Ar ambiente ECO - PMAP CVF (L/%) VEF 1 (L/%) VEF 1 /CVF (%) * Resposta ao tratamento (boa/ruim/inalterada) * Intercorrências (S/N = sim ou não); * = obrigatório ä REFERÊNCIAS 11 . DeFelice A, Melillo E, Martucci M et al. 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