Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Imprimir INTRODUÇÃO Olá, estudante! Na nossa primeira aula discutiremos as políticas de atenção primária à saúde (APS), desde seu histórico e fundamentos, até seus desdobramentos mais atuais. Conhecer as políticas que permeiam a saúde no Brasil nos permite compreender os fatores que in�uenciaram sua elaboração, seu alcance atual e o que ainda precisa ser feito. Dito isto, vale ressaltar que a APS tem grande relevância para Sistema Único de Saúde (SUS) e é considerada um local estratégico para que várias ações de saúde possam ser realizadas. Ao �nal desta aula é esperado que você, aluno, entenda a relação dessas políticas com a promoção da saúde, já iniciando também o processo de associação com a alimentação e nutrição. Isso permitirá que você enxergue no seu cotidiano que a nutrição, em suas diversas áreas de atuação, e as políticas públicas de saúde, têm uma relação direta. Aula 1 POLÍTICAS DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Olá, estudante! Na nossa primeira aula discutiremos as políticas de atenção primária à saúde (APS), desde seu histórico e fundamentos, até seus desdobramentos mais atuais. 33 minutos PESQUISAS E POLÍTICAS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL Aula 1 - Políticas de Atenção Primária à Saúde Aula 2 - Políticas de alimentação e nutrição no Brasil Aula 3 - Alimentação e nutrição no Brasil Aula 4 - Avaliação do componente alimentação e nutrição: descrição da situação alimentar e nutricional da população brasileira Referências 156 minutos ATENÇÃO PRIMÁRIA E AS POLÍTICAS DE SAÚDE Historicamente, a atenção primária à saúde no Brasil começou a se desenvolver para o que conhecemos hoje, a partir da Conferência de Alma-Ata. Essa conferência, realizada na antiga União Soviética, em 1978, é considerada um marco na discussão a respeito de ações primárias de saúde, e ampliou o conceito de saúde para além da ausência de doenças. A partir dessa conferência internacional, o debate no Brasil sobre o modelo de saúde vigente daquela época foi ampli�cado. Assim, na década de 1980, os movimentos sociais e sanitário culminaram com o �m da ditadura, com a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde e com a criação do SUS. Com a Constituição Federal (CF) de 1988 (conhecida como Constituição Cidadã), a saúde passa a ser considerada um direito de todos e dever do Estado (Art. 196 da CF), além disso, são apresentadas a de�nição e as atribuições gerais do SUS, como sua organização, �nanciamento e as competências do sistema de saúde, entre outros temas. No entanto, é em 1990, com a criação da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080 de 1990) que a regulamentação das ações e serviços do SUS é detalhada, e dentre esses serviços, está a atenção primária à saúde (APS) (SOUZA; LEITE, 2020). A APS se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral e contínua à saúde (BRASIL, 2022a). A APS é considerada o primeiro nível de atenção à saúde, e por se desenvolver próximo da vida das pessoas, deve ser o primeiro local de acesso à toda rede de atenção à saúde pelos usuários e, por isso, é reconhecida como a porta de entrada do SUS (BRASIL, 2022a). No Brasil, os termos “atenção primária à saúde” e “atenção básica à saúde” são equivalentes, assim, em 2006 foi criada a primeira edição da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), com atualização mais recente em 2017 (BRASIL, 2006; BRASIL, 2017). Desde então a PNAB apresentou suas diretrizes e normas para a organização da atenção básica e tudo que a permeia, re�etindo o contexto econômico e político do país. A atenção básica é regida pelos mesmos princípios do SUS, universalidade, integralidade e equidade, e para que estes princípios sejam alcançados, outras políticas de saúde também devem ser consideradas, como a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). A PNPS foi instituída pela primeira vez em 2006 pela Portaria nº 687, de 30 de março de 2006, e atualizada e consolidada em 2017 pela Portaria de Consolidação nº 2. Diante das mudanças no cenário epidemiológico do país, a atualização da PNPS foi determinante para fortalecer a quali�cação de ações de promoção da saúde nos serviços e na gestão do SUS. A PNPS traz em sua base o conceito ampliado de saúde e o referencial teórico da promoção da saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saúde (RAS), buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social, com ampla participação e controle social. — (BRASIL, 2018) Esse conceito demonstra que a PNPS entende que a saúde e bem-estar não se limitam ao setor saúde, e que outros setores da sociedade precisam ser levados em consideração. RELAÇÃO ENTRE PNAB E PNPS NO CUIDADO À SAÚDE No Brasil, a Atenção Básica à Saúde (ABS) é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, e isso signi�ca que a ABS está próxima da realidade das pessoas e tem capacidade de responder a grande parte das demandas de saúde da população. Por esse motivo, é considerada ordenadora da rede de atenção à saúde e apresenta papel fundamental no cuidado de saúde dentro do SUS (BRASIL, 2012). Com tais características, a ABS torna-se um lugar estratégico para que diversas ações de saúde sejam realizadas, principalmente aquelas voltadas à promoção da saúde, que é um dos componentes da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Ao ofertar de iniciativas promoção da saúde, a atenção básica minimiza a demanda de seus usuários para níveis de maior complexidade da rede de atenção à saúde, ou seja, o cuidado prestado pela atenção básica, seguido do acompanhamento contínuo de seus usuários, reduz a necessidade por serviços de maior complexidade, como internações hospitalares, procedimentos cirúrgicos e alguns tipos de exames, entre outros. Nesse sentido, a promoção da saúde deve ser parte do processo de trabalho da ABS por meio de ações intersetoriais, como preconizado pela Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Dessa forma, é necessário compreender que a saúde da população é in�uenciada por fatores inerentes ao meio social, ambiental, político, cultural e econômico no qual se encontra. Tais fatores são denominados determinantes sociais de saúde e de�nem comportamentos, escolhas, posturas e percepções de indivíduos e coletividades em relação à sua própria saúde (BRASIL, 2021). Diante dessa complexidade, a intersetorialidade apresenta grande relevância para a promoção da saúde, visto que os fatores que a in�uenciam não se restringem ao setor saúde. Essa intersetorialidade deve buscar modi�car a estrutura social que favorece as iniquidades em saúde e gerar um ambiente favorável a escolhas saudáveis. No entanto, a expansão de ações de promoção da saúde para interferir nos determinantes de saúde necessita de tempo, grande mobilização de diferentes grupos da sociedade e atuação de diferentes setores, logo, os resultados esperados podem não acontecer de forma imediata. Todavia, a promoção da saúde ocorre também através do cuidado direto com o usuário, por exemplo, por meio de protocolos em saúde, na oferta de serviços da unidade de saúde, na educação permanente dos pro�ssionais, nas linhas de cuidado e no per�l dos pro�ssionais a serem contratados para compor equipes de saúde (BRASIL, 2021). Assim, a PNPS apresenta temas prioritários, os quais se relacionam diretamente com a PNAB e outras políticas públicas, e devem conduzir as iniciativas de cuidado em saúde em todos os níveis de atenção à saúde, inclusive na ABS. Esses temas são: a formação e educação permanentes, a alimentação saudável e adequada, às práticas corporais e atividade física, o enfrentamento ao uso do tabaco e derivados, assim como o enfrentamento do uso abusivo do álcool, a promoção da mobilidade segura e sustentável, a promoção da cultura da paz e de direitos humanos e a promoçãodo desenvolvimento sustentável (MELO, 2019). APLICAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA Após conhecer o histórico da atenção básica à saúde (ABS), suas características e as principais políticas que embasam as ações de saúde nesse nível de atenção, faz-se necessário entender como ocorre a aplicação prática desse conhecimento. Diante da importância da ABS para as ações de promoção da saúde, e da relação direta entre a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), é possível direcionar estratégias que favoreçam o cuidado em saúde. Vale ressaltar que a saúde vai além da ausência de doenças e que é in�uenciada por diversos fatores, sejam eles internos ou externos. Nesse sentido, ao atuar na promoção da saúde, o pro�ssional deve reconhecer que não há como assegurar o direito à saúde integral sem que outros direitos sejam assegurados também (BRASIL, 2022b). Dessa forma, para que as ações de promoção da saúde sejam efetivas é necessário que haja o diálogo entre os pro�ssionais da atenção básica e a comunidade, ao mesmo tempo em que é realizada a articulação com outros setores da sociedade. Como citado no bloco anterior, mudanças mais amplas necessitam de ações de diferentes grupos e setores, e por isso levam mais tempo para serem alcançadas. Entretanto, isso não signi�ca que estratégias não possam ser tomadas paralelamente para iniciar esse processo de transformações dentro da rotina de trabalho da atenção básica à saúde, isto é, na dimensão da clínica e da gestão. O primeiro passo deve partir do reconhecimento do território, por meio de uma análise situacional, identi�cando as demandas da população pertencente àquele território, assim como limitações e potencialidades para a promoção da saúde. A partir disso, os pro�ssionais atuarão tanto no âmbito individual quanto coletivo para a promoção e educação em saúde, visando sempre à autonomia dos indivíduos e da comunidade (BRASIL, 2022b). Nesse sentido, algumas estratégias para auxiliar nesse processo podem ser levadas em consideração, como: identi�car lideranças sociais locais que possam estar incentivando a população na adesão de ações de promoção da saúde, identi�car locais estratégicos dentro do próprio território que favoreçam a prática de hábitos saudáveis, monitorar a satisfação dos usuários e buscar soluções para possíveis problemas em parceria com a população, realizar parcerias com diferentes grupos dentro da comunidade que possam auxiliar na promoção da saúde, valorizar o conhecimento popular e cultural da região, buscando inserir as ações de saúde de forma a respeitar esse contexto, entre outros. Em conclusão, a promoção da saúde no contexto da atenção básica deve sempre prezar pelo diálogo e parcerias, visto que, para que a promoção da saúde seja realizada de maneira efetiva, outros cenários, diferentes grupos da sociedade e diferentes setores devem estar incluídos nesse processo. É importante também lembrar que devido às suas características e princípios, a atenção básica faz parte da vida das pessoas de forma contínua e que a promoção da saúde é um dos seus componentes de trabalho (BRASIL, 2012). VÍDEO RESUMO No vídeo desta primeira aula, você vai conhecer uma parte do processo histórico, a de�nição e as bases políticas da atenção básica à saúde. Essa breve introdução permitirá compreender como a atenção básica está ofertada dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), além de demonstrar o embasamento teórico da relação entre a nutrição e o campo da saúde pública. Saiba mais As indicações a seguir foram utilizadas para embasar os três blocos da primeira aula e servem para ampliar a discussão sobre as informações trabalhadas: Seção 1.1 do E-book: MELO, F. Políticas de atenção primária à saúde. In: MELO, Flavia. Políticas e Programas Aplicados à Saúde e Nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Unidade 1, seção 1.1, p. 9-20. Acessar via Biblioteca Virtual. Política Nacional de Atenção Básica: versão 2011 e sua atualização 2017. Política Nacional de Promoção da Saúde: versão 2018. Recomendações para operacionalização da política nacional de promoção da saúde na atenção primária à saúde: versão 2022. Artigo: MELO, E. A.; DE MENDONÇA, M. H. M.; OLIVEIRA, J. R.; DE ANDRADE, G. C. L. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desa�os. Saúde Debate, Rio de Janeiro, v. 42, n. 1, p. 38- 51, set. 2018. Artigo: MALTA, D. C. et al. O SUS e a Política Nacional de Promoção da Saúde: perspectivas, resultados, avanços e desa�os em tempos de crise. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, p. 1799-1809, jun. 2018. INTRODUÇÃO Olá, estudante! Na nossa segunda aula adentraremos especi�camente nas políticas de alimentação e nutrição no Brasil. Na aula anterior foi possível entender a relação entre atenção básica à saúde e a promoção da saúde, visto que um dos temas prioritários da Política Nacional de Promoção da Saúde que deve ser trabalhado na ABS é a alimentação adequada e saudável. Assim, discutiremos as políticas (PNAN, PNPS, Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde) no campo da alimentação e nutrição que embasam e direcionam a promoção de uma alimentação adequada e saudável no contexto da atenção básica à saúde, e abordaremos a segurança alimentar e nutricional, por meio da Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN). Ao �nal desta aula é esperado que o componente alimentação e nutrição possa ser reconhecido como parte importante do processo de promoção da saúde. ALIMENTAÇÃO COMO UM DIREITO GARANTIDO Aula 2 POLÍTICAS DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL Olá, estudante! Na nossa segunda aula adentraremos especi�camente nas políticas de alimentação e nutrição no Brasil. 36 minutos https://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057654aa8872fb666c31 Assim como a saúde, a alimentação também é um direito social, que passou a ser garantido por meio da Emenda Constitucional nº 64/2010. De acordo com a Constituição Federal: Porém, as ações de alimentação e nutrição no Brasil precedem a garantia desse direito na constituição, e até mesmo a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). O início da discussão acerca da alimentação e nutrição remete à década de 1930, durante o Governo Vargas, no qual o aumento da industrialização do país era também acompanhado pelo aumento da fome. Nesse mesmo período, o médico Josué de Castro investigou e denunciou as diversas formas de expressão da fome em suas obras Geogra�a da Fome e Geopolítica da Fome, nas quais apresentou a relação direta do problema da fome com o contexto político, social e econômico da população (JAIME et al., 2018). Com a instituição do salário mínimo, a criação do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) e a Comissão Nacional de Alimentação (CNA), entre os anos de 1937 e 1945, observou- se a necessidade de discutir a elaboração de uma política nacional de alimentação (VASCONCELOS, 2005). Em 1955 foi desenvolvida a Campanha de Merenda Escolar, que mais tarde se transformou no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), considerada a mais antiga política pública de segurança alimentar e nutricional (SAN) do país (BRASIL, 2017). O Brasil percorreu um longo caminho para desenvolver a agenda da alimentação e nutrição, com a criação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), do Programa de Nutrição em Saúde (PNS), do Programa de Complementação Alimentar (PCA), e do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN) etc. (VASCONCELOS, 2005). Em 1990, com a Lei nº 8.080 a alimentação passou a ser considerada um fator condicionante e determinante da saúde (BRASIL, 1990). No entanto, foi em 1999 que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi elaborada, tendo como propósito a melhoria das condições de alimentação, nutrição e saúde da população (BORTOLINI et al., 2021). Com as mudanças no cenário epidemiológico,a PNAN foi atualizada em 2011, de forma a consolidar-se como uma referência para os novos desa�os a serem enfrentados, principalmente no contexto da atenção básica à saúde (BRASIL, 2013). A PNAN tem como documento de apoio a Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, criada em 2009 e remodelada em 2022, para sistematizar a inserção e quali�cação das ações de alimentação e nutrição na ABS (BRASIL, 2009; BRASIL, 2022a). Ademais, o componente alimentação e nutrição no Brasil está diretamente relacionado com a promoção da segurança alimentar e nutricional, que deve ser desenvolvida de forma intersetorial. O marco legal da SAN no país ocorreu com a Lei Orgânica da Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN), Lei nº 11.346, de 2006, que criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN); e do Decreto nº 7.272, de 2010, que regulamentou a Lei nº 11.346 e instituiu a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PNSAN), bem como os parâmetros para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (BRASIL, 2010b). Art. 6º - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da constituição. — (BRASIL, 2010a, grifo nosso) ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO COMO PARTE DAS AÇÕES DE SAÚDE Quando a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi criada, em 1999, a desnutrição e as carências nutricionais eram prevalentes no cenário epidemiológico do país, porém com o passar do tempo ocorreram mudanças no estilo de vida, na alimentação e na forma de adoecer da população. A mudança do cenário epidemiológico no Brasil contou com a permanência da desnutrição e das carências nutricionais, ainda que em menor proporção, associadas ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT); com isso, a PNAN precisou ser atualizada de forma a contemplar essas novas demandas de saúde (BRASIL, 2013). A PNAN representa um marco da agenda da alimentação e nutrição no Brasil, principalmente por estar organizada em diretrizes que indicam as linhas de ações para o alcance do seu propósito, como: Organização da Atenção Nutricional; Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; Vigilância Alimentar e Nutricional; Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; Participação e Controle Social; Quali�cação da Força de Trabalho; Controle e Regulação dos Alimentos; Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; e Cooperação e articulação para a segurança alimentar e nutricional (SAN). Para que suas diretrizes sejam colocadas em prática, a PNAN conta com a Atenção Básica à Saúde (ABS) como ordenadora das ações de alimentação e nutrição para estabelecimento da saúde e da segurança alimentar e nutricional; por esse motivo, está diretamente vinculada à Política Nacional de Atenção Básica – PNAB, e à Política Nacional de Promoção à Saúde – PNPS (BRASIL, 2013). Para impulsionar as ações de alimentação e nutrição na ABS, além da PNAB e da PNPS, a PNAN conta também com a Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde, que tem por objetivo fornecer bases que apoiem a estruturação dos cuidados relativos à alimentação e nutrição neste âmbito. Em outras palavras, a Matriz indica os caminhos que pro�ssionais e gestores devem tomar para compor a atenção nutricional no SUS, levando em consideração as características de cada localidade e sua população no momento de elaborar e colocar em prática esses cuidados (BRASIL, 2022a). Importante ressaltar que as características da ABS, como porta de entrada do SUS, integralidade do cuidado, acompanhamento contínuo/longitudinalidade e coordenação do cuidado, favorecem o desenvolvimento de ações de promoção, prevenção e cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e nutrição, assim como a busca pela garantia da SAN. A segurança alimentar e nutricional é estabelecida no Brasil como: Diante da abrangência do conceito de SAN, apresentado pela LOSAN, a busca por sua garantia deve ocorrer de forma intersetorial, visto que a atenção básica e o SUS por si só não são capazes de responder a essa demanda. Por isso, diferentes campos e atores da sociedade, para além da área da saúde, devem estar envolvidos nesse processo, para que os resultados no processo de trabalho da atenção básica sejam efetivos (BRASIL, 2022a). Art. 3º […] a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade su�ciente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. — (BRASIL, 2006) AÇÕES DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PARA A GARANTIA DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL (SAN) NA ATENÇÃO BÁSICA As ações relativas ao cuidado nutricional que são apresentadas pela PNAN devem estar presentes em todo o Sistema Único de Saúde (SUS) de forma articulada com diversos setores da sociedade, para o alcance integral da atenção nutricional. A atenção nutricional é de�nida como os cuidados referentes à alimentação e nutrição voltados à promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos; e tem na atenção básica à saúde (ABS) um local estratégico para sua realização. Assim, a ABS desempenha o papel de ordenar e coordenar as ações de alimentação e nutrição, tendo como eixos a vigilância alimentar e nutricional (VAN), a promoção da alimentação adequada e saudável e a prevenção e controle dos agravos relacionados à alimentação e nutrição (BRASIL, 2013). Conhecer a situação de saúde da população é o primeiro passo para a tomada de decisões em prol de mudanças que promovam saúde, assim, a vigilância alimentar e nutricional desempenha papel fundamental para o alcance desse objetivo. Por meio da VAN é possível identi�car os problemas de caráter alimentar e nutricional que permeiam a população tanto no nível individual quanto coletivo, bem como seus determinantes e condicionantes (BRASIL, 2015). A VAN deve ocorrer na rotina de trabalho da atenção básica, como nas consultas individuais, nos encontros coletivos, na visita domiciliar etc., e as informações coletadas precisam ser registradas para que a gestão da atenção básica funcione. Para isso, existe o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan Web), que tem por objetivo o registro de dados antropométricos e de marcadores de consumo alimentar até a geração de relatórios (BRASIL, 2022b). A partir dos relatórios gerados, os pro�ssionais e gestores da saúde poderão planejar, executar e avaliar ações para o cuidado em saúde (BRASIL, 2015). Não é possível promover saúde se não houver segurança alimentar e nutricional. Isso �cou evidenciado com a pandemia da covid-19, a qual exacerbou desigualdades sociais e econômicas, e agravou a situação alimentar e de saúde das populações mais vulneráveis. Em decorrência das restrições sanitárias, o acesso aos serviços de saúde e de educação �caram prejudicados, re�etindo um agravamento da situação de saúde da população (BRASIL, 2021). Frequentemente, a equipe de pro�ssionais da ABS identi�ca ou é acionada diante das situações de insegurança alimentar e nutricional de pessoas que vivem no território sob sua responsabilidade. Nesse sentido, a ABS apresenta enorme potencial de contribuição à garantia da SAN por meio do rastreamento e identi�cação da insegurança alimentar e nutricional, bem como pela articulação com outros setores para promoção da SAN e garantia do direito humano à alimentação adequada, além do próprio trabalho clínico-assistencial dentro das unidades de saúde (BRASIL, 2021). Diante dessa conjuntura, a PNAN, a PNPS e a PNAB apresentam-se para alicerçar as ações de alimentação e nutrição na ABS e no Sistema Único de Saúde, e a Matriz paraOrganização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde guias essas ações, com o intuito de garantir a promoção de uma alimentação adequada e saudável e a SAN. VÍDEO RESUMO Neste vídeo você conhecerá o histórico da agenda de alimentação e nutrição no Brasil, assim como entenderá as políticas no campo da alimentação e nutrição que favorecem a promoção de uma alimentação adequada e saudável no contexto da atenção básica à saúde. Serão discutidas também as ferramentas de trabalho na ABS, bem como sua relevância para a garantia da segurança alimentar e nutricional. Saiba mais As indicações a seguir foram utilizadas para embasar os três blocos da segunda aula e servem para ampliar a discussão a respeito das informações trabalhadas: Seção 1.2 do E-book: MELO, F. A política nacional de alimentação e nutrição. In: MELO, F. Políticas e Programas Aplicados à Saúde e Nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Unidade 1, secção 1.1, p. 21-32. Acessar via Biblioteca Virtual. Política Nacional de Alimentação e Nutrição: versão 2013. Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde: versão preliminar 2022. Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional – LOSAN: Lei nº 11.346. Decreto nº 7.272. INTRODUÇÃO Olá, estudante! Na nossa terceira aula serão abordadas a questão da transição alimentar e nutricional, bem como as estratégias realizadas no Brasil para superar esse problema. As mudanças alimentares ocorridas ao longo dos anos repercutiram na forma de adoecimento da população brasileira. Entender esse processo permite buscar as soluções mais viáveis para combater tal problema. As políticas estudadas até este momento embasam as ações que devem ser realizadas em prol de uma alimentação adequada e saudável, a �m de garantir o direito humano à alimentação. No entanto, será trabalhado também o documento internacional criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Estratégia Global para a Alimentação, Atividade Física e Saúde, que orienta os países no enfretamento da transição alimentar e nutricional, bem como as medidas e políticas de enfretamento desse problema adotados pelo Brasil. AS MUDANÇAS NA ALIMENTAÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA E AS RECOMENDAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) Aula 3 ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL Olá, estudante! Na nossa terceira aula serão abordadas a questão da transição alimentar e nutricional, bem como as estratégias realizadas no Brasil para superar esse problema. 33 minutos https://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057654aa8872fb666c31 Nas últimas décadas o Brasil vem experimentando grandes mudanças socioeconômicas, demográ�cas, políticas e tecnológicas. Tais transformações tiveram consequências diretas na rotina das pessoas, impactando a forma de trabalho, produção e consumo de diferentes serviços. A agitação do cotidiano, somada à limitação do tempo, também proveniente dessa rotina, in�uenciou os hábitos alimentares das pessoas. A globalização popularizou o acesso à alimentos ultraprocessados, que são apresentados como práticos de preparar e de rápido consumo, porém são alimentos ricos em calorias, sal e aditivos químicos, e pobres em nutrientes como vitaminas, sais minerais e �bras (BARROS et al., 2021; RECINE; CARVALHO; LEÃO, 2015). A busca por essa praticidade, atrelada às mudanças comportamentais em relação à dieta é denominada transição alimentar e nutricional (BARROS et al., 2021). Aliada à transição alimentar e nutricional, observou-se também a diminuição na prática de atividade física, e a associação desses dois fatores modi�cou o per�l de adoecimento da população brasileira, caracterizado pelo aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o diabetes, hipertensão e as crescentes prevalências de sobrepeso e obesidade observadas atualmente (BRASIL, 2013). No entanto, a transição alimentar e nutricional é marcada ainda pela presença de doenças infecciosas e transmissíveis, desnutrição e carências nutricionais, impondo uma dupla carga de doenças a serem enfrentadas (RECINE; CARVALHO; LEÃO, 2015). A transição alimentar e nutricional, bem como as mudanças no per�l epidemiológico que ela acarreta, não é um problema exclusivo do Brasil, mas uma tendência mundial. Dessa forma, em um esforço para orientar os países no sentido de promover a saúde da população por meio do incentivo à alimentação saudável e atividade física, a Organização Mundial da Saúde (OMS), desenvolveu em sua 57ª Assembleia, realizada em 2004, um documento denominado Estratégia Global em Alimentação, Atividade Física e Saúde. O documento retrata a preocupação internacional com as doenças crônicas não transmissíveis, ao mesmo tempo que associam o aumento desse problema de saúde pública com a qualidade da dieta e o nível de atividade física. Além disso, o documento aponta também para outras demandas relacionadas à nutrição, como a desnutrição, as de�ciências de micronutrientes, a nutrição infantil e a alimentação de crianças pequenas (WHO, 2004). Assim, o principal objetivo da Estratégia Global em Alimentação, Atividade Física e Saúde é Como objetivos especí�cos, o documento indica quatro principais: […] promover e proteger a saúde, orientando o desenvolvimento de um ambiente propício para ações sustentáveis nos níveis individual, comunitário, nacional e global que, quando tomadas em conjunto, levarão a uma redução taxas de doenças e mortalidade relacionadas à dieta não saudável e inatividade física. — (WHO, 2004, p. 3) Segundo a OMS, essas ações têm grande capacidade para bene�ciar a saúde pública a nível mundial (WHO, 2004). IMPLANTANDO A ESTRATÉGIA GLOBAL PARA ALIMENTAÇÃO, ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA REALIDADE BRASILEIRA A Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde indica que a formulação e implantação de ações para o enfretamento da transição alimentar e nutricional devem acontecer nacional, regional e localmente. Essas medidas devem considerar o caráter regulatório, �scal e legislativo das questões que in�uenciam a saúde da população, tornando as escolhas por hábitos mais saudáveis, de fato acessíveis (WHO, 2014; BRASIL, 2013). Para que isso ocorra é necessária a elaboração de metas, a organização de uma agenda para sua realização e a consolidação de diretrizes nacionais sobre os temas discutidos, além do monitoramento e avaliação do impacto das medidas adotadas. As ações criadas a partir da estratégia devem também priorizar os grupos de maior vulnerabilidade, e ter na intersetorialidade o caminho para que os objetivos estabelecidos sejam alcançados (MELO, 2019). Alguns exemplos de ações recomendadas pela estratégia vão desde a criação de programas de educação em saúde, perpassando pelas políticas intersetoriais para a promoção da atividade física, até o cuidado com propagandas e rotulagem de alimentos, a produção agrícola e a prestação de serviços em assistência social e em saúde, entre outros. Especi�camente tratando das recomendações alimentares, a OMS orienta: (1) reduzir os fatores de risco para doenças não transmissíveis por meio de ações de saúde pública e medidas de promoção da saúde e prevenção de doenças; (2) aumentar a conscientização sobre a in�uência da dieta e atividade física na saúde; (3) estimular o desenvolvimento, fortalecimento e implementação de políticas e planos de ação globais, regionais, nacionais e comunitários para melhorar as dietas e aumentar a atividade física que sejam sustentáveis, abrangentes e intersetoriais; (4) monitorar dados; apoiar pesquisas em um amplo espectro de áreas relevantes, incluindo avaliação de intervenções; e fortalecer os recursos humanos necessários para melhorar e sustentar a saúde. — (WHO, 2004, p. 3) […] alcançar o equilíbrio energético e um peso saudável; limitar a ingestão de energia advinda de gorduras totais; mudar as fontes de gorduras, substituindo as saturadas por insaturadas; eliminar o consumo gordura trans;aumentar o consumo de frutas e verduras, legumes, grãos integrais e nozes; limitar a ingestão de açúcares simples; limitar o consumo de sal (sódio) de todas as fontes e garantir que o sal seja iodado. — (WHO, 2004) Todas essas orientações devem considerar as tradições culturais, os hábitos e os costumes alimentares nacionais, a �m de facilitar o processo de adesão às mudanças necessárias ao consumo alimentar saudável. Ao avaliar as orientações da estratégia global para alimentação, atividade física e saúde na realidade brasileira, pode-se a�rmar que o Brasil atende às propostas das Organização Mundial da Saúde (OMS). Como país parceiro da OMS, o Brasil assume em seus documentos o�ciais o compromisso com planos de ação para o combate à transição alimentar e nutricional, destacando a relevância da promoção da saúde, por meio de uma alimentação adequada e saudável e da prática de atividade física (MELO, 2019). Dentre a gama de documentos com esse foco, o país apresenta manuais que orientam o trabalho dos pro�ssionais da saúde, bem como dispõe de cartilhas e materiais que podem ser acessados diretamente pela população. Alguns exemplos são: a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), o Guia Alimentar para a População Brasileira e sua versão de bolso, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, a Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2013; BRASIL, 2018; BRASIL, 2014, BRASIL, 2021; BRASIL, 2022). RECOMENDAÇÕES PARA O ENFRETAMENTO DA TRANSIÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL A relação entre alimentação e saúde já está estabelecida, na qual a alimentação atua como um fator de risco e/ou proteção para a saúde da população. Isso é evidenciado pelo processo de transição alimentar e nutricional que afeta o mundo inteiro, e que no Brasil caracteriza-se pela múltipla carga de má nutrição, com carências nutricionais e desnutrição, além do excesso de peso e das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), sendo estes últimos diretamente associados à perda de qualidade de vida e a maiores custos ao sistema de saúde (BRASIL, 2020). Por esse motivo, a transição alimentar e nutricional é considerada um problema de saúde pública, atingindo de forma mais grave a parcela mais carente da população. Assim, seguindo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, por meio da Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, o Brasil embasou políticas, programas e ações de alimentação e nutrição, cujo alcance dos objetivos permitirá não só atender às exigências da estratégia, como favorecer a autonomia da população brasileira em relação às suas escolhas alimentares (MELO, 2019). Neste sentido, a OMS propõe que os governos forneçam informações à população para incentivar a adoção de escolhas alimentares mais saudáveis em uma linguagem acessível, que seja compreendida por todas as pessoas e que leve em conta a cultura local. A promoção de uma alimentação adequada inicia-se com a vigilância alimentar e nutricional (VAN), a qual determinará o diagnóstico alimentar e de saúde da população, para que então as estratégias sejam colocadas em prática. Um dos instrumentos formulados pelo Brasil e que alcança as demandas da Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde é a Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde (BRASIL, 2022). Dentre as recomendações para a promoção de saúde no contexto da Atenção Básica, destacam- se: • Conhecer o contexto social, econômico e cultural da população adscrita, identi�cando fatores de vulnerabilidade e como esse contexto interfere em sua alimentação. • Conhecer os equipamentos sociais (creches, escolas, centros de convivência de idosos, ONG, instituições religiosas, entre outros) e as pessoas que exercem papel de referência/liderança no território para identi�car potencialidades para possíveis parcerias para a promoção da alimentação adequada e saudável. • Conhecer o ambiente alimentar do território, identi�cando facilitadores e obstáculos para a garantia da alimentação adequada e saudável. • Identi�car as características do consumo alimentar da família antes de dar orientações ou propor estratégias. • Promover e realizar ações de educação alimentar e nutricional com ênfase na promoção da alimentação adequada e saudável por meio do consumo de alimentos regionais. • Estimular o consumo de alimentos saudáveis nas confraternizações da UBS, levando exemplos de comidas saborosas e saudáveis para os usuários. • Estimular o consumo regular de água potável. • Orientar e monitorar, quando pertinente, procedimentos de preparo, manipulação, armazenamento, conservação e administração da alimentação, considerando os hábitos e condições sociais da família. • Estimular atividades físicas e práticas corporais regulares e outras ações que contribuam na promoção da saúde (BRASIL, 2022). VÍDEO RESUMO Neste vídeo você entenderá o conceito e as interfaces da transição alimentar e nutricional, e os esforços a nível global e nacional para o enfretamento desse problema de saúde pública. Você compreenderá também os caminhos que norteiam as ações para o efetivo combate a esse problema. Ao �nal da aula, você terá acesso a algumas recomendações de um dos principais documentos elaborados pelo Brasil para a promoção de uma alimentação adequada e consequentemente, da saúde. Saiba mais As indicações a seguir foram utilizadas para embasar os três blocos da terceira aula e servem para ampliar a discussão sobre as informações trabalhadas: Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde: versão preliminar 2022. Guia alimentar para a população brasileira: 2014. Artigo: PIRES, A. C. L. et al. Um olhar para as experiências de Alimentação e Nutrição do Prêmio APS Forte. APS em Revista, v. 2, n. 3, p. 285-297, set./dez. 2020. Aula 4 INTRODUÇÃO Olá, estudante! Na quarta aula discutiremos os estudos em alimentação e nutrição no Brasil. A avaliação desse componente é de grande importância, pois permite gerar um diagnóstico da situação alimentar e nutricional da população, e assim orientar ações de promoção da saúde. Pesquisas que buscam entender a alimentação e os fatores que a in�uenciam são parte da realidade brasileira e ocorrem de diferentes formas. Assim, conheceremos as principais pesquisas que aconteceram no Brasil no decorrer dos anos. Além disso, abordaremos os desa�os da alimentação e nutrição no que concerne à avaliação, bem como as potencialidades das pesquisas e inquéritos desse componente. A IMPORTÂNCIA DAS PESQUISAS EM SAÚDE O planejamento das ações de saúde é um dos requisitos para que qualquer programa ou atividade se desenvolvam de maneira bem-sucedida. No entanto, um bom planejamento deve ser embasado nos resultados oriundos do monitoramento das condições de saúde, alimentação e nutrição da população (SPERANDIO; PRIORE, 2017). Monitorar as ações de saúde permite reconhecer as possibilidades para o seu aprimoramento, bem como justi�car investimentos ou economia de recursos (BRASIL, 2018). Somado a isto, acompanhar as ações de saúde e os fatores que a in�uenciam, por meio de processos avaliativos e pesquisas, permite o planejamento baseado em dados reais e atuais, favorecendo o direcionamento de ações efetivas e, consequentemente, mais resolutivas (MELO, 2019). Para o alcance de respostas referentes ao estado de saúde da população e ao acesso aos serviços de saúde, no Brasil contamos com inquéritos populacionais, programas de avaliação e pesquisas oriundas de trabalhos acadêmicos. Na atenção básica à saúde (ABS), por exemplo, a avaliação é parte da Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) e deve ser institucionalizada de maneira a realizar o monitoramento dos serviços prestados, para a garantia do acesso e da qualidade na atenção em saúde a toda a população (BRASIL, 2012). Nessa perspectiva,diversos esforços têm sido empregados no sentido de avaliar as ações e os resultados do trabalho nesse nível de atenção à saúde. Por essa razão, foi criado em 2011 o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), o qual tinha por objetivo a avaliação e o �nanciamento da atenção básica à saúde (BRASIL, 2011). No entanto, o PMAQ foi extinto em 2019, por meio da Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019, sendo substituído pelo Programa Previne Brasil, o qual estabeleceu um novo modelo de �nanciamento de custeio da Atenção Básica à Saúde (BRASIL, 2019). A avaliação das ações de alimentação e nutrição não era o principal objetivo do PMAQ, no entanto, o programa apresentava questões que correspondiam à atenção alimentar e nutricional, sendo, portanto, uma fonte para a avaliação deste componente (SILVA, 2019). Outras fontes mais especí�cas de acompanhamento da situação alimentar, nutricional e de saúde da população são os inquéritos populacionais que incluem variáveis AVALIAÇÃO DO COMPONENTE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO: DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL DA POPULAÇÃO BRASILEIRA Olá, estudante! Na quarta aula discutiremos os estudos em alimentação e nutrição no Brasil. 34 minutos antropométricas e de consumo alimentar, os quais servem para descrever e monitorar a condição alimentar e nutricional da população, e assim amparar a tomada de decisões com o intuito de promover saúde, por meio da promoção de uma alimentação adequada e saudável (SPERANDIO; PRIORE, 2017). O Brasil apresenta uma gama de pesquisas que auxiliaram e ainda auxiliam no estabelecimento de um diagnóstico alimentar e de saúde da população, e que foram se aprimorando com o tempo e com as mudanças epidemiológicas do país, tais como: a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN), a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), entre outras. Todas essas pesquisas populacionais apresentam como característica comum sua ampla representatividade, isto é, todas elas apresentam informações a nível nacional, cujos resultados de uma amostra são extrapolados para representar toda a população. CONHECENDO AS PRINCIPAIS PESQUISAS NUTRICIONAIS E DE SAÚDE DO BRASIL O Brasil apresenta um histórico de pesquisas que descrevem a situação de saúde da população, o acesso a serviços e as ações de saúde ofertadas. Algumas dessas pesquisas inclusive permanecem até os dias de hoje. Alguns exemplos são: • Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): iniciada em 1967, cujo objetivo era coletar dados por meio de pesquisa de domicílios, para investigar características sociais e econômicas. Inicialmente as pesquisas eram trimestrais, mas depois se tornaram anuais. A PNAD foi encerrada em 2016, com a divulgação das informações referentes a 2015 (MELO, 2019; IBGE, 2022a). • Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF): foi realizado entre 1974 e 1975, dentro da PNAD, com o objetivo de avaliar o consumo alimentar, a estrutura de despesa familiar e o estado nutricional da população brasileira. Foi o primeiro estudo de consumo alimentar populacional do Brasil (MELO, 2019). Utilizou a metodologia de pesagem direta dos alimentos pelo período de sete dias consecutivos, porém apresentou limitações, como custo elevado, alta complexidade, extenso período de coleta, interferência do pesquisador na rotina alimentar, dentre outras (SPERANDIO; PRIORE, 2017). • Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF): teve início em 1987, com o objetivo de avaliar as estruturas de consumo, gastos e rendimentos, oferecendo um per�l das condições de vida da população (IBGE, 2022b). A edição de 2008/2009, além dos dados de disponibilidade, avaliou o consumo alimentar individual de uma subamostra da população (SPERANDIO; PRIORE, 2017). Na versão mais recente, que ocorreu entre 2017 e 2018, a POF apresentou a avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil (IBGE, 2020). • Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN): Aconteceu uma única vez em 1989, em parceria com o extinto Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), e trabalhou informações acerca do consumo alimentar e antropometria (SPERANDIO; PRIORE, 2017). • Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel): Teve início em 2006 e permanece até os dias atuais. Sua última divulgação foi em 2021. Ocorre em todo país (capitais e Distrito Federal) e objetiva monitorar a frequência e a distribuição dos principais fatores de risco e de proteção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (BRASIL, 2021). • Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): é uma pesquisa realizada com escolares adolescentes, desde 2009, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE) e com o apoio do Ministério da Educação (MEC). O objetivo da pesquisa é subsidiar o monitoramento de fatores de risco e proteção à saúde em escolares do Brasil. Sua versão mais recente foi realizada em 2019 (BRASIL, 2022c). • Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ): foi criado em 2011 e encerrado em 2019, dando lugar ao Programa Previne Brasil, o qual modi�ca a forma de avaliação e �nanciamento da ABS. Tinha por objetivo principal induzir a ampliação do acesso e a melhoria da qualidade da atenção básica, por meio de um conjunto de estratégias de quali�cação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O PMAQ ocorreu em três ciclos: 2011/2012; 2014/2015; e 2017/2018 (BRASIL, 2022b). POTENCIALIDADES E DESAFIOS DAS PESQUISAS EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO Para conhecer a realidade local, uma possibilidade é a utilização dos sistemas de informação em saúde, que no caso especí�co de indicadores alimentares e nutricionais, é o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan Web) (SPERANDIO; PRIORE, 2017). No entanto, para ampliar a representatividade de determinada situação alimentar e nutricional, pesquisas em nível nacional e/ou regional precisam ser realizadas, como os estudos e inquéritos populacionais que incluem variáveis antropométricas e de consumo alimentar discutidos no bloco anterior (SPERANDIO; PRIORE, 2017). A realização de pesquisas com proporção nacional, como grandes inquéritos populacionais, são permeados por alguns desa�os, como alto custo, excessivo trabalho operacional, continuidade da pesquisa, di�culdades em ter amostras representativas por regiões, rigor metodológico e análise e interpretação dos dados coletados (BRASIL, 2022a; SPERANDIO; PRIORE, 2017). Um exemplo de tentativa para contornar os obstáculos ligados esse tipo de pesquisa são as chamadas nutricionais desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. As chamadas nutricionais são estratégias largamente utilizadas durante grandes campanhas nacionais de imunização, e tem por objetivo mobilizar a população e os gestores de saúde em torno da necessidade de acompanhar o crescimento e desenvolvimento na infância. O levantamento de informações sobre a situação de saúde, dados antropométricos e consumo alimentar de crianças menores de cinco anos, associado a outro evento de saúde relevante, permite otimizar tempo, produtividade e recursos no processo de coleta de dados (BRASIL, 2022a). Outro ponto de destaque diz respeito à forma como a coleta de dados acontece. Para que haja qualidade na obtenção das informações, é necessária precisão metodológica na coleta dos dados, ou seja, é importante que haja um preparo por parte dos pesquisadores antes da busca pelas informações, por meio da consulta dos documentos que detalham os aspectos metodológicos das pesquisas (SPERANDIO; PRIORE, 2017). Por �m, o uso dos dados coletados pelas pesquisas, estudos e inquéritos alimentares ede saúde também deve apresentar uma análise rigorosa e �dedigna. Uma alternativa para superar problemas de interpretação remete à capacitação de pro�ssionais nesse sentido, aprimorando disciplinas de metodologia cientí�ca em cursos de pós-graduação em saúde pública, saúde coletiva e nutrição, e contando com a participação de pro�ssionais estatísticos para ampliar a discussão e o campo de oportunidades envolvendo diferentes pro�ssionais e áreas (SPERANDIO; PRIORE, 2017). Apesar dos desa�os, a realização contínua e regular de pesquisas que abordem a disponibilidade domiciliar de alimentos, o consumo alimentar individual e o estado nutricional da população brasileira são de fundamental importância (BRASIL, 2013). Essas pesquisas se relacionam ao gerar indicadores de alimentação e nutrição que descrevem a situação de saúde da população e auxiliam na tomada de decisão, além de subsidiarem a gestão das ações de alimentação e nutrição e o trabalho em saúde, reforçando o acompanhamento da situação alimentar e nutricional da população e sua aplicação nos instrumentos de planejamento do SUS (BRASIL, 2013). VÍDEO RESUMO Neste vídeo serão abordadas as principais pesquisas em alimentação e nutrição no Brasil. Você terá a oportunidade de conhecer o histórico de pesquisas e inquéritos alimentares realizados no país, os desa�os que permeiam a realização dessas pesquisas e possíveis solução para superá-los, assim como sua importância para o planejamento das ações em saúde. Saiba mais As indicações a seguir foram utilizadas para embasar os três blocos da quarta aula e servem para ampliar a discussão a respeito das informações trabalhadas: Seção 1.3 do E-book: MELO, F. Estudos de alimentação e nutrição no Brasil. In: MELO, F. Políticas e programas aplicados à saúde e nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 33- 46. Acessar via Biblioteca Virtual. Artigo: SPERANDIO, N.; PRIORE, S. E. Inquéritos antropométricos e alimentares na população brasileira: importante fonte de dados para o desenvolvimento de pesquisas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p. 499-508, fev. 2017. Aula 1 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. O que é Atenção Primária? Brasília, DF, 2022a. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/smp/smpoquee. Acesso em: 11 nov. 2022. REFERÊNCIAS 20 minutos https://biblioteca-virtual.com/detalhes/ebook/6087057654aa8872fb666c31 https://aps.saude.gov.br/smp/smpoquee BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [1988]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 11 nov. de 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria nº. 648, de 28 de março de 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Política Nacional de Promoção da Saúde: consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS. Brasília, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Doenças não Transmissíveis. Promoção da Saúde: aproximações ao tema. Caderno 1, Brasília, 2021. Disponível em: https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas- cronicas-nao-transmissiveis/observatorio-promocao-a- saude/doc/promocao_saude_aproximacoes_tema_05_2021.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Recomendações para operacionalização da política nacional de promoção da saúde na atenção primária à saúde. Brasília, 2022b. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/recomendacoes_politica_promocao_atencao_saude.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022. MELO, F. Políticas de atenção primária à saúde. In: MELO, F. Políticas e Programas Aplicados à Saúde e Nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Unidade 1, secção 1.1, p. 9-20. SOUZA, N. O. de; LEITE, L. História das Políticas de Saúde no Brasil. In: SOUZA, N. O. de; LEITE, L. SUS em mapas mentais. Salvador: Sanar, 2020. Cap. 1, p. 11-26. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude.pdf https://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-cronicas-nao-transmissiveis/observatorio-promocao-a-saude/doc/promocao_saude_aproximacoes_tema_05_2021.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/recomendacoes_politica_promocao_atencao_saude.pdf Aula 2 BORTOLINI, G. A. et al. Evolução das ações de nutrição na atenção primária à saúde nos 20 anos da Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Brasil. Cad. Saúde Pública, n. 37, supl. 1, 2021. BRASIL. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília, 2006. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- 2006/2006/lei/l11346.htm. Acesso em: 15 nov. 2022. BRASIL. Casa Civil. Emenda Constitucional nº 64, de 4 de fevereiro de 2010. Altera o art. 6º da Constituição Federal, para introduzir a alimentação como direito social. Brasília, 2010a. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc64.htm. Acesso em: 15 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Educação. Programa de referência mundial na alimentação escolar completa 62 anos. MEC, 30 mar. 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/46891-pnae- 62- anos#:~:text=Origem%20%E2%80%94%20Criado%20com%20o%20nome,alimentar%20e%20nutricional%20do% 20Brasil. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Matriz de ações de alimentação e nutrição na atenção básica de saúde. Brasília, 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_alimentacao_nutricao.pdf. Acesso em: 17 nov. 2022. BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Casa Civil. Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010. Regulamenta a Lei n. 11.346, de 15 desetembro de 2006, que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN, institui a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – PNSAN, estabelece os parâmetros para a elaboração do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, e dá outras providências. Brasília, 2010b. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/decreto/d7272.htm. Acesso em: 18 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Marco de referência da vigilância alimentar e nutricional na atenção básica. Brasília, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc64.htm http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/222-537011943/46891-pnae-62-anos#:~:text=Origem%20%E2%80%94%20Criado%20com%20o%20nome,alimentar%20e%20nutricional%20do%20Brasil https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_alimentacao_nutricao.pdf https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7272.htm https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_alimentar.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Insegurança Alimentar na Atenção Primária à Saúde: Manual de Identi�cação dos domicílios e Organização da Rede. Brasília, 2021. Disponível em: https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=NDY4OTA%2C. Acesso em: 19 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde. Brasília, 2022a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_organizacao_cuidados_alimentacao_aps.pdf. Acesso em: 19 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. 2022b. Disponível em: https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/. Acesso em: 20 nov. 2022. JAIME, P. C. et al. Um olhar sobre a agenda de alimentação e nutrição nos trinta anos do Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 23, n. 6, p.1829-1836, 2018. VASCONCELOS, F. de A. G. Combate à fome no Brasil: uma análise histórica de Vargas a Lula. Rev Nutr, v. 18, n. 4, p. 439-457, ago. 2005. Aula 3 BARROS, D. de M. et al. A in�uência da transição alimentar e nutricional sobre o aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 7, n. 7, p. 74647-74664, jul. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf. Acesso em: 18 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 22 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Política Nacional de Promoção da Saúde: consolida as normas sobre as políticas nacionais de saúde do SUS. Brasília, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude.pdf. Acesso em: 11 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Atlas da Situação alimentar e nutricional no Brasil: excesso de peso e obesidade da população adulta na Atenção Primária à Saúde. Brasília, 2020. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atlas_situacao_alimentar_nutricional_populacao_adulta.pdf. Acesso https://www.saude.rj.gov.br/comum/code/MostrarArquivo.php?C=NDY4OTA%2C https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_organizacao_cuidados_alimentacao_aps.pdf https://sisaps.saude.gov.br/sisvan/ https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_promocao_saude.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atlas_situacao_alimentar_nutricional_populacao_adulta.pdf em: 22 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia de Atividade Física para a População Brasileira. Brasília, 2021. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_�sica_populacao_brasileira.pdf. Acesso em: 23 nov. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Matriz para Organização dos Cuidados em Alimentação e Nutrição na Atenção Primária à Saúde. Brasília, 2022a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_organizacao_cuidados_alimentacao_aps.pdf. Acesso em: 23 nov. 2022. MELO, F. A política nacional de alimentação e nutrição. In: MELO, F. Políticas e Programas Aplicados à Saúde e Nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. Unidade 1, secção 1.1, p. 21-32. RECINE, E.; CARVALHO, M. de F.; LEÃO, M. O papel do nutricionista na atenção primária à saúde. 3. ed. Brasília: Conselho Federal de Nutricionistas, 2015. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp- content/uploads/2015/11/livreto-atencao_primaria_a_saude-2015.pdf. Acesso em: 23 nov. 2022. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global Strategy on Diet, Physical Activity and Health. Genebra: 57th World Health Assembly, 2004. Aula 4 BRASIL. Portaria nº 1.645, de 2 outubro de 2015. Dispõe sobre o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Brasília, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1645_01_10_2015.html. Acesso em: 27 out. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Brasília, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf. Acesso em: 1 dez. 2022. BRASIL. Casa Civil da Presidência da República […]. Avaliação de políticas públicas: guia prático de análise ex post. Brasília, v. 2, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Portaria nº 2.979, de 12 de novembro de 2019. Institui o Programa Previne Brasil. Brasília, 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2019/prt2979_13_11_2019.html. Acesso em: 1 dez. 2022. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/matriz_organizacao_cuidados_alimentacao_aps.pdf https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2015/11/livreto-atencao_primaria_a_saude-2015.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2015/prt1645_01_10_2015.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2019/prt2979_13_11_2019.html Imagem de capa: Storyset e ShutterStock. BRASIL. Ministério da Saúde.Vigilância Alimentar e Nutricional. Inquéritos populacionais e chamadas nutricionais. Brasília, 2022a. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/vigilanciaalimentar/inqueritos. Acesso em: 1 dez. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Brasília, 2022b. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/pmaq#:~:text=Programa%20Nacional%20de%20Melhoria%20do,oferecidos%20ao s%20cidad%C3%A3os%20do%20territ%C3%B3rio. Acesso em: 1 dez 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Brasília, 2022c. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/p/pense. Acesso em: 1 dez. 2022. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis – Vigitel. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográ�ca de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Brasília, 2021. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O que é? Brasília, 2022a. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html? =&t=o-que-e. Acesso em: 1 dez. 2022. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares. O que é? 2022b. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/24786-pesquisa-de- orcamentos-familiares-2.html?edicao=27139&t=o-que-e. Acesso em: 1 dez. 2022. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil. Rio de Janeiro, 2020. MELO, F. Estudos de alimentação e nutrição no Brasil. In: MELO, F. Políticas e programas aplicados à saúde e nutrição. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. p. 33-46. SILVA, F. M. V. A. Alimentação e Nutrição na Atenção Básica à Saúde: estudo a partir da avaliação externa do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica – PMAQ. 2019. Dissertação (Mestrado) – Escola de Nutrição, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2019. SPERANDIO, N.; PRIORE, S. E. Inquéritos antropométricos e alimentares na população brasileira: importante fonte de dados para o desenvolvimento de pesquisas. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 2, p. 499-508, fev. 2017. https://storyset.com/ https://www.shutterstock.com/pt/ https://aps.saude.gov.br/ape/vigilanciaalimentar/inqueritos https://aps.saude.gov.br/ape/pmaq#:~:text=Programa%20Nacional%20de%20Melhoria%20do,oferecidos%20aos%20cidad%C3%A3os%20do%20territ%C3%B3rio https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/p/pense https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios.html?=&t=o-que-e https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/saude/24786-pesquisa-de-orcamentos-familiares-2.html?edicao=27139&t=o-que-e Imprimir INTRODUÇÃO Olá! Nesta aula, você conhecerá os conceitos de políticas e programas aplicados à saúde e nutrição. Abordaremos os principais programas e ações desenvolvidos no Brasil que integram as redes de proteção social e são considerados estratégias que visam à promoção do desenvolvimento social e humanitário, sendo responsáveis pela saúde alimentar dos brasileiros. Nesse contexto, o conteúdo apresentado fornecerá o embasamento para discussão e re�exão sobre políticas e programas, bem como direcionará a conduta do pro�ssional. O conhecimento desses programas é uma ferramenta importante para os pro�ssionais da área da saúde, pois viabiliza cuidados voltados para promoção, proteção da saúde, prevenção, diagnóstico e tratamento de agravos. Tais programas e políticas públicas garantem que os direitos sociais sejam respeitados e, como futuro pro�ssional da saúde, é de extrema importância conhecê-los para informar a população de interesse sobre seus direitos e deveres como cidadãos. Bons estudos! Aula 1 PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA CONDICIONADA Olá! Nesta aula, você conhecerá os conceitos de políticas e programas aplicados à saúde e nutrição. 32 minutos PROGRAMAS DE SAÚDE E DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO NO BRASIL Aula 1 - Programas de transferência de renda condicionada Aula 2 - Programas de alimentação coletiva Aula 3 - Programas de suplementação de micronutrientes Aula 4 - Programas de Promoção da Alimentação Infantil Referências 143 minutos PROGRAMAS E POLÍTICAS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E TRANSFERÊNCIA DE RENDA CONDICIONADA Os programas de transferência condicional de renda são considerados uma forma de proteção social. Com a �nalidade de diminuir os impactos de pobreza, extrema pobreza, fome e vulnerabilidade social, o Estado transfere recursos monetários para os indivíduos que se enquadram nos critérios estabelecidos (CECCHINI et al., 2009). O Fome Zero (Figura 1) foi programa do Governo Federal que tinha como objetivo principal o direito à alimentação da população brasileira. Tratava-se de uma estratégia para garantir cidadania às populações mais vulneráveis à fome, oferecendo quantidade, qualidade e regularidade de alimentos. Esse programa foi um exemplo de ação intersetorial, já que incluiu ações para promover produção e distribuição de alimentos de qualidade, além de inclusão social, educação alimentar e nutricional, estimulando a agricultura e a economia local (BRASIL, 2003). Figura 1 | Logo do programa Fome Zero Fonte: Wikimedia Commons. Um dos maiores programas de transferência condicional de renda no mundo, o Bolsa Família (PBF), é considerado um importante indicador para redução dos níveis de pobreza e fome. Esse programa social (Figura 2), além de viabilizar o acesso aos serviços públicos de saúde, educação e proteção social, atua no combate à fome, na promoção de segurança alimentar e nutricional e no incentivo à capacitação sustentável de famílias que vivem em situação de vulnerabilidade, pobreza ou extrema pobreza (BRASIL, 2004). Figura 2 | Logo do programa Bolsa Família Fonte: Wikimedia Commons. O Brasil sem Miséria (BSM, Figura 3) foi um programa que tinha como objetivo assegurar tanto a renda para diminuir a situação de extrema pobreza quanto o acesso aos serviços públicos, visando melhorar as condições de educação, saúde e cidadania das famílias e inclusão produtiva. Assim, tornava-se possível aumentar as capacidades e as oportunidades de trabalho, gerando assim renda entre as famílias mais pobres do campo e da cidade (BRASIL, 2014). Figura 3 | Logo do programa Brasil sem Miséria Fonte: adaptada de FETRAFI-SP (2017, [s. p.]). O programa Brasil Carinhoso (Figura 4) consistia na transferência automática de recursos �nanceiros para custear despesas com manutenção e desenvolvimento da educação infantil, contribuir com as ações de cuidado integral, segurança alimentar e nutricional, além de garantir o acesso e a permanência da criança na educação infantil. Os recursos eram destinados aos alunos de zero a 48 meses de idade, matriculados em creches públicas ou conveniadas com o poder público, cujas famílias eram bene�ciárias do Bolsa Família. O apoio �nanceiro era encaminhado aos municípios (e ao Distrito Federal) que informavam, no censo escolar do ano anterior, a quantidade de matrículas de crianças de zero a 48 meses, nas características mencionadas anteriormente (BRASIL, 2012). Figura 4 | Logo do programa Brasil Carinhoso Fonte: adaptada de Cadastro ([s. d., s. p.]). O Auxílio Brasil (Figura 5) integrava, em apenas um programa, várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda. Foi destinado às famílias em situação de pobreza, extrema pobreza e em regra de emancipaçãoem todo país. Além de garantir a renda básica, esse programa visou simpli�car a cesta de benefícios e estimular a emancipação das famílias para que alcançassem a autonomia e superassem a vulnerabilidade social. A ideia era conseguir, em somente um programa de transferência condicional de renda, atingir todas as necessidades da família em situação de risco social (BRASIL, 2021). É interessante mencionar que o Auxílio Brasil chegou a substituir o Bolsa Famíllia a partir de novembro de 2021, mas ele passou a ser Bolsa Família novamente. Figura 5 | Logo do programa Auxílio Brasil Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome ([s. d.]). PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A POPULAÇÃO BRASILEIRA Os programas de transferência condicional de renda são políticas públicas que integram as redes de proteção social e tiveram início em 1990 em alguns países da América Latina. O Brasil tem um dos programas de maior cobertura social, o Bolsa Família; para receber o benefício, é necessário cumprir algumas condições: • A carteira de vacinação precisa estar atualizada, além disso, deve-se levar as crianças a cada 6 meses para pesar, medir e serem examinadas nas unidades básicas de saúde. • Gestantes e mães que amamentam devem realizar o pré-natal, continuar o acompanhamento após o parto, participar das atividades educativas desenvolvidas pelas equipes de saúde da atenção básica sobre aleitamento materno e alimentação saudável. • Frequência mínima da criança e do adolescente nas atividades de ensino regular e nas ações socioeducativas e de convivência (jornada ampliada) no percentual mínimo de 85% (oitenta e cinco por cento) da carga horária mensal. O público-alvo do Bolsa Família são famílias em situação de pobreza e famílias em situação de extrema pobreza (BRASIL, 2004). Já o Brasil sem Miséria era voltado para famílias com renda familiar inferior a R$ 70,00 mensais por pessoa. O programa se organizava em três eixos: garantia de renda, aliviando a situação de extrema pobreza; acesso a serviços públicos; melhoria das condições de educação, saúde e cidadania das famílias; inclusão produtiva, com o objetivo de aumentar as capacidades e as oportunidades de trabalho e geração de renda entre as famílias mais vulneráveis (BRASIL, 2003). O programa Brasil Carinhoso: Por sua vez, o Auxílio Brasil tinha como principais objetivos: [consistia] na transferência automática de recursos �nanceiros, sem necessidade de convênio ou outro instrumento congênere. As transferências aos municípios e ao Distrito Federal [eram] feitas em duas parcelas. O montante [era] calculado com base em 50% do valor anual mínimo por matrícula em creche pública ou conveniada, em período integral e parcial, de�nido para o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Pro�ssionais da Educação (Fundeb). — (BRASIL, 2012) Todos os programas de transferência de renda visam combater a fome, reduzir a mortalidade infantil, erradicar o trabalho infantil/proteger o trabalhador adolescente, assegurar os serviços de proteção à população mais vulnerável à exclusão social, diminuindo a pobreza na tentativa de promover a igualdade social (BRASIL, 2008). OBJETIVO DOS PROGRAMAS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS APLICADOS À SAÚDE E NUTRIÇÃO O Governo Federal direciona a atenção ao desenvolvimento de políticas públicas sociais para promover a distribuição de recursos para a sociedade. Essas políticas construídas têm o objetivo de realizar a tão desejada justiça social e o combate à fome e à miséria, para que as desigualdades sociais sejam corrigidas. As ações sociais são direcionadas ao atendimento das famílias que vivem em condições de baixa renda, com restrição alimentar, de saúde e educação e com o objetivo de auxiliar na ascensão social. Esses programas investem em capital humano para promover melhor qualidade de vida à sociedade e são respostas para os problemas sociais com base nos direitos sociais, de renda e de trabalho (ESPÍNOLA; ZIMMERMANN, 2018). Os programas de transferência condicionada de renda ganharam destaque como políticas públicas de proteção social e combate à fome e à pobreza em diversos países, inclusive no Brasil. Essas políticas são uma estratégia internacionalmente conhecida e uma iniciativa dos Estados para atingir acordos internacionais de saúde, respeitando e promovendo o direito à alimentação adequada. Os programas de transferência de renda proporcionam acesso a alimentos de qualidade e em quantidade su�ciente, visto que o aumento na prevalência de excesso de peso infantil é uma realidade nas classes de baixa renda, possivelmente devido ao maior consumo de itens ricos em gordura e carboidrato, pois têm menores · Promover a cidadania com garantia de renda e apoiar, por meio dos benefícios ofertados pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a articulação de políticas voltadas aos bene�ciários. · Promover, prioritariamente, o desenvolvimento de crianças e adolescentes, por meio de apoio �nanceiro a gestantes, nutrizes, crianças e adolescentes em situação de pobreza ou extrema pobreza. · Promover o desenvolvimento de crianças na primeira infância, com foco na saúde e nos estímulos a habilidades físicas, cognitivas, linguísticas e socioafetivas, de acordo com o disposto na Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. · Ampliar a oferta do atendimento de crianças em creches. · Estimular crianças, adolescentes e jovens a terem desempenho cientí�co e tecnológico de excelência. · Estimular a emancipação de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. — (BRASIL, 2021) preços disponíveis no mercado, e os processados prontos para o consumo, escolhas rápidas para alimentação. Importante ressaltar que existe elevada prevalência de excesso de peso e inadequações no consumo alimentar de bene�ciários do Bolsa Família quanto ao consumo de bebidas açucaradas como os refrigerantes (LEÃO, 2013). A segurança alimentar e nutricional é um importante fator a ser discutido nesses programas que contemplem o combate tanto à desnutrição quanto ao sobrepeso e à obesidade. Programas de distribuição de renda como o Bolsa Família podem contribuir mais efetivamente para o bem-estar nutricional dos bene�ciários quando combinados com outros tipos de intervenções, como ações de promoção de alimentação saudável, regulamentação da propaganda de alimentos, suplementação e forti�cação de alimentos, alimentação escolar, programas de infraestrutura e ações que impactam o sistema produtivo, como geração de emprego, formalização do trabalho, estabilidade dos preços dos alimentos e apoio à agricultura familiar (COTTA, 2013). VÍDEO RESUMO No vídeo desta aula, você identi�cará diferentes programas e políticas públicas de transferência condicional de renda e auxílio social do Brasil, com o objetivo de promover saúde, qualidade de vida, educação e segurança social. Como futuro pro�ssional da saúde, você deve entender as diferenças entre as políticas e os programas e como eles podem garantir os direitos das pessoas. Assim, será possível orientar seus futuros pacientes ao programa assistencial que mais se encaixe na real necessidade. Saiba mais Acesse o site o�cial do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome para �car por dentro de todas as políticas públicas atuais e em exercício. O artigo A dimensão da pobreza, da desnutrição e da fome no Brasil (MONTEIRO, 2003) apresenta informações muito interessantes sobre esse assunto no Brasil. INTRODUÇÃO Aula 2 PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA Olá! Nesta aula, você conhecerá alguns programas de alimentação coletiva, como os Restaurantes Populares, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) 30 minutos https://www.gov.br/cidadania/pt-br/acoes-e-programas https://www.scielo.br/j/ea/a/PcfwPvTcqcT7P4vS8KFZYjQ/?lang=pt&format=pdf Olá! Nesta aula, você conhecerá alguns programas de alimentação
Compartilhar