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DIREITO DOS CONTRATOS – AV2 EFEITOS DO CONTRATO EM RELAÇÃO A TERCEIROS 1. TERCEIRO PREJUDICADO POR UMA RELAÇÃO CONTRATUAL DA QUAL NÃO FEZ PARTE: - bystander (consumidor por equiparação) Art.17, CDC - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. Súmula 469 do STJ " As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias." Risco relativo a própria atividade exercida pelas instituições financeiras, assim, é responsabilizada objetivamente pelos riscos esperados pela própria atividade (álea da atividade) Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir. – Fortuito externo; risco não pode ser previsto por não ser de natureza do exercício normal da atividade 2. CREDOR PREJUDICADO PELO COMPORTAMENTO DE TERCEIRO (TUTELA EXTERNA DO CRÉDITO): Teoria do terceiro cúmplice (terceiro ofensor) – não se aplica apenas ao direito de família Pode pedir perdas e danos do terceiro que está atrapalhando a execução do contrato entre as partes. Assim, a execução do contrato só pode ser exigida entre as partes, mas seu conteúdo é imposto para todos. Enunciado n.21 da I Jornada: A função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. Proteção do contrato em relação a intervenção de terceiros Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos Trata de prestação de serviço; aquele que aliciou vai ter que pagar o valor que seria pago pelo contratante ao contratado aliciado por dois anos 3. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (art. 436 a 438, CC) Maria Helena Diniz: “a estipulação em favor de terceiro é um contrato estabelecido entre duas pessoas, em que uma (estipulante) convenciona com outra (promitente) certa vantagem patrimonial em proveito de terceiro (beneficiário) alheio à formação do vínculo contratual”; O beneficiário sequer participa da relação contratual, assim a substituição do beneficiário fica sujeita a vontade do contratante. Comum em seguro de vida; doações com encargo Art.436 - O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. Obs: Art.794; o seguro de vida não entra no inventário, porque o direito é do beneficiário que foi colocado lá Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante. Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade - mortis causa por testamento - o beneficiário pode ser qualquer pessoa, até incapaz, ou mesmo, indeterminado (no início do contrato) - não pode ser beneficiário o que mantém relação extraconjugal, contudo, pode, na união estável. Art.793 É válida a instituição do companheiro como beneficiário, se ao tempo do contrato o segurado era separado judicialmente, ou já se encontrava separado de fato. - o beneficiário pode recursar-se a estipulação feita em seu favor; caso aceite, torna-a eficaz, porém, não há transferência do direito, pois já nasce com o contrato, ainda que condicionado à parte. - em caso de insolvência ou falência do estipulante, não é permitida a penhora do crédito do beneficiário, pois ela não faz parte do patrimônio do estipulante, porém isso não impede o controle para evitar a fraude contra credores - a estipulação não admite contraprestação, senão a descaracteriza - as substituições do beneficiário e seu poder de exigir; arts. 437 e 438, CC 4. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (arts. 439 e 440, CC) “A promessa de fato de terceiro consiste na obrigação assumida pelo promitente em face do promissário de obter certa prestação de um terceiro.” Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Parágrafo único. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação 4. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR (com cláusula pro amico eligendo) – art. 467 a 471, CC “O contrato com a pessoa a declarar, caracteriza-se pela cláusula que atribui a um dos contratantes do direito potestativo de se fazer substituir por terceiro na posição contratual, transmitindo todos os direitos e deveres decorrentes do negócio, com efeitos retroativos, como se tivesse sido o terceiro, desde o início, a celebrar contrato” Na hora da celebração do contrato efetivo o contratante tem o direito de se fazer ser substituído Quando o terceiro assina o contrato os efeitos são retroativos, como se tivesse voltado ao status quo anti – o terceiro ao anuir o contrato, será o titular dos direitos e obrigações decorrentes do negócio, gerando efeitos ex tunc à celebração do negócio Art. 467 No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes Há uma expectativa que o terceiro vai assinar; promessa de contratação Prazo decadencial de 5 dias para a comunicação da indicação do terceiro de outro lapso não se estipulou; art.468 Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. Parágrafo único. A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato. Usualmente utilizado nos compromissos de compra e venda de imóveis, nos quais o promissário comprador reserva-se o direito de indicar terceiro para assinar a escritura definitiva Não se confunde com a cessão de contrato INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO: Funções: declaratória ou integrativa (construtiva) Síntese das teorias explicativas do negócio jurídico: a. Voluntarista; prevalência da vontade do declarante (vontade subjetiva) - teoria não vingou; art. 140- O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. - traria muita insegurança ao contratante b. Objetivista; proteção do destinatário - a mera declaração seria outro extremo também não acatado pela legislação brasileira TEORIA DA CONFIANÇA – declarante deve responder pela confiança que a contraparte nele depositou ao contratar. Porém, se o declaratório conhecia ou poderia conhecer a divergência entre a declaração e a vontade, desaparece a boa fé e prevalece a vontade real, causando invalidade do negócio jurídico. CC adota a teoria da confiança apesar de o art.112 dar a falsa impressão de ação da teoria da vontadeArt.112; Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem – função hermenêutica da boa fé; intenção consubstanciada na declaração. Ou seja, não obstante ao que está escrito pode fazer uma interpretação mais extensiva do que está escrito na cláusula/contrato Colmatação contratual feita pelo juiz; preenchimento de uma lacuna Só vai anular o negócio jurídico se o beneficiário sabe ou teria como saber da irregularidade Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. § 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do negócio; como em comportamento reiterado pelas partes mesmo que não disposto no contrato é visto como uma aceitação tácita (ex: lugar do pagamento); assim, a reclamação após a sedimentação da conduta haveria um contraditório de comportamento, ou seja, torna a “nova conduta” válida. II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo de negócio; podem existir regionalismos que impliquem na resolução do contrato, mesmo que não esteja, em tese, de acordo com os “elementos objetivos oficiais” III - corresponder à boa-fé; IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; e V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração.; o que seria mais razoável e racional aplicar diante das condições/informações que as partes tinham no momento; racionalidade econômica das partes Assimetria informacional entre os contratantes § 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. Negócio jurídico processual; podem regular sobre prova Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. – por não haver contraprestação se entende a disposição de forma estrita, a não ser que os “acréscimos” estejam previstos de forma expressa Art. 421. A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual. Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários e simétricos até a presença de elementos concretos que justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos previstos em leis especiais, garantido também que – deve provar em concreto a vulnerabilidade I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou de resolução; ligado ao art.113, p.2° II - a alocação de riscos definida pelas partes deve ser respeitada e observada; salvo se for constatado a abusividade de risco àquele mais vulnerável III - a revisão contratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva; na situação da garantia de fiança com a morte do afiançado a fiança não se transmite, de modo que ela precisa ser renovada (contrato personalíssima). O fiador pode se liberar da fiança, desde que não seja um contrato por prazo determinado ou renovado automaticamente. No entanto, para prazos indeterminados o fiador pode “pedir para sair” Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se declaram ou reconhecem direitos. a) A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é de verificar o modo pelo qual o vinham executando, de comum acordo b) Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor c) As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais d) Qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação e) Na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se em atenção ao que pode ser exequível (princípio da conservação ou aproveitamento do contrato) DISPONIBILIDADE DOS CONTRATOS 1. MODIFICAÇÕES CONTRATUAIS CONSENSUAIS (ADTIVOS) As partes decidem aprimorar a relação contratual e decidem modificar o contratado, celebrando uma nova pactuação desse contrato através do aditivo, normalmente são para alteração ou adição de “nova obrigação/acordo” ajustado ao contrato que já havia sido firmado. Normalmente a mudança contratual só é autorizada mediante aditivo, o que vem exposto expressamente em cláusula específica Lei de Locação (art. 71 a 75) – só se pode propor uma ação renovatória para locação não residencial Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. 2. MODIFICAÇÕES CONTRATUAIS COMPORTAMENTAIS São mudanças mais imperceptíveis e, muitas vezes, mais drásticas em comparação aos aditivos. O comportamento dos contratantes muda ao longo da vigência do contrato, sem que isso seja expressão. A título exemplificativo pode-se citar o caso de supressão e surrectio no que tange ao local no que tange ao local do pagamento. Mesmo que determinado local (X) tenha sido pactuado para efetivar o pagamento, mas o pagamento tenha sido feito reiteradamente (repetidas vezes) em local distinto do pactuado (Y), infere-se a renúncia tácita do local pactuado. Perde uma parte, assim, o direito de cobrança em X e a outra adquire o direito de pagar em Y. a. Supressio (Verwirkung): O sujeito tinha um direito e, quando não exercido, gera a legítima expectativa na parte contrária de que não será mais exercido. Ex: A tinha o direito de cobrar uma dívida de B. A e B se relacionam constantemente. De repente, A resolve cobrar a dívida, o que viola a boa-fé objetiva, uma vez que B teve a legítima expectativa de que se estava livre da dívida. São requisitos da supressio: 1. Determinado período sem exercício do direito; 2. Indícios objetivos no sentido de que esse direito não seria mais exercido 3. Ausência de necessidade de a omissão ser culposa por parte do não exercente do direito: análise formal da renúncia, independentemente de dolo/culpa Art. 330 – CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato – o pagamento feito repetidas vezes em local distinto do pactuado implica em renúncia tácita do local estabelecido contratualmente. b. Surrectio: É o direito gerado pela inércia (supressio). Observa-se, portanto, que há uma INAÇÃO + AÇÃO, nessa ordem. Isso diferencia o instituto da supressio e surrectio da venire contra factum proprium. A venire é um comportamento contraditório resultado de AÇÃO + INAÇÃO ou AÇÃO + AÇÃO CONTRADITÓRIA. Ex: Determinada empresa faz doações de alimentos para uma instituição de caridade por vários anos e, repentinamente, parou (inação). A instituição já contava com as doações para o abastecimento dos internos (legítima expectativa), quando foi surpreendida (ação+ inação). Há venire (abuso de direito) e, por consequência, violação à boa-fé objetiva. INAÇÃO). Há venire (abuso de direito) e, por conseguinte, violação à boa-fé objetiva. Consoante o art. 330, CC, perde uma parte o direito de cobrança em X, ao mesmo tempo que a outra adquire o direito de pagar em Y. Logo, supressio e surrectio são lados de uma mesma moeda. A perda de um direito implica na aquisição de direito pela outra parte. Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald salientam que “ocorre através do surgimento de uma situação de vantagem para alguém em razão do não exercício por outrem de um determinado direito, cerceada a possibilidade de vir a exercê-lo posteriormente”. EXEMPLOS DE DECISÃO JUDICIAL: • Tema: Supressio e surrectio RECURSO ESPECIAL Nº 1.803.278 - PR (2019/0071035-1): Há um contrato de locação entre a Havan (locatário) e Alvear (locador). A Alvear tem o direito de fazer o reajuste de aluguel por 20 anos, entretanto, não o exerceu nos primeiros cinco anos. A Havan sustentou a existência de supressio no que tange aos reajustes passados e futuros. O STJ julgou parcialmente procedente o pedido, apenas aplicando o instituto da supressio nos cinco anos (impossibilidade de cobrança retroativa pela Alvear), sobre-existindo o direito da Alvear nos aproximados 15 anos subsquentes à notificação extrajudicial. • Tema: interpretação contratual e ônus probatório RECURSO ESPECIAL Nº 1.758.912 - GO (2017/0062715-0): Amelia Cristina Ottoboni (recorrente) fez uma transferência bancária no valor de R$ 45.000,00 (fato incontroverso) para o seu genro Bruno Ricardo (recorrido), no momento em que o casal Bruno e Cristina estavam passando por dificuldades financeiras. Após o término do vínculo conjugal, a mãe de Cristina (Amelia) cobrou a devolução da quantia por se tratar de um empréstimo. Bruno se defendeu alegando se tratar de uma doação. Emerge dois debates: (I) um interpretativo acerca da natureza do negócio jurídico e (II) um relacionado ao ônus probatório. Inicialmente decidiu-se que o ônus cabia à recorrente, mas o STJ sustentou que o ônus probatório cabia ao recorrido. Vale lembrar que o contrato de doação é solene e para a sua validade deve ser celebrado por escritura pública ou instrumento particular, salvo quando tiver por objeto bens móveis ou e de pequeno valor. Não parece R$ 45.000,00 uma quantia irrisória (ainda mais na época do depósito = 83 salários mínimos), necessitando de seguir as formalidades previstas na lei para configurar doação. Entendeu-se que se trata de empréstimo. Bruno deve devolver a quantia à Amelia, tendo o direito à ação de regresso em face de Cristina (sua ex-cônjuge) para cobrar até a metade do valor (regime da comunhão parcial de bens), se eventualmente as dificuldades econômicas do casal foram resultantes da má-gestão financeira de Cristina (filha da recorrente). • Tema: contratos de seguro de vida, supressio e surrectio AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.005.303 - SP (2016/0282124-0): Contrato coletivo de seguro de vida que se tornou individual. Houve transformação da apólice do falecido para a modalidade individual, a qual vigeu por mais de 2 (dois) anos sem oposição da seguradora. A seguradora rescindiu o contrato coletivo, mas o indivíduo continuou a pagar de forma individual. A seguradora se omitiu no que tange a determinadas irregularidades e continuou a receber os pagamentos. Ganha o indivíduo o direito à manutenção do contrato pois, caso contrário, isso configuraria enriquecimento ilícito por parte da seguradora. CESSÃO DA POSIÇÃO CONTRATUAL 1. CONCEITOS E NOÇÕES GERAIS Transferência da inteira posição ativa ou passiva da relação contratual, incluindo o conjunto de direitos e deverem de que é titular de uma determinada pessoa Transfere todos os direitos e deveres envolvidos naquela relação, exceto nas obrigações de natureza pessoal e por conta da própria natureza não vai ser transferido para terceiros, salvo se for previsto no contrato Nos contratos com pessoa a declarar se entende o papel transitório do sujeito que participou dos atos preparatórios do contrato; relação já nasce vocacionada para ser transferida para outra pessoa. Relação triangular: contrato originário formado por duas partes e em que um dos sujeitos será substituído por um terceiro Partes: • Cedente – quem transfere a posição contratual • Cessionário – quem assume a posição contratual, ao ingressar no negócio jurídico • Cedido – aquele que permanece na relação contratual originária (contrato – base) e que da anuência à transferência. Por estar transferindo os créditos e também os débitos o cedido deve anuir com a transferência, ao verificar se o terceiro tem capacidade de arcar com as obrigações postar, arcar com os débitos. Dessa forma, haverão efeitos diversos nessa relação. É negócio jurídico atípico (art. 425, CC); construção doutrinária e jurisprudencial, posto que não existe menção expressa do código civil sobre a cessão de posição contratual Contrato de gaveta no âmbito do SFH (ver Repetitivo REsp 1.150.429 – CE); transfere a posição contratual sem a anuência do cedido 2. REQUISITOS a) Celebração de negócio jurídico entre o cedente e cessionário b) Integralidade da cessão (cessão global) c) Anuência expressa do cedido – efeito da responsabilidade; se o cedido não for cientificado e não tiver anuído com a transferência o negócio jurídico realizado se torna ineficaz em relação a ele Art. 10 – qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados (CLT); justamente para evitar as situações de fraude 3. EFEITOS a) Entre o cedente e o cedido: com ou sem a liberação do cedente (divergência doutrinária acerca da natureza da responsabilidade) Divergência se seria uma relação de fiança ou de responsabilidade solidária Se desvincula da relação contratual, a regra é que o cedente se livre da responsabilidade do contrato; se afasta da relação b) Ente o cedente e o cessionário: o cedente perde os créditos, direitos potestativos e eventuais expectativas de direito c) Entre o concessionário e o cedido: manutenção das cláusulas do contrato – base. A oposição de exceções pessoais só pode ser efetuada, caso previstas expressamente previstas no instrumento de cessão contratual (se não forem postas, se perde as exceções pessoais devido à sua natureza). 4. DISTINÇÕES Não se confunde com o subcontrato. Neste há formação de novo contrato, estipulado por uma das partes do contrato principal com terceira pessoa. Não é necessária a autorização do outro contratante, salvo se previsto no contrato originário ou na lei Não se confunde com a cessão de crédito, nem com a de débito ANÁLISE ECONÔMICA DO DIREITO 1. NOÇÕES GERAIS Premissas da AED a. A racionalidade (maximização da riqueza): Em virtude da escassez, as condutas individuais são orientadas de acordo com uma ponderação racional entre benefícios e prejuízos atrelados a determinada ação ou omissão Paula Forgioni: “um dos postulados da análise econômica é que as normas jurídicas consubstanciam incentivos ou desestímulos, sendo as sanções normativas simples preços que influenciam a relação custo-benefício de seus comportamentos” b. A eficiência econômica É uma das preocupações principais da Economia e consiste, de uma maneira geral, em alocar e dispor dos recursos escassos de modo a maximizar a satisfação das necessidades. “A eficiência é uma das principais preocupações dos integrantes do movimento, assim como creem que a dinâmica das relações econômicas aumenta à medida que há aumento no grau de segurança e previsibilidade, proporcionado pelo sistema jurídico”. Assim, para aqueles que defendem essa tese, “a alocação mais eficiente ocorre pelo livre financiamento do mercado e não pela intervenção do Estado; o mercado será o espaço de maior eficiência c. As externalidades d. Os custosde transação e. A assimetria informacional CONTRATOS EMPRESARIAIS 1. NOÇÕES GERAIS O Código Civil vai regulamentar a estrutura do contrato, mas a interpretação e a aplicação do contrato vão depender da sua natureza (contrato cível, de consumo, empresarial) •CC/ 02 revogou a primeira parte do Código Comercial de 1850 que continha regramento especial para os contratos mercantis (compra e venda mercantil, a locação mercantil, o mútuo mercantil, o depósito mercantil, o mandato mercantil, etc •O CC, embora contenha livro próprio tratando do Direito de Empresa, não disciplina de maneira específica os contratos empresariais • Presença de leis especiais Lei 4 886 1965 (representação comercial), a Lei 6 729 1979 (Concessão Comercial), a Lei 8 245 1991 e a Lei 13 966 2019 (franquia) Exs alienação fiduciária em garantia, promessa de compra e venda, transporte, mandato mercantil, representação comercial, gestão de negócio, comissão, mútuo mercantil, seguro, fiança mercantil, penhor mercantil, know how, franchising, os relacionados ao depósito e contratos bancários, contrato de compra e venda mercantil etc Exs de contratos atípicos publicidade, hospedagem, mediação, cessão de clientela, factoring (LC n 123 06 estabelece um conceito para as operações no art 17 a joint venture 2. VETORES DE FUNCIONAMENTO (Paula Forgioni) a) Escopo de lucro; tônica diferenciadora do contrato cível e comercial b) Limitação da autonomia; nos contratos empresariais e civis a autonomia é maior, logo as renúncias podem ser maiores também. Diferente dos contratos de consumo em que as partes não são vistas como paritárias, logo a limitação da autonomia posta pelo Estado é maior c) segurança e previsibilidade d) A condição do agente econômico probo e ativo (Enunciado 28) e) A questão da boa-fé x Egoísmo do agente econômico (concorrência) – o egoísmo econômico não pode ser um caminho para violar a boa-fé f) Os custos da transação g) Incompletude contratual – pode estabelecer que determinadas cláusulas dos contratos fiquem “em branco”, para que sejam discutidos em momentos oportunos h) O contrato como instrumento de alocação de riscos e a questão dos erros na negociação dos contratos empresariais – estabelecimento dos contratos como a possibilidade de assumir diversos riscos, alocando no contrato as medidas a serem tomadas casos os riscos se concretizem (cláusula penal, arras) A interpretação dos contratos empresariais (I Jornada de Direito Comercial) •Enunciado 20 Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor aos contratos celebrados entre empresários em que um dos contratantes tenha por objetivo suprir se de insumos para sua atividade de produção, comércio ou prestação de serviço • Enunciado 23 Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto contratual • Enunciado 25 A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve se presumir a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada • Enunciado 28 Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na inexperiência Inaplicabilidade do CDC em contrato celebrado por empresário (STJ) a) serviço de telefonia contratado por loja de veículo (REsp 1 195 642 / b) compra de maquinário (retroescavadeira adquirida por empresa de construção civil REsp 863 895/ PR) c) contrato de fornecimento de gás, como insumo dos produtos manufaturados (REsp932 557/ SP) d) compra de adubo por grande produtor rural (REsp 914 384 /MT) e) aquisição de insumos agrícolas 100 toneladas de adubo (REsp 1 016 458 /RS) f) contrato de concessão de crédito destinado a capital de giro (AI n 900 653 / PR) Porém, em situações de descompasso de poder negocial, foi aplicado o CDC: a) caminhoneiro adquirente de caminhão para exercício de profissão de transportador autônomo (REsp 716 877 /SP) b) taxista adquirente de veículo que celebra financiamento bancário (REsp 23 208) c) sociedade que celebrou contrato de prestação de serviços de treinamento, implantação e manutenção de software AgRG no AREsp 837 871 /SP) d) transportadora que contrata seguro para sua frota de veículos (REsp1 176 019 /RS) RECURSO ESPECIAL DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL LOCAÇÃO DE ESPAÇO EM SHOPPING CENTER AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO APLICAÇÃO DO ART 54 DA LEI DE LOCAÇÕES COBRANÇA EM DOBRO DO ALUGUEL NO MÊS DE DEZEMBRO CONCREÇÃO DO PRINCÍPIO DA AUTONOMIA PRIVADA NECESSIDADE DE RESPEITO AOS PRINCÍPIOS DA OBRIGATORIEDADE (“PACTA SUNT SERVANDA”) E DA RELATIVIDADE DOS CONTRATOS (“INTER ALIOS ACTA”) MANUTENÇÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS LIVREMENTE PACTUADAS RECURSO ESPECIAL PROVIDO 1 Afastamento pelo acórdão recorrido de cláusula livremente pactuada entre as partes, costumeiramente praticada no mercado imobiliário, prevendo, no contrato de locação de espaço em shopping center, o pagamento em dobro do aluguel no mês de dezembro 2 O controle judicial sobre eventuais cláusulas abusivas em contratos empresariais é mais restrito do que em outros setores do Direito Privado, pois as negociações são entabuladas entre profissionais da área empresarial, observando regras costumeiramente seguidas pelos integrantes desse setor da economia 3 Concreção do princípio da autonomia privada no plano do Direito Empresarial, com maior força do que em outros setores do Direito Privado, em face da necessidade de prevalência dos princípios da livre iniciativa, da livre concorrência e da função social da empresa 4 RECURSO ESPECIAL PROVIDO”PROVIDO”(REsp 1409849 /PR Relator Min Paulo De Tarso Sanseverino 3 ª Turma Julgado em 26 abr 2016 DJe 5 maio 2016. 3.CARACTERÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS DOS CONTRATOS Contratos simples, complexos, incompletos, mistos e coligados Quanto à complexidade 1. Simples 2. Complexos: ocorrem quando: • Houver elevado grau de incertezas, ou elevado número de contingências, quanto a seu cumprimento ou fruição das utilidades nele previstas • Dispersão ou variabilidade entre a magnitude das prestações e contraprestações na dinâmica ou fluxo de seu cumprimento (caso típico dos contratos cuja consecução do objeto contratual se desenvolva em ambiente de risco, ou aleatoriedade), e • O entendimento do conteúdo contratual demande conhecimento amplo ou profundo • A duração da relação; como na construção de uma hidroelétrica • Repetição da contração • Valores das prestações e contraprestações • Grau de ingerência de uma parte das prestações devidas pela outra • Magnitude dos prejuízos decorrentes do eventual insucesso da operação • Quantidade de pessoas envolvidas na execução do contrato Quanto mais complexo for o contrato, maiores cautelas quando de sua celebração, concreção e monitoramento Exemplos shopping center, built to suit (BTS) franquia, distribuição, agência, societários em geral, edificação de obras, parcerias industriais, transferência de tecnologia, intermediação, colaboração empresarial, dentre os quais, joint ventures, contratuais e societárias, contratos atípicos, os acordos sociais e paras sociais os convênios, os acordos operacionais, de gestão, de participação e renda, de cessão e licenciamento de marcas, patentes. Prevenção de litígios comitê para resolução de conflitos (Dispute Boards), cláusulas de incentivo ao adimplemento, cláusulas criadoras de negócios jurídicos processuais Quanto ao grau de preenchimento do conteúdo contratual 1. Completos: Já tem a perspectiva que todas as hipóteses já foram tomadas no contrato, as partes já convencionaram sobre. 2. Incompletos – texto sobre contratos incompletos Conceito: No contrato incompleto, as partes, deliberadamente, optam por deixarem branco determinados elementos da relação contratual, como forma de gestão do risco econômico superveniente, os quais serão determinados, em momento futuro, pela atuação de uma ou ambas as partes, de terceiro ou mediante fatores externos, segundo o procedimento contratualmente previsto para a integração da lacuna (Paula Greco) Pode estabelecer o contrato incompleto estabelecendo uma comissão prévia que vai atuar de forma determinada em eventuais situações; não deliberam sobre as circunstâncias, mas estabelecem medidas para a futura deliberação (indicam o procedimento/critérios, sem deliberar sobre o mérito da questão). Deixam fórmulas para solução de determinadas situações quando ocorrerem ou se ocorrerem; deixam em branco determinadas situações, justamente para conseguir gerir eventuais situações conflituosas supervenientes; muito comum em contratos de longa duração Podem colocar determinados índices de acordo externo para controlar essas lacunas O risco econômico (contratual): Possibilidade de variação econômica positiva ou negativa no patrimônio de uma pessoa. Ao risco econômico está associada à álea normal e a extraordinária; contratos comutativos - pode tanto gerar o lucro, como o prejuízo O risco econômico (risco contratual) compreende o risco de inadimplemento (do devedor, de terceiro, de caso fortuito) e o risco de diminuição da satisfação econômica do contrato. Pode ser considerado como uma álea normal do contrato O risco jurídico (álea jurídica): relacionado aos contratos aleatórios, há a possiblidade de não satisfação dos contratos Pode haver o risco de não recebimento, quanto o risco de não satisfação total do contrato. Incidência dos contratos incompletos: basicamente ocorrerão em contratos empresariais, de alta complexidade e de longo prazo. Mas, há situações de contratos incompletos mais simples A alocação de riscos através da gestão positiva e gestão negativa da álea normal: na gestão positiva há a descrição do risco (multa de determinado valor para x dias de atraso; são criados mecanismos de controle), enquanto na gestão negativa não há o preestabelecimento de critérios balizadores dos riscos, estabelece apenas que algo deverá ser feito, sem especificar A rigidez dos parâmetros ajustados: As partes precisam ficar cientes/seguras de que aquele contrato vai ser cumprido de acordo com os parâmetros já previamente estabelecidos, de acordo com as expectativas de lucros e os riscos assumidos; situação de contratos empresariais, art. 421 do CC – presunção se simetria entre os contratantes, tanto informacional como de recursos financeiros. Desse modo, diante do art. 113, do CC a revisão dos contratos empresariais se mostra de forma excepcional, visto que duas empresas visam lucro, sendo que o não cumprimento do que foi estabelecido gera uma maior desconfiança contratual. Quanto maior a desconfiança entre as partes, maior a garantia a ser requisitada, o que traz ainda mais despesas – aumenta os custos de execução do contrato, o que gera efeitos na negociação Vantagens propiciadas pela incompletude contratual: há um ganho de tempo e de dinheiro; há a possibilidade de deixar o contrato mais leve e deixar o problema que talvez não aconteça impeça a fluidez do contrato. MODALIDADES DE PREENCHIMENTO DOS CONTRATOS INCOMPLETOS: a. Por uma das partes/unilateral – obrigações alternativas Art. 695. O comissário é obrigado a agir de conformidade com as ordens e instruções do comitente, devendo, na falta destas, não podendo pedi-las a tempo, proceder segundo os usos em casos semelhantes. Parágrafo único. Ter-se-ão por justificados os atos do comissário, se deles houver resultado vantagem para o comitente, e ainda no caso em que, não admitindo demora a realização do negócio, o comissário agiu de acordo com os usos. Presença de uma indeterminação inicial, mas já estava estabelecido de quem seria a escolha, nesse caso uma das partes Comum também nos contratos de comissão b. Por ambas as partes: As partes, em comum acordo, preenchem a lacuna. c. Por um terceiro Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. – o contrato não pode ser criado sem estipulação de valor Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade. Art. 628. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. Parágrafo único. Se o depósito for oneroso e a retribuição do depositário não constar de lei, nem resultar de ajuste, será determinada pelos usos do lugar, e, na falta destes, por arbitramento. O terceiro preenchendo a falta de valor do contrato ali estabelecido d. Por fatores externos: Trata-se de um fator não subjetivo, tais como os índices de mercado (como o valor das ações, por exemplo) Art. 486 – CC: Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Exemplos: Cláusulas de contratos incompletos- PARTE DE CERTEZA + PARTE DE LACUNA 1.1 Na primeira etapa, a compradora deverá subscrever e integralizar as ações ordinárias representativas de 20% do total de emissão da companhia detidas pelo vendedor, pelo preço certo e ajustado de X Reais. 1.2 Na segunda etapa, a Compradora deverá tornar-se titular de Ações Ordinárias representativas, à época de tal aquisição, de 50% do total de ações de emissão da Companhia então detidas pelo Vendedor, por meio de operação a ser definida de comum acordo entre as partes. 1.3 A estrutura de aquisição aplicável à segunda e terceira etapas será definida de comum acordo entre as Partes no prazo de 15 (quinze) dias da data em que a Compradora fizer a opção pela forma de pagamento naquela etapa, conforme as cláusulas X e Y. Caso as partes não cheguem a um acordo nesse prazo, prevalecerá uma estrutura de aquisição similar àquela adotada para a aquisição, pela Compradora, das ações ordinárias na primeira etapa. 2. Segunda e terceira etapas. Na segunda etapa da Transação, a se realizar após o terceiro aniversário da Data de Fechamento, a Compradora compromete-se a adquirir e o Vendedor compromete-se a alienar 50% (cinquenta por cento) da Participação Remanescente na Companhia. Na terceira e última etapa da Transação, a se realizar após o quinto aniversário da Data de Fechamento, a Compradora compromete-se a adquirir e o Vendedor compromete-se a alienar a totalidade da Participação Remanescente na Companhia. Os preços da segunda e terceira etapas serão calculados com base nos respectivos resultados de avaliações da Companhia 2.1 O valor a ser atribuído à Parcela Remanescente será determinado através de avaliação econômico-financeira da Companhia, a ser realizada após o terceiro e quinto aniversários da Data de Fechamento, com base (i) nos balanços patrimoniais consolidados da Companhia, preparados e auditados por auditores independentes desta, datados respectivamente de 30 de setembro de 2010 e 30 de setembro de 2012, e (ii) na metodologia de fluxo de caixa descontado de longo prazo, incluindo o valor terminal (Avaliação da Companhia). As Avaliações da Companhia deverão ser realizadas por um Banco de Investimentos independente escolhido a partir da seguinte lista: JP Morgan, Itaú BBA, Credit Suisse, Goldman Sachs e UBS (Banco de Investimentos). Cada um dos Bancos de Investimentos contratados terá até 30 (trinta) dias contados do respectivo recebimento dos balanços patrimoniais consolidados da Companhia para concluir as Avaliações da Companhia e notificar as Partes dos respectivos resultados. OBSERVAÇÃO: O contrato incompleto não seconfunde com o contrato preliminar. O contrato preliminar, com exceção da forma, contém todas as cláusulas do contrato definitivo. Caso o contrato preliminar fosse incompleto, seria impossível impor o cumprimento da obrigação. CONTRATOS MISTOS, COLIGADOS E REDES CONTRATUAIS: a. Contratos mistos: “é o que resulta da combinação de elementos de diferentes contratos, formando nova espécie contratual não esquematizada na lei” (Orlando Gomes). O contrato misto trata-se de um contrato atípico e representa uma figura diferente das partes que o compõe. b. Coligação contratual: Seria uma pluralidade de contratos e de relações jurídicas contratuais e estruturalmente distintos, porém vinculados, ligados, que compõe uma única e mesma operação econômica, com potenciais consequências no plano da validade (mediante eventual contagio de invalidades) e no plano da eficácia (em temas como o inadimplemento, o poder de resolução, a oposição da exceção do contrato não cumprido, a abrangência da cláusula compromissória, entre outros). (Rodrigo Xavier Leonardo) CONTRATO MISTO CONTRATO COLIGADO Conteúdo único, o que apresenta disposições de diferentes contratos. Engloba, portanto, características de mais de um tempo de contrato em um documento único. Junção de contratos distintos para o mesmo fim. Não há, portanto, unidade contratual – há uma dependência existencial entre os contratos, só surgiram em decorrência da existência do anterior Discussão sobre os efeitos da rede de contratos ***** Elementos do contrato coligado: • Pluralidade de contratos, não necessariamente celebrados entre as mesmas partes • Vínculo de dependência unilateral ou recíproca A coligação contratual é gênero das situações em que duas ou mais diferentes relações contratuais se encontram vinculadas, ligadas, promovendo alguma eficácia para a relação contratual (Rodrigo Xavier Leonardo) Interpretação: Enunciado 420 da V Jornada: “Os contratos coligados devem ser interpretados segundo os critérios hermenêuticos do Código Civil, em especial os dos arts. 112 e 113, considerada a sua conexão funcional”. Enunciado 621 da VIII Jornada: Os contratos coligados devem ser interpretados a partir do exame do conjunto das cláusulas contratuais, de forma a privilegiar a finalidade negocial que lhes é comum. “Os contratos coligados são aqueles que, apesar de sua autonomia, se reúnem por nexo econômico funcional, em que as vicissitudes de um podem influir no outro, dentro da malha contratual na qual estão inseridos. Nesse passo e em uma perspectiva funcional dos contratos, deve-se ter em conta que a invalidade da obrigação principal não apenas contamina o contrato acessório (CC, art. 184), estendendo-se, também, aos contratos coligados, intermediário entre os contratos principais e acessórios, pelos quais a resolução de um influenciará diretamente na existência do outro” (REsp 1141985/PR, Rel. Min. Luís Felipe Salomão, 4ª T., DJe 7.4.2014) A questão das invalidades: Art 54-F, CDC: São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o financiamento quando o fornecedor de crédito: I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou serviço para a preparação ou a conclusão do contrato de crédito; II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial do fornecedor de produto ou serviço financiado ou onde o contrato principal for celebrado. § 1º O exercício do direito de arrependimento nas hipóteses previstas neste Código, no contrato principal ou no contrato de crédito, implica a resolução de pleno direito do contrato que lhe seja conexo. § 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito. c. Redes contratuais: pressupõe dois ou mais contratos interligados por um articulado e estável nexo econômico, funcional e sistemático que se destina à oferta de produtos e serviços aos mercados para o consumo d. Contratos cativos de longa duração: São aqueles cujas prestações se alongam no tempo, como uma fase de execução contratual com obrigações duradouras. A satisfação total das partes depende da continuação desta relação jurídica, pois o contrato desenvolve seus efeitos justamente através da passagem do tempo. São geralmente formados a partir de campanhas de propagando na busca da captação de clientes, daí, o temo “Catividade”. Envolve, portanto, métodos de contratação em massa. EXTINÇÃO DOS CONTRATOS: Extinção normal do contrato pelo cumprimento – adimplemento O adimplemento é a forma de extinção normal do contrato. As duas partem realizam as suas respectivas prestações e a obrigação é quitada. Deve-se atentar aos seguintes pressupostos: credor, tempo, lugar e a integralidade do adimplemento. A lei permite, em determinados casos, a flexibilização de tais requisitos, vide a incidência do instituto do supressio e surrectio no que tange à mudança tácita do local de pagamento. Extinção do contrato sem cumprimento 1. Extinção por causas anteriores ou concomitantes à formação do contrato Todo defeito invalidante é sempre anterior ou concomitante ao momento da contratação, ainda que se manifeste em momento futuro, execução contratual. O problema já existia ou passou a existir no momento em que o contrato é firmado. a) Nulidade absoluta e relativa Absoluta (arts. 166 e 167) - Art 166 VII a lei taxativamente o declarar nulo (nulidade textual), ou proibir lhe a prática, sem cominar sanção (nulidade virtual, como no art. 426) art. 167 – trata sobre simulação é causa de nulidade absoluta Relativa (anulabilidade) – Além do conhecido 171, podemos citas os arts. 119, negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado; 496, venda de ascendente para descendente não havendo autorização dos demais descendentes e do cônjuge do alienante; art. 1649, cobra e venda de imóvel, doação e fiança sem que ocorra a outorga conjugal, etc. DIREITO DE ARREPENDIMENTO – Art. 420 e no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Não deve se confundir com o direito de arrependimento de origem legal previsto no art. 49 do CDC; ideia de adequação Como o exercício da cláusula de arrependimento não acarreta descumprimento no contrato, a compensação eventualmente prevista para o exercício desse direito (a multa potencial) não terá a função de cláusula penal. É o preço exercício desse direito de arrependimento; direito potestativo de arrependimento Quando começa a executar o contrato não se fala necessariamente sobre o direito do arrependimento 2. Extinção por causas supervenientes à formação do contrato Aqui, o contrato atende ao plano da validade, porém, fatos supervenientes à sua celebração, geram sua na ineficácia, pela resolução ou pela resilição, ou sejam por impedimento de ordem extrínseca. O problema não está no plano da validade do contrato, mas surge um problema superveniente que afeta o plano da eficácia no contrato que está regular A RESCISÃO (gênero) pode acontecer de duas formas: a. Resolução: extinção do contrato por descumprimento b. Resilição: dissolução por vontade bilateral, quando admissível por lei, de forma expressa ou implícita, pelo reconhecimento de um direito potestativo i. Inexecução involuntária (caso fortuito ou força maior): Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes decaso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possível evitar ou impedir. Ausência de responsabilidade pela quebra do nexo causal, mas existem contratos em que a parte abre mão da alegação de caso fortuito ou força maior. Ou seja, há a possibilidade, contudo, de responsabilização. Relacionado ao fortuito externo (fortuito externo foge do risco normal do negócio), haverá a responsabilização de acordo com as seguintes hipóteses: • Se expressamente previsto, com renúncia ao direito de invocar as causas excludentes • Se o devedor estiver em mora, a não ser que prove a ausência de culpa ou que a perda da coisa objeto da obrigação ocorreria mesmo não havendo atraso (art. 399) • Em casos previstos em lei se, em caso de risco, o comodatário salvar seus bens, e não salvar os do comodante, mesmo que o fato tenha ocorrido por caso fortuito ou força maior (art. 583) Ex: Motorista de ônibus bate o veículo – empresa responsabilizada; fortuito interno Ônibus da empresa é assaltado na br. – empresa não se responsabiliza; fortuito externo ii. Inexecução voluntária: houve culpa ou dolo na resolução do contrato A resolução produz efeitos ex- tunc; extingue o contrato e obriga as restituições recíprocas, salvo nos contratos de trato sucessivo, salvo nos contratos de trato sucessivo, cujos efeitos são ex- nunc, porque não se apagarão os efeitos pretéritos não havendo devolução do que já foi cumprido. Art. 475 A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos Art. 389 Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado Art. 390 Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster A parte lesada pode pedir o cumprimento específico da obrigação e o pagamento de multa (inadimplemento relativo), ou, apenas a indenização caso não seja mais possível o cumprimento (inadimplemento absoluto). No caso de inadimplemento absoluto – seja pela impossibilidade da prestação ou pela falta de sentido do cumprimento da obrigação – fala-se em cláusula penal compensatória. Nos casos de mora (inadimplemento relativo), fala-se em cláusula penal moratória. Não pode o credor cobrar integralmente o valor do contrato (cláusula penal compensatória), sob pena de enriquecimento ilícito, uma vez que ainda há a possibilidade da prestação. Art. 475 – CC: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Art. 389 – CC: Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 390 – CC: Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Não existe mora para a obrigação negativa (não há como cumprir o que já descumpri). Se o devedor se obrigou a não fazer determinada ação e acabou fazendo, o inadimplemento é absoluto e havido desde o dia em que executou tal ato. Assim, a inexecução voluntária conduz a várias alternativas: a) Extinção do vínculo obrigacional (mais perdas e danos) b) Cumprimento forçado da obrigação (mais perdas e danos; multa moratória) c) Manutenção do contrato com direito ao abatimento do valor do bem ou serviço inadequadamente prestado d) Assegura ao devedor o ressarcimento pelo credor (mora creditoris) A responsabilidade contratual em regra é subjetiva, devendo provar culpa ou dolo da pessoa que desistiu. O ônus de provar a regularidade do contrato não é de quem alega a invalidade Se João alega que Maria não o pagou o ônus da prova fica para Maria; quem foi apontada como violadora do contrato. A princípio, nos Direito dos Contratos, a responsabilidade subjetiva; entretanto, no Direito do Consumidor, como regra, não é necessária a aferição de dolo/culpa para responsabilizar o fornecedor, vigendo a responsabilidade objetiva. Isso não significa que não haja dolo/culpa, mas apenas que esse exame é desnecessário. Cláusula resolutiva: Art.474 A cláusula resolutiva expressa opera de plano direito; a tácita depende de interpelação judicial Cláusula resolutiva tácita – extingue todo o contrato sinalagmático, mesmo na omissão do contrato, o contratante pode promover ação visando a obter a decretação da resolução Todo contrato bilateral sinalagmático há a existência de cláusula resolutiva que gerará a possibilidade de extinção sem a previsão expressa no contrato. Deve ser ajuizada uma ação para a comprovação da extinção do contrato. Cláusula resolutiva expressa (pacto comissório): Prevista pelas partes que estabelece evento que, ocorrendo, ensejará a resolução contratual. É necessária a exata indicação das cláusulas que, eventualmente violadas, poderão gerar a resolução. A inexecução prevista pelas partes deve ser suficientemente grave para gerar a extinção contratual. Logo, a clausula não pode ser genérica, senão, será mera clausula de estilo. Apesar da extinção do contrato ser compulsória o entendimento jurisprudencial é que se promova uma ação para indicar que a situação ocorreu e efetivamente extinguir o contrato para as partes se liberarem da obrigação; discussão se haveria realmente a necessidade de recorrer ao judiciário diante dessas situações (a clausula expressa deveria ser operada de pleno direito; discussão se seria necessário inicialmente extinguir o contrato ou não) Apesar do texto legal, o entendimento jurisprudencial majoritário, inclusive do STJ, é (ou era) no sentido de exigir a propositura de ação, em certos contratos, a propositura de ação de resolução contratual. a. PREVISÃO LEGAL: promessa de compra e venda de imóvel não loteado (decreto – lei n. 745/69) Contudo, esse artigo foi substancialmente modificado em seu art 1 º, parágrafo único Art1 o Nos contratos a que se refere o art 22 do Decreto Lei no 58 de 10 de dezembro de 1937 ainda que não tenham sido registrados junto ao Cartório de Registro de Imóveis competente, o inadimplemento absoluto do promissário comprador só se caracterizará se, interpelado por via judicial ou por intermédio de cartório de Registro de Títulos e Documentos, deixar de purgar a mora, no prazo de 15 dias contados do recebimento da interpelação Parágrafo único. Nos contratos nos quais conste cláusula resolutiva expressa, a resolução por inadimplemento do promissário comprador se operará de pleno direito art 474 do Código Civil desde que decorrido o prazo previsto na interpelação referida no caput, sem purga da mora Obs: Essa hipótese não transfora a mora ex em mora ex persona, pois a mora ocorrerá desde o vencimento da obrigação (art.397), porém, a notificação se torna pressuposto essencial para a eficácia da resolução contratual. É necessário a notificação, mas a mora se estabelece desde o momento do vencimento determinado. Ou seja, embora haja a necessidade de notificação como na mora ex persona, o não cumprimento da obrigação estabelece a mora ainda ex ré, visto que a mora está posta desde o momento inicial do descumprimento. Assim, a interpelação é para PAGAR A MORA, junto às CORREÇÕES MONETÁRIAS. Dessa forma, a notificação é para QUITAR A DÍVIDA EXISTENTE, SEM MUDAR A NATUREZA DA MORA (o fato que gerou a dívida é o próprio inadimplemento/mora inicial pelo atraso do pagamento da dívida líquida que já tinha a data determinada; permanece líquida por ser simples cálculo de acréscimo de valores (correção monetária ou juros) Mora-cumprimento imperfeito da obrigação Mora ex ré: dívida líquida (perfeitamente identificada em sua quantidade; não há dúvida sobre seu valor), de modo que a mora constitui-se por se só (ex: vencimento todo dia 10 e o sujeito atrasa o pagamento) Mora ex persona: não há uma data certa de cumprimento da obrigação, e é preciso que ela seja definida (ex: comodato por prazo indeterminado, ou seja, a parte precisa ser notificada/interpelada estabelecendo um prazo para que ela seja constituída em mora. Deve apresentar prova da notificação premonitória, mostrando quando terminava o prazo para que o sujeito fosse constituído em mora. b. JURISPRUDÊNCIA – Súmula n. 369, STJ: No contrato de arrendamento mercantil (leasing), ainda que haja cláusula resolutiva expressa, é necessária a notificação prévia do arrendatário para constituí-lo em mora. Para o judiciário analisar se, de fato, houve o inadimplemento do devedor, a validade da própria cláusula, pois a mesma não afasta a discussão sobre a boa-fé e os princípios que regem o contrato. Mudança de posicionamento do STJ: REsp 1.789.863: Overulling? Resolução por onerosidade excessiva (art. 478 a 480) 1. Exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus): Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro A prestação a ser retida se torna exigível juntamente ou após inadimplida. OBSERVAÇÃO: Exceptio non rite adimpleti contractus Aqui, a realização da prestação faz presumir a regularidade do pagamento, logo, cabe a quem alega (ao excipiente) o ônus da prova de provar o porque o inadimplemento não ocorreu. 2. Exceção de inseguridade (Garantia de execução da obrigação a prazo) Art. 477 Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê la. Conclusão do contrato- momento em que o contrato é firmado. Uma vez que a parte reconheça a possibilidade de inadimplemento da outra parte, aquela pode alegar a exceção de inseguridade, solicitando a suspensão da execução do contrato até a estabilização da situação ou pode solicitar uma garantia de que a outra parte ainda está em condição de continuar o cumprimento do contrato. Enunciado nº 437 da V Jornada de Direito Civil :“A exceção de inseguridade, prevista no art. 477 também pode ser oposta à parte cuja conduta põe manifestamente em risco a execução do programa contratual” 3. Resolução por frustação do objeto do contrato: é necessário provar a própria função social do contrato, provando que o contrato só foi firmado diante de um fato justificante que por motivo superveniente não ocorreu, afetando a situação (ex: apartamento para o carnaval e houve a pandemia). Enunciado nº 166 da III Jornada de Direito Civil ::“A frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com a impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade, tem guarida no Direito brasileiro pela aplicação do art 421 do Código Civil” Nessas situações: • As prestações são perfeitamente exequíveis; • O preço não se alterou • Mas, o contrato não tem mais utilidade (dificuldade em provar a função social do contrato concluído) 4. Quebra antecipada do contrato: construção jurisprudencial, não está previsto em lei Enunciado nº 436 da V Jornada ::“A resolução da relação jurídica contratual também pode decorrer do inadimplemento antecipado” Elementos fundamentais para a caracterização dessa situação: Ex: contrato de construção; contrato de resultado com data específica de entrega da construção e a construção está muito atrasada, de modo que até o final do prazo estabelecido a obra não conseguiria ser entregue. a. Tratar-se de uma violação grave do contrato; “justa causa” à resolução b. Haver plena certeza de que o cumprimento não se dará até o vencimento c. O devedor agir culposamente, declarando que não cumprirá, ou ao se omitir quanto à execução do contrato, permanecendo inerte de modo que nada, em seu comportamento, revele a disposição para a prática dos atos de execução Resilição: Não decorre do inadimplemento contratual, mas da manifestação de vontade de um ou de ambos os contraentes em desfazer o contrato a. Bilateral (distrato) b. Unilateral Art. 472. O distrato faz se pela mesma forma exigida para o contrato (paralelismo de forma, necessariamente quando o contrato for solene feito por escritura pública) Se o negócio jurídico não for necessariamente solene por determinação legal, o distrato pode ser feito de outra forma Art 473 A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte Nos contratos de prazo indeterminado a resilição deve ser notificada a outra parte, indicando que o contrato será extinto depois de determinado prazo; direito potestativo do contratante que pede a extinção do contrato (não necessita a apresentação de justo motivo, de modo que não existe conduta que impossibilite o exercício do direito potestativo). Quando há a resilição unilateral de contrato com prazo determinado é necessário que a parte justifique o motivo da extinção do processo, podendo ser condenado a pagar multa/ perdas e danos (deve-se apresentar um justo motivo) A resilição unilateral é possível de ser exercida: • Nos contratos por prazo indeterminado • De execução continuada ou periódica • Nos contratos de atividade • Não depende de pronunciamento judicial e produz efeitos ex nunc (não retroage) - quando chega ao conhecimento do outro contratante; SÓ PASSA A SURTIR EFEITO QUANDO A PARTE TOMA CIÊNCIA DA RESILIÇÃO. A lei admite nos contratos em uma especial relação de confiança entre as partes (mandado, deposito, comodato). Ex: Art. 682. Cessa o mandato: I – pela revogação ou pela renúncia A notificação pode ser extrajudicial ou judicial (cartórios e títulos e documentos ou por carta com aviso de recebimento) Art. 473 – Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos Se eventualmente, ainda que o contrato permita a resilição unilateral, a possibilidade de sair do contrato só será possível se aquele que fez um grande investimento financeiro, forçando o cumprimento do contrato ou sendo ressarcido por perdas e danos diante da situação indigesta entre as partes. (ler decisão de resilição no ágata) Embora exista a cláusula de resilição unilateral, deve-se observar se essa clausula realmente estabelece equidade entre as partes e a fundamentação da resilição Exemplos de resilição unilateral: • Denúncia vazia (não precisa motivar) e cheia (precisa motivar) • Revogação e renúncia: espécie de resilição cabível quando há quebra de confiança de contratos onde ela é elemento essencial • Exoneração por ato unilateral (art. 835, CC e art. 40, X da Lei 8.245/1991) Art 835 O fiador poderá exonerar se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor – nas relações contratuais de locação o prazo é de 120 dias; se o contrato tiver prazo determinado o fiador não pode se liberar unilateralmente de forma arbitrária, hipótese que só pode ser aplicada nos contratos de prazo indeterminado MORTE DE UM DOS CONTRATANTES - Só extingue se o contrato for personalíssimo; se o contrato for intuito personae, pois as obrigações contratuais transferem-se aos herdeiros do contratantefalecido (respondem pelas “forças da herança”). O contratante morre, mas os efeitos continuam repercutindo. Art 836 A obrigação do fiador passa aos herdeiros mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança Assim, se o falecido era fiador, a dívida que ele se responsabilizou em vida e existente ao tempo de sua morte, será assumida pelo patrimônio do espólio, mas a condição de fiador não será transmitida aos herdeiros (dívida incide sobre o patrimônio do falecido). A obrigação pode ser transmitida aos herdeiros como nas obrigações de fazer em que o falecido já foi pago, mas ainda faltava cumprir sua prestação CONTRATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS: É o fato jurídico voluntário, em cujo suporte fático (fato que é estabelecido pela norma) se confere ao sujeito o poder de regular, dentro dos limites fixados no próprio ordenamento jurídico, certas situações jurídicas processuais ou altera o procedimento. Em contratos empresariais é possível criar situações em que os contratantes determinam regras processuais estabelecidas através de negócios jurídicos dentro do próprio contrato CPC/2015 Art 190 Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícitoàs partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustálo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo Parágrafo único De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade – não se aplica nas relações de consumo Cláusula geral de negociação sobre o processo – estabelece o princípio da atipicidade da negociação sobre o processo. Concretiza o princípio de respeito ao auto regramento da vontade. Sempre que houver vulnerabilidade, haverá anulabilidade do contrato jurídico processual: Cláusulas relativas: • À escolha do foro competente • A provas: responsabilidade pela guarda de documentos, impossibilidade de inversão jurisdicional do ônus da prova e limitação do meio de prova de determinado fato • À impossibilidade de execução provisória e à impenhorabilidade de certos bens • À renúncia ao direito de interposição de recurso • À limitação ao exercício do direito de ação Enunciado616 da VIII Jornada Art. 166 Os requisitos de validade previstos no Código Civil são aplicáveis aos negócios jurídicos processuais, observadas as regras processuais pertinentes
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