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Cardiomiopatias Miocardiopatia dilatada tem uma incidência muito alta, atinge pessoas jovens, uma faixa de 50% desse tipo de miocardiopatia é tratada sem que o diagnóstico seja conhecido Miocardiopatia hipertrófica tem uma incidência menor, atinge adultos jovens e é a principal causa de morte cardíaca em adultos jovens • Conceitos - Sentido amplo: afecção miocárdica de causa desconhecida ou não, associada ou não à doença sistêmica, desde que não decorrente a afecção de doença valvar, coronariana, shunts dentro ou fora do coração, obstáculos mecânicos (como estenose aórtica) a ejeção e de hipertensão arterial sistêmica ou pulmonar passada ou presente - Sentido muito amplo: afecção miocárdica associada à disfunção ventricular, independente da causa (conhecida ou não) que a originou • Classificação Idiopática/primária (grande maioria) ou específica/secundária (devido a HAS, DAC, diabetes, Chagas) • Dilatada Anatomicamente é uma dilatação das 4 câmaras ventriculares. Funcionalmente, é caracterizada pelo comprometimento da função sistólica ventricular (perda da força de ejeção) • Hipertrófica Anatomicamente é marcada pela hipertrofia do septo IV (maioria dos casos) e/ou parede livre ventricular. Funcionalmente, passa a ter comprometimento da função diastólica (coração não consegue relaxar), sendo que, as vezes, pode ter uma exacerbação da função sistólica Dilatação de um ou ambos os ventrículos com comprometimento da função sistólica Maior prevalência entre 20 a 50 anos; é a mais comum das miocardiopatias; alta mortalidade nos 2 primeiros anos após o diagnóstico (dependendo da gravidade); cerca de 50% de todas as mortes por miocardiopatia dilatada ocorrem de forma súbita (existe chance de tratar o paciente, compensar ele e ele acabar morrendo depois de forma súbita devido alguma arritmia); caráter familiar em alguns casos • Fisiopatologia Ocorre a morte dos miócitos, mas não se sabe o motivo, (acredita-se que, em alguns casos que não foi possível determinar a etiologia, o paciente tenha tido uma virose que atingiu o coração e causou a morte dos miócitos). Os miócitos remanescentes, na tentativa de recuperar a força contrátil do ventrículo, começam a trabalhar mais, aumentando o consumo de O2 e gerando hipertrofia. Por um certo tempo, essa compensação funciona, mas chega um momento em que eles não conseguem mais e perdem força contrátil e há uma dilatação do ventrículo. A partir daí, o paciente tem DC diminuído e começa a apresentar sintomas de IC • Diagnóstico: História clínica + Exame físico + Exames complementares - História clínica – dispneia de esforço progressiva, ortopneia, DPN, tosse (principalmente quando o pulmão tá comprometido), palpitações (coração fica mais acelerado), tontura, síncope. O sintoma mais importante é a dispneia. Pacientes mais graves podem desenvolver derrame pleural - Exame físico – geral: palidez cutâneo mucosa, dispneia objetiva (o cansaço do paciente é perceptível), estase jugular em decúbito de 45°, edema de MMII. Coração: ictus cordis desviado para fora da linha hemiclavicular e abaixo do 5 EIE, taquicardia, ritmo de galope por B3 (quando o AE vai ejetar sangue no VE e esse VE já tem uma quantidade de sangue que não conseguiu ser ejetado para aorta), sopro sistólico mitral e/ou tricúspide (o coração vai se expandido e as cordoalhas tendíneas também, então a válvula vai ficando mais frouxa, insuficiente, e mais sangue retorna ao ventrículo), abafamento universal das bulhas (coração vai tá mais fraco), extrassistolia. Pulmão: depende do grau de comprometimento, Dilatada Kamile Ferreira - M42 estertores subcrepitantes bilaterais, diminuição ou abolição do MV nas bases (quando esses pacientes têm derrame pleural). Abdome: hepatomegalia (geralmente dolorosa) e ascite - Exames complementares: ECG, RX de tórax, ecocardiograma, cateterismo cardíaco ECG – É inespecífico; alteração da repolarização ventricular, distúrbio de condução intraventricular (BDASE), padrão de sobrecarga de ventrículos e átrios (principalmente do VE), tem mais sobrecarga dos ventrículos do que dos átrios (na doença mais avançada, tem sobrecarga das 4 câmaras), alteração do segmento ST-T, eventualmente sinais de SVD, em casos mais graves tem sinais de sobrecarga biventricular, distúrbios do ritmo (extrassístoles, distúrbio de condução do ramo esquerdo, FA em casos mais avançados). A fibrilação piora o prognóstico do paciente. Pacientes com FA e AE aumentado tem grandes chances de ter AVC devido trombo RX de tórax – achados inespecíficos. Pode ser normal, ter aumento da área cardíaca, sinais de congestão pulmonar, sinais de edema intersticial ECO – Exame padrão ouro. Dilatação de um ou ambos os ventrículos, dilatação menos pronunciada dos átrios, hipocontratilidade ventricular (ventrículo que não contrai), alteração da espessura das paredes dos ventrículos, regurgitação através da valvar AV (em geral, sem alterações do aparelho valvar), consegue determinar trombos intracavitários em 75% dos casos Cateterismo (estudo hemodinâmico) – só tem necessidade se tiver suspeita de que o paciente também tenha DAC. Consegue mostrar a pressão diastólica final, pressão atrial esquerda e do capilar pulmonar (encontram-se elevadas), DC cardíaco reduzido em graus variáveis, aumento na resistência vascular pulmonar e sistêmica, hipocontratilidade em graus variáveis, trombos intracavitários, regurgitação através das valvas AV. O ECO também consegue mostrar tudo isso, então o cateterismo fica mais restrito a pacientes com suspeita de DAC • Tratamento clínico - Medidas gerais – evitar ganho de peso, restrição de sal, restrições hídricas, suspensão total de bebida alcoólica (álcool é tóxico), atividade física proporcional ao estado funcional do paciente - Medidas específicas – digitálicos (intoxica muito fácil; utilizado mais quando o paciente tem FC alta e FA e/ou quando o paciente tem FC alta mesmo fazendo uso de betabloqueador em doses terapêuticas), vasodilatadores (IECA, nitratos, hidralazina, BCC), betabloqueadores, diuréticos, anticoagulantes (pacientes com coração grande, hipercontratilidade, em risco de formar trombo e pacientes com FA), entresto e forxiga • Tratamento cirúrgico Implante de marca-passo de dupla câmara (pacientes com arritmias) ou transplante cardíaco (último recurso) • Prognóstico Em geral é reservado. Mortalidade de 31 a 35% no primeiro ano Patologia que se caracteriza por hipertrofia do miocárdio, determinando aumento da espessura de suas paredes sem dilatação ventricular. Na maioria das vezes, é uma hipertrofia do septo IV, em que esse septo cresce para dentro da cavidade ventricular, diminuindo suas dimensões e vai diminuir a quantidade de sangue que sai do ventrículo (porque tem menos sangue). Disfunção na diástole Componente genético importante. Principal causa de morte súbita em adultos jovem. Evolução para disfunção sistólica grave em 10% dos casos • Fisiopatologia Ocorre uma hipertrofia do septo IV, que gera um angustiamento (diminuição) variável da via de saída do VE para aorta. Há uma restrição diastólica (diminui a cavidade do VE), aumento da pressão e tamanho do átrio esquerdo, gerando a dispneia e edema agudo do pulmão. Em alguns casos, existe um movimento anormal do folheto anterior da válvula mitral em direção ao septo que, junto com a hipertrofia do IV, dificulta mais ainda a saída do Hipertrófica sangue do VE para aorta, gerando sopros sistólicos, as vezes essa válvula se torna insuficiente devido esse movimento, gerando o retorno do sangue para o ventrículo, piorando a hipertrofia. A hipertrofia do VE acaba esmagando a microcirculação coronária, levando a fibrose dessa área, resultando no aumento da cavidadee no remodelamento do VE, causando uma disfunção sistólica (10% dos pacientes apresentam esse tipo de evolução), diminuindo a capacidade do VE ejetar sangue na aorta. Paciente pode ter dor torácica • Diagnóstico: História clínica + Exame físico + Exames complementares - História clínica – a maioria é assintomática, pacientes possuem história de casos na família, história de morte súbita na família sem causa determinada (principalmente em adultos jovens, a tríade principal é: dispneia, dor precordial e palpitações, as vezes também tem síncope - Exame físico – pulso venoso jugular pode apresentar onda “a” elevada (congesto), B1 é baixa e B2 com desdobramento paradoxal, presença de B4 (distensibilidade do ventrículo é ruim), sopro sistólico porque a saída do sangue tá diminuída (rude em crescendo e decrescendo, início após B1, melhor audível no FM e sem irradiação para o pescoço) ou devido uma insuficiência mitral - Exames complementares – ECG, Holter, RX de tórax e ECO ECG de repouso – alterado em 90% a 95% (ondas T grandes em parede anterior), não há padrão característico, SVE com alteração ST-T Holter (obrigatório) – 11% não apresentam arritmia, aqueles que apresentam: 57% eram supraventriculares e 87% eram ventriculares (20% apresentam taquicardia ventricular não sustentada, que acontecem rapidamente, se demorar muito o paciente tem síncope; se o paciente tem isso, é indicado usar uma marca passo com desfibrilador para caso essa taquicardia se torne sustentada) RX de tórax – área cardíaca geralmente é normal, pode ser observado sinais de aumento de átrio esquerdo, sinais de congestão pulmonar ECO – hipertrofia do VE (mais frequentemente do septo), cavidade do VE normal ou diminuída, aumento do AE, valva mitral anormal em 50% dos pacientes (insuficiente em 39% dos casos), estreitamento da via de saída do VE, fechamento precoce da valva aórtica, disfunção diastólica, se tem movimento anormal da valva mitral - Outros exames: estudo hemodinâmico (suspeita de DAC) e angiográfico, ressonância nuclear magnética – apenas em casos especiais • Tratamento clínico - Cuidados – esportes competitivos e esforços extenuantes devem ser proscritos, desidratação deve ser evitada (pois o paciente já tem déficit do enchimento cardíaco), diuréticos usados com cautela, deve evitar nifedipina (causa taquicardia, dificultando o enchimento do ventrículo), tentar manter o paciente sempre em ritmo sinusal - Betabloqueadores – melhoram a angina do peito e a síncope de 1/3 à metade dos pacientes - Amiodarona – parece ser eficaz na redução das arritmias supraventriculares e ventriculares potencialmente fatais (tratar arritmias) • Tratamento cirúrgico - Implante de marca passo permanente de dupla câmara (melhora sintomas e reduz gradiente de VSVE) -Indução do infarto do septo interventricular (reduz a obstrução de VSVE) – o septo fica parado e não invade a cavidade cardíaca - Miotomia/miectomia do músculo ventricular hipertrofiado – retira uma parte do septo, mas pode acabar retirando partes de artérias e sistema de condução (paciente vai precisar usar marca passo) - Introdução de um cardioversor e desfibrilador implantável • Prognóstico É ruim. Diagnóstico dos pacientes assintomáticos ocorre por volta dos 20 anos. Pacientes que não foram diagnosticados mais cedo costumam apresentar os primeiros sintomas geralmente aos 30 anos. Tem grandes chances de progressão para ICC e tem alta mortalidade. Sinais de pior prognóstico: diagnóstico precoce (RN e adolescentes), história de síncope, morte súbita na família, taquicardia ventricular documentada mesmo assintomático, FA
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